EQUIPE: COORDENAÇÃO SUB-REDE ZONAS COSTEIRAS: Carlos Alberto Eiras Garcia (FURG) e Margareth da Silva Copertino (FURG). COORDENAÇÃO REBENTOS: Alexander Turra (USP). COMITÊ CIENTÍFICO: Alexander Turra (USP), Antonio Henrique da Fontoura Klein (UFSC), Carlos Alberto Eiras Garcia (FURG), Márcia Regina Denadai (USP), Margareth da Silva Copertino (FURG), Rodrigo Kerr (FURG) e Paulo Antunes Horta (UFSC). ORGANIZAÇÃO, LOGÍSTICA E TESOURARIA: Leandra Márcia Pedroso Dalmas (FURG) e Márcia Regina Denadai (USP). APOIO LOGÍSTICO DURANTE EVENTO: Paulo Roberto Votto (FURG), Priscilla Rezende Arévalo (FURG), Karine Mariane Steigler (FURG), Thaísa Fernandes Bergamo (FURG), Amapola Correa (FURG), Txai Mitt Schwamborn (FURG), Paola Olivieira (FURG), Caio Salgado (UFSC), Julia Biscaia (UFSC), José Roberto Miranda (UFSC), Gabriela Flemming (UFSC), Lidiane Pires Gouvêa (UFSC) e Luiza Sartorato (UFSC). REALIZAÇÃO: Sub-Rede Zonas Costeiras - INCT para Mudanças Climáticas e Rede Clima, ReBentos, Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). FINANCIAMENTO: CNPq, CAPES e FAPESP. DATA DO EVENTO: 10 a 12 de dezembro de 2013. LOCAL: Hotel Praiatur, Florianópolis (SC), Brasil. HOMEPAGE: http://www.mudancasclimaticas.zonascosteiras.furg.br/workshop E-MAIL: [email protected] PALESTRANTES CONVIDADOS: Thomas Malone, Leila Swerts, Segen Estefen, Tim Moltmann, Colin Woodroffe, Libby Jewett e Stephen Crooks. RELATORES: Alexander Turra, Paulo Horta, Antonio Henrique da Fontoura Klein e Margareth da Silva Copertino. INSTITUIÇÕES REPRESENTADAS: Universidade Federal do Rio Grande – FURG; University of Maryland, EUA; Environmental Science Associates – ESA, EUA; National Oceanic and Atmospheric Administration – NOAA, EUA; University of Wollongong, Australia; Integrated Marine Observing System – IMOS; Institut français de recherche pour l'exploitation de la mer – IFREMER/ FR; Universidad de la República del Uruguai; Ministério do Meio Ambiente – MMA; Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Universidade Federal de Pernambuco – UFPE; Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE; Universidade de São Paulo – USP; Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ; Universidade Federal da Bahia – UFBA; Universidade do Estado do Pará – UEPA; Universidade Federal do Espírito Santo – UFES; Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP; Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira – IEAPM; Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF; Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBIO; Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE; Universidade Federal do Maranhão – UFMA; Centro de P&D Leopoldo Américo Miguez de Mello – CENPES/PETROBRAS; Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas e Hidroviárias – INPOH; Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro – FAETEC; Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO; Instituto Federal do Ceará – IFCE; Superintendência do Patrimônio da União em SC – MPOG; Superintendência de Administração do Meio Ambiente em João Pessoa – SUDEMA; Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte – IDEMA/RN; Secretaria de Estado do Planejamento de Santa Catarina – SPG/SC; Universidade Federal do Paraná – UFPR; Universidade do Vale de Itajaí – UNIVALI; Universidade da Região de Joinville – Univille; Universidade Federal de Sergipe – UFS; Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ; Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA/SP; Universidade do Extremo sul Catarinense – UNESC; Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo – SMA/SP; Observatório de Conservação Costeira do Paraná; Universidade Federal do ABC – UFABC; Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL; Secretaria Executiva de Educação do Pará – SEE/PA; Fundação de Ampara à Pesquisa e Extensão Universitária – FAPEU; Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG; Buzaglo Dantas Advogados – Direito Ambiental; O3 Engenharia. SUMÁRIO RESUMO .......................................................................................................................................................... 1 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 2 1.1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ZONAS COSTEIRAS ..................................................................................... 2 1.2 SUB-REDE ZONAS COSTEIRAS - REDE CLIMA E INCT PARA MUDANÇAS CLIMÁTICAS .................... 5 1.3 REDE DE MONITORAMENTO DE HABITATS BENTÔNICOS COSTEIROS (REBENTOS) ............................. 7 2. OBJETIVOS ................................................................................................................................................. 9 2.1. OBJETIVO GERAL ................................................................................................................................... 9 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................................................... 9 3. METODOLOGIA ....................................................................................................................................... 10 4. RESULTADOS .......................................................................................................................................... 11 4.1 DESCRIÇÃO GERAL ............................................................................................................................... 11 4.2 CRONOGRAMA DA PROGRAMAÇÃO REALIZADA .................................................................................. 12 4.3. TRABALHOS APRESENTADOS NA FORMA DE PAINÉIS ......................................................................... 15 4.4 SÍNTESE DOS TRABALHOS: APRESENTAÇÕES, DISCUSSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................... 17 4.4.1 P ALESTRAS ....................................................................................................................................... 17 4.4.2 M ESA R EDONDA .......................................................................................................................................... 17 5. AVALIAÇÃO DO EVENTO .................................................................................................................... 24 6. MÍDIA E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA ................................................................................................. 28 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................... 30 8. ANEXOS .................................................................................................................................................... 32 8.1 ANEXO I: RESUMOS ............................................................................................................................ 32 8.1.1 P ALESTRAS ................................................................................................................................................... 32 8.1.2 M ESAS R EDONDAS ....................................................................................................................................... 38 8.1.3 A PRESENTAÇÕES O RAIS .............................................................................................................................. 74 8.1.4 P AINÉIS ......................................................................................................................................................... 84 8.2 ANEXO II: PÚBLICO ALVO ................................................................................................................ 108 8.3 ANEXO III: LISTA DE PARTICIPANTES .............................................................................................. 109 RESUMO O III Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras foi realizado no Centro de Eventos do Hotel Praiatur, na Praia dos Ingleses, em Florianópolis (SC), entre os dias 10-12 de dezembro de 2013. O evento foi promovido pela Sub-Rede Zonas Costeiras, vinculada à Rede CLIMA e INCT para Mudanças Climáticas (INCT–MC). Cerca de 193 pessoas atenderam ao evento, entre professores universitários e pesquisadores de diversas instituições do país, técnicos de órgãos públicos (MMA, IBGE, ICMBIO) e estudantes de pós-graduação. Destacou-se a participação ativa de cinco convidados internacionais, palestrantes no evento: Tom Malone (University of Maryland, EUA), Tim Moltamann (IMOS, Australia), Colin Woodroffe (University of Wolongong, Australia), Libby Jewett (NOAA, EUA) e Steve Crooks (Environemtal Science Association, EUA). A agenda do evento incluiu palestras, mesas redondas e apresentações em torno dos temas: 1) redes observacionais, 2) impactos da elevação do nível do mar e de eventos extremos, 3) acidificação, 4) sequestro de carbono por ecossistemas costeiros, 5) integração físico-biológica na avaliação dos impactos de mudanças climáticas sobre os ecossistemas costeiros e 6) modelagem do clima e hidrologia em zonas costeiras. O principal objetivo do III Workshop foi realizar uma avaliação final dos cinco anos de projeto da Sub-Rede Zonas Costeiras. Além disso, o III Workshop objetivou revisar e desdobrar as diversas recomendações sobre o funcionamento de redes observacionais, sobre a aquisição de infraestrutura de equipamentos, sobre a padronização e adaptação de protocolos metodológicos comparativos, sobre