1 6. PAPEL DA ENDOSCOPIA NA OBESIDADE MÓRBIDA Luiz Cláudio Miranda da Rocha Assistente do Serviço de Endoscopia do Hospital Mater Dei – Belo Horizonte e do Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais. Especialista em Endoscopia Digestiva e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva. Rua Felipe dos Santos 228/901 Lourdes Belo Horizonte Cep 30180160 3223-5386 e 9981-7324 Geraldo Ferreira Lima Júnior Coordenador do Serviço de Endoscopia Digestiva do Hospital Mater-Dei – Belo Horizonte Especialista em Endoscopia Digestiva e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva 6. PAPEL DA ENDOSCOPIA NA OBESIDADE MÓRBIDA 2 LUIZ CLAUDIO MIRANDA DA ROCHA GERALDO FERREIRA LIMA JÚNIOR INTRODUÇÃO 3 A obesidade é o problema de saúde mais comum nos Estados Unidos atingindo 25 a 30% da população adulta. A prevalência de pacientes obesos tem aumentado tanto em países desenvolvidos, quanto naqueles em desenvolvimento17 . No Brasil, a prevalência da obesidade aumentou consideravelmente nos últimos anos, especialmente entre as mulheres. O índice de massa corporal (IMC) é calculado por uma relação entre peso (p) e altura (a), ou seja IMC=p/a2. A partir de determinado valor de IMC, há um aumento na incidência de condições que ameaçam a saúde, guardando relação direta com o este índice24. A obesidade leva ainda a desordens psicológicas, estigmatização e descriminação, sendo uma importante causa de morte previnível, gastando parte considerável do orçamento da saúde, representando dessa forma sério problema de saúde pública2,61. O tratamento da obesidade é multi-disciplinar. As terapias conservadoras baseadas em mudanças dietéticas e comportamentais, coadjuvadas por medicamentos, são difíceis de serem introduzidas e mantidas. Embora se possa obter alguma resposta inicial, os resultados não são satisfatórios em longo prazo40 . O tratamento cirúrgico tem sido realizado há 50 anos. É considerado por alguns como único método comprovadamente eficaz na perda de peso e manutenção desta perda em longo prazo29 . Historicamente, a cirurgia na obesidade mórbida começou com a derivação intestinal, evoluindo para a restrição do reservatório gástrico. Estes procedimentos foram testados e aprimorados nos últimos anos e atualmente existem várias técnicas de gastroplastia, bypass gástrico e enteral e bandagem gástrica realizadas por laparotomia ou laparoscopia12,61. A endoscopia digestiva alta tem papel fundamental no tratamento dos pacientes obesos. No pré- operatório o exame será realizado para o diagnóstico de alterações que contra-indiquem ou impeçam o procedimento cirúrgico ou imponham um tratamento prévio. No per-operatório a endoscopia poderá ser utilizada para auxílio da cirurgia laparoscópica. O exame endoscópico no pós-operatório da obesidade tem indicações bem definidas para avaliação 4 de sintomas, diagnóstico de complicações da cirurgia e eventualmente para procedimentos terapêuticos11. Por fim a endoscopia poderá atuar diretamente no tratamento da obesidade, com a colocação do balão intragástrico, que representa uma terapêutica restritiva, reversível e passível de repetição65 . ENDOSCOPIA NO PRÉ-OPERATÓRIO A endoscopia digestiva alta é indispensável como exame pré-operatório da cirurgia bariátrica, independente da presença de queixas ou sintomas relacionados a doenças do trato digestivo superior11,26. A sua realização sistemática é particularmente importante, sobretudo nas técnicas em que segmentos do trato digestivo serão excluídos58. O exame endoscópico no paciente obeso deve ser realizado dentro da rotina do serviço de endoscopia, obedecendo todas as regras de preparo, sedação e monitorização. Deve-se proceder a exame minucioso de todos os segmentos do tubo digestivo superior, bem como coleta de material para histologia e pesquisa do H. pylori53. Eventualmente o exame poderá ser realizado sem sedação ou com sedação assistida por anestesiologista. A relação entre obesidade e doença do refluxo gastro-esofágico é controversa. É geralmente aceito que a obesidade é um fator importante na patogênese do refluxo ao manter cronicamente um aumento da pressão intra-abdominal. A incidência desta doença atingiria 25 a 30% dos pacientes obesos16,67. No entanto, esta associação não é aceita por alguns autores que a demonstraram entre 15 e 17%31,35 , valores que não excederiam a incidência na população geral28. De um modo geral, os pacientes poderão ser tratados clinicamente antes da cirurgia da obesidade. A presença de esofagite erosiva ou ulcerada não contra-indica a realização do procedimento de desvio gástrico. Alguns autores recomendam não utilizar o anel no desvio gástrico se o paciente tem esofagite erosiva grave ou ulcerada12. No caso da banda gástrica, a presença de hérnia hiatal de médio a grande tamanho é um fator relacionado à dilatação tardia da bolsa5. 5 Pacientes com gastrite crônica ativa e úlcera gástrica ou duodenal, H. pylori positivo, em preparo para cirurgia, devem receber tratamento medicamentoso58. Existe dúvida quanto aos pacientes com gastrite crônica e H. pylori positivo, assintomáticos, embora todos os pacientes estejam sendo tratados, levando em consideração a associação da infecção com o carcinoma e o linfoma do estômago, especialmente na técnica de exclusão do estômago53,66. Somando-se a isso um grupo demonstrou que o tratamento do H. pylori no pré-operatório diminuiu a incidência de úlcera marginal na cirurgia de Capella de 6,8 para 2,4%58. Na presença de doenças neoplásicas ou de lesões pré-malignas o tratamento será redirecionado. Entre janeiro de 1998 e dezembro de 2002 nós realizamos endoscopia digestiva em 920 pacientes obesos, candidatos ao tratamento cirúrgico. Houve predomínio absoluto do sexo feminino - 73% dos casos. A idade variou entre 18 e 71 anos com média de 38. O índice de massa corporal foi em média de 45,2, sendo o mínimo de 37,2 e o máximo de 66,7. Analisando retrospectivamente os achados endoscópicos e histológicos destes pacientes, encontramos normalidade em 23,5% dos casos. Considerando as esofagites com solução de continuidade a incidência foi de 21%. Cerca de 58% dos pacientes apresentavam algum grau de gastrite e em pouco mais da metade (51%) havia infecção pelo H. pylori. Os outros diagnósticos foram de doença ulcerosa péptica em 11%, pólipos gástricos em 5%, epitélio de Barrett em 2% e em 6 pacientes (0,6%) foi feito diagnóstico de câncer gástrico. ENDOSCOPIA NO PER-OPERATÓRIO Em meados da década de 1990, a introdução da laparoscopia na cirurgia bariátrica trouxe as mesmas vantagens observadas na cirurgia geral. No início da experiência os cirurgiões tiveram dificuldades com o tamanho da bolsa e o posicionamento correto do anel e da banda46. A endoscopia per-operatória foi então utilizada, especialmente no procedimento de Capella e na colocação da banda gástrica, no sentido de supervisionar o posicionamento 6 do anel, da banda, para medir a bolsa e para realização de manobras para diagnóstico de fístulas11. Com o desenvolvimento e a experiência na técnica laparoscópica a endoscopia tem sido cada vez menos usada com esses objetivos11,46. A anastomose