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Revista Campo & Cidade
Edição n º 12
abril 2001
Jornalista Responsável:
João José “Tucano” da
Silva - MTb: 24.202
Edição:
Rose Ferrari e João José
“Tucano” da Silva
Redação:
Katia Auvray, Mariele
Prévidi, Regina Lonardi
e Rose Ferrari
Foto da capa:
Arquivo pessoal de
Jair de Oliveira, foto
da família Souza
Maurino (1930)
Fotografia:
João José “Tucano” da
Silva, Reinaldo
Giannecchini.
Agradecimento especial
a todas as pessoas,
entidades e clubes que
gentilmente nos
sederam material
fotográfico utilizado
nesta edição.
Pesquisa de suporte:
Katia Auvray
Assessoria Técnica:
Museu Republicano
de Itu / Museu
Paulista - USP
Projeto Gráfico:
Fernanda M. L.
Revisão:
Fátima Elaine
Marqui da Silva
Publicidade:
UNICOM - Unidade de
Comunicação S/C Ltda
Fotolito:
Editora Periscópio Ltda.
Impressão:
Igil - Indústria
Gráfica Itu
Tiragem:
6.000 exemplares
Realização:
editorial
A “caixa de ressonância” do Carnaval
Os funkeiros de plantão que nos desculpem, mas depois desta com certeza Chiquinha
Gonzaga, Donga, Lamartine Babo, Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Pixinguinha, Cartola e muitos outros compositores de marchinhas carnavalescas e sambas imortais que já partiram desta
para uma melhor ficaram arrepiados e de ponta cabeça em seus túmulos com o que aconteceu
no último Carnaval em termos de inovação, ao introduzirem o funk na festa de Momo, se é que
podemos chamar isso de inovação.
Queremos deixar bem claro que não temos nada contra o funk – segundo o Dicionário
Michaelis a palavra significa aterrorizar, intimidar, assustar, medo, pânico etc. -, muito menos
contra quem o curte, mas defendemos a idéia de que cada coisa deve ocupar o seu devido lugar. Imagine! Temos
certeza de que você nunca viu a música sertaneja invadir a avenida do samba, ou, por exemplo, uma festa de peão de
boiadeiro ser animada em ritmo carnavalesco, uma festa junina com valsa, ou um pagode com música clássica.
Seria demais, você não acha?
Uma coisa não se pode negar: o Carnaval é uma verdadeira “caixa de ressonância”. Eu vou tentar ser mais claro
em meu raciocínio: o que o Brasil inteiro viu e ouviu no último Carnaval nada mais é do que o reflexo da própria
sociedade, na qual, hoje, imperam a violência, a impunidade, a corrupção e a falta de respeito entre os seres humanos. Estão misturando alhos e bugalhos e os principais valores morais há muito foram deixados de lado.
A toda poderosa mídia, por sua vez, se acha no direito de enfiar goela abaixo do povão aquilo que mais lhe
convém. E por outro lado, sem querer desmerecer ninguém, muito menos ser dono da verdade, a grande maioria da
população não se encontra preparada para separar o joio do trigo e ver o que é bom e o que é lixo. Infelizmente, essa
é a grande verdade. Mas longe de nós querermos colocar o guiso no pescoço do gato. Como diz o adágio popular:
“Gosto não se discute”. Há quem afirme, que se deve lamentar!
Não temos aqui a mínima pretensão de fazer uma análise sociológica sobre essa questão, nem teríamos competência para tal, mas vale lembrar que já no início, o Carnaval, com seus lendários e famosos clubes cariocas, que ao
mesmo tempo funcionavam como sociedades literárias e musicais, exerciam atividades sociais políticas ao criticarem os abusos e erros das autoridades em seus préstitos como verdadeira “caixa de ressonância” da sociedade
daquela época.
Isso vem comprovar que, no fundo, a folia de Momo funciona, de certa forma, como um espelho daquilo que a
sociedade vive no momento. Na base da brincadeira, os foliões trazem à tona, ao mesmo tempo, suas alegrias,
descontentamentos, frustrações e fazem críticas ou mesmo reproduzem fatos do cotidiano.
Sendo uma das mais antigas festas da humanidade, o Carnaval tem sua razão de existir. Ninguém sabe ao certo
a origem do nome dessa comemoração popular de origem pagã. Na versão do etmólogo Antenor Nascentes a palavra carnaval “se aplicava originalmente à terça-feira gorda, a partir de quando a Igreja proibia o consumo de carne”.
Outros estudiosos afirmam que a palavra vem do baixo latim carnelevamen, modificado mais tarde em carne,
vale! que significa adeus carne! Carnelevamen pode ser interpretado como carnis levamen, que quer dizer prazer
da carne antes das tristezas e continências presentes no período da Quaresma.
Nesta edição, a Revista Campo & Cidade traz aos seus leitores a história dessa festa milenar que tanto fascina e
contagia o povo brasileiro e como ela foi introduzida aqui no período colonial e monárquico pelas mãos do entrudo
português. Por fim, mostra sua evolução e riqueza cultural ao longo dos anos no Brasil, hoje, considerado mundialmente como o País do Carnaval.
João José “Tucano” da Silva
Editor responsável
ÍNDICE
Rua Inglaterra nº 276
Vila Roma Brasileira - Itu/SP
Fones (11) 4022.0503
4023.4684 / 9948.0068
e-mail:
[email protected]
Carnaval: uma idéia muito antiga ................ 04
“Quanto riso, oh! Quanta alegria”... ............ 07
O maior espetáculo da Terra ........................ 12
Atrás do trio elétrico... ................................. 13
Festa do frevo e do maracatu ....................... 14
Carnaval à paulista ...................................... 15
“Ó abre alas”... ............................................ 18
Uma festa de R$ 2 bilhões ........................... 20
Memórias carnavalescas .............................. 22
Carnaval de salão em Itu .............................. 27
K!K
CARNAVAL:
uma idéia
muito antiga
Há milhares de anos
a humanidade já
subvertia a ordem
em seus festejos
Egípcios faziam festas para
proteger a agricultura
Culto a Baco (Dioniso) também
era realizado em Roma
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A origem do Carnaval é cheia de controvérsias, mas não há dúvida de que,
como nos rituais antigos, os dias de folia
têm a função de subverter a ordem e afastar, ao menos por um curto período, as
coisas desagradáveis. Mesmo sem uma
relação direta com o Carnaval de hoje,
as festas da Antigüidade ajudam a compreender o fenômeno, pois simbolizavam
a purgação dos males.
Foi há 12 mil anos que a humanidade
começou a domesticar animais e a plantar, mas é aos egípcios que se atribuiu o
desenvolvimento da agricultura e dos
cultos agrários feitos de danças, cânticos
e orgias, que tinham por finalidade espantar as forças malignas que prejudicavam o plantio.
Rituais semelhantes também ocorreram na Pérsia, em Creta, na Babilônia,
com as Sáceas, festas que duravam cinco dias e eram marcadas pela promiscuidade sexual, pela inversão dos papéis e
pela coroação de um escravo, sacrificado no final da celebração.
Na Grécia, as bacanais em louvor a
Dioniso, o deus do vinho, tinham muito
em comum com o Carnaval. Eram dias
de bebedeira, dança e luxúria, onde tudo
era permitido. Dioniso foi expulso do
Olimpo. Chegava todos os anos à Grécia,
na primavera, acompanhado de um séquito de sátiros e ninfas. Era saudado por seus
seguidores com música, danças, algazarra, vinhos, sexo e também violência, que
muitas vezes terminava em tragédia.
Concílio de Nicéia foi o começo das
restrições às festas pagãs
Em 370 a.C., Atenas perdeu sua
hegemonia e o culto a Dioniso penetrou
em Roma. As Bacantes, sacerdotisas que
celebravam os mistérios do culto ao deus,
lá conhecido como Baco, dançavam e
soltavam gritos estridentes nas ruas, atraindo multidões. A bagunça fez com que
o Senado Romano proibisse a celebração. Em Roma também se faziam festas
semelhantes em homenagem aos deuses
Saturno e Pã.
Mania de festas
Durante a Idade Média e o Renascimento, diversas festas carnavalescas
aconteciam, mesmo fora de época, em
vários países da Europa. Na Inglaterra
eram as festas do Arado e em Portugal, o
Charivari, uma caçoada pública acompanhada por batidas de panelas.
O uso de máscaras virou mania no
século 18. Em Veneza, homens,
mulheres e crianças andavam
todo o tempo mascarados. A prática estimulou o crime, já que a
polícia não podia reconhecer o
criminoso. O uso diário de máscaras foi proibido e os
venezianos passaram a se mascarar só durante o Carnaval.
Modismos foram incorporados às festas. Na Europa, o deboche deu lugar ao tétrico e ao
macabro. Durante o Carnaval
tornaram-se conhecidas as danças macabras da alta Idade Média, nas quais homens e mulheres iam para os cemitérios.
Controle da Igreja
A Igreja Católica, depois do
Concílio de Nicéia, em 325, considerou as festas pagãs libertinas
e pecaminosas. Incapaz de banilas, impôs as primeiras medidas
que buscavam dar às cerimônias um tom
mais sério para combater o deboche que
sempre descambava para a promiscuidade. O povo nem tomou conhecimento.
No século 6, o papa Gregório I, o
Grande, regulamentou as datas para o
Carnaval, que foi incorporado aos festejos cristãos. A Igreja teve muitos problemas com a festa pagã, pois havia uma
grande participação de padres e noviços.
Mesmo durante o período da repressão,
os noviços organizavam a Festa dos Bobos. Elegiam um bispo ou abade dos bobos, organizavam danças na igreja e nas
ruas, procissão e missa simulada. Usavam máscaras e roupas de mulheres, vestiam os hábitos de trás para frente, seguravam o missal ao contrário, jogavam
cartas, cantavam cânticos obscenos e xingavam a congregação.
O Entrudo
O entrudo teve origem nas Bacanais
e Saturnais e firmou-se com esse nome
logo depois da oficialização do Carnaval cristão, por volta de 590. O povo passou a comemorar o início da Quaresma,
bebendo e comendo para compensar o
jejum. O ritual foi se tornando grosseiro,
consistindo em aspergir água nas pesso-
O canto do
entrudo era
uma melodia
simples
A aquarela
de Augustus
Earle (1824),
do Museu
National
Library, de
Camberra,
retrata com
fidelidade o
entrudo
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as para purificar o corpo, numa mistura
de práticas religiosas judaicas e hindus.
O entrudo entre os povos latinos durou por volta de 11 séculos, fortalecendo-se entre os anos 1200 a 1300. Na Itália dos Médices, o entrudo existia na forma de batalhas de gesso e de água que se
incorporaram aos carnavais antigos. Em
Portugal, atingiu o máximo de violência
e falta de respeito, especialmente durante os reinados de Afonso VI (1656-1667)
e João V (1706-1750).
De nada adiantavam as reações contrárias da Igreja, os editais de proibições
de 1817 ou até o terremoto que quase
destruiu Lisboa. Nada fazia o entrudo
desaparecer.
Eram famosos os carnavais de Nice,
no sul da França. O Mardi Gras - terçafeira Gorda, último dia em que os cristãos podiam comer carne - era celebrado
com uma grande parada. Em Colônia, na
Alemanha, as mulheres saíam pelas ruas
para cortar as gravatas dos homens com
tesoura. Em Veneza, na Itália, o Carna-
Em Veneza, até hoje os carnavais
são famosos pelo uso de máscaras
val ainda hoje é comemorado com fogos
de artifício, foliões mascarados, inspirados na Comedia dell’Arte, máscaras de
porcelana, fantasias e
carros alegóricos que
Carnaval veneziano tem concentração
influenciaram o munna praça San Marco
do inteiro. O entrudo
chegou ao Brasil vindo das ilhas Madeira,
Açores e do Cabo Verde e era uma brincadeira violenta e suja.
