JORNADAS INTERNATIONAIS FICPM - ASSIS - ATELIÊ 2-5 Maio 2013 12 - «O HORIZONTE» OS ASPECTOS PASTORAIS DA COMUNIDADE CRISTÄ PARA ACOMPANHAR OS CASAIS EM DIFICULDADE. QUAL A CATEQUESE MAIS CONVENIENTE? Coordenadores: Cinzia e Aldo Panzia Oglietti – Turim (Itália) CINZIA E ALDO PANZIA OGLIETTI, casados há 34 anos, com dois filhos de 29 e 27 anos. Sempre trabalharam na pastoral familiar, desde que o seu pároco, dois meses depois do seu casamento, lhes pediu para participar na equipa responsável das sessões de preparação para o matrimónio. Viveram várias experiências: equipas de famílias, equipas de suporte ao secretariado da pastoral familiar diocesana, em seguida casal responsável da pastoral familiar da Diocese de Turim, casal responsável regional do Piemonte e Vale d’Aosta. Ex-membros da Assembleia nacional CEI para a família. Organizadores da Escola Regional piemontesa para os operadores de pastoral familiar. Membros da redação da revista “Famiglia Domani”. Em primeiro lugar devemos sublinhar que o acompanhamento dos noivos é muito diferente do dos casais em dificuldade. Há temas em comum, mas o casal em dificuldade tem urgências e condições emocionais diferentes em relação às de um casal de noivos. Estes últimos estão a caminho de alcançar o seu sonho, enquanto que o casal em crise vive os obstáculos que o impedem de o realizar. Dado que o tema deste Congresso é a crise do casal vamos debruçar-nos sobre esta, sabendo que alguns pontos em comum poderão ser válidos também para o acompanhamento dos noivos. O primeiro destes pontos é sem dúvida a atitude do que acompanha, que se põe ao lado do casal, ao mesmo nível, um amigo que não deve julgar mas dar instrumentos para ajudar este casal no seu caminho. É evidente que o acompanhador não deve encontrar-se ele próprio em crise e que deve ter experimentado ele próprio os instrumentos que propõe. É difícil falar de perdão quando não se é capaz de perdoar… Que pastoral se pode pois utilizar para ajudar os casais em dificuldade? É preciso ajudar os casais a abrir os olhos sobre alguns aspectos do conflito, sobretudo para prevenir as crises. 1) Deve-se aceitar os seus próprios limites porque todas as pessoas cometem erros. Sabe-se que alguns matrimónios vão falhar apesar de tudo, sobretudo os que foram mal concebidos desde o início. Mas muitas vezes os noivos parecem estar tomados por uma espécie de delírio de invencibilidade porque pensam: “O nosso casamento jamais falhará”, sem se aperceberem de que a realidade é bem mais dura. 10 2) É preciso educar os casais a viver com o conflito, porque faz parte da vida de relação e por vezes pode mesmo fortificar a união. Então não se deve desencorajar nem abandonar tudo quando o conflito acontece. 3) O casal deve aprender a verbalizar as suas próprias emoções, sabendo que o tom de voz pode magoar o outro, e não procurar alívio «vomitando» sobre o outro tudo o que guarda no coração. 4) É preciso educar para o perdão e para a reconciliação. O perdão não é nosso mas vem de Deus (educarmo-nos a perdoar porque fomos perdoados). Perdoar a alguém significa que o amor pelo outro ultrapassa os comportamentos que nos feriram. Olhar principalmente a ferida e não o autor (ou a razão do comportamento). 5) O conflito leva à crise como o sintoma leva à doença. Deve-se aprender a reconhecer se os conflitos que nascem não são o sinal de qualquer coisa mais complexa que está escondida. Voltemos ao papel do acompanhador. Mariella Piccione faz uma distinção entre o acompanhamento ‘voluntário’ e o acompanhamento ‘profissional’. Ambos têm em comum a atitude de não julgar os outros. Para se ser um acompanhador ‘voluntário’ (o amigo) não são precisas competências acima das nossas possibilidades; é suficiente ser uma presença próxima e silenciosa, disponível, capaz de escutar e de aliviar as tensões. O acompanhador deve também reconhecer os seus limites e saber encaminhar o casal para peritos quando for necessário. O sacerdote é muitas vezes um ponto de referência, por vezes como acompanhador, mas ainda mais como uma “antena” que pode detectar as situações difíceis para as transmitir em seguida aos acompanhadores. O que é mais importante é que se seja ‘próximo’ do casal como o samaritano no Evangelho: ser uma pessoa que escuta os problemas, que dá o seu ombro sobre o qual chorar, que sabe calar-se mas ao mesmo tempo alguém que sabe reconfortar. Em nossa opinião hoje em dia é muito difícil para um casal encontrar pessoas destas. O acompanhador profissional dá uma ajuda qualificada aos casais, mas normalmente está ‘afastado’ do casal, seja porque não o conhece, seja porque o casal tem dificuldades em abrir-se. A fragmentação da vida relacional moderna não ajuda a resolver as dificuldades dos casais: cada família está fechada em si mesma ou apenas se abre com as poucas pessoas com quem convive e quando o casal está em crise ainda se fecha mais. Podemos também reflectir sobre o papel dos sacerdotes, sobre o que este papel deve ser ou deve voltar a ser. No passado o sacerdote estava muito mais ligado à vida das famílias. Poderíamos também pensar como é que a pastoral pode trabalhar para a prevenção das crises familiares, ao princípio caminhando com os noivos, mas também a seguir; quando as famílias se reaproximam da vida da Igreja para os baptismos, os diferentes sacramentos, as exéquias, é uma boa ocasião para conhecer melhor os casais. Haverá novas ideias a colocar sobre a mesa? Cinzia e Aldo Panzia Oglietti 11