UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL DIAGNÓSTICO DAS SERRARIAS DO MUNICÍPIO DE LUIS ALVES - SC VOLNEI RODRIGO PASQUALLI BLUMENAU 2007 VOLNEI RODRIGO PASQUALLI DIAGNÓSTICO DAS SERRARIAS DO MUNICÍPIO DE LUIS ALVES - SC Relatório apresentado de ao Estágio Curso Supervisionado de Engenharia Florestal do Centro de Ciências Tecnológicas da Universidade Regional de Blumenau, para a obtenção parcial do título de Engenheiro Florestal. Orientador: Prof. M. Sc Jackson Roberto Eleotério BLUMENAU 2007 Dedico a todos que de qualquer forma contribuíram para que este trabalho se concretizasse em especial aos meus pais Valmar e Adelaide, aos meus irmãos, Jorge e Fernanda e a minha companheira Regiane. 4 AGRADECIMENTO A Deus, fonte de inspiração que me permite vencer os obstáculos da vida. A minha mãe Adelaide, ao meu pai Valmar, ao meu irmão Jorge, a minha irmã Fernanda e a minha namorada Regiane pelo apoio e incentivo; Aos professores que me passaram o conhecimento e as diretrizes para o sucesso da vida profissional; A Prefeitura Municipal de Luis Alves, por ter aceitado o pedido de estágio e a todos os funcionários que contribuíram para a realização deste trabalho, em especial ao Sr. Eduardo Gielow, advogado, ao Sr. Nélio Luciani, secretário da Agricultura e Meio Ambiente Municipal e ao Sr. Rogério José da Rocha, engenheiro agrônomo e supervisor das atividades desenvolvidas no estágio; Ao professor Jackson Roberto Eleotério por ter me orientado no estágio e no desenvolvimento deste relatório; Aos amigos que sempre estiveram batalhando juntos para vencer os desafios e as dificuldades. 5 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – PREFEITURA MUNICIPAL ..………………………………………………… 10 FIGURA 2 – SECRETARIA DA AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE (SAMA) ........... 11 FIGURA 3 – MAPA DE LOCALIZAÇÃO E DA ÁREA DE ESTUDOS ........................... 12 FIGURA 4 – DISTRIBUIÇÃO DOS COMUNICADOS ……………………………………. 19 FIGURA 5 – MAPA DE LOCALIZAÇÃO DAS SERRARIAS ......................................... 23 FIGURA 6 – PALLET E EMBALAGEM PARA TRANSPORTE DE BANANA .............. 33 6 SUMÁRIO 1 2 INTRODUÇÃO..........................................................................................................9 1.1 INSTITUIÇÃO ONDE FOI REALIZADO O ESTÁGIO .......................................10 1.2 MUNICÍPIO ......................................................................................................11 OBJETIVOS............................................................................................................13 2.1 OBJETIVO GERAL ..........................................................................................13 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................13 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................14 4 METODOLOGIA .....................................................................................................16 5 4.1 SERRARIAS ....................................................................................................16 4.2 QUESTIONÁRIO..............................................................................................16 4.3 DISTRIBUIÇÃO DOS COMUNICADOS ...........................................................18 4.4 ENTREVISTA ..................................................................................................19 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................21 5.1 SERRARIAS ....................................................................................................21 5.2 FUNCIONÁRIOS E FAIXA SALARIAL .............................................................22 5.3 LOCALIZAÇÃO ................................................................................................23 5.4 FATURAMENTO..............................................................................................24 5.5 REFLORESTAMENTOS..................................................................................24 7 5.6 ORIGEM DA MATÉRIA-PRIMA........................................................................25 5.7 DIMENSIONAMENTO DAS SERRARIAS........................................................27 5.8 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS .....................................................................28 5.9 PROCESSAMENTO ........................................................................................29 5.9.1 Estoques ......................................................................................................29 5.9.2 Diâmetro das toras .......................................................................................29 5.9.3 Rendimentos ................................................................................................30 5.9.4 Resíduos ......................................................................................................31 5.9.5 Produtos .......................................................................................................32 5.10 DESTINO DOS PRODUTOS ...........................................................................33 5.11 DIFICULDADES...............................................................................................35 6 CONCLUSÃO .........................................................................................................36 7 RECOMENDAÇÕES...............................................................................................37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................38 ANEXOS ........................................................................................................................40 ANEXO I - COMUNICADO..........................................................................................40 ANEXO II - QUESTIONÁRIO ......................................................................................41 ANEXO III – COORDENADAS GEOGRÁFICAS DAS SERRARIAS ...........................43 8 1 INTRODUÇÃO O setor madeireiro sempre esteve presente nos diversos momentos da história nacional e mundial. Sua importância cresceu e cresce de acordo com a demanda ascendente em função da sua utilização nos mais variados usos, desde móveis e essências, até fonte de energia para grandes empresas. A globalização da economia contribuiu ainda mais com o acirramento da concorrência entre as empresas de base florestal. Cada qual passou a preocupar-se tomando decisões no sentido de tirar o máximo proveito da matéria-prima disponível e aperfeiçoar