O Brasil Feito À Mão
Revista
Magazine
Brazil Made by Hand
Artesanato:
cartão postal de
Minas Gerais
Handicraft:
postcard of
Minas Gerais
Ministra Marta Suplicy
fala da importância do artesanato no
desenvolvimento turístico do Brasil
Marta Suplicy, Brazilian Minister of Tourism,
explains the importance of handicraft
for the Brazilian touristic development
Foto/Photo: Walmir Monteiro
Página/Page 34
Ano 1 Nº 3 Novembro 2007
Year 1 Nº 3 November 2007
4
5
Artigo Article
8
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
14
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas Gerais
28
Projetos Projects
30
Feiras e Eventos Fairs and Events
34
Entrevista Interview
38
Mercado Externo Foreign Market
41
Eu Faço I Make
42
Onde Encontrar Where to Find
Edição e Projeto Editorial Edition and Editorial Project
Instituto Centro CAPE / Central Mãos de Minas
Editor Editor
Rodrigo Narciso
Colaboradores Colaborators
Rachel Francine
Daniel Barcelos
Thiago Bernardo
Fabiana Andrade Bernardes Almeida
Fotografia Photography
Walmir Monteiro
Marcus Desimoni
Marcos Vieira - EM
Divulgação - Apex-Brasil
Divulgação - Sebrae Minas
Revisão e Tradução Revision and Translation
Mário Viggiano, MG 05641 JP
Litany Pires Ribeiro
Diagramação e Arte Diagramming and Graphic Arts
w3executiva - Guilherme G. Costa
Gráfica Printing Company
Difusora Editora Gráfica
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Índice / Expediente Index / Expedient
Editorial Editorial
and
Crafts, Tourism,
Por/By: Tânia Machado
O artesanato brasileiro tem se firmado, cada vez mais, como produto
de exportação e tem levado para todo o mundo a nossa cara, nosso
jeito, por meio de cores, formas, matérias-primas, técnicas e criatividade.
E Minas Gerais sintetiza bem a produção artesanal brasileira.
O Estado se destaca pela diversidade de matérias-primas. Aqui
produzimos peças em madeira, ferro, papel marchê, pedra-sabão,
sementes, fibras, entre outras. A preservação das técnicas, repassadas
através das gerações, é uma forte característica da nossa produção.
A criatividade do artesão mineiro e o crescente cuidado com o
processo de produção também fazem com que nossos produtos sejam
singulares. A Central Mãos de Minas e o Instituto Centro CAPE sempre
investiram na profissionalização do artesão. Cursos e palestras auxiliam
o empreendedor no processo de gestão do seu negócio. O Certificado
I.Q.S é outra iniciativa que incentiva uma produção ambientalmente
correta, socialmente justa e economicamente viável.
Tânia Machado
Presidente
do
Instituto
Centro CAPE
É este artesanato que ajuda a movimentar, entre outros setores, o
President of Instituto Centro CAPE
turismo de Minas Gerais. Pesquisa realizada durante a 17ª edição da
Feira Nacional de Artesanato, identificou 72 mil pessoas que saíram do
interior de Minas ou de outros Estados para vir à capital mineira conhecer a produção artesanal de todo o Brasil.
Durante o evento, hotéis, bares, restaurantes, serviços de táxi, entre outros setores, se beneficiam do movimento
gerado durante os seis dias do evento.
De acordo com a ministra do Turismo, Marta Suplicy, o turismo deve gerar, até 2010, R$ 7,7 bilhões em divisas.
Para alcançar este objetivo é fundamental que os governos municipais, estaduais e federal invistam, cada vez
mais, em projetos que dêem visibilidade à produção artesanal. Afinal, no mapa turístico do Brasil o artesanato
merece um lugar de destaque.
Brazilian crafts have become firmly consolidated as export products and have shown to the world our identity and our
ways in the form of colours, shapes, raw materials, techniques and creativity. And Minas Gerais is the synthesis of the
Brazilian crafts production.
The state stands out for the wide variety of raw materials it offers. Here we produce pieces made of wood, iron,
papier-maché, soapstone, seeds, beans, fibbers, just to name a few. The preservation of traditional techniques, passed
down from generation to generation is the strong point of our crafts production.
The creativity of the “mineiro” crafts people and the growing concern with the production process also contribute to
make our products unique. Central Mãos de Minas and Instituto Centro CAPE have always invested in the qualification
of the artisan and courses and lectures have helped the entrepreneur plan the management system of their business.
The I.Q.S Certificate is a further initiative that encourages an environmentally correct, socially fair and economically viable
production.
It is this production that gets tourism, as well as other sectors, going in Minas Gerais. An assessment done during the
17th edition of the Feira Nacional de Artesanato, identified 72 thousand people from the interior of the State of Minas
Gerais and from other states who came to Belo Horizonte to see crafts production from all over the country. During the
six days of the event, hotels, bars, restaurants, taxis, and other services will benefit from the great numbers of people
visiting the city.
According to the Minister of Tourism, Marta Suplicy, tourism industry is expected to bring, until 2010, R$ 7.7 billion
in foreign currency. In order to reach this aim it is vital that the local, state and federal governments invest, more and
more, in projects capable of disseminating crafts production. After all, in the tourist map of Brazil crafts will always take
pride of place.
and
Artesanato, turismo e desenvolvimento humano
Crafts
Human Development
Por/By: Fabiana Andrade Bernardes Almeida*
Nos últimos anos temos assistido ao despertar lento e tardio das populações modernas para os problemas que
elas próprias têm causado ao meio ambiente. Abordagens educativas, pesquisas científicas, novas tecnologias,
legislações, acordos políticos e comunitários começam a frear nosso impulso desenvolvimentista, propondo, senão
uma consciência humana e biocêntrica, ao menos um desenvolvimento centrado nas potencialidades culturais e
ambientais das localidades. É nesse contexto que a convergência entre as atividades de artesanato e turismo pode
favorecer o desenvolvimento humano nos territórios e a redução dos custos ambientais.
Foto/Photo: Walmir Monteiro
Editorial Editorial
Tourism
Oficina Gente de Fibra, em Maria da Fé, Minas Gerais
Gente de Fibra Workshop, in Maria da Fé, Minas Gerais
In the last few years we have witnessed the slow and delayed awareness of the modern society of the problems it has
brought on the environment. Educational approaches, scientific research, new technologies, laws, political agreement and
actions from the communities have started their efforts to bring development race to a halt, by proposing, if not human
and biocentric consciousness, at least a proposal for development rooted in the cultural and environmental potentialities
of the localities. It is within this context that the convergence of crafts and tourism can favor human development in the
territories and reduce environmental onus.
Artigo Article
Turismo e Artesanato
O processo associado ao artesanato oferece uma releitura
do saber-fazer de contextos antigos. Ao resgatar a origem
de práticas artesanais de produção, como ferramentas de
trabalho e modos de vida, o artesanato fortalece a memória
presente no imaginário de populações rurais tradicionais ou,
ainda, pode estimular vocações e hábitos comunitários. Se,
por um lado, a convergência das agendas do artesanato e
turismo aponta para a necessidade do bem-estar humano,
por outro, ela exige ações sistematizadas e coordenadas.
A inserção do artesanato no mercado turístico e vice-versa
nos conduz a um pensar e agir estratégico. Ao passo que os
produtos de artesanato desempenham um papel importante
como indutores do turismo. Este gera um mercado potencial
para os produtos artesanais, principalmente para os que
utilizam de modos tradicionais de produção, pois a vivência
de etapas produtivas apresenta-se como atrativo turístico
altamente valorizado pelo turista consciente. O contato do
turista com o ambiente produzido oferece outros elementos
que agregam valor ao produto artesanal comercializado,
além de gerar crescimento pessoal a quem interage com tal
ambiente. A visualização da reciprocidade entre artesanato
e turismo nos ajuda a entender de forma ampliada os
benefícios destas atividades, para que o potencial de cada
localidade seja adequadamente utilizado pelos sujeitos e a
matéria-prima local ou regional seja transformada em objeto
de arte com forte valor humano, ambiental e econômico.
Esta visão nos permite apontar algumas funções, dentre
várias, associadas ao processo de artesanato e turismo,
a partir de ações éticas e estratégicas. A função social se
relaciona ao processo de inclusão de grupos favorecidos
pelo aumento da auto-estima, como grupos de baixa
renda e deficientes, e pela ampliação das escolhas dessas
The current expansion of the programs of art and
tourism is, to a great extent, the result of the growing
demand of modern man for values, customs and
quality of life, probably lost in the daily rut of urban life.
Today, the plan drawn for crafts and tourism is geared
mainly to the recognition of the territorial identity of
the rural spaces. Rurality appears as a concept and the
central theme of the studies dedicated to these sectors,
since it throws light on the past and present sociocultural manifestations typical of the rural areas. These
issues should permeate the study of human abilities
and competences of the territories, particularly those
deprived of economic resources and infra-structure.
Therefore the development programs should be
concerned over the construction of an environment
capable of allowing its dwellers to have a longer and
healthier life. This may sound like a cliché, but it is one
that is usually forgotten.
pessoas. A função artística é favorecida pelo despertar de aptidões, de sensibilidades e estímulo à criatividade. A
função político-pedagógica é potencializada pelo processo educativo inerente à participação e aprendizagem dos
processos coletivos. Já a função cultural subsiste a valoração dos traços e do saber-fazer artesanal. E, finalmente, a
função econômica proporcionada pelo aprendizado do pensar em torno das melhores formas de uso das capacidades
adquiridas pelos processos. Assim, ações coordenadas e compartilhadas contribuem com o desenvolvimento local, ao
reduzir disparidades socioeconômicas em espaços rurais e urbanos e ao gerar oportunidades de crescimento humano
pela inserção social, política, cultural e econômica dos sujeitos envolvidos.
* Fabiana Andrade Bernardes Almeida - Mestre em Geografia Humana - IGC/UFMG. Bacharel em Turismo - Unicentro Newton Paiva. Coordenadora do
Colegiado do Curso de Turismo - UFMG. Pesquisadora do CEPLANTUR - Centro de Pesquisa Ação em Turismo - IGC/UFMG, responsável pelo projeto “Paisagem,
Ruralidade e Turismo em Minas Gerais”.
The process associated with crafts allows a new
reading of the “doings” of past contexts. As the origin
of the production of crafts is relived - as work tools and
way of life - crafts will strengthen the present memory
in the imaginary of the traditional rural populations or,
still, bring to the surface vocations and common habits.
If, on the one hand, the convergence of the crafts and
tourism agendas point to the need to promote human
well being; on the other, it demands systematic and
coordinated actions.
The insertion of crafts in the tourism industry, and
vice-versa, leads us to think and act strategically, since
crafts can play a very important role as a propeller of
tourism. This can create a potential market for crafts,
especially for those people who still use traditional
techniques to produce their pieces, especially as
watching the process of making the piece live is highly
valued by the ecology-conscious tourist. The contact
of the tourist with the environment where production
actually takes place adds value to the product when
commercialized, besides promoting the personal
growth of those who interact with such environment.
The reciprocity between crafts and tourism can help us
have a broader understanding of the benefits brought
by these two activities, so that it is possible for the
individuals to make the best of the potential of each
locality and that raw materials are transformed into
works of art with human, environmental and economic
weight.
This way at looking at the issue will allow us to
pick out some functions, among several, associated
with crafts and tourism, by departing from ethical
and strategic actions. Their social function is related
to the process of inclusion of low income groups and
handicapped people resulting from their enhanced
self-esteem, and by means of wider range of choices
offered to them.
The artistic function is favored by the emergence of new skills, sensitivity and motivation for creativity. The politicalpedagogic function is enhanced by the educational process that occurs as the individuals participate in the collective
process. Then, the cultural function lies in the value of characteristics and in the production of crafts. And, finally,
the economic function results from their learning how to come to the best ways to use the skills developed in each
process. The result is that shared and coordinated actions will contribute to the development of the community and,
as the socio-economic gap is bridged both in rural and urban areas, new opportunities for human development will
be created by means of the social, political, cultural and economic insertion of the subjects involved.
* Fabiana Andrade Bernardes Almeida - Master in Human Geography - IGC/UFMG. Degree in Tourism - Unicentro Newton Paiva. Coordinator of the
Collegiate of theTourism Course - UFMG - Researcher of the CEPLANTUR - tourism Research Center - IGC/UFMG, in charge of the project “Landscape,
Rurality and Tourism in Minas Gerais”.
Artigo Article
Artigo Article
A expansão atual dos programas de artesanato e turismo
se deve, em grande parte, às crescentes demandas do
homem moderno em busca de valores, costumes e qualidade
de vida, supostamente perdidos no cotidiano urbano. Hoje,
o planejamento das ações de turismo e de artesanato se
volta para o (re)conhecimento da identidade territorial dos
espaços rurais. A ruralidade se destaca como conceito e
tema central dos estudos voltados a essas atividades, pois
permite a compreensão de antigas e novas manifestações
socioculturais típicas de espaços rurais. Essas questões devem
permear o estudo das competências e habilidades humanas
dos territórios, notadamente daqueles que se encontram
carentes de condições e meios de vida. Assim, os programas
de desenvolvimento devem se direcionar à formação de um
ambiente propício para as pessoas gozarem de vidas longas,
criativas e saudáveis. Isto pode parecer uma verdade simples,
mas é frequentemente esquecida.
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
In Ouro Preto, Tourism Makes History
Por/By: Thiago Bernardes Fotos/Photos: Walmir Monteiro
Visitar Ouro Preto é
fazer uma viagem no
tempo em nossa história.
