AJUSTE DOS PARÂMETROS DE CONTROLADORES SUPLEMENTARES PELO ALGORITMO PARTICLE SWARM OPTIMIZATION UTILIZANDO O MODELO DE SENSIBILIDADE DE CORRENTE EDNEI L. MIOTTO1, ELENILSON V. FORTES2, PERCIVAL B. ARAUJO3. 1. Departamento de Engenharia Eletrônica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Rua Cristo Rei, 19, Vila Becker, 85902-490, Toledo, PR, Brasil 2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – IFG, Rua Riachuelo nº 2.090, Samuel Graham, 75804-020, Jataí, GO, Brasil 3. Departamento de Engenharia Elétrica, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS), Universidade Estadual Paulista – UNESP, Caixa Postal 31, 15385-000, Ilha Solteira, SP, Brasil Emails: [email protected], [email protected], [email protected] Abstract The main objective of this work is the simultaneous and coordinated adjustment manner of the Power System Stabilizers parameters and of the Thyristor Controlled Series Capacitor - Power Oscillation Damping using the Particle Swarm Optimization algorithm. The adjustment is made in order to introduce desired damping rates to the oscillatory modes of low frequency present in the electric power system. This work emphasizes the technique used for modeling of multimachine system here presented as Current Sensitivity Model, based in the Kirchhoff's law for currents. Simulations in a power system midsize were carried and by analysis of the results it appears that the proposed methodology meets the objectives presented in this paper. Keywords Small signal stability, TCSC, Additional controllers, Particle swarm optimization. Resumo O principal objetivo deste trabalho está no ajuste de forma simultânea e coordenada dos parâmetros de Estabilizadores de Sistema de Potência e do conjunto Thyristor Controlled Series Capacitor - Power Oscillation Damping utilizando o algoritmo Particle Swarm Optimization. O ajuste é realizado de modo a introduzir taxas de amortecimento desejadas aos modos oscilatórios de baixa frequência presentes no sistema elétrico de potência. Este trabalho também destaca a técnica utilizada para a modelagem do sistema multimáquinas aqui apresentada como Modelo de Sensibilidade de Corrente, que é baseado na Lei de Kirchhoff para as correntes. Simulações são realizadas em um sistema de potência teste de médio porte e a análise dos resultados comprova que a metodologia proposta atende de forma eficiente os objetivos apresentados neste trabalho. Palavras-chave Estabilidade a pequenas perturbações, TCSC, Controladores suplementares, Particle swarm optimization. 1 Introdução A manutenção de níveis adequados de tensão e frequência, necessários ao bom funcionamento dos equipamentos elétricos, bem como a garantia de entrega de energia elétrica com o menor número de interrupções possíveis, são princípios básicos de um sistema elétrico de potência (SEP) confiável e seguro. O conjunto dos fatores citados garante a estabilidade do SEP e consequentemente a satisfação dos consumidores de energia. A estabilidade está relacionada com o comportamento do SEP quando submetido a uma perturbação. Se a perturbação é de pequena magnitude (por exemplo, variações de carga ao longo do dia que levam a consequentes ajustes de geração) esta é denominada de estabilidade a pequenas perturbações, a qual será o foco deste trabalho (Kundur et al., 2004). Uma pequena perturbação pode ser descrita matematicamente como um pequeno desvio no estado do sistema. Assim, todas as equações que descrevem o sistema podem ser linearizadas em torno de um ponto de equilíbrio e, dessa forma, todas as propriedades aplicáveis à análise de sistemas lineares podem ser utilizadas. Essa característica possibilita representar o SEP por modelos lineares, como por exemplo, o Modelo de Sensibilidade de Corrente (MSC), cujo princípio fundamental baseia-se na aplicação da Lei de Kirchhoff das correntes nos nós em cada barra do sistema, a todo instante (Pádua Junior et al., 2013). A presença de oscilações eletromecânicas de baixa frequência (principalmente as de Modo Local1 e Modo Interárea2) pode comprometer a operação do SEP, motivo pelo qual estratégias de controle