Avaliação da seca de 2013 a 2015 Dr. Gustavo Carlos Juan Escobar Pesquisador do CPTEC/INPE Cachoeira Paulista, 21 de julho de 2015 OBJETIVO Analisar a variabilidade interanual dos principais modos de variação da circulação atmosférica do verão no hemisfério Sul e identificar os padrões sinóticos predominantes durante os verões de 2013 a 2015 associados com a seca no Sudeste do Brasil. ANOMALIAS DE PRECIPITAÇÃO VERÃO - 2013 ANOMALIAS DE PRECIPITAÇÃO VERÃO - 2014 ANOMALIAS DE PRECIPITAÇÃO VERÃO - 2015 PRINCIPAIS FORÇANTES RESPONSÁVEIS PELA OCORRÊNCIA DE CHUVAS NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL DURANTE O VERÃO 1. TÉRMICAS (CALOR E UMIDADE): SISTEMAS CONVECTIVOS INSTABILIDADE. DE MESOESCALA: TORMENTAS ISOLADAS E LINHAS DE 2. DINÂMICAS: SISTEMAS FRONTAIS OCEÂNICOS E CICLONES EXTRATROPICAIS FRACOS COM CARACTERÍSTICAS SUBTROPICAIS ORGANIZANDO FORTE CONVERGÊNCIA DE UMIDADE DA REGIÃO AMAZÔNICA EM DIREÇÃO AO SUDESTE. EPISÓDIOS DE ZONAS DE CONVERGÊNCIA DO ATLÂNTICO SUL (ZCAS) OU DE ZONAS DE CONVERGÊNCIA DE UMIDADE (ZCOU). DIVERGÊNCIA EM ALTITUDE: A FORTE DIFLUÊNCIA DOS VENTOS EM ALTITUDE FAVORECE A INTENSIFICAÇÃO DA CONVERGÊNCIA DE MASSA EM SUPERFÍCIE. Pressão ao nível do mar Escoamento em 850 hPa Escoamento em 250 hPa TRAJETÓRIA PREFERENCIAL DOS SISTEMAS FRONTAIS DURANTE O VERÃO CICLOGÊNESES DURANTE O VERÃO Caroline Vidal, 2010 CLIMATOLOGIA SINÓTICA VERÃO DADOS Dados diários: Reanálise do NCEP da pressão ao nível médio do mar (pnm) Período: Verão (DJF) correspondentes ao período de 1976 a 2015 METODOLOGIA Análise de Componentes Principais (ACP) rotacionadas com uma matriz de entrada de correlação em Modo – T Classificação sinótica RESULTADOS CPs VAR. (%) / CUM. VAR (%) 1 29,1 / 29,1 2 25,4 / 54,6 3 24,3 / 78,9 4 4,2 / 83,1 5 2,9 / 86,0 Modelo ZCAS Modelo ASAS Modelo Frente Qual é a contribuição de cada padrão sinótico com a ocorrência de chuva no Sudeste do Brasil ? Modelo ZCAS/ZCOU: sistema frontal estacionário, cavado ou ciclone extratropical de fraca intensidade (ou ciclone subtropical) favorece a convergência de umidade entre a região amazônica e o oceano Atlântico sul. Em várias ocasiões este padrão sinótico pode gerar um episódio de ZCAS ou de ZCOU, provocando chuva na Região Sudeste. Modelo ASAS: padrão sinótico similar ao campo médio climatológico. A variabilidade do posicionamento do ASAS modula a ocorrência da chuva no Sudeste. Em condições normais, o ASAS fica afastado do continente, permitindo que o aquecimento diurno e o alto conteúdo de umidade do ar sejam os principais responsáveis pela ocorrência de chuva no Sudeste. Em ocasiões o ASAS penetra no continente e sua borda ocidental contribui para gerar subsidência sobre a troposfera média e baixa. Este mecanismo dinâmico inibe a formação de chuva no Sudeste. Modelo Frente: padrão sinótico associado com a ocorrência de uma frente fria clássica localizada aproximadamente entre o centro da Argentina e o Sul do Brasil. Desta maneira a chuva apresenta uma distribuição mais ampla e homogênea sobre a área de influência. Assim, o Sudeste do Brasil pode ficar influenciado por uma ampla área de subsidência forçada que inibe indiretamente a formação de chuva. Esta área de subsidência geralmente está representada por um anticiclone na troposfera média. 