o processo produtivo. Os objetivos das empresas passam a ser o baixo custo e a alta qualidade, definindo quem permanece no mercado. O uso de produtos madeiráveis tende a ser cada vez mais adequado. Isto se deve ao aumento das exigências dos consumidores conscientes da nova realidade e da preservação de um conjunto de valores singulares de cada cultura e da maior responsabilidade de cada um, para com o todo (Giustina, 2001). A região sul do Brasil merece lugar de destaque por se tratar de estados onde houve grande exploração de espécies florestais nobres, tais como o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), canela preta (Ocotea catharinensis) e canela sassafrás (Ocotea odorifera). Esta intensa exploração, contribuiu para o surgimento do setor madeireiro nos estados sulistas do país que por sua vez, adaptou-se para nova realidade de fonte de matéria-prima baseada em espécies exóticas dos gêneros Pinus spp e o Eucalyptus spp. Estes, por sua vez, assumiram um papel fundamental no cenário do setor florestal, substitundo quase a totalidade das espécies nativas devido as restrições legais de exploração e a superioridade de produção. Atualmente, grande parte das micro e pequenas empresas encontram dificuldades neste novo mercado competitivo, exigente e que requer alta produtividade. No Município de Luis Alves existem inúmeras serrarias, em geral de empresas de pequeno porte. Preocupado com a atual situação das mesmas, a Prefeitura Municipal, através da Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente promove o desenvolvimento do presente estágio a fim de diagnosticar detalhadamente os maiores 9 problemas enfrentados, bem como, as potencialidades do setor. A disparidade e a falta de informações das atividades desenvolvidas no setor madeireiro do município justificam a necessidade do desenvolvimento do presente trabalho que abordará de forma coordenada os aspectos quantitativos e econômicos coletados através de questionário “in loco” servindo de base para futuras decisões gerenciais tanto do ponto de vista empreendedor quanto da esfera sócio-política. 1.1 INSTITUIÇÃO ONDE FOI REALIZADO O ESTÁGIO A Prefeitura Municipal de Luis Alves foi fundada em 18 de Julho de 1958, localiza-se no baixo vale do Itajaí, litoral norte de Santa Catarina, fazendo parte da região administrativa da Associação dos Municípios da Região da Foz do Rio Itajaí (AMFRI). Figura 1 – Prefeitura Municipal A gestão da Prefeitura Municipal conta com sete secretarias; a Secretaria da Educação, Secretaria da Saúde, Secretaria de Finanças, Secretaria de Administração, Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente, Secretaria de Obras e a Secretaria de Turismo. Os Conselhos da Saúde, Assistência Social, Infância e Adolescente, 10 Educação, Transporte Escolar e Merenda, também fazem parte da gestão administrativa do município. Atualmente a Prefeitura conta com um total de cento e setenta e quatro funcionários nos diversos setores. Figura 2 – Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente (SAMA) O estágio iniciou em fevereiro de 2007 e terminou em junho do mesmo ano. Foi desenvolvido nas dependências da Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente (SAMA), localizada no parque de eventos municipal. O supervisor de estágio, Eng. Agr. Rogério José da Rocha é funcionário da Prefeitura Municipal e atua nas áreas agrícolas, florestais e ambientais, bem como, atendendo as necessidades cabíveis de licenciamentos e autorizações de projetos no município. 1.2 MUNICÍPIO O município de Luis Alves detém uma área de 260,3 km², com localização geográfica nas coordenadas Latitude 26º 42’ 17” e Longitude 48º 55’ 51” e altitude média de 63 m acima do nível do mar. Sua distância da capital Florianópolis é de aproximadamente cento e quarenta quilômetros. Limita-se, ao norte com Barra Velha e 11 São João do Itaperiú, ao sul com Ilhota, a leste com Navegantes e Piçarras e a oeste com Gaspar, Massaranduba e Blumenau. Figura 3 – Mapa de localização e da área estudos. Luis Alves apresenta beleza em suas paisagens destacando sempre a natureza, levando o título de "O Paraíso Verde do Vale". O clima é do tipo Temperado quente, com temperatura média entre 16ºC e 28ºC. Sua população é de aproximadamente 9.200 habitantes, em geral, de etnias alemã, açoriana, italiana, polonesa e francesa. 12 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL O presente trabalho tem como objetivo geral diagnosticar e destacar a importância das serrarias do Município de Luis Alves – SC. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Os objetivos específicos são: Elaborar um banco de dados das serrarias do município; Quantificar o volume de madeira processada no município, bem como, o faturamento do setor; Identificar a origem e o destino da madeira; Analisar as características estruturais e logísticas das unidades serrarias; Diagnosticar as maiores potencialidades e os maiores problemas do setor. 13 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Mais de sessenta por cento da área do território nacional está coberta por florestas naturais e plantadas. Esta extensa área florestal mostra o enorme potencial do país para a fabricação de produtos de madeira, dentro os quais destaca-se a madeira serrada (ABIMCI, 2004) O setor de base florestal é um dos mais importantes do país, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente, o setor de base florestal participa com 3,1% do Produto Interno Bruto nacional e o setor das indústrias de madeiras processada mecanicamente representa aproximadamente 1,0%. Nas serrarias, em geral, o fator rendimento é fundamental para o sucesso e a viabilidade da atividade, Júnior, et al (2005), determinou o rendimento do desdobro convencional de 100 toras de Pinus taeda em cinco classes diamétricas que variou de 35,24% a 43,92% de aproveitamento. A indústria de processamento primário de madeira deve produzir madeira serrada de qualidade, aproveitando, ao máximo, a matériaprima, a fim de obter uma maior rentabilidade. Para alcançar esta meta, deve-se controlar a eficiência do aproveitamento do produto principal, determinada como rendimento, bem como a capacidade produtiva e os custos de produção de madeira serrada. O rendimento ou porcentagem de aproveitamento é a relação entre o volume de madeira serrada produzido e o volume de toras produzido (REVISTA DA MADEIRA). Nos resíduos das diferentes indústrias madeireiras, o volume pode ser determinado através da relação input matéria-prima output produtos (PATZAK, 1977). O estado de Santa