Eficiência Energética e Emissões de Gases de Efeito Estufa
(GEE)
Estimativa de redução das emissões de GEE até 2030, a partir de
cenários de eficiência energética para veículos leves no Brasil
Abril de 2014
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA
Coordenação e Equipe Técnica
Prof. Emilio Lèbre La Rovere, D.Sc. e William Wills, D.Sc.
Apoio Administrativo
Carmen Brandão Reis
Vinicius Miasato
Diagramação/Editoração
Elza M. S. Ramos
ÍNDICE
Resumo e Introdução – Pág. 1
Padrões de eficiência energética na Europa e no Brasil – Pág. 3
Cenários propostos – Pág. 8
Metodologia – Pág. 9
Estimativa dos impactos dos padrões propostos na redução das emissões de gases de efeito estufa fóssil em 2020, 2025 e 2030 – Pág. 21
Conclusões e recomendações – Pág. 31
Referências bibliográficas – Pág. 33
1 RESUMO
O setor de transportes é um dos maiores responsáveis pelas emissões de gases de efeito
estufa – GEEs no mundo, e, portanto, em tese, oferece as maiores oportunidades para ações
de mitigação. Na última década no Brasil a frota de veículos leves cresceu rapidamente, com
consequências negativas quanto ao consumo de energia, emissão de poluentes locais e de GEEs. O
presente estudo simulou a implantação de uma meta de eficiência energética equiparada à meta
europeia para 2021, e comparou estes resultados com o Cenário de Referência, onde apenas o
Inovar-Auto seria implantado, e a um cenário onde a meta europeia seria alcançada com dois anos
de atraso. Como resultado, pode-se verificar que a implantação da meta europeia no Brasil teria
como consequência a redução do consumo de energia dos automóveis em 24,5% e das emissões
de GEEs em 23,9% em 2030. O estudo conclui que, além dos investimentos necessários em modais
mais eficientes de transportes, como o ferroviário e o hidroviário, as metas de eficiência energética
veicular, de forma complementar, podem auxiliar a transformar o Brasil em uma economia mais
eficiente, sustentável, e de baixo carbono.
2 INTRODUÇÃO
Em diversos países, sobretudo naqueles de maior desenvolvimento, tem surgido e se
consolidado programas de fomento à eficiência energética veicular, geralmente em associação
à regulação de emissões. Esses programas definem metas mínimas de eficiência, ou máximas de
consumo que devem ser seguidas pelos fabricantes. Por outro lado, a etiquetagem dos veículos
também pode atuar no sentido de redução do consumo facilitando a comparação de dados nem
sempre acessíveis, como o consumo específico do veículo e a emissão de gases de efeito estufa.
Fatores importantes para a determinação do nível de consumo do setor de transportes
num país podem ser, entre outros: o tamanho do país, sua densidade demográfica, organização
espacial, estrutura social e econômica e o nível de absorção das novas tecnologias desenvolvidas
mundialmente. O uso de energia, e consequente emissão de CO2, depende principalmente dos
seguintes fatores:
Tipo de Modal - rodoviário, ferroviário, aeroviário ou hidroviário;
Distância de Viagens – conforme o crescimento da cidade, através de planos de urbanização
podem ser estabelecidas diretrizes para o uso do solo que resultem em menores distâncias entre as
áreas residenciais e as áreas comerciais, significando menor deslocamento nas viagens e, portanto,
menor consumo de energia e emissão de GEEs;
1
Freqüência de Viagens – também é um fator importante, pois quanto maior a freqüência
de viagens (ou a distância percorrida), maior o consumo de energia e maiores as emissões de
GEEs. Existem estudos que indicam que estímulos, por exemplo, ao “teletrabalho” e a “home
offices” poderiam diminuir a freqüência das viagens, principalmente nos horários de pico, pois as
pessoas utilizariam mais as telecomunicações e instrumentos como Internet, realizando o trabalho
virtualmente, ao invés de se deslocarem fisicamente para realizá-lo. Assim os motivos de viagem
seriam principalmente lazer e compras, fora dos horários de pico;
Taxa de Motorização – o aumento da taxa de motorização implica em uma maior circulação
de veículos, provocando o congestionamento do tráfego, diminuindo a eficiência no uso da energia e
conseqüentemente aumentando as emissões de GEEs. Com uma melhoria e estímulo ao transporte
público coletivo, seja por ônibus ou metrô, por exemplo, a transferência de modais resultaria em
diminuição no uso de veículos individuais, reduzindo os congestionamentos e melhorando o tráfego
na cidade;
Transporte Coletivo – está ligado ao item anterior: de forma geral quanto maior o uso do
transporte coletivo em detrimento do veículo individual, melhor o aproveitamento de energia e
menor a emissão de GEEs por passageiro por quilômetro percorrido;
Densidade Residencial e Populacional – se uma cidade possui sua população esparsa,
morando em subúrbios longe do centro empresarial e comercial da cidade, conseqüentemente
possuirá maiores consumos energéticos no setor de transportes se comparada a uma cidade com
um planejamento urbano tal que encurte essa distância, fazendo com que a energia consumida seja
menor. Este item está ligado ao item b – distâncias das viagens;
Combustível Utilizado – diferentes tipos de combustíveis também possuem diferentes fatores
de emissão de carbono por unidade de energia, bem como eficiências diferenciadas; e
Características da Frota – as emissões dependem da frota no que se refere à idade média (a
tecnologia dos veículos interfere no volume de emissões de poluentes locais) e à eficiência (consumo
x distância) na emissão de todos os poluentes.
No item 4 deste trabalho será apresentada a metodologia do modelo utilizado em detalhes.
2
3 PADRÕES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA EUROPA E NO BRASIL
Os padrões mínimos de desempenho que foram implantados na UE determinam a eficiência
mínima que o fabricante deve atender em cada produto comercializado, sem especificação da
tecnologia utilizada. Estes padrões se referem a metas de emissão e não propriamente de eficiência
energética, ainda que as primeiras tenham relação direta com a segunda.
Segundo RYAN et al (2009), até 2007 a estratégia comunitária para a redução das emissões e
aumento da eficiência energética no setor de transportes baseou-se, inicialmente, em três pilares:
i) acordo voluntário com a Associação dos Fabricantes de Automóveis, ii) informação ao consumidor
através da rotulagem dos carros novos, e iii) tributação diferenciada para tecnologias mais eficientes.
