INFORMATIVO CFQ
Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004
SEDE - SETOR DE AUTARQUIAS SUL - SAUS - QUADRA 05 - BLOCO I
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ANO XXXII - Janeiro a Março / 2004
INSTALAÇÃO DO CRQ - XIX
INDÚSTRIA DE
ALIMENTOS
DE ORIGEM
ANIMAL 3ª PARTE
- 06 -
CFQ
DEFENDE
PROFISSIONAIS
DA QUÍMICA
CONTRA A
VORACIDADE
DO CFF
- 11 -
Foi com muito júbilo que em
27 de fevereiro se procedeu a
solenidade de criação do
CONSELHO REGIONAL DE
QUÍMICA DA 19ª REGIÃO - CRQ
XIX, com jurisdição sobre o
estado da Paraíba, e sede em
João pessoa.
Na ocasião, estiveram
presentes autoridades federais,
estaduais e municipais, além da
presença
dos
ilustres
Conselheiros
Federais,
Regionais e demais convidados.
O CRQ XIX foi originado do
CRQ I, até então, com jurisdção
Da esquerda para a direita: Dr. Geraldo Amorim de Souza, Secretário de Segurança
Adjunto do Estado da Paraíba; Dr. José Arantes Lima, Presidente do Conselho
Regional de Química da 19ª Região; Dr. Adelino da Matta Ribeiro, Presidente do
Conselho Regional de Químca da 1ª Região; Dr. Jesus Miguel Tajra Adad, Presidente
do Conselho Federal de Química; Dr. João da Mata, Secretário da Indústria e Comércio, Ciência, Turismo e Tecnologia do Estado da Paraíba (representante do Governador do Estado da Paraíba, Dr. Cassio Rodrigues da Cunha Lima); Dr. Augusto José
Corrêa Gondim, 2º Vice-Presidente do Conselho Federal de Química; Mário Antônio
Pereira Borba, Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da
Paraíba; e Dra. Maria José Lima da Silva, Reitora da Pós Gradrução e Pesquisa da
Universidade Federal da Paraíba.
sobre os estados da Paraíba e Pernambuco. Nos termos do art 14 da lei nº 2800/56, e da
RN nº 69/83, procedeu-se as Assembléias dos Delegados Eleitores para a escolha dos
Membros do Conselho. Após, foi realizada no Auditório Sérgio Bernardes do Hotel Tropical
Tambaú a primeira reunião plenária do CRQ XIX, em que foi eleito o Presidente do novo
CRQ, o Químico Industrial Dr. José Arantes Lima.
Instalado o Conselho Regional, e dada posse ao Presidente do CRQ XIX, foi feita a
eleição da Diretoria que ficou assim constituída:
Presidente:
José Arantes Lima
Vice-Presidente: Maria de Fátima Nascimento de Souza
Secretário:
Vital de Souza Queiroz
Tesoureiro:
João de Deus Rodrigues
A criação do CRQ XIX trará sem dúvida um enorme engrandecimento e projeção à
Química e aos profissionais que fazem dela a sua labuta diária em prol do seu
engrandecimento, para uma sociedade mais avançada, humana e justa.
A seguir, transcrevemos os discursos do Presidente do Conselho Federal de Química e
o do Presidente do Conselho Regional de Química XIX.
ALGUMAS
CONSIDERAÇÕES
SOBRE O
ALUMÍNIO
- 13 -
DISCURSO DO PRESIDENTE DO
CONSELHO FEDERAL DE QUÍMICA
MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES:
Objetivando marcar a presença do profissional da Química no incremento do
desenvolvimento científico e industrial do nosso País, e visando sempre um maior
entrosamento entre o Sistema CFQ/CRQ‘s e a Sociedade, o Conselho Federal de Química
tem como uma de suas metas mais significativas, o desdobramento da jurisdição dos
seus Conselhos Regionais de maneira a que cada Estado da Federação tenha o seu
próprio Órgão Fiscalizador da Profissão de Químico.
1
Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004
A fiscalização a que nos referimos, consiste na
observância da exigência de que as atividades
específicas dos Profissionais da Química, sejam, de
fato, exercidas por esta Categoria, que é quem está
técnica e legalmente preparada para o exercício da
Química, sob todos os seus prismas e especializações.
À primeira vista, poder-se-ia pensar que a atuação
dos Conselhos de Química, teria caráter de natureza
essencialmente CORPORATIVISTA! ... Muito pelo
contrário, porém. O Sistema Conselho Federal de
Química/Conselhos Regionais, de fato, objetiva
assegurar à Sociedade, o adequado uso da CIÊNCIA e
da TECNOLOGIA, em benefício do CONSUMIDOR,
evitando que indivíduos inescrupulosos venham a
colocar em risco, a SAÚDE, o BEM ESTAR e a VIDA
dos consumidores! Tal assertiva é tão particularmente
verdadeira que é a própria Consolidação das Leis do
Trabalho, no Título III, capítulo II, Seção XIII destinado
exclusivamente aos Profissionais da Química e
incorporado pela Lei nº 2.800/56 que assim se expressa
em artigo 346 alínea b:
Urge que todos saibam que o profissional da Química
não é apenas aquele profissional fechado em
laboratório, cercado de tubos de ensaios, balões,
pipetas, provetas, buretas, ou mesmo, manipulando
alguns equipamentos, sofisticados, até!
Sabemos nós, e o devemos divulgar para o grande
público, que o Profissional da Química não se limita ao
controle de qualidade no laboratório já que é ele quem:
- assegura a qualidade da água de consumo, pelo
tratamento da própria água “in atura”
- industrializa o leite e produz laticínios;
- fabrica o tecido de suas vestes, o alveja e/ ou o
tinge;
- produz antibióticos e todos os insumos dos
medicamentos;
- fabrica os defensivos agrícolas e os pesticidas;
- industrializa as rações para a pecuária e os
fertilizantes para a agricultura;
- produz alimentos e os conservantes alimentares;
“Será suspenso do exercício de suas funções,
independentemente de outras penas em que possa
incorrer, o Químico, inclusive o licenciado, que incidir
em algumas das seguintes faltas:
- fabrica o papel, o plástico e os laminados
metálicos para embalagens, e tantas outras utilidades
exigidas pela Sociedade Moderna.
................................................................................................................................................
- define os processos de exploração industrial de
modo mais competitivo, seja do ponto de vista da
qualidade, seja da quantidade do produto fabricado, sem
prejuízo da preservação do meio ambiente.
B – concorrer com seus conhecimentos científicos
para a prática de crime ou atendendo à pátria, a ordem
social ou a saúde pública.”
A essência do nosso Sistema, está em que a
FISCALIZAÇÃO dos trabalhos profissionais é feita por
pessoas que detém os mesmos conhecimentos
técnicos e científicos dos seus executantes, mormente
porque o compõe, profissionais da Química de diversas
modalidades, abrangendo desde os Técnicos
Químicos e suas especializações, a Bacharéis e
Licenciados em Química, Químicos Industriais e
Tecnólogos Equivalentes, e, ainda, Engenheiros
Químicos e suas ESPECIALIZAÇÕES.
A vantagem de tal estrutura é tão significativa que, a
criação do Sistema CFQ/CRQ‘s, face às
características de homogeneidade de identidade
profissional de seus integrantes com os elementos
básicos constituintes de nossa Sociedade, permitiu aos
Profissionais da Química, ombrearem-se com as
demais forças produtivas do País, impulsionando o
progresso da INDÚSTRIA QUÍMICA BRASILEIRA, a
tal ponto que ela é, hoje, considerada a atividade
industrial que mais se desenvolveu nos últimos tempos!
...
De fato, senhores:
2
- qualifica e quantifica as matérias-primas;
Com efeito,
- É o Profissional da Química que, nas indústrias,
transforma as matérias-primas e matérias-básicas, nos
diversos produtos, hoje considerados indispensáveis
à sociedade moderna, com evidentes benefícios para
o setor sócio econômico.
- A obtenção do álcool combustível, a álcool-química,
gerando milhares de produtos fundamentais para os
Da esquerda para a direita: Dr. Adelino da Matta Ribeiro, Presidente do Conselho
Regional de Químca da 1ª Região; Dr. Jesus Miguel Tajra Adad, Presidente do
Conselho Federal de Química; Dr. João da Mata, Secretário da Indústria e Comércio,
Ciência, Turismo e Tecnologia do Estado da Paraíba (representante do Governador
do Estado da Paraíba, Dr. Cassio Rodrigues da Cunha Lima).
Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004
vários setores da indústria; a fabricação dos incontáveis
produtos e subprodutos petroquímicos; a produção de
fertilizantes pelo tratamento químico de nossos
minérios fosfatados; a exploração de nossos minérios
de ferro, manganês, zinco, níquel, cobalto, titânio,
nióbio, urânio, tório, ouro, e de tantos outros de que o
Brasil é tão rico, e bem assim, a obtenção dos
respectivos metais; a utilização de produtos químicos
fundamentais, como hidróxido de sódio, o hipoclorito
de sódio, o hidrogênio, e o próprio cloro utilizado para
um sem número de utilidades, são algumas atividades
inerentes aos Profissionais da Química, e que requerem
a sua presença, a fim de se estabelecer as condições
adequadas para que as reações se processem de
forma mais rendosa, do ponto de vista econômico, da
qualidade e da quantidade do produto fabricado.