Catarina desempenha um papel importante no contexto florestal histórico do país. E o setor madeireiro é um dos mais tradicionais na economia do Estado concentrando-se principalmente na região do planalto Norte e Serrano 14 (INBUSINESS, 2002). A participação dos produtos de madeira serrada corresponde por 29,8% dentre os demais produtos fabricados no estado de Santa Catarina (celulose de fibra longa, pasta de alto rendimento, aglomerado, compensado e outros), ou seja, 3.092.014 m³ de madeira, só perdendo para celulose de fibra longa que representa 52,4% do total (ABIMCI, 2004). O nível tecnológico na industrialização da madeira está diretamente ligado à capacidade de investimento. A falta de capital implica no uso de sistemas e equipamentos inadequados à obtenção de bons rendimentos e qualidade (AMBIENTE BRASIL, 2007). A secagem é uma etapa indispensável no processo de industrialização da madeira serrada, pois melhora sua estabilidade dimensional, aumenta a resistência mecânica e melhora suas propriedades físicas, térmicas e acústicas (ABIMCI, 2004). De modo geral, as serrarias e estabelecimentos industriais, micro e pequenas empresas, representam em torno de 88% do total de estabelecimento registrados e detém uma média de 19 funcionários (IPT, 2002). O porte das serrarias é classificado em função do seu respectivo faturamento. De acordo com a Lei Nº 9841, de 5 de Outubro de 1999, as empresas que obtém a receita bruta anual até R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) são classificadas como microempresas e empresas de pequeno porte. 15 4 METODOLOGIA 4.1 SERRARIAS As primeiras atividades efetuadas foram o levantamento e localização das serrarias do município. Com auxilio de uma lista de contribuintes municipais, foi possível obter informações básicas, tais como, nome e endereço de todas as unidades registradas. As demais madeireiras foram localizadas e incluídas na pesquisa durante o processo de entrevistas, isto é, ao final de uma determinada entrevista, interrogava-se o entrevistado a fim de localizar a madeireira mais próxima do local. Este método se mostrou eficiente como complemento das informações obtidas pelo método das listas de contribuintes municipais. Depois de localizada as serrarias restantes, as mesmas foram adicionadas ao banco de dados cadastral da pesquisa. Com este método acredita-se que todas as madeireiras com atividade no município foram cadastradas no banco de dados, contribuindo ainda mais com a significância da pesquisa. Foram cadastradas trinta serrarias no município de Luis Alves e também foi possível observar a existência de várias outras unidades que utilizam madeira como fonte de matéria prima, porém, com características distintas. Estas utilizam madeiras já desdobradas, ou seja, são pequenas empresas fabricantes de caixas para embalagens de banana que utilizam as madeiras já desdobradas para produção das mesmas. Para a elaboração do presente trabalho, foi cadastrado e contabilizado somente as serrarias que utilizam madeiras em toras como fonte de matéria prima. 4.2 QUESTIONÁRIO O presente estudo é elaborado e fundamentado com base ao questionário que serviu de ferramenta fundamental para a coleta e padronização dos dados. A elaboração do questionário está diretamente ligada às características intrínsecas do setor madeireiro do município de Luis Alves. Todas as serrarias do município 16 receberam previamente um comunicado explicativo do projeto, bem como, eventuais esclarecimentos. Isto contribuiu para que o projeto obtivesse maior credibilidade e transparência, fator fundamental para a obtenção de dados verídicos posteriores. Os modelos do comunicado e do questionário estão anexos ao final do relatório. Todas as informações obtidas são resultados das entrevistas efetuadas “in loco” com proprietários ou responsáveis pelas serrarias, que contribuíram espontaneamente para desenvolvimento do presente relatório de forma a proporcionar a maior confiabilidade e precisão nos resultados. Estas informações são de vital importância para a pesquisa, pois os resultados estão diretamente ligados e dependentes das informações obtidas. É importante relatar que a receptividade dos proprietários e responsáveis foi muito além das expectativas, isto é, caracteristicamente o setor madeireiro atual é resultado de uma pequena evolução das serrarias tradicionalmente familiares de pequeno porte. Inicialmente, este tradicionalismo foi motivo de preocupação quanto às omissões e sub-estimativas de dados importantes, porém, pode-se observar que houve uma compreensão por parte dos proprietários no sentido desta pesquisa servir como ferramenta para o próprio setor contribuindo para o auto conhecimento coletivo. Suas potencialidades, sua estrutura coletiva e suas maiores dificuldades ainda não estudadas tecnicamente resultam num setor ainda desorganizados e desordenado do ponto de vista geral. O questionário continha todos os embasamentos necessários para dar suporte a entrevista de forma coordenada e lógica, isto é, os tópicos referentes aos dados da empresa, a implantação, origem da matéria prima davam início a entrevista e na seqüência aos dados de estruturas físicas, porte, logística davam continuidade que por fim, destino e produtividade findavam o levantamento. 17 4.3 DISTRIBUIÇÃO DOS COMUNICADOS O comunicado tornou-se uma ferramenta importante no processo de divulgação e esclarecimento para com os proprietários e responsáveis das madeireiras, bem como, serviu de apoio para próxima etapa da efetiva entrevista. No momento de distribuição dos comunicados nas unidades das serrarias, foram levantados os pontos de coordenadas geográficas com o auxilio de um GPS de bolso para posterior elaboração de um mapa ilustrativo da localização das mesmas. E também foi fornecido todo tipo de informações referentes ao projeto, a fim de motivar os envolvidos a participar da pesquisa que servira de importante ferramenta fomentadora de conhecimento, valorização e contribuindo para o fortalecimento do mesmo. No ato da distribuição dos comunicados, um levantamento fotográfico com imagem panorâmica da empresa foi efetuado sempre que permitido, bem como, a coleta de informações, tais como; nomes, telefones e endereços para cadastro e especialmente para posterior agendamento das entrevistas. A distribuição dos comunicados deu-se entre meados do mês de Fevereiro e 20 de março. Durante a distribuição dos comunicados, houve apenas seis proprietários que se disponibilizaram prontamente para efetuar as entrevistas neste momento. Os comunicados foram entregues para quarenta e oito unidades que utilizam madeiras em toras e desdobradas como fonte de matéria prima. Destas, duas unidades encontravam-se recentemente desativadas, outras duas não aderiram à pesquisa e quatorze unidades não serão analisadas neste projeto por utilizar madeiras já serradas como fonte de matéria prima. Das unidades que não aderiram à pesquisa, apenas uma utiliza madeiras em tora como fonte de matéria prima, isto é, num total de trinta e uma unidades, o índice de abstenção foi de apenas 3,2 %. A figura seguinte mostra a localização de todas as serrarias que receberam o comunicado. 