O monitoramento das metas do acordo voluntário estabelecido entre a European Automobile
Manufactures’ Association (ACEA) e a Comissão Européia revelou o não atendimento da meta de
emissão veicular de 140 gCO2/km até 2008 e a probabilidade do não atendimento da meta de
emissão veicular de 2012 (120 gCO2/km). A figura 1, apresenta a evolução do fator de emissão
médio dos veículos novos de passeio registrados na UE de 2000 a 2010 (CE, 2010).
Em 2009 foi estabelecido um novo padrão de eficiência compulsório. O limite de emissões
da frota média dos novos veículos de passeio registrados na Diretiva de Eficiência Energética UE27 foi estabelecido pela Legislação EC 443/2009 em 130 gCO2/km até 2015; dos quais 120gCO2/km
diretamente relacionados ao desenvolvimento tecnológico do veículo, e 10gCO2/km com medidas
adicionais, como, por exemplo, a utilização de biocombustíveis. As metas serão progressivamente
introduzidas de 2012 a 2015. Em 2012, 65% dos novos carros registrados de cada montadora deverá
alcançar a meta de 130 g/km. Isso deve subir para 75% em 2013, 80% em 2014 e 100% de 2015 em
diante. Em 2020, o limite modifica-se novamente passando a 95 gCO2/km (CE, 2010). Estes valores
estão representados também na Figura 1, a seguir:
3
Figura 1 - Evolução das emissões veiculares da UE-27 de 2000 a 2010
Fonte: T&E (2011) apud Bartolo (2012).
Recentemente, em decisão da União Europeia, o alcance da meta de 95 gCO2/km foi adiado
para 2021.
Os produtores que não respeitarem sua meta de emissões específicas pagarão multas, que
serão baseadas na quantidade de gramas de CO2 por quilômetro (gCO2/km) que o carro médio
vendido pelo fabricante emitirá acima da meta, multiplicada pelo número de veículos vendidos.
Entre 2012 e 2018, as multas para o primeiro, segundo, terceiro e quarto em diante gCO2/km
excedido será, respectivamente, de €5, €15, €25 e €95. A partir de 2019, o grama excedido custará
€95 (CE, 2009e).
No Brasil, a crescente preocupação com a eficiência energética tem resultado em programas
de redução das emissões de veículos automotores e do desperdício de energia, sendo a matéria
objeto de normatização pelo poder público há algumas décadas, de tal forma que a legislação do
setor tem se consolidado de maneira progressivamente abrangente, mas ainda insuficiente.
Entre 1983 e 1986 foram publicados anualmente encartes intitulados “ESCOLHA CERTO - Guia
de consumo de seu carro”, contendo informações acerca dos níveis de consumo dos automóveis
nacionais e dos diferentes modelos disponíveis no mercado. No período foram ainda estabelecidas
metas de consumo a serem progressivamente atingidas pelos fabricantes nacionais, considerando
a média ponderada simples do consumo, tendo como parâmetro todas as configurações entregues
ao mercado. Tais medidas foram produto de um programa nacional de eficiência nos veículos
automotivos, o Programa de Economia de Combustíveis (PECO), formalizado mediante um protocolo
entre o Governo (MDIC, MME) e as montadoras (ANFAVEA) e implementado pelo STI/MDIC no
4
período mencionado. Nesse programa, os valores de consumo eram fornecidos pelos fabricantes e,
caso julgasse necessário, a STI realizava ensaios de verificação.
No mesmo sentido, a crescente conscientização acerca dos danos causados pela poluição
atmosférica à saúde e ao bem estar da população teve como consequência a instituição do
PROCONVE, Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores. Através da
progressividade de etapas, nas quais já foram implementadas em cinco fases para veículos leves
(a sexta fase entrará em vigor em 2014) e seis para pesados, o PROCONVE estabelece limites às
emissões poluentes dos veículos novos, de modo que todos os modelos de automóveis do mercado
brasileiro são ensaiados durante sua homologação obrigatória, para atestar seu atendimento aos
tetos máximos de emissões. Importante avanço nesse sentido é o credenciamento, pelo INMETRO,
de instalações laboratoriais que alcançaram um nível necessário e suficiente à realização de ensaios
de motores regularmente de forma independente.
O PROCONVE estabelece níveis máximos de emissão para homologação, cujo desatendimento
leva à transgressão legal. Os indicadores de consumo, por sua vez, não se encontram limitados,
podendo ter uma ampla variação. A ideia de que os motores mais eficientes são também os menos
poluentes quando se trata das emissões de CO2 é incontestável.
A Lei 10.295, de 17 de outubro de 2001, representou um significativo marco na legislação
brasileira sobre eficiência energética, em uma acepção ampla e incluindo todos os sistemas
que consomem energia. A Lei 10.295/01 foi regulamentada pelo Decreto 4.059 em dezembro
de 2001, que instituiu o Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE),
com a participação do Ministério de Minas e Energia (MME), Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), um
representante da comunidade acadêmica e um cidadão brasileiro, em ambos casos designados pelo
MME. O CGIEE fica responsável pelo estabelecimento de um Programa de Metas e pela elaboração
de um regramento específico para cada tipo de máquina ou aparelho. Em sua primeira reunião,
realizada em janeiro de 2005, o CGIEE definiu o desenvolvimento de normas de eficiência energética
com foco prioritário nos veículos leves (NOGUEIRA e BRANCO, 2005).
Em novembro de 2008 foi aprovado, através da portaria INMETRO nº 391, o Regulamento de
Avaliação da Conformidade para Etiquetagem de Veículos Leves de Passageiros e Comerciais Leves
com Motores do Ciclo Otto - PBEV, estabelecendo o programa voluntário de etiquetagem veicular.
Sob a coordenação do INMETRO, o PBEV foi implementado em 2009, contando com a participação
de cinco montadoras.
5
Segundo Smith (2010) verificou-se que no caso do PBEV, o INMETRO não apresentou a
devida imparcialidade diante dos agentes envolvidos, dado que algumas informações não deveriam
ter sido fornecidas às montadoras antes da publicação da tabela de consumo do ano de 2009.
Para convencer um maior número de empresas associadas à ANFAVEA a participar do programa
de etiquetagem em 2009, as montadoras receberam do INMETRO os dados de consumo das
outras empresas. Assim cada montadora pôde prever a sua classificação no programa e escolher
previamente os modelos que poderiam se destacar. Isso também pode ter influenciado algumas
montadoras a não participar do programa devido à menor eficiência energética de seus modelos.