para se introduzir amortecimento a estas oscilações devem ser estudadas e aplicadas. Os primeiros passos para o controle dessas oscilações foram dados por DeMello e Concordia (1969), onde foram introduzidos os conceitos básicos para o projeto de Estabilizadores de Sistema de Potência (ESPs). Tais estabilizadores são largamente e efetivamente utilizados para o amortecimento de oscilações eletromecânicas, atuando junto aos reguladores automáticos de tensão (RATs) dos geradores. Desta forma, estes estabilizadores possuem grande atuação nos modos de oscilação local, não atuando de forma eficaz no modo de oscilação interárea. Com os avanços da eletrônica de potência, novos dispositivos automáticos de compensação foram sendo incorporados ao SEP para melhorar seu con1 2 Frequência de oscilação na faixa de 0,7 a 2,0 Hz Frequência de oscilação na faixa de 0,2 a 0,8 Hz trole e torná-lo mais flexível e seguro. São os chamados Flexible AC Transmission Systems (FACTS), em que se destaca o Capacitor Série Controlado a Tiristor (TCSC) (Hingorani and Gyugyi, 2000), (Del Rosso; Canizares; Dona, 2003). Estudos posteriores mostraram que se a este dispositivo for acoplado um controlador Power Oscillation Damping (POD), é possível fornecer amortecimento suplementar às oscilações do SEP, em especial as do tipo interárea (Furini and Pereira and Araujo, 2011). Para que os controladores ESP e o conjunto TCSC-POD desempenhem satisfatoriamente o papel de inserir amortecimento aos modos oscilatórios do SEP, o ajuste de seus parâmetros é de fundamental importância. Diferentes métodos de otimização estão sendo utilizados com sucesso por pesquisadores do SEP para o ajuste de parâmetros de controladores, como uma alternativa aos métodos clássicos. Por exemplo, em Malachi and Singer (2006) é utilizado algoritmo genético para o controle de tensão e potência reativa em barras do SEP. Em Passino (2000) foi apresentado um método de otimização baseado no algoritmo Bacterial Foraging Optimization (BFO) cuja técnica foi utilizada para o ajuste coordenado e simultâneo dos parâmetros de controladores ESPs e TCSC-POD (Menezes; Araujo and Fortes, 2014). Em Jordehi (2015) a alocação de dispositivos FACTS no SEP é realizada utilizando o algoritmo Brainstorm optimisation algorithm (BSOA). Neste trabalho será utilizado para o ajuste dos parâmetros dos controladores um método de otimização baseado no algoritmo Particle Swarm Optimization (PSO) proposto por Kennedy e Eberhart (1995). Este algoritmo vem sendo utilizado em diversas aplicações e se destacando com os resultados obtidos. Em Ravi and Rajaram (2013) o PSO foi utilizado para a localização ótima de dispositivos FACTS no SEP. Em Singh et al. (2014) o PSO é utilizado na solução do fluxo de potência ótimo em dois sistemas testes onde atuam dispositivos FACTS. Neste contexto, este trabalho vem dar sua contribuição utilizando o PSO para ajustar os parâmetros dos dispositivos ESPs e TCSC-POD de forma simultânea e coordenada. Outra contribuição importante e também um diferencial com relação aos trabalhos anteriores está na forma como o SEP e os demais controladores serão modelados, já que este trabalho propõe a utilização do Modelo de Sensibilidade de Corrente (MSC) para este fim. Para a validação da metodologia proposta foram realizadas simulações utilizando-se o software MatLab em um sistema teste considerado de médio porte conhecido como New England. 2 Modelo de Sensibilidade de Corrente para Sistemas Multimáquinas O MSC é uma ferramenta de análise linear para SEPs, sendo que seu conceito fundamental é a aplicação do balanço nodal de corrente, também conhecido como Lei de Kirchhoff das correntes nos nós. Este balanço deve ser satisfeito durante todo e qualquer processo dinâmico no SEP e é aplicado para a obtenção das equações algébricas do referido modelo (Padua Junior et al., 2013). A modelagem multimáquinas pode ser representada conforme equações (1), (2) e (3) em que ∆x representa as variáveis de estado, ∆u as variáveis de entradas e ∆z as variáveis algébricas. As variáveis de estados são representadas pela velocidade angular (∆ω), o ângulo