INFORMATIVO CFQ Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 SEDE - SETOR DE AUTARQUIAS SUL - SAUS - QUADRA 05 - BLOCO I TELS.: (0xx61) 224-0202/224-5316/224-0493 - FAX: (0xx61) 224-3277 CEP 70070-050 - BRASÍLIA - DF e-mail: [email protected] ANO XXXII - Janeiro a Março / 2004 INSTALAÇÃO DO CRQ - XIX INDÚSTRIA DE ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL 3ª PARTE - 06 - CFQ DEFENDE PROFISSIONAIS DA QUÍMICA CONTRA A VORACIDADE DO CFF - 11 - Foi com muito júbilo que em 27 de fevereiro se procedeu a solenidade de criação do CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA DA 19ª REGIÃO - CRQ XIX, com jurisdição sobre o estado da Paraíba, e sede em João pessoa. Na ocasião, estiveram presentes autoridades federais, estaduais e municipais, além da presença dos ilustres Conselheiros Federais, Regionais e demais convidados. O CRQ XIX foi originado do CRQ I, até então, com jurisdção Da esquerda para a direita: Dr. Geraldo Amorim de Souza, Secretário de Segurança Adjunto do Estado da Paraíba; Dr. José Arantes Lima, Presidente do Conselho Regional de Química da 19ª Região; Dr. Adelino da Matta Ribeiro, Presidente do Conselho Regional de Químca da 1ª Região; Dr. Jesus Miguel Tajra Adad, Presidente do Conselho Federal de Química; Dr. João da Mata, Secretário da Indústria e Comércio, Ciência, Turismo e Tecnologia do Estado da Paraíba (representante do Governador do Estado da Paraíba, Dr. Cassio Rodrigues da Cunha Lima); Dr. Augusto José Corrêa Gondim, 2º Vice-Presidente do Conselho Federal de Química; Mário Antônio Pereira Borba, Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Paraíba; e Dra. Maria José Lima da Silva, Reitora da Pós Gradrução e Pesquisa da Universidade Federal da Paraíba. sobre os estados da Paraíba e Pernambuco. Nos termos do art 14 da lei nº 2800/56, e da RN nº 69/83, procedeu-se as Assembléias dos Delegados Eleitores para a escolha dos Membros do Conselho. Após, foi realizada no Auditório Sérgio Bernardes do Hotel Tropical Tambaú a primeira reunião plenária do CRQ XIX, em que foi eleito o Presidente do novo CRQ, o Químico Industrial Dr. José Arantes Lima. Instalado o Conselho Regional, e dada posse ao Presidente do CRQ XIX, foi feita a eleição da Diretoria que ficou assim constituída: Presidente: José Arantes Lima Vice-Presidente: Maria de Fátima Nascimento de Souza Secretário: Vital de Souza Queiroz Tesoureiro: João de Deus Rodrigues A criação do CRQ XIX trará sem dúvida um enorme engrandecimento e projeção à Química e aos profissionais que fazem dela a sua labuta diária em prol do seu engrandecimento, para uma sociedade mais avançada, humana e justa. A seguir, transcrevemos os discursos do Presidente do Conselho Federal de Química e o do Presidente do Conselho Regional de Química XIX. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ALUMÍNIO - 13 - DISCURSO DO PRESIDENTE DO CONSELHO FEDERAL DE QUÍMICA MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES: Objetivando marcar a presença do profissional da Química no incremento do desenvolvimento científico e industrial do nosso País, e visando sempre um maior entrosamento entre o Sistema CFQ/CRQ‘s e a Sociedade, o Conselho Federal de Química tem como uma de suas metas mais significativas, o desdobramento da jurisdição dos seus Conselhos Regionais de maneira a que cada Estado da Federação tenha o seu próprio Órgão Fiscalizador da Profissão de Químico. 1 Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 A fiscalização a que nos referimos, consiste na observância da exigência de que as atividades específicas dos Profissionais da Química, sejam, de fato, exercidas por esta Categoria, que é quem está técnica e legalmente preparada para o exercício da Química, sob todos os seus prismas e especializações. À primeira vista, poder-se-ia pensar que a atuação dos Conselhos de Química, teria caráter de natureza essencialmente CORPORATIVISTA! ... Muito pelo contrário, porém. O Sistema Conselho Federal de Química/Conselhos Regionais, de fato, objetiva assegurar à Sociedade, o adequado uso da CIÊNCIA e da TECNOLOGIA, em benefício do CONSUMIDOR, evitando que indivíduos inescrupulosos venham a colocar em risco, a SAÚDE, o BEM ESTAR e a VIDA dos consumidores! Tal assertiva é tão particularmente verdadeira que é a própria Consolidação das Leis do Trabalho, no Título III, capítulo II, Seção XIII destinado exclusivamente aos Profissionais da Química e incorporado pela Lei nº 2.800/56 que assim se expressa em artigo 346 alínea b: Urge que todos saibam que o profissional da Química não é apenas aquele profissional fechado em laboratório, cercado de tubos de ensaios, balões, pipetas, provetas, buretas, ou mesmo, manipulando alguns equipamentos, sofisticados, até! Sabemos nós, e o devemos divulgar para o grande público, que o Profissional da Química não se limita ao controle de qualidade no laboratório já que é ele quem: - assegura a qualidade da água de consumo, pelo tratamento da própria água “in atura” - industrializa o leite e produz laticínios; - fabrica o tecido de suas vestes, o alveja e/ ou o tinge; - produz antibióticos e todos os insumos dos medicamentos; - fabrica os defensivos agrícolas e os pesticidas; - industrializa as rações para a pecuária e os fertilizantes para a agricultura; - produz alimentos e os conservantes alimentares; “Será suspenso do exercício de suas funções, independentemente de outras penas em que possa incorrer, o Químico, inclusive o licenciado, que incidir em algumas das seguintes faltas: - fabrica o papel, o plástico e os laminados metálicos para embalagens, e tantas outras utilidades exigidas pela Sociedade Moderna. ................................................................................................................................................ - define os processos de exploração industrial de modo mais competitivo, seja do ponto de vista da qualidade, seja da quantidade do produto fabricado, sem prejuízo da preservação do meio ambiente. B – concorrer com seus conhecimentos científicos para a prática de crime ou atendendo à pátria, a ordem social ou a saúde pública.” A essência do nosso Sistema, está em que a FISCALIZAÇÃO dos trabalhos profissionais é feita por pessoas que detém os mesmos conhecimentos técnicos e científicos dos seus executantes, mormente porque o compõe, profissionais da Química de diversas modalidades, abrangendo desde os Técnicos Químicos e suas especializações, a Bacharéis e Licenciados em Química, Químicos Industriais e Tecnólogos Equivalentes, e, ainda, Engenheiros Químicos e suas ESPECIALIZAÇÕES. A vantagem de tal estrutura é tão significativa que, a criação do Sistema CFQ/CRQ‘s, face às características de homogeneidade de identidade profissional de seus integrantes com os elementos básicos constituintes de nossa Sociedade, permitiu aos Profissionais da Química, ombrearem-se com as demais forças produtivas do País, impulsionando o progresso da INDÚSTRIA QUÍMICA BRASILEIRA, a tal ponto que ela é, hoje, considerada a atividade industrial que mais se desenvolveu nos últimos tempos! ... De fato, senhores: 2 - qualifica e quantifica as matérias-primas; Com efeito, - É o Profissional da Química que, nas indústrias, transforma as matérias-primas e matérias-básicas, nos diversos produtos, hoje considerados indispensáveis à sociedade moderna, com evidentes benefícios para o setor sócio econômico. - A obtenção do álcool combustível, a álcool-química, gerando milhares de produtos fundamentais para os Da esquerda para a direita: Dr. Adelino da Matta Ribeiro, Presidente do Conselho Regional de Químca da 1ª Região; Dr. Jesus Miguel Tajra Adad, Presidente do Conselho Federal de Química; Dr. João da Mata, Secretário da Indústria e Comércio, Ciência, Turismo e Tecnologia do Estado da Paraíba (representante do Governador do Estado da Paraíba, Dr. Cassio Rodrigues da Cunha Lima). Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 vários setores da indústria; a fabricação dos incontáveis produtos e subprodutos petroquímicos; a produção de fertilizantes pelo tratamento químico de nossos minérios fosfatados; a exploração de nossos minérios de ferro, manganês, zinco, níquel, cobalto, titânio, nióbio, urânio, tório, ouro, e de tantos outros de que o Brasil é tão rico, e bem assim, a obtenção dos respectivos metais; a utilização de produtos químicos fundamentais, como hidróxido de sódio, o hipoclorito de sódio, o hidrogênio, e o próprio cloro utilizado para um sem número de utilidades, são algumas atividades inerentes aos Profissionais da Química, e que requerem a sua presença, a fim de se estabelecer as condições adequadas para que as reações se processem de forma mais rendosa, do ponto de vista econômico, da qualidade e da quantidade do produto fabricado. - A fabricação, pois, dos produtos químicos fundamentais, e bem assim, dos pontos da hoje chamada “QUÍMICA FINA”, e das diversas utilidades do mundo moderno, tem a participação dos Profissionais da Química, seja diretamente no processo industrial, seja nos Laboratórios de Controle de Qualidade e de Pesquisa. - Assim é que vemos o Profissional da Química, nos órgãos Oficiais a elaborar laudos, pareceres e perícias, decorrentes das pesquisas de Laboratório, ou de outras fontes de avaliação, os quais, encerram a mais alta responsabilidade, envolvendo imensos valores humanos e fiscais. - No que se refere ao aspecto social, traduzido em termos de mercado de trabalho, vale salientar que a evolução da tecnologia química tem gerado milhares de empregos diretos, beneficiando, ainda, outras classes profissionais, face à decorrente instalação de indústrias-satélite. - Não menos importante é a participação do Profissional da Química no Saneamento Ambiental! - É tanto mais importante esta observação, na medida em que vemos difundir-se o errôneo pensamento de que as indústrias químicas, e, por extensão, os Químicos, são os principais responsáveis pela Poluição do Meio Ambiente, chegando mesmo a admitir-se que “ a poluição é o preço do desenvolvimento tecnológico”. - Urge que todos saibam que é possível a “coexistência pacífica” entre o desenvolvimento tecnológico e a preservação do Meio Ambiente! - Urge mais, ainda, uma conscientização dos órgãos encarregados do Controle da Poluição Ambiental (Público e Privado), no sentido de que TORNA-SE CADA VEZ MAIS NECESSÁRIA UMA EFETIVA E INTENSA PARTICIPAÇÃO dos Profissionais da Química no Combate à Poluição Ambiental, e conseqüentemente, na PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE! - É evidente que a evolação dos elevados teores de substância como o CO, o SO2, e a NH3, e o expelimento de ponderáveis quantidades de Cu, Ni, Hg, Cr, e outros metais tóxicos para o AR-AMBIENTE e para os CURSOS D‘ÁGUA, envolvem problemas ligados ao aproveitamento de processos químico-industriais e ao desenvolvimento de processos de capacitação e tratamento desses poluentes químicos, de modo a assegurar que os efluentes das Indústrias, não mais poluam o Meio Ambiente! - Igualmente, o equacionamento adequado dos problemas relativos à poluição do Ar-Urbano, bem como, a solução satisfatória da maioria deles, requerem o conhecimento dos fenômenos químicos e físicoquímicos que ocorrem na atmosfera: - A físico-química da nucleação, é um fenômeno de grande importância no decréscimo da Visibilidade, resultante da presença de poluentes: o “fog” e os “smogs” são combinações de fumaça e neblina, em que os poluentes atuam como núcleos para a sua formação. - Assim, pois, é o Profissional da Química quem, conhecendo os processos químico-industriais, poderá mais apropriadamente, equacionar os problemas relativos à evolação dos poluentes atmosféricos, possibilitando o aprimoramento do processo, com conseqüente aumento de rendimento industrial e diminuição desses poluentes. - É o Profissional da Química, quem melhor poderá desenvolver métodos de captação de poluentes atmosféricos, e, até, transformar tais poluentes em utilidades, dado que a sua formação básica reside, fundamentalmente, no estudo das propriedades das substâncias e na tecnologia de sua transformação. - É, ainda, o Químico, o “Profissional que tem condições tecnológicas para melhor definir o método da eliminação do Agente Tóxico do MEIO AMBIENTE DE TRABALHO, seja pelo isolamento geográfico da atividade nociva, seja pela modificação ou substituição de materiais ou de processos. Prezados Senhores: Caros Colegas. - Para a consecução desse MISTER, o Sistema Conselho Federal de Química/Conselhos Regionais tem levado em consideração, os dispositivos da Lei nº 2.800/56 e outros diplomas legais correlatos, além das disposições do CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIOR, segundo o qual: 3 Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 “OS PRODUTOS E SERVIÇOS COLOCADOS NO MERCADO DE CONSUMO, NÃO PODEM PREJUDICAR SEUS CONSUMIDORES, ISTO É, NÃO PODEM CAUSAR-LHES DANOS FINANCEIROS, NEM ACARRETAR RISCOS À SAÚDE OU À SEGURANÇA DOS MESMOS.” - Isto significa que passamos a contar com mais um extraordinário recurso – O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - principalmente no que diz respeito ao nosso compromisso para com a Sociedade, relativamente à qualidade dos ALIMENTOS, das ÁGUAS DE CONSUMO HUMANO, ÁGUAS DE QUALIDADE RECLAMADAS PELA CLÍNICA MÉDICA, ÁGUAS INDUSTRIAIS E DE RECREAÇÃO, tão peculiares à atuação do Sistema CFQ/CRQ‘s. Assim, pois, o CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA DA 19ª REGIÃO, que ora se instala nesta aprazível cidade de João Pessoa, tem a nobre missão de assegurar à Sociedade em geral, e ao Consumidor em particular, que os produtos colocados à sua disposição, tenham a garantia de serem fabricados pelas Empresas, com a efetiva participação do profissional da Química, técnica e legalmente habilitado. Cumpre-nos esclarecer que, ao definir as atribuições dos Profissionais da Química para o seu exercício profissional, o Conselho Regional de Química considera como fundamental o currículo escolar atestado pelas Instituições de Ensino, que servirá de base para a referida definição. Assim, pois, cabe às Instituições de Ensino, ao delinear o perfil dos profissionais que lançará ao mercado de trabalho, oferecer-lhes as disciplinas capazes de lhes conferir atribuições que lhes permitam concorrer com os demais profissionais egressos de outras Instituições congêneres. Em outras palavras, se um dado Curso de Bacharelado ou Licenciatura em Química pretende que os seus futuros profissionais possam prestar serviços no setor de processos industriais das Empresas, deve oferecer-lhes disciplinas da área tecnológica. Senhoras e Senhores: A Paraíba é o 19º Estado da Federação a ter o seu próprio Órgão de fiscalização da profissão de Química, eis que está sendo instalado, neste momento, o Conselho Regional de Química da 19ª Região em João Pessoa e jurisdição em todo o estado da Paraíba. Tal evento, sem dúvida, se deve ao intrínseco deste portentoso Estado. A estrutura educacional aqui implantada é tal que assegura ao setor produtivo, o indispensável suporte 4 técnico científico, necessário ao desenvolvimento de novas tecnologias, e ao aperfeiçoamento das já existentes. No setor Químico, as Universidades Federal e Estadual da Paraíba mantém os cursos de Engenharia Química, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Materiais, além dos cursos de Química Industrial, Bacharelado e Licenciatura em Química. tais cursos, ligados em Departamentos e Centros de Tecnologia, permitem a formação de pesquisadores de alto nível, os quais, enriquecem o plantel Científico e Tecnológico, nos vários setores de conhecimento. Além desses cursos de nível Superior, há ainda o Curso Técnico de Química Industrial, cujos egressos dão suporte aos profissionais de nível universitário. No setor industrial, temos notícia da existência de mais 4 mil indústrias instaladas, das quais, cerca de 20% estão identificadas com a Química, necessitando assim, da presença do Profissional da Química, a emprestar-lhes os seus conhecimentos científicos e tecnológicos, para o maior aperfeiçoamento do prcesso tecnológico, e, consequentemente dos produtos que oferecem ao consumidor final. Dentre as indústrias de maior produtividade, destacam-se as do Setor de Alimentos (incluindo-se aí, as Bebidas), as Indústrias Têxteis, as de Couros e Calçados e as Minerais não Metálicos. Neste particular, cabe ressaltar que o estado da Paraíba é o maior produtor de CIMENTO DO NORDESTE, participando com mais de 25% da produção total da Região. Lidera, ainda, a produção de Minerais não Metálicos, especialmente no que diz respeito à produção de Calcário e Caolim. Por outro lado, no Setor de Minérios Metálicos, este portentoso Estado, também se destaca como possuidor das maiores reservas de RUTILO, ILMENTA, cuja produção é toda processada na própria região. Merecem destaque especial, as Indústrias CERVEJEIRA, MOAGEIRA DE MILHO POR VIA SÊCA, A TORREFAÇÃO DE CAFÉ e o dinâmico complexo SUCRO-ALCOOLEIRO e de AGUARDENTE. Tais fatos permitem antever o grande potencial de desenvolvimento que está destinado a este glorioso Estado, cujas metas precisam ser alcançadas com o concurso dos Profissionais da Química, que ora são arregimentados na instalação deste nóvel Conselho Regional de Química. Sr. Presidente do CRQ – XIX Srs. Conselheiros e Conselheiras Regionais - Tendes, a partir de hoje, uma nobre missão a cumprir!... Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 - Temos a certeza de que a levareis a cabo com galhardia, de modo a alcançar os ideais a que vos propusestes ao aceitar essa honrosa incumbência! - De parabéns, pois, o povo Paraibano por contar com um pujilo de profissionais dispostos a darem de si, tudo o que for necessário para atingir os altos objetivos, para o bem da Paraíba e do nosso Brasil. - Sr. Presidente e demais membros do CRQ – XIX. - Sede bem vindos ao seio do Sistema CFQ/CRQs! Temos dito.” DISCURSO DE POSSE DO PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA XIX Excelentíssimo Senhor Presidente do Conselho Federal de Química, Dr. Jesus Miguel Tajra Adad; representante do excelentíssimo Governador do Estado da Paraíba, Secretário de Industria, Comércio, Turismo, Ciências e Tecnologia Dr. João da Mata, Presidente do Conselho Regional de Química 1ª região, Dr. Adelino de Matta Ribeiro; Secretário Adjunto de Segurança Pública Dr. Geraldo Amorim de Souza; representante do Magnifico Reitor da Universidade Federal da Paraíba, Professora Maria José; Presidente da FAEPA – Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba – Mário Antônio Pereira Borba. Caros colegas, minhas senhoras e meus senhores. Este é um momento histórico! Momento de comemoramos a realização de um antigo e legítimo sonho! Momento de muita satisfação e orgulho pessoal para todos nós, que após muito empenho e determinação, temos o privilégio de sermos os “pioneiros”. Sim, minhas senhoras e senhores, a partir de agora, temos a honra de integrar o 19º Conselho Regional de Química. A tão importante criação deste Conselho, ao mesmo tempo em que nos enche de alegria pela conquista que representa, nos impõe uma grande responsabilidade e um desafio maior. Na verdade, podemos dizer que, de fato, a nossa luta começa aqui e agora! Como todos sabemos, as enormes dificuldades econômicas, sociais e políticas, atualmente enfrentadas pelo País, e como não poderia deixar de ser, pela nossa Paraíba também, só poderão ser superadas, com a união e determinação de todos os agentes envolvidos no processo, ou seja, a Sociedade e o Governo. Assim será neste nosso Colegiado, apenas com a união da classe dos Químicos, com o envolvimento Diretoria do Conselho Regional de Química da 19ª Região (Da esquerda para a direita: João de Deus Rodrigues, Tesoureiro; Maria de Fátima Nascimento de Souza, Vice-Presidente; Dr. José Arantes Lima, Presidente e Vital de Souza Queiroz, Secretário ). dinâmico e homogêneo de seus profissionais, a integração das Universidades, bem como, o comprometimento firme e responsável dos empresários e órgãos governamentais, é que estaremos preparados não só para atendermos os anseios da nossa classe, como também para trilharmos o caminho do desenvolvimento, da criatividade e da evolução, caminho esse, imposto pelo tempo da globalização, que bem sabemos, é irreversível. Nosso compromisso, na condução deste Conselho, não estará limitado às ações fiscalizadoras e normativas! Não seremos um Conselho a mais, como tantos, que apenas são vistos como uma estrutura pesada e improdutiva, que só serve para promover reuniões e mais reuniões, favorecendo a pequenos grupos. E nem tão pouco seremos vistos como um custo a mais, para as empresas do setor! O compromisso que hoje aqui estamos assumindo é o inovar, criar, transformar, multiplicar preservando o meio ambiente, oferecer mecanismo de redução nos custos de produção, como a adoção de procedimentos operacionais padronizados de qualidade comprovada, e, sobretudo, obtermos o reconhecimento da importância do papel que exercemos, com a valorização de nossa categoria, na conjuntura atual, em busca da retomada do crescimento e desenvolvimento sustentável da economia paraibana. No entanto, não podemos nos iludir, minhas senhoras e meus senhores: Para alcançarmos tais objetivos, precisaremos da colaboração de todos as entidades aqui presentes, na perseguição incansável do processo de “capacitação” dos nossos profissionais, sem a qual jamais atenderemos as necessidades do mercado e sem a qual, as empresas do setor estarão 5 Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 distantes dos novos conceitos de industrialização moderna e eficaz. Agradecendo a todos, o apoio e a confiança que nos foram depositados, o grande incentivo recebido da presidência do Conselho Federal de Química, mas, principalmente, a Deus por proporcionar a capacidade que hoje contabilizamos para nos organizar. Muito obrigado. Você sabia que... Com a aprovação da RN nº. 191, de 21 de novembro de 2003, que dispõe sobre a Carteira do Profissional da Química, as atuais Carteiras perderão a validade a partir de 1º de janeiro de 2005. INDÚSTRIA DE ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL ATIVIDADE BÁSICA DA MEDICINA VETERINÁRIA OU DA QUÍMICA? (3ª PARTE) Dr. Jesus Miguel Tajra Adad Presidente do CFQ 4.2 - LEITE LONGA VIDA OU DE ULTRA ALTA TEMPERATURA (UAT, ou UHT) Preliminarmente, cabe-nos pontuar que o leite destinado ao processamento industrial para dotá-lo de características de LONGA VIDA, haverá de ser de boa procedência, pois, os equipamentos usados para este fim, não operam economicamente, com matéria prima de má qualidade. Em outras palavras: quando se pretende destinar o leite ao “processamento de longa vida”, as análises químicas, físico-químicas e microbiológicas, se constituem em um imperativo, “sine qua non”, chegando mesmo, tais análises, a serem classificadas como a primeira fase de sua preparação, já que em função dos resultados apurados, é se fará a classificação/ destinação do leite. Conforme bem o diz, a “Associação Brasileira do Leite Longa Vida”, o emprego de altas temperaturas na segurança ou conservação do leite, se fundamenta nos efeitos deletérios do calor sobre, os microorganismos. O controle do crescimento microbiano do leite, visa eliminar os riscos à saúde do consumidor e prevenir ou retardar as alterações indesejáveis, aumentando o seu prazo de validade. Conquanto ao sair do úbere da vaca sadia, o leite é, praticamente, isento de microorganismos, a sua contaminação pode ocorrer durante a ordenha, ou ao entrar em contato com os utensílios ou equipamentos contaminados. Em conseqüência, advém uma série de doenças ao consumidor, doenças essas que podem ser causadas pela ação direta dos microorganismos (caráter invasivo), ou ainda, pela produção de toxinas por tais microorganismos, uma vez instalados no intestino humano (toxi-infecções). Dentre os microorganismos capazes de produzir intoxicações, infecções ou toxi-infecções, através do leite contaminado, distinguimos: 6 a- Salmonellla spp e Chigella spp: Causam diarréia, dores abdominais e vômitos, acompanhados, quase sempre, de febre. b- Escherichia coli: Sintomatologia semelhante à cólera, com diarréias aquosas ou com diarréia muco-sanguinolenta. c- Compylobacter jejuni: Sintomas semelhantes aos da gripe, dor abdominal e febre seguida de diarréia, com freqüência grave. É bastante sensível ao tratamento térmico, sendo normalmente responsável por enterites, diarréia e dores abdominais. d- Yersínia enterocolítica: Dores abdominais, frebre, cefaléia, diarréia, mal estar, vômitos, náuseas, calafrios e linfadenite aguda semelhante ao apendicite. e- Listeria monocitógenes: Numa primeira fase, apresenta sintomas semelhantes a gripe, com diarréia e febre moderada; Numa segunda fase, apresenta febre, fadiga, mal estar com ou sem náuseas, vômitos, diarréia e dores, podendo acometer o Sistema nervoso central, etc. f- Staphylococus aureus: Sintomas variáveis: visão alterada, dificuldade para falar e engolir, mucosas na boca, língua e faringe, geralmente secas, debilidade progressiva e falhas respiratórias. g- Mycobacterium tuberculosis ou bovis: É um microorganismo altamente resistente ao calor, sendo mesmo considerado, dentre aqueles que não formam esporos, o mais resistente. Como o próprio nome diz, seu principal efeito nocivo é causar tuberculose no homem. Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 h- Brucella spp: Atribui-se a essa bactéria, efeitos de emagrecimento, infertilidade e aborto. Ante estas breves considerações, torna-se fácil entender a extrema necessidade de que nas indústrias de laticínios ou de beneficiamento do leite,ter-se-á que aplicar métodos de tratamento da matéria prima que garantam a segurança do seu uso para o consumo humano, dos quais, os mais comumente usados, são: a PASTEURIZAÇÃO, a ULTRAPASTEURIZAÇÃO e a ESTERILIZAÇÃO, cujos princípios tencológicos de projeto e controle do processo, sem dúvida, refogem à formação básica dos MÉDICOS VETERINÁRIOS, uma vez que, Estes, são processos físico-químicos que envolvem operações unitárias da indústria química (Decreto-nº 85.877/81) e, como tal, exigem adequado o controle de temperatura, o fluxo de calor, o tempo de contacto, parâmetros estes, que são adredemente calculados e projetados, estabelecendo-se regras e valores a serem acompanhados pelo profissional da Química no seu mister de atingir o fim colimado, qual seja, a efetividade e eficácia do tratamento, com vistas a eliminar os efeitos deletérios dos microorganismos, e, por conseqüência, dando a garantia de qualidade e segurança ao consumidor. 4.2.1 - CARACTERÍSTICAS DE QUALIDADE EXIGIDAS Para que o leite seja considerado de boa qualidade, o mesmo deverá apresentar as seguintes características: 4.2.1.1 - SABOR E ODOR ser identificadas através da coloração do leite. Assim é que, uma coloração vermelha indica a presença da bactéria, Serratia marcescens; uma coloração azul é indicativa da presença de bactérias do gênero Pseudomonas. 4.2.1.3 – pH E ACIDEZ O leite fresco, natural, tem pH situado na faixa entre 6,6 e 6,8, podendo ser considerado o valor médio de 6,7. Isto significa que o leite fresco, natural, possui alguma acidez, a qual é devida a presença de caseína, fosfatos, albumina, citratos e dióxido de carbono. A acidez natural do leite varia entre 0,13 e 0,17%, expressa em termos equivalentes a ácido láctico. A elevação da acidez em relação a esse percentual, indica a transformação enzimática da lactose em ácido láctico, devida à atividade microbiana. 4.2.1.4 – DENSIDADE A densidade do leite fresco varia entre 1,023 e 1,040. Tal oscilação é devida à variação no teor de gordura: leites com baixo teor de gordura apresentam densidade menor do que aqueles com alto teor desse componente. Além dessas características exigidas para que o leite seja classificado como apropriado ao processamento de “longa vida”, são ainda realizadas no leite cru, outros testes de avaliação (pelo Laboratório de Controle Químico), dentre os quais, distinguimos a determinação de temperatura, volume, acidez, crioscopia, matéria gorda, peroxidase, fosfatase, álcool, cloretos, inibidores, etc. 4.2.2 – A ULTRA PASTEURIZAÇÃO O leite fresco produzido sob condições ideais apresenta sabor sui generis, pouco pronunciado, caracterizado pela relação entre a lactose e os cloretos, apresentado-se como doce e salgado, não ácido e amargo. Tendo em vista o que foi exposto no sob item 4.2, os processos mais apropriados à inibição da atividade microbiana, são os que utilizam os propriedades térmicas como fatores de inativação, dos quais, sobressai-se a ULTRA PASTEURIZAÇÃO. Sabores e odores pronunciados em leite fresco, são, em geral, causados pela alimentação (ração, silagem, etc), e ao ambiente de ordenha, sendo de se ter em vista que os sabores e odores podem ser afetados por infecções do úbere. Assim, pois, uma vez classificado em relação às suas características, o leite fresco e homogeneizado (com freqüência, usa-se leite de várias procedências) é submetido ao tratamento da ULTRA PASTEURIZAÇÃO com vistas a proporcionar-lhe maior tempo de conservação, isto é, transformá-lo em “LEITE LONGA VIDA”. 4.2.1.2 – COR A cor branca do leite é devida à dispersão da luz refletida pelos glóbulos de gordura, e pelas partículas coloridas de caseína e de fosfato de cálcio. A homogeneização torna o leite mais branco, pela maior dispersão da luz. A cor amarelada é proveniente do caroteno, que é lipo-solúvel. Por outro lado, contaminações microbianas podem A ULTRA PASTEURIZAÇÃO consiste no aquecimento do leite à temperaturas de 130º a 150ºC, mediante processo térmico de fluxo contínuo (2 a 4 segundos), imediatamente resfriado a temperatura inferior a 32ºC, e envasado sob condições estéreis, e, hermeticamente fechados, de modo a impossibilitar contaminações posteriores. 7 Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 Tem-se, assim, que o “LEITE LONGA VIDA” é aquele obtido através de processo físico-químico e de operações unitárias, em condições especiais, que visam a sua preservação e o prolongamento do seu prazo de validade. Desta forma, caracteriza-se, mais uma vez, o mandamento contido no art. 2º, item II do Decreto n.º 85.877/81: “Art. 2º — São privativos do químico: I — .......................................................................... II — produção, fabricação e comercialização, sob controle e responsabilidade de produtos químicos, produtos industriais obtidos por meio de reações químicas controladas ou de operações unitárias, produtos obtidos através de agentes físico-químicos ou biológicos, produtos industriais derivados de matéria-prima de origem animal, vegetal, ou mineral, e tratamento de resíduos resultantes da utilização destas matérias-primas, sempre que vinculadas à indústria química” CITRATO DE SÓDIO (C6H5Na3O7) que exercem ação ESTABILIZANTE. (veja-se a PORTARIA MINISTERIAL n.º 370 de 04/09/1997 do Ministério da Agricultura). O fundamento químico de tal adição, reside no fato de que sendo o citrato de sódio, um sal oriundo de um ácido fraco, a dissociação iônica será regulada pela CONSTANTE DE IONIZAÇÃO do ÁCIDO CÍTRICO que, por conseqüência assegura a estabilidade do equilíbrio químico no seio da massa líquida do leite produzido, além de evitar a sedimentação do mesmo. Há que se pontuar, entretanto, que o CITRATO DE SÓDIO, é um ESTABILIZANTE (não um conservante) e não tem efeito negativo para a saúde humana. É um aditivo alimentar inóquo, de adição facultativa, e, se usado, deve ser adicionado antes da ultra pasteurização, sendo que a sua dosagem não deve ultrapassar a 0,1g/100ml do leite. A atividade industrial de transformação do leite natural em “leite longa vida”, como vimos, decorre de operações unitárias envolvendo processo físicoquímicos e biológicos de inibição da atividade microbiana, estando perfeitamente enquadrada no supra transcrito artigo 2º, item II, do Decreto n.º 85.877/ 81. Além do Citrato de Sódio, outras substâncias químicas, com poder estabilizante são autorizadas, tais como, o Monofosfato sódio, o Difosfato e o Trifosfato de sódio, todos com função idêntica à do Citrato de Sódio, e obedecendo ao mesmo princípio de equilíbrio químico, ditado pela Constante de Ionização do ácido fraco (no caso, do ácido fosfórico), sendo que a sua dosagem não deve ultrapassar a 0,1g/100ml, expresso em termos equivalentes a P2O5. E mais, a atividade industrial de laticínios em geral, e do beneficiamento do leite, em particular, utiliza grandes volumes de água industrial, requerendo atenção especial às fontes de abastecimento e os requisitos para o seu tratamento. Do exposto, é de assinalar-se que a adição de ESTABILIZANTES, resulta de aplicação de conhecimentos de QUÍMICA, incorrendo nos artigos 332 e 341 da CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO. Por outro lado, a utilização dessas águas industriais gera, igualmente, grande volume de resíduos a serem tratados nos exatos termos do item II, do artigo 2º do Decreto n.