Em vigor desde 1º de janeiro de 2013, o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e
Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar-Auto) foi lançado pelo governo
em 4 de outubro de 2012 como parte do Plano Brasil Maior, e tem validade entre 1º de janeiro
de 2013 e 31 de dezembro de 2017. O programa voluntário aumentou o imposto sobre produtos
industrializados (IPI) em 30% para os veículos leves vendidos no país entre os anos de 2013 a
2017 e prevê um desconto de 30 pontos porcentuais no IPI para montadoras que aderirem ao
programa. Para ter direito ao incentivo, no entanto, os interessados devem cumprir uma série de
contrapartidas, que vão aumentar gradualmente a partir do início do programa.
As medidas introduzidas pelo Programa Inovar-Auto concedem benefícios para as empresas
que estimularem e investirem na inovação e em pesquisa e desenvolvimento dentro do Brasil. O
novo regime prevê ainda a concessão de créditos presumidos adicionais de IPI para incentivar as
empresas a extrapolarem as metas estabelecidas para habilitação ao Inovar-Auto.
O governo também estipulou um benefício de até dois pontos percentuais do IPI para os
fabricantes que ultrapassarem a meta de habilitação, fixada em 1,82 MJ/km (melhoria de 12,08%
em comparação com valores de 20111), como estímulo à eficiência energética. Esse desconto na
alíquota do IPI é válido para o período entre 2017 e 2020, e será de um ponto percentual no caso
das empresas atingirem a média de 1,75 MJ/km (15,46%) e de dois pontos percentuais, no caso de
atingirem 1,68MJ/km (18,84%). A meta-alvo de 1,68MJ/Km equivale à meta europeia de 2015 de 130
g de CO2/Km.
1
Medidos segundo o ciclo de condução combinado descrito na Norma ABNT NBR 7024:2010.
6
7
4 CENÁRIOS PROPOSTOS
Os cenários aqui propostos fazem parte de um esforço do Greenpeace na busca por reduzir
as emissões de gases de efeito estufa e o consumo energético do setor de transporte, iniciado
com a publicação de seu relatório (R)evolução Energética em 2013 (Greenpeace Brasil, 2013). Este
estudo tem como objetivo analisar qual o potencial de mitigação de GEEs com a introdução de metas
de eficiência energéticas alinhadas às europeias, para os automóveis brasileiros. As tecnologias
utilizadas para alcançar as metas não são objeto deste relatório, bem como a mudança da frota
pela entrada de veículos híbridos e/ou elétricos. No que diz respeito às normas de CO2 da União
Europeia para veículos leves, foi decidido recentemente pela União Europeia que a meta de 1,22 MJ/
km (95 gCO2/km, convertidos do ciclo europeu NEDC para o ciclo de condução combinado descrito
na Norma ABNT NBR 7024:2010, que é o ciclo de referência do Inovar Auto) seria alcançada em
2021. Para analisar os efeitos da eficiência energética na frota de veículos leves este estudo calcula o
consumo de combustíveis e as emissões até 2030.
A seguir são apresentados os cenários simulados neste estudo:
Cenário A (Referência): Este cenário incorporou as mesmas premissas do relatório (R)evolução
Energética 2013, no que se refere ao tipo de frota, combustíveis, distância percorrida, etc com
exceção da eficiência energética dos veículos leves. Segundo orientação do Greenpeace, neste
cenário foi considerado que os veículos leves vendidos em 2017 atingem a meta habilitadora do
programa Inovar Auto de 1,820 MJ/km (12,08% de aumento de eficiência energética até 2017), e
esta média é mantida constante até 2030. Mesmo sendo um programa voluntário, a grande adesão
das montadoras ao Inovar Auto fará com que a frota brasileira atinja melhores níveis de consumo
energético.
Cenário B (Moderado): Este cenário também incorporou as premissas do relatório (R)
evolução Energética 2013, com exceção da eficiência energética dos veículos. Neste cenário, segundo
orientação do Greenpeace, foi utilizada a meta habilitadora do programa Inovar Auto, descrita acima
até 2017. Entre 2017 e 2023 a eficiência energética foi crescendo linearmente para atingir a meta
de 1,22 MJ/km, medidos segundo o ciclo de condução combinado descrito na Norma ABNT NBR
8
7024:2010, que é o ciclo de referência do Inovar Auto2. Após 2023 a eficiência energética foi mantida
constante.
Cenário C (Otimista): Este cenário também partiu das mesmas premissas já mencionadas
anteriormente, com exceção da eficiência energética dos veículos. Neste cenário, segundo
orientação do Greenpeace, foi utilizada a meta habilitadora do programa Inovar Auto, descrita acima
até 2017, entre 2017 e 2021 a eficiência energética foi crescendo linearmente para atingir a meta de
1,22 MJ/km. Após 2021 a eficiência energética foi mantida constante.
É importante ressaltar que a discussão da tecnologia, ou do conjunto de tecnologias (veículos
híbridos, veículos elétricos, etc) que serão utilizados pelas montadoras para atingir tais metas de
eficiência energética não faz parte do escopo deste trabalho.
5 METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste estudo adota uma abordagem bottom-up, estimando o volume
total de combustíveis consumido por determinada frota de veículos leves, a partir da agregação, à
frota existente, de veículos novos; da aplicação de uma taxa de sucateamento à frota; da distância
média anual percorrida pelos veículos; e do consumo médio de combustíveis pela frota, por tipo de
combustível utilizado.
A fórmula do modelo é a seguinte:
C=
∑ (F
i ,t
× K i ,t × E i )
i
Onde,
C é o consumo total de combustível (gasolina, álcool ou GNV) no ano t
i é a parcela da frota fabricada em cada ano (“ano-modelo”);
F é o número de veículos ano-modelo i em circulação no ano t empregando combustível c;
K é a distância média percorrida em quilômetros pelos veículos ano-modelo i no ano t;
E é a eficiência média da frota (litros/km)
2
Segundo Decreto Nº 7.819, de 3 de outubro de 2012
9
Parâmetros Utilizados nos Cálculos dos Cenários de Linha de Base e Alternativo:
Frota Base
A frota base do modelo é a frota nacional de automóveis3, discriminada por ano-modelo e
combustível a partir de 1957 até 2012 (ANFAVEA, 2013). Esta frota serve como base para a projeção
da frota nacional até 2030. A partir de hipóteses adicionais de taxas de aumento de vendas de
veículos no mercado interno e de curvas de sucateamento que definirão fluxos de entradas e saídas
de veículos circulantes na frota a cada ano, tem-se a frota nacional total por combustível nos anos
futuros.
Evolução das Vendas
De acordo com a orientação do Greenpeace, a frota total em 2030 deveria ser compatível com
a frota estimada pelo relatório (R)evolução Energética 2013. Para isso, foi estimado um crescimento
anual das vendas entre 2013 e 2030 proporcional ao aumento de PIB, mas com a restrição de se
atingir em 2030 a frota estimada no relatório (R)evolução Energética, levando-se em consideração a
curva de sucateamento da frota brasileira que será definida mais à frente neste trabalho.
