NOTA DE ESCLARECIMENTO A Comissão Resgate Muribeca através da presente nota, vem esclarecer o seguinte: 1. Ocupamos Unidades Imobiliárias edificadas em estruturas de prédios tipo CAIXÃO, construções estas feitas, na época, sem quaisquer critérios de fiscalização pelo Poder Público, Sistema Financeiro da Habitação – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, Companhia de Seguro vinculada a CAIXA ECONOMICA FEDERAL, SASSI, Prefeitura Municipal do Jaboatão dos Guararapes, Corpo de Bombeiros, COMPESA e outros órgãos. Após a ocupação e com o decorrer do tempo, vários blocos começaram a apresentar comprometimentos em suas estruturas; 2. No final do ano de 1999, a Sociedade Pernambucana foi surpreendida com os desabamentos dos prédios tipo CAIXÃO – ÉRICA E ENSEADA DO SERRAMBI, além de outros que se tem notícias, posteriormente. Com o aparecimento de blocos deste Conjunto com suas estruturas comprometidas, citamos o caso do Bloco 129, com autorização de demolição, até hoje não efetivada, acarretando iminentes perigos a esta comunidade. Em Junho de 2006, pelo não conhecimento da existência de um Condomínio constituído pertinente ao Conjunto Residencial Muribeca, o CONSELHO DOS MORADORES desta comunidade, através do advogado RAIMUNDO PEREIRA (OAB 10.835-D) e em defesa da própria comunidade, provocou, perante o Ministério Público Estadual, uma Ação Civil Pública, com a pretensão de resguardar os direitos patrimoniais dos proprietários de Unidades Imobiliárias deste Conjunto Residencial, ação esta que foi ajuizada pelo Ministério Público, através do Promotor de Justiça, Dr. FLÁVIO FALCÃO, reivindicando reparação dos Blocos e/ou indenização contra os órgãos públicos e privados já mencionados, e que se encontra desmembrada em 05 (cinco) processos e em tramitação perante a Justiça Federal, neste Estado de Pernambuco; 3. Os poderes públicos, objetivando resguardar, especialmente, as integridades físicas do que ocupam apartamentos dos blocos que apresentaram problemas em suas estruturas físicas, decidiram pela interdição de alguns blocos e que outros poderão ser interditados a critério das avaliações técnicas, mandadas proceder pelo Juiz(a) Federal, por onde tramitam as ditas ações; Comissão Resgate Muribeca 4. A Comissão vem esclarecer que não tem nenhuma competência e, principalmente, interesse na interdição de blocos, e sim que vem intervindo na causa com o objetivo de recuperação dos blocos que apresentem viabilidade na sua reparação. Porém, tem encontrado muita falta de interesse, notadamente pela CAIXA ECONOMICA FEDERAL, que vem sempre recalcitrando no procedimento e, também, pelos órgãos públicos do Governo deste Estado, na solução do problema. A Comissão, vem batalhando para que os órgãos responsáveis possam apresentar resultados positivos, em defesa daqueles que residem neste conjunto residencial, a curto prazo. No entanto, a própria CAIXA ECONOMICA FEDERAL vem dificultando uma solução prática e urgente, o que tem feito com que esta Comissão não desista e procure cada vez mais provocar os poderes públicos, com objetivo de se encontrar uma solução viável para o problema, sem maiores constrangimentos para esta comunidade; 5. Convém esclarecer, também, que os membros que compõem a Comissão Responsável, nomeada pelo Prefeito atual, estes estão abertos a prestarem esclarecimentos que lhes sejam direcionados, por si ou pelo próprio advogado que patrocinou o pedido de promover a Ação Civil Pública, esclarecendo, também, que estes não têm quaisquer gestões ou interesses na interdição ou não de blocos deste Conjunto Residencial, nem tampouco no que diz respeito a repasse ou não de verbas pertinentes ao problema elencado. A presença de um PERITO TÉCNICO procedendo a avaliações das estruturas dos blocos deste Conjunto cumpre uma determinação da JUSTIÇA FEDERAL, promovida por esta Ação sem quaisquer interveniências da Comissão, cujas avaliações deste perito tem o objetivo de resguardar a integridade física dos respectivos moradores e os direitos dos proprietários, perante a CAIXA ECONOMICA FEDERAL. Esta comissão não participou nem contribuiu para quaisquer termos de acordo firmado pelos Órgãos Públicos Estaduais e CEF. . COMISSÃO RESGATE MURIBECA Comissão