18 Figura 4 – Distribuição dos comunicados 4.4 ENTREVISTA As entrevistas pré-agendadas facilitaram o processo de coleta de dados proporcionando maior comodidade para o entrevistado e o entrevistador. Os horários das entrevistas foram estabelecidos de acordo com as disponibilidades de cada serraria, o que dificultou expressivamente o desenvolvimento da pesquisa em detrimento aos restritos números de entrevistas agendadas no período matutino prédeterminado para o desenvolvimento do estágio. Portanto, os horários preferenciais foram antes das oito horas, no intervalo do almoço e após o expediente de trabalho. As entrevistas “in loco” foram conduzidas de forma informal, tornando-se de certa forma, uma conversa, onde foram abordados vários assuntos inerentes à 19 atividade, em especial os efetivos interesses da pesquisa. O tempo médio necessário para cada entrevista foi de aproximadamente vinte minutos e a realização do levantamento de dados ocorreu entre 20 de março a 20 de abril de 2007. Ao iniciar a conversa, o entrevistador fazia uso de um breve resumo do objetivo da pesquisa e sua importância para contribuir ainda mais na obtenção de dados confiáveis através das informações fornecidas. As entrevistas ocorreram de forma aleatória no município, de modo que ao final de uma determinada entrevista, haja outra pré-agendada localizada numa localidade relativamente distante, implicando em aumento de custos operacionais e expressivo aumento da duração do levantamento. 20 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 SERRARIAS De acordo com as tabelas abaixo, foram cadastradas trinta serrarias no município que utilizam madeira em tora como fonte de matéria prima. Tabela 1: Serrarias Nº EMPRESAS BAIRRO ENTREVISTADO CARGO 1 Valdemar Reichert Alto Máximo Valdemar Reichert Proprietário 2 Madereira Will Laranjeiras José Alberto Will Proprietário 3 Valdir Bompani Braço Direito Valdir Bompani Funcionário 4 Maria de Lurdes Gans Madeiras - ME Rio do Peixe Maria de Lurdes Gans Proprietária 5 José Mauri Zimermann Laranjeiras José Mauri Zimermann Proprietário 6 Marcelo Eduardo Henning Wust LTDA Centro Marcelo Eduardo H. Wust Sócio 7 Indústria e Comércio de Madeiras Lau LTDA Braço Direito Lauro Orlando Rossi Proprietário 8 Indústria de Madeiras Erigil LTDA ME Braço Direito Erivelton Bompani Sócio 9 Serraria Pasquali Laranjeiras Vilto Ademar Pasquali Proprietário 10 Indústria e Comércio de Madeiras Balsaneli LTDA Máximo Anderson Balsaneli Proprietário 11 Ivã Rubens Luçolli LTDA Baixo Canoas Antônio Luçolli Proprietário Ronaldo Tiedt 12 Tiedt Comércio e Representações LTDA Serafim 13 Indústria e Comércio de Madeiras Cel LTDA ME Ribeirão do Padre Gilmsar Herb Proprietário 14 Tomé Madeiras ME Alto Canoas Tomé José Valdrich Proprietário 15 Indústria e Comércio de Madeiras Kreff LTDA Laranjeiras Bernardo Kreff 16 Antônio Francisco Müller Ribeirão do Padre Antônio Francisco Müller Proprietário 17 Indústria e Comércio de Móveis Logear Braço Elza Arlindo Gorges Proprietário Olávio Finasse Sócio 18 Indústria e Comércio de Madeiras Hoffmann LTDA ME Serafim Sócio Funcionário 19 Roseli Terezinha Provesi Soares ME Ribeirão do Padre Oracides Soares Proprietário 20 Olindio Haskel Braço Elza Proprietário Olindio Haskel 21 Serramaiss ME Vila Nova Luisa Edite Müller Maiss Proprietário 22 Indústria e Comércio de Madeiras Jumüller LTDA Braço miguel José Brás Müller Proprietário 23 W.V. Campigotto Ind. e Com. de Madeiras LTDA ME Garuva Valdinei Campigotto Proprietário 24 V.C. Schweitzer CIA LTDA Baixo Canoas Valdir Schveitzer Proprietário 25 Indústria e Comércio de Madeiras Reichert LTDA ME Rio do Peixe Adilson Reichert Proprietário 26 Indústria e Comércio de Medeira Baixo Máximo LTDA Ribeirão Máximo Silvio Ranghett Proprietário 27 Ind. e Com. Rech e Desdobramento de Madeira LTDA Braço Elza Valberto Rech Sócio 28 Indústria e Comércio de Madeiras Schweitzer LTDA Antônio Carlos Schveitzer Sócio Baixo Canoas 29 N.J. Reichert & CIA LTDA ME Rio do Peixe Nilson José Reichert Proprietário 30 Valfredo Schweitzer Baixo Canoas Valberto Schweitzer Proprietário 21 As unidades serrarias da tabela 1 estão organizadas em função do volume médio processado anualmente, crescendo da menor (número um), para a maior (número trinta). As coordenadas geográficas das serrarias estão em anexo. É importante ressaltar que em nenhuma das serrarias houve assistência técnica no momento da implantação para planejamentos, logísticas, capacidades de produção, etc. Esta característica evidencia a atual deficiência tecnológica e de rendimento operacional na cadeia de custódia das empresas no município. 5.2 FUNCIONÁRIOS E FAIXA SALARIAL Os funcionários contabilizados são todos os trabalhadores fixos, independente de registros. Nos casos de serrarias com uso de mão-de-obra familiar, contabilizaramse todos os trabalhadores, porém, os proprietários ou sócios que participam do prólabore não são contabilizados. Tabela 2: Números de funcionários e faixa salarial Nº. de Funcionários Faixa Salarial (R$/mês) Critérios Total R N.R. < 500 500 – 900 901 – 1300 1301 – 1700 > 1700 Médio 5,8 5,5 3,0 4,2 5,0 2,3 1,5 2,0 TOTAL 175 142 33 25 129 16 3 2 Legenda: R: Registrados e N.R.: Não Registrados O número total de funcionários nas serrarias são 175, dos quais, 81% são registrados e 19% trabalham sem registro. O número de funcionários por serrarias varia de 2 a 12 funcionários e a média se manteve em 5,8 funcionários por unidade serraria. A grande maioria dos funcionários (74%) se enquadra na faixa salarial que varia de R$ 500,00 a R$ 900,00, seguido das classes < R$ 500,00 (14%) e as demais somam 12%. 