Curva de Sucateamento
Aplicou-se às vendas de veículos em cada ano uma curva de sucateamento, que permite
estimar anualmente a quantidade de veículos de um dado ano-modelo que sai de circulação.
Utilizou-se a função de sucateamento elaborada pelo Serviço de Planejamento da Petrobras 4 e
atualizada com base na Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios PNAD de 1988, que estabelece
o percentual dos veículos sucateados em função da idade, limita a vida máxima do veículo a 40 anos
e é uma função com as seguintes características:
S (t) = exp [ - exp (a + b (t)) ]
Onde,
S (t) = fração de veículos sucateada na idade t,
3
4
Não são considerados neste estudo os veículos comerciais leves.
Esta curva de sucateamento é amplamente utilizada em diversos estudos, como por exemplo, o estudo sobre as
Emissões da Frota Brasileira de Veículos Leves 1990-1994, parte da Comunicação Brasileira para a Convenção
do Clima preparada pelo MCT, assim como do 1º Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos
Automotores Rodoviários, publicado em 2011 pelo MMA.
10
(t) = idade do veículo
E os seguintes valores para a e b:
a = 1,798
b = -0,137
É importante ressaltar que esta curva de sucateamento foi elaborada a partir de dados da
frota nacional como um todo e para o ano de 1988. Devido à falta de estudos mais atualizados
referentes especificamente ao sucateamento da frota brasileira, decidiu-se por adotar tal curva, a
mais utilizada em estudos dessa natureza no País.
Distribuição do Consumo por Tipo de Combustível
No que se refere às estimativas de distribuição por combustível, considerou-se que a venda
de novos veículos flex-fuel alcançaria 93% ao final do período enquanto os carros à gasolina,
majoritariamente veículos de luxo ou importados 5%. Neste trabalho, assim como em LA ROVERE et
al. (2006), considerou-se que o percentual de veículos convertidos para utilização de GNV formaria
apenas 2% da frota total, e seria composta basicamente por táxis e veículos comerciais leves
presentes nos grandes centros urbanos. No que se refere aos combustíveis utilizados, a frota flex-fuel
utilizaria álcool na proporção de 50% da quilometragem percorrida, alinhado com a hipótese do PDE
2021 (EPE, 2012b). Cabe apontar que esta é uma hipótese muito importante, e caso não se confirme
no decorrer do período estudado, a distribuição do consumo de combustíveis, as emissões de CO 2 e
os fatores de emissão de CO2 médios da frota brasileira serão modificados. Este percentual depende
de variáveis como a oferta total de etanol no país e também da relação de preços entre o etanol e
a gasolina, que depende, dentre outras coisas, de políticas governamentais, e, portanto apresenta
grande incerteza.
Quilometragem Percorrida
Para estimar a quilometragem percorrida foram utilizados valores de quilometragem anual
média da frota de automóveis utilizada no relatório (R)evolução Energética, sendo a mesma aplicada
para o 1º inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários
(MMA, 2011). Observe-se que a estimativa considera que os veículos mais novos percorrem
11
maiores distâncias por unidade de tempo do que os mais antigos tendo em vista o fato de que
veículos mais novos normalmente pertencem aos usuários com um maior poder aquisitivo e que,
consequentemente, podem arcar com o percurso de maiores distâncias por unidade de tempo que
usuários de menor poder aquisitivo. Esses valores são mostrados na Figura 2, a seguir.
Km por ano
20,000
15,000
10,000
5,000
0
Idade do veículo
Figura 2- Quilometragem Média Anual Utilizada no Modelo
Percentual de Álcool Anidro na Gasolina C
A proporção de álcool anidro presente na gasolina C, em todo o período simulado, foi de 22%.
Eficiência Energética Média dos Veículos Novos
A eficiência energética média dos veículos novos é o parâmetro mais importante nesse estudo.
Através da aplicação das metas propostas para cada cenário no modelo descrito acima, será possível
quantificar as emissões de CO2 em cada caso.
Os valores de consumo médio dos veículos comercializados em cada ano disponibilizados
pela CETESB (CETESB, 2011), que utilizou em seus testes a norma ABNT NBR 7024, para o ciclo de
condução urbana, foram convertidos para o ciclo de condução combinado descrito na Norma ABNT
NBR 7024:2010, que é o ciclo de referência do Inovar Auto. A seguir, a partir das metas estabelecidas
em MJ/Km foram calculados os valores de eficiência energética média, descritos anteriormente
entre os anos de 2013 e 2030. É importante frisar que a eficiência energética dos carros varia muito
conforme o motorista e à manutenção dada ao veículo. Podemos estimar a margem de incerteza
12
desses valores utilizando o parâmetro do selo de eficiência americano, que admite um erro de 15%
para cima.
Na Tabela 2, a seguir, são apresentados os valores de eficiência energética média dos veículos
novos nos cenário especificados anteriormente: Cenário de Referência, Cenário Moderado, e Cenário
Otimista.
Tabela 2 – Eficiência energética média para veículos novos
MJ/km
Referência
Moderado
Otimista
2011
2,07
2,07
2,07
2012
2,03
2,03
2,03
2013
1,99
1,99
1,99
2014
1,95
1,95
1,95
2015
1,90
1,90
1,90
2016
1,86
1,86
1,86
2017
1,82
1,82
1,82
2018
1,82
1,72
1,67
2019
1,82
1,62
1,52
2020
1,82
1,52
1,37
2021
1,82
1,42
1,22
2022
1,82
1,32
1,22
2023
1,82
1,22
1,22
2024
1,82
1,22
1,22
2025
1,82
1,22
1,22
2026
1,82
1,22
1,22
2027
1,82
1,22
1,22
2028
1,82
1,22
1,22
2029
1,82
1,22
1,22
2030
1,82
1,22
1,22
A Figura 3, a seguir, apresenta as metas de eficiência energética nos três cenários.
13
MJ/Km
2.0
Referência
Moderado
Otimista
.0
.0
30
20
.0
29
20
.0
28
20
.0
27
20
.0
26
20
.0
25
20
.0
24
20
.0
23
20
.0
22
20
.0
21
20
.0
20
20
.0
19
20
.0
18
20
.0
17
20
.0
16
20
.0
15
20
.0
14
20
.0
13
20
12
11
20
20
.0
0.0
Figura 3 – Evolução das metas de eficiência energética nos três cenários
Evolução da Frota Brasileira e da Quilometragem Percorrida
O cálculo para revelar a composição da frota em cada ano segue a metodologia explicada
anteriormente. Considerou-se que os veículos a gasolina iriam diminuir a sua participação nas vendas
devido a grande aceitação dos veículos flex-fuel. Os veículos movidos a GNV terão uma participação
pequena até o final do período simulado. Cabe ressaltar que a evolução da frota brasileira de
veículos leves se dá de forma idêntica nos três cenários5. Na Tabela 3 e na Figura 4, a seguir, é
apresentada a composição percentual da frota de veículos leves no Brasil entre 2010 e 2030.