interno do rotor do gerador (∆δ), a tensão interna do eixo em quadratura (∆E’q) e a tensão de campo do gerador (∆Efd). As entradas ∆u são a potência mecânica de entrada (∆Pm) e a tensão de referência (∆Vref) do regulador automático de tensão de cada gerador. A magnitude (∆V) e a fase (∆θ) da tensão terminal das barras do SEP representam as variáveis algébricas ∆z do modelo linear. Desta forma, o SEP pode ser modelado pelo MSC, no domínio do tempo, para um sistema multimáquinas composto por ng geradores e nb barras e os vetores são dados pelas equações (1), (2) e (3). [∆ ∆ = [[∆ … ∆ [∆ …∆ ∆ = [∆ [∆ …∆ ∆" = [[∆# … ∆# …∆ [∆ $ [∆ …∆ 1 …∆ …∆ 2 $ 3 Consequentemente, pode-se representar o seu comportamento dinâmico no domínio do tempo conforme (4), considerando os vetores de variáveis de estado (∆x), de entradas (∆u) e de variáveis algébricas (∆z). ) ∆ & =( )+ 0 )* ∆ / +( -∆ ), ∆" /* (4) A representação no espaço de estados é obtida pela eliminação do vetor de variáveis algébricas (∆z) em (4), resultando em (5). ∆ & = ) − )* ),1 )+ ∆ + / − )* ),1 /* (5) O MSC possui como característica positiva a facilidade de inclusão de novos dispositivos, sendo desnecessária a representação de uma barra infinita. Informações mais detalhadas sobre as equações (1)(5) que representam o sistema de potência multimáquinas modelado pelo MSC podem ser obtidas em Pádua Junior et al. (2013). 3 Modelos Dinâmicos para ESP, POD e para o Dispositivo FACTS TCSC O dispositivo FACTS TCSC é um compensador série que atua reduzindo a impedância da linha de transmissão no qual está inserido e geralmente é representado por um modelo linear de primeira ordem nos estudos de estabilidade a pequenas perturbações (Del Rosso; Canizares; Dona, 2003). A reatância do TCSC pode ser modulada para controlar o fluxo de potência em linhas de transmissão e também contribuir para o amortecimento das oscilações eletromecânicas de baixa frequência (Hingorani and Gyugyi, 2000). Um TCSC basicamente consiste em um compensador série composto por uma capacitância fixa em paralelo com um reator controlado a tiristores, conforme mostrado na Figura 1 (Hingorani and Gyugyi, 2000). Figura 1. Estrutura básica do TCSC. A atuação do dispositivo TCSC não é suficiente para introduzir amortecimento às oscilações de baixa frequência do SEP. Para este fim é necessária a inclusão de controladores suplementares de amortecimento como o ESP (inseridos na malha de controle dos RATs das unidades geradoras) e o POD (adicionado à malha de controle do dispositivo FACTS). Na Figura 2 é apresentada uma estrutura genérica que pode ser utilizada para ambos os controladores ESP e POD. ∆5 k 234 1 + 234 1 + 23 1 + 23* 1 + 23+ ∆6 1 + 23, Figura 2. Estrutura para os controladores ESP e POD. As semelhanças entre os controladores ESP e POD devem-se ao fato de ambos possuírem um bloco de filtro washout, blocos de avanço-atraso de fase e um ganho estático representado por KPSS para o ESP e KPOD para o POD. Como sinal de entrada ∆e para o ESP é utilizada as variações de velocidade angular (∆ωk) do gerador k. Para o POD a entrada escolhida são os desvios do fluxo de potência ativa (∆Pkm) na linha de transmissão de instalação do conjunto TCSC-POD. Quanto às saídas, ∆y, no ESP é a tensão (∆Vs), inserida como sinal adicional à malha de controle do RAT. Para o POD é a variação da reatância (∆XPOD), inserida como um sinal estabilizante no modelo dinâmico do TCSC conforme ilustrado na Figura 3, em que TTCSC é a constante de tempo que representa o atraso inerente do sistema de controle, ∆Xref é o sinal de referência e ∆XTCSC é o valor modulado da reatância do TCSC. A representação do SEP por meio do MSC (dado na equação (4)), incluindo o controlador ESP e o conjunto TCSC-POD, permite realizar a análise da estabilidade a pequenas perturbações. Os parâmetros dos controladores ESP e POD serão determinados de forma simultânea e coordenada pelo algoritmo PSO. ∆: + ∆:;<= + 1 1 + 237898 ∆:7898 Fig. 3. Diagrama de blocos do TCSC. Tais parâmetros consistem em um ganho k e nas constantes de tempo T1, T2, T3 e T4 para cada controlador instalado no SEP. Esses