Fundada pela Bandeira
de Antônio Dias em 24 de
junho de 1698, o povoado
foi alçado à categoria de
vila em 1711 com o nome
de Vila Rica. Em 1823
a vila foi então elevada
à categoria de Imperial
Cidade de Ouro Preto.
Nesses tempos, segundo
alguns historiadores, a
cidade se comparava à
Nova York de hoje e à
antiga Alexandria, no
antigo Egito, por ser uma
cidade cosmopolita, que
reunia as culturas dos
povos do mundo, e por ter
uma grande importância
econômica para o país e
para o mundo.
Andar pela cidade - que fica encravada no vale do Córrego Tripuí - é revisitar uma época em que as imponentes
igrejas e os casarões da velha Vila Rica reinavam e ditavam a beleza arquitetônica e urbana. O estilo barroco
transborda a cada detalhe, em cada fachada, desenhando o cenário de Ouro Preto. Restaurantes, casas, pousadas e
hotéis funcionam em construções que datam de antes do século XVIII, fazendo uma ligação mágica entre o tempo
de hoje e o passado.
Capital da província
durante o Império,
cidade histórica
encanta o mundo
com sua arte
The capital of the province
during the empire,
the historical city
captivates the world
with its art
Muitas dessas casas são repúblicas estudantis, cada uma com sua estória, algumas que se confundem com o
início dos tempos em que foi fundada a Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP. Porões que viraram boates,
casarões que abrigam 12, 16 estudantes, Internet de alta velocidade, festas e estudos convivendo com as paredes
que testemunharam tantos fatos históricos importantes para a construção de nossa identidade cultural.
Visiting Ouro Preto is like travelling back in time. Settled by the expedition of Antonio Dias on 24th June 1698, the
settlement soon was elevated to the status of village in 1711 with the name of Vila Rica and later on, in 1823, to Imperial
City of Ouro Preto. In those days, according to historians, the city could be compared to New York today, and to ancient
Alexandria, in Egypt, for its cosmopolitan character, as it brought together cultures of people form every corner of the
world and for its great economic relevance for the country and for the world.
Walking around the city nestled in the Valley of the Tripui River is like revisiting a time when the impressive churches
and the large houses of Vila Rica reigned and commanded its architectural and urban beauty. There is an overflow
of baroque in every detail, every façade, designing the backdrop. Restaurants, houses, guest houses and hotels are
established in houses that date from before the 18th century, providing a magic link between present and past.
Many of the houses are used as lodging houses for students, each one with its history, some dating back to the time
the University of Ouro Preto was founded, in 1856. Basements that were converted into night clubs, big houses that
lodge 12 to 16 students, broadband Internet, parties and studies share the space with walls that bear witness to so many
historical events that are at the basis of our cultural identity.
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
Em Ouro Preto, o turismo faz história
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A cidade, que fica a uma altitude média de 1.060 metros, tem um clima agradável, mais frio no período noturno.
Palco de diversos eventos culturais de relevância notória, Ouro Preto cativa e acolhe o visitante. Festivais de Jazz, de
Cinema e o tradicional Festival de Inverno são apenas alguns dos eventos tradicionais na velha cidade.
Foi com o Festival de Inverno, no início da década de 70, que surgiram os primeiros artesãos organizados em
um local para exposição de trabalhos na cidade. Em frente à Igreja de São Francisco de Assis, no Largo de Coimbra,
os primeiros trabalhadores começaram a se reunir para expor as produções aos turistas, que já naquela época
movimentavam parte da economia da cidade.
A barraca de Júlio é uma entre as noventa e quatro que se espremem no Largo do Coimbra. Assim como Júlio
César, a maioria dos artesãos trabalha com o entalhe da pedra-sabão e vendem produtos de outros artesãos, como
as pulseiras e brincos no “estilo hippie”. “Meu principal sustento é esse aqui”, conta Júlio, enquanto entalha uma
peça. Ele expõe no Largo do Coimbra há cerca de vinte anos. Sustenta a família apenas com o trabalho de entalhe
em pedra-sabão. “Chego a produzir de 200 a 250 peças por semana”, conta o artesão. Enquanto “bordava a sua
peça”, com absoluta destreza e precisão, Júlio respondia às perguntas da entrevista com tranqüilidade, como se
fizesse algo automático, numa impressionante demonstração de habilidade com as ferramentas, criadas por ele
mesmo. “A gente usa o riscador - uma peça feita com prego e às vezes peças de guarda-chuva - o formão - feito de
vergalhão usado em armação de concreto na construção civil - e o picote, também feito pela gente mesmo”, conta
ele, ao som ininterrupto do picote na pedra-sabão. “Para a pintura usamos tinta de carimbo e tinta xadrez. A pedra
é bem porosa e absorve a tinta bem rápido”, explica. Depois é passado um verniz em toda a peça para proteger o
desenho e fixar as cores das tintas.
Segundo Júlio César Ferreira Guimarães, artesão e expositor do Largo do Coimbra, tudo começou com os
hippies. “Eles faziam colares, brincos, pulseiras parecidas com estas”, diz Júlio, mostrando algumas peças expostas
em sua barraca. Hoje existe a ADELC - Associação dos Expositores do Largo do Coimbra, uma entidade que serve
para organizar, de maneira um pouco tímida ainda, a exposição dos artesãos no local.
The city’s historical and cultural relevance led it to be added to the World Heritage List in 1933, and five years
later it was declared National Patrimony by the Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). On 2 of
September of 1980, in the fourth session of the World Heritage Committee, held in Paris, Ouro Preto was declared World
Patrimony.
The weather in the city, 1,060 m above sea level, is very pleasant, colder at night. As the stage of a series of cultural
events of great relevance, Ouro Preto captivates and welcomes its visitors. Jazz and Cinema Festivals, and the famous
Winter Festival are just a few of the traditional events held in the old city.
It was during the first Winter Festival in the 1970s that the first artisans appeared exhibiting their products in a place
especially reserved for them. In front of the Saint Francis Church, in the Largo de Coimbra, the first artists started to get
together to display their products for the tourists, who, at the time, enhanced the economy of the city.
According to Júlio César Ferreira Guimarães, artist and exhibitor in the Largo do Coimbra, it all started with the hippies.
“They made necklaces, earrings, bracelets like these here”, says Júlio showing some of the pieces on display in his stall.
Today, there is an association, ADELC, the Association of the Exhibitors of Largo do Coimbra, an entity that organizes,
although in an incipient way, the exhibition of the products by the artisans in the place.
Júlio’s stall is one of the ninety-four that jostle for a place in Largo do Coimbra. Like Júlio César, most of the artisans
work carving soapstone and sell products by other artisans, such as the hippie-style bracelets and earrings. “This is how I
make a living”, Júlio tells us while he carves the stone with his chisel. He has been exhibiting his crafts in Largo do Coimbra
for twenty years now. He supports his family with his soapstone work only. “I make 200, 250 pieces a week”, he says.
While he made delicate designs on his piece with impressive precision, Júlio answered our questions with ease, as if he
were doing something automatically, in an impressive display of deftness at handling the tools he created himself. “We
use this tool - a tool made with a nail and sometimes umbrella frames - to draw, a chisel - made of metal used in civil
constructions - and clippers, which I also made myself”, he says to the continuous sound of the clippers “The paint we
use is the same used for stamps and a powder dye. The stone is porous and sucks the paint very quickly”, he explains.
Then we give the piece a coating of varnish to protect the drawing and fix the colors.
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
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O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
Tanta importância histórica e cultural elevaram a cidade ao grau de Patrimônio Nacional em 1933, sendo, cinco
anos depois, tombada pela instituição que hoje é o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Em 2 de setembro de 1980, na quarta sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO, realizada em Paris,
Ouro Preto foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade.
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Hoje, os artesãos do Largo do Coimbra são uma atração à parte em Ouro Preto, vendendo para o mundo e
divulgando o artesanato mineiro em todo o planeta. “A gente vende em dólar, em euro. Temos a cotação todo dia
pelo jornal”, diz Júlio César, enquanto coloca a peça recém-acabada na prateleira.
As peças chegam já entalhadas e os artesãos fazem o chamado “bordado”. Antigamente as peças de pedrasabão eram comercializadas sem nenhum entalhe, eram vendidas “nuas”. Só depois de uma certa época, que
ninguém consegue datar com precisão, que os trabalhos de bordar as peças começou a ser feito. Hoje, as obras em
pedra-sabão são vendidas para o mundo todo, movimentando um mercado que sustenta cerca de 2 mil pessoas
direta e indiretamente. “Eu vendo pra Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos e Europa”, conta Júlio César, com a
satisfação estampada no rosto. “Vêm muitos artistas aqui também”, completa ele. De fato, a Feira de Pedra-Sabão
no Largo do Coimbra - que foi um dia ponto de encontro dos tropeiros que utilizavam aqueles caminhos - é um
dos pontos turísticos mais visitados de Ouro Preto. Para o artesão Geraldo de Paula da Costa, mais conhecido
entre os artesãos como “Pinga”, “se um turista vem a Ouro Preto e não passa na Feira de Pedra-Sabão é por que
ele foi levado a não passar por aqui, por interesse de outros”. Pinga emenda: “mas quando o turista volta a Ouro
Preto, não deixa de vir aqui não”. O artesão, que vende por mês mais de R$2 mil em peças, conta que o turista
estrangeiro compra mais peças pequenas, em razão das dificuldades de transporte. “Já o turista brasileiro não.
Geralmente ele está de carro ou ônibus e não precisa pagar excesso de bagagem. Mas de vez em quando surgem
compras grandes, pra lojas, por exemplo”, explica. Nesses casos, segundo Pinga, os artesãos retiram a nota fiscal
na Associação dos Artesãos de Ouro Preto, uma entidade independente da ADELC, mas que também oferece um
certo apoio aos artesãos.
The pieces come to them already carved and they do the drawings, or “embroidery” as they call this stage of the
work. In the old days the soapstone pieces were sold “bare”, without the embroidery. It was only later on, a date that no
one remembers with precision, that the embroidery appeared. Today, these pieces are sold the world over, allowing two
thousand people to make a living from them either directly or indirectly. “My pieces are sold in Germany, England, in other
countries in Europe and in the United States”, he tells us, with a happy smile in his face. “Many artists come here, too”,
he adds. In fact, the soapstone fair in Largo do Coimbra - once a meeting point for muleteers - is one of the landmarks
of Ouro Preto. For artisan Geraldo de Paula da Costa, nicknamed “Pinga” by his colleagues, “if a tourist comes to Ouro
Preto and does not come to the Soapstone Fair it is because he was prevented from coming here, you know, because of
the interest of other people”. And he adds: “but when the tourist comes back to Ouro Preto, they never leave the town
without coming here first”. The artisan, who sells over R$2 thousand in pieces a month, says that the international tourist
prefers small pieces, because they are easier to take back home. “The Brazilian tourist, however, buys bigger pieces. In
general they go back by coach or bus and don’t need to pay excess baggage. And sometimes we make bulk sales for
shops, for example”, he explains in these cases, according to Pinga, we issue an invoice from the Associação dos Artesãos
de Ouro Preto, an entity that is independent from ADELC, but also gives support to the artisans.
Hoje, os artesãos do Largo do Coimbra
são uma atração à parte em Ouro Preto,
vendendo para o mundo e divulgando o
artesanato mineiro em todo o planeta
Today, the artisans of Largo do Coimbra
are a special attraction of Ouro Preto. They sell
their pieces to the world, therefore making
“mineiro“ crafts known all over the planet
When some artisans, like Júlio César, make larger transactions that demand an invoice, they resort to the shops
already established in the town. “I export together with this friend of mine, who has a shop here. In this case I use the
invoices from his shop. Sometimes the invoice is from the association and some other times I sent the goods by post”,
says Júlio, almost finishing embroidering the piece of about 20 cm of diameter, some sort of bric-a-brac container, a
very common piece in the other stalls, too. The prices range from R$ 3 to R$ 800, or even R$1.000. “We make the price
according to the piece”, explains Júlio. At this time the sound of the clippers had stopped to give place to the sound of
scratches, as he drew with “Swiss” precision, contours around the elephants he had drawn before. Then he pointed to a
large object with a diameter of about 40 cm. “It took me four days to finish that one”, he says wiping the piece he had
just finished. The vase he had pointed to was worth R$800,00; but I reckoned it could well be more than that. “Pieces
like that and others made by these people here can be sold even in posh shopping centers”, say Pinga enthusiastically.
The pieces are very well made and can be compared to the works of learned artists, with academic knowledge of art
history and techniques. Basically, all artisans who exhibit in the Largo do Coimbra are self-taught, as they learned their
craft from their ancestors.
Today, the artisans of Largo do Coimbra are a special attraction of Ouro Preto. They sell their pieces to the world,
therefore making “mineiro“ crafts known all over the planet. “We sell in dollars and euros. We follow the exchange rate
everyday in the papers”, says Júlio César, as he places his recently finished piece on he shelf.
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
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O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
Alguns dos artesãos, como Júlio César, quando fazem transações comerciais de maior porte, que necessitam
da emissão de notas fiscais, apelam para a parceria com lojas já estabelecidas na cidade. “Eu exporto junto com
esse amigo meu, que tem loja na cidade. Nesse caso uso a nota fiscal da loja dele. Às vezes tiro na associação e às
vezes exporto pelo correio”, diz Júlio, quase acabando o entalhe de uma peça de cerca de um palmo de diâmetro,
uma espécie de porta-objeto, peça comum entre os trabalhos desses artistas. São peças que variam entre os R$ 3
até R$ 800, R$1.000. “O preço a gente coloca de acordo com o trabalho que dá”, explica Júlio. Nesse momento o
barulhinho do picote deu lugar aos arranhões do riscador, que vai contornando com uma precisão quase suíça os
desenhos de elefante, feitos anteriormente pelo artesão. Nesse momento, ele aponta para uma peça grande, um
vaso de 60 centímetros de altura e uns 40 centímetros de diâmetro. “Levei uns quatro dias pra fazer”, diz, limpando
a peça que acabara de terminar. O vaso em questão vale R$800. Um trabalho que parece valer muito mais.