Segundo orientação do Greenpeace, a frota total de automóveis em 2030 deveria ser compatível
com a frota estimada no relatório (R)evolução Energética 2013.
5
14
5000%
4500%
4000%
3500%
3000%
GNV
2500%
Flex
2000%
Alc
GAS
1500%
1000%
500%
.0
.0
30
20
.0
29
20
.0
28
20
.0
27
20
.0
26
20
.0
25
20
.0
24
20
.0
23
20
.0
22
20
.0
21
20
.0
20
20
.0
19
20
.0
18
20
.0
17
20
.0
16
20
.0
15
20
.0
14
20
.0
13
20
.0
12
20
.0
11
20
.0
10
20
.0
09
20
.0
08
20
.0
07
20
06
20
20
05
.0
0%
Figura 4 – Composição da frota brasileira no período 2010-2030
Tabela 3 – Evolução da frota brasileira no período 2010-2030 (milhões de veículos)
Ano
Frota
Alc
Flex
GNV
Total
2010
GAS
11,66
1,23
10,57
0,69
24,15
2011
11,15
1,11
12,78
0,75
25,79
2012
10,55
2013
9,94
1,00
0,90
15,21
17,65
0,82
0,88
27,59
29,37
2014
9,34
0,80
20,04
0,94
31,12
2015
8,76
0,72
22,37
1,00
32,84
2016
8,20
0,64
24,62
1,06
34,52
2017
7,68
0,57
26,80
1,11
36,16
2018
7,19
0,51
28,89
1,16
37,74
2019
6,73
0,45
30,88
1,20
39,27
2020
6,31
0,40
32,78
1,25
40,74
2021
5,93
0,35
34,57
1,28
42,13
2022
5,58
0,31
36,25
1,31
43,45
2023
5,26
0,27
37,83
1,33
44,70
2024
4,98
0,24
39,31
1,35
45,88
2025
4,73
0,21
40,69
1,36
46,99
2026
4,50
0,19
41,98
1,37
48,04
2027
4,31
0,16
43,19
1,38
49,04
2028
4,13
0,14
44,32
1,38
49,98
2029
3,98
0,13
45,38
1,38
50,86
2030
3,85
0,11
46,37
1,38
51,70
15
A seguir serão apresentados os cenários de demanda de combustíveis para os três cenários
propostos.
No Cenário A (Referência), a seguir, foi simulado o atendimento da meta de habilitação pelos
novos veículos comercializados até 2017, cuja meta é de 1,820 MJ/km até 2017. A Figura 5 e a Tabela
Bilhões de litros
4 apresentam o volume de cada combustível consumido em cada ano simulado, entre 2010 e 2030.
GAS
AEA
AEH
0.0
Figura 5 - Demanda de combustíveis no Cenário A
Tabela 4 - Demanda de combustíveis no Cenário A. GAS – gasolina; AEA – álcool anidro; AEH –
álcool hidratado e GNV – gás natural veicular
Ano
Cenário de Referência
AEA
AEH
GAS
109
109
litros
GNV
2010
litros
26,05
7,34
12,19
1.706,08
2011
27,52
7,76
13,33
1.828,30
2012
29,04
2013
30,03
8,19
8,47
14,49
15,77
1.946,36
2.020,52
2014
30,32
8,55
17,23
2.044,77
2015
30,34
8,56
18,86
2.058,09
2016
30,11
8,49
20,67
2.061,39
2017
29,73
8,38
22,46
2.056,22
2018
29,32
8,27
24,12
2.045,22
2019
28,93
8,16
25,69
2.030,95
2020
28,55
8,05
27,15
2.014,71
16
litros
109
10⁶ m³
2021
28,20
7,95
28,51
1.994,24
2022
27,86
7,86
29,77
1.967,90
2023
27,55
7,77
30,93
1.935,85
2024
27,27
7,69
31,99
1.898,93
2025
27,04
7,63
32,97
1.860,15
2026
26,84
7,57
33,86
1.822,43
2027
26,69
7,53
34,68
1.786,02
2028
26,58
7,50
35,43
1.755,80
2029
26,51
7,48
36,11
1.716,99
2030
26,47
7,47
36,75
1.681,11
No Cenário B (moderado), segundo orientação do Greenpeace, foi utilizada a meta do
programa Inovar até 2017, entre 2017 e 2023 a eficiência energética foi crescendo linearmente para
atingir a meta de 1,22 MJ/km. Após 2023 a eficiência energética foi mantida constante.
A Figura 6 e a Tabela 5 apresentam o volume da demanda de cada combustível em cada ano
Bilhões de litros
simulado, entre 2010 e 2030.
GAS
AEA
AEH
0.0
Figura 6 - Demanda de combustíveis no Cenário B
17
Tabela 5 - Demanda de combustíveis no Cenário B. GAS – gasolina; AEA – álcool anidro; AEH –
álcool hidratado e GNV – gás natural veicular
Ano
GAS
109 litros
Cenário Moderado
AEA
AEH
109 litros
109 litros
GNV
10⁶ m³
2010
26,05
7,34
12,19
1.706,08
2011
27,52
7,76
13,33
1.828,30
2012
29,04
2013
30,03
8,19
8,47
14,49
15,77
1.946,36
2.020,52
2014
30,32
8,55
17,23
2.044,77
2015
30,34
8,56
18,86
2.058,09
2016
30,11
8,49
20,67
2.061,39
2017
29,73
8,38
22,46
2.056,22
2018
29,27
8,25
24,04
2.041,00
2019
28,70
8,09
25,34
2.014,31
2020
28,04
7,91
26,38
1.977,57
2021
27,29
7,70
27,14
1.929,47
2022
26,46
7,46
27,64
1.869,46
2023
25,55
7,21
27,89
1.798,90
2024
24,64
6,95
27,99
1.723,21
2025
23,79
6,71
28,04
1.648,78
2026
23,02
6,49
28,05
1.577,83
2027
22,31
6,29
28,04
1.510,76
2028
21,69
6,12
28,00
1.457,89
2029
21,13
5,96
27,95
1.388,74
2030
20,65
5,82
27,91
1.331,72
No Cenário C (otimista), segundo orientação do Greenpeace, foi utilizada a meta do programa
Inovar até 2017, entre 2017 e 2021 a eficiência energética foi crescendo linearmente para atingir a
meta de 1,22 MJ/km. Após 2021 a eficiência energética foi mantida constante.