gastro-jejunal, na cirurgia de Capella por laparoscopia, pode ser realizada em conjunto com a endoscopia que auxiliaria na passagem do grampeador pela cavidade oral e sua colocação na bolsa gástrica68. A endoscopia pode auxiliar também na colocação laparoscópica do marco passo gástrico ao monitorar o posicionamento e monitorar e certificar de que os pontos não atingem a cavidade gástrica26. ENDOSCOPIA NO PÓS-OPERATÓRIO Para que o exame endoscópico contribua no diagnóstico e tratamento das complicações da cirurgia da obesidade, é necessário o adequado conhecimento dos aspectos anatômicos resultantes das técnicas cirúrgicas empregadas. Aspectos endoscópicos da cirurgia de Capella No momento, predomina no nosso meio a técnica de Capella10 em que o estômago é grampeado e seccionado formando um pequeno reservatório junto à cárdia, chamado de bolsa gástrica ou neocâmara. Todo o restante do estômago, assim como o duodeno e grande parte do jejuno proximal ficam excluídos do trânsito alimentar. Este é reconstituído com uma anastomose término-lateral entre a bolsa gástrica e uma alça exclusa em Y de Roux. À endoscopia (foto 6.1), a bolsa gástrica inicia-se logo abaixo da transição esôfagogástrica. Tem aspecto tubuliforme e mede entre 5 e 7 cm de extensão. Às vezes é possível notar a linha de sutura da secção gástrica. Um anel de material sintético é colocado externamente à bolsa, para limitar o seu esvaziamento e, ao exame endoscópico, é visto como uma impressão anelar de 12 mm na parte mais distal da bolsa. Logo abaixo do anel, observa-se a anastomose gastrojejunal que tem diâmetro aproximado de 12 - 14 mm. A alça aferente é curta, termina em fundo cego, tem ângulo agudo e esta imbricada na linha 7 de sutura da bolsa gástrica - modificação proposta por Fobi22 . A alça eferente é longa e fica disposta quase no mesmo eixo da bolsa. O endoscopista deve dar atenção à mucosa esofágica, ao tamanho e integridade da bolsa gástrica, especialmente na linha de sutura, ao posicionamento e calibre do anel, ao aspecto da anastomose e à mucosa jejunal proximal. ENTRA Fig 6.1 Aspectos endoscópicos da banda gástrica de silicone Utilizando-se de experiência anterior com anéis e bandas colocados por laparotomia, iniciou-se em meados da década de 1990, a colocação laparoscópica da banda gástrica de silicone logo abaixo da transição esôfago-gástrica5. Método puramente restritivo, ajustável, removível e que não exclui o estômago. Endoscopicamente, logo após a entrada do aparelho no estômago, nota-se uma impressão anelar na mucosa gástrica, cerca de 5 cm após a linha zeta, que leva a formação de uma pequena bolsa. Em retrovisão, percebe-se a impressão anelar envolvendo de forma uniforme toda a circunferência, lembrando a imagem de uma fundoplicatura hiatal completa. No exame endoscópico, direcionado à cirurgia, descreve-se a mucosa esofágica, o tamanho da bolsa, o posicionamento da banda e o aspecto e a integridade da mucosa neste ponto. Aspectos endoscópicos da cirurgia de Scopinaro A outra técnica utilizada em nosso meio é o desvio bílio-pancreático, descrito por Scopinaro12, em que o estômago é compartimentado ou mais comumente o antro é ressecado e o trânsito reconstituído em longo Y de Roux, com alça eferente longa. Endoscopicamente, observa-se um coto gástrico de médio a grande tamanho e uma anastomose gastro-ileal término-lateral. ENDOSCOPIA NO PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA DE CAPELLA Indicações O exame endoscópico na cirurgia de Capella tem indicações bem definidas e algumas 8 particularidades que serão aqui abordadas. No pós-operatório imediato, deverá ser realizado com cuidado e mínima insuflação de ar embora raramente haja complicações11. Nos primeiros dias de pós-operatório, o exame será evitado na medida do possível pois a avaliação estará prejudicada pelo edema e friabilidade especialmente na área do anel e anastomose. A sua realização poderá ser imperiosa na presença de hemorragia, exteriorizada com hematêmese ou melena. O sangramento poderá ter origem na linha de sutura da bolsa gástrica ou na anastomose gastro-jejunal, com possibilidade de hemostasia endoscópica61 . Contudo, o sangramento poderá ocorrer na anastomose entero-entérica, em outro ponto do intestino delgado ou do cólon ou, mesmo, no estômago excluído. O posicionamento de uma sonda naso-entérica na alça eferente por via endoscópica será necessário nos casos de fístula ou mesmo em pacientes com complicações graves da cirurgia. No pós-operatório tardio, a endoscopia pode ser realizada, na ausência de sintomas, para avaliação da cirurgia que servirá como parâmetro para eventuais exames posteriores e para certificação e avaliação da técnica cirúrgica25. Esta indicação é questionada por outros levando em consideração o custo-benefício58. Náuseas e vômitos são queixas freqüentes nas primeiras semanas de pós-operatório e não fundamenta, por si só, indicação de exame endoscópico. De um modo geral, existe tendência de melhora dos vômitos entre 1 e 6 meses até que cerca de 75% dos pacientes não vão mais vomitar ou o farão esporadicamente49. É importante a caracterização do vômito quanto ao aspecto, se claro tipo saliva ou de resíduos de alimentos, quanto a sua freqüência, se constante ou apenas pós-alimentar, quanto ao número de episódios, sua associação com sialorréia, disfagia ou dor e sua correlação com o tempo de cirurgia. A endoscopia será indicada levando em consideração estes fatores, para que, por um lado se 9 evite exames desnecessários e por outro se faça diagnósticos como de estenose do anel ou da anastomose e mesmo de impactação de bolo de alimentos. A perda de peso é maior nos primeiros 6 meses e diminui após este período. Espera-se que ocorra de forma mais leve e constante até 12-15 meses, atingindo até 45% do peso inicial12. Alguns pacientes podem recuperar de 5 a 10% do peso perdido após 2 a 4 anos de cirurgia, o que é aceitável e não raro. Na perda de peso insuficiente ou exagerada e se houver recuperação de peso perdido a endoscopia estará indicada. Na perda insuficiente, poder-se-á fazer o diagnóstico de fístulas entre a bolsa gástrica e a alça imbricada (gastrojejunal) ou mais raramente entre a bolsa e o estômago (gastro-gástrica) e de erosão parcial ou total do anel. O tamanho das bolsas poderá ser avaliado – bolsas de grande tamanho estão correlacionadas com insuficiente perda de peso. Na perda exagerada os achados poderão ser deslizamento do anel, úlceras e estenose do anel ou da anastomose11,26. Um grupo de pacientes queixará predominantemente de dor epigástrica. Nestes casos os achados endoscópicos serão predominantemente de úlceras de anastomose ou de úlceras e erosões na mucosa intestinal adjacente a anastomose e mais raramente de erosão parcial do anel. Um sub-grupo de pacientes apresentará sintomas dispépticos persistentes e a avaliação endoscópica será normal. Recomenda-se, nesses casos, biopsias da mucosa intestinal e da bolsa gástrica para diagnóstico de enterites ou infecção pelo H. pylori11. Até o momento, é duvidoso se o tratamento da bactéria nestes pacientes poderá resolver os sintomas53. Deve ser afastada