Resgate Muribeca Relatório de Avaliação sobre o monitoramento dos Prédios Caixão do Conjunto Muribeca realizado pela Comissão Resgate Muribeca Maio de 2009 a novembro de 2011 Em Junho de 2006 o Conselho dos Moradores de Muribeca requereu ao Ministério Público Estadual uma Ação Civil Pública, pra denunciar os problemas que estavam acontecendo nos prédios do Conjunto Muribeca, na época, cinco blocos já haviam sido interditados pela Defesa Civil de Jaboatão, por apresentar risco de desabamento, dentre esses o bloco 129 da Qd 02, seguindo recomendação do ITEP deveria ser demolido, por não oferecer condições de recuperação. Em maio 2009, precisamente na madrugada do dia 03, trinta e duas famílias do Bloco 155 da Qd 02, abandonaram as pressas seus apartamentos, pois perceberam que o prédio estava estalando muito e apresentando várias rachaduras, mais uma vez a defesa Civil é acionada e recomenda a interdição imediata. Logo no dia seguinte membros do Conselho dos Moradores e da Associação Comunitária de Muribeca, procuraram o prefeito Elias Gomes para agendar uma Reunião Urgente em busca de uma explicação sobre a situação dos prédios do Conjunto Muribeca, que estava se tornando um verdadeiro caos na comunidade. No dia 13 de maio o prefeito de Jaboatão, decide durante a reunião, criar uma Comissão Permanente para monitorar os prédios do Conjunto Muribeca, e teve a seguinte composição: Secretarias de (Planejamento, Obras, Assuntos Jurídico e Defesa Civil), representando a comunidade as instituições: Associação Comunitária e Conselho de Moradores de Muribeca, um morador dos blocos interditados representado pelo Sr. Jurandy Costa, e um representante da Câmara Municipal o vereador e também morador o Sr, Joás Freitas. Nesse encontro, tomamos conhecimento através do prefeito, da existência de uma Ação conjunta do Ministério Público de Pernambuco e Ministério Público Federal, impetrada em 2005, quando obrigavam as prefeituras dos cinco municípios (Recife, Olinda, Paulista, Camaragibe e Jaboatão dos Guararapes) a realizarem através de vistoria preliminar um levantamento dos prédios caixão no município, seguido de um laudo técnico pra diagnosticar a real situação de cada prédio. O ITEP (Instituto de Tecnologia de Pernambuco) foi à empresa contratada por Jaboatão, para realizar esses estudos, e os resultados não eram nada bons. Foi aí que constatamos o quanto era crítica a situação da nossa moradia e que os blocos 159, 175, 189, 195 da Qd 02, o 50 da Qd 01 e o 15 Qd 04 precisavam ser interditados, pois apresentava risco muito alto de desabamento. A partir desta data, começou a nossa luta pra obtermos de forma definitiva a solução para os problemas dos nossos prédios, foram inúmeras reuniões dentre essas: com a Presidente, o Superintendente Regional e o Diretor Financeiro Ricardo Sobral, da Caixa Econômica Federal o Secretário das Cidades Humberto Costa, com o presidente e o Conselheiro da OAB Henrique Mariano e Jaime Asfora, recebemos na comunidade a visita de uma comitiva com representantes de diversos órgãos Estadual, Municipal e Federal (Caixa Econômica, Secretaria das Cidades, e CEHAB) participamos de várias audiências com a Procuradora do Ministério Público Federal, audiências públicas na comunidade com representantes do legislativo e do executivo, e várias reuniões com a comunidade. No dia 10 de Dezembro de 2009 realizamos um importante protesto rumo ao Palácio das Princesas, para entregar ao governador um documento reivindicando nosso direito a moradia, a comissão foi recebida por uma equipe do governo representada pela diretora de planejamento da CEHAB a Drª Érika Luna, que na ocasião nos repassou informações importantes que os governos (Federal. Estadual e Municipal) iriam tomar em breve para solucionar esses problemas de moradia da população dos cinco municípios da região Metropolitana do Recife. Comissão Resgate Muribeca No dia 22 de março de 2010, foi assinado um acordo de cooperação entre os três governos (União, Estado e Municípios, O documento representa o cumprimento da segunda etapa da sentença da Justiça Federal que obriga as prefeituras do Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Paulista e Camaragibe a adotarem providências para