a disponibilização de dados e sobre a formação de recursos humanos capacitados focados na criação e manutenção de sistemas observacionais integrados para a costa brasileira. O evento também contou com a realização do III Workshop da Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos), cujos objetivos estão estreitamente vinculados ao projeto da Sub-Rede Zonas Costeiras. Dentre os principais resultados alcançados pela realização do III Workshop destacam-se a: 1) apresentação das atividades da ReBentos aos participantes da Sub-Rede Zonas Costeiras; 2) interação entre a ReBentos (grupo que possui caráter essencialmente biológico) e os demais grupos de pesquisa da Sub-Rede Zonas Costeiras, como a física e geológica; 3) definição de estratégias de atuação para os próximos anos, entre os diferentes grupos temáticos da ReBentos; 4) mesas direcionadas para formação de Grupos de Trabalhos (GT´s), constituídos durante o Workshop, para formular recomendações e propor ações futuras para a continuidade das pesquisas sobre Mudanças Climáticas no Brasil e sobre os trabalhos da Sub-Rede Zonas Costeiras; 5) apresentação do grupo brasileiro de pesquisa em acidificação dos oceanos (Brazilian Ocean Acidification Research Group - BrOA); 6) discussão sobre o Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas e Hidroviárias – INPOH e; 7) elaboração da Declaração de Florianópolis, com recomendações para a sociedade e governantes em geral. Com base nos resultados dos trabalhos e discussões realizadas, esta carta focará em recomendações científicas e políticas, para promover o estudo e conservação dos ecossistemas costeiros e seu patrimônio ambiental (ecológico, social e econômico), frente aos cenários das mudanças climáticas e impactos antropogênicos diversos. Embora o prazo de vigência do INCT para Mudanças Climáticas encerre em março de 2014, a Sub-Rede Zonas Costeiras pretende continuar com seus grupos de pesquisa e projetos e dar suporte científico à criação e/ou fortalecimento de redes de monitoramento e observacionais (ReBentos e SiMCosta) e projetos integrados como aqueles vinculados ao PELD e INCT´s. 1 1. INTRODUÇÃO 1.1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ZONAS COSTEIRAS Zonas Costeiras estão entre as áreas mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas globais, pois serão atingidas diretamente pelo aumento do nível médio do mar, pela exposição a eventos extremos de tempestade, pelas mudanças nos regimes de descarga fluvial dos rios, pela elevação da temperatura superficial do mar, pela acidificação dos oceanos, dentre outros eventos (Trenberth et al. 2007, Bindoff et al. 2007). Entretanto, os impactos potenciais das mudanças climáticas, tanto físicos como biológicos, variarão consideravelmente entre as regiões costeiras, de acordo com suas características naturais e com o grau de degradação ambiental presente em cada região. Além disto, grandes cidades com alta densidade populacional estão concentradas a menos de 100 km da linha de costa, próximas a rios e em regiões de baixa altitude (vales férteis). Estima-se que a densidade populacional da zona costeira deve mais do que dobrar até 2050. Impactos de mudanças climáticas e desenvolvimento urbano deverão triplicar o número de pessoas expostas a inundações costeiras em 2070. Serviços e bens valorizados pela sociedade, os quais representam cerca de 33 trilhões de dólares globalmente, estão concentrados nos ecossistemas costeiros. Desta maneira, compreender os impactos das mudanças climáticas globais em cada região do país torna-se imprescindível ao planejamento estratégico futuro e à tomada de decisões por parte do poder público e da sociedade brasileira. Dentre os efeitos das mudanças climáticas sobre a costa, a elevação do nível do mar tem recebido grande ênfase, devido aos impactos como inundação, erosão, intrusão de água marinha, alteração da amplitude de maré, mudanças nos padrões de sedimentação e redução da penetração da luz na lâmina d’água. Desta maneira, mapas de vulnerabilidade à elevação do nível do mar (e.g. Nicolodi et al. 2010, Costa et al. 2010), devem ser prioridades das atividades de pesquisa sobre os impactos de mudanças climáticas em zonas costeiras brasileiras. Entretanto, não se pode esperar que modelos globais, ou desenvolvidos para outras regiões do planeta, possam ser suficientemente precisos para determinação dos impactos desse fenômeno nas escalas locais e regionais da costa brasileira. Variações do nível do mar são consequência de processos meteorológicos, geológicos, climáticos, astronômicos, hidrológicos, glaciológicos e biológicos, bem como das interações que realizam entre si, o que tornam cada região um caso especial e particular. Entretanto, muitas fragilidades ainda dificultam a condução de estudos básicos sobre as previsões da elevação do nível do mar: a inexistência de um referencial altimétrico ortométrico e a carência de dados históricos que permitam estabelecer as taxas de elevação 2 (Lemos et al. 2010). Somente a partir da existência de uma base confiável de dados será possível mapear tais vulnerabilidades e realizar uma previsão dos impactos sobre os meios físico, biótico e sócio-econômico, gerar cenários futuros e avaliar as alternativas de mitigação bem como estratégias adaptativas. As repostas dos sistemas naturais costeiros à elevação do nível do mar são dinâmicas e irão variar também de acordo com as condições geomorfológicas, climáticas e antrópicas locais (Bijlsma et al. 1996). Fenômenos como erosão e inundação poderão ser agravados ou desencadeados, com grandes prejuízos às cidades costeiras. Tais processos são consequência não apenas de mudanças no nível do mar, mas também de modificações na distribuição das chuvas, na descarga de material particulado de rios, na frequência direcional e intensidade das ondas e do aumento da frequência e intensificação de marés meteorológicas associadas a ciclones extratropicais (Muehe 2006). Dentre os ambientes costeiros altamente vulneráveis aos impactos das modificações climáticas estão estuários, deltas e baías fechadas, afetados diretamente pelas mudanças no nível do mar, pelas taxas pluviométricas e pelas alterações do campo de ventos, com consequências nas amplitudes das marés e na descarga fluvial (Möller et al. 2001). As mudanças na hidrodinâmica estuarina, e de sistemas costeiros fechados, afetam a sócia economia regional, particularmente a produção pesqueira (Möller et. al. 2009, Schroeder & Castello 2010). Dentre os diversos ecossistemas costeiros brasileiros que sofrerão os efeitos das mudanças na hidrodinâmica, destacam-se manguezais, marismas e pradarias de plantas submersas, os quais têm sido utilizados como instrumento de avaliação da elevação do nível dos oceanos (Walters et al. 2008). É possível até que a extensão da área ocupada por esses ambientes se desloque em direção ao continente, à medida que a água salgada penetre cada vez mais nos rios e estuários com a elevação do nível dos mar. Entretanto, as margens internas dos estuários e rios, na sua interface com ao ambiente continental, estão normalmente ocupadas por infraestruturas ou drasticamente modificadas, o que impediria este avanço. O aumento da temperatura atmosférica poderia ainda “beneficiar” os manguezais, que geralmente têm sua distribuição limitada pelas temperaturas mínimas e pela ocorrência de geadas. Entretanto, isto dependerá de um balanço entre as taxas de erosão e acresção de sedimentos, do grau de impactos e degradação sofridos por estes ecossistemas e da amplitude da ocupação humana sobre as áreas adjacentes, acima da linha da maré (Faraco et al. 2010). O aumento da temperatura da água é um fato que atuará sobre quase todos os processos biológicos (Moss et al. 2003), podendo influenciar taxas de crescimento, ciclos reprodutivos, distribuições latitudinais e processos migratórios, podendo ainda alterar a vulnerabilidade dos ecossistemas aquáticos à invasão por espécies exóticas (Kling et al. 2003, Moss et al. 2003, 3 Winder e Schindler 2004, Chu et al. 2005). Os modelos climáticos atuais prevêem que o aquecimento das águas superficiais dos oceanos reduzirá ainda a camada de mistura vertical, induzindo mudanças na biomassa fitoplanctônica, na composição de suas espécies e suas taxas de produção (Huisman et al. 2004). O esperado aumento da temperatura das águas superficiais na região costeira do Atlântico Sudoeste, acoplado ao cenário de intensificação das chuvas na bacia do Rio da Prata, podem interferir tanto nas entradas de nutrientes como no grau de estratificação vertical e horizontal das águas da plataforma continental. Esses processos físicos e biogeoquímicos podem modificar a estrutura das comunidades e o destino final do carbono incorporado (Ciotti et al. 1995, Froneman 2006), afetando o papel do fitoplâncton como sorvedouro de CO2, de modo não previsto nos modelos globais atuais. Mudanças ao nível dos produtores primários afetariam, em curto, médio e longo prazo toda a cadeia trófica marinha, com consequências drásticas para abundância de espécies de importância pesqueira. No Brasil, as pesquisas relacionadas com impactos, vulnerabilidades e adaptação às mudanças climáticas são limitadas pelas deficiências do conhecimento sobre a dinâmica natural dos ecossistemas costeiros e pela escassez de longas séries temporais (Copertino et al. 2010). Tais limitações somente serão