ENRIC LLAGOSTERA
RA 043190
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA
CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROJETO DE APRENDIZAGEM:
TRICÔ
1. INTRODUÇÃO
Este artigo pretende, através de uma detalhada descrição, análise e reflexão sobre o
processo de aprendizado presente no projeto desenvolvido explicar o processo de criação de
conhecimento sobre o tema estudado, a partir de dados e, depois, informações, apontando
algumas dificuldades e pontos interessantes para uma compreensão maior sobre aprendizagem
e tecnologia em si.
Desde muito pequeno tive um grande contato com as artes. Apesar de tanto meu pai
quanto minha mãe não serem artistas em si ou terem qualquer hobby relacionado diretamente a
artes, ambos criaram um ambiente muito propício a esse contato. Sempre tive a meu alcance
livros e o hábito da leitura é algo que sempre esteve presente em minha vida. Ainda pequeno,
com 7 anos, entrei em um conservatório onde tinha aulas de desenho, pintura, teatro e música.
Com isso, meu interesse pelas artes aumentou consideravelmente e aprendi muitas dessas
técnicas, ainda que não de maneira profunda. Ao mesmo tempo, o computador chegou em
minha casa cedo, ainda em 1994, no mesmo ano em que entrei no conservatório de artes, o que
me possibilitou um contato com a tecnologia constante, através de jogos de computador e
videogames.
Nas aulas de artes da escola e do conservatório sempre tive interesse em fazer coisas
que durassem, que pudessem ser guardadas e utilizadas. No ano em que vivi na Espanha tive
aulas de marcenaria, onde aprendíamos como fazer desenhos técnicos de pequenos objetos e
faze-los. Gostei muito dessa experiência e uso até hoje algumas dos objetos que fiz. O mesmo
se dá com produtos tecnológicos. Gosto de produzi-los de maneira que sejam utilizáveis a
prazo e aprendi em meus estudos como técnico em Informática pelo Cotuca a lógica de criação
de projetos técnicos duráveis.
No processo de aprendizagem desses conhecimentos, sempre tive uma grande carga de
pesquisa própria sobre os aspectos que mais me interessavam, muitas vezes essa pesquisa sendo
feita em meios eletrônicos com imagens como enciclopédias multimídia ou a Internet, além de
livros. Ao mesmo tempo, o caráter empírico de tentar realizar as coisas e a partir disso tirar
conclusões para meu aprendizado é outra constante, até mesmo pelo caráter experimental e do
‘fazer’ das artes. Outro ponto de grande importância para meu aprendizado é a discussão ou a
conversa sobre o que está sendo aprendido com outras pessoas. Essas características de
aprendizado recorrentes ficaram bem marcadas em meus testes sobre estilos de aprendizado,
onde esse perfil mais ativo que reflexivo, um pouco intuitivo, visual e equilibrado entre
seqüencial e holístico foi apontado pelo teste de Felder, assim como o teste de VARK deixou
bem claro parte das minhas estratégias de aprendizado quanto a fazer pesquisas, experimentar e
conversar com outras pessoas como parte de meu aprendizado.
1
Essas características de aprendizado acabam por refletir e estar presentes em grande
parte de minhas atividades de hobby que pratico até hoje, assim como minhas escolhas
profissionais. Minha opção por Midialogia está afetada por esse perfil ativo, intuitivo, empírico
e visual, pois seria um espaço onde poderia exercer essas características. Meus hobbys, como
leitura, sempre acompanhada de resumos e notas, música (toco violão e canto) e poesia
confirmam um pouco esse perfil e a maneira como conduzo minhas atividades nesses campos
também acabam por confirmar minhas estratégias perante o conhecimento. Assim, meu objeto
de estudo nesse projeto de aprendizado também foi escolhido como algo que, mais que
simplesmente confirmar esse perfil, pudesse coloca-lo um pouco a prova e, ao mesmo tempo,
gerasse um conhecimento prático, um produto duradouro e uma oportunidade de trabalhar
manualmente, verificando a possibilidade ou não de aprender algo tão tradicional e manual
através da tecnologia disponível atualmente.