restauração e reconstrução de edifícios do tipo caixão em seus municípios. O acordo realizado no Palácio do Campo das Princesas está direcionado às edificações que estão classificados com risco de desabamento muito alto e os que se encontram interditados. São cerca de 340 prédios dentro desta classificação isto é menos de 10% da população, essa notícia nos deixou feliz por um lado, em relação aos treze blocos interditados, mais ao mesmo tempo preocupados com os demais (56 blocos restantes) que se encontra em risco médio e alto , principalmente por não existir um interesse paralelo em ajudar essa população que está entregue a própria sorte, sem saber o que fazer para minimizar essa situação. O prazo definido para a conclusão das obras vai até o final de 2012. Recentemente recebemos mais uma triste notícia que 13 dos 19 blocos da Qd 03 precisam ser interditados por apresentar risco aos moradores, na sentença à juíza enfatiza que respaldada nos resultados dos laudos técnicos, há necessidade de interdição imediata para salvaguardar vidas. E ficamos a nos perguntar, o que fazer? Comissão Resgate Muribeca Comissão Resgate Muribeca Comissão Resgate Muribeca Comissão Resgate Muribeca Comissão Resgate Muribeca Comissão Resgate Muribeca Comissão Resgate Muribeca Comissão Resgate Muribeca Comissão Resgate Muribeca Terça-feira, 23 de março de 2010 17h55 - Ação do MPPE garante readequação de prédios-caixão na RMR A ação conjunta do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e o Ministério Público Federal (MPF) para reestruturação de prédios-caixão nos principais municípios da Região Metropolitana do Recife (RMR) resultou na assinatura de um acordo de cooperação entre municípios, Estado e Caixa Econômica Federal (CEF). O documento representa o cumprimento da segunda etapa da sentença da Justiça Federal que obriga as prefeituras do Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Paulista e Camaragibe a adotarem providências para restauração e reconstrução de edifícios do tipo caixão em seus municípios. O acordo assinado na tarde desta segunda-feira (22) no Palácio do Campo das Princesas está direcionado às edificações que estão classificadas com risco de desabamento muito alto e os que se encontram interditados. São cerca de 340 prédios dentro desta classificação. O prazo definido para a conclusão das obras vai até o final de 2012. O Acordo de Cooperação define as ações que devem ser adotadas pelos Governos e pela Caixa Econômica. Entre algumas medidas, a União vai disponibilizar os recursos financeiros para o Fundo de Desenvolvimento Social (FDS) que ficará responsável pela liberação da maior parte da verba destinada à recuperação dos prédios. O governo do Estado vai regulamentar as atividades junto com os municípios, contratando as empresas que serão responsáveis pelas obras, além de promover uma ação educacional junto aos moradores para a manutenção e preservação dos edifícios. Caberá aos municípios organizarem as desocupações dos prédios quando necessárias e o pagamento de auxílio moradia aos condôminos durante o período de interdição. A CEF ficará com a organização da cessão das verbas para as obras, elaborar análise técnica das propostas de financiamento e custos das edificações, e organizar o relatório de conclusão física da obra. Para a recuperação dos 340 edifícios identificados com risco muito alto e os interditados, está orçado pelo FDS um montante de 300 milhões de reais. Pelo Estado, está previsto 32 milhões e pelas prefeituras 36 milhões. Comissão Resgate Muribeca A Caixa Econômica responderá por 3,5 milhões de reais. O valor do auxílio moradia a ser disponibilizado está previsto em R$ 500. A técnica que deverá ser adotada para a recuperação dos prédios foi desenvolvida pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) com apoio das universidades, Ministério da Fazenda, CEF e prefeituras, sob coordenação da Secretaria das Cidades. Para isso cinco edifícios estão em construção utilizando esses novos métodos que servirão como modelo para ser utilizados nas edificações. Duas unidades estão prontas e sendo avaliadas para posteriormente ser iniciado as obras de recuperação dos prédios condenados, sendo iniciado pelo município de