FERREIRA, Matheus Sociologia|1 Capítulo 1. As Cidades e os Espaços pessoas, novas formas de ocupação geográfica, ou seja, uma nova dinâmica social. Urbanos 1.1. Aspectos do Urbanismo Moderno 1.2. O Urbanismo como um modo de vida1 A tese de Wirth sobre o Urbanismo como um modo de vida está mais preocupada em explicar o que significa o urbanismo enquanto forma de existência social do que em abordar diferenciação interna da cidade. Como observa Wirth (1938, p.342): Não há como avaliar completamente ou com precisão a intensidade com que o mundo As cidades estão presentes na história da contemporâneo pode ser definido como humanidade a milhares de anos. Desde a polis “urbano” pela proporção da população total grega, passando pelas cidades mercantis da Itália que vive nas cidades. As influências que as Renascentista até os dias atuais podemos observar cidades exercem sobre a vida social do homem as variações das formas de organização e são maiores do que indicaria a razão numérica ocupação das cidades. Compreender as cidades é da população urbana, pois a cidade não é compreender a dinâmica da vida moderna, global. apenas, cada vez mais, a morada e a oficina do homem moderno, mas o centro iniciador e O processo de urbanização moderno ocorre controlador da vida econômica, política e paralelamente ao processo de industrialização. A cultural, que atrai as comunidades mais mudança das formas de produção implica uma remotas do mundo para sua órbita e entrelaça reestruturação das relações sociais de produção, diversas áreas, pessoas e atividades em um só influenciando as formas como as pessoas ocupam cosmos. os espaços e se distribuem geograficamente. Com o movimento industrial concentrado Wirth chama atenção para o fato de que, em espaços urbanos, gera-se uma oferta de nas cidades, um imenso volume de pessoas vive trabalho nas cidades que atrai a mão de obra do muito próximo um do outro, sem que as pessoas campo. Inicia-se um grande processo de transformação demográfica. Essa nova conjuntura implica novas formas de interação entre as 1 O texto abaixo foi retirado da obra Sociologia de Anthony Giddens (Giddens, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed: 2005) FERREIRA, Matheus Sociologia|2 se conheçam pessoalmente – um contraste Uma cidade grande é um “mundo de vilarejos estranhos”, mas auxilia e cria relações pessoais – tradicionais. A maioria dos contatos entre os uma situação que não é paradoxal. Precisamos habitantes das cidades é curto e parcial, e é feita traçar uma divisão entre experiência urbana dentro com um propósito; não são relacionamentos da esfera pública dos encontros com estranhos e o satisfatórios por si mesmos. As interações com mundo mais provado da família, dos amigos e dos vendedores de lojas, caixas de banco e cobradores colegas de trabalho. fundamental com os pequenos em trens são encontros passageiros, que ocorrem não pelo contato propriamente dito, mas por haver, por trás deles, uma finalidade. [Logo,] As ideias de Wirth preservam alguma validade; porem, diante das contribuições posteriores, fica clara sua generalização excessiva. Wirth também tem uma visão exagerada As cidades modernas frequentemente envolvem sobre a impessoalidade das cidades modernas. As relações sociais impessoais, anônimas, mas são comunidades que envolvem laços apertados de também fontes de diversidade – e, algumas vezes, amizade ou de parentesco são mais persistentes de intimidade. dentro das comunidades urbanas modernas do que ele supunha. O mais importante é que bairros que envolvem uma proximidade de parentesco e laços pessoais muitas vezes parecem ter 1.3. Castells: movimentos sociais Contrastando sido o urbanismo e os sociólogos de 2 com os efetivamente criados pela vida da cidade, não Chicago (como Wirth3), Castells enxerga a cidade sendo apenas vestígios de um modo de vida não apenas como uma localização distinta – a área preexistente que sobrevive por um tempo na urbana – mas como uma parte integral dos cidade. processos de consumo coletivo, os quais são, por sua vez, um aspecto inerente ao capitalismo industrial. As escolas, os serviços de transporte e as atrações de lazer são formas por meio das quais as pessoas “consomem” coletivamente os produtos da indústria moderna. O sistema fiscal