1.1 OBJETIVOS
•
Objetivo geral: aprender a tricotar.
•
Objetivos específicos: aprender a fazer um cachecol usando tricô; analisar esse processo
de aprendizado de acordo com minhas preferências de aprendizagem, confirmando-as
ou não; analisar o uso da tecnologia como ferramenta de pesquisa e aprendizado no
estudo de algo basicamente manual; documentar o processo de aprendizagem e o
desenvolvimento do produto; relacionar o processo de aprendizagem com minhas
preferências de aprendizagem.
1.2 JUSTIFICATIVA
Meu interesse por trabalhar na feitura de objetos duradouros e usáveis foi um dos
fatores que me levaram a escolher esse objeto de estudo para o projeto. A idéia de confrontar
um saber tão manual e tradicional como o tricô com o aprendizado mediado por tecnologias de
informação e comunicação também foi outro fator instigante e motivador. Outro fator que levei
em consideração foi o fato de tal atividade ser comumente associada com o sexo feminino,
partindo de minha experiência de conhecer pouquíssimos homens que soubessem tricotar, e
considerei interessante aprender essa atividade apesar dessa ‘convenção social’. O fato de ser
uma atividade de cunho prático, um tanto quanto artístico e sobre a qual não tinha nenhum
conhecimento prévio também me motivou a fazer essa escolha, por considerar que poderia
exercer, através do uso de tecnologias de aprendizado, as diferentes etapas do aprendizado
desde seu início mais básico.
2. METODOLOGIA
A realização do projeto contou com etapas diferenciadas de pesquisa, experimentação e
elaboração do produto final, utilizando a cada momento técnicas e abordagens diferentes.
Assim, pode-se dividir claramente a metodologia utilizada em cada etapa desse projeto.
A pesquisa de conteúdos gerais sobre tricô, materiais necessários e receitas foi feita
usando apenas a Internet, principalmente blogs sobre o assunto estudado.
Ainda utilizando a Internet, foram utilizados vídeos disponibilizados no website
2
YouTube pela comunidade de hobbys Expert Village para o aprendizado das etapas básicas da
feitura do tricô.
Para a prática das noções básicas do tricô e a elaboração do produto final, foram
utilizados dois pares de agulha número 5 e dois novelos de lã laranja.
Em um último momento, a ajuda presencial de colegas de curso foi utilizada como parte
do processo de aprendizado do projeto.
No total, foram utilizados três métodos (pesquisa na Internet, vídeos e ajuda presencial).
Para documentar as diferentes etapas de desenvolvimento do produto do projeto, assim
como o resultado obtido, foram utilizadas fotografias digitais de baixa resolução (câmera Sony
Cybershot, 640x480), algumas delas disponibilizadas neste artigo.
3. RESULTADOS
3.1 PESQUISA INICIAL
Para iniciar minha aproximação com o objeto de estudo, conduzi uma pesquisa
utilizando a Internet, mais especificamente o website www.google.com.br, utilizando as chaves
‘aprendendo tricô’ e ‘tricô’. Assim que iniciei a pesquisa, pude perceber que muitos dos
resultados que obtive com alguma relevância no sentido de conteúdo eram blogs de pessoas,
todas mulheres, que faziam tricô. Nesses blogs, encontrei vários textos sobre diversos aspectos
da atividade em questão, mas poucas informações voltadas para o iniciante completo no
assunto.