- A fabricação, pois, dos produtos químicos
fundamentais, e bem assim, dos pontos da hoje
chamada “QUÍMICA FINA”, e das diversas utilidades
do mundo moderno, tem a participação dos
Profissionais da Química, seja diretamente no processo
industrial, seja nos Laboratórios de Controle de
Qualidade e de Pesquisa.
- Assim é que vemos o Profissional da Química,
nos órgãos Oficiais a elaborar laudos, pareceres e
perícias, decorrentes das pesquisas de Laboratório, ou
de outras fontes de avaliação, os quais, encerram a
mais alta responsabilidade, envolvendo imensos
valores humanos e fiscais.
- No que se refere ao aspecto social, traduzido em
termos de mercado de trabalho, vale salientar que a
evolução da tecnologia química tem gerado milhares
de empregos diretos, beneficiando, ainda, outras
classes profissionais, face à decorrente instalação de
indústrias-satélite.
- Não menos importante é a participação do
Profissional da Química no Saneamento Ambiental!
- É tanto mais importante esta observação, na
medida em que vemos difundir-se o errôneo
pensamento de que as indústrias químicas, e, por
extensão, os Químicos, são os principais responsáveis
pela Poluição do Meio Ambiente, chegando mesmo a
admitir-se que “ a poluição é o preço do
desenvolvimento tecnológico”.
- Urge que todos saibam que é possível a
“coexistência pacífica” entre o desenvolvimento
tecnológico e a preservação do Meio Ambiente!
- Urge mais, ainda, uma conscientização dos
órgãos encarregados do Controle da Poluição Ambiental
(Público e Privado), no sentido de que TORNA-SE CADA
VEZ MAIS NECESSÁRIA UMA EFETIVA E INTENSA
PARTICIPAÇÃO dos Profissionais da Química no
Combate à Poluição Ambiental, e conseqüentemente,
na PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE!
- É evidente que a evolação dos elevados teores
de substância como o CO, o SO2, e a NH3, e o
expelimento de ponderáveis quantidades de Cu, Ni, Hg,
Cr, e outros metais tóxicos para o AR-AMBIENTE e para
os CURSOS D‘ÁGUA, envolvem problemas ligados ao
aproveitamento de processos químico-industriais e ao
desenvolvimento de processos de capacitação e
tratamento desses poluentes químicos, de modo a
assegurar que os efluentes das Indústrias, não mais
poluam o Meio Ambiente!
- Igualmente, o equacionamento adequado dos
problemas relativos à poluição do Ar-Urbano, bem como,
a solução satisfatória da maioria deles, requerem o
conhecimento dos fenômenos químicos e físicoquímicos que ocorrem na atmosfera:
- A físico-química da nucleação, é um fenômeno
de grande importância no decréscimo da Visibilidade,
resultante da presença de poluentes: o “fog” e os
“smogs” são combinações de fumaça e neblina, em
que os poluentes atuam como núcleos para a sua
formação.
- Assim, pois, é o Profissional da Química quem,
conhecendo os processos químico-industriais, poderá
mais apropriadamente, equacionar os problemas
relativos à evolação dos poluentes atmosféricos,
possibilitando o aprimoramento do processo, com
conseqüente aumento de rendimento industrial e
diminuição desses poluentes.
- É o Profissional da Química, quem melhor poderá
desenvolver métodos de captação de poluentes
atmosféricos, e, até, transformar tais poluentes em
utilidades, dado que a sua formação básica reside,
fundamentalmente, no estudo das propriedades das
substâncias e na tecnologia de sua transformação.
- É, ainda, o Químico, o “Profissional que tem
condições tecnológicas para melhor definir o método
da eliminação do Agente Tóxico do MEIO AMBIENTE
DE TRABALHO, seja pelo isolamento geográfico da
atividade nociva, seja pela modificação ou substituição
de materiais ou de processos.
Prezados Senhores:
Caros Colegas.
- Para a consecução desse MISTER, o Sistema
Conselho Federal de Química/Conselhos Regionais
tem levado em consideração, os dispositivos da Lei nº
2.800/56 e outros diplomas legais correlatos, além das
disposições do CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIOR, segundo o qual:
3
Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004
“OS PRODUTOS E SERVIÇOS COLOCADOS
NO MERCADO DE CONSUMO, NÃO PODEM
PREJUDICAR SEUS CONSUMIDORES, ISTO É,
NÃO
PODEM
CAUSAR-LHES
DANOS
FINANCEIROS, NEM ACARRETAR RISCOS À
SAÚDE OU À SEGURANÇA DOS MESMOS.”
- Isto significa que passamos a contar com mais
um extraordinário recurso – O CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR - principalmente no que diz
respeito ao nosso compromisso para com a Sociedade,
relativamente à qualidade dos ALIMENTOS, das
ÁGUAS DE CONSUMO HUMANO, ÁGUAS DE
QUALIDADE RECLAMADAS PELA CLÍNICA MÉDICA,
ÁGUAS INDUSTRIAIS E DE RECREAÇÃO, tão
peculiares à atuação do Sistema CFQ/CRQ‘s.
Assim, pois, o CONSELHO REGIONAL DE
QUÍMICA DA 19ª REGIÃO, que ora se instala nesta
aprazível cidade de João Pessoa, tem a nobre missão
de assegurar à Sociedade em geral, e ao Consumidor
em particular, que os produtos colocados à sua
disposição, tenham a garantia de serem fabricados
pelas Empresas, com a efetiva participação do
profissional da Química, técnica e legalmente
habilitado.
Cumpre-nos esclarecer que, ao definir as
atribuições dos Profissionais da Química para o seu
exercício profissional, o Conselho Regional de Química
considera como fundamental o currículo escolar
atestado pelas Instituições de Ensino, que servirá de
base para a referida definição.
Assim, pois, cabe às Instituições de Ensino, ao
delinear o perfil dos profissionais que lançará ao
mercado de trabalho, oferecer-lhes as disciplinas
capazes de lhes conferir atribuições que lhes permitam
concorrer com os demais profissionais egressos de
outras Instituições congêneres. Em outras palavras, se
um dado Curso de Bacharelado ou Licenciatura em
Química pretende que os seus futuros profissionais
possam prestar serviços no setor de processos
industriais das Empresas, deve oferecer-lhes
disciplinas da área tecnológica.
Senhoras e Senhores:
A Paraíba é o 19º Estado da Federação a ter o seu
próprio Órgão de fiscalização da profissão de Química,
eis que está sendo instalado, neste momento, o
Conselho Regional de Química da 19ª Região em João
Pessoa e jurisdição em todo o estado da Paraíba.
Tal evento, sem dúvida, se deve ao intrínseco deste
portentoso Estado.
A estrutura educacional aqui implantada é tal que
assegura ao setor produtivo, o indispensável suporte
4
técnico científico, necessário ao desenvolvimento de
novas tecnologias, e ao aperfeiçoamento das já
existentes.
No setor Químico, as Universidades Federal e
Estadual da Paraíba mantém os cursos de Engenharia
Química, Engenharia de Alimentos, Engenharia de
Materiais, além dos cursos de Química Industrial,
Bacharelado e Licenciatura em Química. tais cursos,
ligados em Departamentos e Centros de Tecnologia,
permitem a formação de pesquisadores de alto nível,
os quais, enriquecem o plantel Científico e Tecnológico,
nos vários setores de conhecimento. Além desses
cursos de nível Superior, há ainda o Curso Técnico de
Química Industrial, cujos egressos dão suporte aos
profissionais de nível universitário.
No setor industrial, temos notícia da existência de
mais 4 mil indústrias instaladas, das quais, cerca de
20% estão identificadas com a Química, necessitando
assim, da presença do Profissional da Química, a
emprestar-lhes os seus conhecimentos científicos e
tecnológicos, para o maior aperfeiçoamento do prcesso
tecnológico, e, consequentemente dos produtos que
oferecem ao consumidor final.
Dentre as indústrias de maior produtividade, destacam-se as do Setor de Alimentos (incluindo-se aí, as
Bebidas), as Indústrias Têxteis, as de Couros e Calçados e as Minerais não Metálicos.
Neste particular, cabe ressaltar que o estado da
Paraíba é o maior produtor de CIMENTO DO NORDESTE, participando com mais de 25% da produção
total da Região. Lidera, ainda, a produção de Minerais
não Metálicos, especialmente no que diz respeito à
produção de Calcário e Caolim.
Por outro lado, no Setor de Minérios Metálicos, este
portentoso Estado, também se destaca como possuidor das maiores reservas de RUTILO, ILMENTA, cuja
produção é toda processada na própria região.