também a possibilidade de gastrite aguda da bolsa que ocorre raramente e esta relacionada à ingestão de ácido acetil-salicílico, antiinflamatórios não hormonais, uso de álcool e outras drogas25. Eventualmente outros exames como phmetria, manometria e estudos contrastados serão realizados. Esofagite O efeito da cirurgia bariátrica na motilidade esofagiana e na doença do refluxo 10 gastroesofágico foi investigado por um pequeno número de estudos e permanece controverso31. Alguns autores consideram que um esfíncter esofagiano inferior incompetente impediria a distensão da bolsa e a sensação da saciedade, sendo uma contraindicação para a restrição gástrica47. Em contraposição, outros autores relatam um efeito anti-refluxo na cirurgia de Capella e na gastroplastia vertical, o que explicaria a melhora da esofagite no pós-operatório de 77% dos pacientes que tinham esofagite13. Entre 4 e 7% dos pacientes que não tinham sinais endoscópicos de doença do refluxo, terão esofagite no pósoperatório da cirurgia de Capella46. As causas seriam a incompetência do esfíncter esofagiano inferior, bolsa de grande tamanho, dificuldade de esvaziamento da bolsa ou mais certamente uma combinação destes fatores11. Outros estudos falharam em demonstrar qualquer alteração na motilidade do esôfago e na doença do refluxo após bandagem ou gastroplastia31,43. Úlcera marginal A úlcera marginal ou de boca anastomótica é complicação infreqüente mas bem conhecida da cirurgia gástrica de ressecção. Esta entidade pode ocorrer após desvio gástrico para obesidade, sendo descrita tanto nos primeiros dias quanto anos depois da cirurgia23. A incidência varia de 0,49 a 16%55 e depende de uma série de fatores. Estes incluem a freqüência do uso do exame endoscópico37, a época em que é realizado55 e a freqüência de tratamento empírico antes da avaliação endoscópica23. A incidência de úlcera marginal é maior nos casos em que não se faz a secção das duas câmaras gástricas, podendo haver recanalização entre os cotos, permitindo que o ácido do estômago excluído atinja diretamente a mucosa jejunal9,61. Com a transecção das duas câmaras gástricas a possibilidade de fístula é rara8 e com a interposição da alça entre elas é praticamente impossível ocorrer fístula gastro-gástrica22, diminuindo a incidência de úlcera56. Dessa forma a incidência de úlcera marginal na cirurgia de Fobi-Capella esta entre 0 e 6%8,9. 11 Outro aspecto técnico a ser considerado é a bolsa gástrica de grande tamanho que teria uma produção maior de ácido56. Além disso a concentração de ácido é maior quando a bolsa é realizada predominantemente com a curvatura menor, que apresenta uma população maior de células parietais, o que explicaria a menor incidência de úlcera marginal nas bolsas confeccionadas com predomínio da curvatura maior e quando a bolsa é limitada à cárdia60. Nestes casos, endoscopicamente a lesão ocorre mais tardiamente, pode ser única ou múltipla e se localiza na mucosa jejunal, rente a anastomose56 (fig. 6.2). A úlcera do estoma pode ocorrer também por fatores técnicos relacionados à realização da anastomose e da alça exclusa em Y de Roux e não é resultado de bolsa grande, fistulas ou outro potencial fator ulcerogênico. Geralmente estas úlceras são causadas pela presença de um corpo estranho (fio cirúrgico) na linha de sutura56, diminuição do suprimento sanguíneo na mucosa intestinal, compressão e edema por uma anastomose em dois planos ou tensão devido a mesentério curto50,60. Estas úlceras ocorrem no pós-operatório precoce e endoscopicamente são vistas na linha de sutura, às vezes sobre um fio cirúrgico e cicatrizam com 2 a 3 meses, especialmente se o agente for removido56,61 (fig. 6.3). Até o momento poucos estudos tem abordado o efeito do H. pylori no desenvolvimento das úlceras após cirurgias bariátricas. No pós-operatório, o microorganismo tem sido identificado em 26 a 58% dos pacientes submetidos à cirurgia de Capella53,56, mas o seu papel na gênese da úlcera marginal ainda não foi definido50. Dessa forma, a pesquisa da bactéria na bolsa e o seu eventual tratamento só podem ser feitos de maneira empírica. Como o ácido acetil-salicílico e os anti-inflamatórios podem causar úlceras no trato digestivo e apesar da observação da indução de úlcera em alguns pacientes operados que usaram estes medicamentos , não há estudos controlados comprovando esta associação56. Dor abdominal é o sintoma mais comum em pacientes com úlcera23,55. Náuseas e vômitos podem estar presentes, com ou sem dor56. Hemorragia maciça é incomum55. O diagnóstico 12 é iminentemente endoscópico. As úlceras precoces, relacionadas a problemas na linha de sutura, tendem a cicatrizar espontaneamente55. A ulceração recorrente ou persistente, associada à presença de corpo estranho certamente será tratada com a retirada do mesmo8. As úlceras causadas por problemas na confecção da bolsa, e normalmente localizadas na mucosa jejunal, serão tratadas com inibidores da bomba de prótons, e se necessário por revisão do procedimento cirúrgico23. Entra Fig 6.2 e Fig. 6.3 Impactação com bolo alimentar Os pacientes submetidos à cirurgia de Capella tem uma bolsa gástrica de pequeno tamanho cujo esvaziamento é limitado pelo anel de silicone. Em algumas situações , por erro alimentar, dificuldade de mastigação ou estenose da anastomose ou do anel, estes pacientes poderão apresentar alimentos ou bolo de alimentos impactados na bolsa. Nestes casos o paciente se queixará de sialorréia, disfagia, odinofagia, náuseas e vômitos de início abrupto, habitualmente após alguma festa ou jantar11. Alguns referem melhora parcial e temporária com vômitos e são capazes de ingerir pequenos volumes de água, o que pode ser explicado por um provável mecanismo valvular. O exame endoscópico estará indicado e será realizado com cuidado especial para evitar aspiração brônquica. O bolo alimentar que normalmente estará livre na bolsa gástrica pode ser constituído de carne, sementes de frutas ou outros alimentos menos comuns. O endoscopista deve avaliar o tamanho e a consistência do material impactado e escolher o melhor acessório e a técnica mais adequada, para retirá-lo. Poder-se-á utilizar uma alça de polipectomia, uma cesta Dormia, pinças de biopsias ou de corpo estranho e o corpo estranho poderá ser retirado pela cavidade oral, fragmentado e empurrado além do anel e da anastomose ou sugado utilizando-se de um cap de ligadura elástica26. É aconselhável ter todos os acessórios a disposição e contar com um sistema de aspiração adicional ao do aparelho para evitar 13 aspiração tráqueo-brônquica. A utilização de anti-espasmódicos, ainda que de forma empírica, poderá ser útil. Em casos extremos um overtube será necessário11. Após ou durante a remoção do bolo alimentar o endoscopista fará o exame endoscópico completo a procura de alterações obstrutivas que expliquem a impactação. A importância da identificação da alteração reside na conduta a ser adotada : apenas uma reorientação alimentar ou a resolução endoscópica ou cirúrgica do fator obstrutivo. Estenose da anastomose e do anel A estenose de anastomose gastro-jejunal é uma complicação conhecida na