Durante essa etapa da pesquisa aprendi muito sobre quais eram os diferentes aspectos da
atividade em questão, podendo em pouco tempo listar as etapas essenciais para o tricô: a
escolha e compra dos materiais ideais para a receita1 sendo feita, a colocação dos pontos nas
agulhas, as carreiras de pontos e os diferentes tipos de acabamentos. Assim, pude ter um
panorama geral do que teria de aprender, o que é um ponto de partida importante para minhas
estratégias de aprendizado, pois assim pude ter tanto uma visão seqüencial do que teria de fazer
como uma visão holística do todo do processo.
Um dos aspectos que chamou minha atenção enquanto realizava essa etapa do projeto
foi os diferentes modos de organização das pessoas que fazem tricô: em comunidades de blogs,
grupos de tricotadeiras e conselhos de tricô e trabalhos em lã, por exemplo. As comunidades de
blogs funcionam mais como intercâmbio de receitas e fotos entre pessoas com um
conhecimento já intermediário na atividade, enquanto o website do Conselho Americano de
Trabalhos em Lã2 trazia mais informações voltadas aos iniciantes.
3.2 MATERIAIS
Nessa segunda etapa do desenvolvimento do projeto, ainda muito marcada pela pesquisa
de conteúdos, comecei a procurar informações mais específicas sobre outra parte inicial
1
Receita é o nome dado a um projeto de tricô. Nele, estão descritas, de maneira muito semelhante a uma receita
culinária, os materiais necessários a esse projeto, o modo de fazer e os diferentes cuidados específicos dessa peça
sendo trabalhada.
2
Endereço do website: www.learntoknit.com, Nov. 2006
3
importante para prosseguir o projeto: a compra dos materiais necessários.
Pesquisando na Internet, em bazares e lojas de armarinho virtuais, além dos blogs
relacionados a tricô, encontrei várias descrições e imagens sobre os diferentes tipos de lã que
poderiam ser usados para a feitura do cachecol. Também procurei informações sobre tipos de
agulhas e tamanhos, e descobri que o tipo de cachecol que estava querendo fazer, baseado em
um cachecol que tenho, só poderia ser feito com linhas muito finas e agulhas pequenas, o que
dificulta a feitura. Sendo assim, optei por comprar agulhas de número maior e uma linha mais
grossa e barata, para poder aprender o básico com menos dificuldades.
O aspecto do aprendizado por experimentação, tentativa e erro, por ser parte do meu
estilo de aprendizagem, foi assim levado em consideração. Utilizando uma agulha maior e uma
linha não tão fina eu não teria os mesmos resultados que os esperados inicialmente, mas teria
uma maior possibilidade de aprender mais rapidamente, o que me permitiria realizar o produtoobjetivo do projeto.
3.3 MUDANÇA DE FONTES DE INFORMAÇÃO
Na terceira etapa do projeto, o perfil do tipo de aprendizado necessário mudou. Até esse
momento, os conhecimentos adquiridos através da pesquisa eram de caráter fundamentalmente
teórico. As formas em que esse conteúdo teórico estava apresentado também eram basicamente
textos informativos e imagens ilustrativas. Os textos não continham qualquer preocupação em
serem didáticos e as imagens geralmente eram redundantes e adicionavam muito pouco para
uma melhor compreensão do que estava sendo dito. Porém, como essas etapas anteriores
estavam mais voltadas a um conhecimento teórico do tricô, essas características do material
encontrado não atrapalharam meu aprendizado, mesmo meu perfil de aprendizagem sendo mais
visual que verbal.
Após ter em mãos os materiais necessários para começar a tricotar, passei a procurar
informações mais específicas sobre as etapas de feitura do tricô. Utilizando as informações
encontradas no website www.learntoknit.com, no link ‘The Basics’, tentei seguir uma página
do tipo passo a passo explicativo, com textos dando instruções e imagens ilustrando os passos.
Consegui realizar a primeira etapa descrita, colocar o primeiro ponto na agulha, mas não
consegui fazer a segunda, de colocar os outros pontos da primeira carreira. As instruções e as
imagens eram confusas e não-didáticas, pouco claras. Sendo assim, passei a procurar outros
tutoriais passo a passo que fossem mais didáticos e explicassem melhor os passos dessa
segunda etapa da feitura do tricô. No entanto, mesmo depois de pesquisar em vários websites,
não encontrei tutoriais com essas características.