determina quem pode comprar ou alugar em que lugar, e quem constrói em que lugar. As grandes corporações, os bancos e as seguradoras, que 2 O texto abaixo foi retirado da obra Sociologia de Anthony Giddens (Giddens, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed: 2005) 3 Grifos meus. FERREIRA, Matheus Sociologia|3 fornecem capital para os projetos de construção, têm um enorme poder sobre esses processos. Mas as agências do governo também afetam diretamente muitos aspectos da vida na cidade, ao construírem estradas e moradias públicas, planejarem áreas verdes e assim por diante. Portanto, o formato físico das cidades é um produto das forças de mercado e do poder do governo. Porém, a natureza do ambiente criado não Ao contrário do que pensam muitas é apenas resultado das atividades de pessoas ricas e poderosas. Castells enfatiza a importância das lutas dos modificarem grupos suas desprivilegiados condições de vida. para Os problemas urbanos estimulam uma série de movimentos sociais preocupados em melhorar as condições em habitação, em protestar contra a poluição do ar, em defender os parques e as áreas verdes e em combater as construções que venham a alterar a natureza de uma região. pessoas, a vida política não acontece apenas dentro dos esquemas mais ortodoxos do sistema político, compreendido pelos partidos políticos ou em votações em períodos pré-determinados. A política nasce na rua, o local público por excelência em nossa sociedade. É na rua que diferentes indivíduos se organizam em pautas comuns e diversas, criando diferentes mecanismos de ação políticas, para além daqueles previstos nas instituições tradicionais. As cidades, como enfatizam Harvey e Os movimentos sociais são as expressões Castells, são ambientes quase que totalmente artificiais, construídos por pessoas. Nem mesmo a maioria das áreas rurais escapa da influência da intervenção humana e da tecnologia moderna, pois a atividade humana remodelou e reordenou o mundo da natureza. da política das ruas. Cada movimento tem sua forma própria de organização e ação. Ao longo dos séculos observamos diversos tipos de movimentos, como os que levantavam bandeiras cívicas (direito ao voto e ampliação da 4 participação política da população ), econômicas (MST Capítulo 2. Sociedade em rede e os Movimentos Sociais com a reforma agrária) e sociais (reconhecimento de identidades pela via do direito, dos negros, mulheres, homossexuais, índios etc.). Várias foram as conquistas, como 2.1. Entendendo os Movimentos Sociais também as perdas. 4 Ver o caso do Orçamento Participativo de Porto Alegre ou os Panchayats na Índia. FERREIRA, Matheus Sociologia|4 Embora se pense que os movimentos Após 30 anos vivenciamos uma situação sociais são apenas organizados por grupo(s) bastante diferente. Em junho, as ruas do Brasil insatisfeitos ou indignados com a situação de suas foram tomadas por sujeitos que se mobilizavam vidas, deve-se levar em conta que os movimentos por razões que nem eles sabiam se eram as sociais também geram contramovimentos, ou seja, mesmas (nada de ilegítimo). Eram milhares as mobiliza indivíduos em defesa do status quo. O pautas de reivindicação. caso do Egito atualmente exemplifica bem essa questão: no primeiro momento observou-se um movimento cuja finalidade era derrubar a ditadura de Mohamed Morsi (o que de fato ocorreu), mas por outro lado, gerou um contramovimento por parte daqueles que apoiavam o ditador. Atualmente, no mês de agosto (2013), noticiários têm mostrado novos movimentos a favor da volta de Morsi. Podemos compreender esse momento enquanto reflexo do processo de modernização no qual o Brasil se insere. A vida moderna é simbolicamente identificada com essa explosão de ideias, opiniões, de indivíduos que compartilham o mesmo local, as grandes cidades, ou até mesmo o mesmo prédio. A diversidade é a expressão da modernidade. De 80 para cá o Brasil mudou muito. As cidades mudaram muito. Vivemos um processo continuo de transformações de nossas vidas. Basta observamos como a tecnologia 2.2. Novos Movimentos Sociais mudou de lá para cá, inclusive como eram os Se olharmos para a década de 80 e mecanismos de produção industrial5. Tudo que é observar como foi organizado o movimento certo, nessa vida, é a mudança, ou “tudo