º 85.877/81, supra transcrito. “Art. 332 — Quem, mediante anúncios, placas, cartões comerciais ou outros meios capazes de ser identificados, se propuser ao exercício da química, em qualquer dos seus ramos, sem que esteja devidamente registrado, fica sujeito às penalidades aplicáveis ao exercício ilegal da profissão.” 4.2.3 – A ADIÇÃO DE ESTABILIZANTE/ CONSERVANTE AO LEITE LONGA VIDA. A ULTRA PASTEURIZAÇÃO e o envasamento asséptico asseguram ao “Leite Longa Vida” um maior prazo de validade, sem que seja necessária a adição de qualquer tipo de conservante. É que a tecnologia de rápido aumento de temperatura por alguns segundos, seguido de imediato resfriamento (aplicação da cinética química), permite que sejam eliminadas todas as bactérias deteriorantes, sem a decomposição dos componentes químicos do leite, tornando dispensável a adição de Conservantes. Entretanto, a fim de assegurar a estabilidade química do produto (leite longa vida), recomenda-se a adição de substâncias tamponantes especiais, tais como os 8 “Art. 341 — Cabe aos químicos habilitados, conforme estabelece o art. 325, alíneas ‘a’ e ‘b’, a execução de todos os serviços que, não especificados no presente regulamento, exijam por sua natureza o conhecimento de química.” Resta claro, portanto, que a pretensão do Conselho dos Médicos Veterinários, de exercer atividades privativas dos Profissionais da Química, simplesmente por tratar-se de matéria prima de origem animal ou porque, como funcionários dos Serviços Públicos de Agricultura, devem fazer a “inspeção do ponto de vista da tecnologia sanitária, não encontra guarida, nem no Decreto n.º 85.877/81(art. 2º, item II), nem na Consolidação das leis do Trabalho (art. 325), sendo passível de punição (art. 332), por incorrer no exercício Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 ilegal da Profissão de Químico e, inclusive, ser vetado pela norma de resto”. (art. 341 do mesmo DecretoLei n.º 5.452/43). 4.3 – A FABRICAÇÃO DA MANTEIGA A manteiga é formada, basicamente, pela aglomeração das partículas de gordura do leite, adicionada ou não, de Cloreto de Sódio. As gotículas de gordura são dotadas de alta tensão, o que faz com que as mesmas se mantenham dispersas. Por outro lado, o fenômeno de aderência é inerente a tais gotículas. De posse desses conhecimentos, a aglomeração dessas gotículas de gordura pode ser conseguida através do rompimento do equilíbrio tensão/aderência, o que é feito através da batedura do leite quando de sua padronização, em que o creme, recebendo violentos e sucessivos choques separa-se em grânulos permitindo a formação da manteiga, pela sua propriedade de “aderência”. Esta manteiga, assim obtida, além da gordura, possui em sua composição, água, proteínas, lactose e cinzas. Assim, pois, para a obtenção de uma manteiga de boa qualidade, haver-se-á de promover o CONTROLE DE QUALIDADE, o que deve começar pelo CREME, através de análise química, nas diversas etapas, a) Pasteurização e fermentação; b) Padronização da gordura do creme; e c) Controle de acidez através da adição de alcalinizante químico. No produto acabado, também deve ser realizado este controle através das seguintes análises químicas: - Acidez; - Umidade; - Insolúveis (principalmente proteínas e lactose); e - Cloreto de Sódio (verificação da qualidade do sal adicionado). 4.3.1 – Descrição do Processo de Fabricação da Manteiga Após o tratamento do CREME através de PADRONIZAÇÃO quanto à GORDURA, ACIDEZ, PASTEURIZAÇÃO e MATURAÇÃO (esta, no caso da manteiga extra), ele é levado à Batedeira, a uma temperatura pré-determinada (10º-11ºC), sendo de se notar que o controle da temperatura é IMPORTANTÍSSIMO. Na prática, reconhece-se o ponto de formação da manteiga, observando-se através do visor da tampa da batedeira, o qual fica limpo, quando toda a manteiga está formada. Tal ponto de formação pode, também, ser identificado pelo ruído ou pelo tamanho dos grumos formados. Nesta etapa, o soro se encontra separado dos grumos de manteiga, os quais são submetidos a um esgotamento do soro remanescente, após o que, dentro da própria batedeira, são lavados com água fria, à temperatura controlada para 4º a 8ºC, por 3 a 4 vezes, até que a água de lavagem saia limpa. É de pontuar-se ser de suma importância procederse a uma lavagem eficiente, uma vez que, assim, evitase a proliferação dos germes que ameaçam a durabilidade da manteiga, os quais se alimentam da lactose e da caseína, presentes em maiores proporções na manteiga mal lavada. Nesta etapa, tem-se mais uma vez, a atuação do Laboratório de Controle Químico, responsável pelos testes de identificação e qualificação da lactose e da caseína na água de lavagem, a fim de assegurar a qualidade do produto objetivado (manteiga). Os grumos de manteiga, assim preparados, não estão aglomerados, tornando-se necessário transformá-los em massa consistente, elástica e homogênea. Após a lavagem, a manteiga é dessorada, ou comprimida, geralmente na própria batedeira. O espremedor consta de uma mesa e rolo giratório, pelo qual a manteiga é comprimida contra a mesma, para a eliminação da água, já que bactérias e leveduras se desenvolvem nas gotículas de água contidas na manteiga. Quando se pretende produzir a manteiga com sal, este é adicionado no momento em que ela é estendida no espremedor, o qual, é espalhado seco para então ser misturado através do amassador. Nos casos em que a qualidade da manteiga o exige, o corante é adicionado antes da batedura. Os controles de qualidade mais comumente realizados no produto acabado (manteiga) são: - Determinação do teor de umidade; - Determinação dos insolúveis; - Determinação do teor de Cloreto de Sódio; - Determinação do teor de Gordura; - Pesquisa de Ranço; e - Análises Organolépticas. Estes, são os controles mínimos necessários, sendo recomendados, para melhor avaliação, os índices referidos no item 4.1-III-4, deste trabalho. (Continua no próximo número ...) 9 Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 CONSELHO FEDERAL DE QUÍMICA DEFENDE OS PROFISSIONAIS DA QUÍMICA CONTRA A VORACIDADE DO CFF Apraz-nos acusar o recebimento do ofício n.º 145/ GAB-VPGT, pelo qual Vossa Excelência, gentilmente, nos encaminha cópia de Representação oferecida pelo Sindicato dos profissionais da Química do Estado de São Paulo e pelo Conselho Regional de Química – IV Região, para nossa manifestação, a qual, passamos a responder. Com efeito, a resolução do Conselho Federal de Farmácia, de n.º 387, datada de 13/12/2002, já começou a produzir os seus efeitos negativos, uma vez que, em sua fiscalização, o Sisitema CFF/CRF’s, tem provocado a dispensa, de seus respectivos empregos, dos Profissionais da Química que laboram na Indústria Farmacêutica. O Conselho Federal de Química recebeu um abaixoassinado em que mais de 250 profissionais, só no Estado de São Paulo, pediram providências deste Conselho Federal de Química, ante a ameaça de desemprego, também a eles, provocada pelo Conselho de Regional de Farmácia que usa como bandeira, a malfadada Resolução n.º 387/2002. E não é só isto. Trata-se, de fato, de uma afrontosa ingerência nas atividades inerentes aos profissionais da Química que vêm laborando neste ramo da Química desde os primórdios da indústria farmacêutica no Brasil, e que vem prestando inestimáveis serviços à Sociedade Brasileira e ao Mundo, os quais tem permitido a nacionalização de tantos medicamentos. Sabemos que a produção de insumos químicos para a Indústria Farmacêutica é atividade específica dos Profissionais da Química, cabendo ao Profissional Farmacêutico, a produção de medicamentos, a partir dos insumos que o Químico lhes põe à disposição. O que significa dizer que, mesmo para a produção de medicamentos é, indispensável a participação ativa e efetiva do Químico. A nível de pesquisas de fármacos, ou nas fases pré-clinica e clinica, é evidente que tais atividades envolvem tanto os Profissionais da Química, como os Farmacêuticos, os Bioquímicos e os Médicos, não sendo, portanto, atividade privativa dos profissionais da farmácia, como pretende a malsinada Resolução n.