A Figura 7 e a Tabela 6 apresentam o volume de cada combustível demandado em cada ano
simulado, entre 2010 e 2030.
18
Bilhões de litros
GAS
AEA
AEH
0.0
Figura 7 - Consumo de combustíveis no Cenário C (otimista)
Tabela 6 - Consumo de combustíveis no Cenário C (otimista). GAS – gasolina; AEA – álcool
anidro; AEH – álcool hidratado e GNV – gás natural veicular
Ano
Cenário Otimista
GAS
109
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2025
2026
2027
2028
litros
26,02
27,57
29,17
30,19
30,48
30,50
30,26
29,87
29,23
28,47
27,51
26,41
25,26
24,07
22,85
21,61
20,42
19,32
18,32
AEA
109
AEH
109
litros
7,33
7,77
8,22
8,51
8,59
8,60
8,53
8,42
8,24
8,03
7,76
7,45
7,12
6,79
6,44
6,10
5,76
5,45
5,17
litros
12,15
13,30
14,45
15,74
17,20
18,84
20,64
22,44
23,93
24,98
25,59
25,86
25,91
25,75
25,40
24,88
24,27
23,66
23,07
19
GNV
10⁶ m³
1.723,49
1.844,13
1.960,64
2.033,28
2.056,08
2.068,03
2.070,04
2.063,69
2.053,99
2.015,16
1.958,03
1.886,77
1.806,46
1.718,46
1.624,44
1.527,42
1.432,53
1.343,29
1.273,97
2029
2030
17,41
16,60
4,91
4,68
22,50
21,96
1.182,57
1.109,86
Comparação entre os três cenários propostos
O Cenário B em relação ao Cenário A economizaria 5,83 x109 litros de gasolina A, 1,64 x109
litros de álcool anidro, 8,84 x109 litros de álcool hidratado e 349,39 x10⁶ m³ de GNV em 2030.
O Cenário C em relação ao Cenário A economizaria 6,22 x109 litros de gasolina A, 1,75 x109
litros de álcool anidro, 9,44 x109 litros de álcool hidratado e 377,15 x10⁶ m³ de GNV em 2030.
Finalmente, o Cenário C em relação ao Cenário B economizaria 0,40 x109 litros de gasolina A,
0,11 x109 litros de álcool anidro, 0,60 x109 litros de álcool hidratado e 27,76 x10⁶ de m3 de GNV em
2030. Estes valores estão apresentados na Tabela 7, a seguir:
Tabela 7 - Comparação do consumo evitado de combustíveis nos três cenários.
Cenário
Gasolina
109
Redução no Cenário B em relação ao Cenário A
Redução no Cenário C em relação ao Cenário A
Redução no Cenário C em relação ao Cenário B
litros
5,83
6,22
0,40
20
Álcool
Anidro
Álcool
Hidratad
o
GNV
109
litros
109 litros
10⁶ m³
1,64
1,75
0,11
8,84
9,44
0,60
349,39
377,15
27,76
6 ESTIMATIVA DA REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA NOS
CENÁRIOS PROPOSTOS, ATÉ 2030.
Nesta seção serão apresentadas as emissões totais de gases de efeito estufa, ano a ano, nos
três cenários descritos anteriormente.
Os fatores de emissões dos combustíveis fósseis são os mesmos utilizados na Comunicação
Nacional à UNFCCC. Os fatores de emissão do etanol anidro e do etanol hidratado são aqueles
presentes em estudo desenvolvido pela EMBRAPA (EMBRAPA, 2009), que foi escolhido por ter
sido calculado a partir de um estudo de abrangência maior que o de Macedo (Macedo, 2008), cuja
amostragem de usinas avaliadas se encontrava exclusivamente em SP e PR.
A tabela a seguir apresenta os fatores de emissão utilizados neste estudo.
Tabela 8 – Fatores de emissão utilizados
Combustível
Fator de Emissão
Gasolina
Álcool anidro
Álcool Hidratado
GNV
(t C/TJ)
(kg CO2eq/l)
(kg CO2eq/l)
(t C/TJ)
18,90
0,499
0,499
15,30
Cenário A
A figura a seguir apresenta o consumo final de energia no cenário A em kilotoneladas
equivalente de petróleo (ktep).
21
22
.0
30
20
.0
29
20
.0
28
20
.0
27
20
.0
26
20
.0
25
20
.0
.0
24
20
23
.0
.0
22
20
20
21
.0
.0
20
20
20
19
20
.0
.0
18
20
17
20
.0
16
20
.0
15
20
.0
14
20
.0
13
20
.0
12
20
.0
.0
11
10
20
20
Gg CO2 eq.
.0
.0
30
20
29
20
.0
.0
28
20
27
20
.0
.0
26
20
25
20
.0
.0
24
20
23
20
.0
.0
22
20
21
20
.0
.0
20
20
19
20
.0
.0
18
20
17
20
.0
.0
16
20
15
20
.0
.0
14
20
13
20
.0
.0
12
20
11
.0
10
20
20
k TEP
50000.0
Gasolina A
Álcool Anidro
Álcool Hidratado
GNV
Total
0.0
Figura 8 - Consumo final de energia no cenário A (ktep)
A figura a seguir apresenta as emissões de GEE no cenário A, por tipo de combustível.
100,000.00
Gasolina A
Álcool Anidro
Álcool Hidratado
GNV
Total
0.00
Figura 9 - Emissões de GEE no cenário A (em mil toneladas de CO2eq.).
As emissões totais de GEE no cenário A reduzem seu ritmo de crescimento entre 2013 e 2017,
e depois permanecem praticamente constantes até o final do período. Isto ocorre por dois motivos:
(i) por um lado veículos movidos apenas a gasolina vão sendo sucateados, e veículos do tipo flex-fuel
entram na frota circulante, reduzindo as emissões de GEEs já que estes utilizam etanol em 50% da
quilometragem, conforme premissa apresentada anteriormente; e (ii) carros menos eficientes vão
sendo sucateados e carros que atendem ao padrão do Inovar Auto entram na frota circulante.