Merecem destaque especial, as Indústrias
CERVEJEIRA, MOAGEIRA DE MILHO POR VIA SÊCA,
A TORREFAÇÃO DE CAFÉ e o dinâmico complexo
SUCRO-ALCOOLEIRO e de AGUARDENTE.
Tais fatos permitem antever o grande potencial de
desenvolvimento que está destinado a este glorioso
Estado, cujas metas precisam ser alcançadas com o
concurso dos Profissionais da Química, que ora são
arregimentados na instalação deste nóvel Conselho
Regional de Química.
Sr. Presidente do CRQ – XIX
Srs. Conselheiros e Conselheiras Regionais
- Tendes, a partir de hoje, uma nobre missão a
cumprir!...
Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004
- Temos a certeza de que a levareis a cabo com
galhardia, de modo a alcançar os ideais a que vos
propusestes ao aceitar essa honrosa incumbência!
- De parabéns, pois, o povo Paraibano por contar
com um pujilo de profissionais dispostos a darem de
si, tudo o que for necessário para atingir os altos
objetivos, para o bem da Paraíba e do nosso Brasil.
- Sr. Presidente e demais membros do CRQ – XIX.
- Sede bem vindos ao seio do Sistema CFQ/CRQs!
Temos dito.”
DISCURSO DE POSSE DO PRESIDENTE
DO CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA XIX
Excelentíssimo Senhor Presidente do Conselho
Federal de Química, Dr. Jesus Miguel Tajra Adad;
representante do excelentíssimo Governador do Estado
da Paraíba, Secretário de Industria, Comércio, Turismo,
Ciências e Tecnologia Dr. João da Mata, Presidente do
Conselho Regional de Química 1ª região, Dr. Adelino
de Matta Ribeiro; Secretário Adjunto de Segurança
Pública Dr. Geraldo Amorim de Souza; representante
do Magnifico Reitor da Universidade Federal da Paraíba,
Professora Maria José; Presidente da FAEPA –
Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba – Mário
Antônio Pereira Borba. Caros colegas, minhas
senhoras e meus senhores.
Este é um momento histórico! Momento de
comemoramos a realização de um antigo e legítimo
sonho! Momento de muita satisfação e orgulho pessoal
para todos nós, que após muito empenho e
determinação, temos o privilégio de sermos os
“pioneiros”.
Sim, minhas senhoras e senhores, a partir de agora,
temos a honra de integrar o 19º Conselho Regional de
Química.
A tão importante criação deste Conselho, ao mesmo
tempo em que nos enche de alegria pela conquista que
representa, nos impõe uma grande responsabilidade e
um desafio maior. Na verdade, podemos dizer que, de
fato, a nossa luta começa aqui e agora!
Como todos sabemos, as enormes dificuldades
econômicas, sociais e políticas, atualmente enfrentadas
pelo País, e como não poderia deixar de ser, pela nossa
Paraíba também, só poderão ser superadas, com a
união e determinação de todos os agentes envolvidos
no processo, ou seja, a Sociedade e o Governo.
Assim será neste nosso Colegiado, apenas com a
união da classe dos Químicos, com o envolvimento
Diretoria do Conselho Regional de Química da 19ª Região (Da esquerda para
a direita: João de Deus Rodrigues, Tesoureiro; Maria de Fátima Nascimento de
Souza, Vice-Presidente; Dr. José Arantes Lima, Presidente e Vital de Souza Queiroz,
Secretário ).
dinâmico e homogêneo de seus profissionais, a
integração das Universidades, bem como, o
comprometimento firme e responsável dos
empresários e órgãos governamentais, é que
estaremos preparados não só para atendermos os
anseios da nossa classe, como também para
trilharmos o caminho do desenvolvimento, da
criatividade e da evolução, caminho esse, imposto pelo
tempo da globalização, que bem sabemos, é
irreversível.
Nosso compromisso, na condução deste Conselho,
não estará limitado às ações fiscalizadoras e
normativas! Não seremos um Conselho a mais, como
tantos, que apenas são vistos como uma estrutura
pesada e improdutiva, que só serve para promover
reuniões e mais reuniões, favorecendo a pequenos
grupos. E nem tão pouco seremos vistos como um
custo a mais, para as empresas do setor!
O compromisso que hoje aqui estamos assumindo
é o inovar, criar, transformar, multiplicar preservando o
meio ambiente, oferecer mecanismo de redução nos
custos de produção, como a adoção de procedimentos
operacionais padronizados de qualidade comprovada,
e, sobretudo, obtermos o reconhecimento da
importância do papel que exercemos, com a
valorização de nossa categoria, na conjuntura atual,
em busca da retomada do crescimento e
desenvolvimento sustentável da economia paraibana.
No entanto, não podemos nos iludir, minhas
senhoras e meus senhores: Para alcançarmos tais
objetivos, precisaremos da colaboração de todos as
entidades aqui presentes, na perseguição incansável
do processo de “capacitação” dos nossos profissionais,
sem a qual jamais atenderemos as necessidades do
mercado e sem a qual, as empresas do setor estarão
5
Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004
distantes dos novos conceitos de industrialização
moderna e eficaz.
Agradecendo a todos, o apoio e a confiança que nos
foram depositados, o grande incentivo recebido da
presidência do Conselho Federal de Química, mas,
principalmente, a Deus por proporcionar a capacidade
que hoje contabilizamos para nos organizar.
Muito obrigado.
Você sabia que...
Com a aprovação da RN nº. 191, de
21 de novembro de 2003, que dispõe
sobre a Carteira do Profissional da
Química, as atuais Carteiras perderão a validade a partir de 1º de
janeiro de 2005.
INDÚSTRIA DE ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL
ATIVIDADE BÁSICA DA MEDICINA VETERINÁRIA OU DA QUÍMICA? (3ª PARTE)
Dr. Jesus Miguel Tajra Adad
Presidente do CFQ
4.2 - LEITE LONGA VIDA OU DE ULTRA ALTA
TEMPERATURA (UAT, ou UHT)
Preliminarmente, cabe-nos pontuar que o leite
destinado ao processamento industrial para dotá-lo de
características de LONGA VIDA, haverá de ser de boa
procedência, pois, os equipamentos usados para este
fim, não operam economicamente, com matéria prima
de má qualidade.
Em outras palavras: quando se pretende destinar o
leite ao “processamento de longa vida”, as análises
químicas, físico-químicas e microbiológicas, se
constituem em um imperativo, “sine qua non”, chegando
mesmo, tais análises, a serem classificadas como a
primeira fase de sua preparação, já que em função dos
resultados apurados, é se fará a classificação/
destinação do leite.
Conforme bem o diz, a “Associação Brasileira do
Leite Longa Vida”, o emprego de altas temperaturas na
segurança ou conservação do leite, se fundamenta nos
efeitos deletérios do calor sobre, os microorganismos.
O controle do crescimento microbiano do leite,
visa eliminar os riscos à saúde do consumidor e
prevenir ou retardar as alterações indesejáveis,
aumentando o seu prazo de validade.
Conquanto ao sair do úbere da vaca sadia, o leite é,
praticamente, isento de microorganismos, a sua
contaminação pode ocorrer durante a ordenha, ou ao
entrar em contato com os utensílios ou equipamentos
contaminados.
Em conseqüência, advém uma série de doenças
ao consumidor, doenças essas que podem ser
causadas pela ação direta dos microorganismos
(caráter invasivo), ou ainda, pela produção de toxinas
por tais microorganismos, uma vez instalados no
intestino humano (toxi-infecções).
Dentre os microorganismos capazes de produzir
intoxicações, infecções ou toxi-infecções, através do
leite contaminado, distinguimos:
6
a-
Salmonellla spp e Chigella spp:
Causam diarréia, dores abdominais e vômitos,
acompanhados, quase sempre, de febre.
b-
Escherichia coli:
Sintomatologia semelhante à cólera, com diarréias
aquosas ou com diarréia muco-sanguinolenta.
c-
Compylobacter jejuni:
Sintomas semelhantes aos da gripe, dor abdominal
e febre seguida de diarréia, com freqüência grave.
É bastante sensível ao tratamento térmico, sendo
normalmente responsável por enterites, diarréia e dores
abdominais.
d-
Yersínia enterocolítica:
Dores abdominais, frebre, cefaléia, diarréia, mal
estar, vômitos, náuseas, calafrios e linfadenite aguda
semelhante ao apendicite.
e-
Listeria monocitógenes:
Numa primeira fase, apresenta sintomas
semelhantes a gripe, com diarréia e febre moderada;
Numa segunda fase, apresenta febre, fadiga, mal
estar com ou sem náuseas, vômitos, diarréia e dores,
podendo acometer o Sistema nervoso central, etc.
f-
Staphylococus aureus:
Sintomas variáveis: visão alterada, dificuldade para
falar e engolir, mucosas na boca, língua e faringe,
geralmente secas, debilidade progressiva e falhas
respiratórias.
g-
Mycobacterium tuberculosis ou bovis:
É um microorganismo altamente resistente ao calor,
sendo mesmo considerado, dentre aqueles que não
formam esporos, o mais resistente. Como o próprio
nome diz, seu principal efeito nocivo é causar
tuberculose no homem.