Mudança de
hábito
A partir do século
19, na Europa, o clero, a nobreza, os comerciantes e os profissionais liberais começaram a se afastar dos
festejos carnavalescos,
entendendo que tais
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brincadeiras eram mais adequadas às camadas populares.
A Reforma Protestante e a ContraReforma Católica exigiram posturas diferentes do clero. Os reformadores católicos ressaltavam a dignidade do sacerdócio. O pároco do velho estilo que punha uma máscara e saía dançando pelo
meio da igreja ou das ruas foi substituído por um novo estilo de padre, mais
educado e contrito.
Os nobres também mudaram de comportamento. A fortuna e um verniz social fizeram com que se comportassem de
uma maneira mais estudada. O Carnaval
começou a ser encarado como exótico,
curioso, fascinante, digno de ser registrado. Por isso quase desapareceu da Europa no século 19. Nesse período, os carnavais em lugares fechados exigiam maior decoro.
KATIA AUVRAY
“Quanto riso, oh!
Quanta alegria”...
Irreverência foi a marca
registrada do Carnaval desde
sua origem com o entrudo
Durante quatro dias, a folia se esparrama pelas ruas, praças e clubes, na festa
mais popular do País: o Carnaval. No
anonimato, dançam juntos trabalhadores
braçais, empresários, serventes e doutores. Caem na folia negros, brancos, índios e estrangeiros. A fantasia cria novas
identidades. Cada um se transforma naquilo que deseja. É tempo de esquecer
ou lembrar os amores perdidos, de cantar as paixões ou de buscar novos parceiros. Pode-se protestar contra o governo, reclamar da miséria ou sugerir soluções, tudo temperado com muito bom
humor.
Na Bahia, a festa ganha novas cores
com os cultos religiosos. As escolas de
samba do Rio de Janeiro são as protagonistas do grande espetáculo. Em
Pernambuco, um só bloco reúne milhares de foliões. Em São Paulo, as escolas
de samba se tornam mais belas e luxuosas a cada ano.
Africanos e portugueses
O carnaval chegou ao Brasil por dois
caminhos: da África, de onde os negros
trouxeram seus cantos e danças, e da
Europa, com o entrudo português, realizado desde o século 16, no período que
antecedia a Quaresma. A primeira manifestação carnavalesca de que se tem notícia aconteceu em 1641, quando o então
governador do Rio de Janeiro, Salvador
Correa de Sá Benevides, determinou que
se dedicasse uma semana inteira de festejos para homenagear a coroação do rei
Dom João IV, o restaurador da monarquia portuguesa.
O povo adorou. Blocos e préstitos
animaram as festas. A folia, diferente do
entrudo, se estendeu até o domingo seguinte, com combates simulados, corri-
Momo, personagem antigo
O mito vem da Antigüidade. Entre os
gregos e romanos, Momo era o ator que
interpretava uma peça familiar e
cômica por meio de gestos. É
considerado pela mitologia
como símbolo da
irreverência.Há também outra
versão de que na Roma
Antiga, durante as festas a
Saturno, escolhia-se o mais
belo dos soldados para ser
coroado como Rei Momo.
Ele passava a receber um
tratamento especial até o fim
da festa, quando então era
sacrificado num altar. No
Brasil a idéia de coroar Momo,
um obscuro personagem, como
rei do carnaval foi dos jornalistas
do jornal “A Noite”, do
Rio de Janeiro.
Rei Momo é um dos símbolos
do Carnaval brasileiro
das de cavalos, jogos de argolinhas e blocos de mascarados.
A palavra entrudo vem do latim
Introitus (introdução). Consistia em batalhas com limão-de-cheiro ou
laranjinhas fabricados pelas próprias famílias e cheias de água mal-cheirosa ou
de perfumes suaves. Um mês ou dois
antes da festa, as famílias faziam as
laranjinhas de cera em forminhas. Enchiam-nas de água perfumada e esperavam
na janela os conhecidos que passavam.
Quando as laranjinhas acabavam, usavam
copos d’água, regadores e baldes. Como
se não bastasse, os rapazes saíam pela rua
e pegavam à força qualquer um que passasse e o jogavam dentro de uma tina ou
tanque cheio de água. No século 18, já
se atirava de tudo: de urina a ovos podres e tomates estragados.
O entrudo ganhou adeptos no Rio de
Janeiro por volta de 1800. Inicialmente
não havia música nem dança, e os foliões participavam de uma espécie de valetudo, em que as armas eram limões-decheiro, seringas, bisnagas e baldes com
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No século 15, surgiu na Itália uma ópera que falava dos
namorados Arlequim e Colombina. Arlequim era alegre,
esperto e malicioso. Vestia roupas brancas, calças
largas, gorro e uma máscara. Eram roupas cheias de
remendos grandes e coloridos. Colombina era uma
camponesa bonita que sempre se metia em confusão. Um dia, os namorados encontraram
Pierrô. Ele era ingênuo, delicado, triste e
apaixonado por Colombina. Usava uma
roupa com pompons, gola de babados e
tocava bandolim. Colombina ficou
indecisa entre os dois amores.
Fotos: Divulgação
Arlequim, Pierrô e Colombina
Pablo Picasso
Arlequim, Pierrô e
Colombina tiveram origem
numa ópera italiana
fuligem, goma, água e farinha. O tom
festivo ficava por conta da população
negra que ocupava as ruas com músicas
e danças em grande passeata, agitando
chocalhos, tocando marimbas e tambores.
O maior problema do entrudo era a
violência. A classe média tinha medo de
sair às ruas durante o carnaval. Inúmeras
vezes as autoridades tentaram proibi-lo,
mas sem nenhum resultado. Até campanha foi feita com essa finalidade pela
imprensa, que defendia um carnaval no
estilo europeu, principalmente o de
Veneza. Apesar disso, muitas donzelas
recatadas, do alto das sacadas, despejavam bacias de água fria sobre os
passantes, e até os imperadores Pedro I e
Pedro II eram fervorosos adeptos do
folguedo, não poupando os nobres da
Corte.
lança-perfumes, confetes, línguas-de-sogra e serpentinas foi fazendo com que o
entrudo desaparecesse aos poucos. Acredita-se que o confete foi introduzido no
Brasil em 1892 e que a serpentina nasceu em 1896, em Paris. Da Alemanha,
vieram os narizes, barbas postiças, bigodes e óculos de celulóide colorido, em
1901.O lança-perfume chegou da Suíça,
fabricado pela Rhodia. Cheirado ou bebido com cerveja, embalava os foliões,
levando a excessos.
Em 1928, o abuso fez com os lançaperfumes fossem proibidos nas ruas e nos
salões, mas ainda assim ficou em evidência por quase 50 anos, até ser proibido
por um decreto do então Presidente Jânio
Quadros, em 61, e banido quatro anos
mais tarde por Castelo Branco, durante
o regime militar, que acabou com sua fabricação no País.
Novos elementos
A moda européia, feita de máscaras,
Bailes mascarados
Em 1840, no Hotel Itália, do antigo
K&K
Largo do Rossio, hoje Praça Tiradentes,
no Rio de Janeiro, foi realizado o primeiro baile carnavalesco mascarado e com
orquestra, promovido pela esposa do
dono do hotel. O ingresso, 2 mil réis,
dava direito ao buffet. Era o início da
aristocratização do carnaval.
Anos depois, a atriz e cantora italiana Chiara Delmastro organizou um deslumbrante baile de máscaras no extinto
Teatro São Januário. Foi o primeiro realizado numa platéia e verdadeiramente
carnavalesco. Só entravam mascarados
e fantasiados. Foi um sucesso! Mais de
mil casais lotaram o salão. A iniciativa
despertou novos interesses e outros teatros passaram a copiá-la.
Os bailes marcaram o início da participação feminina nos carnavais.Até então eram mal vistos pelos pais, que os
consideravam festas para negros e mestiços. Com um carnaval veneziano, delicado, colorido com confetes e serpentinas, as damas da elite também poderiam
ser acolhidas. A mulher costumava apreciar o movimento do alto dos camarotes.
A dança era reservada a prostitutas e
moças tidas como despudoradas.
Zé Pereira
A tradição do Zé Pereira surgiu em
1850, numa segunda-feira de carnaval.
O sapateiro português José Nogueira de
Azevedo Paredes convidou alguns
Crianças brincam com
lança-perfume na década de 50
patrícios para reviverem uma festa portuguesa.
Armados de zabumbas e tambores
alugados, o barulhento grupo saiu pelas
ruas do centro do Rio de Janeiro e acabou tornando-se um marco nas folias de
Momo. O sucesso foi tão grande, que no
ano seguinte não faltaram imitadores que
transformaram os “Zé Pereiras” numa
tradição que durou meio século.
O bloco saía às ruas vestido com qualquer camisa ou calça, não era preciso
roupa especial e todo mundo podia participar. É possível que o nome “Zé Pereira” tenha saído da bebedeira do bando, que trocou o nome de Nogueira.
Os corsos
No início do século 20, o carnaval foi
movido a gasolina. Surgiram os corsos carreatas dos que possuíam um automóvel. Em cima dos capôs, homens e mulheres mascarados e fantasiados com
muita roupa, jogavam confetes e serpentinas uns nos outros, enquanto molhavam
os lencinhos no lança-perfume. A brincadeira durou pouco, pois o aumento do
número de veículos impossibilitou sua
continuidade. Enquando isso, o povo se
divertia nos cordões de predominância
negra. O primeiro deles, batizado de Os
Invisíveis, foi criado no final do século
19. Depois vieram muitos outros, entre
eles o famoso Rosas de Ouro, para o qual
Chiquinha Gonzaga compôs o “Ó Abre
Alas”.
Os cordões deram origem aos primeiros clubes carnavalescos, com sede própria e estatuto aprovado pela polícia, e
aos blocos, formados por moradores de
diversos bairros. Os mais populares eram
os debochados e irreverentes blocos de
sujos. Vieram os ranchos, agremiações
intermediárias entre os blocos e as escolas de samba, que foram trazidos por exescravos da Bahia.
Os mais antigos
Em 1869, ainda durante o reinado de
D. Pedro II, foi criada a primeira sociedade de foliões, o clube Democráticos
Carnavalescos, instalado na antiga rua
Direita, atual 1º de Março, no centro do
Rio de Janeiro. O clube era amado pelas
multidões e tinha a simpatia inclusive do
imperador.
No início, recebia pessoas de todas
as classes sociais, exceto negros. Pouco
depois, com a mudança do estatuto, participou até da campanha abolicionista, já
que José do Patrocínio também era sócio.
Mesmo com a adesão imperial, o clube atraiu os republicanos e seus salões
foram muitas vezes utilizados para os
discursos inflamados de Benjamin
Constant e Patrocínio.
Os Democráticos antecederam o samba. Dançava-se polca e valsa e os hinos
eram árias de óperas. Depois introduziram o maxixe com coreografia de polca
e tangos brasileiros. Foi um clube de vanguarda que desde os primeiros tempos
utilizava carros alegóricos.
Sua proposta até hoje é de
moralização do carnaval e punição dos
indisciplinados, além do desenvolvimento de ações sociais.
O cordão da Bola Preta nasceu em
1918, como uma dissidência do Democráticos, exatamente devido
às punições. Eles queriam um clube mais
Bailes
de máscaras
foram
copiados
de Veneza
Brasileiras no Carnaval
deste ano em Veneza
Bola Preta é
uma das
mais antigas
sociedades
carnavalescas
do Brasil
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Fotos: Divulgação
Estácio
de Sá foi a
primeira
escola de
samba
do País
Jornal O Globo
Desenho de Debret representa
entrudo carioca no século 19
moderno e menos rígido. Com o
passar do tempo, a entidade se
fortaleceu, sempre com o lema
Paz, Amor, Folia e Tradição. A
música que abre os festejos, todos os anos -“Marcha do Cordão
da Bola Preta” - foi lançada em
1958 . Seus estatutos são os mesmos desde a fundação, com a exceção da proibição do ingresso de
homossexuais, derrubada em
1998.