“Peças como estas do Júlio e outras de nossos colegas aqui, podem ser vendidas até no BH Shopping”, diz Pinga
empolgado. São peças muito bem feitas, que não deixam a desejar nem em comparação às produções de artistas
estudados, versados em academias e sabedores de histórias e técnicas da arte. Praticamente todos os artesãos que
expõem no Largo do Coimbra são autodidatas, aprenderam o ofício com a família.
in
15
Crafts
Minas
E do café nem a casca se joga fora. O produto é reutilizado como
revestimento de mesas, luminárias e na produção de quadros, mandalas
e gamelas. Esses artigos são produzidos a partir de uma massa que
tem na mistura cola e a casca do café. Carolina Garcia, artesã e
uma das sócias do grupo Artcafé Design, de Três Pontas, conta
que o método de confecção das peças foi transmitido de geração
a geração. “Nossa região é uma das maiores produtoras de café do
Brasil. É por isso que desde cedo minha mãe e a mãe dos meus sócios
(Marcelo e Gustavo Boechat) conheceram a técnica e
nos ensinaram”, explica a artesã. As peças são comercializadas em Minas Gerais,
Espírito Santo, Brasília, São Paulo e Paraná.
De acordo com a técnica responsável pelo setor de artesanato do Sebrae
Minas, Sabrina Campos, os artesãos buscam nas matérias-primas locais a
inspiração para a criação de produtos diferenciados e com identidade cultural.
“Como o Brasil é o maior produtor de café do mundo, os artesãos criam as
peças e retratam a história do país.”, comenta.
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Artesãos de Minas Gerais aproveitam o grão, a palha,
a madeira e até filtros usados de café para fazer
mandalas, cadeiras, mesas, bandejas, quadros,
gamelas, luminárias e outros artigos utilitários e
decorativos. Um exemplo é a artesã Fátima
Ferri, de Belo Horizonte, que
criou uma caixa multiuso de café, em
homenagem às palmeiras imperiais da
Praça da Liberdade. “Fiz peças que
retratavam as belezas da Praça
da Liberdade, com
uma referência
às cafeterias
da Savassi.
Hoje componho
as tampas das
caixas também
com desenhos
geométricos”,
conta Fátima. As
caixas são produzidas
por aposentados
e portadores de
necessidades especiais
da ONG 100% Cidadania.
“O artesanato é uma
oportunidade de gerar ocupação e
renda para eles”, ressalta a artesã.
Do grão à palha,
matéria-prima
transforma-se em peças
utilitárias e decorativas
From the beam to the
straw, the raw material is
made into decoration and
utilitarian pieces
O artesão de Carmo de Minas, Franklin Silva, descobriu que além de
de resistente, a madeira do café pode render um bom resultado visual. Hoje,
Flanklin utiliza a matéria-prima para produzir cadeiras, porta-retratos e
molduras para quadros e espelhos.
And not even the skin is wasted. The product is used in the finishing of tables, lamps,
in the production of pictures, mandalas and bowls. These articles are made from a
paste resulting from a mixture of glue and coffee bean skins. Carolina Garcia, an
artist and member of the association Artcafé Design, from the municipality of Três
Pontas, Minas Gerais, tells us that the production method they use today was
passed down from generation to generation. “Our region is one of the leading
coffee producers in Brazil. This is why my mum and her partners (Marcelo and
Gustavo Boechat) learned the technique at a very early age and now have
taught us “, explains the artisan. The pieces are sold in the States of Minas
Gerais, Espírito Santo, Brasília, São Paulo and Paraná.
Crafts people of Minas Gerais make use of every part of the coffee; from
the straw, to the bean, to the wood and they even use paper cone fitters
to make mandalas, chairs, tables, trays, pictures, light fixtures and other
utilitarian and decoration pieces. One example is the artist, Fátima Ferri,
from Belo Horizonte, who created a multi-purpose Box made of coffee, to
celebrate the imperial palm trees of Praça da Liberdade, with a reference
to the cafés in the neighborhood of Savassi. Today, with the lids finished
in geometrical designs, Fátima says that the boxes are produced by retired
citizens and people with special needs from the NGO 100% Cidadania.
“Crafts production creates an opportunity to provide jobs and income for
these people”, the artisan points out.
The artisan from Carmo de Minas, Franklin Silva, found out that besides
being sturdy the timber from the coffee plant can result in a esthetically
attractive pieces. Today, Franklin makes chairs, picture and mirror frames of
this raw material.
According the technician in charge for the crafts sector of Sebrae Minas,
Sabrina Campos, the artists seek inspiration in the raw material they have available
in their localities to create products with a difference, but, at the same time, with
a cultural identity. “As Brazil is one of the world leaders in coffee production, the
artisans depict the history of the country in their pieces”, she comments.
Artesanato: matéria-prima de Minas Gerais Handicraft: raw material of Minas Gerais
is the inspiration of
Fotos/Photos: Miguel Aun
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Coffee
Por/By: Assessoria de Imprensa do Sebrae Minas / Press Department of Sebrae Minas
s/
Foto
Artesanato: matéria-prima de Minas Gerais Handicraft: raw material of Minas Gerais
Café inspira artesanato em Minas
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Pela qualidade do produto, a
artesã foi uma das vencedoras,
no ano passado, do Prêmio Top
100 de Artesanato. Promovido
pelo Sebrae, o prêmio destacou
as 100 melhores unidades
produtivas do setor artesanal
no Brasil. A luminária de filtro
de café também já ganhou
reconhecimento internacional
em países como Londres e
Alemanha.
Recicling
Having in mind environmental sustainability and aesthetical results, the artisan Simone de Oliveira, from Carangola,
Minas Gerais, uses coffee cone filters to make lampshades. According to Simone, after trying other types of paper, she
realized that the coffee filter had a dramatic luminous effect. “As my father used lots of coffee filters in his snack bar, I
reused all of them to make lampshades. A very cheap, lucrative and ecologically correct way of producing crafts”, adds
Simone.
Today, the artisan receives donations of used filters or buys the material. For each lampshade of around 40 centimeters,
Simone uses nine filters, iron, galvanized net and a vegetal fiber known as rami (Bohemeria nivea). The colour of the
filters depend on the type of coffee percolated in them. “The colour of the material ranges from light beige to black,
when the coffee is strong”, says Simone, who produces two thousand pieces a month wither the help of her team of 20
artisans, all from the locality.
Because of the quality of her products, last year the artisan was one of the winners of the award Top 100 de
Artesanato. Promoted by Sebrae, the prize celebrated the best 100 productive units in the sector in Brazil. The lampshade
made of coffee cone filters has already made its way to the markets of London and Germany.
The timber from
the coffee plant can
result in a esthetically
attractive pieces
Artesanato: matéria-prima de Minas Gerais Handicraft: raw material of Minas Gerais
Atualmente a artesã recebe doações de filtros usados ou compra o material. Para cada luminária de
aproximadamente 40 centímetros, Simone gasta nove coadores, ferro, tela galvanizada e rami (fibra vegetal).
Segundo ela, a coloração dos filtros depende do tipo de café coado. “O material pode ficar com uma cor que
varia do bege ao preto dependendo se é um café mais forte ou mais fraco”, garante Simone que produz duas mil
unidades por mês com a ajuda de uma equipe formada por 20 artesãos da cidade.
A madeira do café
pode render um
bom resultado
visual
Foto/Photo: Gláucia Rodrigues
Pensando na sustentabilidade ambiental e nos efeitos estéticos, a artesã Simone de Oliveira, de Carangola,
utiliza filtros de café para produzir luminárias. De acordo com Simone, depois de pesquisar outros tipos de papel
como matéria-prima, ela percebeu que o filtro oferecia um efeito luminoso diferenciado. “Como meu pai tinha uma
lanchonete, reaproveitava todos os filtros para fazer as luminárias. Uma maneira barata, lucrativa e ecologicamente
correta de fazer artesanato”, comenta Simone.
Foto/Photo: Gláucia Rodrigues
Artesanato: matéria-prima de Minas Gerais Handicraft: raw material of Minas Gerais
Reciclagem
Há oito anos a artista plástica Eliane Maia descobriu o talento para manusear a argila. Ceramista, nascida
no Serro (região Nordeste de Minas), decidiu trocar 20 anos de profissão como professora e se matriculou no
curso de Desenho de Produtos e Licenciatura em Artes Plásticas pela UEMG. Fez cursos de modelagem livre e
torno e atualmente produz peças utilitárias, artísticas e painéis em cerâmica. Todas com identidades marcantes:
estampas de folhas originadas de plantas brasileiras, como o Ipê, Jacarandá, Quaresmeira, Angá, Braúna, dentre
outras espécies da Mata Atlântica encontradas na região da Serra da Moeda (MG).
“Ao selecionar as folhas que serão aplicadas nos materiais, levo em conta a arte escondida em suas texturas,
que realçam em baixo relevo nas peças”, explica Eliane Maia. De acordo com a ceramista, o artesanato representa
os valores, costumes de um povo, de uma região, de um país e possui significado quando tem algo próprio do lugar
de origem. “Procuro identificar nas minhas peças o que encontramos na natureza, que são espécies perfeitas e que
caracterizam a vegetação do Brasil”, frisa.
Artista
plástica
utiliza
nas peças
espécies da
vegetação do
Brasil
Artist uses
plant leaves
in the objects
she produces
Eight years ago, fine artist Eliane Maia discovered her talent for molding clay. A ceramist, born in Serro (Northeast
region of the State of Minas Gerais), Eliane decided to leave behind her 20-year career as a teacher to enroll in the
Product Design and Fine Arts Courses at the Federal University of Minas Gerais (UFMG). She attended pottery and lathe
courses and now she is producing household objects, art pieces and ceramic panels. Each one of her pieces has its own
identity: leafy patterns with leaves from Brazilian trees such as Ipê, Jacarandá, Tibouchina, Angá, Schinopsis brasiliensis
among other Mata Atlântica species found in the Serra da Moeda region (MG).
“When choosing the leaves to be applied to the materials, I take into account the art hidden in their textures, which
shows underneath the low relief of the pieces”, explained Eliane Maia. According to her, art is the reflection of the values,
customs of a people, a region, a country that acquires new meaning when it incorporates elements from its place of
origin. “I imprint in my pieces the things we find in nature, the perfect species that reflect the Brazilian rich vegetation”,
she says.
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Brazilian Leaves
Por/By: Rachel Francine Foto/Photo: Walmir Monteiro
As peças são modeladas à mão e queimadas à temperatura
de 1.200ºC. Os cortes e movimentos fazem com que cada uma
seja única, assim como as folhas naturais nelas estampadas.
“A opção por esta temperatura se deve ao melhor resultado
nas cores obtidas de cada argila, algumas da região da Serra
da Moeda e outras de São Paulo. São peças resistentes
devido a esta temperatura e à boa qualidade da argila”,
esclarece a artista. Os acabamentos variam entre óxidos,
engobes e esmaltes, com resultados originais.
Eliane Maia é responsável por todas as etapas do processo de
produção das peças e consegue produzir em seu ateliê cerca de 100
peças por mês. As peças dela são exportadas para o Japão, Holanda
e Estados Unidos. A artista plástica participa de feiras na Europa e
diversas regiões brasileiras. Este ano o material estará exposto na
Mostra de Cerâmica, de 23 de outubro a 30 de dezembro, na Galeria
Tella, em Belo Horizonte (MG).
Her pieces are hand-shaped and burnt at a temperature of 1200ºC. The cuts and her movements make each piece
unique, as well as the leafy patterns. “I chose to use this temperature because it gives me better results enhancing
the colours of the clay, some of it coming from the Serra da Moeda region and some from São Paulo. These pieces
are sturdy due to the temperature at which they arte burnt and the good quality of the clay”, explains the artist. The
pieces are finished with oxides, engobe or enamel, with striking results.
Eliane Maia takes care of every stage of every piece she
produces in her studio - about 100 a month! Her pieces are
exported to Japan, Holland and the United States. She has
taken part in fairs in Europe and in other regions in Brazil.
This year her pieces will be in exhibition in the Mostra de
Cerâmica, from 23 October to 30 December in the Galeria
Tella, in Belo Horizonte (MG).
Artesanato: matéria-prima de Minas Gerais Handicraft: raw material of Minas Gerais
Artesanato: matéria-prima de Minas Gerais Handicraft: raw material of Minas Gerais
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Folhas Brasileiras
pieces in line with market trends
A decoradora Maria Cristina Duarte descobriu a arte com o vidro há 12 anos, durante uma experiência curiosa
com a matéria-prima, da qual foi capaz de produzir materiais que tiveram grande aceitação no mercado. “Eu
sempre me interessei por trabalhos manuais. Comecei pintando porcelanas, já trabalhei com a cerâmica e acabei
me especializando na criação de peças em vidro”, contou. Formada pela UEMG, a decoradora adquiriu o gosto pela
arte a partir do curso sobre a História da Arte que, segundo ela, foi capaz de expandir seus horizontes e conquistar
uma visão estética e profissional do seu trabalho.
O vidro possui características peculiares por ser reciclável, pela transparência (permeável à luz), pela dureza,
pelos recursos abundantes na natureza e pela durabilidade. Possibilita a produção de peças singulares e atualmente
é uma forte tendência do mercado nacional e internacional. “Hoje exporto minhas peças para os Estados Unidos,
Inglaterra, Alemanha e Itália e conto com o apoio da Apex para me orientar nesse processo”, diz Cristina Duarte.