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h-
Brucella spp:
Atribui-se a essa bactéria, efeitos de
emagrecimento, infertilidade e aborto.
Ante estas breves considerações, torna-se fácil
entender a extrema necessidade de que nas indústrias
de laticínios ou de beneficiamento do leite,ter-se-á que
aplicar métodos de tratamento da matéria prima que
garantam a segurança do seu uso para o consumo
humano, dos quais, os mais comumente usados, são:
a PASTEURIZAÇÃO, a ULTRAPASTEURIZAÇÃO e a
ESTERILIZAÇÃO, cujos princípios tencológicos de
projeto e controle do processo, sem dúvida, refogem
à formação básica dos MÉDICOS VETERINÁRIOS,
uma vez que,
Estes, são processos físico-químicos que envolvem
operações unitárias da indústria química (Decreto-nº
85.877/81) e, como tal, exigem adequado o controle de
temperatura, o fluxo de calor, o tempo de contacto,
parâmetros estes, que são adredemente calculados e
projetados, estabelecendo-se regras e valores a serem
acompanhados pelo profissional da Química no seu
mister de atingir o fim colimado, qual seja, a efetividade
e eficácia do tratamento, com vistas a eliminar os efeitos
deletérios dos microorganismos, e, por conseqüência,
dando a garantia de qualidade e segurança ao
consumidor.
4.2.1 - CARACTERÍSTICAS DE QUALIDADE
EXIGIDAS
Para que o leite seja considerado de boa qualidade,
o mesmo deverá apresentar as seguintes
características:
4.2.1.1 - SABOR E ODOR
ser identificadas através da coloração do leite. Assim é
que, uma coloração vermelha indica a presença da
bactéria, Serratia marcescens; uma coloração azul é
indicativa da presença de bactérias do gênero
Pseudomonas.
4.2.1.3 – pH E ACIDEZ
O leite fresco, natural, tem pH situado na faixa entre
6,6 e 6,8, podendo ser considerado o valor médio de
6,7.
Isto significa que o leite fresco, natural, possui alguma
acidez, a qual é devida a presença de caseína,
fosfatos, albumina, citratos e dióxido de carbono.
A acidez natural do leite varia entre 0,13 e 0,17%,
expressa em termos equivalentes a ácido láctico.
A elevação da acidez em relação a esse percentual,
indica a transformação enzimática da lactose em ácido
láctico, devida à atividade microbiana.
4.2.1.4 – DENSIDADE
A densidade do leite fresco varia entre 1,023 e 1,040.
Tal oscilação é devida à variação no teor de gordura:
leites com baixo teor de gordura apresentam densidade
menor do que aqueles com alto teor desse componente.
Além dessas características exigidas para que o leite
seja classificado como apropriado ao processamento
de “longa vida”, são ainda realizadas no leite cru, outros
testes de avaliação (pelo Laboratório de Controle
Químico), dentre os quais, distinguimos a determinação
de temperatura, volume, acidez, crioscopia, matéria
gorda, peroxidase, fosfatase, álcool, cloretos, inibidores,
etc.
4.2.2 – A ULTRA PASTEURIZAÇÃO
O leite fresco produzido sob condições ideais
apresenta sabor sui generis, pouco pronunciado,
caracterizado pela relação entre a lactose e os
cloretos, apresentado-se como doce e salgado, não
ácido e amargo.
Tendo em vista o que foi exposto no sob item 4.2, os
processos mais apropriados à inibição da atividade
microbiana, são os que utilizam os propriedades
térmicas como fatores de inativação, dos quais,
sobressai-se a ULTRA PASTEURIZAÇÃO.
Sabores e odores pronunciados em leite fresco, são,
em geral, causados pela alimentação (ração, silagem,
etc), e ao ambiente de ordenha, sendo de se ter em
vista que os sabores e odores podem ser afetados por
infecções do úbere.
Assim, pois, uma vez classificado em relação às
suas características, o leite fresco e homogeneizado
(com freqüência, usa-se leite de várias procedências)
é submetido ao tratamento da ULTRA
PASTEURIZAÇÃO com vistas a proporcionar-lhe maior
tempo de conservação, isto é, transformá-lo em “LEITE
LONGA VIDA”.
4.2.1.2 – COR
A cor branca do leite é devida à dispersão da luz
refletida pelos glóbulos de gordura, e pelas partículas
coloridas de caseína e de fosfato de cálcio.
A homogeneização torna o leite mais branco, pela
maior dispersão da luz. A cor amarelada é proveniente
do caroteno, que é lipo-solúvel.
Por outro lado, contaminações microbianas podem
A ULTRA PASTEURIZAÇÃO consiste no
aquecimento do leite à temperaturas de 130º a 150ºC,
mediante processo térmico de fluxo contínuo (2 a 4
segundos), imediatamente resfriado a temperatura
inferior a 32ºC, e envasado sob condições estéreis,
e, hermeticamente fechados, de modo a
impossibilitar contaminações posteriores.
7
Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004
Tem-se, assim, que o “LEITE LONGA VIDA” é aquele
obtido através de processo físico-químico e de
operações unitárias, em condições especiais, que
visam a sua preservação e o prolongamento do seu
prazo de validade. Desta forma, caracteriza-se, mais
uma vez, o mandamento contido no art. 2º, item II do
Decreto n.º 85.877/81:
“Art. 2º — São privativos do químico:
I — ..........................................................................
II — produção, fabricação e comercialização, sob
controle e responsabilidade de produtos químicos,
produtos industriais obtidos por meio de reações
químicas controladas ou de operações unitárias,
produtos obtidos através de agentes físico-químicos
ou biológicos, produtos industriais derivados de
matéria-prima de origem animal, vegetal, ou mineral,
e tratamento de resíduos resultantes da utilização
destas matérias-primas, sempre que vinculadas à
indústria química”
CITRATO DE SÓDIO (C6H5Na3O7) que exercem ação
ESTABILIZANTE. (veja-se a PORTARIA MINISTERIAL
n.º 370 de 04/09/1997 do Ministério da Agricultura).
O fundamento químico de tal adição, reside no fato
de que sendo o citrato de sódio, um sal oriundo de um
ácido fraco, a dissociação iônica será regulada pela
CONSTANTE DE IONIZAÇÃO do ÁCIDO CÍTRICO
que, por conseqüência assegura a estabilidade do
equilíbrio químico no seio da massa líquida do leite
produzido, além de evitar a sedimentação do mesmo.
Há que se pontuar, entretanto, que o CITRATO DE
SÓDIO, é um ESTABILIZANTE (não um conservante)
e não tem efeito negativo para a saúde humana. É um
aditivo alimentar inóquo, de adição facultativa, e, se
usado, deve ser adicionado antes da ultra
pasteurização, sendo que a sua dosagem não deve
ultrapassar a 0,1g/100ml do leite.
A atividade industrial de transformação do leite
natural em “leite longa vida”, como vimos, decorre de
operações unitárias envolvendo processo físicoquímicos e biológicos de inibição da atividade
microbiana, estando perfeitamente enquadrada no
supra transcrito artigo 2º, item II, do Decreto n.º 85.877/
81.
Além do Citrato de Sódio, outras substâncias
químicas, com poder estabilizante são autorizadas, tais
como, o Monofosfato sódio, o Difosfato e o Trifosfato
de sódio, todos com função idêntica à do Citrato de
Sódio, e obedecendo ao mesmo princípio de equilíbrio
químico, ditado pela Constante de Ionização do ácido
fraco (no caso, do ácido fosfórico), sendo que a sua
dosagem não deve ultrapassar a 0,1g/100ml, expresso
em termos equivalentes a P2O5.
E mais, a atividade industrial de laticínios em geral,
e do beneficiamento do leite, em particular, utiliza
grandes volumes de água industrial, requerendo
atenção especial às fontes de abastecimento e os
requisitos para o seu tratamento.
Do exposto, é de assinalar-se que a adição de
ESTABILIZANTES, resulta de aplicação de
conhecimentos de QUÍMICA, incorrendo nos artigos
332 e 341 da CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO
TRABALHO.
Por outro lado, a utilização dessas águas industriais
gera, igualmente, grande volume de resíduos a serem
tratados nos exatos termos do item II, do artigo 2º do
Decreto n.º 85.877/81, supra transcrito.
“Art. 332 — Quem, mediante anúncios, placas,
cartões comerciais ou outros meios capazes de ser
identificados, se propuser ao exercício da química,
em qualquer dos seus ramos, sem que esteja
devidamente registrado, fica sujeito às penalidades
aplicáveis ao exercício ilegal da profissão.”
4.2.3 – A ADIÇÃO DE ESTABILIZANTE/
CONSERVANTE AO LEITE LONGA VIDA.
A ULTRA PASTEURIZAÇÃO e o envasamento
asséptico asseguram ao “Leite Longa Vida” um maior
prazo de validade, sem que seja necessária a adição
de qualquer tipo de conservante.