cirurgia gástrica de ressecção. Na gastroplastia a Capella ocorre com freqüência de 6 até 19%49,55,57. Decorre geralmente de complicação da técnica cirúrgica, tais como: deiscência, hematoma ou ulceração, processos resolvidos com fibrose e retração. O paciente apresentará dificuldade de alimentação, especialmente com sólidos, vômitos e perda de peso. O estudo radiológico com contraste mostra dificuldade de esvaziamento da bolsa e um estreitamento variável na passagem para a alça intestinal64. O aspecto endoscópico é de anastomose com estenose anular, fibrótica, de calibre puntiforme até 9 ou 10 mm, impedindo a passagem do endoscópio, às vezes com úlcera na mucosa adjacente26 (fig 6.4). O tratamento é endoscópico através da dilatação com balões pneumáticos utilizados pelo canal operatório do endoscópio e que permitem ou não a passagem de fio guia. A passagem do balão pela estenose é facilitada pelo eixo da alça intestinal, pela passagem de fio guia e eventualmente pela utilização de fluoroscopia. Normalmente a dilatação inicial, mesmo nas estenoses puntiformes, pode chegar até 10 mm. Nas sessões subseqüentes, realizadas após 7 ou 15 dias, a dilatação deverá atingir 12 mm, no máximo 14 mm, diâmetro considerado satisfatório. A maioria dos casos é resolvida em duas ou no máximo três sessões, com índice de resolução próximo de 100%61 . Raramente, é necessária a injeção local de corticóide ou de estenotomia, embora estas técnicas devam ser consideradas na falha terapêutica após 4 a 6 sessões11. 14 A estenose do anel é menos comum, ocorrendo em 1 a 2 % dos pacientes. O quadro clínico é semelhante ao da estenose de anastomose. Radiologicamente não é possível definir se a estenose é do anel ou da anastomose. No exame endoscópico, esta dificuldade também pode ocorrer. Freqüentemente, a mucosa na região da anastomose apresenta-se intensamente edemaciada e não existe o aspecto fibrótico ou de cicatrização, sugerindo compressão extrínseca de anel muito justo. Às vezes, ao se insinuar o aparelho pelo anel, é possível identificar a linha de anastomose que tem calibre normal. A dilatação com balão não é efetiva e eventualmente pode piorar a estenose devido à reação inflamatória e edema causado pela compressão da mucosa contra o anel26. O tratamento cirúrgico deverá ser considerado. ENTRA Fig 6.4 Erosão e deslizamento do anel O anel de silicone é colocado externamente na parte mais distal da bolsa para controlar o esvaziamento e manter a perda de peso. Uma complicação deste anel é a erosão da mucosa por ele comprimida e sua migração parcial ou total para a luz gástrica. A incidência global de erosão do anel em grandes séries esta em torno de 1,6%. Esta complicação ocorre em 0,9% das cirurgias primárias, em 5,5% das reoperações e em 28,5% das cirurgias com recolocação do anel após erosão prévia19. A migração do anel normalmente começa com uma reação inflamatória entre o anel e a parede gástrica. A causa é a colocação do anel de forma muita justa, a sutura do mesmo ao estômago ou seu imbricamento e até mesmo a presença de infecção local 11. Esta complicação pode ser assintomática ou, mais comumente, se apresentar como síndrome de obstrução, provocando náuseas, vômitos e perda de peso. Outros sintomas possíveis são a dor epigástrica, disfagia e até mesmo ganho de peso. Mais raramente, pode 15 ocorrer anemia , hematêmese ou melena19. O estudo contrastado pode inferir o diagnóstico ao mostrar estreitamento no local ou localização anormal do anel. No entanto a endoscopia dará o diagnóstico de certeza ao mostrar a erosão ou ulceração com a migração parcial do anel (fig 6.5). O tratamento pode ser expectante, endoscópico ou cirúrgico. O acompanhamento puro e simples pode estar indicado naqueles pacientes assintomáticos, em que a perda de peso esta satisfatória e apenas uma pequena parte do anel encontra-se migrada. A remoção endoscópica é o tratamento de escolha. Normalmente, se realiza a seccção e remoção do anel usando acessórios apropriados, com auxílio de um canal extra no aparelho de endoscopia26. Deve-se estar atento à possibilidade de formação de fístula, embora isto seja relatado raramente, certamente pelo intenso processo de fibrose que envolve a região, mesmo motivo pelo qual o tratamento cirúrgico é tecnicamente difícil e deve ser evitado19. O efeito da remoção do anel sobre a perda de peso e a manutenção desta perda ainda não esta definido. A retomada de peso (de 61 a 75% do peso perdido) pode ocorrer em cerca de 14% dos pacientes quando o anel é removido nos primeiros 6 meses, contra 6% quando a remoção ocorre após este período20. ENTRA Fig 6.5 O deslizamento do anel é complicação ainda mais rara e ocorre em menos de 1% dos casos. A não fixação adequada pode levar ao deslizamento, normalmente de sua porção anterior, até a região da anastomose. O quadro clínico é de obstrução, com vômitos e perda excessiva de peso. O estudo radiológico mostra o anel fora de sua posição habitual. O aspecto endoscópico é característico com a bolsa um pouco dilatada, sem a compressão anelar de sua parte mais distal e a mucosa jejunal parcialmente evertida, podendo-se notar a compressão do anel em alguma parte da alça, levando a estenose puntiforme (fig 6.6). Mais comumente, não é possível a passagem do aparelho, notando-se resíduos alimentares 16 na bolsa ou mesmo em uma das alças. O tratamento é iminentemente cirúrgico com a retirada do anel. ENTRA Fig. 6.6 Fístulas A fístula após cirurgia de Capella é uma complicação incomum ocorrendo em 0,9 a 2,6% dos casos21,48. Esta incidência pode atingir 8% quando a cirurgia é realizada como conversão de uma outra técnica. A fístula ocorre mais comumente na porção alta da linha de sutura (stapler) da bolsa gástrica, rente a transição esôfago-gástrica, certamente por deficiência na vascularização neste ponto. A manifestação pode ser um quadro precoce de sepsis abdominal, o que acarretaria em reintervenção cirúrgica ou, mais comumente, se apresenta como fístula gastro-cutânea, com processo localizado e bem dirigido. O diagnóstico pode ser feito pelo estudo contrastado64 e até mesmo pela endoscopia que define o orifício fistuloso com relação à localização, tamanho e presença de corpo estranho (fio cirúrgico) na mucosa adjacente. As fístulas após cirurgia de Capella, como todas as fístulas do trato digestivo, são tratadas com suporte nutricional, supressão das secreções gastrointestinais (com somatostatina e derivados) e excisão do trato fistuloso. Este tipo de tratamento é de considerável valor e certamente responsável por melhora das estatísticas cirúrgicas48. No entanto, por vezes pode ser demorado, caro e algumas vezes não levar ao fechamento da fístula. Nestes casos o tratamento endoscópico pode contribuir para a resolução mais rápida. A injeção endoscópica de substâncias para promover o fechamento da fístula é simples, segura e pode acelerar a resolução, diminuir o tempo de internação e algumas vezes salvar a vida do paciente48. O fechamento da fístula requer a oclusão não só do orifício, mas de todo o trajeto fistuloso, o que na maioria das vezes significa mais de uma aplicação do