Em razão de dificuldades financeiras, as duas sociedades, que
ainda existem, estudam a possibilidade de fundir-se para sobreviver.
Escolas de Samba
As escolas de samba surgiram
da mistura dos blocos e cordões
com a beleza dos ranchos. Em
1928 surgiu no bairro do Estácio
de Sá, no Rio de Janeiro, a pri-
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Com Joãosinho Trinta,
o carnaval ganhou luxo
meira escola de samba, a Deixa Falar,
fundada por Heitor dos Prazeres, dentre
outros. Depois vieram a do Morro da Favela (Fiquei Firme), a da Mangueira (Estação Primeira) e a de Oswaldo Cruz (Vai
como Pode).
Foi na Era Vargas, iniciada com a
Revolução de 30, que o carnaval
começou a ser valorizado. Em 35,
os desfiles foram oficializados e
subvencionados pelo governo. A
festa virou atração turística, e o DIP
(Departamento de Imprensa e Propaganda) apropriou-se do carnaval
popular para difundir os interesses
governamentais. Foram utilizados
temas nacionais nos enredos e as
marchinhas sofreram censura.
“Com que roupa”, “Mamãe eu quero”, “Yes! Nós temos bananas”,
“Touradas em Madri” e “A Jardineira” se tornaram clássicos da música popular brasileira.
Foi com Joãosinho Trinta , na
década de 70, que uma nova forma
de carnaval apareceu. Foi o fim dos
temas oficiais. Gigantescas alegorias foram financiadas pelos banqueiros do jogo do bicho.
A simplicidade dos primeiros
desfiles passou a contrastar com a
complexidade e organização dos
grêmios recreativos, que hoje reú-
nem de 3 a 4 mil participantes cada um.
A preparação de uma escola para o
Carnaval acontece quase um ano antes
dela entrar na avenida. As agremiações
desenvolveram o samba-enredo, tema
musical do desfile. Até a década de 30, o
samba era tocado basicamente com violões e cavaquinhos. Depois uniu-se com
a percussão dos surdos e cuícas. O que
deu origem ao samba moderno, base de
outros gêneros musicais como a Bossa
Nova, imortalizada por Tom Jobim e
João Gilberto, e o Pagode.
As décadas de 80 e 90 trouxeram
grandes modificações econômicas e administrativas no carnaval carioca. Com
a construção, em 84, de uma passarela
definitiva para a realização dos desfiles -
o Sambódromo - as escolas tiveram que se adaptar ao novo espaço. No mesmo ano surgiu a Liga
Independente das Escolas de Samba - LIESA - que promoveu uma
nova organização.
Nem tudo é luxo
Quem penetra nos bastidores
do carnaval, nos chamados “barracões”, não acredita no que vê.
São grandes galpões geralmente
situados na zona portuária, onde
são confeccionadas as alegorias,
alguns adereços e fantasias das
escolas de samba. A principal característica do trabalho é o segredo, e
poucos podem entrar e ver o que está
Sambódromo impôs uma
nova organização ao carnaval
sendo criado. É comum manter as alegorias cobertas para evitar que o segredo se espalhe antes do tempo e acabe
com o impacto da hora da apresentação.
Impera a improvisação e a informalidade.
Os galpões, antigos armazéns, pertencentes à Cia. das Docas do Rio de Janeiro são invadidos, e, não há interesse das
escolas em realizar obras de infra-estrutura, já que a qualquer momento podem
ser despejadas. Algumas melhorias são
feitas para permitir o trabalho: divisórias, luz elétrica, telefone, aumenta-se a
largura dos portões de entrada, devido ao
tamanho das alegorias e pequenos reparos no telhado.
As relações de trabalho são informais. Raros são os profissionais que têm
com a escola algum contrato. Não existe um sindicato de trabalhadores do carnaval, e, se algum trabalhador se
acidentar, terá que contar com os dirigentes da escola.
KATIA AUVRAY E ROSE FERRARI
Artesãos convivem com a precariedade dos barracões
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Foto: Divulgação
Duzentos e setenta e oito anos depois que os primeiros entrudos portugueses desembarcaram na cidade, o
Carnaval do Rio de Janeiro atingiu o status de “uma das
maravilhas do mundo”. A festa cresceu e se aprimorou a
ponto de atrair milhares de turistas de todo o planeta.
Há Carnaval em praticamente todas as cidades brasileiras, mas em nenhuma delas a grandiosidade atinge as
proporções do Rio, onde, ao lado das manifestações coletivas de alegria, existe o Carnaval como megaespetáculo de luxo e criatividade.
O ponto alto é o desfile das escolas de samba cariocas. Atualmente há 69 escolas divididas em seis grupos,
de acordo com a sua importância. O principal deles é o
chamado Grupo Especial que abrange 14 escolas, cujos
desfiles acontecem no domingo e na segunda-feira de
carnaval. Tudo é gerenciado pela Liga Independente das
Escolas de Samba (LIESA).
Os quesitos utilizados para a premiação são bateria,
samba-enredo, harmonia, evolução, enredo, conjunto,
alegoria e adereços, fantasia, comissão de frente, mestre-sala e porta-bandeira.
Desfile da escola de
samba Beija-Flor neste ano
O maior espetáculo
da Terra
O Carnaval carioca é hoje um show de
arte popular movido a muito dinheiro
Os preparativos começam nove meses antes para que as
apresentações sejam as mais ricas e originais. É composto um
samba-enredo para cada escola, acompanhado pelo som da
bateria e da percussão. A cada ano, os sambas-enredo abordam
temas comemorativos, de caráter social ou político. Coloridos
carros alegóricos garantem um espetáculo à parte, além dos
fogos de artifício e raios laser. Milhões de dólares são gastos
na produção de cada show.
Passarela do samba
Antigo sonho dos sambistas, que defendiam desde 1970
um local definitivo para os desfiles, o palco da maior festa popular brasileira tornou-se realidade no dia 2 de março de 1984.
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O arquiteto Oscar Niemeyer foi o responsável pelo projeto,
cuja obra foi construída em tempo recorde: 120 dias.
Localizado na avenida Marquês de Sapucaí, o sambódromo,
que atualmente leva o nome Passarela Professor Darcy Ribeiro, tem capacidade para acomodar 65 mil pessoas e fora do
período de carnaval, transforma-se em um complexo educacional que abriga cerca de 8 mil crianças da rede pública de ensino.
As escolas de samba carioca têm apostado na presença de
estrelas do meio televisivo, musical, artístico e esportivo para
atrair o público.
MARIELE PRÉVIDI
Atrás do trio
elétrico...
Até mesmo os filhos da terra reconhecem que “baiano quando não está em
festa está ensaiando”. Os festejos populares se sucedem, concentrados no verão,
mas estendem-se por todo o ano. As
manifestações folclóricas, de diversas
origens, encantam baianos e turistas com
exibições ao ar livre e em casas noturnas, de capoeira, maculelê e samba-deroda.
O grande clímax festivo da Bahia, no
entanto, é mesmo o Carnaval: um delírio
de massas que se estende por sete dias,
desde a quarta-feira até a manhã da quarta-feira de Cinzas. A festa toma toda a
cidade de foliões, fantasiados e pulando
como “pipoca” atrás dos trios independentes, ou vestidos nos abadás e becas
de seus blocos preferidos.
Há o circuito central, o da orla e, o mais
tradicional, do Pelourinho ao centro histórico. Neste último, o forte é a música
das bandinhas de sopro e percussão, os
blocos afros, afoxés e os fantasiados. Nos
demais, desfilam os grandes blocos, com
seus possantes trios elétricos, uma criação dos baianos Dodô e Osmar que virou
mania em todo o Brasil.
Fotos: Divulgação
Na Bahia, a maior
atração são os trios
elétricos, uma criação
de Dodô e Osmar
Na capital baiana, Salvador, milhares de
foliões acompanham os trios elétricos
Trio elétrico
A idéia de se criar o primeiro trio elétrico do mundo, surgiu com Dodô
(Adolfo Antônio Nascimento /19131978), rádio-técnico e músico, e Osmar
(Osmar Álvares de Macedo/1932-1997),
inventor e músico. Eles se conheceram
tocando em programas de rádio, ao lado
de Dorival Caymmi, entre outros nomes
já famosos na época.
Em 1950, pela primeira vez, a eletri-
cidade incorporou-se ao Carnaval baiano.
Assim, em cima de uma fobica - um Ford
1929 - equipada com dois alto-falantes,
eles se apresentaram nas ruas da cidade
como a “dupla elétrica”.
Foi um sucesso, mas havia resistências, principalmente da classe média.
Dodô e Osmar não desistiram. No ano
seguinte, melhoraram a qualidade do som
e, com o surgimento de um terceiro músico, Temístocles Aragão, formava-se o
trio elétrico.
Em 52, já com um patrocinador, o
êxito foi estrondoso e o trio seria, tempos mais tarde, glorificado pelo cantor
Caetano Veloso, com o verso: “Atrás do
trio elétrico só não vai quem já morreu...”
O trio elétrico é um caminhão equipado com modernos sistemas de som, além
de instrumentos utilizados pela banda e
um palco na parte superior, onde ficam o
artista e a banda. A velocidade média do
trio é de 2 Km/h, e ele ainda faz muitas
paradas ao longo do percurso de cerca de
6 quilômetros para que os foliões possam
brincar e dançar à vontade.
REGINA LONARDI
K! K
gação
Foto: Divul
Festa do frevo e
do maracatu
Maracatus lembram
cortejos aos reis negros da África
Os pernambucanos costumam dizer
que o Recife tem o melhor carnaval do
planeta. Mas não é à toa. Desde o início
do século 20, o carnaval já era realizado
na cidade por sociedades carnavalescas,
nas principais ruas do centro. Grupos de
mascarados desfilavam, atraindo foliões
de todo lugar. Essa fama ganhou força com
a criação do bloco Galo da Madrugada.
Em Pernambuco, o entrudo português
assimilou as tradições africanas. No século 19, surgiu o frevo, marca registrada
do carnaval pernambucano. Ele é originário do repertório das bandas militares,
misturando-se aos ritmos do maxixe, da
modinha, da polca, do tango, da quadrilha e do pastoril. Com o tempo, ganhou
características próprias e passou a ser
dançado com passos rápidos e
acrobáticos.
Galo da Madrugada
Todos os anos em Recife acontece a
maior concentração popular do mundo,
K" K
promovida por um só bloco de carnaval.
Mais de um milhão de foliões transformam o centro da capital de Pernambuco,
no sábado de Zé Pereira, num imenso baile a céu aberto..
O Galo da Madrugada, registrado no
Livro dos Recordes, surgiu em 1977,
como um pequeno clube de máscaras. Sua
peculiaridade: os foliões começam a se
concentrar às cinco e meia da manhã, o
que explica o nome. O sucesso foi crescendo e hoje, para animar a multidão, são
necessários mais de 30 trios elétricos.
Maracatus
Os maracatus encantam o carnaval de
Pernambuco ao evocar antigos cortejos
de reis negros. Chefes tribais africanos
trazidos para o Brasil reproduziam gestos da nobreza européia para mostrar a
sua força e seu poder, apesar da escravidão. Viajantes do século 18 já narravam
os desfiles destas cortes e as coroações
de soberanos do Congo e de Angola no
O Carnaval de
Pernambuco preserva as
tradições folclóricas
pátio da Igreja do Rosário dos Pretos, no
Recife.