É que a tecnologia de rápido aumento de temperatura
por alguns segundos, seguido de imediato
resfriamento (aplicação da cinética química), permite
que sejam eliminadas todas as bactérias deteriorantes,
sem a decomposição dos componentes químicos do
leite, tornando dispensável a adição de
Conservantes.
Entretanto, a fim de assegurar a estabilidade química
do produto (leite longa vida), recomenda-se a adição
de substâncias tamponantes especiais, tais como os
8
“Art. 341 — Cabe aos químicos habilitados,
conforme estabelece o art. 325, alíneas ‘a’ e ‘b’, a
execução de todos os serviços que, não
especificados no presente regulamento, exijam por
sua natureza o conhecimento de química.”
Resta claro, portanto, que a pretensão do Conselho
dos Médicos Veterinários, de exercer atividades
privativas dos Profissionais da Química, simplesmente
por tratar-se de matéria prima de origem animal ou
porque, como funcionários dos Serviços Públicos de
Agricultura, devem fazer a “inspeção do ponto de vista
da tecnologia sanitária, não encontra guarida, nem no
Decreto n.º 85.877/81(art. 2º, item II), nem na
Consolidação das leis do Trabalho (art. 325), sendo
passível de punição (art. 332), por incorrer no exercício
Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004
ilegal da Profissão de Químico e, inclusive, ser vetado
pela norma de resto”. (art. 341 do mesmo DecretoLei n.º 5.452/43).
4.3 – A FABRICAÇÃO DA MANTEIGA
A manteiga é formada, basicamente, pela
aglomeração das partículas de gordura do leite,
adicionada ou não, de Cloreto de Sódio.
As gotículas de gordura são dotadas de alta tensão,
o que faz com que as mesmas se mantenham
dispersas. Por outro lado, o fenômeno de aderência é
inerente a tais gotículas.
De posse desses conhecimentos, a aglomeração
dessas gotículas de gordura pode ser conseguida
através do rompimento do equilíbrio tensão/aderência,
o que é feito através da batedura do leite quando de
sua padronização, em que o creme, recebendo
violentos e sucessivos choques separa-se em grânulos
permitindo a formação da manteiga, pela sua
propriedade de “aderência”.
Esta manteiga, assim obtida, além da gordura,
possui em sua composição, água, proteínas, lactose e
cinzas.
Assim, pois, para a obtenção de uma manteiga de
boa qualidade, haver-se-á de promover o CONTROLE
DE QUALIDADE, o que deve começar pelo CREME,
através de análise química, nas diversas etapas,
a) Pasteurização e fermentação;
b) Padronização da gordura do creme; e
c) Controle de acidez através da adição de
alcalinizante químico.
No produto acabado, também deve ser realizado
este controle através das seguintes análises químicas:
- Acidez;
- Umidade;
- Insolúveis (principalmente proteínas e lactose); e
- Cloreto de Sódio (verificação da qualidade do sal
adicionado).
4.3.1 – Descrição do Processo de Fabricação da
Manteiga
Após o tratamento do CREME através de
PADRONIZAÇÃO quanto à GORDURA, ACIDEZ,
PASTEURIZAÇÃO e MATURAÇÃO (esta, no caso da
manteiga extra), ele é levado à Batedeira, a uma
temperatura pré-determinada (10º-11ºC), sendo de
se notar que o controle da temperatura é
IMPORTANTÍSSIMO.
Na prática, reconhece-se o ponto de formação da
manteiga, observando-se através do visor da tampa
da batedeira, o qual fica limpo, quando toda a manteiga
está formada. Tal ponto de formação pode, também,
ser identificado pelo ruído ou pelo tamanho dos grumos
formados.
Nesta etapa, o soro se encontra separado dos
grumos de manteiga, os quais são submetidos a um
esgotamento do soro remanescente, após o que, dentro
da própria batedeira, são lavados com água fria, à
temperatura controlada para 4º a 8ºC, por 3 a 4 vezes,
até que a água de lavagem saia limpa.
É de pontuar-se ser de suma importância procederse a uma lavagem eficiente, uma vez que, assim, evitase a proliferação dos germes que ameaçam a
durabilidade da manteiga, os quais se alimentam da
lactose e da caseína, presentes em maiores
proporções na manteiga mal lavada.
Nesta etapa, tem-se mais uma vez, a atuação do
Laboratório de Controle Químico, responsável pelos
testes de identificação e qualificação da lactose e
da caseína na água de lavagem, a fim de assegurar a
qualidade do produto objetivado (manteiga).
Os grumos de manteiga, assim preparados, não
estão aglomerados, tornando-se necessário
transformá-los em massa consistente, elástica e
homogênea.
Após a lavagem, a manteiga é dessorada, ou
comprimida, geralmente na própria batedeira. O
espremedor consta de uma mesa e rolo giratório, pelo
qual a manteiga é comprimida contra a mesma, para a
eliminação da água, já que bactérias e leveduras se
desenvolvem nas gotículas de água contidas na
manteiga.
Quando se pretende produzir a manteiga com sal,
este é adicionado no momento em que ela é estendida
no espremedor, o qual, é espalhado seco para então
ser misturado através do amassador.
Nos casos em que a qualidade da manteiga o exige,
o corante é adicionado antes da batedura.
Os controles de qualidade mais comumente
realizados no produto acabado (manteiga) são:
- Determinação do teor de umidade;
- Determinação dos insolúveis;
- Determinação do teor de Cloreto de Sódio;
- Determinação do teor de Gordura;
- Pesquisa de Ranço; e
- Análises Organolépticas.
Estes, são os controles mínimos necessários, sendo
recomendados, para melhor avaliação, os índices
referidos no item 4.1-III-4, deste trabalho.
(Continua no próximo número ...)
9
Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004
CONSELHO FEDERAL DE QUÍMICA DEFENDE OS PROFISSIONAIS DA QUÍMICA
CONTRA A VORACIDADE DO CFF
Apraz-nos acusar o recebimento do ofício n.º 145/
GAB-VPGT, pelo qual Vossa Excelência, gentilmente,
nos encaminha cópia de Representação oferecida pelo
Sindicato dos profissionais da Química do Estado de
São Paulo e pelo Conselho Regional de Química – IV
Região, para nossa manifestação, a qual, passamos a
responder.
Com efeito, a resolução do Conselho Federal de
Farmácia, de n.º 387, datada de 13/12/2002, já começou
a produzir os seus efeitos negativos, uma vez que, em
sua fiscalização, o Sisitema CFF/CRF’s, tem provocado
a dispensa, de seus respectivos empregos, dos
Profissionais da Química que laboram na Indústria
Farmacêutica.
O Conselho Federal de Química recebeu um abaixoassinado em que mais de 250 profissionais, só no
Estado de São Paulo, pediram providências deste
Conselho Federal de Química, ante a ameaça de
desemprego, também a eles, provocada pelo Conselho
de Regional de Farmácia que usa como bandeira, a
malfadada Resolução n.º 387/2002.
E não é só isto. Trata-se, de fato, de uma afrontosa
ingerência nas atividades inerentes aos profissionais
da Química que vêm laborando neste ramo da Química
desde os primórdios da indústria farmacêutica no Brasil,
e que vem prestando inestimáveis serviços à Sociedade
Brasileira e ao Mundo, os quais tem permitido a
nacionalização de tantos medicamentos.
Sabemos que a produção de insumos químicos para
a Indústria Farmacêutica é atividade específica dos
Profissionais da Química, cabendo ao Profissional
Farmacêutico, a produção de medicamentos, a partir
dos insumos que o Químico lhes põe à disposição. O
que significa dizer que, mesmo para a produção de
medicamentos é, indispensável a participação ativa
e efetiva do Químico.
A nível de pesquisas de fármacos, ou nas fases
pré-clinica e clinica, é evidente que tais atividades
envolvem tanto os Profissionais da Química, como os
Farmacêuticos, os Bioquímicos e os Médicos, não
sendo, portanto, atividade privativa dos profissionais
da farmácia, como pretende a malsinada Resolução
n.º 387/2002 do Conselho Federal de Farmácia.
A título de ilustração, transcrevemos a seguir,
algumas informações de especialistas que corroboram
o que acabamos de dizer:
“... para o desenvolvimento de um medicamento, é
preciso muito mais do que conhecimentos de farmacocinética (absorção, distribuição, metabolismo e
excreção da droga do organismo)” – o que é do
10
Dr. Jesus Miguel Tajra Adad
Presidente do CFQ
conhecimento do Profissional da Química que o
adquire ao estudar Higiene Industrial –. São, também,
necessários conhecimentos de estrutura molecular,
propriedades físico-químicos e síntese orgânica dos
fármacos, que são sustâncias químicas (grifos
nossos)utilizadas como princípios ativos dos
medicamentos, para prevenção, tratamento e cura de
doenças.