Substâ n c i a i n o rg â n i c a , h o m o g ê n e a
e amo r f a , o v i d ro é o b t i d o p e l o
resfria m e n t o d e u m a m a s s a
líquid a à b a s e d e s í l i c a
21
Glass
Por/By: Rachel Francine Foto/Photo: Walmir Monteiro
Dentro das possibilidades
da técnica a artista procura
fazer um trabalho mais
limpo, com formatos
diferentes.
As peças
produzidas
por ela
são na maioria
decorativas como
centros de mesa, fruteiras,
esculturas, dentre outros. Mensalmente
são produzidas cerca de 400 peças, sendo que cada uma
leva em média um dia para ficar pronta.
O vidro pintado é levado ao forno na temperatura de 800ºC, dentro da forma feita de cerâmica, por no mínimo
cinco horas. A artista utiliza ouro e platina líquida em suas peças, um diferencial e um visual apreciado por públicos
diversos. Os preços dos materiais variam de R$30 a R$400.
“O artesanato é uma terapia e sempre causa surpresas. É o errado que sai bonito e o certo que precisa ser
pincelado. Faço questão de realizar todas as etapas para criação do meu produto”, acrescenta Cristina.
Inorganic,
homogeneous and
amorphous, glass is
p ro d u c e d b y c o o l i n g
silica-based liquid
Twelve years ago, when making a curious experiment with glass, the interior designer Maria Cristina Duarte discovered
art made of glass, which allowed her to produce pieces that are largely accepted in the market today. “I have always
been interested in handicrafts. I started by painting china, then I worked with pottery but I ended up specializing in the
production of glass objects”, she told us. Graduated in interior design from UEMG - the University of the State of Minas
Gerais-, Maria Cristina embraced art with gusto after her course on the History of Art that, according to her, expanded her
horizons and gave her the knowledge she needed to have a more a esthetic and professional approach to her work.
The characteristics of glass are very particular because it can be recycled, allows light through it, is hard, sturdy and
there is plenty of it in nature. It lends itself to minimalist objects, a style which has found its way to the international and
national markets. “Today I export my objects to the United States, England, Germany and Italy with the technical support
of Apex throughout the process”, says Cristina Duarte.
As far as the technique allows, the artist seeks to produce sleek pieces in a variety of shapes. Her pieces are mostly for
use in interior design and include bowls, sculptures, among others. She produces around 400 pieces a month, and each
piece takes a whole day to be finished.
The glass is painted and taken to the kiln at a temperature of 800ºC, in a clay mould, for at lest five hours. The artist
uses gold and liquid platinum in her pieces, which makes all the difference and lends them an effect that is appreciated
by people everywhere. The prices of her pieces range between R$30 and R$400.
“Making crafts is like a therapy and, what is better, it always surprises you. It is the mistake that ends up in a beautiful
piece and the correct that asks for a few more brush strokes. I make a point of taking care of every stage of my product”,
adds Cristina.
Artesanato: matéria-prima de Minas Gerais Handicraft: raw material of Minas Gerais
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Artesanato: matéria-prima de Minas Gerais Handicraft: raw material of Minas Gerais
Peças de vidro conceituam tendências de mercado
to
Crafts
Com dois livros publicados na área e
anos dedicados à educação, o doutor em
Sociologia, Flávio Saliba Cunha, há um ano e
meio decidiu preencher o tempo realizando
atividades manuais. Descobriu no artesanato
uma alternativa para dar asas à criatividade
e resgatar alguns sonhos que haviam ficado
para trás. “Dediquei anos da minha vida
à Sociologia e percebi que precisava fazer
uma atividade lúdica, pós-aposentadoria,
que também me servisse como terapia. Da
noite para o dia tomei a decisão e encontrei
o papel marchê”, conta Saliba.
Artesão autodidata, Flávio Saliba foi
aperfeiçoando a técnica no dia-a-dia.
Aprendeu a fazer o papel marchê, massa
preparada com papel e água, e a manuseálo com criatividade. Os resultados foram
motivando o artista que começou criando
esculturinhas e hoje produz colares e
pulseiras de alta qualidade e bom gosto.
Derivados das técnicas de reciclagem, o processo de produção do papel marchê possibilita uma massa versátil
que na consistência exata pode ser modelada e pintada. Depois de seca, torna-se extremamente dura, leve e
resistente. “O processo de produção é bastante lento, requer paciência, porém é simples e econômico. Só com o
tempo percebi qual a consistência ideal pra o papel marchê”, lembra Flávio.
O artesão conta que jamais acompanhou tendências de moda e somente após iniciar a criação das peças
passou a ter olhar observador. “As pessoas que acompanharam o meu trabalho com o artesanato desde o início
me incentivaram a encará-lo como profissional. Eu não tenho como explicar esse dom artístico. É realmente um
processo natural. Pesquisei a técnica de produção sozinho”, relata.
After two books published and years dedicated to the field of education, a year ago, the PhD in Sociology, Flávio
Saliba Cunha, decided o fill his leisure time with handicrafts. He discovered in crafts making a way of giving wings to his
creativity and catch up with dreams he had left behind. “After dedicating years of my life to Sociology, I realized that I
needed to engage in some sort of post-retirement activity, which would also work as some sort of therapy. This decision
was taken overnight, and the choice was for papier maché”, Saliba tells us.
A hands-on craftsman, Flávio Saliba perfected his technique as he struggled with his new craft. He finally learned how
to produce papier maché - a paste made from a mixture of paper and water - and to shape it with creativity. The results
brought new life to the artist, who started by making small sculptures and today produces high quality and beautiful
necklaces and bracelets.
Based on recycling techniques, the production process of papier maché results in a resilient type of paste that, when
in the right consistency, lends itself to shaping and painting. When dried it hardens, and the result is a light but sturdy
piece. “Although the production process is rather slow, it is uncomplicated and money-saving. It took me some time to
come to the correct consistency of the paste”, says Flávio.
The craftsman tells us that he had never followed fashion trends and that it was only after he had begun producing
his pieces that he started looking at fashion more closely. “Those who have followed my work since I started have
encouraged me to approach it more professionally. I can’t explain my flair for art. It is something that has come to me
naturally. I researched into production techniques all by myself”, he reports.
23
From Sociology
Por/By: Rachel Francine Foto/Photo: Walmir Monteiro
Flávio Saliba cria e modela peça por
peça. Fica horas procurando formas
variadas e melhor textura para os
produtos. Segundo Saliba, ele pratica
um trabalho empírico e procura produzir
peças exclusivas. Faz questão de pintar
cada pecinha, impermeabilizar e dar o
toque final. As peças dele já foram para os
Estados Unidos e expostas na embaixada
da Espanha.
“Nesta curta temporada dedicada ao
artesanato, percebo o quanto é importante
observar os materiais que tenho à minha
volta para criar texturas diferenciadas”,
acrescenta o artesão.
Sociólogo
descobre dons
artísticos e
dedica parte do
tempo na
produção de
colares e
pulseiras feitos
de papel marchê
Sociologist discovers
artistic talents and dedicates
part of his time to the production
of papier maché
necklaces and bracelets
Flávio Saliba designs and shapes every single piece himself. He spends hours studying shapes and textures. According
to Saliba, his work is empirical and he makes appoint of producing exclusive pieces. He paints each dainty piece and gives
his final touch to them. His pieces have already been sent to the USA to be on display in the Spanish Embassy.
“In this short time I have been working with the production of crafts, I have realized how important it is to look closely
at the raw materials I have around me to create unique textures”, adds the artist.
Artesanato: matéria-prima de Minas Gerais Handicraft: raw material of Minas Gerais
Artesanato: matéria-prima de Minas Gerais Handicraft: raw material of Minas Gerais
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Da Sociologia ao Artesanato
gastronomy
A oitenta quilômetros de Belo Horizonte está localizada
a pequena Vila Colonial de Cocais, atualmente um distrito
do município de Barão de Cocais. Mas nem sempre foi
assim. O barão que deu nome à cidade tinha na vila seu
baronato. Eu poderia ter chegado de trem - pela ferrovia
Vitória Minas -, de ônibus - com pouco mais de uma hora e
meia -, mas preferi viajar de carro pela BR-381 até o trevo
que dá acesso ao Santuário do Caraça, Santa Bárbara e
Barão de Cocais. Dali, a oito quilômetros, cheguei. No centro
do vilarejo, o tipo de calçamento não deixa dúvida sobre
a origem barroca da localidade. Os primeiros registros de
Cocais datam do século XVIII. Ela está incrustada em uma
região que foi extremamente importante para a economia
do Brasil durante o Ciclo do Ouro. Agora, depois de tanta
água passada sob as pontes do Rio das Velhas (crucial
para o desenvolvimento da região), a vila explora os
recursos naturais de outras formas, além da mineração. Um
quadrilátero, formado no mapa pelos vértices Ouro Preto,
Mariana, Sabará e Cocais, compreende os municípios que
formam o chamado coração da Estrada Real. Ou seja, a
Vila Colonial de Cocais está no meio do principal circuito
turístico de Minas Gerais.
Everton faz coro com quem pensa
que a culinária é um traço cultural
importante em qualquer civilização
Everton has joined the choir of those
who believe that cookery represents a
special cultural trace of any civilization
Vila Colonial de Cocais, today known as Barão de Cocais, is a locality 80 km away from Belo Horizonte. The lands
owned by the Baron who lent his name were located in the little village. I could have taken the train - along the Vitória
Minas railway -, or caught a bus - which would take around one and a half hours to get there, but I chose to go by
car, through BR-381 up to the junction leading to Santuário do Caraça, Santa Bárbara and Barão de Cocais. Another 8
kilometer drive and I was in Barão de Cocais. In the centre of the small town the stone clad roads leave no doubt about
the baroque origin of the place. The first registers of Cocais date back to the 18th century. It is located in a region that
used to be extremely important for the economy of the country during the Gold Cycle. Now, after all the water that ran
under the bridges over Rio das Velhas (crucial to the development of the region), the village explores its natural resources
in a totally different way, but still preserves its mining activities of the old days. The quadrilateral, formed by the four
towns of Ouro Preto, Mariana, Sabará and Cocais, comprehends the municipalities that form the heart of Estrada Real;
which means that, the Vila Colonial de Cocais is right in the middle of the most important tourist circuit of the State of
Minas Gerais.
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Crafts
Por/By: Daniel Barcelos Fotos/Photos: Walmir Monteiro
Everton de Paula, jornalista e pousadeiro,entende
perfeitamente as vocações turísticas do local que
escolheu para construir a Pousada das Cores.
Abriu ao público no final do ano de 2000 e, desde
então, tem desenvolvido um dedicado trabalho de
exploração do turismo pela história, pela cultura
e pelas paisagens da Vila Colonial de Cocais.
Desde então, e cada vez mais, aproveita o espaço
da pousada para desenvolver um tipo especial de
artesanato: o gastronômico. Everton faz coro com
quem pensa que a culinária é um traço cultural
importante em qualquer civilização. Justamente por
estar presente no cotidiano da população, ela revela
muito sobre os hábitos e habitat das comunidades
que representa. Assim como alguns tipos mais
tradicionais de artesanato, as receitas são segredos
familiares, costumes de um povo, mistérios que se
perdem no tempo quando não são devidamente
tratados. E para dispensar um tratamento adequado
ao tema, a Pousada das Cores transformou-se em
uma “fabriqueta de guloseimas”. Doces diferentes,
bebidas inventadas, temperos improváveis, tudo
mexido com a mão, sem conservantes, agrotóxicos
ou ações na bolsa.
A equipe de Everton é composta de acordo com a demanda e a época do ano. Mas normalmente é formada
por doceiras, lavradores, cozinheiras, gente simples da região que oferece aos hóspedes da pousada mais do que
pensão completa incluída na diária. Em poucos lugares é possível conhecer toda a cadeia produtiva das refeições
que se faz. Ali é criada a ave, o coelho e a horta. É plantada a fruta e destilada a cachaça. Ali mesmo se produz o
tempero e se pode conversar com a pessoa que cuidou de cada um dos ingredientes do cardápio. E a produção é
tamanha que Everton lançou uma marca para seus produtos: Sabor dos Santos.
Everton de Paula, a journalist and owner of a guest house, who is fully aware of the vocation of the area for tourism,
chose the town to build his guest house, Pousada das Cores. It was first open to the public at the end of 2000 and, since
then, it has been developing a delicate work of investigation of the history, culture and landscape of Vila Colonial de
Cocais. The guest house has been involved in the development of a special kind of crafts: gastronomy. Everton has joined
the choir of those who believe that cookery represents a special cultural trace of any civilization. And exactly because it
is part of people’s daily routine, it says a lot about people’s habits and habitats. Just like some more traditional types of
crafts, the secrets of the recipes are kept in the family, they are part of the customs of a people, mysteries that can be lost
in time if not properly preserved. And, in order to treat the theme with the attention it deserves, Pousada das Cores has
been transformed into a “factory” of yummy foods. Unique sweets, invented drinks, curious spices, everything made by
hand without preservatives, pesticides or shares in the stock market.
Everton’s team is formed in accordance with the demand and time of year. But in general it is formed by cooks, small
farmers, and the simple people of the region, who welcome their guests with far more than the full board included in the
price. In very few places is it possible to follow the whole production process of the foods served to you in the restaurant.
There they raise chickens and rabbits besides keeping a vegetable garden. They plant sugar cane to make cachaça. Right
there, the spices are produced and you can talk to the person who takes care of every item in the menu. And their
production is so big that Everton launched his own brand: Sabor dos Santos.
