Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura Mulher do Oriente Médio destruiu grades da tradição para entrar na vida com liberdade Norma Abu-Hejleh1 Não foi por acaso a escolha da poetisa Fadwa Tuqan (1917-2003), para ser o foco da pesquisa na literatura árabe, pois para falar da cultura do modo geral, não há como ignorar o principal motivo da inspiração para a imaginação e a criatividade nos diversos aspectos da cultura, especialmente na área da historia da literatura e especificamente na poesia e obras da arte, qual é a Mulher. E na literatura e durante séculos, tivermos mulheres se destacaram em sua época com atos de heroísmo, amor, paciência, paixão, e tantos outros sentimentos e atitudes que fizeram destas mulheres especiais que marcaram a historia da literatura. Elas enfrentaram o preconceito da sociedade e os dramas pessoais para criar obras marcantes da literatura mundial, assim como Florbela Espanca (1894-1930) foi uma poetisa portuguesa, precursora do movimento feminista em seu país, Florbela Espanca, a norte-americana Sylvia Plath (1932-1963), A britânica Virginia Woolf (1882-1941), A escritora britânica Charlotte Brontë (1816-1855), Simone de Beauvoir (1908-1986) foi uma escritora, filósofa existencialista e feminista francesa, Clarice Lispector (1920-1977) nasceu na Ucrânia, mas imigrou para o Brasil, Cora Coralina (1889-1985), pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, foi uma poetisa e doceira de profissão. Rachel de Queiroz (1910-2003) foi à primeira mulher a ingressar a Academia Brasileira de Letras. Patrícia Rehder Galvão (1910-1962), conhecida pelo pseudônimo de Pagu, foi uma escritora modernista, militante comunista, cuja vida foi sua maior obra e entre outras no mundo inteiro. Al-Khansaá, destacou na literatura do mundo árabe assim como 1 Mestrado, FFLCH, Literatura e Cultura Árabe, Universidade de São Paulo, norma.66@ gmail.com Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura outras mulheres que deixaram seus nomes estampado na historia da literatura mundial como, Huda Shaárawy, Nawal AL-Saádawy, Salma Jayyusi, Aysha Abdel-Rahman (Bent a Alshateá), Ahlam Mostaghanmy, Thurayya Melhes, Ghada AL-Samman, May Zeyada, Malak Hanafy Nasef (Bahethat AL-Badeyah), Ateka AL- Khazrajy, Nazek AL-Malaéka, E outras. E por falar da mulher árabe, relembramos com breves palavras a cultura árabe, que é considerada das mais antigas e conceituada cultura do mundo, foi e continua liderando com a contribuição na cultura em Espanha e Portugal. Além disso, a sua influência na cultura brasileira que começou antes da descoberta do Brasil, a partir da ocupação pelos mouros da Península Ibérica, no século VIII, que ate hoje esta contribuindo com palavras aportuguesadas, nas diversas áreas como na literatura, arquitetura, culinária, agricultura e ciências matemáticas. E essa contribuição da cultura árabe foi transplantada do Oriente médio para Europa através da Espanha e Portugal. Ressaltamos, de novo, que o português estava em estádio de língua natural, enquanto o árabe já havia atingido seu esplendor de língua de cultura, e, por isso mesmo, suas possibilidades de domínio foram imensas. Foram as dissensões dos grandes emirados do império árabe que prefiguraram sua Idade Média retardatária: cinco séculos obscuros, que começaram a re- iluminar em nosso Líbano pré-natal, com os Yázigis e os outros. Assim, e que estão permitindo que esta língua refloresça com pequenas ambigüidades, uma das quais, evidentemente, é uma opção entre um árabe modernizado, capaz de ter quatrocentas mil palavras, que o Alcorão não tem - o Alcorão se faz com seis mil palavras- e, por conseguinte, o ideal corânico tem de ser praticado em termos. (...): todas as línguas são comparáveis entre si. Então, nesse aspecto, o árabe está fazendo uma opção prática, porque se está intercomunicando ao longo de toda sua paisagem viva, e não temos dúvida de que irá ser, de novo, uma grande língua de cultura, provando, mais uma vez, que Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura tem poetas, sábios, santos, e cientistas. 