POLUIÇÃO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NA CIDADE DE DOURADOS (MS). Jussara de Paula Almeida Marques Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD Mestre em Geografia [email protected] RESUMO: Este trabalho busca analisar a disposição de resíduos sólidos urbanos em áreas de Preservação Ambiental na Cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul MS. Esta proposta de analise surge de reflexões vindas do entendimento da ideia de natureza, das politicas de proteção e preservação de resquícios de natureza e da Politica Nacional de Resíduos Sólidos, pautada em dados coletados nos anos de 2010 a 2011. A analise deste ambiente de tensão, preservado e ao mesmo tempo poluído, reporta-se a entender a crise de percepção de como a sociedade se relaciona com a natureza e com ela mesma, nos aponta que resolver o problema da “crise ecológica” traz consigo vários outros problemas vindos dessa lógica de pensamento, neste sentido o consumo e o consumismo e toda a problemática existente em volta dessa temática, como a geração de resíduos sólidos, áreas de Preservação Ambiental no ambiente urbano, devem ser compreendidas em um contexto amplo e interligado.O esquecimento das interligações existentes, da teia das conexões, vindo da ciência clássica positivista, fez com que a sociedade, não se vissem integrante da natureza, sob a ótica da ciência clássica a natureza sempre foi tratada como uma máquina e passou a ser explorada sob essa perspectiva. O sistema capitalista concomitantemente ampliou essa lógica e fez da natureza um objeto que foi incorporado ao sistema produção-consumo e na lógica de mercado como matéria-prima. Esse paradigma, unicamente economicista passa a ser questionado após um longo período de uma exploração baseada no lucro e com a utilização da ciência e da tecnologia para tal promoção. Paradoxalmente os impactos socioambientais decorrentes dessa forma de ver e explorar a natureza, ocasionou uma busca por novos paradigmas, novas maneiras de se produzir e fazer ciência, tendo como pano de fundo, a relação da sociedade com a natureza uma perspectiva de longo prazo. Assim compreende-se que ao analisar este território produzido, pautados em leis e politicas publicas que estão mergulhadas na logica de pensamento mecanicista e ausentes de compreender na forma complexas as interligações existentes, acaba por construir estes espaços distantes e alheios a sociedade. PALAVRAS CHAVES: Crise de percepção; Politicas ambientais; Resíduos Sólidos Urbanos; Dourados (MS) ABSTRACT: This paper seeks to analyze the disposition of municipal solid waste in the areas of environmental preservation in the City of Dourados, Mato Grosso do Sul - MS. This proposed analysis arises from reflections coming from the understanding of the idea of nature, the policies of protection and preservation of remnants of nature and the National Policy on Solid Waste, based on data collected in the years 2010 to 2011. The analysis of this stress environment preserved while polluted, reports to understand the crisis of perception of how society relates to nature and with itself, points us to solve the problem of "ecological crisis" brings many other problems coming this logic thinking in this sense consumption and consumerism and all the unsettled around this theme, as the generation of solid waste, environmental preservation areas in the urban environment, must be understood in a broad context and interligado.O oblivion existing interconnections , the web of connections, from the classical positivist science, has made the company saw no integral nature from the perspective of classical science nature has always been treated as a machine and started to be explored from this perspective. The capitalist system concurrently expanded the logic of nature and made an object that was incorporated into the production-consumption system and the logic of the market as feedstock. This paradigm, only economistic can be questioned after a long period of exploitation based on income and the use of science and technology for such promotion. Paradoxically the social and environmental impacts of this way of seeing and exploring nature, led a search for new paradigms, new ways of producing and