adesivo. Dentre as substâncias utilizadas temos, o adesivo sintético derivado do ácido cianoacrílico 17 e o selante de fibrina. O primeiro, em contato com secreções e sangue sofre polimerização e solidificação e possível oclusão do trajeto26. O selante de fibrina imita a última fase da cascata de coagulação levando a formação de um coágulo de fibrina que se consolida e se adere ao local em que é aplicado. Tem a vantagem significativa de ser biocompatível, biodegradável e não provocar formação de corpo estranho e a sua utilização teve bons resultados em um estudo com dois pacientes48. Recentemente, foi relatado, em estudo piloto, o uso de matriz acelular, derivada da submucosa porcina com resolução em 7 de 10 pacientes38. Embora não haja estudos controlados, a injeção endoscópica de substâncias para o tratamento destas fístulas parece segura e eficaz, devendo ser considerada opção terapêutica nesta complicação. Experiência no pós-operatório de Capella Entre janeiro de 1998 e dezembro de 2002 realizamos endoscopia em 765 pacientes submetidos à cirurgia de Capella. Houve predomínio do sexo feminino, com 76% dos casos e a idade variou entre 18 e 67, com média de 39 anos. A tabela 6.1 mostra a incidência de alterações ou complicações encontradas. A esofagite erosiva ou ulcerada foi diagnosticada em 4,2% de pacientes operados e que não apresentavam doença do refluxo. Nós optamos por dividir a úlcera marginal em da anastomose e da mucosa jejunal, acreditando que o mecanismo e a abordagem são diferentes. A impactação de bolo alimentar foi a complicação mais encontrada e em todos os casos a resolução foi endoscópica. Foram realizadas 68 desobstruções em 49 pacientes. Não tivemos oportunidade de realizar nenhum tratamento endoscópico nos casos de fístula, a não ser a passagem de sonda para alimentação, distal ao orifício fistuloso, em dois pacientes. Os casos de estenose de anastomose foram resolvidos com dilatação endoscópica com balão até 12 ou 14 mm, em 2 sessões em média, sendo 21 sessões em 9 pacientes. Por outro lado os casos de estenose do anel foram tratados cirurgicamente. Nos pacientes com erosão do 18 anel, dois foram submetidos a retirada cirúrgica, um a retirada endoscópica e dois permanecem com o anel migrado. Os pacientes com deslocamento do anel foram tratados com cirurgia. Quatro pacientes apresentaram hemorragia digestiva alta, exteriorizada com hematêmese e melena, sendo que em três foi possível o diagnóstico e tratamento endoscópico de úlcera marginal hemorrágica e em um o sangramento cessou espontaneamente, sem que a endoscopia definisse o local de sangramento. ENTRA TABELA 6.1 O ESTÔMAGO EXCLUÍDO NA CIRURGIA DE CAPELLA O estômago excluído na cirurgia de desvio gástrico causa preocupação na comunidade médica, já que não pode ser examinado por técnicas endoscópicas ou radiológicas habituais63. A duodeno-gastroscopia, usando-se um colonoscópio pediátrico, insinuado de forma retrógrada pela alça jejunal até o segmento excluído, foi realizada com sucesso em 68% de 77 tentativas18. No entanto, nos parece que esta técnica só é possível em casos selecionados quando se usa uma gastrojejunostomia para a reconstrução e nos casos de Y de Roux curto com anastomose entero-entérica latero-lateral ampla. No momento, a utilização em nosso meio de alça retro-gástrica, retro-cólica e longa torna, o acesso por este método virtualmente impossível. Naturalmente, a intubação retrógrada do segmento excluído pode ser feita no per-operatório62. Uma segunda opção, tecnicamente também trabalhosa, mas mais factível é a gastroscopia por gastrostomia percutânea guiada por ultra-som63 ou tomografia4 ou ainda através do sítio de gastrostomia cirúrgica eventualmente feita no momento da operação e com a colocação de um dispositivo marcador21. Em séries em que foi possível o exame do estômago excluído por um destes métodos, foi constatada gastrite crônica superficial em 87%, confirmada na histologia em 42%, com 10% de metaplasia intestinal, achados de significado obscuro18. A produção de ácido era menor que na população normal e o H. pylori negativo em 70%, o que fala a 19 favor de um estômago não ulcerogênico63. No entanto, a úlcera péptica pode ocorrer no estômago excluído. Em análise retrospectiva de 4300 operações, 11 pacientes (0,26%) apresentaram úlcera perfurada36 e em outros 3000 casos foram relatados 8 casos (0,27%) de hemorragia51. O tempo médio entre a cirurgia e o episódio hemorrágico é em média de 9,5 anos7. Em revisão da literatura há relato de dois casos de câncer gástrico no segmento excluído, sendo um após 13 anos34 e outro após 5 anos de cirurgia52. A incidência é extremamente baixa, considerando o grande número de gastroplastias realizadas desde a década de 1970. Levando em conta todos estes dados estima-se em menos de 1% a necessidade real do exame endoscópico do estômago excluído63. Uma nova possibilidade de exame do estômago excluído é a utilização da gastroduodenoscopia virtual, através de tomografia computadorizada tridimensional, nos mesmos moldes da colonoscopia virtual, existindo experiência inicial com resultados promissores59. ENDOSCOPIA NO PÓS-OPERATÓRIO DA BANDA GÁSTRICA A banda gástrica é um procedimento efetivo, minimamente invasivo, reversível, não envolve secção ou colocação de stapler no estômago e com pós operatório simples5. No entanto, existem complicações dentre as quais a erosão da banda e a dilatação da bolsa têm importância para o endoscopista. A erosão ou o deslocamento parcial ou completo da banda para dentro do estômago tem incidência estimada em 4%, mas com variação de 1 a 14%, dependendo da técnica e do dispositivo usado1,45. Esta complicação ocorre mais comumente entre o primeiro e o segundo ano após a colocação da banda. A erosão tem sido relatada também após alguns dias ou semanas, mas neste caso considera-se uma complicação diferente causada por perfuração per-operatória do esôfago ou estômago45. Suspeita-se desta complicação na impossibilidade de ajuste da banda, infecção do portal, interrupção da perda de peso ou 20 ganho de peso e mais raramente, fístula gástrica. Por vezes esta complicação pode ser silenciosa e passar desapercebida3. Alguns mecanismos foram propostos como predisponentes. Hiperacidez e irritação da mucosa gástrica pelo uso de antinflamatórios, álcool e cigarro, vômitos repetidos e ajuste precoce da banda1. No entanto o mais provável é que haja reação inflamatória local a corpo estranho, levando a erosão e deslocamento da banda e este fenômeno estaria relacionado a problemas técnicos de colocação do dispositivo45. O diagnóstico é endoscópico ao mostrar a banda parcialmente dentro do lúmen gástrico (fig 6.7). O estudo radiológico mostra o contraste passando pelo lado externo da banda. O tratamento preferido é a remoção antes que a banda migre e provoque alguma complicação. A retirada da banda pode ser feita por endoscopia, usando-se de acessórios para seccionar e tracionar a banda ou por laparoscopia. Após a retirada, embora possa ser colocada outra banda, a maioria dos autores sugere outro método de tratamento1. A dilatação tardia da bolsa gástrica é uma complicação