E mais,
“A produção de medicamentos em escala industrial,
por meio de preparação de misturas medicamentosas
(mistura dos princípios ativos e veículos), é apenas a
fase final de um processo que teve início com a
pesquisa e sintetização, em laboratório, de
substâncias químicas. capazes de promover a cura
de doenças (fármacos), caracterizadas como um
processamento químico de síntese orgânica, a partir
de compostos químicos, como os carboquímicos,
petroquímicos, etc” (grifos nossos)
................................................................................
“A produção de fármacos de quarta geração é
marcada com o avanço da Biologia Molecular, com o
esforço continuado na síntese das substâncias com
ação anticancerígena e antiviral, com a introdução da
Química Combinatória, com o refinamento dos
processos de produção de síntese (catálise) e com a
predominância de produtos sintéticos sobre os
produtos naturais (aprox. 80%) por serem mais
adequados à preparação em grande escala e
permitirem a preparação de uma série congênere, onde
a estrutura do “protótipo” pode ser alterada de forma
planejada.” (Química Medicinal)
................................................................................
“O objetivo básico da Química Medicinal está
inserido na delineação de um sistema biológico alvo,
de substâncias químicas que sejam capazes de
perturbar esse sistema, e, então, descrever a
interação entre os sistemas biológicos e químicos”.
É de pontuar-se que no Brasil, os Centros de Estudo
de Química Medicinal se tem instalado nas
Universidades, sendo de se destacar o NEQUIM –
Núcleo de Estudos em Química Medicinal, do
Departamento de Química da Universidade Federal
de Minas Gerais, o qual é constituído de pesquisadores
de diferentes formações científicas, o que caracteriza
a multi e inter disciplinaridade do setor, para levar a
efeito, projetos de pesquisas como os de novas
drogas potencialmente antitumorais.
Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004
É evidente, pois, que para que um novo
medicamento seja desenvolvido, ou, para a modificação
de uma estrutura química de algum fármaco, com a
finalidade de alterar a atividade farmacológica, é
necessária a participação de uma equipe
multidisciplinar constituída de Profissionais da
Química, dos Farmacêuticos, dos Médicos, dos
Biólogos, e outros, onde a Química tem lugar de
destaque ao longo de todo o processo.
A título de ilustração citaremos alguns ganhadores
de Prêmio Nobel de Química, nos anos de 2001 e 2002,
em trabalhos orientados para a produção de
medicamentos:
2001 – PRÊMIO NOBEL DE QUÍMICA.
“Produção de Catalisadores para a síntese
assimétrica de moléculas quirais”
MÉRITO: A descoberta permitiu desenvolver a
síntese industrial do aminoácido L-dopa, usado no
tratamento do Mal de Parkinson.
Os PROFISSIONAIS PREMIADOS foram:
a - Willian S. Knowles – Doutor em Química, pela
Universidade de Columbia – Estados Unidos.
b - K. Barry Sharpless – Doutor em Química, pela
Universidade de Standford – Estados Unidos.
c - Ryoji Noyori – Doutor em Química, pela
Universidade de Kyoto, e Diretor do Centro de Pesquisa
em Ciência dos Materiais daquela Instituição.
2002 – PRÊMIO NOBEL DE QUÍMICA.
“Desenvolvimento de métodos analíticos para
identificar e analisar macromoléculas”
MÉRITO: O desenvolvimento dos métodos
analíticos, tais como, a espectografia de massa e
ressonância magnética nuclear, revolucionou a
pesquisa e o desenvolvimento de medicamentos, pois,
tais métodos facilitam a compreensão das macro
moléculas como as proteínas, e a interação destas.
Em outras palavras, facilitam o estudo dos fenômenos
determinantes da funções celulares no corpo humano,
sendo certo que para se desenvolver fármacos mais
adequados à tal modelação, ter-se-á que conhecer
melhor as proteínas, uma vez que o objetivo dos
princípios ativos dos medicamentos, consiste em
interagir com uma proteína e modificar a sua função,
de forma a eliminar a patologia.
Os PROFISSIONAIS PREMIADOS foram:
a - John B. Fenn – Licenciado em Química pela
Universidade de Yale – Estados Unidos.
b - Koichi Tanaha – Engenheiro Químico pela
Universidade de Tóquio – Japão.
c - Kurt Wiithirchi – Licenciado em Química
Inorgânica pela Universidade de Basel – Suíça.
Estes, Excelência, alguns dos aspectos pelos quais,
entendemos abusiva e prejudicial para a Sociedade
Brasileira, e em particular à Comunidade Química do
Brasil, pelo tolhimento do seu amplo exercício
profissional, numa flagrante afronta ao art. 5º da
Constituição Brasileira de 1988, que assegura ser livre
o exercício de qualquer trabalho respeitadas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer. Neste
sentido, o Decreto-Lei n.º 5.452/43 – CLT -, o Decreto
n.º 85.877/81 e o Decreto n.º 20.377/31, este invocado
no art. 334, §2º da CLT.
Assim, pois, sendo a Indústria Farmacêutica,
mundialmente reconhecida como uma Indústria de
Processos Químicos, não é lícito que venha agora, o
Conselho Federal de Farmácia, cuja, atividade precípua
é fiscalizar a formulação dos medicamentos pelos
farmacêuticos utilizando os insumos químicos
produzidos pelos Profissionais Químicos, dizer que são
eles, os únicos profissionais que podem produzir,
qualificar e comprar, insumos que, de fato, são
produzidos pelos Químicos. E mais, pela malfadada
Resolução n.º 387/2002, são eles, também, a um só
tempo, Engenheiros Civis, Engenheiros Sanitaristas,
Economistas, Administradores de Empresas,
Estatísticos, Contadores, Arquivistas e Almoxarifes, e,
por fim, ENGENHEIROS QUÍMICOS, QUÍMICOS
INDUSTRIAIS, BACHARÉIS EM QUÍMICA, além de
TÉCNICOS EM QUÍMICA DE NÍVEL MÉDIO.
Relativamente às apregoadas “BOAS PRÁTICAS
DE FABRICAÇÃO E CONTROLE”, trata-se de normas
contidas na Resolução RDC n.º 210/03 da ANVISA, que
serve como manual para a fabricação de
medicamentos, o qual, foi elaborado pela O.M.S, não
sendo, pois, uma disciplina específica ou privativa
dos Cursos de Farmácia. Em verdade, são instruções
que podem e devem ser executadas por todo e
qualquer profissional envolvido no processo,
independentemente da eventual formação acadêmica,
não sendo, pois, privilégio dos farmacêuticos.
É de pontuar-se que tais regras decorrem da
aplicação adequada de conhecimentos técnicocientíficos inerentes à Indústrias de Processos
Químicos, nas quais, a Indústria de Medicamentos está
incluída.
Renovando os nossos agradecimentos pela
deferência de ouvir o Conselho Federal de Química a
respeito de tão prejudicial Resolução n.º 387/2002 do
Conselho Federal de Farmácia, contamos com o
inestimável apoio de Vossa Excelência no sentido de
coibir tal abuso que tem gerado desemprego para os
Profissionais da Química, expondo a sociedade a
visíveis riscos decorrentes de tal Resolução.
11
Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ALUMÍNIO
Dr. Roberto Hissa
Vice-Presidente do CFQ
13 +
14n
Alumínio (Al)
Configuração eletrônica: 1s2 2s2 2p6 3s2 2p1
Nº de massa: 27
Nº atômico: 13
Nº de neutrons: 14
- 3 elétrons = 1s2 2s2 2p6 (gás inerte - neônio)
O alumínio metálico (Al) é um sólido, consistindo de
íons positivos dispostos num retículo cristalino. Esses
íons positivos são mantidos juntos devido a ação de
forças de atração de elétrons deslocalizados (portanto,
não fixos) “dançando” no campo eletrônico. Neste
campo, o alumínio fornece os seus três elétrons mais
externos, ficando como um íon positivo, Al+3. Fazendo
isto, o íon Al+3 resultante adquire a configuração de um
gás inerte, 1s2 2s2 2p6 e, por este motivo, não pode
interagir covalentemente um com o outro, onde as
forças de atração não são muito fortes. É por esta razão
que o alumínio é um metal mole, e de fácil deformação.
Esta permissibilidade dos metais quanto à mudança
de forma é devida à troca de lugares no retículo
cristalino, não constituindo, portanto, um fenômeno
específico padrão das forças de atração. Em outras
palavras: os íons podem “dançar” (mover) dentro do
retículo, mudando de lugares sem que, com isso, venha
alterar a coesão do sólido.
E por que alguns metais são duros?
A razão desse fenômeno é que esses metais não
adquiriram a configuração eletrônica de um gás inerte
e, desta maneira, podem reagir entre si covalentemente.
Apesar de ser um metal abundante na crosta
terrestre (o terceiro), é de difícil obtenção de seus
minérios por ser muito reativo, a ponto dos agentes
redutores ordinários (como C e Co) não constituírem
forças suficientes para extraí-lo.