parâmetros, determinados pelo algoritmo proposto, deverão posicionar os autovalores relacionados com cada controlador instalado, na região desejada do plano complexo. Essa região é determinada pelos coeficientes de amortecimento mínimos especificados para cada autovalor. Neste trabalho foi definido para o modo local ξlocal = 5% e para o modo interárea ξinterárea = 10%. A constante de tempo Tw foi especificada em 1 segundo para o POD e 10 segundos para os ESPs. 4 Particle Swarm Optimization A técnica Particle Swarm Optimization (PSO), cuja tradução para o português é Otimização por Enxame de Partículas, foi desenvolvida por Kennedy e Eberhart (1995). Ela se baseia na metáfora do comportamento social que foi concebido a partir de observações de grupos de animais na natureza, tais como bando de pássaros e cardume de peixes. Esta população de indivíduos, mais comumente chamada de partículas, apresenta-se com capacidade individual limitada, porém, com comportamento coletivo inteligente. Durante o processo iterativo, o algoritmo PSO mantém seu enxame com um número fixo de partículas, que representam uma possível solução do problema. Assim, a cada iteração do algoritmo, as partículas movem-se através de um espaço de busca (região N-dimensional) influenciadas por suas melhores experiências anteriores e também pelas melhores experiências de suas partículas vizinhas, na procura pelo ponto ótimo no espaço de busca. Dessa forma, cada partícula se autoavalia, comparando seu desempenho com o restante da população, e imitando apenas aqueles indivíduos com mais sucesso do que ela. Consequentemente, os movimentos através do espaço de busca são guiados pelas melhores avaliações, com a população convergindo para uma melhor solução do problema. A qualidade das soluções é medida por uma função predefinida de aptidão (fitness), que depende das características do problema a ser resolvido. 4.1 Formulação matemática do PSO De modo a direcionar os voos das partículas para regiões mais promissoras do espaço de busca, um coeficiente de inércia > é utilizado pelo algoritmo para aumentar a sua capacidade de busca. Esse fator influencia na ponderação entre as habilidades de exploração local e exploração global das partículas (Shi and Eberhart, 1998). A seleção correta de > também pode impactar na redução do número de repetições para encontrar o valor ótimo. Valores entre 0,8 e 1,20 para o fator de inércia dá ao PSO melhores chances de encontrar o ótimo global com um número moderado de iterações. Neste trabalho o valor de > foi fixado em 0,8 para todas as simulações realizadas. A equação da velocidade agregando o fator de inércia é apresentada em (6). ?@AB = β?@AB + D E A FG@ − @A H + D* E*A FG − @A H (6) O primeiro termo no lado direito da igualdade é chamado componente de inércia e fornece uma memória da direção dos voos anteriores da partícula. O segundo termo é conhecido como componente cognitivo e mede o desempenho das partículas em relação às suas performances anteriores. O último termo é chamado de componente social e mede a performance da partícula Iem relação à sua vizinha. Os coeficientes de aceleração D e D* , juntamente com os valores randômicos E e E* ponderam a influência estocástica dos fatores cognitivo e social da velocidade da partícula, respectivamente. A constante D expressa a confiança da partícula I em si mesma, enquanto que a constante D* expressa o quanto a partícula I confia em sua vizinhança. Segundo Bratton and Kennedy (2007) quando D + D* < 4,0, pode levar o enxame de partículas a uma convergência lenta ou até mesmo não convergir. Porém, se D + D* > 4,0, a convergência do método pode ser rápida e garantida. Este trabalho considerou D + D* = 4,0, sendo que D = D* = 2,0. O tamanho da população do enxame está relacionado com o espaço de busca. Se o tamanho da população é muito pequeno, é mais provável que o algoritmo convirja para um ótimo local. Caso contrário, o tempo para execução do algoritmo se torna muito elevado. De acordo com a literatura, um enxame com 20 a 50 partículas apresenta bons resultados para um grande número de problemas, garantindo uma boa