Passei então a procurar outras formas de informação que ajudassem o processo de
aprendizado. Levando em consideração o perfil mais visual e ativo que apresentei nos testes de
Felder, decidi procurar por vídeos ou animações na Internet que mostrassem como fazer essa
segunda etapa. Além disso, essa decisão baseou-se em outro resultado, apresentado nos testes
VARK, que dizia que meu aprendizado passava por uma etapa de ouvir a experiência do outro.
Sendo assim, procurei por vídeos em que alguém estivesse ensinando essa etapa do tricô em
que eu estava tendo dificuldades.
Após pesquisar no website de compartilhamento de vídeos YouTube3, encontrei mais de
mil e quinhentos vídeos relacionados à chave de pesquisa ‘knit’ (tricô em inglês). Entre esses
3
Endereço na Internet: www.youtube.com, Nov. 2006
4
resultados, optei por um dos mais populares e que tratava exatamente da etapa da feitura em
que eu estava com dificuldades, a colocação dos pontos da primeira carreira na agulha.
3.4 COLOCAÇÃO DOS PONTOS
Com a utilização do vídeo encontrado no YouTube sobre ‘casting on’4, termo em inglês
para a colocação dos pontos na agulha, o aprendizado dessa etapa do tricô foi muito facilitado.
A imagem do vídeo, apesar da baixa qualidade de resolução, somada à narração da mulher que
estava fazendo o tricô, tornava muito mais claros os passos a serem feitos para colocar os
pontos na agulha. Esse vídeo, que descobri ser parte de uma série de vídeos da mesma
professora sobre tricô, está cadastrado também em outro website relacionado a hobbys
variados, chamado Expert Village. Existe uma certa didática no vídeo, com a repetição do
processo mais lentamente e uma certa preocupação em deixar a imagem do tricô sendo feito a
mais clara possível.
O uso desse vídeo como ferramenta de aprendizado foi muito mais eficiente para tirar as
dúvidas que eu tinha sobre como colocar os pontos na agulha. O fato da imagem não ser mais
apenas uma ilustração redundante e sim a base da explicação facilitou minha compreensão
dessa etapa do processo. Assim, pude seguir os passos sem maiores dificuldades, imitando o
que estava sendo feito no vídeo e assistindo várias vezes para tirar as dúvidas que iam surgindo
nesse meio tempo, através da comparação do que estava fazendo com o que via no vídeo.
Nessa etapa, realizei alguns testes de colocar os pontos da primeira careira na agulha na
agulha para, depois de estar mais seguro no uso da técnica necessária, começar a colocar os
pontos de meu cachecol. Seguindo uma receita de cachecol com uma largura parecida com a do
cachecol que utilizei de modelo, coloquei os pontos na agulha para fazer meu cachecol. Para
uma visualização em maiores detalhes, seguem algumas fotografias dessa etapa do processo.
FIG. 1 - Seqüência de movimentos para colocar um ponto na agulha (linha simples)
Como a realização dessa etapa, após encontrar o vídeo com instruções, não apresentou
maiores dificuldades, criei uma confiança excessiva de que a próxima etapa, fazer os pontos
tricô transferindo-os de uma agulha para outra, seria de aprendizado fácil e dificuldade
semelhante. Sendo assim, procurei o vídeo sobre a próxima etapa, o ponto tricô e comecei a
4
Endereço do vídeo na Internet: www.youtube.com/watch?v=mwwIyoxNu8g (‘Knitting: casting on’), Nov. 2006
5
tentar aprendê-lo.