superadas a partir da formação e ação de redes interinstitucionais, da realização de pesquisas integradas e multidisciplinares, da elaboração e execução de protocolos metodológicos padronizados para cada área de pesquisa e do estabelecimento de sistemas observacionais contínuos ao longo da costa, com infraestrutura e equipamentos adequados aos monitoramentos. Somente com observações acuradas e consistentes será possível mapear as vulnerabilidades da zona costeira brasileira e prever impactos ecológicos e sócioeconômicos, capazes de propor alternativas de mitigação e estratégias adaptativas (Lemos et al. 2010, Muehe 2010, Nicolodi & Petermann 2010). A complexidade dos ecossistemas costeiros brasileiros e de seus processos, nesta zona de influência do mar e interfaces com o ambiente terrestre, justifica a formação de arranjos institucionais próprios, multidisciplinares e integrados, de modo a compreender sua dinâmica e coordenar todos os interesses variados nos usos dos recursos desta região. Torna-se fundamental ainda a criação e a manutenção de sistemas observacionais permanentes, multidisciplinares e eficientes, que permitam análises em diversas escalas de tempo e espaço apropriadas. Tais sistemas observacionais costeiros devem transcender a programas de monitoramento pontuais, devendo ser concebidos por embasamento científico, de forma a conectar observações ambientais ao manejo dos ecossistemas e recursos naturais (Clarck et al. 2001, Christian 2005). Resultados deste tipo são cruciais para a quantificação e modelagem dos processos físicos e 4 ecológicos, tornando mais eficiente à capacidade de previsão dos impactos das mudanças climáticas sobre os ecossistemas costeiros, tanto a nível regional como global. 1.2 SUB-REDE ZONAS COSTEIRAS - REDE CLIMA E INCT PARA MUDANÇAS CLIMÁTICAS A Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede CLIMA, Portaria MCT no 728, de 20.11.2007) tem como objetivo principal gerar e disseminar conhecimentos para que o Brasil possa responder aos desafios representados pelas causas e efeitos das mudanças climáticas globais (http://www.ccst.inpe.br/redeclima). Um dos primeiros produtos colaborativos da Rede CLIMA é a elaboração regular de análise sobre o estado de conhecimento das mudanças climáticas no Brasil, nos moldes dos relatórios do IPCC, porém com análises setoriais mais especificas para a formulação de políticas públicas nacionais e internacionais (Rede CLIMA 2009). O Instituto Nacional de Ciência Tecnologia (INCT) para Mudanças Climáticas (CNPq Processo 573797/2008; FAPESP -Processo 08/57719-9) abrange uma rede de pesquisas interdisciplinares, embasada na cooperação de 65 grupos nacionais e 17 grupos internacionais, constituindo-se na maior rede de pesquisas ambientais implantada no Brasil (www.ccst.inpe.br/inct/). Este INCT está diretamente associado à Rede CLIMA e sua estrutura cobre todos os aspectos científicos e tecnológicos de interesse àquela rede. A Rede CLIMA e o INCT para Mudanças Climáticas, em parcerias com programas estaduais e internacionais de pesquisas em mudanças climáticas, estão contribuindo como pilar de pesquisa ao desenvolvimento do Plano Nacional de Mudanças Climáticas, fornecendo informações científicas de qualidade para subsidiar as políticas públicas de adaptação e mitigação (INCT for Climate Changes 2010). Um dos principais objetivos desses programas é aumentar significativamente os conhecimentos sobre impactos das mudanças climáticas e identificar as principais vulnerabilidades do Brasil em diversos setores e sistemas, dentro os quais se destaca o setor zonas costeiras, estudada por sub-rede de mesmo nome. A Sub-Rede Zonas Costeiras caracteriza-se por uma rede de pesquisa interdisciplinar e interinstitucional, formada por mais de 50 pesquisadores de diferentes regiões do país e áreas do conhecimento (http://mudancasclimaticas.zonascosteiras.com.br/). O programa possui como principal objetivo avaliar o estado do conhecimento, identificar deficiências, estabelecer protocolos, coordenar/integrar projetos que investiguem a vulnerabilidade e os efeitos das mudanças climáticas em zonas costeiras brasileiras, propondo ações adaptativas e mitigadoras, em conjunto com setores organizados da sociedade. As questões científicas pertinentes, os 5 impactos sobre a costa e as vulnerabilidades ecológica, social e econômica, estão sendo estudadas por especialistas reconhecidos em suas áreas de atuação, de modo a ter repercussão nacional e internacional. Os recursos disponibilizados para a Sub-Rede Zonas Costeiras (R$ 350.000,00 pelo INCT e R$ 300.000,00 pela Rede CLIMA) foram focados na estruturação física da própria subrede e sua secretaria, na distribuição de bolsas (modalidade DTI) e computadores para diversos grupos de pesquisa e áreas temáticas, no apoio às visitas e integração entre pesquisadores e também no auxílio à participação de bolsistas em eventos nacionais e internacionais. Os membros desta sub-rede disponibilizaram, em contrapartida, seus grupos de pesquisa, projetos e financiamentos, bancos de dados pretéritos, além de outros bolsistas e estudantes. Ao longo de dois anos de existência, os esforços integrados da Sub-Rede Zonas Costeiras tem alcançado boa parte de seus objetivos e metas, produzindo resultados concretos. Entre estes, destacam-se um grande levantamento sobre o estado da arte do conhecimento sobre zonas costeiras no Brasil, incluindo revisões históricas, análise de dados pretéritos, estudos sobre impactos e vulnerabilidades, além de construção de modelos preditivos (INCT for Climate Changes 2010, Garcia & Nobre 2010). A realização do I Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras teve papel fundamental para o alcance destes objetivos, através da integração dos pesquisadores e seus resultados, do fortalecimento da estrutura desta sub-rede em nível nacional, e da deliberação de decisões sobre o encaminhamento das pesquisas e ações futuras. O I Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras foi realizado em setembro de 2009, na Universidade Federal do Rio Grande (FURG) - RS, e teve como tema central “Estado do Conhecimento e Recomendações Futuras”. Dentre os impactos causados, destacaram-se a integração e consolidação da rede de pesquisa Zonas Costeiras e a elaboração do Volume Especial “Climate Changes and Brazilian Coastal Zones” publicado pela revista Panamjas, além da criação da Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos). Destaca-se ainda, a elaboração da Declaração de Rio Grande, um documento de base e de conclusão gerado a partir das discussões realizadas durante o evento. A realização do II Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras (Salvador, novembro de 2011), foi fundamental para a internacionalização da Sub-Rede Zonas Costeiras, para melhor integrar os membros da ReBentos à sub-rede e as questões sobre mudanças climáticas, para estimular novas linhas e grupos de pesquisa e, especialmente, para a criação do Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SiMCosta). 6 1.3 REDE DE MONITORAMENTO DE HABITATS BENTÔNICOS COSTEIROS (REBENTOS) A Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos) está inserida na Sub-Rede Zonas Costeiras, portanto vinculada à Rede Clima & INCT para Mudanças Climáticas. Dentre os 13 grupos que compõem a Zonas Costeiras, quatro são ligados ao ambiente bentônico (Macroalgas e Fanerógamas Marinhas, Recifes Coralinos, Costões e Praias, Manguezais). As articulações para a constituição da ReBentos iniciaram durante o I Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras, a partir de algumas recomendações realizadas para o estudos em comunidades bentônicas como: • Avaliações sobre a variabilidade da distribuição e abundância de espécies “chave” estenotérmicas ou ao longo da costa (macroecologia), considerando diferentes escalas de variação e, se possível, eliminação de fontes de ruído utilizando áreas controle; • Estudos sobre a variabilidade da distribuição e abundância de espécies indicadoras, sensíveis a mudanças em parâmetros ambientais, através de uma abordagem padronizada ao longo da costa; • Utilização de técnicas ou estratégias de obtenção de dados (imagens, suficiência taxonômica, análise de fisionomias, RAP etc.) que amplifiquem a capacidade geográfica de análise; • Avaliação do estado fisiológico de organismos construtores de recifes (algas calcárias e corais); • Identificação e registro de mudanças nos “timmings” de florescimento, maturação, liberação de gametas, recrutamento, germinação e outros parâmetros populacionais; • Avaliação de perdas ou mudanças de produtividade e função, durante fases de transição ou colapso dos sistemas naturais; • Identificação e quantificação dos impactos dos eventos extremos na abundância e fisiologia de espécies, comunidades e ecossistemas: comparação de parâmetros medidos antes e depois dos eventos. Como desdobramentos das discussões durante o I Workshop, surgiu a necessidade de formação ou fortalecimento de Redes Observacionais para a costa brasileira, para monitoramento de parâmetros físicos e biológicos, com a coordenação e participação de membros da Zonas Costeiras. A proposta para financiamento de sete (7) Redes Observacionais foi elaborada para o orçamento 2010/2011 da Rede CLIMA e submetida ao MCT, com valor total aproximado de 7 R$ 1.300.000,00. Dentre elas estava a Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos). Estes