º 387/2002 do Conselho Federal de Farmácia. A título de ilustração, transcrevemos a seguir, algumas informações de especialistas que corroboram o que acabamos de dizer: “... para o desenvolvimento de um medicamento, é preciso muito mais do que conhecimentos de farmacocinética (absorção, distribuição, metabolismo e excreção da droga do organismo)” – o que é do 10 Dr. Jesus Miguel Tajra Adad Presidente do CFQ conhecimento do Profissional da Química que o adquire ao estudar Higiene Industrial –. São, também, necessários conhecimentos de estrutura molecular, propriedades físico-químicos e síntese orgânica dos fármacos, que são sustâncias químicas (grifos nossos)utilizadas como princípios ativos dos medicamentos, para prevenção, tratamento e cura de doenças. E mais, “A produção de medicamentos em escala industrial, por meio de preparação de misturas medicamentosas (mistura dos princípios ativos e veículos), é apenas a fase final de um processo que teve início com a pesquisa e sintetização, em laboratório, de substâncias químicas. capazes de promover a cura de doenças (fármacos), caracterizadas como um processamento químico de síntese orgânica, a partir de compostos químicos, como os carboquímicos, petroquímicos, etc” (grifos nossos) ................................................................................ “A produção de fármacos de quarta geração é marcada com o avanço da Biologia Molecular, com o esforço continuado na síntese das substâncias com ação anticancerígena e antiviral, com a introdução da Química Combinatória, com o refinamento dos processos de produção de síntese (catálise) e com a predominância de produtos sintéticos sobre os produtos naturais (aprox. 80%) por serem mais adequados à preparação em grande escala e permitirem a preparação de uma série congênere, onde a estrutura do “protótipo” pode ser alterada de forma planejada.” (Química Medicinal) ................................................................................ “O objetivo básico da Química Medicinal está inserido na delineação de um sistema biológico alvo, de substâncias químicas que sejam capazes de perturbar esse sistema, e, então, descrever a interação entre os sistemas biológicos e químicos”. É de pontuar-se que no Brasil, os Centros de Estudo de Química Medicinal se tem instalado nas Universidades, sendo de se destacar o NEQUIM – Núcleo de Estudos em Química Medicinal, do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais, o qual é constituído de pesquisadores de diferentes formações científicas, o que caracteriza a multi e inter disciplinaridade do setor, para levar a efeito, projetos de pesquisas como os de novas drogas potencialmente antitumorais. Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 É evidente, pois, que para que um novo medicamento seja desenvolvido, ou, para a modificação de uma estrutura química de algum fármaco, com a finalidade de alterar a atividade farmacológica, é necessária a participação de uma equipe multidisciplinar constituída de Profissionais da Química, dos Farmacêuticos, dos Médicos, dos Biólogos, e outros, onde a Química tem lugar de destaque ao longo de todo o processo. A título de ilustração citaremos alguns ganhadores de Prêmio Nobel de Química, nos anos de 2001 e 2002, em trabalhos orientados para a produção de medicamentos: 2001 – PRÊMIO NOBEL DE QUÍMICA. “Produção de Catalisadores para a síntese assimétrica de moléculas quirais” MÉRITO: A descoberta permitiu desenvolver a síntese industrial do aminoácido L-dopa, usado no tratamento do Mal de Parkinson. Os PROFISSIONAIS PREMIADOS foram: a - Willian S. Knowles – Doutor em Química, pela Universidade de Columbia – Estados Unidos. b - K. Barry Sharpless – Doutor em Química, pela Universidade de Standford – Estados Unidos. c - Ryoji Noyori – Doutor em Química, pela Universidade de Kyoto, e Diretor do Centro de Pesquisa em Ciência dos Materiais daquela Instituição. 2002 – PRÊMIO NOBEL DE QUÍMICA. “Desenvolvimento de métodos analíticos para identificar e analisar macromoléculas” MÉRITO: O desenvolvimento dos métodos analíticos, tais como, a espectografia de massa e ressonância magnética nuclear, revolucionou a pesquisa e o desenvolvimento de medicamentos, pois, tais métodos facilitam a compreensão das macro moléculas como as proteínas, e a interação destas. Em outras palavras, facilitam o estudo dos fenômenos determinantes da funções celulares no corpo humano, sendo certo que para se desenvolver fármacos mais adequados à tal modelação, ter-se-á que conhecer melhor as proteínas, uma vez que o objetivo dos princípios ativos dos medicamentos, consiste em interagir com uma proteína e modificar a sua função, de forma a eliminar a patologia. Os PROFISSIONAIS PREMIADOS foram: a - John B. Fenn – Licenciado em Química pela Universidade de Yale – Estados Unidos. b - Koichi Tanaha – Engenheiro Químico pela Universidade de Tóquio – Japão. c - Kurt Wiithirchi – Licenciado em Química Inorgânica pela Universidade de Basel – Suíça. Estes, Excelência, alguns dos aspectos pelos quais, entendemos abusiva e prejudicial para a Sociedade Brasileira, e em particular à Comunidade Química do Brasil, pelo tolhimento do seu amplo exercício profissional, numa flagrante afronta ao art. 5º da Constituição Brasileira de 1988, que assegura ser livre o exercício de qualquer trabalho respeitadas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Neste sentido, o Decreto-Lei n.º 5.452/43 – CLT -, o Decreto n.º 85.877/81 e o Decreto n.º 20.377/31, este invocado no art. 334, §2º da CLT. Assim, pois, sendo a Indústria Farmacêutica, mundialmente reconhecida como uma Indústria de Processos Químicos, não é lícito que venha agora, o Conselho Federal de Farmácia, cuja, atividade precípua é fiscalizar a formulação dos medicamentos pelos farmacêuticos utilizando os insumos químicos produzidos pelos Profissionais Químicos, dizer que são eles, os únicos profissionais que podem produzir, qualificar e comprar, insumos que, de fato, são produzidos pelos Químicos. E mais, pela malfadada Resolução n.º 387/2002, são eles, também, a um só tempo, Engenheiros Civis, Engenheiros Sanitaristas, Economistas, Administradores de Empresas, Estatísticos, Contadores, Arquivistas e Almoxarifes, e, por fim, ENGENHEIROS QUÍMICOS, QUÍMICOS INDUSTRIAIS, BACHARÉIS EM QUÍMICA, além de TÉCNICOS EM QUÍMICA DE NÍVEL MÉDIO. Relativamente às apregoadas “BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO E CONTROLE”, trata-se de normas contidas na Resolução RDC n.º 210/03 da ANVISA, que serve como manual para a fabricação de medicamentos, o qual, foi elaborado pela O.M.S, não sendo, pois, uma disciplina específica ou privativa dos Cursos de Farmácia. Em verdade, são instruções que podem e devem ser executadas por todo e qualquer profissional envolvido no processo, independentemente da eventual formação acadêmica, não sendo, pois, privilégio dos farmacêuticos. É de pontuar-se que tais regras decorrem da aplicação adequada de conhecimentos técnicocientíficos inerentes à Indústrias de Processos Químicos, nas quais, a Indústria de Medicamentos está incluída. Renovando os nossos agradecimentos pela deferência de ouvir o Conselho Federal de Química a respeito de tão prejudicial Resolução n.º 387/2002 do Conselho Federal de Farmácia, contamos com o inestimável apoio de Vossa Excelência no sentido de coibir tal abuso que tem gerado desemprego para os Profissionais da Química, expondo a sociedade a visíveis riscos decorrentes de tal Resolução. 