Bonecos gigantes
Irreverência, criatividade e alegria
tornaram o carnaval de Olinda um dos
mais famosos do mundo. Anualmente
milhares de foliões chegam de todas as
partes para desfrutar da beleza da festa,
que acontece dia e noite nas estreitas ladeiras da cidade.
Uma das características do carnaval
olindense são os bonecos gigantes que
arrastam milhares de foliões ao som do
frevo. Além deles, mais de 500
agremiações, registradas oficialmente,
alegram a cidade.
Os bonecos, que chegam a medir até
mais de três metros de altura, são carregados pelas ladeiras. O boneco gigante
do Clube de Alegoria Homem da Meia
Noite, de 1932, é um dos mais famosos.
REGINA LONARDI
Em São Paulo, a folia do Carnaval
demorou para ganhar as ruas
Em São Paulo, o Carnaval era uma
festa restrita aos salões. Começou a ser
praticado nas ruas atendendo às influências das escolas de samba do Rio de
Janeiro, repetindo o estilo das grandes
escolas cariocas ao enfatizar o luxo das
fantasias e alegorias.
O carnaval paulista começou nas sociedades familiares e, aos poucos, ganhou o povo. No século 19, em São Paulo, os costumes eram muito severos e
não permitiam a presença de mulheres
nas brincadeiras de rua. Elas assistiam
aos cortejos e brincadeiras das janelas e
sacadas.
Os bailes de carnaval também eram
restritos aos homens e às mulheres vulgares. Mesmo assim, muitos deles utilizavam máscaras para não serem reconhecidos. Durante muito tempo, o Carnaval se resumiu aos bailes, guerras de
ovos e aos corsos - desfiles de carros
pelas grandes avenidas.
O desejo de criar um Carnaval tipi-
Foto: Divulgação
Carnaval à
paulista
Gigantescos carros alegóricos
caracterizam o carnaval paulistano
camente paulistano, sem copiar o carioca, levou as escolas de samba a um elevado grau de profissionalização, até que
São Paulo encontrasse o seu próprio estilo.
Muito contribuiu para isso a criação
da Liga Independente das Escolas de
Samba de São Paulo em 1986. Para ela,
enquanto o carnaval carioca é mais técnico e voltado para o turismo, “o carnaval paulista é mais amador, de sambista
para sambista”.
Hoje o desfile é composto pelo Grupo Especial que abrange as catorze escolas de samba mais importantes de São
Paulo e pelo Grupo 1 que conta com
nove escolas. Cerca de 110 mil pessoas
integram as agremiações.
O desfile acontece no Sambódromo
do Anhembi, inaugurado em 1991 pela
prefeita Luiza Erundina e reformado em
1994 pelo prefeito Paulo Maluf. Pelo seu
formato, o sambódromo paulista obriga
as escolas a fazer alegorias maiores do
que as da Marquês de Sapucaí no Rio
de Janeiro. Enquanto os carros cariocas
têm em média 10 metros de altura, os
paulistanos chegam a 15 metros.
Reviver os corsos
Neste ano, as ruas de São Paulo voltaram a ser o palco do corso. Historiadores e colecionadores de carros antigos ressucitaram o hábito, esquecido há
cerca de 50 anos.
Famílias fantasiadas desfilaram sobre antigos conversíveis, ao som de
marchinhas e sambas da década de 30,
atirando confetes e serpentinas.
Ford Phaeton, Chevrolet 57, Jardineira Ford de 1931, Buik e Baratinhas
foram alguns dos 30 veículos que participaram da festa. O desfile saiu do
Memorial do Imigrante e terminou no
Vale do Anhangabaú, depois de percorrer diversas ruas do centro velho.
MARIELE PRÉVIDI
K# K
Ó abre alas...
Marchinhas carnavalescas traduziam
a irreverência brasileira
A divulgação das letras
carnavalescas era feita em livretos
A marchinha de carnaval marcou época, reinou ao longo de muitos anos e foi
transmitida de geração em geração, tendo como principais aliados a divulgação
radiofônica, os bailes de salão e as próprias ruas. A marchinha é produto de uma
mistura dos ritmos que inclui a polca, o
one-step e o rag-time e apareceu no carnaval carioca em 1920. Muitos foram os
compositores brasileiros que a imortalizaram, entre eles estão Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Cartola, Braguinha,
Donga, Lamartine Babo, Noel Rosa, entre outros.
A marchinha passou a formar dupla
com o samba.Enquanto o samba é poético ou filosófico, a marcha é caricatural e
gargalhante, maliciosa.
No cancioneiro carioca estão inscritas centenas de marchas carnavalescas ,
consideradas como clássicos da música
popular brasileira.
Em 1899, a marchinha “Ó Abre
Alas”, de Chiquinha Gonzaga apontava
para o surgimento de um novo gênero
musical brasileiro: as músicas carnavalescas. Essa marcha animou o carnaval
carioca por três anos consecutivos e, ainda hoje, transcorrido mais de um século,
é cantada pelo grande público.
Desaparecimento
Muitos foram os fatores que contribuíram para o declínio das marchinhas,
mas, sem dúvida, a supremacia da música estrangeira e de outros gêneros carnavalescos (como, por exemplo, o sambaenredo), fizeram com que as gravadoras,
multinacionais em sua maioria, mudassem de rumo.
Nas décadas de 30 e 40, o custo de
produção de um disco era baixo e a sua
K$ K
difusão, gratuita, o que permitia às gravadoras obterem lucros vantajosos. Com a
sofisticação da técnica e o desenvolvimento da indústria fonográfica, houve
melhoria na qualidade, mas os custos de
produção subiram substancialmente, dificultando o acesso e a penetração das marchas. A partir dos anos 60, as gravadoras
passaram a não mais investir no gênero.
Restaram aos foliões, além dos velhos clássicos, os chamados sambas-enredo que, graças ao prestígio crescente
das escolas de samba, independeram do
disco para se popularizar.
A fama das escolas de samba aumentou a cada ano e, se não sensibilizou o
mercado do disco, acabou atraindo um
outro meio de comunicação bem mais
sedutor: a televisão. Com a chegada da
transmissão em cores, no início dos anos
70, o carnaval passou a ser encarado
como um espetáculo e obteve amplo destaque na mídia eletrônica.
Com a participação cada vez menor
do povo no carnaval de rua - para a glória das escolas - o samba-enredo pediu e
ganhou passagem. As marchinhas ainda
resistem nos salões, assegurando a tradição carnavalesca.
O samba
O samba chegou ao Rio com as
baianas do bairro Cidade Nova. Uma
delas, Tia Ciata, Hilária Almeida, (18541924), reunia músicos e boêmios que
varavam a noite cantando. Em uma dessas reuniões surgiu a idéia da música que
se tornaria o primeiro samba. “Pelo telefone” foi gravado em 1917 por Mauro
de Almeida, o Donga, e falava sobre o
jogo no Rio de Janeiro. A letra dizia”O
chefe da Polícia/ Pelo Telefone/ Mandou
me avisar/ Que na Carioca/ Tem uma
roleta/ Para se jogar”.
Começava a morrer a distinção entre
a música de salão e a de terreiro. Os sambas foram consumidos vorazmente por
quem podia comprar discos, e a festa se
democratizou.
Em São Paulo
O samba paulista também teve origem nas reuniões da comunidade negra
do final do século 19. Destacaram-se os
negros de Pirapora do Bom Jesus que,
no mês de agosto, por ocasião da festa
em louvor ao Senhor Bom Jesus, eram
excluídos das procissões. Eles ficavam
presos em barracões para não incomodar os brancos com sua presença. Nesses barracões, de acordo com a tradição
oral, recitavam versos engraçados e batucavam dia e noite num ritmo primitivo
e apressado, acompanhados por uma
zabumba.
O escritor Mário de Andrade e o antropólogo franco-belga Claude LéviStrauss estiveram numa das festas de
Pirapora e a registram nas obras “Saudades do Brasil” (Cia. Das Letras) e “Aspectos da Música Brasileira” (Martins
Editora). Foi nessas festas também que
Geraldo Filme, personagem importante
do samba paulista, aprendeu fundamentos do batuque. Filme, que inovou com
um samba de sotaque rural, teve discípulos como Adoniran Barbosa e Dona
Maria Esther.
Repressão
No início do século 20, o samba transformou-se num caso de polícia, pois as
classes dominantes o consideravam uma
“coisa de marginal”. A repressão foi tanta que muitos negros chegaram a estimular o abandono dessas tradições musicais.
Na década de 50, o ritmo começou a ser
prestigiado.
A chegada da televisão ao País mudou a mentalidade da população e os
sambas puderam ser vendidos comercialmente como uma genuína expressão da
cultura nacional. A arte de sambistas
brancos colaborou para revolucionar os
costumes e dar ao samba paulista novo
prestígio.
REGINA LONARDI E
KATIA AUVRAY
Fotos: Divulgação
Chiquinha Gonzaga
Francisca Edwiges Neves Gonzaga, compositora, instrumentista e
regente, nasceu no Rio de Janeiro em 1847 e morreu em 1935. Aos 11
anos compôs a sua primeira música. Casou-se aos 13, e, aos 18, mãe de
cinco filhos, abandonou o marido (oficial da Marinha Mercante) e
levando consigo os filhos, passou a viver com um engenheiro de estradas
de ferro, do qual também se separou logo depois.
Enfrentando todos os preconceitos de seu tempo, Chiquinha foi a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. Lecionava piano para poder
sustentar seus filhos. Musicou aproximadamente 77 peças de teatro. Sua
obra reúne composições dos mais variados gêneros: valsas, polcas,
tangos, maxixes, lundus, fados, serenatas, músicas sacras, entre outras.
Chiquinha
Gonzaga e Donga
foram pioneiros
em composições
carnavalescas
Lamartine Babo
O compositor Lamartine Babo nasceu no Rio de Janeiro, em 1904.
Mesmo tendo sido um leigo em técnica musical, criou melodias
inesquecíveis, resultantes de seu espírito inventivo e versátil.
Lamartine tornou-se mundialmente conhecido através de suas
marchinhas carnavalescas. Em suas letras predominavam o humor
refinado e a irreverência. Como poucos, alcançou os dois extremos da
alma brasileira: a gozação e o sentimento.
Lamartine, mesmo sem
formação musical, era
criativo e versátil
Sua primeira marchinha gravada foi a divertida “Os Calças-Largas”,
em que debochava dos rapazes que usavam calças boca-de-sino. Em
1937, com a censura imposta por Getúlio Vargas, carnavalescos
ficaram proibidos de utilizar a sátira em suas composições. Sem a
irreverência costumeira, as marchinhas não foram mais as mesmas.
Cartola
É impossível falar de samba sem falar de Cartola. Nascido
Angenor de Oliveira, em 1908, recebeu o apelido quando
passou a usar um elegante chapéu-côco. Autor de sambas
inesquecíveis como “As Rosas não Falam”, “O Mundo é um
Moinho” e “O Sol Nascerá”, Cartola foi também um dos
fundadores da Estação Primeira de Mangueira, tendo sugerido o nome da escola e as cores verde e rosa. Nas favelas ou
nos redutos intelectuais, Cartola é visto da mesma maneira:
autêntico, harmonioso, lírico, genial. Morreu em 1980,
deixando uma obra que hoje é referência para qualquer
estudo sério sobre a música brasileira.
Cartola e Noel
Rosa estão entre
os imortais da
música brasileira
K% K
Eles fizeram o maior carnav
MURILO TRETTEL MARIANO
UNESP (Bauru) - Engenharia
Mecânica / EFEI - Engenharia
RENATO CESAR P. FERNANDES
USP/UNIFESP,
PUC/SP e Fac. Med.
