Álcool e jovens - Levantamento do Hospital Universitário da USP revela: 35% da intoxicação aguda por álcool, ou bebedeira, foi em adolescentes e jovens de 13 a 22 anos na última década. O cérebro de
adolescentes ainda está em formação e o efeito do álcool é muito pior.
Cada pileque lesa grande quantidade de neurônios e induz problemas de
memória e aprendizado, segundo o pediatra João Paulo B. Lotufo, coordenador da pesquisa apresentada no 13º Congresso Paulista de Pediatria.
Bauru, segunda-feira, 18 de março de 2013 - Página 15
Ciência no Dia a Dia - Alberto Consolaro
Aniversário e os epônimos!
Aniversário pode ser o dia
em que se sobreviveu após um acidente, mas pode ser o dia em que
veio ao mundo após o parto. Para
o detalhista, pode ser o dia em que
o espermatozoide do pai fecundou
o óvulo. Talvez não seja o caso,
afinal, as pesquisas demonstram
geneticamente que 10% das pessoas não são filhas de quem pensam que são!
No dia que decidiram que
você viria ao mundo, em outro plano, talvez seja a boa oportunidade
para se comemorar o aniversário.
Para Sartre, o pai do existencialismo, passamos a existir apenas
quando tomamos conhecimento
de nosso papel social e intelectual.
Se for, eu não sei precisamente o
dia do meu aniversário!
Um amigo disse que comemora aniversário no dia que
recebeu o primeiro salário, um
capitalista radical. Outro me confidenciou: considera seu aniversário o dia da primeira relação sexual. Alguns afirmam que todo dia
é dia de aniversário; tenho amigos
baianos que pensam assim e vivem alegres e felizes comemorando todos os dias.
Aniversário me lembra nomes que invejo. Gostaria de chamar Raul e perceber que no espelho seria Luar. No inglês alguns
nomes eu invejo, como Loveman
ou ainda Goodbloom. O nome é o
da família, antes dele ou sobre ele,
vem o sobrenome.
Meu nome aprendi a gostar
pois “consola” muita gente, sem
contar que tem “sol” e o “ar” no
meio dele. Inicia-se com um inclusivo “com” e termina abraçando tudo com um “aro”. Este
nome me deu ainda muita “sola”
para andar e chegar aos objetivos.
Um epônimo como Mal ou Doença de Alzheimer representa mesmo uma
“homenagem” ao psiquiatra alemão que o descreveu pela primeira vez?
Quantos tijolos devo ter usado em
minhas construções como oleiro
ou “olaro”.
Gosto do meu nome, mas o
sobrenome Alberto nem decomponho para amá-lo. Nos rincões
do interior, ouvindo rádio, meu
pai ficou sabendo que visitava o
Brasil um rei, o da Bélgica, o rei
Alberto. Desta forma fui registrado e acabei tendo o sobrenome
etimologicamente ligado ao astro
sol, dizem os dicionários de nomes. Talvez por isto não posso tomar sol, tenho sol no nome e no
sobrenome. Ou por que sou branco mesmo!
A escolha
Natália, Natalino e Pascoal
tem a ver com o dia do nascimento! Aqueles que têm filho e gostam de cinema, usam Oscar para
nominar o rebento. Cientistas
dão nome de Alfredo aos filhos,
para não colocar Nobel. Já nomes
de gêmeos tem que combinar, se
um chama Décio, o outro deve
ser Caio.
Os judeus ensinam que nunca devemos brincar com nomes,
mas sempre há os inconvenientes.
Também tem os que exageram e
até homenageiam a torcida de seu
clube chamando o menino de Geral do Santos, mas Arquibancada
do Palmeiras é indevido! Ainda
bem que agora só tem cadeiras numeradas nos estádios, mas ainda
temos Geraldinos e Arquibaldos.
Os nomes fascinam: furacão
e tempestade tem nome de gente! Pela internet dá pra comprar o
direito de colocar nomes em asteroides e planetas. Quando alguém
descobre uma espécie de planta
ou animal, o segundo nome geralmente é dele ou de quem indica ou
vende! O nome parece estar ligado
à pretensa imortalidade.
Até doenças e síndromes
tem nome de gente: são os epônimos, derivado do grego “sobre
o nome”. E não é que a semana
passada comprei um dos vários
dicionários de epônimos, o de
Osiris Costeira. Epônimo até
parece brincadeira, mas não é!
Doença de Chagas, Mal de Al-
zheimer, Hansen ou Parkinson:
pensem bem, será homenagem ou
castigo? Já pensou: “Mal de Consolaro”! Tô fora.
Alguns nomes de estruturas e
órgãos são esquisitos: bola de Bichat, trompas de Falópio, buracos
de Stieda, ducto de Wharton, anel
de Waldeyer, saco de Hunter, linha
de Burton e outros. Quem não é do
ramo pode fazer interpretações bizarras. No supermercado também
têm epônimos como café Pelé ou
sabão em pó Minerva, deusa da
sabedoria.
Os nomes de rua são epônimos urbanos para perpetuar. E o
papa: se não gosta do nome, tem
pseudônimo, igual artista, poeta,
escritor e blogueiro! Todo mundo
tem pseudônimo. E o aniversário
do artista: será o dia que passou
a usar o pseudo ou o dia em que
nasceu?
Aniversário tem a ver com
nome, eu respeito muito os nomes,
nunca brinco com eles e sempre
que posso chamo cada um pelo
nome, quase todas as pessoas ficam felizes quando isto acontece,
inclusive eu! Parece que a pessoa
te considera mais quando lhe trata
inesperadamente pelo nome: isto
ajuda muito nas relações humanas.
Falei tudo isto só para contar que nesta semana faço aniversário! Ninguém é de ferro e para
dividir minha alegria, tal como se
fazia nos programas antigos de rádio, ofereço aos queridos leitores
a música “Traduzir-se”, de Fagner
e Ferreira Gullar, cuja letra está ao
lado no Observatório.
Alberto Consolaro é professor titular da
USP - Bauru. Escreve todas
as segundas-feiras no JC.
Email: [email protected]
Observatório
Traduzir-se
(Fagner e Ferreira Gullar)
Este poema de Ferreira Gullar foi
publicado em 1980 no livro “Na
vertigem do dia”. Em 1981 o poema foi musicado por Fagner, que
gravou sozinho e com Chico Buarque. Adriana Calcanhoto também a canta maravilhosamente:
três sublimes interpretações.
Uma parte de mim é todo mundo:
outra parte é ninguém: fundo sem
fundo.
Uma parte de mim é multidão:
outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira.
Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente:
outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem:
outra parte, linguagem.
Traduzir-se uma parte na outra
parte, que é uma questão de vida
ou morte
Será arte? Será arte?
Aplicativo de Epônimos - O App
“Epônimos” da MedTouch Brasil
é uma verdadeira enciclopédia
de epônimos para iPhone e iPad.
São mais de 4000 epônimos em
Medicina, Odontologia, Nutrição, Fisioterapia e Enfermagem
No modo “Quiz” você testa seus
conhecimentos e promove desafios com colegas. Balance verticalmente o aparelho e apenas
o título do epônimo é mostrado;
balançando lateralmente, apenas
a descrição dele aparece.
Para comunicar-se com o colunista
escreva para [email protected] e a
resposta poderá fazer parte desta página.
Se preferir, entre no jcnet.com.br/ciências
e deixe sua opinião e ou sugestões.
Download

Aniversário e os epônimos!