O fato do metal, quando recentemente preparado,
reagir com a água, a eletrólise de suas soluções
aquosas constitui-se em um impedimento. A solução
comercial deste impedimento foi contornada a partir
12
da eletrólise de um sal fundido, como
no mesmo caso da produção de sódio
a partir do NaCl fundido.
Apesar
das
dificuldades
apresentadas (ponto de fusão
bastante elevado para aplicação
eletrolítica e também não ser um
condutor), a bauxita (alumina hidratada Al2O3.2H2O)
apresenta-se como um minério viável comercialmente.
Bauxita
Possui um sistema cristalino variável e uma fórmula química também variável,
mas com algum Al2O3.2H2O
e FeO(OH).
Sendo mais exato cientificamente, pode-se considerar a bauxita mais como
uma rocha do que um mineral. Trata-se de uma rocha
contendo vários óxidos
hidratados de Al.
Dureza: 1-3
Cor: marrom, vermelho, branca ou amarela.
A disponibilidade deste minério na natureza posiciona
muitos países como dependentes de uma fonte
apropriada para a obtenção do alumínio metálico.
Apesar de ser encontrado em muitas argilas, rochas e
outros minerais, a obtenção do alumínio dessas
matérias-primas não apresentam uma viabilidade
comercialmente econômica, quando comparadas com
a bauxita. Dentre os países mais importantes
possuidores dessa matéria prima, pode-se citar a
Jamaica , Suriname e Guiana Inglesa. No Brasil, tem
como sua melhor fonte o Estado de Minas Gerais.
Ainda nos dias de hoje, por representar um processo
comercialmente viável, a bauxita é considerada como
uma matéria-prima para a obtenção, pelo Processo
Bayer, da alumina anidra pura (Al2O3) que, por sua vez,
ao ser submetida a uma redução eletrolítica pelo
Processo Hall-Hércult, promove a formação do alumínio
metálico.
A eletrólise da bauxita refinada dissolvida em criolita
fundida, Na3AlFe6,
Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004
Criolita
A criolita (Na3AlF6) (dureza
2,5, densidade 3), explorável
em Evygtok (Gronelândia),
permitiu a metalurgia do alumínio porque dissolve a
alumina. Apresenta-se em
massa incolor, de brilho vítreo
e clivagem bastante fácil.
químicos e, em seguida, é adicionada continuamente
às células eletrolíticas no processo Hall-Hércult, que
contém a criolita fundida, culminando com a formação
do alumínio metálico.
Reações envolvidas no Processo Bayer para a
obtenção da alumina anidra (trióxido de alumínio Al2O 3) a partir da alumina hidratada, bauxita
(Al2O3.2H2O).
1. Dissolução da bauxita à uma alta temperatura
com soda cáustica (lixiviação) para a obtenção
do sal solúvel aluminato de sódio. A digestão é
passada em autoclaves ou em reatores
tubulares. Ela permanece na temperatura do
processo por mais 15 a 30 minutos para reduzir
a concentração de sílica devido a formação de
um silicato insolúvel de alumínio e sódio.
à uma temperatura um pouco abaixo de 1000ºC,
produz o alumínio metálico. O processo foi
aperfeiçoado por um estudante de 22 anos de idade no
Oberlin College, de nome Charles Martin Hall
(americano), onde descobriu que o alumínio podia ser
separado de seu óxido por eletrólise e,
independentemente, no mesmo ano, por Paul Hércult
na França.
A alumina hidratada (bauxita), Al2O3.2H20, é um
material incolor, solúvel nos ácidos e nas bases e não
se decompõem pelo calor.
A alumina pura (Al2O3) é um pó fino (corindon)
O
NaO
Al
H
+
O
Al
NaO
Corindon
O Processo Bayer é considerado até hoje o mais
econômico industrialmente. Num resumo bem
superficial, ele consiste em se misturar, a bauxita, após
moída, com solução de NaOH à quente que dissolve a
alumina e a sílica. A alumina separa-se dos sólidos,
dilui-se, esfria-se e, desta maneira, cristaliza-se como
um hidróxido alumínico - óxido de alumínio (Al2O3.xH2O),
enquanto que a sílica se precipita. Calcinando-se o
hidróxido de alumínio, obtém-se a alumina anidra que,
após, é cuidadosamente purificada por processos
+ H2O
2 Al
O Na
H
Aluminato de Sódio
(AlO2Na) - Solúvel
bauxita (Al2O3)
Seca e Pulverizada
2. Separação e lavagens das impurezas da bauxita
(“lamas vermelhas”) para recuperar a alumina
solúvel e NaOH.
3. Obtenção do hidróxido de alumínio – Al(OH)3 –
por hidrólise do aluminato de sódio.
que se funde à 2050ºC, e é insolúvel na água. Devido a
sua alta dureza, ela é utilizada como abrasivo,
encontrando aplicação no polimento de lentes e metais.
Por este processo, como já é sabido, obtém-se a
alumina anidra pura (Al2O3) a partir da alumina hidratada,
a bauxita (Al2O3.2H2O).
Vapor
alta pressão
O
O corindon (Al2O3) encontrase nos xistos e calcários
metamorfoseados. Os cristais hexagonais são comuns,
mas o corindon apresenta-se
também misturado com a
magnetite, sob a forma de
massas granulares escuras,
chamadas <<esmeril>>, e
utilizadas como abrasivos
(dureza 9, densidade 4).
PROCESSO BAYER
O
Al
OH
H OH
O
Al
+
O Na
H OH
OH +
OH
NaOH
hidróxido de alumínio
Al(OH)3
O hidróxido de alumínio, após a precipitação, é
lavado e, em filtros rotativos, é filtrado.
4. Regeneração das soluções para reciclagem na
etapa 1, por evaporação da água introduzida nas
lavagens.
5. Transformação do hidróxido de alumínio em
alumina anidra por calcinação à 1450K:
13
Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004
Al
Al
2 Al (OH)3
O
H
O
H
O
H
O
H
O
H
O
H
O
Al
calcinação
O
+ 3 H 2O
Al
O
Al2O3 (alumina anidra
comercial pura calcinada)
PROCESSO HALL-HÉRCULT
Neste método, a alumina anidra Al2O3, dissolvida em
criolita fundida, é reduzida eletroquimicamente. Dito
processo metalúrgico, consome uma fonte de energia
relativamente grande para a redução eletroquímica da
alumina anidra dissolvida à uma temperatura alta em
criolita (conhecida também como Espato da
Groenlândia e pedra de gelo, encontrada na natureza)
fundida, por meio de uma corrente elétrica contínua. O
calor da corrente é suficientemente forte para manter
o metal alumínio fundido no fundo da pilha, facilitando a
sua retirada. O alumínio fundido, depositado no fundo
da pilha, tem esta localização como cátodo, enquanto
que o ânodo de carbono é oxidado pelo oxigênio que
se desprende.
A célula eletrolítica é de aço e de forma retangular, e
é revestida de grafite que serve como cátodo.
A corrente catódica é coletada no fundo de carbono,
por meio de barras destacadas encaixadas na célula
eletrolítica, que são ligadas com a barra coletora do
cátodo. A eletrólise, resultante pela passagem da
corrente elétrica contínua, promove o depósito do
alumínio sobre a camada metálica e, o oxigênio,
libertado do ânodo, combina com o carbono formando
CO2, parte do qual se reduz a CO nas reações
secundárias. Ou seja, resumidamente, o alumínio
fundido é depositado sobre um cátodo de carbono, o
qual serve também como reservatório para o material
fundido. Simultaneamente, o oxigênio é depositado
sobre a célula do ânodo de carbono consumindo-o.
O alumínio obtido, por este processo alcança um
teor de 99,5-99,8%. Para se chegar ao alumínio
refinado a 99,99%, ou mais, tem sido usado o método
conhecido por refinação eletrolítica em estado de
ignição.
A criolita pura funde à 1012ºC, porém, a alumina e
aditivos representados como:
•
5 - 7% fluoreto de cálcio,
•
5 - 7% fluoreto de alumínio, e
•
0 - 7% fluoreto de lítio,
abaixam o ponto de fusão, permitindo a operação à
940 - 980ºC.
O sistema Na3AlF6- Al2O3 tem um eutético em
10,5% p/p de Al2O3 a 960ºC
T
E
M
P
E
R
A
T
U
R
A
Ou seja, o fundo de carbono, onde está o alumínio
fundido, funciona como cátodo, que o recebe,
proveniente da ação de uma corrente elétrica contínua.
A célula eletrolítica é revestida internamente por
cerâmica isolante e bloco de carbono.
Os ânodos são hastes précozidas imersas no
eletrólito da pilha (célula eletrolítica).
14
Diagrama Fase criolita - alumina de 0 a 18,25% alumina
L, líquido, S, criolita
S2, Corundum
, líquido
, líquido e sólido
, sólido
Informativo CFQ - Janeiro a Março - 2004
REAÇÕES
neutralizar a carga da corrente carregada de íons Na+.