Jundiaí - Medicina
TALITA MATSUSHIGUE
USP/UNIFESP e
UNESP - Medicina
ANA PA
UNICAMP e
USP (
DENISE
USP (São Pa
FAAP U
RELAÇÃO DOS ALUNOS APROVAD
01. Alexandre Facchini Gimenez .......................... UFSCar ........................................... Engenharia da Computação
02. Adriana de Stefano .......................................... PUCSP ........................................... Hotelaria (São Pedro)
03. Alberi de Oliveira ............................................. FADITU ........................................... Direito
04. Alex de Moura Campos ................................... PUCCAMP ...................................... Comércio Exterior
................................................................................ MACKENZIE .................................. Comércio Exterior
05. Alexandre Rocha Romboli .............................. ANHEMBI/MORUMBI .................... Turismo
06. Alice Bastida .................................................... Univ. São Francisco ....................... Medicina
07. Alvaro Augusto Pereira ................................... UNESP ........................................... Engenharia Cartográfica
................................................................................ PUCCAMP ...................................... Engenharia da Computação
................................................................................ UNIMEP .......................................... Ciências da Computação
08. Ana Carina Mosca ........................................... PUCCAMP ...................................... Direito
09. Ana Claudia Ribeiro da Silva .......................... USP(São Paulo) ............................. Nutrição
................................................................................ UNESP (Botucatu) ......................... Nutrição
10. Ana Cecília Lorenzon Carlini .......................... PUCCAMP ...................................... Odontologia
................................................................................ UNIMEP .......................................... Odontologia
11. Ana Luiza Fanchini Messas ............................ UNESP ........................................... Farmácia Bioquímica
12. Ana Paula Betinelli Alves ................................ UNICAMP ....................................... Engenharia Química
................................................................................ USP (Poli) ....................................... Engenharia
................................................................................ FAENQUIL ...................................... Engenharia Química
................................................................................ UFSCar ........................................... Engenharia
13. André Augusto Denadai Marques ................... FAAP ............................................... Administração
14. Bárbara G. S. de Camargo ............................. MACKENZIE .................................. Direito
15. Bruno Christiani Limongi ................................. UNESP (Bauru) .............................. Engenharia Civil
................................................................................ UFSCar ........................................... Engenharia Civil
................................................................................ UNICAMP ....................................... Engenharia Civil
................................................................................ FACENS ......................................... Engenharia Civil
16. Bruno Del Rio Duarte ...................................... PUCCAMP ...................................... Ciências Biológicas
17. Bruno Martini Bonaldo ..................................... USP/São Carlos ............................. Química
18. Bruno Mazzo .................................................... UNICAMP ....................................... Estatística
19. Caio Marcelo Kuan Ottoni ............................... PUCCAMP ...................................... Medicina
20. Camila Maria Galvão de Souza ...................... Fac. Prud. de Moraes .................... Publ. e Propaganda
21. Camila Theodora Monges ............................... FADITU ........................................... Direito
22. Carolina F. Nogueira Martins .......................... UNESP/Bauru ................................ Psicologia
................................................................................ PUCCAMP ...................................... Psicologia
23. César Rafael F. Terrasan ................................ PUCCAMP ...................................... Ciências Biológicas
24. Daniele Klopel Rosa ........................................ Univ. Sta. Catarina ......................... Eng. Aqüicultura
25. Denise Lícia Boni de Oliveira .......................... USP (São Paulo) ............................ Psicologia
................................................................................ UFSCar ........................................... Psicologia
................................................................................ UEL ................................................. Jornalismo
................................................................................ FAAP ............................................... Relações Internacionais
26. Diego Barros .................................................... PUCCAMP ...................................... Engenharia da Computação
................................................................................ UFSCar ........................................... Engenharia da Computação
27. Diego M. X. de Aguiar ..................................... USP(São Carlos) ............................ Engenharia Mecânica
................................................................................ UNICAMP ....................................... Engenharia Elétrica
................................................................................ UFSCar ........................................... Engenharia de Materiais
................................................................................ UFSC .............................................. Engenharia Mecânica
28. Diego Plana Robert ......................................... USP(São Carlos) ............................ Química
................................................................................ UNICAMP ....................................... Química
................................................................................ UFSCar ........................................... Engenharia Química
29. Dorilene Cristina Barbosa ............................... PUCCAMP ...................................... Relações Públicas
K& K
30. Edgar Della Nina Muzzio ................................. USP (S
31. Emília Maria da S. Neves ............................... PUC/SP
................................................................................ USFSC
32. Felipe A. M. de Oliveira ................................... UNESP
................................................................................ UNIME
33. Fernanda Coluço Takeyama ........................... USP ...
................................................................................ PUCCA
34. Filipe Marcelo T. Abe ....................................... PUCCA
................................................................................ MACKE
35. Flávia de M. Italiani ......................................... UEL ....
................................................................................ USP ...
................................................................................ PUC/SP
36. Gustavo Guerrieri ............................................ PUCCA
................................................................................ FEI .....
37. Gustavo Volpato .............................................. PUC/SP
................................................................................ MACKE
38. Guilherme Martino de Sant’Ana ...................... PUCCA
................................................................................ MACKE
39.Henrique Fornari ............................................... PUCCA
40. Isabel Amaral Nogueira de Sousa .................. PUCCA
41. João Paulo de Moraes Limongi ...................... FACEN
42. Juliano Pravatta Rezende ............................... UMC ...
43. Karen Michele M. C. Gandini .......................... FMU ...
44. Karla Cristina Boni ........................................... PUCCA
45. Laíse Cristina Corti .......................................... PUCCA
46. Leandro A. Francischinelli ............................... PUC/SP
47. Lourival Augusto P. de Almeida ...................... PUCCA
48. Lúcia Mettiello .................................................. UNIME
49. Lucila Trevizan ................................................. PUCCA
................................................................................ EFOA .
50. Luís Fernando M. de Oliveira ......................... UFSCa
................................................................................ UNICA
51. Luiz Fernando P. Giannecchini ....................... UNICA
................................................................................ USP ...
52. Marcela Cristina Z. Ferrari .............................. PUCCA
53. Maria Cecília V. Piva ....................................... FADITU
54. Maria Fernanda dos S. Costa ......................... FADITU
................................................................................ UNISO
55. Maria Luísa Pires ............................................. UNIME
................................................................................ UNIP ..
56. Michel Hulmann ............................................... USP ...
57. Murilo Trettel Mariano ..................................... UNESP
................................................................................ EFEI ...
58. Nícolas Ramos Caridiotis ................................ MACKE
59. Otávio Soccol ................................................... PUCCA
60. Patricia Mano Rosa ......................................... USP(R
................................................................................ UNICA
................................................................................ UNESP
61. Patricia Andreazza Rebelo ............................. PUC/SP
62. Paulo Eduardo Limongi Pacheco ................... UNIMA
val nos últimos vestibulares
AULA BETINELLI ALVES
e FAENQUIL - Engª Química
Poli) e UFSCar - Engª
E LÍCIA B. DE OLIVEIRA
aulo) e UFSCar - Psicologia
Relações Internacionais
UEL - Jornalismo
DIEGO M. X. DE AGUIAR
USP (São Carlos) e UFSC Engª Mecânica
UNICAMP - Engª Elétrica
UFSCar - Engª de Materiais
DIEGO PLANA ROBERT
USP (São Carlos) e
UNICAMP - Química
UFSCar - Engª Química
RAQUEL FRUET DE MORAES
USP - Economia
MACKENZIE e
PUC/SP - Direito
DOS NOS VESTIBULARES – 2001
ão Carlos) .......................... Química
.......................................... Turismo
ar ........................................ Ciências Sociais
........................................... Educação Física
P .......................................... Educação Física
............................................. Fonoaudiologia
MP ...................................... Arquitetura
MP ...................................... Direito
NZIE .................................. Direito
............................................. Odontologia
............................................. Odontologia
.......................................... Medicina
MP ...................................... Engenharia Elétrica
............................................. Engenharia Elétrica
.......................................... Administração
NZIE .................................. Administração
MP ...................................... Publ. e Propaganda
NZIE .................................. Publ. e Propaganda
MP ...................................... Jornalismo
MP ...................................... Direito
S ......................................... Engenharia Civil
............................................. Odontologia
............................................. Med. Veterinária
MP ...................................... Administração
MP ...................................... Ciências Econômicas
.......................................... Administração
MP ...................................... Administração
P .......................................... Publ. e Propaganda
MP ...................................... Farmácia
............................................. Farmácia
r ........................................... Engenharia Química
P ....................................... Engenharia Química
P ....................................... Engenharia Química
............................................. Matemática
MP ...................................... Ciências Biológicas
........................................... Direito
........................................... Direito
............................................ Direito
P .......................................... Fonoaudiologia
............................................. Fisioterapia
............................................. Ciências Sociais
(Bauru) ............................... Engenharia Mecânica
............................................. Engenharia
NZIE .................................. Direito
MP ...................................... Geografia
beirão Preto) ...................... Economia
P ....................................... Ciências Econômicas
........................................... Ciências Econômicas
.......................................... Direito
R ......................................... Med. Veterinária
63. Rafael Toschi Chiafarelli .................................. UNIMEP .......................................... Contr. de Automação
64. Raquel Fruet de Moraes ................................. USP ................................................ Economia
................................................................................ MACKENZIE .................................. Direito
................................................................................ PUC/SP .......................................... Direito
65. Renata Cristina Tomba .................................... PUCCAMP ...................................... Relações Públicas
66. Renato César P. Fernandes ............................ USP / UNIFESP ............................. Medicina
................................................................................ PUC/SP .......................................... Medicina
................................................................................ FAC.JUNDIAÍ ................................. Medicina
67. Rodolfo do A. G. de Carvalho ......................... FEI .................................................. Engenharia
................................................................................ MAUÁ ............................................. Engenharia
68. Rodrigo Romano .............................................. FEI .................................................. Engenharia
69.Sergio C. de Souza Filho ................................. PUCCAMP ...................................... Publ. e Propaganda
70. Sheila Maria Stocco ........................................ PUCCAMP ...................................... Ciências Biológicas
71. Simone Sayuri Katahira .................................. UEL ................................................. Arquitetura
72. Talita Matsushigue ........................................... USP / UNIFESP ............................. Medicina
................................................................................ UNESP (Botucatu) ......................... Medicina
................................................................................ PUCCAMP ...................................... Medicina
73. Thomas dos A. Oliveira ................................... UNESP ........................................... Educação Física
74. Vinicius Navarro Andrietta ............................... UNESP(Bauru) ............................... Engenharia Elétrica
Quem não
faz Anglo, dança.
Praça da Independência nº 151
Centro - Itu/SP - Fone (11) 4023.0365
K' K
Fotos: Divulgação
Uma festa
Escola Grande Rio desfilou
com 4.500 sambistas
Da folia de antigamente pouca coisa restou. Os desfiles de escola de samba, iniciados na década de 30, que percorriam
as principais ruas, foram confinados em
sambódromos como os de São Paulo, Rio
de Janeiro e Manaus para não atrapalhar
o trânsito, e adquiriram a dimensão espetacular de hoje. A mais famosa festa
pagã do mundo movimenta pelo menos
R$ 2 bilhões.
Financiadas pelas prefeituras, com o
apoio de grandes redes de TV e
favorecidas pelos investimentos maciços
do turismo, as escolas de samba se
institucionalizaram. São empresas com
contabilidade e patrocínios.
Os nostálgicos costumam lamentar a
perda de “autenticidade” dos sambistas
e da cultura popular que eles representavam. Dizem que as câmeras comprometeram o brilho original por valorizar mais
as socialites, emergentes, artistas e atletas famosos do que as cabrochas da favela.
O que pode explicar essa transformação é que o Carnaval atual não é somen-
K
K
te sinônimo de folia. É fonte de lucros
para cerca de 52 setores da economia
nacional. Bastam quatro dias para aquecer os mais diversos ramos - do vendedor de sorvetes na praia ao industrial que
fabrica isopor.