Artesanato: matéria-prima de Minas Gerais Handicraft: raw material of Minas Gerais
Artesanato: matéria-prima de Minas Gerais Handicraft: raw material of Minas Gerais
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Gastronomia artesanal
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Artesanato: matéria-prima de Minas Gerais Handicraft: raw material of Minas Gerais
A linha de produtos Sabor dos Santos engloba uma gama variada de sabores. O doce de pimenta biquinho é
um excelente acompanhamento para saladas e assados. O inusitado vinagre de banana “agri-adoça” a salada
de folhas, e a aguardente de pitanga é um delicioso aperitivo. Não tive a oportunidade de provar do palmito de
bananeira, mas tive acesso à receita do “pão doce recheado com goiabana”. Fora as farinhas diversas, como a de
beterraba, as outras pingas feitas de outras frutas, óleos aromatizados... A lojinha de produtos no restaurante da
pousada é um deleite saboroso e divertido para quem tem curiosidade gastronômica. “Eu quero ter aqui, na casa,
um espaço para a pousada, mas também para o restaurante e um centro de informação gastronômica. E até mesmo
promover cursos, trazer gente de bom relacionamento com a comida, com a gastronomia, fazendo uma comida
sadia, sempre passando por aquele lema de Hipócrates: faça de seu alimento um remédio e de seu remédio um
alimento.
A lojinha de produtos no
restaurante da pousada
é um deleite saboroso e
divertido para quem tem
curiosidade gastronômica
É com este espírito que Everton toca sua produção, visando a divulgação da gastronomia como elemento cultural
e de relacionamento. “Está sendo produzido ainda um material gráfico.Em breve pretendo inaugurar o primeiro
museu do mundo dedicado à culinária”, afirma o empreendedor jornalista. Ele explica: “Tenho pesquisado há
anos sobre o tema e nunca vi referência sobre um museu da culinária, a não ser que fosse de um tipo específico
de gastronomia. Por exemplo, sei que na Inglaterra há um museu sobre a Idade Média que tem uma ala sobre a
cozinha medieval. Em outros lugares existem mostras sobre determinadas culturas culinárias, mas sobre o tema
em si, nunca vi”. Everton lembra que o Brasil está em ótima posição para abordar o tema de modo abrangente,
pelo fato da nossa formação social ter passado por um processo de miscigenação, o que nos conferiu uma herança
culinária muito diversa, com traços das culturas ameríndias, européias, árabes, africanas e até japonesa.
It is with this in mind that Everton produces his foods, always spreading the idea of gastronomy as a cultural element
capable of promoting relationships. “We are also producing graphic material. Soon I intend to open the first museum
in the world dedicated to cookery”, says the entrepreneur. He explained that he had been researching into this subject
for years and had never come across any reference to a cookery museum in the world, only a few examples dedicated
to some specific area of gastronomy. “I know that there is a museum in England with Middle Ages exhibits that has an
area dedicated to medieval foods. In other places three are displays of some specific strand of gastronomy, but the theme
in its own right, was not found in my research”, According to Everton, Brazil is ready to approach the theme in a more
comprehensive way, since our social history underwent a process of miscegenation, which left us a legacy of a diversified
cuisine with traces of other cultures such as Amerindian, European, Arabic, African and even Japanese.
Museus, igrejas
e centros culturais
The shop where the
products are sold is inside
the restaurant and is a
complete delight for people
who want to learn more
about gastronomy
His line of products Sabor dos Santos envelops a whole range of flavours. The sweet made of pepper (a tiny sweet
pepper) is excellent to be used as salad dressing or to accompany roast meat. The surprising salt-sweet banana vinegar
is perfect to dress salads, and the cachaça with pitanga (eugenia uniflora) is a fantastic aperitif. Unfortunately, I didn’t
have the chance to try the banana-tree heart of palm, but I had the chance to see the recipe for the bread stuffed with
guava and banana sweet. Besides the variety of flours, including beetroot flour, there are cachaças flavored with other
fruit types, aromatized oils... The shop where the products are sold is inside the restaurant and is a complete delight for
people who want to learn more about gastronomy. They also organize courses for cuisine lovers, where they prepare
healthy dishes, always bearing in mind Hippocrates recommendation: make your food your remedy and your remedy
your food.
Aqui
a cultura
ganha vida.
Esportes
radicais
Botecos,
restaurantes
sofisticados
FIT (Festival
Internacional
de Teatro)
FID (Festival
Internacional
de Dança)
FIQ (Festival
Internacional de
Quadrinhos)
and Instituto
Centro CAPE,
export partners
O Instituto Centro CAPE e a Central Mãos de Minas investem, desde 2001, na exportação do artesanato mineiro.
Naquele ano o governo federal, por intermédio do Projeto Setorial Integrado da APEX-Brasil, firmou parceria com
o Centro CAPE - através da marca Brazil Handicraft By Minas Gerais - para levar ao comprador internacional a
produção dos artesãos associados à Central Mãos de Minas.
As ações estratégicas da parceria incluem um trabalho de prospecção dos mercados internacionais, participação
em feiras na Europa e EUA, capacitação dos artesãos por meio de palestras e workshops e a realização de rodadas
de negócios no Brasil e no exterior.
No primeiro ano da parceria, o Centro CAPE registrou US$ 10 mil em vendas para o mercado externo. Em
2003 houve um aumento significativo, chegando a US$ 203 mil. Os artesãos associados à Central Mãos de
Minas exportaram, de janeiro a novembro de 2006, US$ 847 mil. Se incluirmos as vendas para os compradores
internacionais, realizadas durante a 17ª Feira Nacional de Artesanato, os valores exportados atingem US$ 1,250
milhão em 2006.
O aumento das exportações deve-se, em grande parte, à participação do artesão mineiro em feiras e eventos
internacionais. Em 2007, o Projeto Setorial Integrado viabilizou a participação da Central Mãos de Minas em oito
feiras na Europa e Estados Unidos. Cerca de 1.800 peças foram expostas na Alemanha, Portugal, Espanha, EUA,
Itália e Inglaterra.
Durante os eventos internacionais os
expositores participam de rodadas de
negócios e realizam contatos diretos com
lojistas de outros países. Essa estratégia
aproxima o artesão do comprador
internacional, facilita o processo de
negociação e gera, nos meses seguintes,
encomendas que movimentam a produção
do artesão.
Instituto Centro CAPE and Central Mãos de
Minas have invested, since 2001, in the export
of “mineiro” crafts. In that year, the federal
government, through APEX-Brasil’s Integrated
Sectoral Project, entered into partnership with the
Centro CAPE in order to take the production of
the national artisans members of Central Mãos de
Minas to the international buyer.
The strategic actions of this partnership include a detailed study of the international markets, participation in fairs
in Europe and the USA, qualification of the artisans by means of lectures and workshops and organization of business
rounds both in Brazil and abroad.
In the first year of the partnership, Centro CAPE registered US$ 10 thousand in sales in the international market.
2003 saw a substantial increase in sales, reaching US$ 203 thousand. The artisans members of Central Mãos de Minas
exported, from January to November 2006, US$ 847 thousand. If the sale to international buyers during the 17ª Feira
Nacional de Artesanato are thrown in, the exports add up to US$ 1,250 million in 2006.
The increase in exports is in the first place the result of the participation of the “mineiro” artists in international fairs
and other events. In 2007, the Integrated Sectoral Project facilitated the participation of Central Mãos de Minas in eight
fairs in Europe and the USA. Around de 1,800 pieces were exhibited in Germany, Portugal, Spain, Italy, England and in
the USA.
During the international events the stallholders take part in business rounds and meet retailers from other countries.
This strategy allows the artisan to get in touch with the international buyer, thus making negotiation easier and attracting,
in the subsequent months, orders that will certainly boost production.
29
APEX-Brasil
Por/By: Rodrigo Narciso Foto/Photo: Apex-Brasil
Após participar da Feira Macef, em Milão, a Central
Mãos de Minas negociou 2.250 peças com a rede de
lojas Coin. Considerada uma das maiores redes da
Europa, a Coin possui 400 pontos de venda na Itália e
franquias na Alemanha e Suíça. A negociação rendeu R$
95 mil às artesãs Carmem Silva, Gleice Lara e Stela Maris,
responsáveis pela produção das peças exportadas.
Para atender à demanda, Carmem Silva contou
com a ajuda dos Meninos da Lagoa (projeto que apóia
adolescentes de baixa renda do município de Lagoa
Santa/MG). Para produzir e armazenar as 1.350 bonecas
de papel marchê, a artesã utilizou um galpão cedido pela
prefeitura do município. De acordo com Carmem Silva
a encomenda possibilitou a realização de um sonho.
“Sempre quis desenvolver um trabalho social com os
Meninos da Lagoa e, nos últimos meses, trabalhamos
juntos para atender à demanda internacional. Provamos
que o artesanato é um ótimo instrumento para geração
de renda e inclusão social”, declarou.
A artesã Stela Maris - proprietária do ateliêr Bonecas
do Brasil - conta que, de janeiro a maio de 2007, 100%
da sua produção foi destinada ao mercado externo. Em
2006 o atelier fabricou 1,8 mil bonecas por mês e 40%
da produção foi para atender pedidos de compradores
da Alemanha, Itália, Portugal, Inglaterra, Espanha e
Estados Unidos.
De acordo com o Gestor de Projetos da APEX-Brasil,
Bruno Amado, muito mais que o fomento às exportações
de artesanato, a parceria apresenta forte apelo social,
gerando renda e possibilitando a internacionalização
de um setor tradicional da economia mineira, que tem
como principais beneficiários pequenos artesãos e suas
associações.
Atualmente, a parceria entre o Centro CAPE e a
APEX-Brasil beneficia cerca de 900 famílias em Minas
Gerais, gerando renda e melhorando a qualidade de
vida dos artesãos.
Projetos Projects
28
Projetos Projects
APEX-Brasil e Centro CAPE, parceiros na exportação
After participating in the Macef Fair, in Milan, Central
Mãos de Minas sold 2,250 pieces to the Coin chain
stores. Considered one of the biggest chain stores in
Europe, Coin has 400 shops in Italy besides franchisees in
Germany and Switzerland. The negotiation added R$ 95
thousand to the income of artisans Carmem Silva, Gleice
Lara and Stela Maris, the producers of the pieces.
In order to meet the demand, Carmem Silva had
the help of the Meninos da Lagoa (a Project that helps
adolescents from low-income families in the municipality
of Lagoa Santa/MG). The 1,350 papier maché dolls were
made in a shed lent to them by the municipality’s city
hall. According to Carmem Silva the order helped them
achieve a dream. “We have always dreamed about
developing some social work with the Meninos da Lagoa
and, in the last few months, we worked together to meet
the demand of the international market. We managed
to prove that the production of crafts is a perfect tool
for the generation of income and insertion in the social
scene”, declared Carmem.
Artisan Stela Mares - the owner of the studio Bonecas
do Brasil - reports that from January to May 2007, 100%
of their production was geared to the external market.
In 2006 they produced 1.8 thousand dolls a month and
40% of this figure went to meet orders from Germany,
Italy, Portugal, England, Spain and the USA.
According to the Project Manager of APEX-Brasil,
Bruno Amado, more than giving support to exports,
the partnership is really concerned over social issues,
generating income and helping a sector of the economy
whose beneficiaries are small artisans and their
associations go international.
Today, the partnership between Centro CAPE e a
APEX-Brasil helps around 900 families in Minas Gerais,
by generating income and improving the living standards
of craftspeople.
is in its
18th Edition
Coordenada pelo Instituto Centro CAPE, a Feira Nacional de Artesanato chega à sua 18ª edição. De 20 a 25
de novembro deste ano, o Expominas reunirá 8.600 expositores do Brasil, África, América Latina e Europa, e mais
de 200 mil visitantes. Entre eles, 72 mil turistas que devem movimentar, nos seis dias de feira, cerca de R$ 70
milhões.
Este ano a feira homenageia o Circo: Artesão da Alegria. Os pavilhões do Expominas serão decorados com
motivos circenses e os visitantes serão surpreendidos com intervenções de malabares, mágicos e palhaços que irão
alegrar o ambiente.
Outra grande atração deste ano
é o Espaço Brasil / África que recebe
a produção cultural dos países que
compõem o continente africano.
Artesanato, gastronomia, filmes,
literatura, palestras e oficinas serão
oferecidos aos expositores e visitantes
da feira. Resgatar a Pangea, revisitar
nossas origens culturais e promover
o intercâmbio econômico entre
Brasil e África são os objetivos dessa
iniciativa.
Coordinated by the Instituto Centro
CAPE, the Feira Nacional de Artesanato
(National Crafts Fair) will open its 18th
edition. From 20 to 25 November
2007, Expominas will bring together
8,600 artisans from Brazil, Africa, Latin
America and Europe and over 200
thousand visitors. Among them, 72
thousand tourists are expected to buy
around R$ 70 million worth of items,
in six days.
This year, the fair will celebrate
the Circus, with the title Circo:
Artesão da Alegria (Circus: the Artisan
of Amusement). The pavilions of
Expominas will be decorated with
circus motifs and the visitors will be
taken unawares by jugglers, magicians
and clowns.
Another great attraction this year is
the Espaço Brasil / África, with cultural
manifestations and crafts from African
countries. Crafts, gastronomy, films.
literature, lectures and workshops will
be offered to craftspeople and visitors.
Reliving Pangea, revisiting our cultural
origins and promoting the economic
exchange between Brazil and Africa
are the main aims of this fair.