doing science, having as a backdrop, society's relationship with nature a longterm. So it is understandable that when analyzing this territory produced, guided by laws and public policies that are steeped in the logic of mechanistic thinking and missing to understand the complex interconnections existing form, eventually build these spaces distant and alien society. KEYWORDS: Perception crisis; Environmental policies; Solid Waste; Dourados (MS) INTRODUÇÃO A humanidade ao longo de sua história elegeu formas de conhecimentos predominantes, entre elas, o que hoje se denomina como ciência. O conhecimento científico se constituiu e estrutura-se por apresentar diferentes conceitos e formas de pensamento, logicamente, sofrendo influência dos períodos históricos em que se materializam. O que diferencia o conhecimento científico dos demais está no método e na forma de sua estruturação, na necessidade e na possibilidade dele ser comprovado e replicado, essa é chave do pensamento científico moderno. A ciência ao longo de sua construção retirou de si o que não era comprovado matematicamente ou mesmo aquilo que não fosse capaz de comprovação, como à subjetividade e o senso comum. A ciência clássica foi eleita como detentora, possuidora das respostas de todos os elementos mais importantes da sociedade, condição que ainda se faz presente em diversos campos e ou áreas. Todavia, sua sucumbência, inicia-se pela falta de respostas aos questionamentos da sociedade, juntamente com a descoberta da mecânica quântica e de outras possibilidades de análises e métodos de investigação científica, a subjetividade e as incertezas passaram a ser consideradas. Essa mudança é impulsionada pela incapacidade da ciência clássica, positivista-cartesiana-mecanicista, de permitir a compreensão de conceitos fundamentais para explicação das dinâmicas socioambientais que a contemporaneidade trouxe a tona, como a subjetividade, as conexões, a reaproximação do senso comum, o diálogo de saberes e as complexas interrelações de uma só teia – condições essas hoje sabidas de demasiada importância para entender a relação homem-natureza. Percebeu-se que o esquecimento das interligações existentes, da teia das conexões, vindo da ciência clássica positivista, fez com que a sociedade, não se vissem integrante da natureza, sob a ótica da ciência clássica a natureza sempre foi tratada como uma máquina e passou a ser explorada sob essa perspectiva. O sistema capitalista concomitantemente ampliou essa lógica e fez da natureza um objeto que foi incorporado ao sistema produção-consumo e na lógica de mercado como matéria-prima. Esse paradigma, insustentável sob o ponto de vista socioambiental e impulsionado por uma visão unicamente economicista passa a ser questionado após um longo período de uma exploração baseada no lucro e com a utilização da ciência e da tecnologia para tal promoção. Torna-se cada vez mais evidente que os impactos socioambientais causados pelas sociedades urbano-industriais afetam um todo complexo cujos processos de interação e interação não são conhecidos. Paradoxalmente os impactos socioambientais decorrentes dessa forma de ver e explorar a natureza ocasionou uma busca por novos paradigmas, novas maneiras de se produzir e fazer ciência, tendo como pano de fundo, a relação da sociedade com a natureza numa perspectiva de longo prazo. Nesse ínterim ganha força o pensamento complexo, suas bases visa sair da linearidade buscando uma visão integradora, contribuindo para a leitura mais adequada da realidade e não fragmentada. O entendimento que a crise não é uma crise da natureza ou somente ambiental, e, sim uma crise de percepção, de como a sociedade se relaciona com a natureza e com ela mesma. Resolver o problema da “crise ecológica” dentro de um processo de produção paradoxal ao trato com a natureza traz consigo vários outros problemas vindos dessa lógica de pensamento. Nesse sentido o consumo e o consumismo e toda a problemática existente em volta dessa temática, como a geração de resíduos sólidos, devem ser compreendidas em um contexto amplo e interligado. A geração de resíduos sólidos na atualidade aflige gestores federais, estaduais e municipais e parcela da sociedade interessada no trato ambiental. No