recursos, entretanto, não foram liberados. A proposta da ReBentos foi apresentada e finalmente aprovada no Edital MCT/CNPq/MMA/MEC/CAPES/FNDCT – Ação Transversal/FAPs no 47/2010 - Chamada 3 Pesquisa em Redes Temáticas para o entendimento e previsão de respostas da Biodiversidade Brasileira às mudanças climáticas e aos usos da terra, com recursos do CNPq (Proc. 563367/2010-5) e da FAPESP (Proc. 2010/52323-0). Esse edital está vinculado ao Programa SISBIOTA – Brasil, que tem por objetivo fomentar a pesquisa científica para ampliar o conhecimento e o entendimento sobre a biodiversidade brasileira e para melhorar a capacidade preditiva de respostas às mudanças globais, particularmente às mudanças de uso e cobertura da terra e mudanças climáticas, associando formação de recursos humanos, educação ambiental e divulgação do conhecimento científico. O objetivo da proposta da ReBentos foi a criação e implementação de uma rede integrada de estudos dos habitats bentônicos do litoral brasileiro, para detectar os efeitos das mudanças ambientais regionais e globais sobre esses organismos, dando início a uma série histórica de dados sobre a biodiversidade bentônica ao longo da costa brasileira. A proposta contava com a participação de 17 instituições de ensino e/ou pesquisa, localizadas em 11 estados brasileiros e 31 pesquisadores. As metas da ReBentos são: (1) fomentar uma discussão temática voltada para as mudanças climáticas; (2) estabelecer séries temporais com métodos adequados; (3) obter e disponibilizar dados para avaliação do impacto de mudanças globais; (4) formar recursos humanos e (5) propiciar a educação ambiental e divulgação científica. A longo prazo a ReBentos visa o monitoramento contínuo e permanente de parâmetros biológicos e abióticos em diversos habitats ao longo da costa brasileira e a obtenção de séries contínuas de dados no tempo e distribuídas no espaço, por tipo de habitat e através de um gradiente latitudinal, permitindo assim investigar questões científicas relacionadas a alterações causadas por impactos antropogênicos e modificações climáticas. 8 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL O principal objetivo do "III Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras" foi realizar uma avaliação final dos cinco anos de projeto da Sub-Rede Zonas Costeiras e de suas recém-criadas redes de monitoramento (ReBentos e SiMCosta). 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Os objetivos específicos foram: 1) apresentar os resultados finais dos projetos desenvolvidos pelos pesquisadores das Sub-Redes Zonas Costeiras e Oceanos; 2) integrar os INCT´s relacionados com ciências do mar e mudanças climáticas; 3) elaborar propostas que visem o estabelecimento de redes observacionais e de monitoramento sistemáticos para o litoral brasileiro; 4) fornecer recomendações para a criação e funcionamento de redes observacionais como: aquisição de infraestruturas de equipamentos, padronização e adaptação de protocolos metodológicos comparativos, disponibilização dos dados e formação de recursos humanos; 5) discutir a sustentabilidade das observações de longo prazo para o conhecimento dos efeitos das mudanças climáticas nas zonas costeiras; 6) fomentar a formação de recursos humanos, geral e específica, na área de sistemas observacionais e mudanças climáticas e; 7) promover divulgação científica e educação sobre mudanças climáticas. 9 3. METODOLOGIA A programação do III Workshop foi planejada em torno de objetivos, temas e grupos de pesquisa da Sub-Rede Zonas Costeiras. Os temas e programação do III Workshop foram propostos inicialmente pela coordenação da sub-rede, com contribuições dos membros, que também indicaram os nomes dos palestrantes internacionais. O desenvolvimento dos trabalhos durante o III Workshop baseou-se no seguinte: 1) Palestras, ministradas por palestrantes internacionais. Em geral, esta sessão abriu os trabalhos do dia ou do turno (manhã ou tarde), servindo como base e motivação científica para os temas que se seguiram nas mesas redondas; 2) Mesas Redondas, com a participação de pesquisadores membros do INCT de Mudanças Climáticas, Rede CLIMA e INCT´s do MAR. As mesas foram formadas em torno de grandes áreas (geologia e dinâmica costeira, oceanografia física e química, ecologia de ambientes bentônicos, sócio-economia) ou redes de pesquisa. Dentro dessa sessão, os diferentes grupos temáticos da ReBentos fomentaram uma discussão (com dinâmica de grupos) sobre os protocolos de amostragem dos ambientes bentônicos; 3) Apresentações Orais, ministradas por palestrantes nacionais. Em geral, esta sessão encerrou ou abriu os trabalhos do dia ou do turno (manhã ou tarde); 4) Apresentações de Painéis, com a apresentação de trabalhos de estudantes e pesquisadores, nos mais diversos temas de mudanças climáticas em ambientes costeiros e marinhos, expostos durante os três (3) dias de evento. A programação, resumos, vídeos e slides das apresentações do III Workshop, assim como outros documentos de base, estão disponíveis (http://mudancasclimaticas.zonascosteiras.com.br/workshop). na página Destaca-se como do evento importante produto do evento, a disponibilização on-line de quase todas as palestras, as quais podem ser assistidas concomitantemente com as apresentações em PDF. 10 4. RESULTADOS 4.1 DESCRIÇÃO GERAL O evento contou com a presença de 193 participantes, entre professores universitários e pesquisadores de diversas instituições do país, técnicos de órgãos públicos (MMA, IBGE, ICMBIO) e estudantes de pós-graduação. O evento teve sete (7) palestras, seis (6) mesas redondas, nove (9) apresentações orais e vinte três (23) apresentações de painéis. Destaca-se a participação de cinco (5) palestrantes convidados internacionais da Austrália e EUA. As palestras, mesas redondas e apresentações orais e de painéis abrangeram os temas: 1) redes observacionais oceânicas e costeiras, 2) impactos e vulnerabilidades a elevação do nível do mar e eventos extremos sobre a costa, 3) biogeoquímica do carbono e acidificação, 4) sequestro de carbono por ecossistemas costeiros, 5) integração físico-biológica na avaliação dos impactos de mudanças climáticas sobre os ecossistemas costeiros e 6) modelagem do clima e hidrologia em zonas costeiras. Na última tarde do Workshop, alunos e pesquisadores se reuniram para discutir e formular recomendações voltadas para: 1) a formação de recursos humanos em mudanças climáticas e 2) sistemas observacionais e a sustentabilidade dos programas e redes de pesquisa e observação costeira, que devem ser melhor trabalhadas na forma de documentos e termos de referências. Além disso, foram discutidas diretrizes e recomendações para o futuro das pesquisas em mudanças climáticas no Brasil e para a continuidade da Sub-Rede Zonas Costeiras e da ReBentos, dentro do contexto da Rede CLIMA-Fase II e da extensão e renovação do INCT para Mudanças Climáticas. 11 4.2 CRONOGRAMA DA PROGRAMAÇÃO REALIZADA 10 DE DEZEMBRO - TERÇA-FEIRA 08:00-‐09:00 ENTREGA DE MATERIAL 09:00-‐09:30 ABERTURA E BOAS VINDAS 09:30-‐10:30 10:30-‐10:45 10:45-‐11:15 PALESTRA DE ABERTURA -‐ Climate change, sustainable development and coastal ocean information needs INTERVALO E CAFÉ PALESTRA -‐ Arranjos e estratégias federais para adaptação das zonas costeiras às Mudanças Climáticas 11:15-‐12:00 PALESTRA -‐ Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas e Hidroviárias (INPOH) 12:00-‐13:30 ALMOÇO 13:30-‐14:30 PALESTRA -‐ Australia’s Integrated Marine Observing System (IMOS) 14:30-‐16:00 MESA 1 -‐ SISTEMAS OBSERVACIONAIS DOS OCEANOS E ZONAS COSTEIRAS 14:30-‐14:45 O Programa PIRATA 14:45-‐15:00 Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SiMCosta) 15:00-‐15:15 Sistema de Observação do Nível do Mar da Costa Brasileira 15:15-‐15:30 15:30-‐16:00 16:00-‐16:15 16:15-‐17:00 17:00-‐18:30 17:00-‐17:15 17:15-‐17:30 17:30-‐17:45 ReBentos -‐ Potencialidades e dificuldades de uma Rede de monitoramento de biodiversidade marinha Discussão INTERVALO E CAFÉ PALESTRA -‐ Response of coasts to climate change: considering space and time scales Secretaria Thomas Malone, (U. Maryland, USA) Leila Swerts (MMA) Segen Estefen (COPPE/UFRJ) Tim Moltmann (IMOS, Australia) Moderador: Carlos Garcia (FURG) Moacyr Araújo (UFPE) Carlos Garcia (FURG) Glauber Gonçalves (FURG) Alexander Turra (IO-‐USP) Colin Woodroffe (U.Wollogong, Australia) Mediador: Antônio Klein Moacyr Araújo (UFPE) Eduardo Siegle (USP) MESA 2 -‐ ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO MAR E EVENTOS EXTREMOS: IMPACTOS E VULNERAILIDADES Vulnerabilidade e impactos à elevação do nível do mar na borda leste do Nordeste do Brasil Impactos da elevação do nível do mar em costas controladas por recifes Sistemas sinóticos geradores de eventos extremos de velocidade do vento no sul Arthur Machado do Brasil no período de 1948 à 2012: condições atmosféricas e as consequências (FURG) na zona costeira 17:45-‐18:00 Discussão 18:00-‐18:30 APRESENTAÇÕES ORAIS O efeito do ENOS no Atlântico Tropical e Sul consequências para o clima do Brasil A influência da dinâmica local na variabilidade sazonal da clororofila-‐a no Banco de Abrolhos e Royal-‐Charlotte COQUETEL DE CONFRATERNIZAÇÃO Regina Rodrigues (UFSC) Renato Ghisolfi (UFES) 18:00-‐18:15 18:15-‐18:30 19:00-‐21:00 12 11 DE DEZEMBRO - QUARTA-FEIRA PALESTRA -‐ International Ocean Acidification Observing and Research: an overview with special focus on U.S.