22 5.3 LOCALIZAÇÃO De modo geral, as madeireiras estão localizadas nas áreas de fácil acesso, ou seja, próximo de estradas e rodovias principais facilitando o tráfego de caminhões e cargas pesadas. A figura abaixo ilustra a localização das serrarias no município bem como a produção anual média dividida em três classes. Figura 5 – Mapa de localização das serrarias A figura acima ilustra também as principais rodovias e estradas que servem de vias de acesso ao município. Pode-se observar que metade (15 serrarias) estão 23 localizadas a menos de 1 km de distância das principais vias. 5.4 FATURAMENTO As serrarias do município de Luis Alves são de pequeno porte, porém são numerosas, isto reflete no montante faturado anualmente conforme tabela abaixo: Tabela 3: Faturamento anual das serrarias Parâmetros Médio TOTAL Faturamento anual (R$) 788.433,30 22.653.000,00 O total faturado anualmente pelo setor, supera vinte e dois milhões de reais. Os faturamentos variam de vinte mil a quase dois milhões de reais por serraria e a média supera setecentos e oitenta mil reais. Estes valores comprovam a importância que o setor exerce no município. Os valores de faturamento foram estimados pelos proprietários e responsáveis das serrarias em função da produtividade média mensal, multiplicada pelo valor médio unitário produzido mensalmente e posteriormente multiplicado por doze para obtenção dos valores anuais. De acordo com a legislação, as serrarias analisadas classificam-se em micro e pequenas empresas, sendo que os faturamentos médios anual das empresas não ultrapassam R$ 1.200.000,00, segundo os entrevistados. 5.5 REFLORESTAMENTOS Apesar das serrarias dependerem diretamente da disponibilidade de matéria prima proveniente de reflorestamento, o total das áreas reflorestadas pelas serrarias não contribui para a sustentabilidade das mesmas. 24 Tabela 4: Reflorestamentos das serrarias Fatores Eucalyptus Pinus Sub-total Em Área Atual de Efetivo Plantio (ha) 0-5 anos 149,9 48,8 198,8 5 - 10 anos 54,0 15,8 69,8 função da 10 - 15 anos 87,1 49,2 136,3 expressiva 15 - 20 anos 60,0 0,0 60,0 473,8 insuficiência 20 - 25 anos 0,0 4,0 4,0 de > de 25 anos 0,0 5,0 5,0 Árvores plantadas (Nº) 526700 173700 700400 reflorestamentos e da insustentabilidade, custos com fretes, investimentos em frotas de caminhões para transporte de madeira, motoristas, entre outros, tendem a aumentar consideravelmente os custos gerando problemas de viabilidade financeira e comercialização do produto final. É possível observar 42% do total de áreas reflorestadas encontra-se com idades de zero a cinco anos, ou seja, quase a metade da área total são plantios recentes e não estão disponíveis para produção. Mais adiante veremos que o maior volume consumido pelo setor é do gênero Pinus, porém, o gênero predominante nos plantios efetuados pelas serrarias é o Eucalyptus com a participação de 65% da área total reflorestada. 5.6 ORIGEM DA MATÉRIA-PRIMA A distância da fonte de matéria prima é muito importante do ponto de vista logístico e financeiro. Foi considerado para efeito de padronização de características, somente as matérias primas em estado bruto, ou seja, em forma de toras, as unidades serrarias com fontes de matérias primas desdobradas não são contabilizadas como já relatado anteriormente. Os volumes, bem como suas respectivas distâncias estão organizados por fornecedores, espécies e percentagem de acordo com a tabela abaixo: 25 Tabela 5: Origem e distância da fonte de matéria-prima VOLUME (m³/ano) Fornecedor Pinus Eucalyptus Nativas TOTAL spp spp Próprio Mobasa Terceiros Comfloresta Klabin Rigesa Tupi 0,0 480 65664 0,0 4224 35204 31728 480 6408 0,0 240 0,0 0,0 240 74,6 (%) 25,1 (%) (*) Média ponderada da distância 0,0 0,0 408 0,0 0,0 0,0 0,0 0,3 (%) 480 65664 39836 32208 6408 240 240 145.076 (%) 0,3 45,3 27,5 22,2 4,4 0,2 0,2 100 Distância Média (Km) 1,5 283 40 110 263 150 150 176 (*) É possível observar que os fornecedores estão divididos em sete categorias, a categoria “próprio” considera que a fonte de matéria prima utilizada na serraria seja da mesma organização. A categoria “terceiros” considera que a fonte de matéria obtida pela serraria dá-se por fornecedores, em geral, pessoas físicas com trabalho autônomo, desconhecendo-se a origem anterior das madeiras. As demais categorias são empresas de maior porte que detêm a maior participação no volume total de matéria prima. As categorias “próprio e terceiros” participam com apenas 27,3% do total de matéria prima consumida, onde, 11% é do gênero Pinus spp, 89% é do gênero Eucalyptus spp e apenas 0,3% são espécies nativas oriundas de manejos florestais para fins de usos em construções em propriedades de produtores rurais. A principal característica destas classes é a distância reduzida devido à quase totalidade dos povoamentos estarem localizados no mesmo município. Os resultados encontrados mostram que 74,6% do total de matéria prima processada pelas serrarias no município de Luis Alves é do gênero Pinus spp, 25,1% é do gênero Eucalyptus spp e 0,3% são espécies nativas totalizando 145.076 m³ de madeira processada anualmente. A média de metros cúbicos processada por mês é de 12.090 m³ de madeira, isto equivale a aproximadamente 600 M³ por dia. A empresa Mobasa (Modo Battistella Reflorestamento S/A), contribui com 26 45,3% do volume total e caracteristicamente, é o fornecedor com maior distância entre os demais fornecedores (283 km). Resultando assim, em um aumento da média ponderada da distância em função do grande volume originário desta mesma empresa. A média ponderada da distância é de 176 km. Vale lembrar que esta é somente a distância entre o ponto de partida até o ponto de chegada e que as distâncias percorridas pelos caminhões são de aproximadamente 352 km, o que implica em altos custos de transportes. Os transportes terceirizados são responsáveis por apenas 14% do volume total de matéria-prima transportada. Foram considerados transportes próprios, todos os fretes efetuados por caminhões da própria serraria. 5.7 DIMENSIONAMENTO DAS SERRARIAS Os dados dimensionais em unidades de área foram estimados considerando o tamanho total da área utilizada pela empresa. Tabela 6: Mensuração aproximada Discriminação Menor área (m²) Média das áreas (m²) Maior área (m²) Área total da empresa 165 3.616 10.000 Pátio 99 3.114 9.400 Estrutura coberta 66 502 2.496 A tabela acima mostra que as áreas de ocupação e utilização das empresas são relativamente pequenas, variando de 165 a 10.000 m². A média das áreas totais é de 3.616 m², sendo que 3.114 m² é a média das áreas de pátio e a média das estruturas cobertas (incluindo depósitos de serragem, serraria, escritórios, depósitos, etc) é de aproximadamente 502 m². Todos os pátios tiveram a mesma função; estocagem de toras, resíduos (casqueiros, refilos e destopo), e de tabuados e sarrafeados. Em alguns casos o pátio é utilizado para secagem da madeira ao ar. Na totalidade dos casos, os pátios são desprovidos de cobertura para proteção solar e de chuvas. 