Só no Rio de Janeiro, calcula-se, o
Carnaval chega a movimentar algo em
torno de R$ 1 bilhão, e, apenas a Riotur,
empresa ligada à Secretaria de Turismo
do Estado, investiu R$ 14,5 milhões.
Montante suficiente para atender às 120
mil pessoas que lotaram a cidade para
assistir aos desfiles das escolas de samba na Avenida Marquês de Sapucaí.
Empregos temporários
Em São Paulo, a situação não foi
muito diferente. A Liga Independente das
Escolas de Samba (LIESA) avaliou o
Carnaval deste ano como um dos melhores de sua história. Segundo Renê
Rodrigues, diretor de comunicação da
LIESA, cada uma das 14 escolas do grupo especial investiu R$ 700 mil para desfilar.
Rodrigues lembra ainda que o Carnaval recebeu investimentos de R$ 30
milhões, incluídas as verbas publicitárias e o direito de transmissão do evento
pela TV. Mas os R$ 30 milhões são apenas uma pequena parcela do que a festa
gira na economia paulistana. Cerca de 12
mil empregos diretos e indiretos também
foram criados.
E é assim todo ano. Quando acaba um
Carnaval, as escolas já contratam o carnavalesco para fazer o próximo. No início, há um trabalho de pesquisa e desenvolvimento de fantasias e carros alegóricos. Entre maio e junho começam a des-
de R$ 2 bilhões
Investimentos envolvem 52 setores da
economia e geram milhares de empregos
Retoques
finais da
Império
Serrano
antes do
desfile
montar o barracão do Carnaval anterior.
As escolas começam a trabalhar com
força total entre agosto e setembro. Nessa época, recrutam centenas de pessoas
para confeccionar as fantasias e alegorias. São produzidas entre 2 mil e 3 mil
fantasias, adereços e alegorias. Para isso
são contratados, normalmente em caráter informal, costureiras, serralheiros,
marceneiros e decoradores.
Amarildo Mello, carnavalesco da escola de samba Imperador do Ipiranga
afirma que a maioria das pessoas que vem
trabalhar temporariamente no Carnaval
paulista é do Rio de Janeiro. Elas migram
do Rio porque o Carnaval de São Paulo
é mais rentável. As escolas paulistanas
pagam melhor.
Mas não é só São Paulo que contrata,
não. Segundo Antonio Stelzer, diretor
comercial da Gelre, empresa que atua no
segmento de recursos humanos, a empresa formou um exército de 6 mil pessoas
em todo o Brasil para trabalhar em diversos setores.
O executivo afirma que cerca de 3,8
mil pessoas foram recrutadas para trabalhar no Carnaval de Salvador, na Bahia uma festa que movimenta quase R$ 500
milhões. “São seguranças, montadores
e outros trabalhadores. Todos envolvidos
nos já tradicionais trios-elétricos baianos.”
Além das escolas e
seus funcionários lucrarem com a festa, diversos segmentos do
comércio
vendem
mais. O mercado de
plumas, cola, isopor, tecidos e materias usados
para fazer fantasias e
alegorias é um dos mais
aquecidos. As vendas
sobem pelo menos
10%.
Turismo
Hotéis abarrotados,
aviões lotados e o litoral brasileiro cheio
de turistas. Essa é a tradução do Carnaval para a indústria do turismo. São milhares de pessoas do Brasil e do exterior
gastando o seu rico dinheirinho nos quatro dias de festa, sonho de nove entre dez
estrangeiros que escutam falar do País.
Mais de 1,7 milhão de pessoas viajaram dentro do Brasil no Carnaval deste
ano. Os números são do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), que calcula ainda que o fluxo de turistas neste feriado gerou uma receita de US$ 504 milhões.
ROSE FERRARI
Carnaval gerou neste ano
milhares de empregos temporários
K
K
Memó
carna
A história do
é rica em
Bateria do Bloco
do R na década de 60
Lembrar a história do carnaval de Itu
é despertar a saudade em seus foliões, que
durante décadas animaram o povo e ajudaram a escrever novas páginas da folia
de Momo.
Dezenas de escolas e blocos participaram do Carnaval ituano. O tradicional Bloco do R, Colorado, Grêmio Recreativo Paula Souza, Bloco das Latas,
Fantástico, Gorilas, Renascença, Jangadeiros, Homens da Caverna, Bloco dos
Índios, Em Cima da Hora, Imperatriz do
Rancho Grande, Vila Roma, Afro Brasileira, Associação Atlética Ituana, San
Remo, Praça das Estrelas, Heróis das
Crianças, República das Flôres, Kamikase, Vale do Sol, Mocidade Independente de Itu, Melhor Idade, União das
Vilas, dentre outros.
Marcaram época também os inesquecíveis grupos fantasiados, como o Dom
Espirro I, A Gaiola das Loucas, As
Ferinhas dos Comerciários e Alegria do
Carnaval, além dos amigos Edson de
Oliveira e Luiz Cavacchini, famosos por
apresentar uma surpresa a cada ano.
K
K
Imortal
Com 43 anos de existência, o Bloco
do R foi o único que permaneceu na ativa durante os altos e baixos do Carnaval ituano, quando chegou a desfilar sozinho.
Segundo Darcy Duarte Barros Luigi,
o Darcilão, um dos fundadores do antigo
Bloco da Ralé, tudo começou com uma
brincadeira entre amigos. “Nos reunimos
e decidimos sair no carnaval vestidos de
mulher. Escrevemos uma placa como bloco da Ralé, pegamos algumas latas e saímos batendo”. O sucesso foi grande e o
bloco se organizou melhor. No ano seguinte, ganhou seu primeiro instrumento: um bumbo artesanal de madeira, sem
regulagem de couro, confeccionado pelo
marceneiro Chico Bruni. Dos 30 integrantes iniciais, o bloco contou com 300,
nos períodos de glória.
A mudança de Bloco da Ralé para
Bloco do R aconteceu alguns anos após
sua fundação com a aquisição de uma
sede própria e a participação em carnavais de Cabreúva, Capivari e no Estádio
Disputa entre Fantástico e Gorilas virou
assunto de publicações da época
rias
valescas
Do entrudo aos
primeiros carnavais
Carnaval do interior
criatividade e bom humor
do Morumbi, durante uma partida entre
Santos e Corinthians. Mas o maior motivo de orgulho foi a participação da bateria ituana no show realizado pelas Mulatas do Sargentelli no Hotel San Raphael.
Darcilão comenta que nos últimos três
anos o bloco vem agonizando, o que o
entristece muito.
Colorado x Renascença
Quando chegou em Itu, em 66,
Anacleto Moreira, o Sargento Moreira,
encantou-se com o desfile do Clube Recreativo Colorado, que exaltava a comunidade negra. Em 68, já fazia parte do
bloco e revolucionou o carnaval ituano
compondo “A Volta do Colorado”, primeiro samba-enredo no qual exaltava a
própria escola. Naquela época não havia
mestre-sala e porta-bandeira e os destaques eram o Rei e a Rainha, na época
Eugenio Ribeiro e Elvira Dias. Em 72,
Moreira criou o bloco Renascença, uma
dissidência do Colorado. O primeiro desfile foi em 73 com 92 componentes e
dois sambas.
O Renascença não participou do Car-
Simplicidade do Cordão Paz e Amor em 1945
Em Itu, o entrudo também foi reprimido. Em 1832, a Câmara de Vereadores proibiu o brinquedo, impondo uma multa de 2 mil réis aos que atirassem laranjinhas de cheiro ou de qualquer outra coisa. Se fosse escravo, além
da multa passava dois dias na cadeia. Apesar das proibições, o entrudo ficou
na ativa até meados do século 19, quando foi substituído pelo Carnaval.
Na década de 30, já havia diversos cordões carnavalescos em Itu. O 1º
de Maio, o Bloco Flor Ituana e o Paz e Amor marcaram época e deixaram
saudade quando se extinguiram. A partir de 1936, surgiram em desfiles de
rua os cabeções, gigantões, boizinhos e cavalinhos, influências do folclore
nordestino que mais tarde desapareceram. O primeiro rei Momo da cidade
foi Gumercindo Barranqueiros, em 1949, e a primeira rainha foi Elvira Dias,
durante muitos anos.
KATIA AUVRAY
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Elvira Dias e Eugenio Ribeiro, casal de rei e
rainha do Carnaval ituano, em fevereiro de 1970
nalmente, em 74, o Fantástico, inspirado
no programa de mesmo nome exibido
pela Globo.
Nos anos seguintes, o bloco, que fazia questão de enfocar temas brasileiros,
desfilou com Festa do Frevo, A Proteção dos Orixás aos Filhos de Oxóssi, e,
por último, Alegria de Piolim no Carnaval de Outrora.
A criação de uma bateria própria foi
forçada pela ausência do Bloco do R num
dos carnavais. O dinheiro para a compra
dos instrumentos veio através de uma
rifa. O bloco ganhou o nome de Grêmio
Recreativo Escola de Samba Fantástico,
com direito a ser batizado por uma escola de renome, a Camisa Verde e Branca,
de São Paulo.
Os jovens que compunham o grupo
ingressaram na faculdade e o Fantástico
se extinguiu. A saudade dos velhos tempos levou o grupo a criar, em 81, o Itu
Elétrico, um caminhão com música eletrônica para animar os foliões.
Gorilas
Ao mesmo tempo que o Fantástico,
surgiu o bloco Gorilas, inspirado no sucesso do filme Planeta dos Macacos, a
partir de um grupo de amigos da Vila
Nova que já desfilava, em 71, em seu
Bloco de Sujos. No ano seguinte, utilizaram uma fantasia de gorila que impressionou todo mundo, como relembra Angelo Antônio Armenio, o Giló. O novo
carnaval trouxe o bloco para o desfile
com o tema “Planeta dos Macacos”, baseado nas roupas e cenas do filme do
mesmo nome.
Com o tema “Carnaval do Alasca”,
passou a contar com a presença das mulheres. A partir de 75 o Gorilas passou a
categoria de escola de samba. Em 81, o
tema “Dez Anos de Alegria” fez uma re-
naval de 75 por falta de recursos. O último desfile aconteceu no ano seguinte
com o tema Palmares - A Tróia Negra e
cerca de 130 componentes.
Fantástico
No início dos anos 70, a disputa entre os blocos Fantástico e Gorilas proporcionava belos espetáculos aos ituanos.
Francisco José de Moraes Macedo, um
dos fundadores e presidente do Fantástico, lembra que a rua Floriano Peixoto
ficava dividida em dia de desfile. "De um
lado estavam os torcedores do Fantástico e do outro os do Gorilas".
A história do Fantástico começou em
71, quando um grupo de amigos que freqüentava as aulas de natação da Associação Atlética Ituana resolveu sair vestido de hippie no Grêmio Paula Souza, da
Escola Regente Feijó. Nos anos seguintes, o grupo desfilou com os temas: Acadêmicos do Feitiço, Anjos do Mal e fi-
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Gorilas conquistou
1º lugar em fantasia em 1972
trospectiva de todas as fantasias
utilizadas. Com a inauguração do
Clube de Campo em 83, a escola foi deixada de lado e o desfile
de rua perdeu a prioridade. Hoje
em dia o Gorilas desfila esporadicamente no Carnaval de rua de
Itu.
Outro bloco desse período foi
o Praça das Estrelas, fundado em
75 por Silvio Belluci. "O bloco
era composto em sua maioria
por gays da região", revela Silvio. O público aguardava ansioso a sua
passagem, que trazia luxo e beleza para
as ruas.
Os destaques ficavam apor conta de
Jô Cabeleireiro, Paulo Rizzi e o mestresala Geraldela.