que é operário do ABC paulista colocando-o lado a lado sólido desmancha no ar” (Berman, M. 2007). com os movimentos de Junho de 2013 no Brasil, certamente obteremos grandes elementos que os distinguem, a começar pela pauta de reivindicação. Na década de 80 (em São Paulo) o movimento foi organizado por apenas uma classe, os operários (em geral metalúrgicos), organizados em Sindicatos, lutando por aumento salarial entre outros direitos. A figura do Sindicato era central naquela época. Era de sua cúpula de onde saiam as orientações que deveriam ser seguidas por toda a classe. A comunicação era feita por folhetos, panfletos, carros de som. O face a face era a única forma de comunicação. 5 Recomenda-se o filme “O ABC da Greve” de Leon Hirszman. FERREIRA, Matheus Sociologia|5 2.3. Novas Tecnologias e os Movimentos Sociais que está acontecendo, ou convocar outras pessoas para o movimento. Grandes quantidades de pessoas podem combinar fácil e rapidamente de se encontrarem para mobilizar por determinadas causas. Além disso, o uso dessas tecnologias serve para reduzir distorções dos fatos (uma vez que milhares de cidadãos produzem suas pequenas notícias é possível compará-las) como para denunciar casos de violência e abuso de autoridade que antes eram ocultados. Há claramente um fortalecimento da democracia possibilitado por essas novas tecnologias. Se na década de 80 os Sindicatos precisavam dispor de uma grande quantidade de pessoas para auxiliar na divulgação das notícias e Capítulo 3. Cultura e Sociedade estratégias 3.1. O conceito de Cultura6 grevistas, atualmente vivemos a geração do click ativismo. As novas tecnologias de informação e comunicação permitem que pessoas Quando os sociólogos se referem a cultura, de qualquer lugar do mundo troquem informações estão preocupados com aqueles aspectos da com apenas um click e alguns milésimos de sociedade humana que são antes apreendidos do segundo. global, que herdados. Esses elementos culturais são exigência da globalização, só foi possível graças a compartilhados por membros da sociedade e esses instrumentos de rede (Facebook não é rede, tornam possível a cooperação e a comunicação. é instrumento de rede). É impossível dissociar Formam o contexto comum em que os indivíduos modernização de desenvolvimento tecnológico. numa sociedade compreende tanto aspectos A convivência em nível intangíveis – as crenças, as ideias e os valores que Essas ferramentas permitem que qualquer formam o conteúdo da cultura – como também pessoa expresse sua opinião a qualquer momento, aspectos tangíveis – os objetos, os símbolos ou a em qualquer lugar, e que tal opinião seja recebida tecnologia que representam esse conteúdo. por qualquer outra pessoa no mundo. Cria-se uma rede lateral de comunicação fora dos padrões das grandes mídias corporativas (Rede Globo, Record, SBT, etc.). A dinâmica da troca de informação é muito mais eficaz, possibilitando os movimentos sociais ao mesmo tempo ir às ruas e comunicar o 6 O texto abaixo foi retirado da obra Sociologia de Anthony Giddens (Giddens, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed: 2005) FERREIRA, Matheus Sociologia|6 3.2. Diversidade Cultural e Auteridade drasticamente com o que as pessoas das sociedades ocidentais consideram “normal” A cultura compreendida enquanto obra do (Giddens, p.39). homem deve ser situada historicamente. O que isto significa? Significa que a cultura de uma Costumamos julgar países ou povos como determinada sociedade hoje nem sempre foi a atrasados sem se quer perguntar se não são eles mesma no passado e talvez não seja a mesma mais desenvolvidos que nós ao rejeitarem a daqui alguns anos. ditadura da modernidade e seus padrões de comportamento. Costumamos chamar índios de As diferenças ser preguiçosos sem pensar o sentido do trabalho para percebidas em escalas reduzidas de tempo – como eles, e a falta de sentido no acúmulo e consumo de as diferenças geracionais entre pais e filhos – bens, aos quais estamos destinados desde o como também em uma escala maior – quando se nascimento. Julgamos suas tecnologias inferiores comparam períodos históricos muito distantes um às nossas, sem pensarmos nas incontáveis pessoas do outro. que morreram e morrem com nossas armas Geralmente, carregados de os