Olinda. Segundo a promotora de Justiça Helena Capela, o acordo representa o cumprimento de mais uma etapa da tutela antecipada definida pela Justiça Federal em 2005, que obrigou os municípios citados a promoverem a restauração dos edifícios tipo caixão que apresentaram problemas estruturais. Outro ponto foi a proibição da construção de prédios utilizando a técnica de alvenaria autoportante, conhecida como prédio-caixão. A ação vem desde o ano 2000, após as repercussões dos dois desabamentos ocorridos no ano anterior no município de Olinda, que resultaram na morte de mais de 10 pessoas. O MPPE vem promovendo desde então reuniões com os moradores, CPIs e audiências públicas sobre o caso. De acordo com o procurador da República Antônio Carlos Barreto Capello, todo o processo de recuperação dos cerca de 5.400 edifícios que apresentaram problemas, está estimado em 2 bilhões de reais e vai beneficiar cerca de 250 mil pessoas. O acordo que foi assinado é o início desse processo. Após a conclusão da primeira etapa em dezembro de 2012, o FDS deverá receber novos fundos e então será organizada a execução das próximas etapas com os edifícios classificados com risco alto, moderado e baixo. Um minuto: tempo necessário para que um prédio-caixão desabe, devido a erros no processo de construção Comissão Resgate Muribeca Nota à imprensa: MPF e MP/PE esclarecem informações sobre prédio-caixão Extraído de: Ministério Público Federal - 25 de Janeiro de 2010 A remessa à Justiça Federal das ações promovidas em defesa dos moradores de prédioscaixão não implicará repetição ou invalidação de quaisquer atos praticados na Justiça Estadual O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado de Pernambuco (MP/PE), a respeito das últimas notícias veiculadas na imprensa sobre as modificações no seguro habitacional operadas pela Medida Provisória n. 478, de 29 de dezembro de 2009, bem como sobre a remessa à Justiça Federal das ações judiciais promovidas em defesa dos moradores de prédios-caixão perante a Justiça do Estado, vem esclarecer o seguinte: 1. O ingresso da União nas referidas ações a partir da edição da mencionada Medida Provisória não implicará a repetição ou invalidação de quaisquer atos praticados na Justiça Estadual, os quais são plenamente válidos, visto que praticados pelo Juízo competente à época. A União receberá os processos no estado em que se encontram, não havendo que se falar em zerar os processos em andamento, conforme erroneamente veiculado em nota assinada pela Confederação Nacional de Moradores (CONAM) e da Federação do Movimento Comunitário de Habitação do Estrado de Pernambuco (FEMOCOHAB-PE). Por conseqüência, ficarão mantidos os aluguéis mensais determinados naquelas ações. 2. A extinção da apólice do seguro habitacional não trará prejuízos aos moradores/proprietários dos apartamentos de prédios-caixão, tendo em vista que ficaram asseguradas aos seguros em vigor as mesmas condições atualmente existentes nas apólices dos seguros habitacionais (art. 3º da Medida Provisória n. 478/2009 e art. 2º, IV, do Decreto-lei n. 2.406/1988, com a redação dada pela Medida Provisória n. 478/2009). 3. Por outro lado, o MPF e o MP/PE obtiveram sentença da Justiça Federal que obriga as prefeituras de Olinda, Recife, Jaboatão dos Guararapes, Paulista e Camaragibe a adotarem medidas de proteção à vida e ao patrimônio quando constatado risco de desabamento de edificações em alvenaria auto-portante, conhecidas como prédioscaixão. A Caixa Econômica Federal também consta como ré no processo, por ter financiado a construção desse tipo de imóvel. O descumprimento da determinação resultará em multa, sem prejuízo da responsabilidade pessoal dos prefeitos por esse ocasional descumprimento. 