3.5 O PONTO TRICÔ
Para aprender a fazer o ponto tricô, segui a mesma abordagem, utilizando outro vídeo
feito pela professora do Expert Village5. Porém, não consegui acompanhar as instruções do
vídeo, pela narração estar pior e não conseguir entender as imagens da gravação, que, apesar de
não diferirem muito das imagens do vídeo anterior, estavam confusas e difíceis de acompanhar.
Encontrei dificuldades principalmente em compreender a posição inicial dos fios nas mãos, e,
mesmo tentando muitas vezes acompanhar imitando cada movimento da professora no vídeo,
não fui capaz de realizar o ponto.
A partir do sucesso encontrado em aprender a colocação dos pontos na agulha através
de vídeos, decidi procurar outros vídeos sobre o ponto tricô. Encontrei outros vídeos no
YouTube(), porém descobri, após muitas tentativas de acompanhar esses novos vídeos, que as
maneiras de colocar os pontos na agulha utilizadas em cada um desses vídeos eram diferentes
da forma que tinha aprendido, o que impediu meu aproveitamento dessas fontes de informação.
Passei a questionar então se tinha realmente aprendido corretamente a colocar os pontos na
agulha e verifiquei novamente com o vídeo que utilizei. Assim que comprovei que havia
aprendido corretamente, comecei a refletir em outras maneiras de aprender o ponto tricô e
acabei por optar pela ajuda presencial.
A ajuda presencial cumpre uma das características apresentadas no meu perfil de
aprendizado apontado pelo teste VARK, o aprender pela explicação do outro e para o outro.
Além disso, a presença de alguém que soubesse mais sobre tricô poderia me ajudar a entender
qual era o possível erro que estava cometendo na hora de fazer o ponto tricô. Assim, conversei
com meus colegas de sala e descobri que alguns colegas sabiam já tricotar e tinham feito peças
de roupas utilizando essa técnica. Logo, marcamos de nos encontrar para que eles me
ajudassem.
No dia marcado, assim que começamos a trocar informações e mostrei a eles como
estava fazendo o ponto tricô, eles identificaram onde estava o problema que impedia que eu
completasse o ponto: a técnica de colocação de pontos na agulha que eu estava utilizando era,
na verdade, específica para quando se tricota com linha dupla e a técnica que estava utilizando
para tentar completar o ponto tricô era para o tricô com linha simples. Assim que esse erro foi
identificado, aprendi com eles qual é a técnica correta para a colocação dos pontos (muito
semelhante à anterior) e depois não tive maiores dificuldades em realizar o ponto tricô da
maneira que eu havia aprendido anteriormente. Adicionalmente ensinaram-me a passar o fio
por trás da cabeça para mantê-lo esticado e algumas dicas em relação a não apertar demais os
laços para facilitar o progresso rápido do tricô.
5
Endereço na Internet: http://www.youtube.com/watch?v=oYGqXAN8R-4&mode=related&search= , Nov. 2006
6
FIG. 2 - Seqüência de movimentos necessários para fazer o ponto tricô
Por ter de recomeçar a fazer o tricô, agora usando a nova técnica de colocar os pontos
na agulha e sabendo fazer o ponto tricô, não consegui, por falta de tempo, finalizar o produto
que tinha como objetivo, meu cachecol. Essa é uma característica do trabalho em tricô que não
favorece o aprendizado descontínuo, ou seja, que não seja realizado de acordo com um único
material de instrução ou método, pois poucos erros nessas fases mais básicas são possíveis de
serem corrigidos sem que se recomece o produto. Sendo assim, o resultado final alcançado, em
relação a acabar o produto, não pode ser alcançado. A imagem abaixo mostra até onde foi
possível completar o cachecol após o aprendizado definitivo do ponto tricô, sendo esse o
resultado final alcançado em relação ao produto.