da banda gástrica que ocorre entre 0,5 e 5,5% dos casos, sendo causa importante de resultados insatisfatórios e reintervenção3,30. A hérnia hiatal é o único fator comprovadamente relacionado e provavelmente uma anatomia normal da transição previne o deslocamento da banda5. Dentre os fatores técnicos relaciona-se um posicionamento muito baixo da banda e uma dissecção extensiva na passagem retro-gástrica, além de falta de pontos de fixação da banda3. A dilatação deve ser suspeitada na presença de vômitos ou disfagia. O estudo radiológico define o diagnóstico. A endoscopia mostra esofagite e pode inferir a dilatação ou mesmo o deslocamento. Pode-se tentar o tratamento conservador com desinsuflação, que dá resultado quando a dilatação é precoce30. Mais certamente o tratamento envolve a retirada da banda com reposicionamento ou mais comumente a utilização de outro método3,5. ENTRA Fig 6.7 21 BALÃO INTRAGÁSTRICO A colocação do balão intragástrico foi proposta inicialmente na década de 1980 como tratamento alternativo, não invasivo, restritivo e reversível para a obesidade44. O conceito desenvolveu-se de observações em pacientes com bezoares gástricos que apresentavam emagrecimento considerável6. A presença do balão no estômago afeta tanto a capacidade gástrica quanto os receptores de distensão, desenvolvendo saciedade e diminuindo o volume residual disponível para os alimentos54. Os dois balões usados inicialmente, Garren-Edwards e Ballobes foram intensamente investigados. O primeiro, que era um balão cilíndrico, de elastômero de plástico e com volume máximo de 250 ml, foi associado a altos índices de complicações como ulceração em 4,8 a 14%, gastrite erosiva em 26 a 48%, obstrução intestinal em 9 a 33%41. O segundo, que era oval, com volume de 500 ml e de um elastômero de silicone, foi associado a índices de complicações um pouco menores41. Apresentaram também sérios problemas na inserção e retirada, assim como índice de deflação de 10 a 50% e necessidade de cirurgia em 2%32. Além disso, esses balões não se mostraram mais efetivos na perda de peso que dieta e mudança comportamental42. Dessa forma o seu uso foi abandonado no final da década de 1980. Nos anos 90, o aparecimento de um novo tipo de balão com características distintas, renovou o interesse no método. Ele é totalmente siliconizado, esférico, macio e liso, sem superfícies traumáticas, radiopaco e preenchido com líquido em volume de 400 a 800 ml27. Os vários trabalhos publicados14,33,39,65 indicam a utilização deste balão em situações diversas aqui resumidas: 1 - pacientes com obesidade mórbida (IMC>40) e super-obesos (IMC>50) em preparo para cirurgia (bariátrica, cardiovascular, ortopédica etc) para redução do risco operatório, 2 - pacientes com IMC entre 35 e 40 com doenças relacionadas que tenham contra-indicação ou recusem a cirurgia, 3 - pacientes com 22 IMC<35 com doenças relacionadas e refratariedade ou contra-indicação ao tratamento clínico e 4 - para selecionar pacientes para cirurgia predominantemente restritiva ou disabsortiva, chamado teste do balão. As contra-indicações seriam : esofagite grave, hérnia hiatal maior que 5 cm, estenose ou divertículo do esôfago, lesões potencialmente hemorrágicas como varizes e angiodisplasias, cirurgia gástrica ou intestinal de ressecção, doença inflamatória intestinal, úlcera gástrica ou duodenal em atividade, neoplasias, uso de antiinflamatório, anticoagulantes, álcool, drogas e desordens psiquiátricas15,39. Algumas destas contra-indicações são relativas se forem tratadas a contento33. O tratamento com o balão intragástrico envolve equipe mutidisciplinar e uma avaliação rigorosa será realizada, compreendendo testes laboratoriais, cardiológicos, respiratórios, nutricionais e psicológicos, além de uma endoscopia digestiva alta diagnóstica. A colaboração e o envolvimento do paciente é fundamental já que o tratamento baseia-se também em mudança de hábito alimentar e comportamental65. O balão é colocado endoscopicamente em pacientes sob sedação leve a moderada27,33,39 ou sob anestesia geral14,15,65 em regime ambulatorial ou com um ou dois dias de internação, dependendo de cada paciente e do tipo de sedação usada. O paciente é colocado em decúbito lateral esquerdo e a prótese (cateter de colocação contendo o balão em uma extremidade e o sistema de enchimento em outra) é gentilmente introduzida via oral até a cavidade gástrica. O fino calibre do cateter de colocação permite a passagem do endoscópio para confirmação do correto posicionamento do balão e monitoramento do preenchimento. O sistema é então preenchido com 400 a 700 ml, média de 550 ml, de solução salina com azul de metileno na proporção de 50 para 1, utilizando uma seringa de 60 ml e um sistema em Y para aspiração e injeção da solução sem entrada de ar. Após a injeção o sistema em Y é desconectado e é feita uma sucção na seringa e a válvula será fechada com o vácuo criado e o balão será liberado ao puxar o sistema. Novo 23 monitoramento endoscópico certificará do correto posicionamento e da ausência de vazamento15,33. É recomendável uma radiografia simples com 24 horas para verificar o correto posicionamento do balão. A maioria dos pacientes receberá anti-eméticos e espasmódicos por via oral ou venosa em doses e períodos variáveis. A dieta será inicialmente líquida passando progressivamente para sólida mas com o máximo de 1000 Kcal/dia. Utiliza-se um inibidor de bomba de prótons durante todo o tempo e eventualmente vitaminas e oligo-elementos14. A duração do tratamento será entre 4 e 6 meses. A retirada é feita por endoscopia com acessórios adequados que permitam o completo esvaziamento do balão para que a retirada não cause lesões na mucosa33,39. Com relação aos resultados e às complicações é possível extrair alguns dados de trabalhos publicados14,15,27,33,39,65 . O balão é colocado em pacientes com peso tão baixo quanto 67Kg e IMC tão baixo quanto 26 e também em pacientes com peso de 229 Kg e IMC de 81. A média de IMC dos pacientes é de 37, inferior a do grupo cirúrgico. A perda final média de peso na retirada do balão é de 16Kg e o IMC cai em média 4,9 pontos e a perda de excesso de peso varia de 23 a 50% (tabela 6.2). Alguns trabalhos realizaram análises de sub-grupos de pacientes. Concluíram que a perda de peso é maior nos pacientes com repetição do método, em pacientes super-obesos e no grupo com balão e dieta comparado com grupo só com dieta e que os resultados da banda gástrica são melhores nos pacientes que receberam balão anteriormente quando comparados com pacientes que não receberam o balão. ENTRA TABELA 6.2 As complicações são variáveis e podem ser menores ou inerentes ao procedimento que seriam vômitos (47 a 76%), desconforto epigástrico (26,2 a 38%) e refluxo (20 a 30%). São de intensidade tolerável, controladas com medicação e que diminuem após as primeiras semanas. Dentre as complicações maiores destaca-se a intolerância ao balão, exteriorizada com vômitos incoercíveis, que ocorre nos primeiros dias, variando entre 4 e 24 7%, levando a retirada precoce do mesmo. As úlceras e erosões ocorrem em pequena porcentagem e são decorrentes