ARTIGO TRADUZIDO Um estudo clínico comparativo de selantes de fissura autopolimerizado e fotopolimerizado: resultados de cinco anos Joseph Saphira, DMD; Anna Fuks, CD; Aubrey Chosack, BDS; Milton Houpt, DDS, PhD; Eliezer Eidelman, Dr. Odont., MSD Resumo Foi comparada a retenção dos selantes de fissura Delton® autopolimerizados e fotopolimerizados. Os selantes foram aplicados a 207 primeiros molares permanentes em 304 diferentes locais, em 73 crianças entre 6 e 8 anos de idadae (média etária de 6,3 anos). Após cinco anos, registrou-se a retenção completa de 59% do selante autopolimerizado e de 48% do selante fotopolimerizado. A diferença de 11% nos níveis de retenção não foi considerada estatísticamente significativa ao nível de P < 0,05. Windsor, NJ ), ou selante autopolimerizado Delton®, foi escolhido ao acaso. Quando uma criança apresentava mais de um molar para selamento os materiais foram alternados nos demais dentes. Após a limpeza com pasta de pomes, isolou-se os dentes com roletes de algodão e aplicou-se o selante segundo as instruções do fabricante, usando-se uma solução cáustica de ácido fosfórico a 37% durante 60 seg. Nos molares superiores, foi aplicado selante separadamente na depressão central e nos locais de fissuras distolinguais. No total, 207 dentes foram selados em 304 diferentes locais (160 fotopolimerizados e 144 autopolimerizados) (Tab. 1). Das 73 crianças, oito receberam selante em apenas um dente, 23 o receberam em dois dentes, 15 em três, e as demais 27, em quatro dentes. Das 304 aplicções de selante, 11 locais necessitaram pequena preparação mecânica, através do ligeiro alargamento da fissura com uma pequena broca redonda, de número 1/2, para comprovar a inexistência de cáries. O selante fotopolimerizado foi INTRODUÇÃO Os selantes constituem uma técnica eficaz na prevenção de cáries em crianças6. O desenvolvimento do selante de fissuras polimerizado por luz visível trouxe uma aceleração no processo de aplicação. Com a redução do tempo de aplicação do selante, a manutenção do campo seco é mais fácil no caso de uma criança pequena, e a possibilidade de contaminação por saliva é menor. Esta técnica poderia resultar em melhor retenção. Este relatório apresenta dados sobre a retenção de um selante polimerizado por luz visível, comparando-o a um selante autopolimerizado depois de cinco anos. MATERIAS E MÉTODOS Participaram deste estudo setenta e três crianças entre 6 e 8 anos de idade (média etária de 6,3 anos), residentes em Jerusalém. Cada criança apresentava pelo menos um primeiro molar permanente livre de cárie. O tipo de selante para o primeiro dente, selante fotopolimerizado Delton® (Johnson & Johnson - Dental Products Co., East Traduzido de A Comparative Clinical Study Of Autopolymerized And Light-Polymerized Fissure Sealants: Five-Yer Results Pediatric Dentistry, v. 12, n. 3, p.168-169, Maio/Junho 1990. Dental Press 1 Maringá, mar. 2004 Um estudo clínico comparativo de selantes de fissura autopolimerizado e fotopolimerizado: resultados de cinco anos exposto durante 20 segundos com a fonte de luz Elipar (Elipar Light Unit - ESPE Co ., Oberbay, Alemanha Ocidental). Após a aplicação, todos os selantes foram testados, quando se tentou retirálos com o explorador. Em sete dos 304 casos, o selante foi deslocado parcial ou totalmente, e foi reaplicado após outro ataque ácido durante 60 segundos. Os selantes foram avaliados na linha de referência e após 12, 31 e 46 meses, e cinco anos, quanto à retenção total, parcial ou perda completa. As falhas no selante foram definidas quando o material havia se perdido em parte ou em sua totalidade ou quando uma restauração com amálgama foi encontrada substituindo o selante. O êxito do ram encontradas em 15 locais (19%) de selante autopolimerizado e em 22 locais de selante fotopolimerizado e em quatro dentes com selante fotopolimerizado. Em todos os casos, as cáries foram detectadas nas superfícies onde havia ocorrido perda parcial ou total do selante. DISCUSSÃO Embora o acompahamento do primeiro ano do ensaio clínico3 tenha demonstrado um nível de retenção consideravelmente mais elevado no caso do selante autopolimerizado, acompanhamentos subseqüentes após 31 meses4 e o estudo em questão não revelaram diferenças estatisticamente signifi- Tabela 1. Distribuição da amostra na Linha de Referência e após 46 meses Foto Polimerizado Nº de Linha de 5 anos Total Inf. Sup. Locais Inf. Sup. Locais Dentes Locais 73 48 58 160 54 47 144 207 304 42 29 32 90 28 27 81 116 171 criancas referência Auto Polimerizado Tabela 2. Achados no Locais com aplicação de Selante após 5 anos segundo o tipo de material material foi definido quando o selante foi encontrado recobrindo todas as fissuras. A presença de cárie também foi registrada. Muito embora tenha havido um fragmento na margem, a