Estado de Mato Grosso do Sul essa discussão ganha destaque haja vista e inexistência de políticas públicas consideradas eficientes e de longo prazo para o gerenciamento e gestão dos resíduos sólidos gerados. O processo da destinação dos resíduos sólidos no município de Dourados (MS) está inserido dentro da lógica de consumo. O alto nível de geração dos resíduos sólidos remete a outro questionamento o local de destino da deposição desses resíduos sólidos, na atualidade no estado são poucas as cidades que possuem destinação adequada para tais resíduos. Uma das cidades pioneira e possuidora de Aterro Sanitário de Dourados – ASD – do estado é a cidade de Dourados (MS). O poder público municipal investe milhões anualmente para a manutenção e deposição dos resíduos sólidos de forma correta, buscando uma coleta eficaz e um local de deposição apropriado, atendendo a legislação que a normatiza. Mas o problema dos resíduos sólidos não se resolve sanando somente tais questões. A TEMÁTICA AMBIENTAL NO URBANO. A cidade é o ambiente com grande concentração populacional e com a oferta de diferentes serviços sendo um espaço de tensão entre o ambiente urbano e o natural. A abordagem da temática ambiental no urbano não retira do seu entendimento que o homem sempre necessitou da natureza para sua sobrevivência, em alguns momentos de forma pacifica em outros a utilizando de forma mecânica. A inserção, produção e reprodução da cidade esta em um ambiente natural, existindo restrições naturais. A pressão existente não ocorre somente pela existência de grande concentração populacional, a pressão também esta no estilo de vida incentivado e buscado na atualidade. A natureza visualizada nas cidades através de seus elementos não tem mais o tempo que lhe é seu, suas leis em subjetividades diferenciadas não são levados em consideração, a realidade onde esse elemento da natureza sempre foi colocado sofreu alteração. O afloramento das questões ambientais, a “crise ecológica” apontada surgem de políticas e condições sociais construídas e replicadas em nossa sociedade, assim não havendo um problema da e na natureza e sim problemas de um modelo econômico vigente. Parcelas da população sem condições financeiras de viver em local apropriado para a moradia acabam se instalado em ambientes “insalubres”, como nos aponta Lima (1998): Quando discutimos meio ambiente, não podemos nos furtar a discutir o ambiente humano, principalmente as condições em que vivem milhões de seres humanos nos ambientes insalubres das periferias das cidades submetidos a condições de miséria absoluta. Condições essas que tiram das pessoas a dignidade e o sentido da vida”. (1998, p.35) A qualidade de vida da população esta intrínseca quando se discute questões ambientais, e é um fator que deve ser desmistificado para o entendimento da questão ambiental, como afirma Rodrigues (1998): Penso que a questão ambiental deve ser compreendida como produto da intervenção da sociedade sobre a natureza e não apenas como problemas relacionados com a natureza. Esta problemática é visível através de vários “problemas” – enchentes, inundações, poluição do ar e das águas, ilhas de calor, doenças- cardiorespiratória e infecciosas, destruição da camada de ozônio, efeito estufa e chuvas ácidas. Deve ser compreendida, também, como produto da atuação global da sociedade e não apenas de uma fração de classes ou gênero, para se compreende-la, é necessário analisar a produção e consumo do e no espaço.(1998, p.85) Sobre o assunto Sposito (2005a) nos afirma: Com muita freqüência , associa-se o ambiental apenas ao natural, quando sabemos que ele contempla o social, pois, sobretudo na cidade, o ambiente não se restringe ao conjunto de dinâmicas e processos sociais.