do contato. O esvaziamento espontâneo do balão ocorre numa variação importante, de 0,5 até 20%, mas mais comumente esta complicação deve atingir entre 5 e 7% dos casos. Esta complicação apresenta-se com a saída de azul de metileno na urina, com a eliminação do balão nas fezes ou até mesmo com uma obstrução intestinal. Como complicações menos comuns, mas importantes, destacam-se a obstrução intestinal e a perfuração, que necessitaram de tratamento cirúrgico e hipocalemia e infecção em torno do balão. ENTRA TABELA 6.3 Fazendo uma análise crítica, o número de pacientes estudados em algumas séries é pequeno, em outras o período de acompanhamento é curto e em todas o perfil dos pacientes é heterogêneo, dificultando uma avaliação adequada e levando a resultados variáveis e controversos. O conceito do uso do balão está baseado ou relacionado ao fator local. No entanto, a importância do fator local ou dos mecanismos gástricos para a saciedade é pequena levando em consideração a complexidade da regulação do apetite que envolve fatores hormonais e um controle central. Isto está provado em elegantes estudos de laboratório e no conhecimento cirúrgico de que o procedimento unicamente restritivo oferece resultado inferior ao procedimento combinado (restritivo e disabsortivo). Existe a teoria da distensibilidade gástrica que defende a possibilidade do balão causar um aumento da capacidade gástrica. Com o passar do tempo, o estômago se adaptaria ao balão, causando efeito indesejado. Isto explicaria a perda de peso maior até 4 meses de uso do balão, com posterior parada de perda e até ganho após este período. O método é simples mas não desprovido de complicação que pode eventualmente ser grave. No entanto alguns serviços têm insistido na indicação em subgrupos de pacientes que poderiam realmente se beneficiar do balão, embora faltem trabalhos bem realizados mostrando este benefício; os 25 super-obesos teriam uma perda inicial que diminuiria o risco operatório e o balão poderia funcionar como um teste para definir a cirurgia, boa resposta ao balão cirurgia restritiva (Capella ou banda), resposta inadequada cirurgia de disabsorção (Scopinaro). A indicação em pacientes com sobrepeso (IMC em torno de 30), com fins cosméticos, carece ainda de investigação. Por fim temos que pensar que o grupo de pacientes obesos é heterogêneo e complexo, que a abordagem é multidisciplinar, não existindo um tratamento ideal que possa ser usado em todos os pacientes. Dessa forma todos os métodos devem ser considerados, mas usados em conjunto ou isoladamente somente quando forem alterar de maneira positiva a longevidade, a morbidade e a qualidade de vida do paciente obeso. REFERÊNCIAS 1. Abu-Abeid S, Szold A. Laparoscopic management of lap-band erosion. Obes Surg 2001; 11: 87-89. 2. Allison DB, Zannolli R, Narayan KM. The direct health care costs of obesity in the United States. Am J Publ Health. 1999;89:1194-9). 3. Angrisani L, Alkilani M, Basso N et al. Laparoscopic Italian experience with the lapband. Obes Surg 2001;11:307-310. 4. Barmeir EP, Solomon H, Charuzi I et al. Radiologic assessment of the distal stomach and duodenum after gastric bypass: percutaneous CT-guided transcatheter technique. Gastrointest Radiol 1984; 9: 203-5. 5. Belachew M, Belva PH, Desaive C. Log-term results of laparoscopic adjustable gastric banding for the treatment of morbid obesity. Obes Surg 2002;12:564-568. 6. Benjamin SB, Maher KA, Cattau Jr EL et al. Double-blind controlled trial of the GarrenEdwards gastric bubble: an adjunctive treatment for exogenous obesity. Gastroenterology 1988;95:581-8. 7. Braley SC, Nguyen NT, Wolfe BM. Late gastrointestinal hemorrhage after gastric 26 bypass. Obes Surg 2002; 12: 404-407. 8. Capella JF, Capella RF. Gastro-gastric fistulas and marginal ulcers in gastric bypass procedures for weight reduction. Obes Surg 1999;9:22-7. 9. Capella JF, Capella RF. Staple-line disruption and marginal ulceration in gastric bypass procedures for weight reduction. Obes Surg 1996;6:44-9. 10. Capella RF, Capella J, Mandac H, Nath P. Vertical banded gastroplasty – gastric bypass. Obes Surg 1991;1:389-95. 11. Cowan Jr. GSM, Hiler ML. Upper gastrointestinal endoscopy in bariatric surgery. In: Deitel M, Cowan Jr. GSM eds. Update: Surgery for the morbidly obese patient. Toronto: FD – Comunnications, 2000 : 387-416. 12. Deitel M. Overview of the operations for morbid obesity. In: Deitel M, Cowan Jr. GSM eds. Update: Surgery for the morbidly obese patient. Toronto. FD – Comunnications, 2000 13. Deitel M, Khanna RK, Hagen J et al. Vertical banded gastroplasty as an antireflux procedure. Am J Surg 1988;155:512-6. 14. Doldi SB, Micheletto G, Perrini MN, Librenti MC, Rella S. Treatment of morbid obesity with intragastric balloon in association with diet. Obes Surg 2002;11:583-587. 15. Doldi SB, Micheletto G, Prisco F, Zappa MA, Lattuada E, Reitano M. Intragastric Balloon in obese patients. Obes Surg 2001;10:578-81. 16. Fischer BL, Pennathur A, Mutnick JL et al. Obesity correlates with gastroesophageal reflux. Dig Dis Sci 1999;44:2290-4. 17. Flegal KM, Carrol MD, Kuczmarski RJ. Overweight and Obesity in the United States: prevalence and trends, 1960-1994. Int J Obes 1998; 22: 39-47. 18. Flickinger EG, Sinar DR, Pories WJ et al. The bypassed stomach. Am J Surg 1985; 149: 151-5. 27 19. Fobi MAL, Lee H, Igwe D, et al. Band erosion : incidence, etiology management and autocome after banded vertical gastric bypass. Obes Surg 2001;11:699-707. 20. Fobi MAL, Lee H, Igwe D, Stanczyk M, Tambi JN. Prospective comparative evaluation of stapled versus transected silastic ring gastric bypass: 6-year follow-up. Obes Surg 2001;11:18-24. 21. Fobi MAL, Lee H, Igwe D, Felahy B, Stanczyk M, Tambi J. Transected silastic ring vertical gastric bypass with jejunal interposition, a gastrostomy and a gastrostomy site marker (Fobi pouch operation for obesity). In Deitel M., Cowan Jr GSM (Ed.): Update: Surgery for the morbidly obese patient. Toronto. FD – Comunnications, 2000. 22. Fobi MAL. The surgical technique of the Fobi pouch operation for obesity surgery. Obes Surg 1998;8:283-8. 23. Fobi MAL,. Marginal ulcer after gastric bypass. In : Mason EE, ed, Surgical treatment of morbid obesity. Problems in general surgery. Vol 9, no 2. Philadelphia: J.B. Lippincott 1992:345-52. 24. Friedman JM. Obesity in the new millenium. Nature 2000;404:632-4. 25. Freeman JB. The use of endoscopy after gastric partitioning for morbid obesity. Gastroenterology Clinics of North America 1987;16:339-47. 26. Garrido T, Maluf-Filho F, Sakai P. O papel da endoscopia na cirurgia bariátrica. In: Cirurgia da obesidade. Editor Arthur B. Garrido Jr. São Paulo: Editora Atheneu, 2002. 27. Hodson RM, Zacharoulis D, Goutzamani E, Slee P, Wood S, Wedgwood KR. Management of obesity with the new intragastric balloon. Obse Surg 2001;11:327-329. 28. Howard PJ, Heading RC. Epidemiology of gastroesophageal reflux disease. World J Surg 1992;16:288-93. 29. Hubbard VS, Hall WH. Gastrointestinal surgery for severe obesity. Obes Surg 1991;1:257-65. 