27 5.8 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS Neste item veremos as características das serrarias em função das máquinas e equipamentos, porém, é importante lembrar que dentre todas as serrarias, constatou-se a existência de apenas duas estufas de secagem e talhas e somente um picador e um depósito de madeira serrada. Tabela 7: Máquinas e equipamentos Máquinas e equipamentos Serra fita Serra circular Múltipla Depósito de madeira serrada Destopadeira Refiladeira Empilhadeira Talha Picador Trator Caminhão Estufa de Secagem TOTAL 30 24 24 1 18 13 21 2 1 10 37 2 Todas as serra fitas são do tipo simples, de uma única fita de corte na serra e ocorreu exatamente uma única serra fita para cada serraria. Houve serrarias que não contam com caminhões próprios para transporte das mercadorias, neste caso, esta atividade é terceirizada. O total de caminhões para transporte exclusivo de madeiras é de 37, isto resulta em média de 1,2 caminhões por serrarias. Apenas doze serrarias, apresentaram sistemas de abastecimento de carros porta toras automatizados. Com exceção do carro porta toras, os demais equipamentos são operados manualmente, sem uso se esteiras, correntes, e demais processos automatizados. De modo geral, a tecnologia de processamento adotada nas serrarias não favorece a alta produtividade e a competitividade com empresas de portes maiores. 28 5.9 PROCESSAMENTO 5.9.1 Estoques Os estoques considerados no levantamento são estimados em volume (m³) em ambos os casos, isto é, para a média volumétrica dos estoques de toras e de produtos processados foram considerados os volumes médios permanentes em todas as unidades serrarias, bem como os valores totais são resultados da soma das médias das trinta serrarias. Tabela 8: Estoques Parâmetros Média TOTAL Toras (m³) 67 2.010 Produtos processados (m³) 63 1.890 Entre os produtos processados então contabilizados as embalagens (pallets e caixas para transporte de frutas) em unidades volumétricas de acordo com as informações obtidas nas entrevistas considerado um tempo de permanência superior a 20 dias no estoque, bem como, toda a produção que é submetida à secagem. Esta, por sua vez, corresponde com aproximadamente 30% de todos os produtos processados (14840 m³/ano). Não foi possível determinar as perdas de secagem por rachaduras, empenamentos e outros devido à falta de conhecimentos e informações precisas por meio das entrevistas. 5.9.2 Diâmetro das toras A tabela abaixo demonstra que existe alta variabilidade de diâmetro das toras processadas. As estimativas são obtidas em função da extremidade (ponta) mais fina da tora desconsiderando a espessura da casca. 29 Tabela 9: Diâmetros processado Critérios Mínimo Médio Máximo Diâmetros processados (cm) 10,0 a 25,0 16,5 a 49,9 25,0 a 100,0 Embora os equipamentos, em sua maioria, estejam aptos para processar toras de maior diâmetro, usaram-se padrões estimativos das toras efetivamente desdobradas. A variabilidade nas classes de diâmetro aumentou do mínimo para o máximo em função da grande diferença de porte de equipamentos entre as serrarias. De acordo com os entrevistados, o diâmetro médio das toras influencia diretamente no rendimento independente das espécies utilizadas, conforme podemos encontrar na literatura. 5.9.3 Rendimentos Os rendimentos são resultados da relação entre volume bruto (toras) e o volume de madeira serrada (limpa). Os valores obtidos foram convertidos para metros cúbicos, ou seja, a tabela abaixo demonstra os resultados estimados dos rendimentos obtidos do rendimento de um metro cúbico bruto. Foi necessário converter os valores de unidades estéreo para metro cúbico bruto (tora), para tanto se adotou uma relação de 0,70 como fator de correção adotado. Para estimar o rendimento, dividiu-se a produção serrada (em metros cúbicos) gerada num determinando espaço de tempo (mês, semestre, ano), pelo volume bruto (metros cúbicos em tora), o resultado multiplicado por 100 para obter valores percentuais como mostra a tabela seguinte: 30 Tabela 10: Rendimentos Critérios Mínimo Médio Máximo Pinus spp 30,3 39,9 50,0 Rendimento (%) Eucalyptus spp 33,3 41,8 55,6 Nativas 30,0 30,0 30,0 Os dados de rendimentos são muito importantes, porém, observou-se que grande parte dos entrevistados não detinha valores precisos nem mesmo banco de dados gerenciais. Contudo os valores estimados pelos entrevistados estão relativamente de acordo com a realidade encontrada no setor. O questionário foi elaborado de maneira que seja possível confrontar as informações de rendimento em percentagem com os rendimentos em metros cúbicos estimados pelos entrevistados. Os resultados obtidos através das percentagens estimadas pelos entrevistados mostram que a média ponderada entre os rendimentos das serrarias é de 34% independente das espécies, ou seja, 49.465 m³ do total de 145.076 m³. E o resultado obtido através dos valores de subtração entre volume total de matéria prima e o volume total dos resíduos é significativamente inferior aos 34% mencionados anteriormente, isto é, somente 16.600 m³ anuais correspondente a 11% do volume total. Foi possível observar esta diferença e confirma a falta de controle dos dados no sistema de produção interno das serrarias. 5.9.4 Resíduos Os destinos dos resíduos estão representados na tabela abaixo de acordo com as cidades e o percentual de volumes. 31 Tabela 11: Destinos dos resíduos Cidades Blumenau Indaial Luis Alves Brusque Itajaí Ilhota Massaranduba Volume (m³/ano) 314 314 10542 13906 23630 510 110 49.326 (%) 0,64 0,64 21,34 28,19 47,86 1,09 0,24 100 O total de volume apresentado na tabela acima é o resultado da soma entre a serragem (43%) e os casqueiros, refilos e destopos (57%). Para o calculo, foi utilizada a relação de 34% de rendimento descrito no item anterior. A cidade de Itajaí obtém o maior percentual dos resíduos. Em todos os casos, os resíduos serão utilizados para geração de energia após ser transportados e processados. Em geral os casqueiros, refilos e destopos são acondicionados temporariamente no pátio da empresa até que o volume atinja a capacidade máxima de carga do caminhão que transporta o mesmo para picadores transformando-os em cavacos. As serragens são acondicionadas em depósitos (caixas), a protegida de umidade e permitindo que os caminhões transportadores sejam carregados com facilidade. Os transportes destes materiais são de competência dos clientes, não havendo entregas através de caminhões das serrarias. 