31
The National Crafts Fair
Por/By: Rodrigo Narciso Foto/Photo: Marcus Desimoni
O respeito ao meio ambiente também é uma marca da produção artesanal brasileira. Este ano, a Feira Nacional
de Artesanato recicla todo o lixo produzido na edição anterior. Os carpetes utilizados em 2006 foram transformados
em pufes, mesas de centro, capachos, tapetes, cadeiras e mesas que servirão as áreas de descanso do evento. As 8
mil sacolas que serão distribuídas para os lojistas no dia 20 de novembro, foram confeccionadas com os banners
da última feira.
O número de visitantes
durante os seis dias do evento,
o volume de vendas para o
mercado interno, a visibilidade
internacional e a participação
de artesãos de todos os
estados brasileiros fazem da
Feira Nacional de Artesanato
o maior evento do setor na
América Latina.
Respect for the environment
is also a an outstanding
aspect of the Brazilian crafts
production. This year, the
Feira Nacional de Artesanato is
recycling all the garbage left in
the previous edition of the fair.
The carpets used in 2006 were
made into ottomans, coffee
tables, rugs and chairs that
will furnish cozy corners where
visitors can rest and relax. The
8 thousand carrier bags that
will be distributed among the
stallholders on 20th November
were made from the 2006 fair’s
banners.
The number of visitors in the 6 days of the event, the sales volume, the projection of the fair in the international market
and the participation of artisans from all Brazilian states make the Feira Nacional de Artesanato the most important and
biggest event of the kind in Latin America.
Feiras e Eventos Fairs and Events
30
Feiras e Eventos Fairs and Events
Feira Nacional de Artesanato chega à 18ª. edição
Feiras e Eventos Fairs and Events
Exportação
O crescimento substancial do número de compradores
internacionais que visitam a feira deixou Minas Gerais
na vanguarda do setor de exportação do artesanato
brasileiro.
Em 2001, quando o Instituto Centro Cape e a APEXBrasil começaram a patrocinar a vinda de compradores
internacionais à Feira Nacional de Artesanato,
apenas cinco lojistas internacionais demonstraram
interesse. Em 2002, o desafio foi encontrar dez desses
compradores. A situação começou a mudar em 2003,
quando os organizadores da feira selecionaram 12
dos vários interessados em vir ao evento. Em 2006, os
coordenadores da XVII Feira Nacional de Artesanato
identificaram 125 compradores, de 22 países, que vieram
espontaneamente ao evento. Apenas três tiveram as
despesas pagas pelos organizadores.
Este ano, 150 compradores internacionais são
esperados durante a 18ª edição da Feira Nacional de
Artesanato. Para recebê-los e facilitar as negociações
com os artesãos, o ICCAPE contratou profissionais que
atuam na área do comércio exterior. Além do núcleo
de profissionais, os organizadores da feira promovem
rodadas de negócios e visitas às comunidades e ateliês
que possuem potencial exportador.
Exports
The substantial increase in he number of international
buyers who visit the fair ranked the State of Minas Gerais
among the leaders in the sector of exports in Brazil.
In 2001, when Instituto Centro Cape and APEX-Brasil
started sponsoring the visit of international buyers to
the fair, only five artisans showed some interest in the
initiative. In 2002, however, the challenge was to find
ten buyers. The situation only started to change in 2003,
when the fair organizers shortlisted 12 buyers among
all those interested in coming to the event. In 2006, the
coordinators of the XVII Feira Nacional de Artesanato
identified 125 buyers from 22 countries, who attend
the event spontaneously. Only three of them had their
expenses paid for by the fair organizers.
This year, 150 international buyers are expected to
visit the 18th edition of the Feira Nacional de Artesanato.
To receive them and make negotiations with artisans
easier, ICCAPE hired foreign trade professionals. Apart
from that, the fair organizers have made arrangements
for business rounds and visits to the communities and
studios where potential exporters are based.
De acordo com o analista de Comércio Exterior
do Instituto Centro Cape, Arnaldo Galvão, em 2007
a Central Mãos de Minas e a Apex-Brasil levaram o
artesanato mineiro a feiras na Europa e EUA. “Durante
os eventos, constatamos que o artesanato brasileiro
possui um grande potencial de inserção no mercado
externo. Vários lojistas demonstraram interesse em
conhecer a Feira Nacional de Artesanato, e a nossa
missão é facilitar a negociação entre o produtor e
comprador internacional”, declarou.
Tão importante quanto a comercialização do
artesanato brasileiro, é a possibilidade de divulgar para
o mundo um pouco da cultura brasileira. O artesão
constrói, com as mãos, parte da identidade cultural
das diversas regiões do Brasil e perpetua, por gerações,
uma relação saudável e consciente com os elementos
da natureza. Pedra-sabão, ferro, papel marchê, fibras,
cerâmica, sementes, entre outras matérias-primas,
se transformam em obras de arte que encantam pela
beleza e criatividade.
Tão importante quanto a
comercialização do artesanato
brasileiro, é a possibilidade
de divulgar para o mundo um
pouco da cultura brasileira
As important as the
trade in Brazilian
crafts is the opportunity
to show part of the
Brazilian culture to the world
According to the foreign trade analyst of Instituto
Centro Cape, Arnaldo Galvão, in 2007, Central Mãos
de Minas and Apex-Brasil took the “mineiro” crafts to
Europe and USA. “During the events we realized that
Brazilian crafts have a great potential for insertion in the
international market. Several retailers expressed their
interest in visiting the Feira Nacional de Artesanato,
and it is our duty to facilitate negotiations between the
artisans and the international buyer”, he said.
As important as the trade in Brazilian crafts is the
opportunity to show part of the Brazilian culture to the
world. The artisans have built with their own hands
their share of the cultural identity of different Brazilian
regions and helped preserve for the generations to come
a sound relationship with nature. Soap Stone, papier
maché, fibers, ceramic, seeds and other raw materials
are made into works of art that seduce the visitor for
their beauty and originality.
Nacionais
19ª FEIRA NACIONAL DE ARTESANATO
Data: 25 a 30 de novembro de 2008
Local: Expominas - Belo Horizonte/MG
Linhas de Produtos e / ou Serviços: Artesanato de todos os estados
brasileiros e outros países. Palestras, oficinas rodadas de negócio e
consultoria para exportação. Com cerca de 2.500 expositores, será aberta
ao público nos dias 26, 27 e 28 (quarta,quinta e sexta), das 14h às 22h.
No dia 29 (sábado), das 10h às 22h. No dia 30 (domingo) das 10h às 21h.
No primeiro dia do evento, 25/11 (terça-feira) será aberta, das 12h às 22h,
somente para lojistas.
Site do Evento: www.feiranacionaldeartesanato.com.br
E-mail do Evento: [email protected]
Internacionais
A parceria entre a Central Mãos de Minas e a APEX-Brasil
leva o artesanato brasileiro a Feiras Internacionais. A
seguir, o calendário do 1º semestre de 2008.
Ambiente
Data: 08/02/2008 a 12/02/2008
Local: Frankfurt, Alemanha
A Feira Ambiente acontece em Frankfurt também no pavilhão da Messe e
é considerada uma das melhores feiras do gênero de decoração, presente
e acessórios da Europa. Compradores de todos os continentes visitam o
evento para conhecer as novas tendências mundiais.
Mais informações: http://www.messefrankfurtfeiras.com.br/
Ceranor
Data: 31/01/2008 a 03/02/2008
Local: Porto, Portugal.
Evento profissional que já está na 17ª edição, com uma visitação de
30.000 compradores, sendo 45% espanhóis e 55% de outros países da
Europa. Lojistas de decoração, decoradores, arquitetos e designers de
hotéis, restaurantes e similares compõem o público do evento.
Mais informações em http://www.ceranor.exponor.pt/
Expohogar
Data: 17/02/2008 a 21/02/2008
Local: Barcelona, Espanha.
A Expohogar está na 36ª edição. São 500 expositores distribuídos em
um espaço de 23.500 metros quadrados e 33.000 visitantes. Trata-se de
uma feira de decoração de interiores, decoração floral, design, bijuteria e
acessórios de moda. A Expohogar é uma feira reconhecida por apresentar
produtores e representantes de produtos de qualidade diferenciada e
com design elaborado. O concurso internacional de design Expohogar é
internacionalmente reconhecido e, anualmente, conta com concorrentes
de diferentes países. Na última edição participaram artistas da Espanha,
Polônia, Dinamarca, Alemanha, Taiwan, Itália, Senegal e Argentina.
Mais informações em http://www.expohogar.com
Gift Fair
Data: 02/02/2008 a 07/02/2008
Local: Nova Iorque, EUA.
A Gift Fair é o maior evento do gênero nos EUA e é realizado duas vezes
ao ano nos meses de janeiro e agosto. Acontece no Javits Center, em
Nova Iorque, com 8.700 expositores, sendo 75% americanos e 25%
internacionais. Apenas o projeto APEX leva o artesanato brasileiro para o
evento.
Mais informações em http://www.nyigf.com
Tendence
Data: 04/07/2008 a 08/07/2008
Local: Frankfurt, Alemanha.
A Feira Tendence acontece em Frankfurt e é considerada uma das
melhores feiras do gênero da Europa.
Mais informações em http://tendence-lifestyle.messefrankfurt.com
National
19th NATIONAL CRAFTS FAIR
Date: from 25 to 30 November 2008
Venue: Expominas - Belo Horizonte/MG.
Porducts and/or Services: Crafts from all Brazilian States and from
other countries. Lectures, workshops, business and consultancy for
exports. Around 2.500 participants. Open to the public on 26, 27 and 28
(Wednesday, Thursday and Friday) from 2.00 pm to 10.00 pm. On 29 th
(saturday), from 10 am to 22 pm. On 30th (Sunday) from 10 am to 9.00
pm. On the first day of the event, 25 November (Tuesday), it will be open
from Midday to 10.00pm only for retailers.
Visit: www.feiranacionaldeartesanato.com.br
E-mail to: [email protected]
International
The partnership between Central Mãos de Minas and APEX-Brasil
takes Brazilian crafts to International Faxirs. Below, the dates of
the coming events in the first semester of 2008.
Ambiente
Date: 08/02/2008 to 12/02/2008
Venue: Frankfurt, Germany
The Fair Ambiente is also held in Frankfurt in the Messe pavilion and is
considered one of the best of the kind in Europe, especially regarding
decoration, gifts and accessories. Buyers from all continents gather there
to be updated with the latest world trends.
Further information: http://www.messefrankfurtfeiras.com.br
Ceranor
Date: 31/01/2008 to 03/02/2008
Venue: Porto, Portugal.
Professional event already in its 17th edition, visited by 30,000 buyers;
45% being Spanish and 55% being people from other European
countries. Retailers, interior designers, architects and hotel and restaurant
designers are the sort of people who go to the event.
Further information: http://www.ceranor.exponor.pt
Expohogar
Date: 17/02/2008 to 21/02/2008
Venue: Barcelona, Spain
This with be the 36th edition of Expohogar. It is 500 stalls distributed in
23,500 square meters and 33,000 visitors. This fair brings together interior
design, floral arrangements, craft jewellery and fashionable accessories.
Expohogar has become famous for displaying high quality and finely
designed products. Expohogar’s international design contest is world
famous and every year it attracts contestants from different parts of the
world. In the last edition the fair brought together artists from Spain,
Poland, Denmark, Germany, Taiwan, Italy, Senegal and Argentina.
Further information: http://www.expohogar.com
Gift Fair
Date: 02/02/2008 to 07/02/2008
Venue: New York, USA.
Gift Fair is the biggest event of the kind in the US. It is held twice a yearin January and August - in the Javits Center, in New York, with 8,700
exhibitors, 75% being American and 25% from other countries. Only
APEX take Brazilian Crafts to the event.
Further information: http://www.nyigf.com
Tendence
Date: 04/07/2008 to 08/07/2008
Venue: Frankfurt, Germany.
Tendence is a fair held in Frankfurt that is considered
one of the best of the kind in Europe.
Further information: http://tendence-lifestyle.messefrankfurt.com
33
2008 Calendar
Feiras e Eventos Fairs and Events
32
Calendário 2008
income and cultural identity
Em entrevista à revista O Brasil Feito À
Mão, a ministra do Turismo, Marta Suplicy,
destacou a importância do artesanato no
processo de crescimento do setor turístico no
Brasil. A realização de feiras e eventos - como
forma de incrementar o turismo de negócios
- e as metas do ministério para os próximos
anos foram alguns dos temas abordados
durante a entrevista.
O Brasil Feito À Mão - O artesanato é um produto
que representa bem a tradição do país e carrega uma
forte carga cultural e histórica. Essas características
fazem do artesanato um importante fator de estímulo
ao turismo no Brasil?
Marta Suplicy - O Ministério do Turismo tem um olhar
especial para o nosso artesanato, que é um dos mais ricos
do mundo. É impressionante o que artesãs e artesãos criam
com aquilo que a natureza lhes oferece. Mãos brasileiras
produzem arte que é admirada mundialmente! São milhares
de brasileiros que fazem dessa arte a expressão de sua
cultura, do jeito de viver e de ser de um povo. Com uma peça
artesanal, o turista leva consigo uma parte de suas emoções
durante a viagem.
O artesanato, sem dúvida alguma, soma valor ao turismo
como expressão da identidade de um destino. No MTur, o
artesanato é trabalhado como produto associado ao turismo
e recebe investimentos dentro desse programa. Fazemos
parcerias para atuar diretamente com os artesãos, na sua
organização, na sua qualificação como empreendedores, ou
então para apoiar a exposição e comercialização das peças
produzidas pelas mãos desses nossos artistas.
O artesanato está presente em peças promocionais
do Brasil, nacional e internacionalmente. É uma arte que,
embora individual, gera renda e promove a inclusão de
muitas comunidades.