Cenário B
A figura a seguir apresenta o consumo final de energia no cenário B (ktep)
50000.0
45000.0
40000.0
35000.0
30000.0
k TEP
Gasolina A
25000.0
Álcool Anidro
Álcool Hidratado
20000.0
GNV
Total
15000.0
10000.0
5000.0
.0
.0
30
20
.0
29
20
.0
28
20
.0
27
20
.0
26
20
.0
25
20
.0
24
20
.0
23
20
.0
22
20
.0
21
20
.0
20
20
.0
19
20
.0
18
20
.0
16
.0
15
17
20
20
.0
.0
13
.0
14
20
20
20
.0
12
20
11
20
20
10
.0
0.0
Figura 10 - Consumo final de energia no cenário B (ktep)
A figura a seguir apresenta as emissões de GEE no cenário B, por tipo de combustível
23
90000.0
80000.0
70000.0
Gg CO2 eq.
60000.0
50000.0
Gasolina A
Álcool Anidro
40000.0
Álcool Hidratado
GNV
Total
30000.0
20000.0
10000.0
.0
.0
30
20
.0
29
20
.0
28
20
.0
27
20
.0
26
20
.0
25
20
.0
24
20
.0
23
20
.0
22
20
.0
21
20
.0
20
20
.0
19
20
.0
18
20
.0
17
20
.0
16
20
.0
15
20
.0
14
20
.0
13
20
.0
12
20
11
10
20
20
.0
0.0
Figura 11 - Emissões de GEE no cenário B (em mil toneladas de CO2eq.).
Na figura acima se pode perceber o resultado interessante encontrado no cenário B. Neste
cenário, devido às metas mais rigorosas de eficiência energética, as emissões totais em 2030 estão
ligeiramente abaixo do nível das emissões em 2010, apesar da frota ser praticamente o dobro da
frota no ano base.
Cenário C
A figura a seguir apresenta o consumo final de energia no cenário C (ktep)
24
50000.0
45000.0
40000.0
35000.0
30000.0
k TEP
Gasolina A
25000.0
Álcool Anidro
Álcool Hidratado
20000.0
GNV
Total
15000.0
10000.0
5000.0
20
30
.0
20
29
.0
20
28
.0
20
27
.0
20
26
.0
20
25
.0
20
24
.0
20
23
.0
20
22
.0
20
21
.0
20
20
.0
20
19
.0
20
18
.0
20
17
.0
20
16
.0
20
15
.0
20
14
.0
20
13
.0
20
12
.0
20
11
.0
20
10
.0
0.0
Figura 12 - Consumo final de energia no cenário C (ktep)
A figura a seguir apresenta as emissões de GEE no cenário C, por tipo de combustível.
25
90000.0
80000.0
70000.0
Gg CO2 eq.
60000.0
50000.0
Gasolina A
Álcool Anidro
40000.0
Álcool Hidratado
GNV
Total
30000.0
20000.0
10000.0
.0
.0
30
20
.0
29
20
.0
28
20
.0
27
20
.0
26
20
.0
25
20
.0
24
20
.0
23
20
.0
22
20
.0
21
20
.0
20
20
.0
19
20
.0
18
20
.0
17
20
.0
16
20
.0
15
20
.0
14
20
.0
13
20
.0
12
20
11
10
20
20
.0
0.0
Figura 13 - Emissões de GEE no cenário A (em mil toneladas de CO2eq.).
É interessante notar que em 2030 as emissões no cenário C são ainda menores que no cenário
B, devido à entrada do novo padrão em 2021 no cenário C, ao invés de em 2023 no cenário B.
Comparação entre os cenários A, B e C
A tabela a seguir apresenta as emissões totais de gases de efeito estufa nos três cenários
estudados.
Tabela 9 - Emissões de GEE nos cenários estudados (em mil toneladas de CO2 eq.)
2010
2011
2012
2013
Cenário A
(mil toneladas
de CO2 eq.)
Cenário B
(mil toneladas
de CO2 eq.)
Cenário C
(mil toneladas
de CO2 eq.)
74.541
79.058
83.677
86.962
74.541
79.058
83.677
86.962
74.541
79.058
83.677
86.962
26
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2025
2026
2027
2028
2029
2030
88.473
89.389
89.730
89.694
89.525
89.316
89.089
88.845
88.588
88.332
88.099
87.911
87.789
87.734
87.762
87.830
87.962
88.473
89.389
89.730
89.694
89.327
88.535
87.342
85.764
83.815
81.528
79.144
76.899
74.817
72.909
71.212
69.644
68.278
88.473
89.389
89.730
89.694
89.228
88.144
86.468
84.222
81.735
79.335
77.052
74.915
72.950
71.166
69.597
68.163
66.931
A figura a seguir apresenta as emissões, ano a ano, nos três cenários analisados.
90000.0
Gg CO2 eq.
85000.0
80000.0
Cenário A
Cenário B
75000.0
Cenário C
70000.0
65000.0
2010.0 2011.0 2012.0 2013.0 2014.0 2015.0 2016.0 2017.0 2018.0 2019.0 2020.0 2021.0 2022.0 2023.0 2024.0 2025.0 2026.0 2027.0 2028.0 2029.0 2030.0
Figura 14 - Comparação da trajetória de emissões nos três cenários estudados
É interessante notar na Figura anterior que mesmo no Cenário A, as emissões de GEE atingem
seu pico em torno de 2016, e permanecem praticamente constantes apesar da demanda por
energia continuar crescendo até o final do período. Isto acontece devido à penetração da frota
27
Flex-Fuel utilizando etanol em 50% da quilometragem anual, e pelo sucateamento dos veículos
movidos exclusivamente à gasolina no período restante, reduzindo o fator de emissão médio da frota
brasileira, assim como a entrada de veículos mais eficientes, como explicado anteriormente. A figura
a seguir apresenta as emissões totais no período 2010-2030, nos três cenários analisados.
1840000.0
1820000.0
Gg Co2 eq.
1800000.0
1780000.0
Emissões totais no
período 2010-2030
1760000.0
1740000.0
1720000.0
1700000.0
1680000.0
Cenário A
Cenário B
Cenário C
Figura 15- Emissões totais de GEE nos três cenários estudados
De acordo com a figura acima, o Cenário B proporciona uma redução total de emissões de GEE
de 6,5% em relação ao cenário A. Já o Cenário C proporciona uma redução de 7,6%. A princípio esta
redução pode não parecer tão grande se comparadas às ambiciosas metas de aumento da eficiência
energética nos veículos leves. Entretanto, é importante enfatizar que as metas propostas incidem
apenas sobre os veículos novos vendidos a cada ano, e as emissões totais dependem também da
frota antiga, menos eficiente, e com grande inércia. Este fato ressalta a necessidade de que políticas
mais ambiciosas de aumento da eficiência energética veicular sejam colocadas em prática o quanto
antes, de modo a evitar nos anos futuros uma frota circulante com baixa eficiência energética.
