21º Domingo Tempo Comum Homilias Meditadas Lectio Divina para a Família Salesiana P. J. Rocha Monteiro, sdb XXI Domingo do Tempo Comum - Ano B Jo 6,60-69 1. Introdução. Opções Este é o Domingo das opções. A escolha ao longo da nossa vida faz-se entre valores passageiros e valores eternos, entre valores da terra e valores do céu. Na primeira leitura, Josué convida as tribos de Israel reunidas em Siquém a escolherem servir o Senhor e não outros deuses. A segunda leitura diz-nos que escolher Cristo tem repercussão na relação familiar. No Evangelho há um contraste na escolha entre a lógica do mundo com opção pela opulência, pela glória e pela abundância de bens materiais. E outra opção é aquela que é sugerida pelo Espírito de Deus no seguimento de Jesus. No final este grupo tem como promessa a vida eterna. 2. Optar entre Deus e os deuses Terminamos a leitura da carta aos Efésios com uma página famosa: a que fala das relações entre marido e esposa, situando-as na esfera do amor de Cristo que Se entregou pela Sua esposa, a Igreja. Concluímos, também, a leitura do capítulo VI de S. João, que lemos durante cinco domingos. Terminamos com as reações dos presentes diante das palavras de Jesus que constituem uma interpelação para todos nós: Aceitamos ou não este discurso “duro” de Jesus? 3. O relato de João «Estas palavras são duras. Quem pode escutá-las?» Jesus perguntou-lhes: «Isto escandaliza-vos? As palavras que Eu vos disse são espírito e vida. Mas, entre vós, há alguns que não acreditam». (...) A partir de então, muitos dos discípulos afastaram-se e já não andavam com Ele. Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?» Respondeu-Lhe Simão Pedro: «Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós acreditamos e sabemos que Tu és o Santo de Deus». 4. Momento de crise “Neste Capítulo VI do Evangelho de João que hoje atinge o seu ápice, as diversas reações aos acontecimentos de Jesus, a que a exegese chama «crise galilaica», antecipam e leem já as crises sucessivas na Igreja. Trata-se sempre da grande decisão de fé pró ou contra a humildade da Encarnação, da Cruz e da Eucaristia. A Palavra de Jesus que se ouve aqui e também agora, será sempre como um bisturi que divide, julga e purifica. (A. Couto) 5. Senhor, a quem iremos? Alguns autores modernos definiram a Bíblia como o testemunho vivo da busca de Deus pelo homem. Todavia o que mais transparece na Bíblia é o facto de ser Deus quem toma a iniciativa de ir à procura do homem. Se Deus se conservasse longe dos caminhos da vida, o homem jamais O encontraria. Pedro diz-nos que é preciso acabar de vez com as ambiguidades e fazer a escolha: seguir Cristo e o seu programa evangélico ou os falsos messias e seus programas políticos. É a esta confissão de Pedro que São João nos quer levar: O Santo de Deus é equivalente de «Tu és o Cristo de Deus» (Lc 9,20), pois «Cristo» significa ungido, consagrado. É a esse Cristo confessado por Pedro, manifestado na Sua Palavra (Ele mesmo é a Palavra) e na Eucaristia, que cada um de nós terá de acolher. Jos 24,1-2a.15-17.18b 6. Optar por servir o Senhor Israel estava rodeado de idolatrias que ameaçavam a sua estabilidade javista. Mas, para os chefes do povo, não só por uma questão religiosa, mas também cultural e nacionalista, a escolha está feita: “Ele é que é o nosso Deus”; a decisão está tomada: “servir o Senhor”. Servir ou não servir, eis a questão posta por Josué ao povo: «Se não vos agrada servir o Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir». Josué avança a sua escolha: «Eu e a minha família serviremos o Senhor!». É o momento de recordar tudo o que o Senhor lhes concedeu ao longo da sua história desde a saída do Egito. E terminam por dar uma resposta perentória a Josué: «Nós também serviremos o Senhor» (Js 24,18b). Ef 5,21-32 7. Sede submissos uns aos outros É este mesmo Cristo, feito Palavra e Pão da Vida que, na carta aos Efésios, se revela no amor do casal. “A relação que se instaura entre Pedro, enquanto alicerce da Igreja, e Cristo, é a mesma que deve unir os cônjuges cristãos. A sua união, à imagem da de Cristo e da Igreja (Ef 5,32), é colocada ao serviço do projeto salvífico de Deus. No ensinamento e no exemplo do Mestre, os esposos cristãos encontram não só a força para serem fiéis um ao outro e aos seus filhos, durante toda a vida, mas, mais ainda, o impulso para colocarem o seu amor ao serviço de todos, a começar pelos pobres, pelos desfavorecidos e pelos marginalizados. É assim que o Matrimónio cristão se torna «sacramento», isto é, sinal misterioso mas transparente do amor de Deus pela Igreja e pela Humanidade. (Giuseppe Casarin) 8. Oração do itinerante: as perguntas do coração levam-me à essência da fé. Senhor, propões um caminho exigente, uma prova difícil, uma fasquia bem alta. São duras as Tuas palavras, porque ferem a frieza e a dureza do meu coração e desinstalam o sossego estéril do meu sentir. Inflama a minha carne do Teu Espírito, ajuda-me a calar os ruídos que me impedem de Te ouvir e fortalece os músculos adormecidos do meu coração, para acolher de Ti as palavras que me saciam e dão vida. A quem irei, Senhor, senão a Ti? (Semente do Evangelho) Leva-me a olhar para dentro de mim e a saber interrogar-me: Afinal, quem é que eu desejo de verdade? As perguntas do coração levam-me à essência da fé. Interrogantes que incomodam (XXI) Muitos dos discípulos afastaram-se e já não andavam com Ele. J0 6,66 Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?» Jo6,67 Manhã escura cheia de tempestade, Panos brancos de nuvens a esvoaçar, Clima pesado rejeita a bondade; É a radicalidade a interpelar. Tempo de prova nas interrogantes. Jesus oferece iter espiritual. Os rios declamam em vozes cantantes, O homem escolhe vida material. “Se queres ser perfeito vai e vende Tudo o que é teu. Depois vem e segue-Me”. Mt19,21 Mas a voz do Mestre foi morrendo Como espigas dobradas pelo vento. “Ama teus inimigos, quem te ofende”; “Se em tua face fores golpeado, Dá a outra face num gesto de amor” Mt 5,38 Transparente. Por Deus serás amado. Bem-aventurados pobres da terra, Bem-aventurados todos que choram, Os mansos, os puros, os perseguidos Os que amam dia a dia a justiça. Mt 5, 3-11 Glória, glória, é primavera em flor Senhor, para onde iremos, Deus amor, Voz silenciosa mistério pascal? Só Tu tens palavras de vida eterna. Cantamos Aleluias, festa imortal. Glória aos humildes da terra, Lírios plantados no jardim de Deus; Glória à generosidade e bondade, Glória aos amantes do reino dos céus. Exultai e alegrai-vos, fazei festa! Grande a vossa recompensa será. Mt 5,12 Testemunhas de Cristo glorioso, A glória de Deus em vós ficará. J. Rocha Monteiro in “Palavra ardente”