-‐led efforts INTERVALO E CAFÉ MESA 3 -‐ A INSERÇÃO DA PESQUISA BRASILEIRA NO CONTEXTO DA ACIDIFICAÇÃO DOS OCEANOS Atividades do Grupo Brasileiro de Pesquisa em Acidificação dos Oceanos (Brazilian Ocean Acidification Research Group -‐ BrOA) Papel da zona costeira brasileira nos fluxos de CO2 mar-‐atmosfera e possíveis efeitos da acidificação PIRATA e INCT-‐AmbTropic: novas redes de observação de CO2 no Atlântico Tropical Estado da arte dos estudos brasileiros sobre acidificação nos oceanos Atlântico Sudoeste e Austral Tendências nas investigações dos impactos da acidificação no crescimento de corais e de algas coralináceas Libby Jewett (NOAA, EUA) 11:30-‐11:45 Discussão 11:45-‐12-‐15 APRESENTAÇÕES ORAIS Fluxo e dinâmica do CO2 inorgânico nos sistemas estuarinos de Caravelas e da Baía de Guanabara Variações biogeofísicas no sistema costeiro da pluma do Rio Amazonas: resultados finais e perspectivas. ALMOÇO PALESTRA -‐ The emergence of Blue Carbon as policy tool for conservation: recent activity and information needs from the science community MESA 4 -‐ REBENTOS E SUB-‐REDE ZONAS COSTEIRAS: OPORTUNIDADES PARA PESQUISAS INTEGRADORAS Dinâmica de Grupos Praias arenosas: a fauna bentônica como indicador da influência de processos hidrodinâmicos e morfológicos em eventos de mudanças climáticas Protocolos de coleta de costões rochosos: teste de hipóteses e monitoramento de longo prazo Protocolo mínimo para o monitoramento dos recifes e ecossistemas coralinos do Brasil expostos às mudanças climáticas Protocolo nacional para caracterização e monitoramento de bancos de rodolitos Benthic communities in estuaries: knowledge gap, vulnerability to climate change and a priority for long-‐term monitoring Fundos submersos vegetados: protocolo mínimo de monitoramento “Antes que Desapareçam” Mudanças Climáticas e Zonas Costeiras: ecossistemas manguezal e marisma frente às mudanças climáticas INTERVALO E CAFÉ Carlos Augusto Silva (UFF) Eduardo Paes (UEPA) 09:00-‐10:00 10:00-‐10:15 10:15-‐10:30 10:30-‐10:45 10:45-‐11:00 11:00-‐11:15 11:15-‐11:30 12:00-‐12:15 11:45-‐12:00 12:30-‐13:30 13:30-‐14:15 14:15-‐18:15 14:30-‐16:00 16:00-‐16:15 16:15-‐18:15 18:15-‐18:30 Mesa 4 – REBENTOS (cont.): Dinâmica de Grupos e Discussão Final Homenagens às Professoras Valéria Veloso e Verônica Genevois (in memorian) Mediador: Rodrigo Kerr (FURG) Rodrigo Kerr (FURG) Letícia Cunha (UERJ) Moacyr Araújo (UFPE) Rosane Ito (FURG) Ruy Kikuchi (UFBA) Stephen Crooks (ESA, USA) Mediador: Alexander Turra Cecília Amaral (UNICAMP) Ricardo Coutinho (IEAPM) Ruy Kikuchi (UFBA) Paulo Horta (UFSC) Ângelo Bernardino (UFES) Margareth Copertino (FURG) Yara S.-‐Novelli (USP) Ilana Zalmon André Esteves 13 12 DE DEZEMBRO - QUINTA-FEIRA 09:00-‐10:15 10:15-‐10:30 APRESENTAÇÕES ORAIS Mudanças na comunidade fitoplanctônica e nas taxas de recrutamento de invertebrados do entremarés durante passagens de sistemas frontais na costa Sudeste do Brasil Current state knowledge of sandy beach and estuarine tidal fauna along Rio de Janeiro coast Macroalgas do Brasil como indicadores de mudanças climáticas: condição atual e possíveis cenários Impactos potenciais de mudanças climáticas na distribuição de pradarias de capim-‐agulha (Halodule wrightii) através do uso de Modelos de Distribuição de Espécies Vulnerabilidade e adaptação de pescadores artesanais com territórios sobrepostos a áreas protegidas marinhas INTERVALO E CAFÉ 10:30-‐12:30 MESA 5 -‐ MODELAGEM DO SISTEMA CLIMÁTICO E ZONA COSTEIRA Mediador: Paulo Calil (FURG) 10:30-‐11:00 O Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre (BESM) no contexto dos modelos do IPCC Paulo Nobre (INPE) 11:00-‐11:15 Modelagem hidrológica de grandes bacias no modelo BESM 11:15-‐11:30 12:00-‐12:30 12:30-‐14:00 Modelagem de processos físicos costeiros Estado da arte dos estudos brasileiros sobre transferência de materiais continente-‐oceano Simulating large marine ecosystem response to interannual climate variability using biogeochemical modeling Discussão ALMOÇO 14:00-‐16:30 MESA 6 -‐ QUAL O FUTURO DA SUB-‐REDE ZONAS COSTEIRAS? 14:00-‐14:15 14:30-‐14:45 Rede CLIMA Fase II: demandas, metas e recursos financeiros Oportunidades de Interação INCT´s-‐MAR e INCT MC-‐Zonas Costeiras na avaliação dos impactos das mudanças climáticas no litoral brasileiro Perspectivas Futuras da ReBentos 14:45-‐15:00 Sub-‐rede Zonas Costeiras: retrospectiva e perspectivas futuras 15:00-‐16:00 Contribuições e Discussão 16:00-‐16:30 INTERVALO E CAFÉ 16:30-‐17:00 17:00-‐17:30 Conclusões e recomendações finais ENCERRAMENTO 09:15-‐09:30 09:00-‐09:15 09:30-‐09:45 09:45-‐10:00 10:00-‐10:15 11:30-‐11:45 11:45-‐12:00 14:15-‐14:30 Áurea M. Ciotti (USP) Philippe Machado (UENF) Paulo Horta (UFSC) Pablo Riul (UFPB) Luiz F. Faraco (ICMBIO/MMA) Luz Adriana Cuartas (INPE) Eduardo Siegle (USP) Francisco J.S. Dias (UFMA) Douglas Gherardi (INPE) Mediador: Carlos Garcia (FURG) Paulo Nobre (INPE) Ruy Kikuchi (UFBA) Alexander Turra Margareth Copertino (FURG) Pesquisadores da ZC e ReBentos Carlos Garcia (FURG) Esta programação está disponível on-line no site do evento www.mudancasclimaticas.zonascosteiras.furg.br/workshop/images/III_WS_Zonas_CosteirasReBentos_-_PROGRAMA%C3%87%C3%83O.pdf. 14 4.3. TRABALHOS APRESENTADOS NA FORMA DE PAINÉIS 1. Metodologia para quantificação de riscos costeiros e projeção de linhas de costa futuras como subsídio para estudos de adaptação das zonas costeiras do litoral norte da Ilha de Santa Catarina e regiões de entorno (Mariela Muler). 2. Regimes probabilísticos de cota de inundação costeira do Brasil – exemplo de aplicação no arco praial Barra da Lagoa-Moçambique, Florianópolis, SC, Brasil (Charline Dalinghaus). 3. Classes granulométricas e indícios de erosão costeira nas praias da costa sul e centro sul de Santa Catarina (Andreoara Deschamps Schmidt). Fluxo e dinâmica do CO2 inorgânico nos sistemas estuarinos de Caravelas e da Baía de Guanabara (Carlos Augusto Ramos e Silva). 4. Photosynthesis and biochemical composition of three Mediterranean macroalgae under a climate change scenario: experimental approach (José B. Barufi). 5. Effect of high CO2 on photosynthesis and biochemistry of calcifying versus non- calcifying seaweeds from Cabo De Gata-Níjar Natural Park (Southern Iberian Peninsula) (Margareth Copertino). 6. Ecophysiological responses of dominant rock-shore macroalgae to changes in light and nutrient supply in Southern Iberian Peninsula (Margareth Copertino). 7. Efeitos das variações de pH, temperatura e nutrientes na ecofisiologia de Lithothamnion crispatum Hauck (Corallinales, Rodophyta) e Sonderophycus capensis (Montagne) M.J. Wynne (Peyssonneliales, Rodophyta): subsídios para o entendimento das mudanças climáticas (Pamela Muñoz). 8. Efeitos da acidificação na estrutura e ultraestrutura foliar de Halodule wrightii (Cymodoceaceae) (Geniane Schneider). 9. Estrutura das comunidades de macroalgas no mesolitoral rochoso da região sul do Atlântico Sul (Karine Mariane Steigleder). 10. Estrutura dos bancos de rodolitos em uma região do litoral norte da Bahia, Brasil (Neilton Argolo Andrade). 11. Estudo da variabilidade espaço-temporal dos parâmetros físicos da água do mar correlacionados com o branqueamento de corais no Oceano Atlântico Sul (Danilo Lisboa). 12. Efeito do aumento da temperatura da água sobre o crescimento dos corais construtores dos recifes da Bahia – estudo experimental com o coral endêmico Mussismilia braziliensis Verrill 1868 (Mariana M. Silva). 13. Efeitos das variações climáticas sobre os recifes de corais da costa leste do Brasil (Ruy K. P. Kikuchi). 15 14. Impacto da acidificação da água do mar sobre a meiofauna de recifes de coral (André M. Esteves). 15. Sazonalidade no recrutamento de Phragmatopoma caudata (Polychaeta: Sabellariidae) em unidade de conservação na costa sudeste do Brasil: pico nas estações chuvosas. (Larisse Faroni-Perez). 16. Alterações climáticas e uso da terra e seus impactos nos manguezais do estuário do rio Jaguaribe-CE (Mario Duarte Pinto Godoy). 17. Brazilian Long Term Ecological Research: lessons learned from long term studies in the Patos Lagoon Estuary and adjacent coast (Margareth Copertino). 18. Análise do balanço de carbono no Litoral Norte de São Paulo, Brasil: cenários futuros para o aquecimento global (Bruna Fatiche Pavani). 19. A Gestão Pública Ambiental em Unidades de Conservação Marinho-Costeira e os efeitos das Mudanças Climáticas: estudo do ecossistema estuarino situado na interface entre a Bacia Hidrográfica do Rio Urussanga e a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca – Santa Catarina (Carlyle Torres Bezerra de Menezes). 20. Incorporação da dimensão climática no ordenamento jurídico brasileiro: análise de caso do estado de São Paulo (Bruno K. Sabbag). 21. Percepções sobre meio ambiente e o mar por interessados em ecoturismo marinho na Área de Proteção Ambiental Marinha de Armação de Búzios, RJ, Brasil (Alexandre de Gusmão Pedrini). 22. Mexilhões: Avaliando e fomentando a participação social conciliada a mitilicultura (Daniel Shimada Brotto). 16 4.4 SÍNTESE DOS TRABALHOS: APRESENTAÇÕES, DISCUSSÕES E RECOMENDAÇÕES Esta seção descreve sinteticamente as palestras proferidas e temas discutidos nas mesas redondas e apresentações orais, destacando as principais perguntas, comentários e recomendações que se seguiram sobre os assuntos. A descrição abaixo foi elaborada a partir da contribuição de diversos pesquisadores e membros da Sub-Rede Zonas Costeiras e da ReBentos, designados como relatores de cada sessão. 