Vila Roma
Fundada em 1980, a Escola de Samba Unidos de Vila Roma, tricampeã do
carnaval ituano, foi marco na história carnavalesca da cidade. Criada por moradores da Vila Roma, desfilou em 81 com
200 integrantes, como bloco, com o tema
Roma Antiga. Segundo a carnavalesca
Uma outra figura que nunca faltou no
carnaval de rua de Itu é o carnavalesco Dom Espirro.
Na foto, ele aparece ao centro acompanhado de
Lúcio Argentino e Walter Silveira Moraes
Tomé puxa o samba-enredo
da Vila Roma na década de 80
Clelia Regina Cervezon, o samba-enredo foi composto por Luiz Aldo de Souza, o Tomé. A bateria era dirigida por Oscar de Moraes Neto, Mestre Oscar.
Outros temas foram levados pela escola: Carnaval nas Estrelas, Carnaval do
Oscarlão (uma homenagem ao carnavalesco ituano) e Amazônia (que falava do
Chico Mendes), dentre outros. Sua última participação foi em 93. De acordo
com Clelia, o que determinou o fim da
escola foi o conflito existente entre a sua
diretoria e a da Sociedade de Amigos de
Bairro.
Folião inesquecível
O pioneiro José Maria Rodrigues
Vieira, 63, conhecido como Dom Espirro I, alegrou as ruas de Itu com suas fantasias. Com a primeira, A Nega Maluca,
dançava com uma boneca presa ao corpo. Sua criatividade fez surgir O Vendedor na Janela, na qual ficava com o
bumbum de fora, o Piano de Cauda, que
levava a música clássica às ruas e contava com a participação de Lúcio Argentino vestido de garçon, O Minhocão de Itu,
com mais de seis metros de comprimento e tantas outras que fizeram parte do
vasto repertório desse carnavalesco
inveterado.
Dos orgulhos de Dom Espirro, vale
lembrar que ele também foi pioneiro na
Silvio Belucci nos bons
tempos do Praça das Estrelas
campanha anti-drogas e no alerta às doenças sexualmente transmissíveis, fantasiando-se de Doutor Camisola “Vulvanização de Camisinhas”. A fantasia representava uma borracharia de camisinhas.
Grupos animados
Segundo Carlos Eduardo Santoro,
mais conhecido como Dado, um dos
organizadores do bloco as Coelhinhas da
Playboy, o primeiro ano em que desfilaram foi em 85 com As Noivinhas. Até
91 o grupo foi sucesso absoluto, com temas como Odaliscas, Rumbeira, Dançarinas de Can Can e Bruxas.
Outro grupo que se tornou conhecido foi formado em 89 por Renato Rizzi
e um grupo de amigos. No primeiro ano
sairam de colã com aranha de papelão
como tapa-sexo. No ano seguinte, começaram a confeccionar fantasias idênticas.
Outros temas como As Freiras Depra-
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vadas, As Putícias, as Enfermaids e As Cleóputas permanecem vivos na memória do
povo.
A participação de Edson de
Oliveira e de Luiz Cavacchini
no carnaval de rua de Itu também era a garantia de risos do
público.
Os dois amigos de infância
criaram uma maneira diferente de fazer carnaval. A primeira fantasia criada por eles foi a
de Hittler, em 75, em plena ditadura militar. Outro sucesso foi o 14 Bis,
apresentado no ano de 76. Os personagens Roberval e Taillor foram apresentados em 77. O trabalho pioneiro levou
para as ruas uma emissora de rádio ao
vivo. Os dois protagonizaram também
Napoleão e Bonaparte e muitos outros temas.
Em 94, Luiz saiu sozinho de lavadeira com bobes na cabeça. No varal roupas,
os problemas sociais: rombo da previdência, calcinha de criança como salário mínimo, FMI. Nos anos seguintes ainda foi
Elvis Presley, Freira Domenique e Silvio
Santos. A última participação de Luiz foi
A dupla Edson e Luiz Cavachini
esbanjava criatividade com suas
caricaturas e fantasias de
personalidades da história. Nesse
ano, prestaram homenagem ao
Pai da Aviação, Santos Dumont,
com o 14 Bis
como o cantor Latindo e suas dançarinas.
Já Edson, passou
a fazer parceria com
seu irmão, Luiz
Gonzaga de Oliveira.
Na primeira apresentação usaram o tema
“A Forca - O corrupto brasileiro”. O pastor de igreja evangélica apresentado num dos carnavais com
o tema Pequenas Igrejas Grandes Negócios também é lembrado até hoje.
Carnaval de Hoje
O carnaval de 2001 conta com apenas
duas escolas e dois blocos. A Escola de
Samba Acadêmicos do Vale do Sol, com
14 desfiles no currículo e tetracampeã do
carnaval ituano, a Mocidade Independente de Itu, fundada em 99 e os blocos da
Melhor Idade e União das Vilas.
Presidida desde sua fundação, em 87,
por Benedito Edson Moreira, o Tonão, a
Vale
do Sol foi
tretracampeã
do
carnaval
ituano
Paulinho Rizzi, que também fez parte
do bloco Praça das Estrelas, hoje, integra
o bloco da Melhor Idade
Vale do Sol desfilou com o enredo “O
Brilho do Mar” e aproximadamente 180
integrantes. O enredo contou a história
do mar e o surgimento dos primeiros seres vivos.
A Vale do Sol chegou a desfilar com
mais de 400 componentes. A escola foi
batizada em 93 pela Rosas de Ouro, de
São Paulo, com a presença do mestre-sala
e da porta-bandeira da época e também
do presidente Eduardo Basílio.
O Grêmio Recreativo Cultural Mocidade Independente de Itu desfilou neste carnaval com 450 integrantes. No ano
passado a escola desfilou com o tema
“No Brasil Real são outros 500”, e, neste ano, com “2001 Uma Odisséia no Espaço”, que contou a origem do homem e
sua evolução nos tempos.
Pelo primeira vez o Bloco da Melhor
Idade participou das festas de Momo. O
bloco conta com 100 componentes e desfilou com o tema “O Carnaval de Outrora”, concebido para relembrar os antigos
carnavais. Entre os personagens apresentados estavam o Malandro Carioca, Melindrosa, Pierrô e Colombina, além de
dois bonecões lembrando os de Olinda.
REGINA LONARDI
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Carnaval de salão
em Itu
A alegria era geral nos
salões dos clubes da cidade
e ninguém queria ver a
Quarta-feira de Cinzas chegar
São Pedro tinha fama
de promover bailes animados
Bar do Clube São Pedro
na década de 60
Música, confetes, serpentinas, lança-perfumes e
fantasias. Ingredientes como esses caracterizaram o
carnaval de salão. Depois dos desfiles na rua, os foliões dirigiam-se aos clubes para dar continuidade à
folia. Em Itu, três principais clubes estiveram presentes na história do carnaval: o Clube Ituano, o
Clube Recreativo dos Comerciários e o Clube São
Pedro.
O primeiro era geralmente freqüentado pela elite ituana, o segundo pela classe média representada
pelos comerciantes e bancários e o último pelo operariado.
Uns 20 dias antes do carnaval, os clubes começavam a enfeitar os salões, colocando máscaras, figuras nas paredes, muita serpentina, enfeites, desde
a entrada do salão até a parte de cima. “Como o lança-perfume era liberado, o salão ficava todo perfumado”, lembra Francisco Belcufiné, o Chiquito, diretor da Orquestra Sambrasil.
“A festa no Ituano começava às 22h e ia até as
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classes sociais, além
de ser o melhor salão
de Itu para bailes, bem
amplo e com um
grande palco. “Na
década de 60, eu freqüentava o Clube
São Pedro e trabalhava no Gazzola.
Eu entrava às 6h da
manhã, saía do São
Pedro por volta de
5h30, passava em
casa, pegava a bicicleta e ia direto
O Clube Recreativo dos Comerciários
para o trabalho
sempre foi freqüentado pela classe média
com a música de
desde sua fundação em 1940
carnaval zunindo
no ouvido”, recorda o comerciante Be4h da manhã. Iam muitas famílias, era nedito Pedroso, o Tuta.
uma coisa linda, todo mundo fantasiado, todo mundo se conhecia. O chão fiO som dos
cava repleto de confete e serpentina, co- bailes
bria os pés das pessoas. Eu e minha irmã
Não se pode
ficávamos escutando a rádio meses an- falar do carnaval
tes para decorar as marchinhas e cantá- de salão sem convamos a noite inteira”, conta o comerci- siderar o papel das
ante Luiz Antonio Ribeiro.
orquestras que aniA acirrada disputa entre os blocos mavam os bailes. A
Gorilas e Fantástico nas ruas, refletia-se primeira banda a
também dentro dos salões. Como o tocar no carnaval
Ituano era um reduto do Fantástico, os de Itu foi a Jazz
participantes do Gorilas tentavam con- Band do Urbaninho
centrar o maior número possível de pes- em 1926. Em 1939,
soas dentro desse clube para ter a maio- surgiu a Jazz União,
ria. Ambos os blocos passavam as parti- formada por músituras de seus respectivos sambas-enredo cos da Banda União
para as orquestras que animavam o sa- dos Artistas e regida
lão. Cada vez que um deles tocava, a por Isaías Belcufiné. Houve também a
gritaria era geral.
Jazz Odeon, por volta de 1948, sob a diDesde a sua fundação em 1940, o reção de Chiquito Belcufiné, que em
Clube Recreativo dos Comerciários tem 1956 passou a se chamar Chiquito e sua
realizado bailes de Carnaval contando Orquestra.
com uma grande participação.
A Jazz São Pedro nasceu em 1959 e,
Apesar da conotação popular, o Clu- sob direção do maestro Ciro Rocha, tobe São Pedro era simpático a todas as cava no clube São Padro. Em 1958, sur-
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giu a orquestra J. Ramires, responsável
pelos carnavais do Ituano Clube. Em
1964, surgiu a Internacional Sambrasil,
que está completando 37 anos de existência.
A J. Ramires, pertencente a João
Ramires, foi a única orquestra exclusivamente carnavalesca. Os músicos tocavam em outras bandas e se juntavam no
período de Carnaval para formar essa que
animou os bailes carnavalescos do Ituano
Clube por 20 anos. Ela começava a tocar
às 11h30 até às 4h30 da manhã sem intervalo. Os músicos se revezavam, para
que a saída de um não interferisse na execução harmônica das canções.
Não havia aparelhagem, microfone e
nem cantor: quem cantava era o povo. O
músico Nerone Constâncio, que come-
A pioneira Jazz Band do
Urbaninho, em foto de 1929
çou a tocar na J. Ramires em 1964, conta
que quando havia uma música nova, a
orquestra procurava tocá-la intercalada
com outras quatro ou cinco já conhecidas. Porém, se ela não implacasse logo
no primeiro dia, suspendiam a sua execução. O repertório exclusivamente carnavalesco continha marchas, samba,
frevo e marcha-rancho. Quando acontecia alguma briga, a orquestra tocava mais
intensamente na tentativa de acalmar os
ânimos.
Era hábito, durante a noite, a orquestra que tocava no Ituano, por exemplo, ir
ao Comerciários e depois ao São Pedro e
voltar ao Ituano. Os foliões saíam atrás
da banda. O Rei Momo também visitava
todos os clubes, acompanhado da rainha,
dos passistas e de uma bateria. Quando
ele entrava, a orquestra parava de tocar.
No final da década de 30, José Araújo Dias, o professor Zezé da Associação,
lembra que no sábado chegava o Rei
Momo de trem e a banda do Regimento
Deodoro o esperava montada a cavalo e
vestida de “cossaco” (antigos soldados
da cavalaria russa que foi abolida em
1917 com a queda do czarismo). Alguns
cossacos realmente vieram a Itu para fazer malabarismo e nasceu a idéia de a
banda se vestir assim. Depois de Itu, a
banda do Regimento Deodoro ia abrir o
carnaval de São Paulo.
campo, o carnaval passou a ser comemo- xo e eventos marcantes como as Olimpírado também em suas sedes sociais. A adas e a Copa do Mundo têm servido de
partir de 1980, a Associação Atlética inspiração para a escolha dos temas.