4. A sentença também confirmou decisões que já tinham sido conseguidas pelo MPF e pelo MP/PE. Uma delas obrigou os municípios a fazerem levantamento das edificações construídas em alvenaria auto-portante existentes em cada cidade. Dados Comissão Resgate Muribeca preliminares revelam que, em toda a Região Metropolitana do Recife (RMR), foram edificados seis mil prédios-caixão. São cerca de 72 mil apartamentos, onde residem aproximadamente 250 mil pessoas. Esse número equivale a 10% da população total da RMR. 5. A ação civil pública teve ainda o mérito de tornar conhecida a dimensão do grave problema, pois foi em virtude das vistorias requeridas judicialmente pelo MPF e pelo MP/PE que se soube que, só em Recife, existem 133 prédios com indicativo de risco de desmoronamento muito alto e 1200 prédios com indicativo de risco alto. A revelação desses dados obriga as três esferas de governo a se movimentarem na busca de uma solução ampla e efetiva para esse grave problema, evitando-se, com isso, custosas e demoradas demandas judiciais. Ação Civil Pública nº 2005.83.00.008987-2 Ministério Público Federal em Pernambuco Ministério Público de Pernambuco -- Assessoria de Comunicação Social Comissão Resgate Muribeca COMISSÃO RESGATE MURIBECA Nota de esclarecimento aos proprietários de apartamentos PRÉDIO CAIXÃO UM MAL GENERALIZADO! No começo nem a justiça sabia a quem atribuir a responsabilidade, hoje ninguém tem mais dúvidas, resultados obtidos através das pesquisas realizada pelas Universidade Católica de Pernambuco, Universidade de Pernambuco (UPE), Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Secretaria de Ciências, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado e Ministério da Ciência e tecnologia, divulga resultado alarmante durante Simpósio Nacional de Alvenaria Resistente; Um minuto: tempo necessário para que um prédio-caixão desabe, devido a erros no processo de construção. A Região Metropolitana do Recife tem 6.000 prédios caixão e 72 mil apartamentos, onde residem 250 mil pessoas, isto é, dez por cento de sua população total, atualmente cerca de 200 dos 6.000 prédios estão interditados na Região Metropolitana do Recife com risco de desabamento. O alto índice de tragédias e riscos deve-se principalmente aos materiais e mão de obras inadequadas, erros de execução e problemas nos critérios de cálculo utilizados no planejamento das obras. As empresas usavam blocos de vedação, úteis apenas para agüentar o próprio peso, com a função estrutural da obra, a baixa resistência e a vida útil inferior ao do concreto causam esses problemas tão graves e afirma que medidas urgentes são necessárias, pois grande parte desses prédios foi construídos há mais de 20 ou 30 anos. Graças à ação conjunta do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e o Ministério Público Federal (MPF) para reestruturação de prédios-caixão nos principais municípios da Região Metropolitana do Recife (RMR) resultou na assinatura de um acordo de cooperação entre municípios, Estado e Caixa Econômica Federal (CEF). O documento representa o cumprimento da segunda etapa da sentença da Justiça Federal que obriga as prefeituras do Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Paulista e Camaragibe a adotarem providências para restauração e reconstrução de edifícios do tipo caixão em seus municípios. O acordo que foi assinado em março de 2010 é o início desse processo. Após a conclusão da primeira etapa em dezembro de 2012, o FDS deverá receber novos recursos e então será organizada a execução das próximas etapas com os edifícios classificados com risco alto, moderado e baixo. Na nossa avaliação, essas ações são importantes, mas, irá atender um número muito pequeno (340 prédios) num universo de 6.000 edificações, pouco mais de cinco por cento da população atingida, precisamos atentar para este detalhe. Atualmente dos 69 blocos construídos no Conjunto Muribeca, 14 estão interditados, 37 está em risco alto e 18 em risco médio, segundo informações repassadas pela prefeitura de Jaboatão, através da Defesa Civil. Não podemos deixar que aconteça com esses 55 a mesma situação dos 14, precisamos JUNTAR AS FORÇAS para travar uma luta paralela a essas ações, e a participação da população para mudar essa situação é sumamente importante, porque não dizer vital, do contrário o Conjunto Muribeca irá se transformar em breve num bairro apenas de blocos interditados. Precisamos definir se queremos reverter esse quadro atual de apreensão e pessimismo que se instalou em nossa comunidade ou mudar a regra do jogo. Quem tem dúvidas a respeito da viabilidade do seu projeto não o atingirá. Por outro lado, quem acredita se mobiliza na perseguição de seus objetivos e faz um