11 Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ALUMÍNIO Dr. Roberto Hissa Vice-Presidente do CFQ 13 + 14n Alumínio (Al) Configuração eletrônica: 1s2 2s2 2p6 3s2 2p1 Nº de massa: 27 Nº atômico: 13 Nº de neutrons: 14 - 3 elétrons = 1s2 2s2 2p6 (gás inerte - neônio) O alumínio metálico (Al) é um sólido, consistindo de íons positivos dispostos num retículo cristalino. Esses íons positivos são mantidos juntos devido a ação de forças de atração de elétrons deslocalizados (portanto, não fixos) “dançando” no campo eletrônico. Neste campo, o alumínio fornece os seus três elétrons mais externos, ficando como um íon positivo, Al+3. Fazendo isto, o íon Al+3 resultante adquire a configuração de um gás inerte, 1s2 2s2 2p6 e, por este motivo, não pode interagir covalentemente um com o outro, onde as forças de atração não são muito fortes. É por esta razão que o alumínio é um metal mole, e de fácil deformação. Esta permissibilidade dos metais quanto à mudança de forma é devida à troca de lugares no retículo cristalino, não constituindo, portanto, um fenômeno específico padrão das forças de atração. Em outras palavras: os íons podem “dançar” (mover) dentro do retículo, mudando de lugares sem que, com isso, venha alterar a coesão do sólido. E por que alguns metais são duros? A razão desse fenômeno é que esses metais não adquiriram a configuração eletrônica de um gás inerte e, desta maneira, podem reagir entre si covalentemente. Apesar de ser um metal abundante na crosta terrestre (o terceiro), é de difícil obtenção de seus minérios por ser muito reativo, a ponto dos agentes redutores ordinários (como C e Co) não constituírem forças suficientes para extraí-lo. O fato do metal, quando recentemente preparado, reagir com a água, a eletrólise de suas soluções aquosas constitui-se em um impedimento. A solução comercial deste impedimento foi contornada a partir 12 da eletrólise de um sal fundido, como no mesmo caso da produção de sódio a partir do NaCl fundido. Apesar das dificuldades apresentadas (ponto de fusão bastante elevado para aplicação eletrolítica e também não ser um condutor), a bauxita (alumina hidratada Al2O3.2H2O) apresenta-se como um minério viável comercialmente. Bauxita Possui um sistema cristalino variável e uma fórmula química também variável, mas com algum Al2O3.2H2O e FeO(OH). Sendo mais exato cientificamente, pode-se considerar a bauxita mais como uma rocha do que um mineral. Trata-se de uma rocha contendo vários óxidos hidratados de Al. Dureza: 1-3 Cor: marrom, vermelho, branca ou amarela. A disponibilidade deste minério na natureza posiciona muitos países como dependentes de uma fonte apropriada para a obtenção do alumínio metálico. Apesar de ser encontrado em muitas argilas, rochas e outros minerais, a obtenção do alumínio dessas matérias-primas não apresentam uma viabilidade comercialmente econômica, quando comparadas com a bauxita. Dentre os países mais importantes possuidores dessa matéria prima, pode-se citar a Jamaica , Suriname e Guiana Inglesa. No Brasil, tem como sua melhor fonte o Estado de Minas Gerais. Ainda nos dias de hoje, por representar um processo comercialmente viável, a bauxita é considerada como uma matéria-prima para a obtenção, pelo Processo Bayer, da alumina anidra pura (Al2O3) que, por sua vez, ao ser submetida a uma redução eletrolítica pelo Processo Hall-Hércult, promove a formação do alumínio metálico. A eletrólise da bauxita refinada dissolvida em criolita fundida, Na3AlFe6, Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 Criolita A criolita (Na3AlF6) (dureza 2,5, densidade 3), explorável em Evygtok (Gronelândia), permitiu a metalurgia do alumínio porque dissolve a alumina. Apresenta-se em massa incolor, de brilho vítreo e clivagem bastante fácil. químicos e, em seguida, é adicionada continuamente às células eletrolíticas no processo Hall-Hércult, que contém a criolita fundida, culminando com a formação do alumínio metálico. Reações envolvidas no Processo Bayer para a obtenção da alumina anidra (trióxido de alumínio Al2O 3) a partir da alumina hidratada, bauxita (Al2O3.2H2O). 1. Dissolução da bauxita à uma alta temperatura com soda cáustica (lixiviação) para a obtenção do sal solúvel aluminato de sódio. A digestão é passada em autoclaves ou em reatores tubulares. Ela permanece na temperatura do processo por mais 15 a 30 minutos para reduzir a concentração de sílica devido a formação de um silicato insolúvel de alumínio e sódio. à uma temperatura um pouco abaixo de 1000ºC, produz o alumínio metálico. O processo foi aperfeiçoado por um estudante de 22 anos de idade no Oberlin College, de nome Charles Martin Hall (americano), onde descobriu que o alumínio podia ser separado de seu óxido por eletrólise e, independentemente, no mesmo ano, por Paul Hércult na França. A alumina hidratada (bauxita), Al2O3.2H20, é um material incolor, solúvel nos ácidos e nas bases e não se decompõem pelo calor. A alumina pura (Al2O3) é um pó fino (corindon) O NaO Al H + O Al NaO Corindon O Processo Bayer é considerado até hoje o mais econômico industrialmente. Num resumo bem superficial, ele consiste em se misturar, a bauxita, após moída, com solução de NaOH à quente que dissolve a alumina e a sílica. A alumina separa-se dos sólidos, dilui-se, esfria-se e, desta maneira, cristaliza-se como um hidróxido alumínico - óxido de alumínio (Al2O3.xH2O), enquanto que a sílica se precipita. Calcinando-se o hidróxido de alumínio, obtém-se a alumina anidra que, após, é cuidadosamente purificada por processos + H2O 2 Al O Na H Aluminato de Sódio (AlO2Na) - Solúvel bauxita (Al2O3) Seca e Pulverizada 2. Separação e lavagens das impurezas da bauxita (“lamas vermelhas”) para recuperar a alumina solúvel e NaOH. 3. Obtenção do hidróxido de alumínio – Al(OH)3 – por hidrólise do aluminato de sódio. que se funde à 2050ºC, e é insolúvel na água. Devido a sua alta dureza, ela é utilizada como abrasivo, encontrando aplicação no polimento de lentes e metais. Por este processo, como já é sabido, obtém-se a alumina anidra pura (Al2O3) a partir da alumina hidratada, a bauxita (Al2O3.2H2O). Vapor alta pressão O O corindon (Al2O3) encontrase nos xistos e calcários metamorfoseados. Os cristais hexagonais são comuns, mas o corindon apresenta-se também misturado com a magnetite, sob a forma de massas granulares escuras, chamadas <<esmeril>>, e utilizadas como abrasivos (dureza 9, densidade 4). PROCESSO BAYER O Al OH H OH O Al + O Na H OH OH + OH NaOH hidróxido de alumínio Al(OH)3 O hidróxido de alumínio, após a precipitação, é lavado e, em filtros rotativos, é filtrado. 4. Regeneração das soluções para reciclagem na etapa 1, por evaporação da água introduzida nas lavagens. 5. Transformação do hidróxido de alumínio em alumina anidra por calcinação à 1450K: 13 Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 Al Al 2 Al (OH)3 O H O H O H O H O H O H O Al calcinação O + 3 H 2O Al O Al2O3 (alumina anidra comercial pura calcinada) PROCESSO HALL-HÉRCULT Neste método, a alumina anidra Al2O3, dissolvida em criolita fundida, é reduzida eletroquimicamente. Dito processo metalúrgico, consome uma fonte de energia relativamente grande para a redução eletroquímica da alumina anidra dissolvida à uma temperatura alta em criolita (conhecida também como Espato da Groenlândia e pedra de gelo, encontrada na natureza) fundida, por meio de uma corrente elétrica contínua. O calor da corrente é suficientemente forte para manter o metal alumínio fundido no fundo da pilha, facilitando a sua retirada. O alumínio fundido, depositado no fundo da pilha, tem esta localização como cátodo, enquanto que o ânodo de carbono é oxidado pelo oxigênio que se desprende. A célula eletrolítica é de aço e de forma retangular, e é revestida de grafite que serve como cátodo. A corrente catódica é coletada no fundo de carbono, por meio de barras destacadas encaixadas na célula eletrolítica, que são ligadas com a barra coletora do cátodo. A eletrólise, resultante pela passagem da corrente elétrica contínua, promove o depósito do alumínio sobre a camada metálica e, o oxigênio, libertado do ânodo, combina com o carbono formando CO2, parte do qual se reduz a CO nas reações secundárias. Ou seja, resumidamente, o alumínio fundido é depositado sobre um cátodo de carbono, o qual serve também como reservatório para o material fundido. Simultaneamente, o oxigênio é depositado sobre a célula do ânodo de carbono consumindo-o. O alumínio obtido, por este processo alcança um teor de 99,5-99,8%. Para se chegar ao alumínio refinado a 99,99%, ou mais, tem sido usado o método conhecido por refinação eletrolítica em estado de ignição. A criolita pura funde à 1012ºC, porém, a alumina e aditivos representados como: • 5 - 7% fluoreto de cálcio, • 5 - 7% fluoreto de alumínio, e • 0 - 7% fluoreto de lítio, abaixam o ponto de fusão, permitindo a operação à 940 - 980ºC. O sistema Na3AlF6- Al2O3 tem um eutético em 10,5% p/p de Al2O3 a 960ºC T E M P E R A T U R A Ou seja, o fundo de carbono, onde está o alumínio fundido, funciona como cátodo, que o recebe, proveniente da ação de uma corrente elétrica contínua. A célula eletrolítica é revestida internamente por cerâmica isolante e bloco de carbono. Os ânodos são hastes précozidas imersas no eletrólito da pilha (célula eletrolítica). 