retenção do selante foi considerada um êxito. Utilizou-se uma análise Quiquadrada ao nível de 95% que avalia estatisticamente as diferenças significativas entre os grupos. Autopolimerizado Dental Press percentual nº percentual 81 100 90 100 48 59 43 48 10 12 11 12 8 10 14 16 15 19 22 24 Cáries 4 5 4 4 Fragmentos 5 6 3 3 Locais examinados Retenção total RESULTADOS Após cinco anos, 171 locais de aplicação de selante em 116 dentes de 42 crianças foram examinados (Tab. 2). A retenção completa foi registrada em 59% do selante autopolimerizado e em 48% do selante fotopolimerizado (Tab. 2), mantendose um nível de retenção geral de 53%. A diferença não é estatisticamente significativa (Qui-quadrado = P > 0,05). Restauraões com amálgama fo- Fotopolimerizado nº Perda parcial Perda total Amálgamas *Alguns locais exibiram mais de um achado, portanto a soma dos achados e porcentagens é maior que o total. 2 Maringá, mar. 2004 SAPHIRA, JOSEPH; FUKS, ANNA ; CHOSACK, AUBREY ; HOUPT, MILTON ; EIDELMAN, ELIEZER Tabela 3. Indices de retenção de selante após 12, 31 e 60 meses, segundo o tipo de taterial. 60 meses Foto 60 meses Auto Foto 60 meses Auto Foto Auto Locais examinados 150 135 114 110 90 81 Retenção total 129 (86%) 127 (94%) 78 (68%) 78 (71%) 43 (48%) 49 (59%) *As diferenças na retenção passaram a ser estatisticamente significativas a partir do nível 0,05 (x quadrado = 6,283) cativas entre os dois tipos de selantes (Tab. 3). Um recente estudo realizado por Wrighty et al.10 comparou os selantes autopolimerizados e polimerizados por luz vísivel em um acompanhamento após 18 meses, e não de selantes. Resultados semelhantes aos de Wright foram constatados em um estudo de acompanhamento após dois anos, realizado por Sveen e Jensen9. Rock e Evans7 detectaram, após três anos, um nível de retenção significativamente maior nos selantes quimicamente polimerizados. ocorrido o esperado nível mais alto de retenção do selante fotopolimerizado, a conveniência do controle da polimerização no caso de materiais curados pelo efeito da luz é uma vantagem que nos faz recomendar o seu uso. CONCLUSÃO O índice geral de êxito neste estudo foi ligeiramente inferior ao encontrado em estudos semelhantes2,5. Quando comparados os níveis de retenção de selantes nos diferentes estudos, a idade do paciente deve ser levada em consideração, já que se trata de um procedimento realizado com maior dificuldade em uma criança de seis anos, logo após a erupção de seu primeiro molar permanente. A aplicação do selante em crianças pequenas pode, em parte, explicar os níveis de retenção mai baixos. De um total de 37 restaurações com amálgama encontradas em pontos onde originalmente se havia aplicado o selante, este estudo revelou apenas cinco em superfícies proximais. Não foram detectadas cáries em pontos onde o selante permaneceu retido em sua totalidade. Do total de 47% de falhas do selante (perda parcial ou total, ou restaurações com amálgama foi implantada em casos de lesões ativas de cárie. A partir deste estudo, concluímos que a retenção total do selante previne cáries, e que não existe uma diferença estatística signifivativa nos graus de retenção de selantes autopolimeriazados. Embora não tivesse Dental Press REFERÊNCIAS 1. EIDELMAN E, FUKS A, CHOSACK A: The retention of fissure sealants: rubber dam or cotton rolls in private practice. ASDCJ Dent Child 50:259-61, 1983. 2. HOUPT M, SHEY Z: The effectiveness of fissure sealant after six years. Pediatr Dent 5:104-106, 1983. 3. HOUPT M, SHAPIRA J, FUKS A, EIDELMAN E, CHOSACK A: A clinical comparson of visible light-initiated and autopolymerized fissure sealant: one-year results, Pediatr Dent 8:22-23, 1986. 4. HOUPT M, FUKS A, SHAPIRA J, CHOSACK A, EIDELMAN E: Autopolymerized versus light-polymerized fissure sealant. J Am Dent Assoc 115:55-56, 1987. 5. MERTZ-FAIRHURST EJ, FAIRHURST CW, WILLIAMS JE, DELLAGIUSTINA VE, BROOKS JD: A comparative clinical study of two pit and fissure sealants: 7-year results in Augusta, GA. J Am Dent Assoc 109:252-55, 1984. 6. National Institutes of Health Consensus Development Conference: Dental sealants in the preventions of tooth decay, December 5-7, 1983. J Dent Educ (suppl 2) 48:126-27, 1984. 7. ROCK WP, EVANS RIW: A comparative study between a chemically polymerized fissure sealant resin and a light-cured resin. Three-year results. Br Dent J 155:344-46, 1983. 8. STRAFTON LH, DENNISON JB, MORE FG: Three-year evaluation of sealant: effect of isolation on efficiency. J Am Dent Assoc 110:714-17, 1985. 9. SVEEN OB, JENSEN OE: Two-year clinical evaluation of Delton and Prisma-Shield. Clin Prevent Dent 8:9-11, 1986. 10. WRIGHT GZ, FRIEDMAN CS, PLOTZKE O, FEASBY WH: A comparison between autopolymerizing and visible-light-activated sealants. Clin Prevent Dent 10:14-17, 1988. 1 Maringá, mar. 2004