(2005a, p.295) Percebe-se que o esquecimento das interligações existentes, da teia das conexões, vindo da ciência clássica positivista, fez com que a sociedade, não se visse integrante da natureza, sob a ótica da ciência clássica a natureza sempre foi tratada como uma máquina e passou a ser explorada sob essa perspectiva. Essa crise de percepção de entender a conexão dos processos apresenta a natureza com diferentes adjetivos, um ser que na atualidade vingase de seus inimigos. Apresentado ainda mais fatores sociais relacionados a problemas ambientais Rodrigues (1998) aponta que; Mas, aqueles que não participam das condições consideradas adequadas de qualidade de vida e de justiça social, partilham em escala ampliada dos “resíduos” deste processo de urbanização acelerado, respirando o ar poluído das cidades e das metrópoles, habitando em situação precária e não tendo trabalho adequado para as necessidades de sua reprodução, sem fornecimento adequado de luz e água e de esgotamento sanitário, sem transporte coletivos suficientes, atendidos como animais não pensantes nos hospitais, postos de saúde e até nas escolas. Enfim, sem condições de vida digna. (1998, p.92) A preocupação com os problemas ambientais de maneira geral esta nos efeitos e não se compreende dentro de um pensamento complexo as causas. Politicas, leis e normas do trato ambiental possuem a base nesta forma de pensar. O entendimento de que a Terra é um conjunto e que a poluição se dá em escala global é evidencia, mas a forma que se busca solucionar tais questões não questiona o modelo atual. Assim países ricos com a maioria dos seus recursos naturais já transformados, financiam ao longo do mundo a preservação para compensar a destruição da biodiversidade no restante do planeta. ANÁLISES E SEUS RESULTADOS A cidade de Dourados possui 78 anos de criação, situada ao Sul do estado do Mato Grosso do Sul(MS), sendo a segunda maior cidade do estado, com sua população estimada, conforme dados do IBGE/2010, é de 196.035 habitantes. Na cidade de Dourados, estas questões politicas socioambientais também estão presentes, onde problemas sociais são considerados ambientais. A existência de financiamentos por parte de órgãos de fóruns internacionais de recuperação de Fragmentos da natureza e a busca pelas prefeituras para captar recursos e se adequar dentro de uma ética ambiental, um conceito de natureza nos apresenta um cenário da cidade com diferentes Áreas De Preservação Permanente as chamadas APPs. O contraponto esta pois apesar da existência destas áreas na cidade não são espaços em sua maioria efetivamente consolidados como áreas a serem utilizadas através do lazer, passeios etc.. Nota-se a ausência de fiscalização e infraestrutura física para uma boa qualidade destas áreas. No que tange as questões ambientais no município o cenário de resíduos sólidos urbanos se faz importante apresentar, os Resíduos Sólidos Urbanos – RSU, durante o período de três décadas foram depositados na forma de lixão na cidade de Dourados, somente há nove anos, mais precisamente em dezembro de 2004, que devido ao esgotamento da área de lixão, foi inaugurado e iniciando o funcionamento do Aterro Sanitário de Resíduos Sólidos Urbanos, somente através deste atendendo os requisitos da legislação brasileira. No período que antecede a criação do Aterro Sanitário de Dourados ASD, os RSU eram depositados na forma de lixão, não havendo uma separação entre resíduos domiciliares e resíduos infectantes, todos os rejeitos eram depositados a céu aberto sem tratamento algum. O lixão encontra-se desativado não recebendo qualquer tipo de RSU, mas devido à quantidade de RSU que ali foi depositado apesar da preocupação da gestão municipal, nenhuma medida foi tomada com relação ao tratamento de líquido percolado (chorume), e ou revitalização da área. A construção do ASD vem atender uma necessidade pelo esgotamento do lixão do município, atendendo demandas de uma boa qualidade ambiental e pelo alto nível de geração de RSU – per capita uma das maiores do país. Conforme dados levantados na Secretaria de Serviços Urbanos do município, a implantação do Aterro Sanitário se deu em dezembro de 2004, com o recebimento de 90 toneladas/ mês de resíduos residenciais. O ASD foi implantado em uma área previamente analisada com estudos de impactos ambientais EIA e RIMA, conforme o Projeto do Aterro Sanitário o terreno possui 50 hectare, com 23,53 hectare destinado para a implantação e ampliação do aterro conforme as demandas vigentes. A área para a deposição dos resíduos apresenta pouca declividade, dado favorável para construção do aterro. O Método utilizado pelo aterro é o de trincheira e a forma de tratamento de líquido percolado (chorume) se da através de lagoas. De acordo