Ituana passou a promover bailes carnavalescos em sua
sede.
Em 1977
aconteceu o primeiro carnaval
do Clube de
Campo Itu. Os
sócios da época
lembram-se de
que todos ajudavam na decoração. O último carnaval com brilho
do clube foi em
1992.
Em 1983 foi
Na década de 50, o Ituano
inaugurada a sede
era freqüentado pela alta sociedade
do Gorila’s Country Club e o primeiro baile de carnaval contou com a animação da banda Baterias de algumas escolas de samba
Novos clubes
J. Ramires. O Gorila’s não concorria di- participaram dos carnavais de salão como
Mais tarde, com o surgimento dos retamente com os clubes tradicionais da a bateria da Rosas de Ouro em 1999 no
clubes de
cidade, pois passou a re- Comerciários.
presentar uma nova opHoje, o carnaval nos clubes tem
ção ao oferecer um es- acompanhado as novas tendências mupaço amplo, ao ar livre sicais como o pagode, o axé e o forró,
e o carnaval familiar.
deixando um pouco de lado as tradicioAtualmente, os clu- nais marchinhas carnavalescas que fobes escolhem um tema ram uma das características mais
para o carnaval de cada marcantes do carnaval brasileiro.
ano. Além da decoraDesde 1998, a Anzu vem promovenção relacionada a ele, do o seu carnaval contando com a prehá a confecção de ca- sença de celebridades como Raul
misetas, como faz o Gazzola, Ana Paula Arósio, Gabriela
clube Recreativo dos Duarte, Adriane Galisteu e Marcos PalComerciários há vári- meira, apostando em um som "high tec"
os anos. Sucessos para animar o salão.
televisivos como Malhação e Sai de BaiOs virtuosos músicos da Orquestra
MARIELE PRÉVIDI
de Chiquito Belcufiné em 1956
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O bloco King Kong,
inspirado num
filme da época do
mesmo nome,
chamava a atenção
do público no
Carnaval da década
de 30. Na foto, o
bloco encontra-se
na rua Floriano
Peixoto, na altura
do Largo do
Carmo, em 1935
Nos anos 60, o Grêmio Recreativo
Acadêmico trazia grande alegria e muita
animação para o Carnaval de rua de Itu
Osmar
Cristofoletti
“rodava” a baiana
ao estilo Carmem
Miranda no
carnaval ituano
K! K
Alguns grupos de amigos se
fantasiam de mulher e se esbaldam
durante os quatro dias de carnaval
Esta foto marca o
início do bloco
Gorilas no Carnaval
da cidade no
começo dos anos
70, o qual,
posteriormente,
viria se tornar um
dos principais
clubes de campo do
município
As matinês reuniam grande número de
crianças no Clube de Campo Itu, a exemplo
desta ocorrida em 1977
Arnaldo Souza Lima (“Xexa”) e Valdir
Micai, fantasiados de rei e rainha,
também eram figuras imprescindíveis
nos quatro dias de folia da cidade
Carlos Ferreira e sua esposa
formavam um casal de
foliões bastante animado
nos bailes de Momo
Outro hábito comum nos anos 60 era os
concursos de fantasias promovidos pelo
Ituano Clube entre as crianças durante o
Carnaval. Na foto, os vencedores do concurso
em 1960: Rosana Arruda Pereira, Horácio
Bicudo, Cássia Frugoli e Priscila
Jogar futebol
fantasiados de
mulher também
sempre foi uma
prática usual entre
carnavalescos, a
exemplo desta foto
da equipe do
Cachoeira F.C.,
registro de 1962
O bloco Ferra-ferra de
Itu, com seu barco
Utu-Guaçu, era
formado por famosos
pescadores da Vila
Nova, entre eles
“Balê”, Silvio Marqui,
Isaias Prieto, Olavo
Vaz, Armando Cocchia,
Fernando Ribeiro,
Pedrinho, Mário Machi,
Valter Caçavara e Zico
Gandra. Eles faziam
questão de sair
fantasiados a caráter,
prestando homenagem
ao velho rio Tietê, que,
na época, era limpo e
piscoso. Poluição... era
apenas fantasia
Em pleno Carnaval ituano, quando ainda nem
se falava em “Halloween” por aqui, algumas
garotas se anteciparam e lançaram um
modelito ao estilo dessa festa de origem Celta
Em 1989, um
animado e
divertido grupo
de amigos
compunha o
bloco Flor de
Samambaia
O engenheiro Civil Jair de Oliveira (à
esquerda) e Dirceu Sonsini Pinheiro
também já “rasgaram a fantasia” e
foram bons carnavalescos no passado
K! K
Dona Zica (presidente de honra da Mangueira) esteve
em Itu quando a escola carioca passou por aqui em 93.
Na foto, ela aparece ao lado do carnavalesco ituano
Benedito Edson Moreira (“Tonão”)
Paulinho de
Francisco
sempre arrasava
nos carnavais
com suas
fantasias. Na
foto, ele aparece
acompanhado
do jornalista
José Carlos
Rodrigues de
Arruda na
década de 60
A jovem Pequenita, filha
de Dr. Graciano Geribello,
trajada para o baile de
Carnaval em 1929
As crianças ficavam encantadas
com as fantasias dos integrantes
do bloco King Kong. O barco,
construído por Zico Gandra em
1936, possuía um canhão que
lançava confetes sobre o público
O bloco King Kong (1934) era formado por
nomes conhecidos da cidade na época (da
esq. p/ dir.): José Gonsales Filho, Amleto
Menchini, Hermes Sampaio (dinossauro),
Gabriel Tosi, Alyrio Stipp, Vitório Belcufiné
(King Kong), Segundo Ferreti, Alfredo Barros
Júnior e Osvaldo Walter Tozzi
Integrantes do
Grêmio do IBAO Instituto Borges
Artes e Ofícios (1936) no salão do
C.R. dos
Comerciários
K!
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Talentosos músicos ituanos abrilhantavam os bailes
de Carnaval da cidade. Na foto de fevereiro 1964
(da esq. p/ dir.): Nerone, Luiz Soares, Bonifácio,
Genésio Constâncio, Eros, Eliseu Belcufiné e João
Ramires; (sentados) Miguelzinho, Moisés de Castro,
Luis Dias (“Tati”), Zito, Wilson, Olavo Valente
(presidente do Ituano Clube)
Darcilão e Laerte Bruni
são dois nomes fortes na
história do Bloco do R,
agremiação que se
originou no Bloco da Ralé
O trio de piratas
Luís Antonio
Mendes Sbrissa e
os irmãos
Ricardo e
Wagner Bazanelli
promoveram o
maior terror de
graciosidade e
peraltice na
matinê do
Carnaval de
1978, no Clube
de Campo Itu
Até mesmo na cadeira de rodas o carnavalesco
Luiz Aldo de Souza – “Tomé” – não deixou de ir
para a avenida ao lado de sua família
As Cleóputas
foram
personagens de
um dos carnavais
Maria Magdalena
Tocheton Pacheco
“Mariquinha” em seu
elegante traje
carnavalesco em 1923
Na década de 30, a Jazz Band Urbaninho - primeira banda
musical ituana - era responsável pela animação nos salões
durante o reinado de Momo. Na foto (da esq. p/ dir.):
Inacinho Casemiro, Ditinho Paçoca, Guilherme de Barros
(“Guilherminho”), Mário Rodrigues, Cícero Nóbrega e
Lauro Araújo; (frente) Luiz Inácio Toledo (Desastroso),
Antonio Silva (“Totó Tintureiro”) – proprietário da banda -,
Oringo, João Desenho, Geraldo da Veiga Camargo
(“Tonicão”) e Luiz Gonzaga (“Tic-Tac”)
Oscar de Moraes Neto
(“Mestre Oscar”), à
frente da bateria do
Grêmio Recreativo
Escola de Samba Vila
Roma (1994), é a
certeza da continuidade
do amor ao samba e
pelo Carnaval,
sentimento herdado de
seu avô “Oscarlão”,
fundador do cordão Paz
e Amor, que alegrava
os Carnavais na
década de 30
K!! K
Fontes Consultadas
Livros e outros documentos
• NARDY FILHO, Francisco – A Cidade de Itu. vols. 4 e
5 2a ed., Ottoni & Cia Ltda, Itu/SP, 1999
• SETTI, Kilza - Diagnóstico Geral da Cidade de Itu Para
a Implantação de um Programa de Ação Cultural, vol. V,
CONDEPHAAT
• MAIA, Tereza e Tom - Vale do Paraiba - Festas Populares,
ed. Cered, Centro de Recursos Educacionais, 1989
• Brasil - Os Bastidores do Carnaval - Biblioteca Eucatex
de Cultura Brasileira, São Paulo, 1986
• SILVA, Francisco de Assis – História do Homem –
Abordagem Integrada da História Geral e do Brasil, vol.
4, São Paulo, ed. Moderna, 1996
• Enciclopédia Barsa e Grande Enciclopédia Delta
Larousse
O dentista “Chico” Macedo foi
um dos batalhadores do bloco
Fantástico na década de 70
Revistas
• Problemas Brasileiros – ed. Globo –
nov/dez/99 – n 336
• Veja – Ed. Abril – 03/02/2001- 25/02/98
• Fenae Agora – fev/2000
• Almanaque Abril 98, 5ª edição, ed. Abril
Foto: Reinaldo Giannecchini
A engraçada figura do
palhaço não podia faltar nos
velhos carnavais
Foto: Reinaldo Giannecchini
A bateria da Imperatriz do
Rancho Grande garantia o samba
no pé do restante da escola
Foto: Reinaldo Giannecchini
O bloco Os homens da Caverna
também marcou sua passagem pelo
carnaval ituano nos anos 70
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Jô cabeleireiro foi um
dos grandes destaques
do Carnaval ituano no
bloco Praça das Estrelas
Jornais
• O Estado de São Paulo – 06/02/2001
• Imprensa Oficial do Município de Itu – 02/02/1980
• Folha de São Paulo – 06/03/2000
• Jornal Cruzeiro do Sul - Suplemento
Cruzeirinho – 05/03/2000
• Gazeta Mercantil, 24 e 25/02/2001
Sites
www.epoca.globo.com.br
www.estadao.com.br
www.pie.xtec.es/itee/europa/003pt/analisiesp.htm
www.love-rio.com.br
www.cm-tvedras.pt/html/carnaval.html
www.2.uol.com.br/JC/serviços/carnaval99/historia.html
www.embratur.gov.br
www.jcruzeiro.com.br
www.analisisentrudo.com/
www.jangadabrasil.com.br
www.liesa.com.br
www.liga-sp.com.br
www.geocities.com/aochiadobrasileiro
www.terra.com.br/carnaval2000
www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/por/artpop/
carnaval
www.galileu.globo.com.br
ERRAMOS
• Em nossa última edição, as legendas das fotos da página
seis estão invertidas: na foto ao alto da página a legenda correta é ‘Primeiros carros Ford montados no Brasil’, e na que se
encontra abaixo deve-se ler ‘Washington Luís e sua esposa
em 1908’.
• Na página 17, na matéria sobre a Concessionária Irmãos
Ferretti erramos ao afirmar que a Agência Chevrolet iniciou
suas atividades em maio de 1948. Na verdade, o prédio da
atual concessionária é que foi inaugurado nesse ano, mas a
empresa já existia desde 1937.
• Na página 18, o nome correto do diretor administrativo
operacional da Maggi Veículos é Ednei Schincariol e não
Edivaldo Schincariol, conforme foi publicado.
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