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Distribuição anual da variância explicada pelo modelo ZCAS 0,01 0,009 0,008 0,007 0,006 0,005 0,004 0,003 0,002 0,001 0 CP1 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Distribuição anual da variância explicada pelo modelo ASAS 0,01 0,009 0,008 0,007 0,006 0,005 0,004 0,003 0,002 0,001 0 CP2 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Distribuição anual da variância explicada pelo modelo Frente 0,01 0,009 0,008 0,007 0,006 0,005 0,004 0,003 0,002 0,001 0 CP3 Distribuição anual da variância explicada pelos modelos Frente e ZCAS 0,01 0,009 0,008 0,007 0,006 0,005 0,004 0,003 0,002 0,001 Frente ZCAS 2014 2012 2010 2008 2006 2004 2002 2000 1998 1996 1994 1992 1990 1988 1986 1984 1982 1980 1978 1976 0 Distribuição anual da variância explicada pelos modelos ZCAS e ASAS 0,01 0,009 0,008 0,007 0,006 0,005 0,004 0,003 0,002 0,001 ZCAS ASAS 2014 2012 2010 2008 2006 2004 2002 2000 1998 1996 1994 1992 1990 1988 1986 1984 1982 1980 1978 1976 0 CLIMATOLOGIA SINÓTICA JANEIRO OBJETIVO Identificar os principais padrões sinóticos em superfície e altitude sobre o continente sul-americano durante o mês de janeiro. DADOS Dados diários: Reanálise do NCEP da pressão ao nível médio do mar (pnm) e da altura geopotencial em 500 hPa. Período: 1961 a 2015 METODOLOGIA Análise de Componentes Principais (ACP) rotacionadas com uma matriz de entrada de correlação em Modo – T Classificação sinótica RESULTADOS CPs SUPERFÍCIE 500 hPa 1 28,5 / 28,5 30,9 / 30,9 2 3 25,9 / 54,4 25,4 / 79,8 30,1 / 61,0 29,3 / 90,3 4 3,7 / 83,5 5,3 / 95,6 5 3,0 / 86,5 Modelo ZCAS Modelo ASAS Modelo Frente 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Distribuição anual da variância explicada pelo modelo de ZCAS 0,009 0,008 0,007 0,006 0,005 0,004 0,003 0,002 0,001 0,000 CP1H CP1 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Distribuição anual da variância explicada pelo modelo ASAS 0,009 0,008 0,007 0,006 0,005 0,004 0,003 0,002 0,001 0 CPH3 CP3 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Distribuição anual da variância explicada pelo modelo Frente 0,009 0,008 0,007 0,006 0,005 0,004 0,003 0,002 0,001 0 CP2H CP2 CLASSIFICAÇÃO SINÓTICA VERÃO - 2014 e VERÃO - 2015 OBJETIVO Identificar os principais padrões sinóticos em superfície e altitude predominantes sobre o continente sul-americano associados com a seca ocorrida na Região Sudeste do Brasil durante os verões de 2014 e de 2015 ANOMALIAS DE PRECIPITAÇÃO VERÃO - 2014 ANOMALIAS DE PRECIPITAÇÃO VERÃO - 2015 DADOS Dados diários: Reanálise do NCEP da pressão ao nível médio do mar (pnm) e da altura geopotencial em 500 hPa. Período: Dezembro 2013, Janeiro 2014, Fevereiro 2014 Dezembro 2014, Janeiro 2015, Fevereiro 2015 METODOLOGIA Análise