4.4.1 PALESTRAS Arranjos e estratégias federais para adaptação das zonas costeiras às Mudanças Climáticas Palestrante: Leila Swerts (MMA) Relator: Alexander Turra (USP) • Reiterou as tendências de mudanças climáticas e definiu os conceitos de mitigação e adaptação. • Relatou eventos extremos ocorridos no Brasil entre 2010 e 1012 (Marengo e Defesa Civil). • Apresentou os marcos legais e institucionais das MCs no governo brasileiro e a estrutura de governança considerando a Comissão Interministerial sobre Mudanças Climáticas e o Grupo de Trabalho em Adaptação. • Mencionou o momento de elaboração do Plano e do Programa Nacional de Adaptação às MCs, e o desenvolvimento e implementação de um sistema de observação, dentre outras ações existentes no PPA 2012-2015. • Necessidade de informação para embaçar as decisões políticas que requerem alto investimento e respostas efetivas. • Informou que o GT-Adaptação está estruturado em recortes temáticos, tendo agenda definida até 2015 e que o PNA já tem sua estrutura e usa estratégia definidas. • Apresentou o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima com linhas de recursos para financiamento de projetos (R$ 15 a 20 milhões/ano) e os projetos fomentados. • Realização do Seminário Internacional de Vulnerabilidade das Zonas Costeiras, 2013, em Porto de Galinhas, com os desafios de acesso a dados, nivelamento de altimetria e batimetria da costa, mas principalmente com a necessidade de criação de projetos estruturantes. 17 • Apresentou a proposta do Sistema de Modelagem Costeira (SMC-Brasil) como uma oportunidade de gestão costeira estadual, com qualificação de gestores públicos e geração de dados em nível federal, com desafios, como necessidade de calibração e de estrutura para compartilhamento dos dados oceanográficos. • Apresentou a proposta da Força Tarefa para Zona Costeira, com composição representativa, para elaborar subsídios para elaboração do PNA e para construir estratégia para o Fundo Clima. • Deixou duas perguntas: 1. Em que o III Workshop pode contribuir para os desafios da discussão de MCs em nível governamental? 2. Em que o governo pode contribuir para a ciência sobre MCs? • Discussão Mencionou o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e o Relatório que traz informações sobre a relação da ciência para MCs. Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas e Hidroviárias (INPOH) Palestrante: Segen Stephen (COPPE/UFRJ) Relator: Alexander Turra (USP) • Apresentou histórico de idealização e criação, em 24 de maio de 2013 com a participação de indivíduos de diferentes regiões e instituições, junto ao governo brasileiro com os objetivos estatutários já definidos, como: • estudos e pesquisas; • suporte técnico e logístico; • infraestrutura embarcada; • geração e compartilhamento de dados; • aprimoramento da indústria nacional; • novos laboratórios; • infraestrutura portuária e hidroviária; • contribuição para formação de recursos humanos; • proposta de criação de uma Organização Social - OS, com maior flexibilidade e agilidade e com vínculo a alguns órgãos governamentais: MEC / M. Defesa / MCTI / MPA / SEP. 18 • Apresentou a estrutura organizacional e a estratégia de operacionalização com quatro (4) centros ao longo do país (Atlântico Sul, Atlântico Tropical, Portos e Hidrovias e Pesca e Aquicultura), com a composição do conselho de administração já definido. • Previsão de Criação de um Conselho Científico. • Informou que está sendo desenvolvido o macroprojeto do INPOH para definição da Agenda Científica e Plano de Implementação considerando áreas temáticas e que as tratativas com a Casa Civil estão sendo feitas para decretação da OS. • Orçamento estimado para 2013: R$ 40 milhões. • Discussão • Por que o MMA e o MME não estão contemplados e por que a temática da energia renovável não foi destacada? • Qual a prioridade do INPOH? • Como será a fonte orçamentária do INPOH? 4.4.2 MESA REDONDA MESA 6 - QUAL O FUTURO DA SUB-REDE ZONAS COSTEIRAS? Rede CLIMA, Etapa II: Objetivos, Metas e Recursos Palestrante: Paulo Nobre (INPE) Relator: Paulo Horta (UFSC) • Demandas internacionais levaram a criação da rede. • Por uma questão de soberania nacional e dos impactos locais dos processos locais, devíamos produzir subsídios para ações relacionadas às previsões, mitigação, remediação e aclimatação. Para isso foram criadas 10 e hoje são 15 redes tratando de mudanças climáticas. • A percepção de valor da sociedade foi fundamental para criação e manutenção da rede. • A rede não é institucional, é uma rede de pesquisadores! • A rede está fundamentada em pesquisadores. • Trabalhos temáticos seriam o foco da nova fase envolvendo diferentes sub-redes: • segurança energética e hídrica; • alimento; • água; 19 • questões humanas. • Qual o futuro das megacidades (conceito de finitude relacionada à dimensão humana). • Impacto das MCs na biodiversidade. • Tropicalizar os indicadores mundiais. • Modelagem ecossistêmica do planeta. • Proposta de modelagem integrada oceanos – continente. • Englobando biogeoquímica e física. • Esforços de transversalidade, neste caso os alunos são fundamentais por proporcionarem a mobilidade ao sistema. • Os processos que são únicos devem ser representados na questão das MCs globais. • A percepção de que a AM é de relevância mundial é de mais de 30 anos. • A importância das zonas costeiras é ainda desconhecida ou subestimada. Oportunidades de Interação INCT´s-MAR e INCT MC- Zonas Costeiras na avaliação dos impactos das mudanças climáticas no litoral brasileiro Palestrante: Ruy Kikuchi (UFBA) Relator: Paulo Horta (UFSC) § Padrões dos ambientes tropicais vs mudanças climáticas § Organismos chaves que estruturam o ambiente estão sujeitos a variações de fatores como as variações de salinidade. § INCT: § zona costeira; § plataforma continental; § oceano; § biotecnologia, genômica e proteômica; § as linhas estão dispersas em diferentes instituições do nordeste. § INCT + ReBentos + BrOA: § ambientes costeiros e ilhas oceânicas; § recifes; § estuários; § marcadores ambientais; § ambiente pelágicos; 20 § conectividade genética. Perspectivas Futuras da ReBentos Palestrante: Alexander Turra (USP) Relator: Paulo Horta (UFSC) • Perspectiva futura da ReBentos: • além de haver desejo de continuidade e existem pessoas dispostas a promover essa continuidade; • executar protocolos; • reuniões de capacitação; • interação entre grupos; • captação de recursos; • divulgação em educação ambiental; • bancos de dados; • estruturação das equipes; • realizar experimentos; • otimizar os recursos. • ReBentos – metas originais: • todas as metas originais foram atingidas ou estão em vias de... • ReBentos - estratégias complementares: • PELDs novos e existentes; • sítios específicos/habitats (p. ex. range shifts); • experimentos; • modelagem. • ReBentos – próximos passos e sugestões: • capacitação; • ações estruturantes; • fomento de longa duração; • caracterização da linha de costa e previsão de mudanças; • infraestrutura para experimentação biológica; • interação entre abordagens física e biológica. 21 • Sugestões - ReBentos: • integração entre abordagens biológicas e físicas; • criação de um grupo de trabalho transversal; • assumir o compromisso orçamentário; • encontros regulares; • capacitação em MCs, sensoriamento remoto; • Grupo de EA…utilizando novas abordagens; • INCTs – MAR, SISBIOTA – MAR...RedeMar? • Terceira Conferencia Internacional sobre mudanças climáticas no oceano. Sub-rede Zonas Costeiras dentro do INCT-MC & Rede CLIMA: memória e planos futuros Palestrante: Margareth Copertino (FURG) Relator: Paulo Horta (UFSC) • Os objetivos puderam ser atingidos. Avaliar o estado do conhecimento, identificar deficiências...conseguimos grande avanços. • Estamos em falta na proposição de ações…. • WS…os primeiros documentos produzidos pelo grupo foi sistematizado no volume da PANANJAS. • Bases iniciais para a previsão da avaliação dos impactos da Rebentos. • Segundo WS...INCTs do Mar participaram de discussões sobre as possibilidades de relações. • Surge aí as bases para a solicitação do SIMCOsta. • BrOA…Brazilian Ocean Acidification Research Group. • Os avanços atuais - 23 trabalhos, dos quais 20 tratavam de MCs. • Produção de uma Declaração de Florianópolis, que seja um sumário para guiar termos de referências para políticas públicas de fomento de estudos relacionados às MCs. Contribuições Relator: Paulo Horta (UFSC) • Porque não temos uma participação mais intensa da comunidade acadêmica? 