As reações que se passam nos eletrodos
12 Na+ + 4AlF6-3 +12e
12(Na+ + F-) + 4Al +12 F-
são muito complexas e, até hoje, não são totalmente
compreendidas. Acredita-se, porém, que o alumínio
é reduzido no cátodo a partir de uma estrutura iônica
complexa formada de alumínio, oxigênio e flúor, isto
Os íons oxifluoreto descarregam no ânodo,
formando CO2 e íons AlF6-3,
é, a criolita ioniza-se para formar o hexafluoraluminato
(AlF6-3), o qual se dissocia para formar o tetrafluor
6AlOF2 + 3C + 24F-
3CO2 + 6AlF6-2 + 12e
aluminato (AlF4-), sódio (Na+) e fluoreto (F-):
adicionando as equações do ânodo e cátodo,
Na3AlF6
3Na+ + AlF6-3
e mais a solução da alumina, ter-se-á como equação
geral dessas reações:
AlF6-3
AlF4- + 2F2Al2O3 + 3C
A
alumina
dissolvem,
a
4Al + 3CO2
baixas
concentrações, formando íons oxifluoreto com a
proporção 2:1 de alumínio para oxigênio
Alguns autores estimam para essas reações
de oxirredução a simplificação a seguir:
4-2n
(Al2OF2n
).
À alta concentração da alumina, íons
oxifluoreto, apresentando uma relação de alumínio
Cátodo:
4Al+3 + 12e
4Al0
Ânodo:
6O-2 – 12e
3O20
3C + 3O2
3CO2
para oxigênio (AlOFn1-n), é formada.
Al2O3 + 4AlF6-3
3Al2OF6-2 + 6F-
Tecnicamente, e teoricamente, de acordo com
a lei de Faraday, deveria ser depositado um equivalente
Al2O3 + 4AlF6-3
grama (8,994g) de alumínio. Porém, na prática somente
3AlOF2-
85-95% desta quantidade é depositada. Essa perda de
eficiência da lei de Faraday é causada, principalmente,
As células geralmente operam com 2-6%
pelas espécies reduzidas (Al, Na ou AlF), dissolvidas
p/p de Al2O3 no eletrólito. Dependendo da composição
ou dispersadas no eletrólito no cátodo e sendo
e temperatura, as faixas de saturação estão entre 7-
transportada de encontro ao ânodo onde são re-
12% Al2O3.
oxidadas pelo CO2 formando monóxido de carbono (CO)
Medidas do transporte iônico indicam que
os íons Na transportam a maioria da corrente; no
+
entanto, o alumínio é depositado.
e óxido metálico que, por sua vez, dissolve-se no
eletrólito.
Certos aditivos do banho, particularmente o
Acredita-se, também, que provavelmente
fluoreto de alumínio, reduz o conteúdo de espécies
que uma transferência de carga ocorre na interface
reduzidas no eletrólito e, desse modo, aumenta a
do cátodo, e os íons do hexafluoraluminato são
eficiência da corrente.
-
descarregados formando alumínio e os íons F para
(continua no próximo número...)
15
CONSELHO FEDERAL
QUÍMICA a Março - 2004
Informativo
CFQDE- Janeiro
GESTÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS
DIRETORIA
Presidente: Jesus Miguel Tajra Adad
1º Vice-Presidente: Roberto Hissa
2º Vice-Presidente: Augusto José Corrêa Gondim
1º Tesoureiro: Fuad Haddad
2º Tesoureiro: Abias Machado
1º Secretário: José de Ribamar Oliveira Filho
2º Secretário: Adauri Paulo Schmitt
CONSELHEIRO FEDERAL
REPRESENTANTE DE ESCOLA
Gil Anderi da Silva * Engenheiro Químico
(Escola Politécnica da USP)
REPRESENTANTES DOS CRQ´S
Engenheiros Químicos
Augusto José Corrêa Gondim
Dalton Rodrigues
Percy Ildefonso Spitzner Júnior
Roberto Lima Sampaio
Químicos Industriais
Arnaldo Felisberto Imbiriba da Rocha
José de Ribamar Oliveira Filho
Merílio Pinheiro Veiga
Roberto Hissa
Abias Machado
Bacharel em Química
Adauri Paulo Schmitt
Técnico Químico
Fuad Haddad
Engenheiro Industrial - Modalidade Química
Henio Normando de Souza Melo
SUPLENTES
Bacharéis / Licenciados em Química
Maria Inez Auad Moutinho
Luiz Roberto Paschoal
Químicos Industriais
Luiz Pinheiro
Silvana Carvalho de Souza Calado
Renata Lilian Ribeiro Portugal
Engenheiros Químicos
Suely Abrahão Schuh Santos
Julimar Edson Gualberto Borges
Técnico Químico
Rafael Tadeu Acconcia
PRESIDENTES DOS CONSELHOS REGIONAIS
DE QUÍMICA
1ª Região - Adelino da Matta Ribeiro
2ª Região - ----------------------3ª Região - Eliana Myra de Moraes Soares
4ª Região - Manlio de Augustines
5ª Região - Ennecyr Pilling Pinto
6ª Região - Célio Francisco Marques de Melo
7ª Região - Ana Maria Biriba de Almeida
8ª Região - Carlos Alberto Vieira de Medonça
9ª Região - Alsedo Leprevost
10ª Região - Cláudio Sampaio Couto
11ª Região - José Ribamar Cabral Lopes
12ª Região - Wilson Botter Júnior
13ª Região - José Maximiliano Müller Netto
14ª Região - Avelino Pereira Cuvello
15ª Região - Tereza Neuma de Castro Dantas
16ª Região - Ali Veggi Atala
17ª Região - Maria de Fátima da C. Lippo Acioli
18ª Região - José Ribeiro dos Santos Júnior
19ª
16Região - José Arantes Lima
Objetivos:
Fornecer conhecimento aos participantes de forma que estes possam
desenvolver tecnologias mais eficientes para o tratamento de Resíduos Sólidos
Industriais, reduzindo a necessidade de investimento inicial das empresas e
também seus custos operacionais. Além de permitir que as mesmas se
adaptem às normas ambientais e, consequentemente, venham a contribuir
para a redução do impacto ambiental da indústria como um todo.
Público Alvo:
Dirigentes, gerentes e profissionais de nível superior interessados e
envolvidos com os aspectos ambientais, que atuam ou pretendam atuar na
área de meio ambiente de organizações empresariais, setores públicos e
entidades de pesquisa.
Equipe Responsável:
- Denize Dias de C. Freire - D.Sc. pelo PEQ/COPPE/UFRJ, Professora
Adjunta da EQ/UFRJ
- Lídia Yokoyama - D.Sc pelo IQ/UFRJ, Professora Adjunta da EQ/UFRJ
Realização : 09, 16, 23 e 30 de junho de 2004 das 9 às 18 horas
Investimento :
À vista até 02/06: R$ 380,00
2 parcelas de R$ 200,00 (1ª até 05/05, e a 2ª até 02/06)
CURSOS DE TREINAMENTO PROFISSIONAL EM
RECICLAGEM DE PLÁSTICOS
Objetivos:
O curso tem como objetivo transmitir as noções de reciclagem e aplicação do
plástico transformado. Apresentar aos participantes os aspectos envolvidos
no projeto, operação e administração de uma Recicladora de Plástico, visando
a capacitação para a escolha e implantação de um empreendimento
ambientalmente limpo e rentável, sob o ponto de vista econômico. No curso
será também demonstrada a importância da atividade de Reciclagem de
Plástico para a preservação do meio ambiente, geração de empregos e
conservação dos recursos naturais e energéticos.
Público Alvo:
Empresários, Dirigentes de empresas que queiram desenvolver projetos
interno de reciclagem de plástico, ou qualquer interessado em montar uma
micro empresa no ramo. Profissionais que pretendem atuar nas organizações
empresariais, de setores públicos, entidades de pesquisa e universidades.
Equipe Responsável:
- Elen Beatriz Pacheco - Eng. Química, Professora e Pesquisadora do
Instituto de Macromoléculas Profª Eloisa Mano (IMA/UFRJ)
- Adilson Santiago Pires - Eng. Químico e Empresário na área de
reciclagem de plástico
Realização:
1ª Turma: 26 de junho e 03 de julho de 2004 - 9 às 18h
2ª Turma: 29 e 30 de outubro de 2004 - 9 às 18h
Investimento:
1ª Turma: à vista R$ 250,00 até 18/06
2 parcelas de R$ 175,00 (1ª até 18/05 e 2ª até 18/06)
2ª Turma: à vista R$ 250,00 até 30/09
2 parcelas de R$ 175,00 (1ª até 24/09 e a 2ª até 22/10)
INFORMAÇÕES ADICIONAIS :
Núcleo Interdisciplinar de Estudos Ambientais e Desenvolvimento (NIEAD)
Prédio do CCMN, Bloco D, Sala 02 - Cidade Universitária - Ilha do Fundão
Tel/Fax: (21)2598-9495
E-mail:http://www.niead.ufrj.br/[email protected]
Conselho Federal de Química
SAUS - QUADRA 05 - BLOCO I
70070-050 - Brasília - DF
IMPRESSO
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