culturais diversos julgamentos Grandes movimentos sociais surgiram a compreensão desses elementos variantes da partir de reflexões que fizeram acerca de outras cultura. culturas. comum, surgem porém da nucleares. não É preconceito podem demasiado O Movimento Feminista foi um generalizante, pessoas tomarem sua própria exemplo, que após compreender que a dominação cultura como padrão de comparação e assim patriarcal não era natural, comum em todas as fazendo juízos de valores, ou seja, impondo suas sociedades, começaram a desafiá-la no seio de sua crenças à outras. sociedade. A alteridade, capacidade de reconhecer o 3.3. Etnocentrismo7 outro enquanto diferente, mas não inferior (ou superior) é importante para a convivência mútua, Toda Cultura tem seus próprios padrões de ainda mais nas complexas variedades de culturas comportamento, os quais parecem estanhos ás existentes nas grandes cidades, como vimos no pessoas de outras formações culturais. Se você já capítulo 1. viajou para o exterior, provavelmente está familiarizado com a sensação que pode resultar Não são apenas as crenças culturais que diferem através das culturas. A diversidade de quando você se encontra em uma nova cultura. Aspectos da vida cotidiana que você práticas e do comportamento humanos é também notável. Formas aceitáveis de comportamento variam amplamente de cultura para cultura e, com frequência, contrastam 7 O texto abaixo foi retirado da obra Sociologia de Anthony Giddens (Giddens, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed: 2005) FERREIRA, Matheus Sociologia|7 inconscientemente toma como comuns em sua 4.1. Auguste Comte8 própria cultura podem não ser parte da vida diária em outras partes do mundo. Mesmo em países que compartilham a mesma língua, hábitos cotidianos, costumes e comportamentos podem ser bem diferentes. A expressão choque cultural é realmente apropriada! Frequentemente, as pessoas se sentem desorientadas quando ficam imersas em uma nova cultura. Isso acontece porque elas perdem pontos de referencia familiares que as ajudam a entender o mundo ao seu redor e ainda não aprenderam como navegar em uma nova O Pensamento de Comte refletia os eventos turbulentos de seu tempo. A Revolução Francesa introduzira mudanças significativas na cultura. sociedade, e o crescimento da industrialização As culturas podem ser excessivamente estava alterando a vida tradicional da população difíceis de se compreender de fora. Não podemos francesa. Comte buscou criar uma ciência da entender as práticas e as crenças separadamente sociedade que pudesse explicar as leis do mundo das culturas mais abrangentes de que fazem parte. social da mesma forma que a ciência natural Uma cultura tem que ser estudada em termos de explicava o funcionamento do mundo físico. seus próprios significados e valores – uma Embora Comte reconhecesse que cada disciplina suposição chave da sociologia. Essa ideia também científica é Os acreditava que todas elas compartilham uma sociólogos se esforçam tanto quanto possível para lógica comum e um método científico direcionado evitar o etnocentrismo, que é a prática de julgar a revelar leis universais. Da mesma forma que a outras culturas comparando-as com a nossa. Uma descoberta de leis no mundo natural nos permite vez que as culturas humanas variam tanto, nãoé controlar e predizer acontecimentos ao nosso surpreendente que pessoas vindas de uma cultura redor, desvendar as leis que governam a sociedade amiúde achem difícil simpatizar com as ideias ou humana poderia nos ajudar a modelar nosso com o comportamento daqueles de uma cultura destino e a melhorar o bem-estar da humanidade. referida como relativismo cultural. possui seu próprio assunto, ele diferente. A visão sociológica de Comte foi a ciência Capítulo 4. Clássicos da Sociologia positiva. Ele acreditava que a sociologia deveria aplicar mesmos métodos científicos rigorosos ao 8 O texto abaixo foi retirado da obra Sociologia de Anthony Giddens (Giddens, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed: 2005) FERREIRA, Matheus Sociologia|8 estudo da sociedade que a física ou a química ligadas ao desenvolvimento do capitalismo. O usam no estudo do mundo físico. O positivismo capitalismo é um sistema de produção que sustenta que a ciência deveria