22 • RedeMar….cumprirá o papel caso tenhamos a criação ou o aproveitamento de legislação existente. • Identifica-se um acúmulo de projetos em pesquisadores senors....Devemos expandir para podermos ser mais eficientes no processo de formação de pessoas que possam interagir mais inclusive internacionalmente. • O grande nó que temos são recursos humanos de qualidade...motivação....informação.....para termos expansão adequada a nossa zona costeira. • Banco de dados...devemos rever nossos comportamentos uma vez que estas informações são obtidas com recursos públicos. O INPOH deveria centralizar isso. Banco de dados Alemão PANGEA...representa exemplo de como depositar dados em bancos públicos....os dados passam a ser produto e deve atrair para termos produção de séries temporais. • Infraestrutura centralizada de experimentação em área marinha...centros de experimentação para que possamos otimizar a utilização de recursos. • DOI no número especial para auxiliar citação e divulgação..... • O INCT MCs – Rede Clima continua. • Desafio para formar pessoas (criação da Embrapa e enviou pessoas para o exterior assim como no modelo espacial). • O desafio para as MCs são as crianças....traduzir a informação para uma linguagem que todos possam entender! Temos que nos voltar para a questão da formação...temos que nos tornar contadores de história...a Rede Clima de comunicação se confunde com a sub-rede de Educação. • Existe um grupo de educação! • Devemos encontrar grupos que facilitem o envolvimento das crianças com os oceanos...não percebemos os oceanos como fonte de vida e que estes são frágeis. • Precisamos de jovens pesquisadores....para liderar a REDEMAR ou INCT MAR....evitando fragmentação. • Estratégias de engajamentos já existem...cada membro pode se dedicar local ou regionalmente. • Gestão de projetos demandam de auxiliares de gestão. • Novos aportes de recursos serão direcionados aos grandes temas...identificando interações com as três linhas básicas... • Devemos sair de nossa zona de conforto...a rede clima estará estimulando que os projetos temáticos se desloquem para outras sub-redes. 23 5. AVALIAÇÃO DO EVENTO O III Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras, promovido pela Sub-Rede Zonas Costeiras da Rede CLIMA & INCT para Mudanças Climáticas, alcançou plenamente os objetivos e metas propostos. O evento teve a representação de doze (12) instituições nacionais e cinco (5) internacionais, destacando-se a presença de pesquisadores de outras Sub-Redes da Rede CLIMA & INCT para Mudanças Climáticas (Oceanos, Urbanização e Megacidades) e dos recém-formados INCT´s do Mar. Comparativamente ao I Workshop, realizado na cidade de Rio Grande (RS) em setembro de 2009, obtivemos um aumento do número de participantes, de trabalhos submetidos e um avanço nas discussões sobre as pesquisas relacionadas com mudanças climáticas. Dentre os principais resultados alcançados pela realização do III Workshop destacam-se a: 1) apresentação das atividades da ReBentos aos participantes da Sub-Rede Zonas Costeiras; 2) interação entre a ReBentos (grupo que possui caráter essencialmente biológico) e os demais grupos de pesquisa da Sub-Rede Zonas Costeiras, como a física e geológica; 3) definição de estratégias de atuação para os próximos anos, entre os diferentes grupos temáticos da ReBentos; 4) mesas direcionadas para formação de Grupos de Trabalhos (GT´s), constituídos durante o Workshop, para formular recomendações e propor ações futuras para a continuidade das pesquisas sobre Mudanças Climáticas no Brasil e sobre os trabalhos da Sub-Rede Zonas Costeiras; 5) apresentação do grupo brasileiro de pesquisa em acidificação dos oceanos (Brazilian Ocean Acidification Research Group - BrOA); 6) discussão sobre o Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas e Hidroviárias – INPOH e; 7) elaboração da Declaração de Florianópolis, com recomendações para a sociedade e governantes em geral. Com base nos resultados dos trabalhos e discussões realizadas, esta carta focará em recomendações científicas e políticas, para promover o estudo e conservação dos ecossistemas costeiros e seu patrimônio ambiental (ecológico, social e econômico), frente aos cenários das mudanças climáticas e impactos antropogênicos diversos. Através das apresentações realizadas durante as mesas redondas e dos trabalhos em painéis, observou-se avanços consideráveis dentro dos projetos e grupos de pesquisa, nos mais diversos temas. Neste aspecto, podemos destacar os seguintes impactos e progressos da SubRede Zonas Costeiras desde 2009: 1) Avaliações e estudos de caso sobre as características geomorfológicas, litológicas e dinâmicas de diversas regiões e localidades da costa brasileira, com implicações sobre as 24 previsões de elevação do nível do mar, mudanças no clima de ondas e impactos de eventos extremos; 2) Enfoques metodológicos e aplicações de modelos preditivos para avaliar vulnerabilidades da linha da costa em regiões do Brasil (litorais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Bahia); 3) Aplicações e produtos da modelagem oceânica dentro dos estudos de impactos da elevação do nível do mar e de eventos extremos; 4) Variabilidade climática global e regional (modos climáticos) e seus efeitos sobre a Corrente do Brasil e sobre os grandes ecossistemas marinhos; 5) Estudos preliminares sobre processos biogeofísicos e biogeoquímicos e suas relações com o seqüestro de carbono em áreas costeiras do Brasil, incluindo áreas vegetadas e plumas de grandes rios; 6) Avanços no monitoramento e estudos em corais de recife, incluindo projetos com experimentação de campo e laboratório, para testar os impactos da elevação da temperatura e acidificação dos oceanos sobre estes ambientes; 7) Avanços nas pesquisas sobre vulnerabilidade das macroalgas aos impactos da urbanização e mudanças climáticas, incluindo observações de campo e experimentos de laboratório testando os efeitos de incremento de nutrientes, acidificação e aumento da precipitação; 8) Avanço nos estudos sobre sócio-economia pesqueira e sobre a vulnerabilidade sócioambiental das comunidades de pescadores em regiões estuarinas do Brasil; 9) Projetos em colaborações com instituições e grupos de pesquisa internacionais, nos mais diversos temas da área de mudanças climáticas em zonas costeiras e marinhas; 10) Diversos projetos de pesquisa aprovados em editais do CNPq e FAP´s, por pesquisadores da Sub-rede Zonas Costeiras, com temas relacionados com mudanças climáticas, incluindo a formação de redes de pesquisa e monitoramento. Destaca-se neste aspecto a formação da Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos). A exposição de novos temas e abordagens por palestrantes internacionais contribuiu de maneira significativa para estimular o debate sobre mudanças climáticas, assim como para realizar reflexões sobre o nível de conhecimento e sobre a situação das pesquisas no Brasil. Novas propostas e possibilidades foram discutidas entre os participantes, incluindo pesquisas em colaboração com pesquisadores internacionais que estiveram presentes no Workshop. O palestrante convidado Thomas Malone possui grande experiência em redes de pesquisa e monitoramento e programas internacionais de observação costeira. Dr. Malone trouxe grandes contribuições ao evento e para a Sub-Rede Zonas Costeira, tendo participado ativamente durante 25 todo o Workshop, contribuindo com Grupo de Trabalho focado na criação de um sistema observacional para a costa brasileira. Ressalta-se ainda a interação entre coordenadores e membros dos INCT´s do Mar e das Sub-Redes Zonas Costeiras e Oceanos do INCT para Mudanças Climáticas, como uma oportunidade única de apresentação comparativa e interativa, com discussões fomentadas pelos coordenadores destes grupos e pelos representantes da comunidade científica ali presente. Estes programas apresentaram suas propostas e suas interfaces com o tema Mudanças Climáticas, sugerindo uma maior interação dos INCTs com o CNPq para que os processos de criação de Editais sejam mais desburocratizados e flexíveis aos pesquisadores. Os pesquisadores devem ampliar sua visão para uma questão político-estratégica e não apenas científica. Destaca-se a proposta de criação de um comitê gestor dos INCTs (INCT 6+) visando à integração das diversas iniciativas dos INCTs. Grupos de trabalho avançaram em recomendações sobre a formação de recursos humanos, geral e específica, na área de mudanças climática. Para isto se discutiram os públicos alvos, objetivos desta formação e as estratégias que poderiam ser utilizadas através dos cursos de Pós-Graduação, disciplinas de graduação, cursos à distância, para gestores, além de professores e estudantes de diversos níveis escolares. A Rebentos realizou seu II Workshop durante o evento, para integração das equipes, definição dos objetivos, metas e discussão de protocolos metodológicos de cada GT. A ReBentos está em fase de elaboração de sínteses do conhecimento para cada ambiente, definição e teste de protocolos de monitoramento que serão iniciados em 2014. Finalmente, o III Workshop trouxe avanços e contribuições em termos de divulgação científica do material apresentado durante o evento. O Workshop foi filmado na íntegra por grupo de jornalismo científico e técnicos de som e imagem. Vídeos das palestras estão disponíveis na página do evento para toda a comunidade, juntamente com os slides das apresentações. Slides dos trabalhos em painéis também podem ser acessados na página. O grupo de jornalismo científico estará analisando e utilizando os vídeos e slides das apresentações para suas pesquisas e elaboração de material especializado, focados na divulgação científica sobre mudanças climáticas no Brasil. O site do III Workshop, localizado dentro do portal Mudanças Climáticas Zonas Costeiras, é fonte de documentos base do grupo e disponibiliza informações detalhadas e de fácil acesso sobre as palestras e apresentações do III Workshop, além de dar acesso a informações e documentos da Sub-Rede Zonas Costeiras. 26 Portanto, podemos concluir que a realização das três (3) edições do Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras tem impulsionado as pesquisas sobre mudanças climáticas no Brasil. 