convergência com um tempo computacional razoável (Kennedy and Eberhart, 1995). Neste trabalho foi adotada uma população de 30 partículas e um número máximo de 100 iterações para todos os casos simulados. Na Tabela 1 são apresentados os coeficientes de inicialização do algoritmo PSO utilizados nas simulações. Tabela 1. Valores iniciais das variáveis do algoritmo PSO. População 30 ρ1 2,00 ρ2 2,00 tmax 100 0,80 > Fonte: Dados oriundos da pesquisa. Como as estruturas dos controladores são semelhantes, os seus parâmetros podem ser calculados pelo PSO de maneira similar. Para isso a função objetivo deve fornecer uma medida de proximidade da solução em relação ao conjunto de parâmetros que envolvem o problema (ganhos e constantes de tempo) sendo capaz de orientar para uma boa solução. A função objetivo considerada neste trabalho é descrita pela equação (7) (Menezes; Araujo and Fortes, 2014), calculada a partir do módulo da diferença entre os autovalores calculados N@O e os desejados N@ , sendo PG o número de autovalores de interesse e N@ = Q@ + R @ . Z ST = min X|N@O − N@ | 7 @[ O PSO minimiza a equação (7), sujeita ao conjunto de restrições definidas por (8) que impõem o posicionamento dos autovalores com amortecimento mínimo para cada autovalor, isto é, ]@ ≥ ]@ OZ em que ]@ OZ representa o amortecimento especificado para cada autovalor de interesse (neste trabalho serão especificados 5% de amortecimento para o modo local e 10% para o interárea). A restrição Q@ ≤ 0verifica se todos os autovalores de interesse possuem valores negativos, garantindo a estabilidade do sistema, independente dos parâmetros ajustados (K,T1=T3 e T2=T4) pelo PSO. ]@ ≥ ]@ OZ Q@ ≤ 0 c @ ≤ c ≤ c de 3 @ ≤ 3 ≤ 3 de 3* @ ≤ 3* ≤ 3* de (8) 5 Simulações e Resultados A fim de validar os ajustes dos controladores, ESP e POD pelo PSO, várias simulações foram realizadas em um sistema teste conhecido como New England, modelado pelo MSC e seu diagrama unifilar é mostrado na Figura 4. Este sistema possui 10 geradores, 39 barras e 46 linhas de transmissão e está disposto em duas áreas: a área 1 é representada pelo gerador síncrono 10 e a área 2 pelos demais geradores. Seus dados completos podem ser encontrados em Araujo and Zanetta (2009). O conjunto TCSC-POD foi instalado na linha que interliga as barras 30 e 31, realizando uma compensação fixa de 10% nesta linha. Para a localização do conjunto foram realizadas simulações (não apresentadas no trabalho) baseadas na teoria da distância entre polos e zeros da função de transferência em malha aberta do controlador POD (maiores detalhes podem ser encontrados em Moura et al. (2012)). ESP G5 0,8255 0,1639 ESP G7 0,3322 0,1358 ESP G8 0,6925 0,0857 ESP G9 1,3036 0,1879 TCSC – POD 0,6971 0,1343 Fonte: Dados oriundos da pesquisa. 2,1944 3,4488 1,4750 4,2443 2,3372 Os controladores ajustados com os parâmetros listados na Tabela 4 foram acoplados ao sistema teste, que passou a apresentar os autovalores dominantes mostrados na Tabela 5. Figura 4. Diagrama unifilar: sistema new england. Na Tabela 2 são apresentados os autovalores dominantes (bem como o coeficiente de amortecimento ξ e a frequência natural não amortecida associados) para o ponto de operação considerado como caso base. Nesta situação o sistema New England apresenta 9 modos oscilatórios, sendo oito modos locais e um modo interárea (dentre estes, três modos locais e o modo interárea são instáveis). Tabela 2. Autovalores Dominantes, ξ e – Caso Base. Modo Autovalores hi (Hz) ξ L1 −0,2440 ± R8,3169 0,0293 1,3242 L2 −0,194 ± R8,2654 0,0235 1,3158 L3 −0,269 ± R8,1004 0,0332 1,2899 L4 −0,2076 ± R7,2577 0,0286 1,1556 L5 0,0639 ± R6,8608 −0,0093 1,0920 L6 0,1508 ± R5,9639 −0,0253 0,9495 L7 0,1361 ± R6,3758 −0,0213 1,0150 L8 −0,1170 ± R6,4832 0,0180 1,0320 I 0,0302 ± R3,9080 −0,0077 0,6220 Fonte: Dados oriundos da pesquisa. De acordo com a proposta desse trabalho, controladores ESPs e TCSC-POD foram instalados no sistema teste para se atingir a estabilidade. Além disso, pretende-se melhorar as taxas de amortecimento de forma global, atendendo aos valores mínimos especificados para os modos locais e interárea. Os