de Componentes Principais (ACP) rotacionadas com uma matriz de entrada de correlação em Modo – T Classificação sinótica RESULTADOS 2014 2015 CPs SUPERFÍCIE 500 hPa CPs SUPERFÍCIE 500 hPa 1 36,2 / 36,2 42,8 / 42,8 1 29,3 / 29,3 35,4 / 35,4 2 23,6 / 59,8 37,4 / 80,2 2 25,5 / 54,8 30,2 / 65,6 3 17,7 / 77,5 14,8 / 95,0 3 20,7 / 75,2 29,3 / 94,9 4 5,8 / 83,3 4 6,9 / 82,1 5 3,9 / 87,2 5 5,4 / 87,5 Modelo ZCAS Modelo ASAS 2014 Modelo Frente Modelo ZCAS Modelo ASAS 2015 Modelo Frente Modelo ZCAS 2014 2015 Modelo ASAS 2014 2015 Modelo Frente 2014 2015 DISTRIBUIÇÃO DA VARIÂNCIA EM SUPERFÍCIE MODELO/ANO ZCAS ASAS FRENTE 2014 23,6 36,2 17,7 2015 29,3 25,5 20,7 DISTRIBUIÇÃO DA VARIÂNCIA EM 500 hPa MODELO/ANO ZCAS ASAS FRENTE 2014 37,4 42,8 14,8 2015 35,4 29,4 30,2 DISTRIBUIÇÃO MENSAL DA VARIÂNCIA – VERÃO 2014 ASAS ZCAS FRENTE CP4 CP5 TOTAL 36,2 23,6 17,7 5,8 3,9 DEZ 10,8 7,6 8,3 1,5 2,4 JAN 15,5 6,4 4,4 1,9 1,1 FEV 9,9 9,9 4,9 2,3 0,3 ASAS ZCAS FRENTE TOTAL 42,8 37,4 14,8 DEZ 13,0 13,5 6,3 JAN 16,8 11,6 4,3 FEV 13,0 12,3 4,2 SUP 500 hPa DISTRIBUIÇÃO MENSAL DA VARIÂNCIA – VERÃO 2015 ZCAS ASAS FRENTE CP4 CP5 TOTAL 29,3 25,5 20,7 6,9 5,4 DEZ 9,4 10,5 6,8 2,5 1,2 JAN 10,5 7,6 8,5 2,8 0,7 FEV 9,4 7,4 5,4 1,6 3,5 ZCAS FRENTE ASAS TOTAL 35,4 30,2 29,4 DEZ 11,6 9,9 11,4 JAN 12,8 11,9 8,2 FEV 11,2 8,4 9,8 SUP 500 hPa CONCLUSÕES 1. A climatologia sinótica do verão na América do Sul mostra três padrões sinóticos predominantes que modulam a chuva sobre a Região Sudeste do Brasil: modelo ZCAS, modelo ASAS e modelo Frente. 2. A análise da variabilidade interanual de cada modelo sinótico predominante ao longo dos últimos 40 anos mostra uma diminuição de episódios de ZCAS a partir de 2013, uma maior influência do ASAS durante os últimos 15 anos e um aumento na frequência de episodios de subsidência forzada sobre o Sudeste a partir de 2013. 3. Como era de esperar, a variação interanual do modelo ZCAS apresenta uma relação inversa com o modelo Frente. Isto significa que períodos com preponderância de episódios de ZCAS estão relacionados com períodos de fraca influência de episódios de subsidência forzada sobre o Sudeste. 4. Observa-se uma relação estreita entre o campo de anomalia de precipitação e os 3 padrões sinóticos predominantes. 5. A climatologia sinótica de janeiro na América do Sul é similar à obtida para o verão, tendo os modelos ZCAS, ASAS e Frente como os principais padrões sinóticos. 6. A análise da variabilidade interanual de cada modelo sinótico predominante ao longo dos últimos 55 janeiros mostra um comportamento similar ao obtido para os verões. 7. A análise individual dos verões de 2014 e 2015 mostra que a seca no Sudeste observada durante os janeiros de ambos os anos, está associada com padrões sinóticos diferentes; o janeiro de 2014 dominado pelo modelo ASAS e o janeiro de 2015 influenciado pelo modelo Frente. 8. Os picos máximos e mínimos de variância explicada por cada padrão sinótico ocorridos nos verões de 2014 e 2015 não são atípicos durante os últimos 40 anos. OBRIGADO