esforço extra, saindo da zona de conforto e da acomodação, precisamos olhar o horizonte, e não a ponta do pé. “Não há milagres para conseguir o futuro preferido, mas propósito, determinação, e muito trabalho”. Comissão Resgate Muribeca Histórico, Situação e Perspectiva dos Prédios Caixão na Região Metropolitana do Recife Por Carlos Welligton Pires Sobrinho, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) e professor da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (Upe) Os cinco mais populosos municípios que compõem a região metropolitana do Recife (RMR) abrigam cerca de 3 milhões de habitantes. Destes, cerca de 10% moram em edifícios em alvenaria resistente de até quatro pavimentos. Esses edifícios denominados regionalmente "edifícios tipo caixão" são estruturados em elementos de alvenaria, utilizando blocos de vedação (tijolos furados) com a função estrutural. Nos últimos 20 anos foram registrados 10 acidentes com desabamento, dois destes provocando a morte de 12 pessoas. Ano 1992 1994 1997 1999 1999 2000 2001 2004 2007 2009 Edifício Baronatti Bosque das Madeiras Aquarela Érika Enseada do Serrambí N.Sra da Conceição Ijui Bloco 199 -Muribaca Sevilha Bloco 155- Muribeca Município Olinda Recife Jaboatão Olinda Olinda Jaboatão Jaboatão Jaboatão Jaboatão Jaboatão Observações Ruína na construção Ruína na construção Ruína habitado Ruína com 5 mortes Ruína com 7 mortes Ruína habitado Ruína habitado Ruína habitado Ruína habitado Ruína habitado O desabamento dos edifícios Érika e Enseada do Serrambi, ambos em 1999, na cidade de Olinda, despertou a sociedade e os meio técnicos para a problemática instalada. Estas edificações foram construídas sem embasamento técnico-normativo, onde as paredes, construídas com blocos de pequena espessura, funcionam como elementos estruturais da edificação, recebendo as cargas das lajes e transmitindoas aos elementos de fundação, sem necessariamente existir outros elementos distribuidores das tensões. A grande quantidade de acidentes e problemas de instabilidade registradas nessas edificações chamou a atenção da comunidade técnica e política local no sentido de avaliar as razões que contribuíram para os problemas, buscando-se inclusive uma solução para evitar novos acidentes e tranqüilizar a população usuária deste tipo de edificação. Diante deste quadro, diversas ações de natureza técnica e política foram esboçadas para tentar solucionar o problema, tais como: a) abertura de CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal de Olinda; Comissão Resgate Muribeca b) realização de Seminário Técnico específico sobre o tema, promovido pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Pernambuco; c) realização de comissões de trabalho em diversas entidades representativas da sociedade organizada. A grande maioria dessas ações esbarrava em se encontrar os órgãos, entidades ou empresas que poderiam/deveriam encampar tais investigações e possíveis recuperações. Coube ao Itep, por solicitação do Ministério Publico Estadual e Federal, o desenvolvimento da metodologia de investigação e avaliação de segurança estrutural para esses tipos de edificações na RMR. Devido ao grande número de edificações existentes, o não conhecimento da quantidade e características dessas edificações em cada município e ao exíguo tempo argüido na ação, a metodologia foi proposta para ser desenvolvida em três etapas. 1ª etapa: denominada de cadastro e determinação de grau de risco potencial, consiste em caracterizar e georeferenciar todas as edificações de três e quatro pavimentos construídas em alvenaria resistente e determinar seu grau de risco potencial. Este grau de risco é determinado segundo metodologia de investigação e modelo de cálculo apresentados nos dois itens seguintes. 2ª etapa: denominada de investigação e avaliação da segurança estrutural das edificações, consiste na elaboração de laudos técnicos que concluam sobre a segurança estrutural das edificações que apresentarem grau de risco elevado (alto e muito alto), determinados na primeira etapa. 