FIG. 3 - Resultado final alcançado no tricô
3.6 RESULTADOS GERAIS
Nesse projeto de aprendizado, cada método envolvido trouxe contribuições e resultados
diferentes. Cada etapa do aprendizado exigiu um tipo de material para aprendizado e uma
abordagem diferente para ser compreendida. Assim, posso relacionar minhas preferências de
aprendizagem, verificadas teoricamente anteriormente, com um exemplo de minha prática de
7
aprendizado, e comprovar sua validade na resolução das situações-problema que surgiram
durante esse projeto.
Para a pesquisa de conteúdos gerais sobre o assunto sendo estudado, as tecnologias de
informação e comunicação, marcadamente a Internet, ajudaram muito no acesso fácil a
informações variadas, que possibilitaram uma avaliação de sua qualidade por comparação.
Nessa etapa inicial, o problema principal de compreender melhor a natureza do tricô foi fácil de
resolver justamente por essa facilidade de busca, o que confirma e favorece o aspecto ativo de
meu perfil de aprendizado detectado nos testes de Felder.
A próxima situação-problema e sua respectiva resolução, a dificuldade em compreender
e executar o início do tricô através de tutoriais passo a a passo com imagens e textos, também
está relacionada a uma de minhas preferências de aprendizagem que apresento perfil mais
marcado: a compreensão visual. A redundância e falta de clareza desses tutoriais foram
solucionadas adotando um vídeo, através das TIC, que explicasse essa etapa. Nessa mesma
etapa, ficou clara a necessidade de instruções com uma maior preocupação pedagógica,
presentes no vídeo de maneira mais bem feita.
O aprendizado através do vídeo disponibilizado na Internet funcionou bem para uma
das etapas do tricô, mas já não foi de grande ajuda quando aplicado na próxima, o ponto tricô.
A dificuldade em identificar onde estava o erro na execução dessa etapa mostrou a necessidade
de algum tipo de depuração do que estava sendo feito para possibilitar a reflexão e a elaboração
de alternativas a serem testadas. Mesmo com a comparação do primeiro vídeo testado com
outros sobre o mesmo assunto, não houve progresso e pude constatar uma série limitação da
aplicação de um aprendizado de prioridade experimental, ativa, em uma atividade onde o erro é
dificilmente corrigido como no tricô que, por ser um emaranhado de nós, tem de ser refeito
caso ocorra algum erro em uma etapa mais básica.
Nessa última etapa, a ajuda presencial, adiada ao máximo por não envolver diretamente
as TICs, um dos objetivos específicos do projeto, foi de essencial importância, pois demonstrou
para mim a importância do processo de diálogo com o outro, mesmo que esse tenha um
conhecimento igual, superior ou inferior ao seu no assunto. Dessa maneira, o conhecimento
adquirido com meu aprendizado foi sendo consolidado e a nova etapa a ser aprendida foi
aprendida rapidamente, confirmando o aspecto de meu aprendizado chamado de aural pelo
teste VARK.
Não ter completado o objetivo específico de terminar o cachecol e ter um produto final
duradouro desse projeto é algo que revela um planejamento falho em relação a dificuldade que
teria de encontrar bons materiais disponibilizados na Internet, no sentido de encontrar materiais
que fossem de interação mais inteligente que apenas reativa ou nula, como todos que encontrei.
Outro aspecto que foi mal avaliado e que afetou esse aspecto dos objetivos foi a dificuldade de
exercer uma reflexão mais calma dos processos sendo aprendidos, enquanto a experimentação,
as vezes de pouca eficácia, apesar do meu perfil ativo, foi supervalorizada como ferramenta de
aprendizado.
4. CONCLUSÃO
A realização da atividade de projeto de aprendizado pretende propor desafios
continuados em relação ao processo de aprendizagem, para que possamos avaliar se nossas
preferências de aprendizado detectadas em diferentes atividades durante o decorrer da
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disciplina são confirmadas ou não por esse processo de aprendizagem documentado.