2(ADUM. Abud HOUAISS, 1986) A cultura no mundo é o complexo de crenças, conhecimentos, costumes, artes, linguagens, moral, sentimentos e celebrações, que do modo geral, constituem o modo da vida, seja de um povo, ou de uma sociedade, que durante séculos foi evoluindo e que ate certo momento, esta cultura tornou-se uma civilização. Todavia, como todas as culturas, a cultura árabe antecipou e registrou sua marca na historia da civilização no mundo3, fornecida pela fonte principal Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos. Assim como o homem vive num mundo cultural qual estar estruturado pelas ações do pensamento do próprio homem, que por sua vez, não existiam sem a linguagem (função simbológica), teremos de concordar no pensamento qual resume se em que a função da linguagem é de produzir um pensamento, e conseqüentemente de comunicar4, portanto a literatura foi à prova concreta de pensamentos e da comunicação dos seres humanos de uma civilização com a outra transmitida durante décadas e séculos entre as diversas gerações. Entretanto, o nosso dever nessa pesquisa é esclarecer a imagem destorcida da mulher árabe como submissa do modo geral, pois a mulher 2 Antônio Houaiss foi tradutor, crítico, escritor, lexicógrafo, diplomata, membro da Academia de Ciências de Lisboa, presidente da Academia Brasileira de Letras e ministro da Cultura. Faleceu em 1999, deixando quase completa a edição do notável Dicionário Houaiss. 3 A maior parte dos árabes são seguidores do Islã, religião surgida na Península Arábica no século VII e que se vê como uma restauração do monoteísmo original de Abraão que para eles, estaria corrompido pelo judaísmo e cristianismo. Durante os séculos VIII e IX, os árabes (especificamente os Omíadas, e mais tarde os Abássidas) construíram um império cujas fronteiras iam até o sul da França no oeste, China no leste, Ásia menor no norte e Sudão no sul. Este foi um dos maiores impérios terrestres da História. Através da maior parte dessa área, os Árabes espalharam a religião do Islã e a língua árabe (a língua do Qur’an) através da conversão e assimilação, respectivamente. Muitos grupos terminaram por ser conhecidos como “árabes” não pela ascendência, mas sim pela arabização. Assim, com o tempo, o termo “árabe” acabou tendo um significado mais largo do que o termo étnico original. Muitos Árabes do Sudão, Marrocos, Argélia e outros lugares tornaram-se árabes através da difusão cultural. 4 KRISTEVA, J. História da linguagem. Lisboa: Edições 70, 1974 (col. Signos). Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura árabe5 tem a sua própria personalidade, pensamentos, sentimentos, atitudes e tem o comando da sua vida em todos os aspectos conforme os limites da sociedade. Especialmente a mulher muçulmana que o Alcorão protegeulha desde que ela esta sendo gerada no útero da mãe, passando pela vida como filha, irmã, esposa, mãe, tia, sendo rica, pobre, empregada ou empresaria, solteira ou casada, viúva ou divorciada, e em outros aspectos, através das leis escritas, quais foram mandadas por ALLAH. Portanto, para esclarecer esse cenário, buscamos um exemplo do mundo da literatura árabe, uma das mulheres que destacaram e deixaram suas marcas para muitas e muitas gerações não apenas servindo como exemplo para as mulheres, mas, para o mundo da literatura, através das suas palavras, antecipou por décadas a liberdade de expressão. Mulher árabe, com coragem e ousadia numa época qual a tradição era a lei maior de autoridade, o homem era o dono da verdade, num lugar onde a liberdade era o direito único do homem, onde o lar era a monarquia e palácio da mulher, onde palavra “amor” era palavra proibida a ser pronunciada pelo sexo feminino. Buscamos essa mulher que expressou o amor em todas as faces dele, assim como o amor da mulher pelo homem, o amor da mulher pelo irmão, o amor da mulher pela pátria, amor da mulher pela natureza, e por fim o amor da mulher por ela mesma. Fadwa Abdel Fattah Agha Tuqan, a poetisa palestina que faleceu em 12/12/2003 com cerca de 86 anos, nasceu na cidade de Nablus, na Palestina, em 1917, a sua família uma tradicional e rica com a influência política e econômica, foi obrigada a abandonar a escola muito cedo, porém, foi forçada a se educar e quebrar o casulo que eclodiram em torno do nome da tradição e as regras da sociedade naquela época. Fadwa Tuqan não se destacou através dos grandes golpes ou posições importantes, mas, podemos dizer que ela não exerceu nada além da poesia, esses poemas que foram alimentadas pelas tragédias, privações, 5 A mulher árabe representa todas as mulheres do Oriente Médio, qual a língua árabe é a língua mãe praticada por elas e que não se deferência a mulher crista, da mulher judaica e nem da mulher muçulmana, pois todas são mulheres árabes. Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura morte, separação, raiva e reprimida revolução silenciosa, e formou um marco na sua vida através do relacionamento com seu irmão poeta, o cínico e nobre Ibrahim, qual foi capaz de empurrar a sua irmã para o mundo da poesia, e liberá-la da escuridão de uma vida qual foi obrigada a viver.6 Mulher, poetisa, guerrilheira sem armas, mas, com alma feminina, qual Moshe Dayan7, ex-ministro da guerra israelense, disse sobre a ousadia e a coragem da poetisa em uso das palavras nos seus poemas: “cada poema dos poemas de Fadwa Tuqan faz dez guerrilheiros”. Disse isso, numa altura em que os guerrilheiros estão em milhares. Guerrilheiros nascem do poema, nascem para ver a grama verde crescendo nas fendas dos escombros, pelos quais as escavadeiras de Israel estão moendo. Guerrilheiros consagrando a vida, para ver as crianças brincarem e divertirem, e para não caírem com as balas e bombas de Israel. Guerrilheiros quais deixaram de se saborear a beleza da vida, por uma pomba branca por qual Fadwa Tuqan sonhou. O mundo da Fadwa Tuqan era pequeno, estreito e limitado, só saia dele para a vida publica, através da publicação dos seus poemas nos jornais egípcios, iraquianos e libaneses, e foi assim que chamou as atenções com muita força para ela, e habilitou-a a entrar na ativa vida literária, no final dos anos trinta e inicio dos anos quarenta do século passado. 6 Artigo traduzido por Norma Abu hejleh, Autoria original de Ahmad AL-Khaleefa. 7 Militar e político israelense nascido em Deganya, na então Palestina, responsável pelas mais importantes vitórias de Israel nas guerras contra seus vizinhos árabes. Iniciou a carreira militar na guerrilha judaica que combatia os árabes. Preso durante dois anos pelas autoridades britânicas liderou depois as forças judaicas da Palestina que combateram a França na Síria. Perdeu então o olho esquerdo e passou a usar um tapa-olho. Na luta pela independência (1948), comandou a região militar de Jerusalém. Com a fundação do estado judeu, passou a chefiar as forças armadas (1953) e planejou e liderou a bem sucedida invasão da península do Sinai (1956), o que lhe valeu a reputação de grande comandante militar. Eleito para o Knesset, o Parlamento de Israel, foi nomeado Ministro da Agricultura (1959). Ministro da Defesa (1967) comandou a vitoriosa guerra dos seis dias e passou a exercer crescente influência na política externa. Seu prestígio declinou quando o Egito e a Síria atacaram Israel de surpresa e desencadearam a vitoriosa guerra do Yom Kippur (1973). Para recuperar seu prestígio começou a arquitetar os futuros acordos de paz de Camp David, os primeiros que se firmaram entre o governo israelense e um país árabe. Ministro do Exterior do governo Menachem Begin, quando os acordos de Camp David foram assinados (1979) e morreu em Tel Aviv, dois anos depois. Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura A morte do seu irmão Ibrahim, e em seguida o falecimento do seu pai e depois a catástrofe de 19488, ajudaram a criar condições para a saída da poetisa do seu cárcere privado, o que lha fez a participar de longe na vida política na década de cinqüenta, mas essa atividade política não foi além do interesse emocional e com certeza foi fascinada pelas idéias do liberalismo e como uma expressão de liberação da rejeição a catástrofe de 1948, qual foi a questão extremamente importante na vida da nossa poetisa, e por causa da auto-suficiência em educar-se, Fadwa afundou-se na filosofia existencial, em particular, e nas escolas filosófica ocidental