3ª e última etapa: denominada de recuperação das edificações, consiste no desenvolvimento de projetos e execução de reforços nos elementos das edificações, determinados nos laudos técnicos, que apresentarem não conformidades com os requisitos de segurança estrutural. Investigação – A metodologia de investigação tem como objetivo caracterizar e avaliar os principais fatores que contribuem mais fortemente para diminuição dos níveis de segurança estrutural da edificação e que possam ser obtidos sem causar danos maiores à edificação e seus habitantes, possibilitando uma quantificação relativa de sua influência na segurança estrutural. As edificações com essa tipologia não apresentam características construtivas em um padrão definido: variam muito desde os materiais, as técnicas construtivas e modelo estrutural. As fundações, geralmente construídas em alvenaria, simples ou dobrada, em continuidades às paredes da edificação, podem estar assentadas sobre vigas TÊ invertido de concreto, sobre componentes de fundação em pré-moldadas ou simplesmente sobre camada de concreto magro. O interior das fundações pode estar preenchido e o piso assentado diretamente sobre o solo ou seu interior pode não estar preenchido, utilizando laje pré-moldada Comissão Resgate Muribeca como piso, sendo esta caracterizada como caixão vazio ou perdido. Neste tipo de edificação é possível não existir cintas-radier na interface, fundação-parede de elevação ou mesmo nas interfaces parede-laje em cada pavimento, bem como ausência de vergas e contra-vergas nos vão de janelas. As paredes de elevação, são construídas em alvenaria singela de blocos cerâmicos ou de concreto, com espessura em torno de 9 cm, assentadas na forma de juntas descontínuas em argamassa mista de cimento, cal e areia, ou mesmo de cimento saibro e areia. Geralmente os revestimentos externos e internos são constituídos de argamassas mistas de cimento. A caixa de escada, muitas vezes posicionada na parte central do bloco, é geralmente estruturada em pórtico de concreto armado e serve como sustentação da caixa d´água. Pode ser encontrado bloco de escada sem pilares, onde os degraus são engastados nas paredes de alvenaria. A caixa de água superior, estruturada em alvenaria, pilaretes e cintas, geralmente está posicionada no vão sobre a caixa de escada. A estrutura de telhado, geralmente em madeira, assenta-se sobre as paredes através de pilaretes ou barrotes de madeira, sendo a vedação em telhas de fibrocimento ou em telhas cerâmicas capa-canal. A figura 01 apresenta, na forma de croqui, uma edificação emblemática, contendo os diversos tipos de elementos construtivos característicos deste tipo de edificação. Comissão Resgate Muribeca FIGURA 01- Edificação emblemática em alvenaria resistente Casos típicos – As ruínas dos edifícios Érica, Bloco B do Cj. Enseada do Serrambí (Olinda), e Aquarela (Jaboatão dos Guararapes) apresentavam esta característica construtiva, sendo esta tipologia, associada à presença de águas na fundação e à degradação dos componentes da fundação, como fator decisivo para provocar o colapso da edificação. As fotos 1 e 2 mostram os dois edifícios sinistrados como decorrência da degradação dos componentes de fundação pela presença de águas agressivas no interior do caixão vazio. A foto 3a mostra o interior da fundação de um edifício com caixão vazio; e a foto 3b mostra em detalhe a agressividade da água de fundação nos componente de concreto. FOTOS 1a e 1b - Ruínas do Ed. Érica (1999 - Jardim Fragoso - Olinda) FOTOS 2a e 2b - Colapso do Ed. Aquarela (1997 - Piedade-Jaboatão dos Guararapes) Comissão Resgate Muribeca FOTOS 3a e 3b - Aspecto de fundação com caixão vazio, detalhe da agressividade nos blocos Observando as fotos 1 e 2 também é possível perceber que a existência de vigacinta no Edifício Aquarela foi um elemento fundamental para evitar o desmoronamento da edificação, o que não aconteceu com o Edifício Érika, no qual a inexistência de cintas associada a lajes nervuradas pré-moldadas contribuiu fortemente para o colapso brusco e desmoronamento parcial da parte posterior da edificação. O Edifício Ijui, que colapsou em maio de 2001 e foi construído em blocos de concreto para vedação, possuía blocos calha, parcialmente grauteados e armados com ferros finos com diâmetro de 5.0m, sob as lajes pré-moldadas nervuradas. Possivelmente esta suposta cinta possibilitou a edificação