A figura a seguir apresenta as emissões evitadas no período 2010-2030, quando ao se compara
os três cenários.
28
140000.0
Gg CO2 eq.
120000.0
100000.0
80000.0
60000.0
40000.0
20000.0
0.0
Cenário B em relação
ao Cenário A
Cenário C em relação ao
Cenário A
Cenário B em relação
ao Cenário B
Figura 16- Emissões evitadas em cada um dos cenários
De acordo com a figura acima, pode-se verificar que as emissões evitadas pelo cenário B em
relação ao cenário A, são de cerca de 120 Gg CO2 eq., o que equivale a 1,6 vezes a quantidade de GEE
emitida pelos veículos leves em 2010. Já as emissões evitadas pelo cenário C em relação ao cenário A
(139 Gg CO2 eq.) equivalem a 1,9 vezes a quantidade de GEE emitida pelos veículos leves em 2012.
A Tabela 9 e a Figura 17, a seguir, apresentam os valores de eficiência média da frota em todo
o período estudado.
Tabela 9 – Eficiência média da frota brasileira (MJ/Km)
Ano
Eficiência média da frota (MJ/Km)
Cenário A Cenário B Cenário C
2010
3,22
3,22
3,22
2011
3,18
3,18
3,18
2012
3,15
3,15
3,15
2013
3,09
3,09
3,09
2014
2015
2016
2,99
2,90
2,82
2,99
2,90
2,82
2,99
2,90
2,82
2017
2,74
2,74
2,74
2018
2,67
2,66
2,66
2019
2,61
2,58
2,57
2020
2,55
2,50
2,47
2021
2,50
2,41
2,36
2022
2,46
2,32
2,25
2023
2,42
2,22
2,16
2024
2,39
2,13
2,07
2025
2,36
2,05
1,99
29
2026
2,33
1,97
1,92
2027
2,31
1,90
1,86
2028
2,29
1,85
1,80
2029
2,27
1,79
1,75
2030
2,26
1,74
1,71
Figura 17 - Eficiência média da frota brasileira entre 2010 e 2030 (MJ/Km)
3.4000000000000004
3.200000000000001
3.000000000000001
MJ/Km
2.8000000000000007
2.6000000000000005
Cenário A
2.4000000000000004
Cenário B
2.2
Cenário C
2.0
1.8
.0
.0
30
20
.0
29
20
.0
28
20
.0
27
20
.0
26
20
.0
25
20
.0
24
20
.0
23
20
.0
22
20
.0
21
20
.0
20
20
.0
19
20
.0
18
20
.0
17
20
.0
16
20
.0
15
20
.0
14
20
.0
13
20
.0
12
20
11
10
20
20
.0
1.6
Como se pode observar na Tabela 9 e na Figura 17, a eficiência média da frota aumenta nos
três cenários propostos, devido à entrada de veículos novos, mais eficientes, e ao sucateamento de
veículos antigos, menos eficientes. Entretanto esse aumento da eficiência média da frota se dá em
um ritmo relativamente lento, pois mesmo no Cenário C (otimista), a eficiência média da frota em
2030 não chega à meta intermediária para os carros novos estipulada para 2021, de 1,22MJ/Km. Este
fato ilustra bem a inércia da frota brasileira de automóveis, e a importância de se agir com urgência
no estabelecimento de novas metas de eficiência energética para os veículos automotores no Brasil.
30
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Este estudo procurou apresentar as consequências de metas de aumento de eficiência
energética ambiciosas sobre o consumo de combustíveis e as emissões de gases de efeito estufa no
Brasil.
O cenário A seguia a meta do Inovar Auto até 2017 e após esta data nenhuma outra meta foi
adicionada, permanecendo constante até 2030. O cenário B procurou alinhar a meta de eficiência
energética no Brasil àquela na Europa, entretanto com dois anos de atraso. Já o cenário C alinhou a
meta brasileira à europeia sem nenhum atraso, sendo, portanto, considerado o cenário otimista.
Em termos de consumo de combustíveis, a economia proporcionada pelas metas mais
ambiciosas se mostrou relevante. À título de exemplo, no cenário C, o consumo total de energia
atingiu seu pico em torno de 2020, e foi reduzindo até 2030, chegando praticamente ao mesmo nível
observado em 2010.
Em termos de emissões de GEE, pode-se se observar um impacto ainda mais relevante.
Em parte devido às metas mais ambiciosas dos cenários B e C, e em parte devido ao aumento da
participação dos veículos Flex Fuel na frota, com hipótese de utilização de etanol em 50% do tempo.
Para exemplificar, no cenário C em 2030 as emissões foram mais baixas que as emissões no ano base,
2010, especialmente devido a estes dois fatores.
Uma análise da evolução da eficiência média da frota no período de estudo mostra que esta
apresenta uma grande inércia, e por isto é importante que o governo estabeleça o quanto antes
metas ainda mais ambiciosas de eficiência energética, de modo a reduzir o consumo energético,e a
quantidade de GEE emitidos no futuro.
É importante que, em um cenário em o governo conceda futuros benefícios às empresas,
estes sejam acompanhados de contrapartidas voltadas ao aumento da eficiência energética veicular.
Durante a crise financeira mundial, ainda em 2008, o governo baixou o IPI de forma acentuada sem
nenhuma contrapartida das montadoras, perdendo assim excelente chance de iniciar um programa
de aumento de eficiência energética arrojado. Nem mesmo a exigência do selo informativo de
eficiência energética foi solicitada.
Conforme explicitado no início deste trabalho, não faz parte do escopo deste estudo analisar
quais as formas de se atingir as metas de eficiência energética propostas. Outra importante
recomendação deste estudo é que além da melhoria de eficiência energética de veículos com
motor de combustão em curto prazo, se façam mais investimentos para aumentar a participação
de veículos híbridos e os elétricos na frota nacional por serem muito mais eficientes e bem menos
31
poluentes.
Para finalizar este trabalho, como última e mais geral recomendação, é sempre importante
lembrar que a solução de longo prazo para se reduzir as emissões do setor de transportes, é a de
pesados investimentos em transporte público de massa, como trens e metrô, em um ritmo ainda não
visto no Brasil. É fácil perceber que com o aumento da população e com as previsões de expressivo
aumento da renda per capita no Brasil, se não houver investimentos em transporte público de
massa, o transito nas grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro - hoje já caótico - pode
literalmente parar.
32
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Eficiência Energética e Emissões de Gases de Efeito