com a projeção realizada no projeto executivo para a criação do ASD, a projeção estimada da população e quantidade de RSU gerados para o ano de 2010, se dá pelos seguintes dados: uma população de 190.235, gerando uma quantidade de 39.636 t/ano de RSU, o quadro - 1, nos mostra, que as perspectivas levantadas na época não se concretizaram. População Ano RSU enviados para o ASD 190.235 habitantes Projeção realizada pela PMD. 2010 39.636 t/ano 196.035 habitantes (IBGE/2010) 2009 46.188 t/ano 196.035 habitantes (IBGE/2010) 2010 51.552 t/ano Quadro - 1: Evolução da população e da quantidade de RSU enviados ao ASD. Organização: Marques, J.P.A (2011) Os dados atuais coletados do senso IBGE/2010 referentes à população aponta uma população um pouco maior, ultrapassando em seis mil habitantes. Mas conforme análise dos dados, a quantidade de RSU enviados para o aterro, atualmente não é aquela prevista, a geração de RSU no ano de 2009 é de 46.188 t/ano, sendo 16,5% a mais que o esperado pela prefeitura, isso posto comparando com o ano de 2010 previsto pela projeção da prefeitura. No ano de 2010 o valor de resíduos enviados ao ASD é ainda maior, a quantidade enviada é de 51.552 t/ano esse valor ultrapassa 30%, o valor base projetado para o ano de 2010. A tabulação desses dados nos remete diferentes significados, entre estes uma pressão superior ao esperado no ASD e uma geração maior de RSU, o que, em médio prazo, fará com que o ASD tenha um tempo de utilização menor do que aquele previsto no projeto. Essa grande variação se deve a alguns fatores possíveis. A relação desse aumento de geração esteja relacionada à políticas locais e nacionais de acesso a produtos, incentivando um consumo excessivo, juntamente a um maior poder de compra dos moradores da população ou seja o modo de vida moderno. Uma particularidade interessante da região da Grande Dourados é o fato de possuir diferentes instituições de ensino, sendo denominada Cidade Universitária, recebendo um volume grande de estudantes que residiam em outras cidades ou até em outro estado. A cidade devido a concursos nos últimos anos, também aumentou o número de profissionais da área da educação, que através de uma melhor qualidade de vida e no trabalho acaba se firmando na cidade. Temos também o setor produtivo agropecuário e industrial, alavancando o setor de compras, e assim gerando resíduos cada vez mais e mais. A existência da coleta dos resíduos domiciliares, a presença do Aterro sanitário de Dourados aparentemente nos aponta que as questões dos resíduos na cidade de Dourados estejam resolvidas, mas conforme a pesquisa foram identificados dentro de APPs a disposição dos RSU em sua forma ilegal/irregular, conforme figura 01. . Figura - 1: Disposição dos Resíduos Sólidos Urbanos em Áreas De Preservação. Organização: Marques, J.P.A (2014) A figura 01 , nos apresenta as áreas de preservação consolidada e identificadas pela gestão municipal na cor verde, em geral são áreas de nascente com o leito dos córregos na cidade. A disposição se da em 4 grandezas sendo: 1- identificado por um circulo na cor azul e contorno azul escuro, apresentando uma disposição pequena e efêmera. 2 - identificado por um circulo na cor azul e contorno azul claro, apresentando uma disposição não muito grandiosa, mas mais consolidada. 3 - identificado por um circulo na cor azul e contorno vermelho, apresentando uma disposição grande e reconhecida como ponto de disposição pelo seu entorno. 4 - identificado por um circulo na cor azul e contorno na cor vinho, apresentando uma disposição grandioso excedendo o tamanho do ponto 3 mas reconhecida pela população da mesma forma. Outra informação apresentada é a qualidade dos resíduos, o seu tipo, sua espacialização se deu na informação numérica de 1 a 7 dentro do ponto georreferenciado – o circulo -, assim sendo o numero existente no ponto denota a informação do tipo do resíduo, podendo ser poda, construção civil, doméstico e outros nas suas variações. Os dados apresentados, buscados em pesquisa de campo, nos desvela diferentes questões a serem discutidas, mas a central seria compreender como a natureza em nossa sociedade esta sendo entendida. A forma de como ele é entendida no atual modelo causou uma crise, esta crise