aceitar pequeno recalque decorrente da falha da fundação durante cinco horas antes de colapsar bruscamente. Foto 4 - Ruína do Ed. Ijuí (2001 – Piedade - Jaboatão dos Guararapes) A retirada de paredes ou cortes horizontais extensos nas alvenarias deste tipo de edificação agrava sobremaneira as tensões nas partes remanescentes e podem provocar a ruína da edificação. A foto 5 mostra a fragilização que este tipo de intervenção causa na edificação. Esta foi a causa principal da ruína de um edifício, ainda em construção – o Conjunto Bosque das Madeiras, em 1994. Comissão Resgate Muribeca Foto 5- Ruínas do Ed. Bosque das Madeiras (1994 - Engenho do Meio - Recife) Modelagem numérica – A ISDR (International Strategy for Disaster Reduction) define risco como a probabilidade de ocorrência de danos resultantes da interação entre perigos naturais ou induzidos pelos homens e as condições de vulnerabilidade de um sistema, sendo o perigo considerado como ameaça potencial a pessoas ou bens que estão em exposição. Neste contexto, consideramos que os perigos naturais estão associados aos vícios construtivos inerentes ao sistema construtivo em alvenaria resistente. Segundo o autor esses vícios podem ser agrupados em: a) fragilidade da formulação teórica; b) limitação das características dos componentes do processo construtivo; c) limitação quanto ao empirismo; e d) limitação quanto à degradação dos materiais e interação com o meio. Já os perigos induzidos pelos usuários podem ser agrupados em: a) retirada de paredes e ampliações; b) construções de poços e plantio de árvores próximas; e c) falta de manutenção e de ações preventivas. Na modelagem numérica para o cálculo do índice de risco potencial ao desabamento, os principais fatores considerados para sua determinação foram agrupados em três diferentes grupos: - Fatores que interferem nas tensões solicitantes e resistentes, cujos dados de entrada consideram a largura dos vão principal, a espessura e altura das paredes e a resistência das amostras retiradas na fundação; - Fatores que consideram as características da edificação e da existência de elementos estruturantes, cujos dados de entrada estão discretizados em três níveis; - Fatores que consideram as interferências realizadas na edificação, sendo estes discretizados em quatro níveis. Os pesos e a formulação de cálculo foram atribuídos com base na experiência da equipe de técnicos do Itep, com mais de 10 anos de investigação e elaboração de Comissão Resgate Muribeca laudos em edificações similares, inclusive na participação da maioria dos laudos dos desabamentos citados. Resultados – A aplicação da metodologia aos prédios tipo caixão nos cinco municípios da RMR apresentou os seguintes resultados: RESUMO PARCIAL DE EDFICIOS EM GRAU DE RISCO N° DE UNIDADES POR GRAU DE RISCO MUNICÍPIO MUITO BAIXO MÉDIO ALTO ALTO CAMARAGIBE 0 29 1 0 TOTA L EDIFICIOS INTERDITAD OS 30 0 JABOATÃO 0 459 523 28 1.010 19 OLINDA 273 91 70 52 486 54 PAULISTA 0 199 396 19 614 19 RECIFE 8 935 1.200 133 2.276 28 TOTAL DE UNIDADES 281 1.713 2.190 232 4.416 120 Perspectivas – No início do mês de outubro/09, uma comissão coordenada pela Secretaria das Cidades de Pernambuco, juntamente com todos os prefeitos dos cinco municípios, foram a Brasília pleitear verbas no valor de R$ 2,6 bilhões para concluir as etapas que faltam e recuperar os edifícios. A metodologia para recuperação deste tipo de edificação já existe e foi desenvolvida com verbas da Finep no âmbito do projeto Habitare. Este projeto de pesquisa, envolvendo as Instituições Itep, Unicap, Upe e UFSC, estudou durante quatro anos o real comportamento das alvenarias resistentes e estão propondo metodologia para sua recuperação. O Itep está desenvolvendo estudos em protótipo, escala real, para testar, até a ruína, as metodologias propostas. A princípio, cinco edifícios, um em cada município, será alvo de intervenção para se avaliar o processo de movimentação e logística famílias residentes e desenvolver todo processo de recuperação física nas edificações, obtendo assim o real valor das intervenções. Em tese, cada edifício necessitará o equivalente a R$ 400 mil para sua recuperação física. Comissão Resgate Muribeca Comissão Resgate Muribeca