28 30. Kirchmayr W, Ammann K, Aigner F, Aigner F, Weiss HG, Nehoda H. Pouch dilatation after gastric banding causing gastric necrosis. Obes Surg 2001; 11: 770-772. 31. Korenkov M, Köhler L, Yücel N et al. Esophageal motility and reflux symptoms before and after bariatric surgery. Obes Surg 2002;1272-76. 32. Kral JG. Gastric balloons: a plea for sanity in the midle of ballonacy. Gastroenterology 1988;95:213-5. 33. Loffredo A, Cappuccio M, De Luca M, Werra C, Galloro G, Naddeo M, Forestieri P. Three years experience with the new intragastric balloon, and a preoperative test for success with restrictive surgery. Obes Surg 2001;11:330-333. 34. Lord RV, Edwards PD, Coleman MJ. Gastric cancer in the bypassed segment after operation for morbid obesity: case report. Aust NZ J Surg 1997; 67: 580-2. 35. Lundel L, Ruth M, Sandberg N et al. Does massive obesity promote abnormal gastroesophageal reflux? Dig Dis Sci 1995;40:1632-5. 36. Macgregor AM, Pickens NE, Thoburn EK. Perforated peptic ulcer following gastric bypass for obesity. Am Surg 1999: 65: 222-5. 37. MacLean LD, Rhode BM, Nohr C et al. Stomal ulcer after gastric bypass. J Am Coll Surg 1997;185:1-7. 38. Maluf-Filho F, Garrido T, Pitelli J, Moura EGH, Berti LV, Garrido Jr AB, Sakai P, Ishioka S, Gama-Rodrigues JJ. Endoscopic treatment of esophagogastric fistulae with na acellular matrix: a pilot study. Gastrointest Endosc 55:AB108, 2002. 39. Marchesini JC, Sallet JA, Paiva DS. Balão intragástrico. In: Cirurgia da obesidade. Editor Arthur B. Garrido Jr. São Paulo: Editora Atheneu, 2002. 40. Martin LF, Hunter SM, Lauve RM et al. Severe obesity : expensive to society, frustrating to treat, but important to confront. South Med J 1995;88:895-902. 41. Mathus-Vliegen EM, Tytgat GN, Veldhuyzen-Offermans EAML. Intragastric balloon 29 in the treatment of supe-morbid obesity. Gastroenterology 1990;99:362-369. 42. McFarland RJ, Grundy A, Gazet JC, Pilkington TRE. The intragastric balloon: a novel idea proved ineffective. Br J Surg 1987;74:137-139. 43. Näslund E, Granstön L, Melcher A et al. Gastroesophageal reflux before and after vertical banded gastroplasty in the treatment of obesity. Eur J Surg 1996;162:303-6. 44. Nieben O, Harboe H. Intragastric ballon as an artificial bezoar for the treatment of obesity. Lancet 1982;i:198-201. 45. Niville E, Dams A, Vlasselaers J. Lap Band erosion : incidence and treatment. Obes surg 2001; 11: 744-747. 46. Olbers T, Lönroth H, Dalenbäck J, Haglind E, Lundell L. Laparoscopic Vertical Banded gastroplasty – an effective long-term therapy for morbidly obese patients ? Obes Surg 2001;11:726-730. 47. Ovredo KK, Hatlebakk JG, Viste A et al. Gastroesophageal reflux in morbidly obese patients treated with gastric banding or vertical banded gastroplasty. Ann Surg 1998;228:51-8. 48. Papavramidis ST, Eleftheriadis EE, Apostolidis DM, Kotzampassi KE. Endoscopic fibrin sealing of high-output non-healing gastrocutaneous fistulas after vertical gastroplasty in morbidly obese patients. Obes Surg 2001;11:766-769. 49. Pessina A, Andreoli M, Vassallo C. Adaptability and compliance of the obese patient to restrictive gastric surgery in the short term. Obse Surg 2001;11: 459-463. 50. Pope GD, Goodney PP, Burchard KW, et al. Peptic ulcer/stricture after gastric bypass : a comparasion of technique and acid suppression variables. Obes Surg 2002;12:30-33. 51. Printen KJ, LeFavre J, Alden J. Bleeding from the bypassed stomach following gastric bypass. Surg Gynecol Obstet 1983;156:65-6. 52. Raijman I, Strother S, Donegan WL. Gastric cancer after gastric bypass for 30 obesity:case report. J Clin Gastroenterol 1991; 13: 191-4. 53. Renshaw AA, Rabaza JR, Gonzales AM, Verdeja JC. Helicobacter pylori infection in patients undergoing gastric bypass surgery for morbid obesity. Obes Surg 2001;11:281-3. 54. Rigaud D, Trostler N, Rozen R et al. Gastric distension, hunger and energy intake after balloon implantation in severe obesity. Int J Obes 1995;19:489-95. 55. Sanyal AJ, Sugerman HJ, Kellum JM et al. Stomal complications of gastric bypass: Incidence and autocome of therapy. Am J Gastroenterol 1992;87:1165-9. 56. Sapala JM, Wood MH, Sapala MA, Flake Jr TM. Marginal ulceration after gastrica bypass. In: Deitel M., Cowan Jr GSM (Ed.): Update: Surgery for the morbidly obese patient. Toronto. FD – Comunnications, 2000. 57. Sataloff DM, Lieber CP, Seinige UL. Strictures following gastric stapling for morbid obesity. Am Surg 1990; 56:168-74. 58. Schirmer B, Erenoglu C, Miller A. Flexible Endoscopy in the management of patients undergoing Roux-en-y gastric bypass. Obes Surg 2002; 12:634-638. 59. Silecchia G, Catalano C, Gentileschi P et al. Virtual gastroduodenoscopy: a new look at the bypassed stomach and duodenum after laparoscopic Roux-en-y gastric bypass for morbid obesity. Obes Surg 2002; 12: 39-48. 60. Spaulding L. The impact of small bowel resections on the incidence of stomal stenosis and marginal ulcer after gastric bypass. Obes Surg 1997;7:485-7. 61. Stellato AT, Crouse C, Hallowell PT. Bariatric surgery: creating new challenges for the endoscopist. Gastrointest Endosc 2003;1: 86-94. 62. Strodel WE, Knol JA, Eckhauser FE. Endoscopy of the partitioned stomach. Ann Surg 1984; 200:582-6. 63. Sundbom M, Nyman R, Hedenström H, Gustavsson S. Investigation of the excluded stomach after Roux-en-Y gastric bypass. Obes Surg 2001; 11: 25-27. HOSPITAL MATER DEI Comment: 31 64. Toppino M, Cesarini F, Comba A, et al. The role of early radiological studies after gastric bariatric surgery. Obes Surg 2001; 11:447-454. 65. Totté E, Hendrickx L, Pauwels, M, Van Hee R. Weight reduction by means of intragastric device : experience with the bioenterics intragastric balloon. Obes Surg 2001; 11:519-23. 66. Williams MP, Pounder RE. Helicobacter pylori:from benign to malignant. Am J Gastroenterol 1999;94:s11-16. 67. Wilson LJ, Ma W, Hirschowitz BI. Association of obesity with hiatal hernia and esophagitis. Am J Gastroenterol 1999;94:2840-4. 68. Wittgrove A.C, Wesley Clark G. Combined laparoscopic/endoscopic anvil placement for the performance of the gastroenterostomy. Obes Surg 2001;11:565-569. 32 Tabela 6.1 – Pós-operatório cirurgia de Fobi-Capella Endoscopia em 765 pacientes Complicação Número Porcentagem Esofagite 32 4,2 Úlcera da anastomose 24 3,1 Úlcera jejunal 40 5,3 Impactação 49 6,5 Fístula 09 1,1 Estenose do anel 04 0,5 Estenose da anastomose 09 1,1 Erosão do anel 08 1,0 Deslocamento do anel 05 0,6 Hemorragia 04 0,5 Tabela 6.2 – Balão Intra-gástrico - Resultados Referência 27 33 Balão/Paciente 15/10 87/77 Tempo uso (mês) 4-6 3-6 Peso inicial (Kg) 113,7 (variação) (70-217) IMC (Kg/m2) 39 41,2 (variação) (32/53) (32/36) Perda Peso (Kg) 18,6 14,3 (variação) (6,6/40) (0/82) Perda IMC 5,3 (0/25) Perda Excesso (%) 40 (10/81) 23,5 (0/73) 65 126 3-6 14 322/281 6 117,4 (67/229) 37,7 41,8 (26/57) (29/71) 15,4 14 (0/35) (2/37) 4,7 4,8(1/11) 50,8 35 (5/100) Tabela 6.3 – Balão Intra-gástrico – Complicações Refer./Complic. 33 15 14 65 Intolerância 6,3 % 0,5 % 7,7 % 4,3 % Úlcera gástrica 2,8 % 3,7 % 0,6 % Erosão gástrica 0,3 % 0,2 % Esofagite 4,6 % 22 % Desinsuflação 20,3 % 0,5 % 2,4 % Obst. Intestinal 0,9 % Perfuração 3,4 % Hipocalemia 1,4 % Infecção 0,9 % 27 10 %