5.9.5 Produtos Entre as serrarias analisadas, foi possível constatar seis unidades que desdobram madeiras e utilizam o a produção para fabricação de caixas de madeira utilizadas para o transporte de banana. Porém, os resíduos desta fabricação são irrelevantes quando comparado aos resíduos da tabela 11, sendo assim, não foram desconsiderados. 32 Tabela 12: Proporcionalidade Produtos Sarrafeados Tabulados Pallets Embalagem de madeira para transporte de frutas (%) 10,6 77,4 11,9 0,1 Os produtos mais fabricados em função do volume são os tabulados com participação de 77,4%, seguido dos pallets e sarrafeados que somam 22,5% e por fim, as caixas de banana que contribuem com apenas 0,1% do total de volume. As embalagens estão representadas pela figura abaixo: Figura 6 – Pallet (esquerda) e embalagem para transporte de banana (direita) 5.10 DESTINO DOS PRODUTOS Os principais destinos dos produtos foram classificados pelos estados brasileiros, entre eles está Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Espírito Santo e Minas Gerais. As cidades destinatárias mais comuns do estado de Santa Catarina são: Luis Alves, Barra Velha, Massaranduba, Ilhota, Jaraguá, Itajaí, Blumenau, Florianópolis e Timbó. Para o estado do Paraná e Espírito Santo, a produção destinava-se às cidades 33 de São Mateus do Sul e Cachoeira do Itapemirim respectivamente, nos demais estados, as cidades localizavam-se próximas das capitais e regiões metropolitanas. Tabela 13: Estados destinatários Estados Santa Catarina São Paulo Rio de Janeiro Espírito Santo Paraná Minas Gerais (%) 48,0 28,8 15,7 3,9 3,5 0,2 Distância média estimada (Km) 90 700 1.100 1.500 200 1000 A metade da produção total é transportada até o destino pelas próprias serrarias, esta informação contabiliza os fretes terceirizados pelas serrarias que muitas vezes não possuem caminhões para transporte. É importante lembrar que não houve serrarias exportadoras. A média ponderada das distâncias em função do volume transportado é de aproximadamente 485 Km, isto é, a distância total percorrida pelos caminhões neste caso é de quase 1.000 Km. O setor da construção civil é responsável pela absorção de aproximadamente 78,5% do volume total produzido nas serrarias estudadas. O setor de embalagem que inclui as caixas para transporte de banana e Pallets somados ao setor de móveis contribuem com apenas 21,5% do total. Tabela 14: Proporcionalidade entre os setores Setores Embalagens (Cx. para bananas e Pallets) Moveleiro Construção Civil (%) 15,0 6,5 78,5 De acordo com a tabela 12, podemos observar que os materiais produzidos (sarrafeados e tabulados) destinam-se ao setor da construção civil, moveleiro e aproximadamente 3,0% são acrescidos ao setor de embalagens após o transporte aos destinos constados na tabela 13. 34 5.11 DIFICULDADES Ao final da entrevista, foram registradas as maiores dificuldades e problemas enfrentados nas serrarias do ponto de vista geral. O resultado obtido está representado na tabela abaixo de acordo com a proporção das principais dificuldades ocorridas nas entrevistas. Tabela 15: Maiores dificuldades do setor Maiores dificuldades Inadimplências Insuficiência de capital de giro Insuficiência de assistência técnica Altos custos com fretes Alto custo da matéria-prima Impostos (%) 27,5 25,0 15,0 12,5 10,0 10,0 Conforme a tabela acima, a maior dificuldade encontrada no setor está relacionada com inadimplências. Problema este, extremamente importante, podendo prejudicar a continuidade da atividade e até mesmo resultar em eventual falência da mesma. Aproximadamente 30% dos entrevistados apresentaram ter problemas de capital de giro, em sua maioria, isto se deve ao fato do pagamento da matéria-prima ser efetuado antes do faturamento de sua produção. 35 6 CONCLUSÃO A distância média ponderada da fonte de matéria-prima e dos destinos dos produtos processados, 176 e 485 km respectivamente, é relativamente alta frete ao porte das serrarias e aos custos da própria madeira. O nível tecnológico e a inexistência de acompanhamento técnico especializado dificultam o potencial de competitividade das serrarias analisadas no mercado cada vez mais exigente. A média do rendimento obtido no desdobro de toras das serrarias analisadas se manteve dentro das normalidades encontradas na literatura. A secagem é efetuada em apenas 30% do volume total processado, sendo que 98% deste utilizam o método de secagem ao ar e apenas 2% seca em estufas de secagem. As espécies do gênero Pinus spp participam com 74,6% de toda matéria-prima consumida pelas serrarias do município de Luis Alves. O faturamento de R$ 22.653.000,00 é expressivo e demonstra o potencial de produção e a importância do setor no município. A falta de uma linha de crédito financeiro com taxas de juros e prazos acessíveis contribui com a permanência de empresas com problemas de capital de giro e tecnologias não competitivas. Entre as maiores dificuldades, a inadimplência foi a que mais se destacou ocorrendo em 27,5% das entrevistas. 36 7 RECOMENDAÇÕES Buscar e analisar linhas de crédito específicas para o setor, com taxas e prazos acessíveis. Agregar valores às madeiras processadas através de métodos de secagens. Promover a implantação de reflorestamento no município, com acompanhamento técnico, objetivando a produção de madeira sólida e redução dos custos de fretes e de matéria-prima. Organizar e unificar o setor de serrarias de forma a contribuir com os interesses em comum. Atualização e ampliação contínua do banco de dados desenvolvido neste trabalho para fins de monitoramento e diagnósticos posteriores. 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIMCI; Fluxograma de Produção de Madeira Serrada. Artigo Técnico; Nº 18 – Maio 2004. ABIMCI; Secagem de Serrados e Lâminas de madeira. Artigo Técnico Nº 27– Novembro 2004. ABIMCI; Setor de processamento mecânico da madeira no estado de Santa Catarina. Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal. 2004. AMBIENTE BRASIL; A Industrialização de Produtos Madeireiros. Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br/> Acesso em: 10 abr. 2007. BRASIL. Lei nº. 9841, de 5 de Outubro de 1999. Institui o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, dispondo sobre o tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido previsto nos arts. 170 e 179 da Constituição Federal. Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos, D.O.U. de 6.10.1999. GIUSTINA, M. D. As Madeiras Alternativas como Opção Ecológica Para o Mobiliário Brasileiro. Florianópolis: UFSC, 2001. INBUSINESS; Santa Catarina bate recorde na exportação. Informativo do Centro Internacional de Negócios da FIESC ; Ano 3 – nº 19 – abril de 2002. IPT – INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS; Prospectiva tecnológica da cadeia produtiva madeira e móveis. Divisão de Produtos Florestais – Programa Brasileiro de Prospectiva Tecnológica Industrial, 67 p, Abril 2002. 38 JUNIOR, M. I. M.; ROCHA, M. P.; JUNIOR, R. T.; Rendimento em madeira serrada de Pinus taeda para duas metodologias de desdobro; FLORESTA, Curitiba, PR, v. 35, n. 3, set./dez. 2005. PATZAK, W. Energia da madeira e de resíduos: Estágio atual da pesquisa e da prática na Alemanha ocidental. In: Seminário Floresta: POTENCIAL ENERGÉTICO BRASILEIRO, 1977. p. 73-83. REVISTA DA MADEIRA; Desdobro da madeira de eucalipto na serraria. Nº 75 - ano 13 - agosto de 2003. 39 ANEXOS ANEXO I - COMUNICADO !" # # &# # # ' $ !% # (- # $ % ( () # # % # * . / # + # *, 01 ! ' 2 ' ! Volnei Rodrigo Pasqualli Engenharia Florestal – FURB (47) 33771082 / 99337046 [email protected] 40 ANEXO II - QUESTIONÁRIO Universidade Regional de Blumenau - Departamento de Engenharia Florestal DIAGNOSTICO DO SETOR MADEIREIRO DE LUIS ALVES Cidade: Luis Alves. CEP: 89115-000 Data: / / Empresa: _____________________________________________________________________________________ Endereço: ___________________________________________ Nº _____ Bairro ____________________________ Responsável pela empresa: _______________________________________________________________________ Responsável pelas informações: __________________________________Cargo: ___________________________ Fone: (47) ___________________ FAX (47) __________________ E-mail: ________________________________ Qual o número total de funcionários? Registrados (Nº): Faixa Salarial funcionários: R$ < 500 500 - 900 901 - 1300 Nº de Funcionários Faturamento méd. ano da empresa: R$ _________________ Familiar / Não reg. (Nº): 1301 - 1700 > 1700 Implantação: Houve assessoria/assistência técnica/planejamento? Sim Não FLORESTA: Plantio Próprio: Volume / Nº de árvores Espécie Classe de Idade Área de efetivo plantio M³ st Nº de árvores em hectares 0 – 5 anos 5 – 10 anos 10 – 15 anos Eucalyptus spp 15 – 20 anos 20 – 25 anos Acima de 25 anos 0 – 5 anos 5 – 10 anos 10 – 15 anos Pinus spp 15 – 20 anos 20 – 25 anos Acima de 25 anos Outras Espécies. 0 – 5 anos Qual: 5 – 10 anos 10 – 15 anos 15 – 20 anos 20 – 25 anos Acima de 25 anos ORIGEM DA MADEIRA: Fornecedor ou Próprio 1 2 3 4 Cidade UF Espécie Distancia média (Km) Frete próprio (%) Frete terceiro (%) Vol. ao Ano (M³) 41 SERRARIA: Máquinas (Nº) Serra Serra Múltipla Fita Circular Destopad. Refilad. Empilhad. Picador Trator Caminh. Outro __________ Área total da empresa: __________m² Área total com cobertura: __________m² Área total do pátio: __________m² Pátio coberto: Pátio sem cobertura: Depósito: Descascamento antes do desdobro: Sim Não Diâmetro processado (cm): Min. _____ Máx. ____ Estoque de toras no pátio (M³) ________ Estoque beneficiados aprox. (M³) ________ CX banana (Un) ______ Rendimento obtido no desdobro: Pinus st ou M³ bruto M³ serrado Eucalyptus st ou M³ bruto M³ serrado Percentagem da produção que é seca: _________% Perdas (rachadura, Empenamento, etc): _______ % Métodos: Ao ar Convencional Resíduos / subprodutos Casqueiro/ Refilos/ Destopo Serragem Volume (M³/st ao ano) Acondicionamento Destino (cidade) Uso posterior PRINCIPAIS PRODUTOS FABRICADOS Sarrafo Tabulado Bloco Laminado Compensado Aglomerado CX banana Outros _________ Prod. (%) Distância média (Km) Vol. (M³/ ano) Outro (%) Frete terceir. (%) Não Embalag (%) Frete próprio (%) Sim Papel (%) UF Tem licenciamento ambiental? Constr. Civil (%) Cidade Não Móvel (%) Tem alvará: Sim Destino da madeira: 1 2 3 4 5 Quais as maiores dificuldades encontradas na empresa? 1_____________________________________________________________________________________________ 2_____________________________________________________________________________________________ 3_____________________________________________________________________________________________ Sugestões eventuais para sanar (Investimentos, Organização do Setor, Acompanhamento Técnico, etc)? ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ 1) Coordenada Geog. UTM __________________________ m E, __________________________ m S; 2) Levantamento fotográfico (se possível); 3) Indicação da próxima empresa: ______________________________________ Fone: (47) _____________ 42 ANEXO III – COORDENADAS GEOGRÁFICAS DAS SERRARIAS N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 EMPRESAS Valdemar Reichert Madereira Will Valdir Bompani Maria de Lurdes Gans Madeiras - ME José Mauri Zimermann Marcelo Eduardo Henning Wust LTDA Indústria e Comércio de Madeiras Lau LTDA Indústria de Madeiras Erigil LTDA ME Serraria Pasquali Indústria e Comércio de Madeiras Balsaneli LTDA Ivã Rubens Luçolli LTDA Tiedt Comércio e Representações LTDA Indústria e Comércio de Madeiras Cel LTDA ME Tomé Madeiras ME Indústria e Comércio de Madeiras Kreff LTDA Antônio Francisco Müller Indústria e Comércio de Móveis Logear Indústria e Comércio de Madeiras Hoffmann LTDA ME Roseli Terezinha Provesi Soares ME Olindio Haskel Serramaiss ME Indústria e Comércio de Madeiras Jumüller LTDA W.V. Campigotto Ind. e Com. de Madeiras LTDA ME V.C. Schweitzer CIA LTDA Indústria e Comércio de Madeiras Reichert LTDA ME Indústria e Comércio de Medeira Baixo Máximo LTDA Ind. e Com. Rech e Desdobramento de Madeira LTDA Indústria e Comércio de Madeiras Schweitzer LTDA N.J. Reichert & CIA LTDA ME Valfredo Schweitzer COORDENANAS GEOGRÁFICAS 22 J 706383 m E ; 7038211 m S 22 J 711316 m E ; 7035168 m S 22 J 703808 m E ; 7044096 m S 22 J 713319 m E ; 7041066 m S 22 J 712204 m E ; 7035444 m S 22 J 706295 m E ; 7042670 m S 22 J 704625 m E ; 7042983 m S 22 J 703700 m E ; 7044165 m S 22 J 713500 m E ; 7037136 m S 22 J 707995 m E ; 7039621 m S 22 J 713406 m E ; 7042727 m S 22 J 700302 m E ; 7038100 m S 22 J 710448 m E ; 7042358 m S 22 J 717366 m E ; 7048851 m S 22 J 711236 m E ; 7035102 m S 22 J 711084 m E ; 7042426 m S 22 J 709153 m E ; 7047030 m S 22 J 704614 m E ; 7041613 m S 22 J 710408 m E ; 7042602 m S 22 J 708830 m E ; 7044855 m S 22 J 712857 m E ; 7042059 m S 22 J 708478 m E ; 7045493 m S 22 J 715576 m E ; 7035790 m S 22 J 714125 m E ; 7043390 m S 22 J 715930 m E ; 7039714 m S 22 J 708600 m E ; 7041429 m S 22 J 709087 m E ; 7046885 m S 22 J 714618 m E ; 7043886 m S 22 J 715594 m E ; 7040039 m S 22 J 713882 m E ; 7044414 m S 43