In an interview to the O Brasil Feito À Mão, the
Minister of Tourism, Marta Suplicy, highlighted
the role played by crafts in the development of
the tourism industry in Brazil. The organization of
fairs and events - as a means to step up the tourism
industry - and the goals the Ministry has set for the
next few years were some of the subjects of his
interview.
O Brasil Feito À Mão - Crafts are very representative
of the tradition of the country and the activity is
loaded with cultural and historical wealth. Do these
characteristics make crafts an important factor for
the development of the tourism industry in Brazil?
Marta Suplicy - The Ministry of Tourism looks at our
crafts production in a very special way, as it is one of the
richest in the world. I am very impressed by what the
craftspeople can make with what they can find in nature.
Brazilian hands produce art that is admired by people all
over the world. Millions of Brazilians make of this art the
expression of their culture, of the way of life of a nation.
With a piece of crafts, the tourist takes with him or her a
little bit of their emotion.
Crafts, no doubt, add value to tourism as an expression
of identity. For the Ministry of Tourism, the sector has a
close link with tourism and therefore investment is made
in it. We make arrangements for partnerships that act
directly with the artisans, their associations, promote their
qualification as entrepreneurs and give them support to
exhibit and sell their products.
Crafts are resent in pieces promoting Brazil, both
nationally and internationally. This type of art, albeit
individual, generated income and promotes the social
inclusion of communities.
35
Providing
Por/By: Rodrigo Narciso Foto/Photo: Ministério do Turismo
BFM - Entre as ações estratégicas desenvolvidas
pelo Ministério do Turismo, existe o Programa de
Regionalização do Turismo - Roteiros do Brasil. Quais
os principais objetivos desse programa?
M.S. - Este é o programa que construiu o novo mapa
turístico do Brasil, que implantou a gestão descentralizada do
turismo, que mantém diálogo permanente com aqueles que
fazem o turismo nos estados e municípios. No Plano Nacional
de Turismo 2007-2010, ele surge como um macroprograma
e sua principal proposta é estruturar, ordenar e diversificar a
oferta turística no Brasil.
Foi o programa que, junto com os representantes de
cada estado e do Distrito Federal, definiu os 65 destinos que
terão prioridade para receber investimentos financeiros e
técnicos para que, até 2010, alcancem o padrão de qualidade
internacional exigido pelo mercado. Com este programa, o
turismo vai cumprir um de seus principais papéis que é o de
fortalecer as regiões, envolvendo diretamente cada unidade
da Federação, de forma articulada e democrática. É muito
gratificante ver que esta proposta foi entendida e aceita por
todos.
Hoje sabemos que o Brasil tem 200 regiões turísticas
identificadas pelos estados. O Programa de Regionalização
constitui uma força imensa no país, com os fóruns, os
conselhos, os comitês e as associações. São 35 mil pessoas
BFM - Among the strategic actions developed by
the Ministry of Tourism, you have established the
Program for Regionalization of Tourism - Destinations
in Brazil. What are the main aims of this program?
M.S. - This is the program that has redesigned the tourist
map of Brazil, that has decentralized the management of
tourism, that is engaged in an ongoing basis with the people
that work with tourism in the states and municipalities.
In the 2007-2010 National Plan of Tourism, it appears as
a macroprogram whose main proposal is to structure,
organize and diversify offers in Brazil
This is the program that, with delegates from each state
and from the Federal District, defined 65 destinations that
will be prioritized for financial and technical investment so
that, by 2010, the sector will have attained the international
quality standard demanded by the market. With this
program, tourism will play one of its main roles, which is
to throw a lifeline to the regions, involving each unit of
the Federation, in an articulated and democratic way. It is
very gratifying to see that the proposal was understood
and accepted by all.
Today we know that so far 200 tourist destinations
have been identified in Brazil. The Regionalization Program
has proved to be a strength of the country, with its forums,
councils, committees and associations. There are 35
envolvidas numa rede em defesa do turismo. Foi com elas
que chegamos à etapa atual do programa, onde a pergunta
que se fazia era: dentro dos 87 roteiros, quais destinos
têm força para induzirem o desenvolvimento do turismo
regional? Chegamos aos 65 que possuem infra-estrutura e
atrativos turísticos qualificados e que são capazes de atrair
turistas e, ao mesmo tempo, levar o turista para outros locais
da região. Todas as boas práticas, as experiências exitosas
desses destinos, poderão ser replicadas, respeitando-se as
características locais, para nosso imenso Brasil.
BFM - De que forma a produção artesanal é
contemplada no Programa de Regionalização do
Turismo?
M.S. - Como Produção Associada ao Turismo, que agrega
valor aos destinos. O que significa que recebe os estímulos
necessários para o seu desenvolvimento e para gerar
trabalho e renda. Desde 2003, quando foi criado o Ministério
do Turismo e o país teve o seu primeiro plano para o setor,
estava definida a identificação dos produtos associados ao
turismo, como forma de ampliar e diversificar a nossa oferta.
Os investimentos na produção associada, na qual se inclui
o artesanato, somaram, até agora, quase R$ 28 milhões em
todo o país. Minas Gerais, por exemplo, foi contemplado com
mais de 20% desse valor.
thousand people forming a network working for the tourism
sector in the country. It was these people that allowed us to
come to the present stage of the Program, and the question
asked was, “among the 87 destinations, which ones have
the most potential to foster the development of regional
tourism?” We shortlisted 65 destinations that already had
the necessary infrastructure, attractive spots capable of
drawing tourists and, at the same time, with there is an
effort to encourage the tourist to visit other places in the
region. All good practices, the successful experiences of
these destinations can be replicated, of course respecting
local characteristics, all over the country.
BFM - How is the production of crafts dealt with in
the Program for Regionalization of Tourism?
M.S. - As production associated with tourism that
aggregates value to the destinations. This means that
the sector receives the necessary investments for its
development, job and income provision. Since 2003, when
the Ministry of Tourism was created and the country has
its first plan for the sector, the identification of crafts as
being associated with tourism was defined as a means
to expand and diversify our offer. The investments in the
associated production, which includes crafts, so far, have
neared the R$ 28 million all over the country. Minas Gerais,
for example, received over 20% of this value.
Entrevista Interview
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Entrevista Interview
GERANDO RENDA E PRESERVANDO A IDENTIDADE CULTURAL
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BFM - Instituto Estrada Real has given giant steps towards attracting tourists to the interior of Minas
Gerais. The project owes part of its success to a public- private partnership, which contributed to rescue
the history and culture of the country, by encouraging the communities to work in the organization of the
structure of the tourist sector. Does the Ministry of Tourism invest in public-private partnerships to foster the
development of projects in the tourist sector in Brazil?
M.S. - Not the structured Public-Private-Partnership format. Actually, the Ministry of Tourism develops its
projects always in partnerships - either with the state governments or enterprises. In fact, tourism is developed
on three pillars: federal government, by means of the Ministry of Tourism (MTur); local governments (states
and municipalities), and the third sector (entities representing the tourist segments). Estrada Real is an example
of a well succeeded partnership.
BFM - As opposed to the natural vocation for leisure trips, business tourism in Brazil has proved to have a
great potential for growth. Events like the Feira Nacional de Artesanato, held for 18 years in Belo Horizonte,
boost local economy providing jobs and income for the commerce, hotel industry, restaurants, among other
sectors. Do you think that promoting fairs and events in an effective way is the key to foster business in the
country?
M.S. - For sure. Embratur has a special department that works bringing international events to Brazil. In
four years, from 21st we are now ranked 7th among the countries that that receive the largest number of
events in the world, according to the ICCA (International Congress and Convention Association). Only this year,
until September, MTur had already granted R$ 42 million to events held in all regions of Brazil.
In Feira Nacional de Artesanato, for example, MTur will be present with a series of actions, promoting and
backing the direct and indirect participation of over 500 artisans from all over the country. And this is what
we have to do. Do you know why? Because this is a fair that boosts business, that attracts not only buyers but
also the tourist that appreciates crafts. The fair draws tourists to Belo Horizonte, besides generating income
for the exhibitors that come from other parts of the country. The fair itself also provides jobs both before and
during it.
For sure, the Feira Nacional de Artesanato contributes a lot to allow us to achieve at least three goals of the
Plano Nacional de Turismo until 2010: creating 1.7 million jobs and occupations; promoting 217 millions trips
within the country; and generating US$ 7.7 billion in foreign currency.
BFM - Quais ações o governo brasileiro realiza no
exterior para dar mais visibilidade e, ao mesmo tempo,
melhorar a percepção dos turistas estrangeiros em
relação ao Brasil?
M.S. - Antes quero dizer que meu antecessor, o ministro
Walfrido Mares Guia, fez um trabalho magistral nos quatro
primeiros anos do Ministério do Turismo. E um dos excelentes
resultados de sua gestão é exatamente a imagem que o
nosso país tem hoje no mercado internacional do turismo.
Com planejamento, conhecimento de mercado e estratégias
estabelecidas e desenvolvidas pela Embratur, o Ministério do
Turismo inaugurou um novo status de confiança no exterior.
Por isso mesmo, chegamos aos resultados registrados de 2003
a 2006 em geração de divisas - saltamos de US$ 2,4 bilhões
para US$ 4,3 bilhões. E apesar da crise da Varig no ano passado,
que implicou a redução de assentos em vôos internacionais,
o número de turistas estrangeiros, que era de 3,7 milhões em
2002, chegou a mais de cinco milhões em 2006. O trabalho de
promoção no mercado externo continua e a Embratur já começou
a executar a segunda fase do Plano Aquarela de Marketing
Internacional do Turismo, com foco em alguns mercados. Hoje,
o turismo já é o quinto principal ponto da pauta de exportações
do Brasil e acredito que podemos melhorar consideravelmente o
peso do turismo não só na pauta de exportações, como no PIB
brasileiro.
“Brazilian hands
produce art that
is admired by
people all over
the world!”
“Mãos brasileiras
produzem arte
que é admirada
mundialmente!”
BFM - What sort of actions does the Brazilian
government carry out abroad to give more visibility
and, at the same time, change the image of Brazil in
the eyes of foreign tourists?
M.S. - In the first place, I would like to point out
that my predecessor, Walfrido Mares Guia, did a
fantastic job in the first four years of the Ministry of
Tourism. And one of his most outstanding legacies is
exactly the image our country has in the international
market of tourism. With sound planning, knowledge
of the market and strategies developed by Embratur,
the Ministry of Tourism established a new status of
trust overseas. Exactly because of this, we reached the
results registered from 2003 to 2006 in terms of foreign
exchange - we jumped from US$ 2.4 billion to US$ 4.3
billion. And despite the crisis involving Varig last year,
which resulted in fewer seats in international flights,
the number of foreign tourists, which was 3.7 million
in 2002, was over five million in 2006. This work in the
external market still goes on and Embratur has started
the second stage of the Plano Aquarela of International
Tourism Market. Today, tourism is the fifth most
important point in the agenda of exports in Brazil and
I believe we can further increase the weight of tourism
not only in terms of export, but also regarding the
Bazilian GIP.
Entrevista Interview
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Entrevista Interview
BFM - O Instituto Estrada Real tem obtido grandes avanços na interiorização do turismo em Minas Gerais.
Parte do sucesso do projeto se dá pela parceria público-privada, resgatando a história e cultura do país e
estimulando a participação das comunidades na organização da estrutura turística. O Ministério do Turismo
investe em parcerias público-privadas para desenvolver projetos turísticos no Brasil?
M.S. - Não no formato legal e estrutural de PPP. Mas o Ministério do Turismo desenvolve seus projetos e ações sempre
em parceria. Ou com os governos estaduais, ou com segmentos empresariais. Na verdade, o turismo se desenvolve apoiado
em três pernas: governo federal, por meio do MTur; governos locais (estaduais e municipais); e terceiro setor (entidades
representativas de segmentos turísticos). O Estrada Real é um exemplo de parceria bem-sucedida.
BFM - Em contraposição à vocação natural para as viagens de lazer, o turismo de negócios no Brasil é
um segmento que possui grande potencial de crescimento. Eventos como a Feira Nacional de Artesanato,
realizada há 18 anos em Belo Horizonte, movimentam a economia local gerando trabalho e renda para os
profissionais do comércio, hotelaria, restaurantes, entre outros setores. Estimular a realização de feiras e
eventos é uma forma eficaz para estimular o turismo de negócios no país?
M.S. - Com certeza. A Embratur tem, inclusive, uma diretoria para atrair eventos internacionais para o Brasil. Saímos do 21º
para o 7º lugar no ranking dos países que mais recebem eventos no mundo, de acordo com a ICCA (International Congress
and Convention Association), num espaço de quatro anos apenas. E só neste ano, até setembro, o MTur já havia destinado
quase R$ 42 milhões para eventos realizados em todas as nossas regiões.
Na Feira Nacional de Artesanato, por exemplo, o MTur estará presente com uma série de ações, promovendo e apoiando
a participação direta e indireta de mais de 500 artesãos de todo o Brasil. E temos de fazer isso mesmo. Sabe por quê?
Porque esta é uma feira que gera negócios, que atrai não apenas compradores, mas o turista que gosta de artesanato. A feira
movimenta o turismo de Belo Horizonte, mas gera renda para os expositores que vêm de outros cantos brasileiros. A própria
feira, antes e durante a sua realização, também gera empregos.