Partindo dessa premissa e relacionando os resultados obtidos com os objetivos iniciais
do projeto, posso dizer que, apesar de não ter conseguido terminar o cachecol, um dos objetivos
específicos, meu objetivo com esse projeto foi cumprido, pois aprendi a tricotar, faltando
apenas a parte de acabamento, que é bem mais simples que qualquer uma das etapas
aprendidas, e pude tanto relacionar esse processo de aprendizado com minhas preferências de
aprendizagem quanto compreender melhor o papel das TIC nesse processo.
Ficou claro para mim na prática desse projeto que o processo de aprendizado tem etapas
essenciais e sem as quais não pode haver um conhecimento consistente e verdadeiro.
Independente da facilidade do aprendiz com um estilo ou outro de aprendizagem, a questão da
depuração e reflexão cuidadosa do tema sendo aprendido, apoiada por materiais e técnicas
capazes de colaborar com esses dois processos, é fundamental. A espiral de aprendizado tem
como base essas características, para que a relação do aprendiz com o conhecimento seja
sempre dinâmica.
A falta de equipamentos ou técnicas além da ajuda presencial que auxiliem nesse
aspecto para o aprendizado de tricô foi um sério obstáculo que dificultou a execução plena de
todos os objetivos do projeto. O aprendizado da técnica necessária ao tricô ocorreu, pois foi
memorizada, compreendida em sua natureza e executada, ainda que não totalmente, em
relação ao acabamento. Partindo da experiência acumulada durante esse processo de
aprendizado, posso dizer que as tecnologias da informação não estão sendo utilizadas de
maneira inteligente para a instrução do tricô e, possivelmente, outras técnicas manuais, pois não
encontrei nenhum exemplo de animação interativa ou jogo eletrônico que fosse capaz de
ensinar através de depuração, por simples que fosse. Esse problema indica a necessidade de que
essas tecnologias sejam repensadas em seu uso educacional, pois utilizá-las apenas para
veiculação de vídeos é uma evidente sub-utilização. Essa afirmação baseia-se também em meu
contato com tecnologia, já citado na introdução deste artigo.
Durante esse projeto, pude perceber um aumento de consciência minha em relação aos
processos que estava utilizando para aprender e percebi como a espiral de aprendizado estava
ocorrendo em relação às próprias maneiras de aprender. Posso dizer que as principais
características do meu perfil de aprendizado foram confirmadas e que todas foram utilizadas de
maneira eficiente, com a exceção parcial do aprendizado por diálogo e conversa com outras
pessoas, que, julgo, foi sub-utlizado, pois poderia ter acontecido mediado pelas TIC,
possibilidade essa que não foi explorada.
Com esse projeto, pode-se perceber a importância das TICs, seu potencial e suas
limitações atuais para o uso educacional em disciplinas essencialmente manuais e de ensino
tradicional, quase exclusivamente familiar. A partir dessa atividade, o tricô, em questão,
podemos ampliar o debate do uso das TICs na educação, assim como fazer um apelo a seu uso
inteligente e adaptado às diferentes preferências e estilos de aprendizagem, sem que a espiral
básica de aprendizado seja esquecida ou negligenciada.
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BIBLIOGRAFIA
Valente, J. A. “O projeto como meio para trabalhar conceitos”.
Valente, J. A. “Mudanças na sociedade, mudanças na educação: o fazer e o compreender”.
Valente, J. A. “A espiral da aprendizagem e as tecnologias da informação e
comunicação: repensando conceitos”.
The VARK Questionnaire:
www.varklearn.com/Portuguese/page.asp?p=questionnaire, Nov. 2006
Felder, R. & Soloman, B. A. Index of Learning Styles (ILS). Disponível em:
www2.ncsu.edu/unity/lockers/users/f/felder/public/ILSpage.html, Nov. 2006
Cavellucci, L.C.B. & Valente, J. A. “PREFERÊNCIAS DE APRENDIZAGEM: aprendendo na
empresa e criando oportunidades na escola”.
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