poderia colocar em xeque a continuidade e replicação da produção e consumo, pela importância e notoriedade levantada. O questionamento vindo da preocupação com a natureza, como ela esta sendo utilizada e produzida, a busca por mudança devido ao sentimento de seu limite, fez eclodir como alternativa dentro do próprio sistema, soluções par sanar o problema vindo de toda a problemática ambiental. Ao sair da superficialidade do olhar, afinar o ver e observar questões que estão veladas dentro de toda esta problemática é um ponto importante, pois as soluções buscadas até o momento não questiona o próprio modo de produção que concebe a natureza como um ser mecânico a ser explorado. As estimativas e políticas no que tange as questões ambientais acabam por se perder, como por exemplo, a previsão de vida útil do Aterro Sanitário de Dourados de 25 anos. O aumento do consumo inserido numa sociedade urbano/industrial acarreta uma maior geração de RSU. A ineficiência numa busca de redução de envio de resíduos sólidos ao aterro é questionada pelos dados levantados. É importante destacar que somente uma política de coleta seletiva não resolverá a problemática dos resíduos sólidos no município e muito menos sua disposição irregular em áreas de preservação permanente. Deve-se buscar a minimização, a reutilização e/ou a reciclagem, acima de tudo um gerenciamento e uma gestão integrada de toda a problemática socioambiental advinda de gestão de parques assim como da geração de resíduos sólidos. Faz-se importante assim finalizar-se e retomar que a problemática ambiental, as crises ditas ambientais, não é uma crise do meio ambiente e sim uma crise da sociedade moderna. Há uma grande preocupação dessa mesma sociedade no que diz respeito ao meio ambiente, mas apenas ações pontuais são executadas para a preservação da natureza. Em geral somente é discutido e proposto para a grande massa, ações pontuais, mas que não questionam a ideologia colocada no modo de viver e nos valores sociais que estruturam nossa sociedade. O questionamento está no processo de consumo na conjuntura atual, os tipos de produtos gerados pelos modos de produção, onde esse prioriza a utilização de recursos naturais, não conseguido realizar as interconexões, ao mesmo tempo que se preserva áreas destroem outras. A volta para indústria dos produtos recicláveis no processo de produção apesar de ser considerado pouco viável no que diz respeito a alguns produtos pela indústria, traria grandes benefícios, pois diminuiria a retirada de recursos naturais, conjunto a isso acarretaria a diminuição de resíduos enviados para aterros, entre outros benefícios. Os reais ganhos de uma nova logica a ser colocada não são quantificados, é necessário sublinhar que parcelas da sociedade que realizam a catação ou estão inseridos em cooperativas, poderiam usufruir de uma organizada estrutura, com a inserção de novos produtos para a coleta, ou sua valorização no mercado de venda dos recicláveis, trazendo maior renda para esses. A busca por uma logística reversa eficiente, conjunto com a ampliação dos produtos retornáveis e ou novas tecnologia para minimizar os rejeitos na fabricação de produtos, minimizaria e muito a quantidade de resíduos enviados para os aterros. A problemática lançada para se discutir as questões ambientais neste trabalho coloca como objeto estes contraponto áreas de APPs e a disposição irregular de resíduos sólidos, mas compreende-se que os problemas considerados ambientais a buscam para resolver tais problemas, perpassa pelo modo do sistema econômico vigente e de como a natureza vem sendo compreendida, pois é através deste, que são criadas as alternativas para solucionar tais questões, assim as politicas e alternativas vela as reais questões existente nesta problemática. Assim compreende-se que os problemas existentes na disposição irregular de resíduos sólidos em áreas de APPs não serão sanados somente por fiscalização, medidas legais ou o cumprimento delas, e sim na forma como se entende, percebe e é discutido tais questões, tentando entende-las pela lente de um pensamento complexo. BIBLIOGRAFIA BITOUN, Jan. Os embates entre as questões ambientais e sociais no urbano. 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