Com certeza, a Feira Nacional de Artesanato traz grande contribuição para que cheguemos a, pelo menos, três metas do
Plano Nacional de Turismo a serem alcançadas em 2010: criar 1,7 milhão de empregos e ocupações; promover 217 milhões
de viagens internas; e gerar US$ 7,7 bilhões em divisas.
and tourism open the door to excellent opportunities
Mercado Externo Foreign Market
Uma cidade com cerca de seis mil habitantes, fundada em 1702, incrustada na Serra de São José. Tiradentes é
uma das mais charmosas cidades históricas de Minas Gerais, não só pelo que representou sua produção no período
colonial, mas pelo que agora representa uma vocação recentemente descoberta por seus filhos: o artesanato.
Desde criança, aos nove anos de idade, Kleber Trindade sempre foi fascinado por imaginar formas e construí-las
em três dimensões. Aos poucos mostrava a habilidade reaproveitando latas de óleo e outras sucatas que encontrava.
Fazia lamparinas como as que via com os funcionários da rede ferroviária em Tiradentes, até hoje se pode dar um
passeio na Maria-Fumaça de 1881, cuja linha agora está reduzida ao percurso entre a cidade e a vizinha São João
Del Rei. E foi cortando latas que Kleber aprendeu um ofício, que mais tarde virou profissão, e atualmente é um
empreendimento que movimenta entre R$ 80 mil e R$ 110 mil por ano.
A relação do turismo
com o artesanato foi
tão bem-sucedida em
Tiradentes que hoje
é difícil saber qual
das duas atividades
impulsiona a outra
The association between
crafts and tourism was
so successful in
Tiradentes that it is hard
to tell which of the two
activities fosters the other
A city of about six thousand inhabitants, settled in 1702, embedded in Serra de São José, Tiradentes is one of the
most charming historical cities of Minas Gerais, not only for what its production in the colonial period represented, but
also for its newly discovered talent: crafts.
Since he was a child of nine, Kleber Trindade has always been fascinated by shapes. He imagined them and made
them in three dimensions. Little by little his skills bloomed as he reused oil tins and scrap metal. He made oil lamps like
the ones he saw the railway workers carrying - Tiradentes still preserves a steam train from 1881, whose rails are now
reduced to a stretch between the town and the neighboring city of São João Del Rei. The train plies between the two
cities taking the tourist a most pleasant journey. And it was by cutting tins that Kleber learned his craft, which later
became his profession and today sells between R$ 80 thousand and R$ 110 thousand a year.
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Crafts
Por/By: Daniel Barcelos Foto/Photo: Walmir Monteiro
Quando começou a crescer, Kleber (foto) não foi encorajado a ingressar numa carreira de artesão. O pai preferia
que ele fosse militar, comerciante, veterinário... qualquer coisa que pudesse ser chamada de “emprego”. E ele foi
tudo isso, mas não deu outra. A veia criativa falou mais alto e, depois de vender uma loja de ração para animais,
não teve como negar a vocação. Hoje ele se orgulha de dizer que suas peças são conhecidas internacionalmente
e de ter objetos seus protegidos sob patente industrial. “Aproximadamente 30% da minha produção é destinada
para exportação”, comemora o empreendedor que, de tanto contato com clientes internacionais, já aprendeu a
observar as tendências e gostos específicos dessa clientela. “Muitos turistas vêm até a loja e acabam passando
alguma informação. Os americanos, por exemplo, preferem peças brancas, claras. Eles também gostam muito do
ouro. Já o europeu gosta de cores mais escuras. Adoram as cores mais fortes, que chamam atenção. E cada região
tem uma peça que agrada mais”, declara.
Ajuda muito a vida do artesão o fato de estar no lugar que já é um dos mais procurados como destino turístico
no Estado de Minas Gerais. A relação do turismo com o artesanato foi tão bem-sucedida em Tiradentes que hoje
é difícil saber qual das duas atividades impulsiona a outra. Para Kleber, mais da metade dos turistas que vão à
cidade estão motivados pela riqueza e diversidade do artesanato local. “Pode colocar aí: uns 60% dos turistas
de Tiradentes vêm buscar artesanato. Muitos se tornam até lojistas, outros vêem o artesanato numa loja em Belo
Horizonte e vêm aqui pra comprar”, considera. A cidade é um museu a céu aberto. Um cenário prontinho para
cinema e teledramaturgia. Tanto é verdade que muitos filmes e novelas já foram rodados ali e há dez anos realiza-se
em janeiro a Mostra de Cinema de Tiradentes. Kleber soube aproveitar esse filão. Foi contratado para confeccionar
partes do figurino e alegorias utilizadas na minissérie Hilda Furacão, da Rede Globo (1998), e divulgou sua obra.
Desde então, já expôs seu trabalho em outros programas da emissora, o que o ajuda a vender para brasileiros e
estrangeiros.
When his business started to grow, Kleber (photo) was
discouraged from starting in it. His father wanted to him to start
a career in the army, or perhaps work in the commerce, or study
to be a vet … anything his father could call a “proper job”. And
he was all that, but he had set his heart in becoming a craftsman.
His creative vein spoke louder and, after selling an animal food
shop, he turned his attention to his vocation. Today, he is proud
of the fact that his pieces are known internationally and are
protected by a patent. “Some 30% of my production is exported”,
celebrates the entrepreneur who, after getting in touch with
so many international buyers, has already learnt how to follow
world trends and cater for the specific tastes of his clients. “A
lot of tourists come to the shop and end up by revealing a few
things. The Americans, for example, prefer white or pastel colors.
They also like gilded pieces. The Europeans, on the other hand,
prefer richer, brighter colors. And each reach region has its own
preference”, he says.
What helps the artisan a lot is the fact that he is already based
in a place that is one of the most frequently visited by tourists in
the State of Minas Gerais. The association between crafts and
tourism was so successful in Tiradentes that it is hard to tell which
of the two activities fosters the other. Kleber believes that half of
the tourists who visit the city are attracted by the wealth of local crafts. “You can write there: around 60% of the tourists
that visit the town are looking for crafts. Many of the even open their own shops after coming here, others see a piece
in a shop in Belo Horizonte and come here looking for it”, he adds. The city is an open-air museum. A natural set ready
for the shooting of a film or a soap opera. It is so much so that a number of films and soap-operas have been using the
place as their location, and, for ten years now Tiradentes has housed, every January a film festival, the Mostra de Cinema
de Tiradentes. Kleber knew how to make the best of it. He was hired to produce part of the clothes and accessories used
in the Globo TV Netwrok’s series Hilda Furacão, in1998, which made his production known outside the State. Since then,
he has already worked for other programs of the TV network, which helps him sell to Brazilians and foreigners.
Mercado Externo Foreign Market
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Artesanato e turismo proporcionam excelentes oportunidades
The cultural agenda of Tiradentes is long. It starts with the Carnival, then the film festival, Mostra de
Cinema, followed by the culture and food festival, the Festival Internacional de Cultura e Gastronomia
(which alone attracts over 30 thousand tourists to the town in August, besides
chefs from all over the world). Then there is the winter festival, Inverno
Cultural, religious festivals, and a whole series of events that
crowd the hotels and inns of the city and boost the business
of different economic sectors. “But not crafts”, he says to our
surprise. “When the city is too crowded it is not the best
time to sell crafts. The people who come for these events
have only entertainment in mind. But in a normal weekend,
when there are no events in the city, the tourist comes to see
the crafts, and they take their time. It is then that we have this
selling-buying atmosphere”, explains Kleber. And there cannot be
enough weekends to sell all the 900 kilos of galvanized plates that
Kleber’s workshop consumes every month. It is certain that a good
part of his products is sold to regular shoppers, particularly attracted by
the organization and careful management of his business. Everything
in the workshop is documented. The registration of his 12 employees,
the time they arrive and leave, work safety because of the residues resulting
from the work, and a series of other measures that have guaranteed for him
the quality seal, Selo IQS. Following this policy, he intends to expand. He has a
second workshop with apprentices, which he built in his smallholding, Engenho
de Serra, near the village of Carrancas, where he intends to hire more people and
boost production. The good image of the company is responsible for the increased
demand for his pieces. This is all added to the other qualities this artisan and
other artisans in Tiradentes have to make the city a centre of production in the
sector: talent, creativity, perseverance, and luck - why not?
lover of
”mineiro”
crafts,
Anna Marina
Foto/Photo: EM / Marcos Vieira
A
Anna Marina
41
encourages the development of the sector
Prestes a completar 50 anos no Jornal Estado de Minas, a editora do Caderno
Feminino & Masculino, Anna Marina, é grande admiradora e incentivadora dos
trabalhos manuais. Sempre divulgou a produção dos artesãos que desenvolvem
trabalhos diferenciados, além das feiras e eventos que impulsionam o artesanato
mineiro. Foi mentora espiritual e apoiou a crítica de arte Maristela Tristão na criação
da Feira Hippie da Praça da Liberdade em 1969. Naquela época, Maristela Tristão
dedicava-se, na Prefeitura de Belo Horizonte, à promoção da cultura e do turismo.
Arquivos da nossa história revelam que a feira era freqüentada inicialmente
por grupo de artistas mineiros e críticos de arte que se encontravam para expor
produtos e trocar experiências.
“Nos anos sessenta os artistas e artesãos apresentavam inicialmente seus
trabalhos manuais em volta do coreto. Hoje a feira ocupa boa parte da Avenida
Afonso Pena e possui objetivo diferenciado”, ressalta Anna Marina.
De acordo com a jornalista, o artesanato deve ser mais valorizado no Brasil.
“Aqui em Minas é preciso que o Estado se movimente e tome a iniciativa de criar
o museu do artesanato”, destaca. Segundo Anna Marina, o artesanato faz parte
da cultura de Minas Gerais, possui valor social imensurável e movimenta o turismo
da região.
Para os artesãos Anna faz um alerta: “Sejam sempre criativos e não copistas”.
A jornalista explica que o valor das peças artesanais está na criatividade e técnicas
singulares que caracterizam o trabalho de cada artista.
Foi mentora espiritual e apoiou a crítica de arte
Maristela Tristão na criação da Feira Hippie da
Praça da Liberdade em 1969
She was the spiritual mentor and supporter of the art critic
Maristela Tristão in the organization of the Feira Hippie
held weekly in Praça da Liberdade in 1969
About to complete fifty years with the newspaper Estado de Minas, the editor of a section of the paper, Anna Marina,
is a great admirer and sponsor of handicrafts. The production of crafts is a permanent feature of her section, as well as
the fairs and events that set the ‘mineiro” sector moving on. She was the spiritual mentor and supporter of the art critic
Maristela Tristão in the organization of the Feira Hippie held weekly in Praça da Liberdade in 1969. At that time, Maristela
Tristão worked for the city hall in the secretary of culture and tourism. The archives of our history show that the fair
was initially patronized by groups of “mineiro” artists and art critics who met there to display their pieces and exchange
experiences.
“In the 1960’s, when the fair started, the artists and craftspeople used to display their pieces around the bandstand.
Today, the fair takes up a good part of Avenida Afonso Pena but its initial purpose has changed”, points out Anna
Marina.
According to the journalist, crafts deserve more attention in Brazil. “Here in Minas it is about time the State took the
initiative to open a crafts museum”, she complains. According to Anna Marina, crafts play an important role in the culture
of the State of Minas Gerais, and its social importance is invaluable as its contributes to attract people to the state.
Anna warns the artisans, “Be creators, not copycats!” The journalist explains that the value of these pieces reside in
the unique techniques that Mark the work of each artist.
Eu Faço I Make
40
Mercado Externo Foreign Market
O calendário cultural anual de Tiradentes é vasto. Há o famoso Carnaval,
a Mostra de Cinema, o Festival Internacional de Cultura e Gastronomia (que
sozinho leva mais de trinta mil turistas nos meses de agosto), o Inverno Cultural,
festas religiosas, enfim, uma série de eventos que esgotam a lotação da cidade
e movimentam vários setores da economia do lugar, como o hoteleiro. “Mas o
artesanato, não”, afirma, surpreendente, o artesão. “Quando a cidade está muito
cheia não é bom de vender artesanato. O público desses eventos parece que
já vem direcionado para aquilo ali. Agora, quando é fim de semana normal,
sem nada na cidade, o turista chega para ver os trabalhos com calma. Aí
sim rola um clima de venda”, explica Kleber. E haja fim de semana para
escoar todos os novecentos quilos de chapa galvanizada que a oficina de
Kleber consome todos os meses. Claro que boa parte disso é vendida sob
encomenda a clientes lojistas regulares, entre outras coisas, atraídos pela
organização e o zelo com que ele trata seus negócios. Tudo na oficina é muito
bem documentado. Os registros dos 12 funcionários, entradas e saídas, cuidados
com a apresentação, segurança do trabalho, com os resíduos gerados, uma série
de medidas que garantiram a chancela do Selo IQS de qualidade. Dentro dessa mesma
filosofia, prepara uma expansão. Já tem aprendizes numa segunda oficina, que montou
no sítio em Engenho de Serra, próximo à cidade de Carrancas, onde pretende agregar
mais empregados ao seu quadro e aumentar sua produção. Uma boa imagem é poderosa
aliada no empreendimento e faz parte do aumento da demanda por suas peças. Faz coro com as
demais qualidades que Kleber e outros artesãos de Tiradentes reúnem para tornar a cidade um
pólo de produção nessa área: talento, criatividade, perseverança, e sorte, por que não?
Apreciadora do artesanato mineiro, Anna Marina
incentiva e apóia iniciativas para o seu desenvolvimento
Onde Encontrar Where to Find
42
Onde Encontrar
Where
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55-31-9955-4790 - Everton de Paula
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site: www.pousadadascores.com.br
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Kleber Trindade................................................................................................................. Página
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e-mail: [email protected]
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The brazilian art
is in New York.
A arte brasileira
está em Nova York.
7W
34th
0001
York, NY 1
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