em geral. A importante mudança na vida da Fadwa foi àquelas situações que a obrigaram a se jogar para os braços de Londres no início dos anos sessenta do século passado, através da sua viagem que durou dois anos, e que abriu amplos e largos horizontes do conhecimento, de beleza e humanidade, e foi qual a levou a ter contato com as conquistas da civilização européia como artes, construções, pessoas e outros valores. Ela reconhece que essa fase da sua vida, causou um impacto profundo no nível poético e pessoal, mas o destino se recusa a não perseguir a poeta, pois enquanto ela estava em Londres, morre seu irmão Nimr, mas Fadwa manteve seu ritmo de vida tranqüila na sua pequena casa, num dos montes Gerizim, escrevendo e publicando poesias, plantando flores, e esperando as crescer. O Revés9 -NAKSA- de 1967 foi um dos motivos importantes para que a poeta, mais uma vez quebrasse o ritmo sossegado da vida e saísse novamente para entrar na ruidosa vida diária e colaborar naquela época na mediação entre o ministro israelense da Defesa, Moshe Dayan, e o falecido 8 A expulsão de uma boa parte do povo palestino da sua terra e a ocupação de Palestina pelo exército israelense, onde foi criado um estado chamado “Estado de Israel”. 9 Guerra dos Seis dias entre os árabes e Israel, iniciada em 5 de junho de 1967. A guerra, que começou com bombardeios que destruíram a maior parte da aviação militar egípcia, terminou com Israel ocupando a Cisjordânia -- inclusive Jerusalém Oriental --, a Faixa de Gaza, as Colinas do Golã e o deserto do Sinai. Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura presidente Jamal Abdel Nasser10, e também colaborar na vida pública do povo da cidade de Nablus, que estava sob ocupação, e começar várias diatribes poéticas e jornalísticas com o ocupante e sua cultura.11 A poetisa publicou oito volumes “Dawaween” de poesia que são em seqüência: “Sozinha com os dias”, “Encontrei ela”,” Dê-nos o amor”, “Diante da porta fechada”,” Á noite e cavalaria”, “No topo do mundo sozinho”,” Julho e outra coisa”,” Ultima melodia”, além dos dois livros da Autobiografia que são “Viagem da montanha, jornada difícil” e “A difícil viagem”. A poetisa recebeu vários prêmios internacionais e muitos palestinos e árabes e ganhou a honra de muitos fóruns culturais dos países de regiões diferentes. Fadwa Tuqan é considerada uma das poucas poetisas árabes que fez uma ligação do tipo antigo de poesia com o movimento de inovação e modernidade, ela saiu dos métodos clássicos da poesia árabe antiga de uma maneira fácil e não artificial. Podermos dizer a este respeito que com essa saída, ela adquiriu mais pontos importantes em sua força interior, além da que ela possuía, conservando com isso o ritmo musical antigo e o ritmo interno moderno. Com essa conservação ela formulou a sua poesia musical qual foi ajustada e adequada para sua alma. As poesias da Fadwa Tuqan caracterizam-se pela força do vocabulário, e pela excelente combinação com uma forte tendência para a narrativa e concentração direta sobre as questões existenciais, pois revela um exposto flagrante das idéias abstratas, e se baseia em argumentos prontos, fazendo dos seus poemas, diálogos com as idéias, ao invés de uma demonstração dos sentimentos. 10 Jamal Abdul Naser Era Segundo presidente do Egito, no período entre (1956-1970). Nasser é era visto como um dos políticos mais importantes da história moderna em desenvolvimento da política árabes e mundial do século XX. Ele é bem conhecido por suas políticas nacionalistas e versão do pan-arabismo, também conhecido como nasserismo, que ganhou uns grandes seguidores no mundo árabe durante os anos 1950 e 1960. Apesar de seu status como “líder dos árabes”, foi severamente prejudicado pela vitória de Israel sobre os exércitos árabes na Guerra dos Seis Dias, muitos ainda de população árabes em geral, Nasser visto como um símbolo de dignidade árabe e liberdade. 11 Artigo traduzido por Norma Abu hejleh, Autoria original de Ahmad AL-Khaleefa. Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura A ousadia de Fadwa no conteúdo foi o motivo do seu progresso nos caminhos da cultura, especificamente na poesia árabe, e também da maneira de expor a condição da mulher e sua relação com ela mesma e com as essências dos outros, fez que ela ocupasse uma posição ilustre nas fileiras das poetisas árabes. Especialmente porque Fadwa a mulher poetisa quebrou as imagens tradicionais que representam os sentimentos das mulheres do Oriente, e se afastou de ser apenas a destinatária de dentro, quebrada e derrotada, para levar-la a tomar a iniciativa em prática do ato. Pois para Fadwa, o amor representa vigor máxima da força das mulheres, e que através dele a mulher exerce todo o que foi lha negado, tudo sob o nome do amor, por isso o amor é um cerco de salvação... Apesar do conceito de ambigüidade nas poesias da Fadwa e o distúrbio entre a alta sensorial e de transparência visível, mesmo assim, os métodos de se focar os sentimentos através das poesias, fizeram que a poetisa se posicionasse com maior criatividade nas fileiras das poetisas que abraçaram o estilo neste sentido. Os poemas da Fadwa se caracterizam como poesias musicais, centrada em si, muita românticas, narrativas, se apresentam diretamente sem mediação, Uma poetisa como ela, seria necessário que ate mesmo se filosofando um pouco nos seus poemas para provar a sua denúncia. Poesia da Resistência12 (1967): Nunca vou chorar13: Fadwa Tuqan Nunca Vou Chorar! Perante as portas de Yafa, meus amores E no caos das casas destruídas, Entre os escombros e os espinhos, Parei e disse para meus olhos: Vamos chorar, Vamos chorar sobre as ruínas dos que as deixaram e foram embora 12 13 Traduzido por Norma Abu Hejleh. TUQAN, FADWA. 2005. (P.459). Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura Chamando os que as construíram, As ruínas lamentam, E meu coração contrito; perguntou a casa: O que os dias fizeram contigo? Onde estão os moradores daqui? Será que chegaram após o abandono, Será que... Chegaram noticias? Aqui estavam. Aqui sonharam. Aqui desenharam os projetos do próximo amanhã. Onde está o sonho e o próximo e onde estão eles... E onde estão eles... E não se expressaram os destroços da casa, E não se expressou ali, nada além da ausência, E o silêncio calou- se, e o abandono E ali estava um grupo de corujas e fantasmas! Estranho de face, de Mao e de língua, Pairando pelas extremidades, Estendendo suas raízes nela, E era quem mandava e proibia, e era... E era... E meu coração se sufocou de tristezas! Meus Amados, Enxagüei a cinza neblina das lágrimas dos cílios, para encontrá-los e, Nos meus olhos, o brilho da Fé e do amor Por vocês, pelas terras e pelo ser humano Que vexame se eu venho ao encontro de vocês, E meu cílio está úmido e tremendo E meu coração desesperado e decepcionado E aqui estou meus amados com vocês, para pegar uma brasa, e Levar uma gota do óleo de vocês, Lamparinas da Alvorada, para minha lamparina E aqui eu estou meus amados, para suas mãos, estendo a minha, e junto a suas cabeças, coloco aqui a minha, erguendo junto rumo ao sol E aqui estão vocês como as rochas das nossas fortes Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura montanhas, Como as flores da nossa linda Pátria E diante disto, Como esta ferida vem a me esmagar? Como o desespero vem a me estragar? E como, diante de vocês, posso chorar? Juro, Após esse dia, Nunca vou chorar. Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura Bibliografia KRISTEVA, J. História da linguagem. Lisboa: Edições 70, 1974 (col. Signos). TUQAN, FADWA. Os oito volumes completos: Beirut – Líbano: Dar Al- Audah, 2005. TUQAN, FADWA. A viagem difícil: 2 edição. Amman - Jordânia: Dar Al- Shurouq, 2007. TUQAN, FADWA. Viagem da montanha, jornada difícil: 3 edição. Amman - Jordânia: Dar Al- Shurouq, 2009. On Line AL-KHALIFA, AHMAD. Fadwa Tuqan ...saiu do escuridão do desconhecido para mundo que não esta pronto para aceita-la. Publicação 13-12-2003. Traduzido por Norma AbuHejleh. Disponível em: <http://www.palissue.com:80/vb/palestine79/issue7196.>. Acesso em: 15-08-2009. FERNANDES, CARLOS. Biografias. Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/ biografias/MocheDay.html> Acesso em: 29-08-2009. HOUAISS, ANTONIO. 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