Canal – Jornal da Bioenergia – 02/12/2014 Energia solar: fonte ainda é pouco competitiva O Brasil possui no total 2.990 usinas de produção de energia em operação. Somando a capacidade de todas, o país tem 125.679.317 kW de potência de energia instalada. A maior parte desse potencial, um pouco mais de 64%, vem das usinas hidrelétricas. Mesmo sendo um país tropical, pouco se usa o sol para a geração de energia. “O Brasil ainda está engatinhando, mas temos sinais de aprimoramento no uso da energia solar”, afirma o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales. Ano passado, pela primeira vez, o governo realizou um leilão público de compra de energia elétrica proveniente de novos empreendimentos de geração, denominados Leilão “A-3”, que incluem a energia solar. No pregão, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) comprou energia gerada a partir de fontes limpas para ser entregue às distribuidoras em 2016. De energia solar foram disponibilizados 119 novos projetos – desses, 109 fotovoltaicos e o restante heliotérmicos. Os maiores projetos autorizados a participar do leilão, provenientes de energia solar, estão localizados na Bahia e em Minas Gerais. Eles são 18 vezes maiores que as usinas já existentes – situadas no Ceará e no interior de São Paulo – que geram cada um 1MW. “Com o leilão, o Brasil terá bons projetos pilotos de energia solar”, enfatiza Sales. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Anell) tem cadastradas 35 usinas de energia solar, que somam uma produção de 2.785 kW, um valor inexpressivo se comparado aos de outras energias. Bons exemplos A Alemanha, mesmo sendo um país nórdico e com menos insolação, se destaca na geração de energia solar, que é realizada através de painéis instalados nos telhados das casas e condomínios. Na média mensal, as placas fotovoltaicas geraram 10% da energia consumida no País. Uma explicação para o recorde é que desde o ano 2000 o governo oferece subsídio para quem quer instalar placas. O cidadão que faz isso gera sua própria eletricidade e vende o excedente para os vizinhos a preços competitivos. “Nos últimos 30 anos, o custo da produção da energia solar tem caído 5% à medida que o mercado se amplia”, explica o presidente do Instituto Acende Brasil. No Brasil, a geração distribuída ainda precisa de regulamentação. O primeiro ponto é o custo da geração da energia solar. Hoje, no Brasil, a energia solar é três a quatro vezes mais cara que a gerada pelo vento, por exemplo. Um segundo ponto é a carga tributária. O Estado quer cobrar ICMS sobre o valor total de energia não descartando o produzido pela energia solar. Por exemplo, se uma unidade consumir 160 kW de energia, mas produzir mais da metade, ainda assim, o imposto é tarifado acima do valor total, e desconsidera o compensatório. Outro ponto levantado pelo Instituto Acende Brasil é variação da produção por painel solar. “Existe uma variação, que depende da intensidade de luz, assim, a distribuidora de energia precisa ficar disponível para atender a qualquer momento a demanda”, explica Cláudio Sales.