estar preocupada contrasta somente com entidades observáveis que são econômicos anteriores da história, já que envolve conhecidas diretamente pela experiência. a produção de mercadorias e de serviços vendidos A lei dos três estágios, de Comte, afirma que os esforços humanos para entender o mundo passaram através dos estágios teológico, metafísico e positivo. No estágio teológico, os pensamentos eram guiados por ideias religiosas e pela crença de que a sociedade era uma expressão da vontade de Deus. No estágio metafísico, que se torna proeminente aproximadamente na época da radicalmente com os sistemas a uma ampla faixa de consumidores. Marx identifica dois elementos principais dentro das empresas capitalistas. O primeiro é o capital – qualquer bem, incluindo dinheiro, máquinas ou mesmo fábrica, que possa ser usado ou investido para produzir bens futuros. A acumulação de capital anda de mãos dadas com o segundo elemento, a mão de obra assalariada. Renascença, a sociedade começa a ser vista em O ponto de vista de Marx estava fundado termos naturais, e não sobrenaturais. O estágio no que ele chamava de concepção materialista da positivo, e história. De acordo com essa concepção, não são conquistas de Copérnico, Galileu e Newton, as ideias ou os valores que os seres humanos encorajou a aplicação de técnicas científicas no guardam que são as principais fontes de mudança mundo social. social. Em vez disso, a mudança social é introduzido pelas descobertas estimulada primeiramente por influências econômicas. 4.2. Karl Marx 4.3. Jurguen Habermas Em “Três modelos normativos de democracia”, Habermas nos traz uma discussão em torno de três modelos de democracia, onde faz uma exposição ressaltando principalmente as diferenças entre o modelo Liberal e o Modelo Republicano; e propondo assim uma “alternativa”, Ainda que tenha escrito sobre várias fases o modelo Comunicativo. da história, Marx concentrou-se primeiramente na Assim, é fundamental destacar o mudança em tempos modernos. Para ele, as que se pode entender por política nessas três mudanças mais importantes estavam estreitamente concepções, e como se dá o processo democrático. FERREIRA, Matheus Sociologia|9 Diante da concepção Liberal, a política, enquanto política deliberativa permite que isso aconteça. formação política da vontade de cidadãos, tendo Nesse modelo, todas as decisões precisam de por função agregar e impor interesses sociais justificação, publica e racional, através de privados, perante o aparato estatal (administrativo) argumentação e de uma ação orientada para o para garantir fins coletivos. entendendo, ou para o consenso gerado por essa modelo argumentação, através de uma “racionalidade Republicano concebe a política como uma forma Comunicativa”. Essa noção procedimental de de reflexão de um complexo de vida ético (no democracia não possui uma base moral, um sentido Hegeliano segundo Habermas) no qual os “bem”, membros da “comunidade solidária” (de caráter fundamentais. Por outro lado, o mais ou menos natural) se dão conta de sua dependência recíproca, e, com vontade e mas sim, A “comunicativo” se funda política se orienta nos no pela direitos modelo ética do consciência, levam adiante essas relações de entendimento, ou seja, diferente do modelo liberal reconhecimento recíproco transformando-as em de uma associação de portadores de direitos livres e particularizados, e sua imposição pelo aparato iguais. estatal. Após analisar os dois modelos expostos acima, Habermas propõe a “alternativa”, com o modelo “comunicativo”, embora seu artigo não descreva muito detalhadamente esse modelo, que pode ser encontrado em seu livro “Direito e Democracia”. Esse modelo envolve uma concepção procedimental de política deliberativa, onde existe uma pluralidade de formas de comunicação nas quais uma vontade “comum” pode se formar, não só por uma “compreensão ética”, como também pelo equilíbrio de interesses e compromissos. As condições de comunicação e de procedimentos possibilitam a formação institucionalizada da opinião e da vontade políticas. O modelo comunicativo se baseia justamente nessas condições de comunicação sob as quais o processo político pode ter a seu favor a presunção de gerar resultados racionais, pois a agregação de vontades individuais,