14 Diagrama Fase criolita - alumina de 0 a 18,25% alumina L, líquido, S, criolita S2, Corundum , líquido , líquido e sólido , sólido Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004 REAÇÕES neutralizar a carga da corrente carregada de íons Na+. As reações que se passam nos eletrodos 12 Na+ + 4AlF6-3 +12e 12(Na+ + F-) + 4Al +12 F- são muito complexas e, até hoje, não são totalmente compreendidas. Acredita-se, porém, que o alumínio é reduzido no cátodo a partir de uma estrutura iônica complexa formada de alumínio, oxigênio e flúor, isto Os íons oxifluoreto descarregam no ânodo, formando CO2 e íons AlF6-3, é, a criolita ioniza-se para formar o hexafluoraluminato (AlF6-3), o qual se dissocia para formar o tetrafluor 6AlOF2 + 3C + 24F- 3CO2 + 6AlF6-2 + 12e aluminato (AlF4-), sódio (Na+) e fluoreto (F-): adicionando as equações do ânodo e cátodo, Na3AlF6 3Na+ + AlF6-3 e mais a solução da alumina, ter-se-á como equação geral dessas reações: AlF6-3 AlF4- + 2F2Al2O3 + 3C A alumina dissolvem, a 4Al + 3CO2 baixas concentrações, formando íons oxifluoreto com a proporção 2:1 de alumínio para oxigênio Alguns autores estimam para essas reações de oxirredução a simplificação a seguir: 4-2n (Al2OF2n ). À alta concentração da alumina, íons oxifluoreto, apresentando uma relação de alumínio Cátodo: 4Al+3 + 12e 4Al0 Ânodo: 6O-2 – 12e 3O20 3C + 3O2 3CO2 para oxigênio (AlOFn1-n), é formada. Al2O3 + 4AlF6-3 3Al2OF6-2 + 6F- Tecnicamente, e teoricamente, de acordo com a lei de Faraday, deveria ser depositado um equivalente Al2O3 + 4AlF6-3 grama (8,994g) de alumínio. Porém, na prática somente 3AlOF2- 85-95% desta quantidade é depositada. Essa perda de eficiência da lei de Faraday é causada, principalmente, As células geralmente operam com 2-6% pelas espécies reduzidas (Al, Na ou AlF), dissolvidas p/p de Al2O3 no eletrólito. Dependendo da composição ou dispersadas no eletrólito no cátodo e sendo e temperatura, as faixas de saturação estão entre 7- transportada de encontro ao ânodo onde são re- 12% Al2O3. oxidadas pelo CO2 formando monóxido de carbono (CO) Medidas do transporte iônico indicam que os íons Na transportam a maioria da corrente; no + entanto, o alumínio é depositado. e óxido metálico que, por sua vez, dissolve-se no eletrólito. Certos aditivos do banho, particularmente o Acredita-se, também, que provavelmente fluoreto de alumínio, reduz o conteúdo de espécies que uma transferência de carga ocorre na interface reduzidas no eletrólito e, desse modo, aumenta a do cátodo, e os íons do hexafluoraluminato são eficiência da corrente. - descarregados formando alumínio e os íons F para (continua no próximo número...) 15 CONSELHO FEDERAL QUÍMICA a Março - 2004 Informativo CFQDE- Janeiro GESTÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS DIRETORIA Presidente: Jesus Miguel Tajra Adad 1º Vice-Presidente: Roberto Hissa 2º Vice-Presidente: Augusto José Corrêa Gondim 1º Tesoureiro: Fuad Haddad 2º Tesoureiro: Abias Machado 1º Secretário: José de Ribamar Oliveira Filho 2º Secretário: Adauri Paulo Schmitt CONSELHEIRO FEDERAL REPRESENTANTE DE ESCOLA Gil Anderi da Silva * Engenheiro Químico (Escola Politécnica da USP) REPRESENTANTES DOS CRQ´S Engenheiros Químicos Augusto José Corrêa Gondim Dalton Rodrigues Percy Ildefonso Spitzner Júnior Roberto Lima Sampaio Químicos Industriais Arnaldo Felisberto Imbiriba da Rocha José de Ribamar Oliveira Filho Merílio Pinheiro Veiga Roberto Hissa Abias Machado Bacharel em Química Adauri Paulo Schmitt Técnico Químico Fuad Haddad Engenheiro Industrial - Modalidade Química Henio Normando de Souza Melo SUPLENTES Bacharéis / Licenciados em Química Maria Inez Auad Moutinho Luiz Roberto Paschoal Químicos Industriais Luiz Pinheiro Silvana Carvalho de Souza Calado Renata Lilian Ribeiro Portugal Engenheiros Químicos Suely Abrahão Schuh Santos Julimar Edson Gualberto Borges Técnico Químico Rafael Tadeu Acconcia PRESIDENTES DOS CONSELHOS REGIONAIS DE QUÍMICA 1ª Região - Adelino da Matta Ribeiro 2ª Região - ----------------------3ª Região - Eliana Myra de Moraes Soares 4ª Região - Manlio de Augustines 5ª Região - Ennecyr Pilling Pinto 6ª Região - Célio Francisco Marques de Melo 7ª Região - Ana Maria Biriba de Almeida 8ª Região - Carlos Alberto Vieira de Medonça 9ª Região - Alsedo Leprevost 10ª Região - Cláudio Sampaio Couto 11ª Região - José Ribamar Cabral Lopes 12ª Região - Wilson Botter Júnior 13ª Região - José Maximiliano Müller Netto 14ª Região - Avelino Pereira Cuvello 15ª Região - Tereza Neuma de Castro Dantas 16ª Região - Ali Veggi Atala 17ª Região - Maria de Fátima da C. Lippo Acioli 18ª Região - José Ribeiro dos Santos Júnior 19ª 16Região - José Arantes Lima Objetivos: Fornecer conhecimento aos participantes de forma que estes possam desenvolver tecnologias mais eficientes para o tratamento de Resíduos Sólidos Industriais, reduzindo a necessidade de investimento inicial das empresas e também seus custos operacionais. Além de permitir que as mesmas se adaptem às normas ambientais e, consequentemente, venham a contribuir para a redução do impacto ambiental da indústria como um todo. Público Alvo: Dirigentes, gerentes e profissionais de nível superior interessados e envolvidos com os aspectos ambientais, que atuam ou pretendam atuar na área de meio ambiente de organizações empresariais, setores públicos e entidades de pesquisa. Equipe Responsável: - Denize Dias de C. Freire - D.Sc. pelo PEQ/COPPE/UFRJ, Professora Adjunta da EQ/UFRJ - Lídia Yokoyama - D.Sc pelo IQ/UFRJ, Professora Adjunta da EQ/UFRJ Realização : 09, 16, 23 e 30 de junho de 2004 das 9 às 18 horas Investimento : À vista até 02/06: R$ 380,00 2 parcelas de R$ 200,00 (1ª até 05/05, e a 2ª até 02/06) CURSOS DE TREINAMENTO PROFISSIONAL EM RECICLAGEM DE PLÁSTICOS Objetivos: O curso tem como objetivo transmitir as noções de reciclagem e aplicação do plástico transformado. Apresentar aos participantes os aspectos envolvidos no projeto, operação e administração de uma Recicladora de Plástico, visando a capacitação para a escolha e implantação de um empreendimento ambientalmente limpo e rentável, sob o ponto de vista econômico. No curso será também demonstrada a importância da atividade de Reciclagem de Plástico para a preservação do meio ambiente, geração de empregos e conservação dos recursos naturais e energéticos. Público Alvo: Empresários, Dirigentes de empresas que queiram desenvolver projetos interno de reciclagem de plástico, ou qualquer interessado em montar uma micro empresa no ramo. Profissionais que pretendem atuar nas organizações empresariais, de setores públicos, entidades de pesquisa e universidades. Equipe Responsável: - Elen Beatriz Pacheco - Eng. Química, Professora e Pesquisadora do Instituto de Macromoléculas Profª Eloisa Mano (IMA/UFRJ) - Adilson Santiago Pires - Eng. Químico e Empresário na área de reciclagem de plástico Realização: 1ª Turma: 26 de junho e 03 de julho de 2004 - 9 às 18h 2ª Turma: 29 e 30 de outubro de 2004 - 9 às 18h Investimento: 1ª Turma: à vista R$ 250,00 até 18/06 2 parcelas de R$ 175,00 (1ª até 18/05 e 2ª até 18/06) 2ª Turma: à vista R$ 250,00 até 30/09 2 parcelas de R$ 175,00 (1ª até 24/09 e a 2ª até 22/10) INFORMAÇÕES ADICIONAIS : Núcleo Interdisciplinar de Estudos Ambientais e Desenvolvimento (NIEAD) Prédio do CCMN, Bloco D, Sala 02 - Cidade Universitária - Ilha do Fundão Tel/Fax: (21)2598-9495 E-mail:http://www.niead.ufrj.br/[email protected] Conselho Federal de Química SAUS - QUADRA 05 - BLOCO I 70070-050 - Brasília - DF IMPRESSO