limites relacionados com as restrições especificadas em (8) são apresentados na Tabela 3, sendo que para a determinação destes valores não foram utilizados métodos adicionas limitando-se apenas a realização de simulações computacionais empíricas. Tabela 5. Autovalores Dominantes, ξ e – Controladores Adicionais em Operação. Modo Autovalores hi (Hz) ξ L1 −0,8829 ± R8,8343 0,0994 1,4130 L2 −0,9755 ± R8,4421 0,1148 1,3525 L3 −0,7353 ± R8,1333 0,0900 1,2997 L4 −0,7792 ± R7,7366 0,1002 1,2376 L5 −0,5554 ± R6,7996 0,0814 1,0858 L6 −0,6142 ± R6,5017 0,0941 1,0394 L7 −2,0236 ± R5,7770 0,3306 1,0402 L8 −0,2004 ± R2,8322 0,0706 0,4519 I −0,3923 ± R3,2642 0,1193 0,5233 Fonte: Dados oriundos da pesquisa. Analisando os autovalores apresentados concluise que o sistema New England tornou-se estável e os critérios de amortecimento para todos os modos oscilatórios foram obedecidos. Esta última afirmação pode ser facilmente visualizada pela análise da localização dos autovalores no plano complexo. Os deslocamentos dos autovalores de interesse da situação denominada caso base (representados por ) para a situação considerando a atuação dos controladores (representados por ∆) são mostrados na Figura 5. Observe que tanto os modos locais quanto o interárea se deslocam para áreas compatíveis com as taxas de amortecimento desejados. Tabela 3. Limites dos Parâmetros dos Controladores ESP e POD. Parâmetros ESP POD 3 lmn − 3 lop 3*lmn − 3*lop 0,10– 1,50 0,04– 0,20 0,10– 1,50 0,04– 0,20 0,10– 5,00 0,10– 5,00 c lmn − c lop Fonte: Dados oriundos da pesquisa. Os parâmetros dos controladores encontrados pelo PSO são apresentados na Tabela 4. Tabela 4. Parâmetros dos Controladores ESP e TCSC – POD. Dispositivo rs = rt ru = rv w ESP G1 0,9275 0,0473 2,0876 ESP G2 0,7071 0,1783 4,2096 ESP G3 1,0184 0,1493 4,8386 ESP G4 0,7372 0,1317 3,6832 Figura 5. Deslocamento dos autovalores após o ajuste dos parâmetros dos controladores ESP e POD. As variações angulares dos geradores 1, 3 e 4 com relação ao gerador de referência (gerador 2), são mostradas na Figura 6. Nesta simulação foi considerada uma perturbação de 0,05G na potência mecânica do gerador 2. Analisando as curvas mostradas conclui-se que os controladores cujos parâmetros foram ajustados pelo algoritmo PSO introduziram amortecimento satisfatório às oscilações de baixa frequência do sistema teste New England. Figura 6. Variação angular dos geradores G1, G3 e G4 após o ajuste dos parâmetros dos controladores ESP e POD. 5 Conclusões Neste trabalho foi apresentada uma técnica de ajuste dos parâmetros dos controladores ESPs e TCSCPOD instalados em um sistema multimáquinas de médio porte que foi modelado pelo MSC. O algoritmo utilizado foi o PSO e este se mostrou uma alternativa eficaz no ajuste simultâneo e coordenado dos parâmetros de controladores suplementares (K,T1=T3 e T2=T4) para um nível de amortecimento desejado. Analisando o modo oscilatório L8 (apresentado na Tabela 5), é importante destacar que este modo é um modo local associado ao gerador 9 embora possua uma frequência típica de modo interárea. Esta afirmação é baseada nos fatores de participação (não mostrados neste trabalho) associados a este modo. Simulações realizadas (e também não apresentadas neste trabalho) indicaram que quando o ganho do ESP deste gerador é alterado (K < 4), sua frequência de oscilação é modificada e permanece dentro dos valores típicos para modos locais. Contudo, isto não deve ser encarado como um problema, visto que o sistema teste atingiu a estabilidade respeitando as taxas de amortecimento especificadas. Agradecimentos A CAPES, Departamento de Engenharia Elétrica da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – UNESP, Instituto Federal de Goiás e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, pelo suporte e apoio financeiro. Referências Bibliográficas Araujo, P. B. and Zanetta, L. C. (2001). Pole placement method using the system matrix transfer function and sparsity. International Journal of Electric Power and Energy Systems 23(3): 173178. Bratton, D. and Kennedy, J. (2007). 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