27 6. MÍDIA E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA Em termos de divulgação científica, Três (3) matérias sobre o Workshop foram divulgadas na página do evento (www.mudancasclimaticas.zonascosteiras.furg.br/index.php?lang=pt- Fig. 1), no site do Instituto Carbono Brasil (http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias6/noticia=735987 – Fig 2 e 3) e no site da Rede CLIMA – Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (http://redeclima.ccst.inpe.br/index.php/noticias/iii-workshop-brasileiro-de-mudancas- climaticas-em-zonas-costeiras/ - Fig 4). Fig. 1. Matéria sobre o III Workshop disponível na página do evento. Fig. 2. Matéria sobre o III Workshop disponível na página do Instituto Carbono Brasil. 28 Fig. 3. Matéria sobre o III Workshop disponível na página do Instituto Carbono Brasil. Fig. 4. Matéria sobre o III Workshop disponível na página da Rede Clima. 29 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bijlsma L., Ehler C.N., Klein R.J.T., Kulshrestha S.M., McLean R.F., Mimura N., Nicholls R.J., Nurse L.A., Perea Nieto H., Stakhiv E.Z., Turner R.K., Warrick R.A., 1996. Coastal zones and small islands. In: Watson, R.T., Zinyowera, M.C., Moss, R.H. (Ed.), Climate Change 1995 – Impacts, Adaptations, and Mitigation of Climate Change: Scientific-Technical Analyses. Contribution of working group II to the Second Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, Cambridge University Press, Cambridge, NY, pp. 289–324. Bindoff , N., Willebrand J., Artale V., Cazenave A., Gregory J., Gulev S., Hanawa K., Quéré C., Co-authoers 2007. Observations: Oceanic climate change and sea level. Climate Change 2007: The Physical Science Baseis. Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovermmental Panel on Climate Change, Cambridge University Press, Cambridge, 385-342. Christian, R. R. 2005.Beyond the Mediterranean to global observations of coastal lagoons.Hydrobiologia 550:1–8. Chu C., Mandrak N.E., Minns C.K. 2005. Potential impacts of climate change on the distributions of several common and rare freshwater fishes in Canada. Divers. Distrib., 11: 299310. Ciotti A.M., Odebrecht C., Fillmann G., Möller Jr., O.O. 1995. Freshwater outflow and Subtropical Convergence influence on phytoplankton biomass on the southern Brazilian continental shelf. Continental Shelf Research, 15(14): 1737-1756. Clark, J. S., Carpenter, S., Barber, M, Collins, S., Dobson, A. Foley, J. A., Lodge, D. M., Pascual, M., Pielke, R. Jr., Pizer, W., Pringle, C., Reid, W. V., Rose, K A., Sala, O. Schlesinger, W. H., Wall, D. H and Wear, D. 2001. Ecological forecasts, an emerging imperative.Science 293:657–660. Copertino M., Garcia A. M., Velasco G. (Eds). 2010. Special Issue Climate Changes and Brazilian Coastal Zones. PanamJAS 5(2). 195 pp Costa, M. B. S. F., Mallmann, D. L. B., Pontes, P. M. & Araujo, M. 2010. Vulnerability and impacts related to the rising sea level in the Metropolitan Center of Recife, Northeast Brazil. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 5(2): 341-349. Faraco, L. F. D., Andriguetto-Filho, J. M. & Lana, P. C. 2010. A methodology for assessing the vulnerability of mangroves and fisherfolk to climate change. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 5(2): 205-223. Froneman P.W. 2006. The importance of phytoplankton size in mediating trophic interactions within the plankton of a southern African estuary. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 70 (4): 693-700. Garcia C. A. E., Nobre, C. 2010. Foreword. In: Special Issue Climate Changes and Brazilian Coastal Zones. PanamJAS 5(2). PanamJAS 5(2). 30 Huisman J., Sharples J., Stroom J.M., Visser P.M., Kardinaal W.E.A., Verspagen J.M.H., Sommeijer B., 2004. Changes in turbulent mixing shift competition for light between phytoplankton species. Ecology 85:11, 2960. INCT for Climate Changes 2010 - Rede CLIMA. 2009. Relatório de atividades. Disponível em www.dpi.inpe.br/~gustavor/redeclima/relatorio_rede_clima_julho09.pdf. Kling J., Hayhoe K., Johnsoin L.B., Magnuson J.J., Polasky S., Robinson S.K,. Shuter B.J., Wander M.M., Wuebbles D.J., Zak D.R. 2003. Confronting Climate Change in the Great Lakes Region: Impacts on our Communities and Ecosystems. Union of Concerned Scientists and the Ecological Society ofAmerica, Cambridge, Massachusetts andWashington, District of Columbia, 92 pp. Lemos, A. T. & Ghisolfi, R. D. 2010. Long-term mean sea level measurements along the Brazilian coast: a preliminary assessment. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 5(2): 331340. Möller O.O., Casting P., Salomon J.C., Lazure P. 2001. The Influence of Local and Non-Local Forcing Effects on the Subtidal Circulation of Patos Lagoon. Estuaries 24:297-311. Möller, O.O., Castello, J.P. & Vaz, A.C. 2009.The effect of river discharge and winds on the interannual variability of the pink shrimp Farfantepenaeus paulensis production in Patos Lagoon. Estuaries and Coasts, doi.org/10.1007/s12237-009-9168-6. Moss B., Mckee D., Atkinson D. S., Collings E., Eaton J. W., Gill B. ,Harvey I., Hatton K. , Heyes T., Wilson D. 2003. How important is climate? Effects of warming, nutrient addition and fish on phytoplankton in shallow lake microcosms. Journal of Applied Ecology, 40: 782–792 Muehe, D. Brazilian coastal vulnerability.Pan-American Journal of Aquatic Sciences.5(2): 173183. 2010. Nicolodi, J. L. & Petermann, R. M. 2010. Potential vulnerability of the Brazilian coastal zone in its environmental, social, and technological aspects. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 5(2): 184-204. Schroeder F & Castello JP. 2010. An essay on the potential effects of climate change on fisheries in Patos Lagoon, Brazil. Pan-American Journal of Aquatic Sciences.5(2):323-335. Trenberth K.E., Jones P.D., Ambenje P.G., Bojariu R., Easterling D.R., Klein Tank A.M.G., Parker D.E., Renwick J.A., Co-authoers 2007. Surface and atmospheric climate change. Climate Change 2007: The Physical Science Baseis. Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovermmental Panel on Climate Change, Cambridge University Press, Cambridge 235-336. Walters B.B., Rönnbäck P., Kovacs J.M., Crona B., Hussain S.A., Badola R., Primavera J.H., Barbier E., Dahdouh-Guebas F. 2008. Ethnobiology, socio-economics and management of mangrove forests: A review. Aquatic botany 89: 220-236. Winder M., Schindler D.E. 2004. Climatic effects on the phenology of lake processes. Global Change Biol., 10, 1844-1856. 31 8. ANEXOS 8.1 ANEXO I: RESUMOS 8.1.1 PALESTRAS CLIMATE CHANGE, INFORMATION NEEDS SUSTAINABLE DEVELOPMENT AND COASTAL Thomas C. Malone* Horn Point Laboratory, University of Maryland Center for Environmental Science [email protected] Sustainable development depends on maintaining ecosystem services which are concentrated in coastal marine and estuarine ecosystems. Analyses of the science needed to manage human uses of ecosystem services have concentrated on terrestrial ecosystems. My focus today is on the provision of multidisciplinary data needed to inform adaptive, ecosystem-based approaches (EBAs) for maintaining coastal ecosystem services based on comparative ecosystem analyses. Key indicators of pressures on coastal ecosystems, ecosystem states and the impacts of changes in states on services are identified for monitoring and analysis at a global coastal network of sentinel sites nested in the ocean-climate observing system. Biodiversity is targeted as the “master” indicator because of its importance to a broad spectrum of services. Ultimately, successful implementation of EBAs will depend on establishing integrated, holistic approaches to ocean governance that oversee the development of an integrated, operational ocean observing system based on the data and information requirements specified by a broad spectrum of stakeholders for sustainable development. However, sustained engagement of such a diversity of stakeholders on a global scale is not feasible. The global coastal network will need to be customized locally and regionally based on priorities established by stakeholders in their respective regions. The E.U. Marine Strategy Framework Directive and the U.S. Recommendations of the Interagency Ocean Policy Task Force are important examples of emerging regional scale approaches. The effectiveness of these policies will depend on the coevolution of ocean policy and the observing system under the auspices of integrated ocean governance. * Ph.D. in biological oceanography from Stanford University in 1971. His research expertise is in the dynamics of coastal marine and estuarine ecosystems, phytoplankton ecology, ocean observing systems and marine policy. Published extensively on size dependent phytoplankton dynamics in oceanic and coastal ecosystems, coastal eutrophication, ecosystem health, and marine policy. Over the last 10 years he has dedicated himself to the design and implementation of a globally integrated coastal ocean observing system that will provide data and information required for sustainable development. 32 INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS OCEÂNICAS E HIDROVIÁRIAS - INPOH Segen F. Estefen* COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro [email protected] O Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas e Hidroviárias – INPOH, irá se estruturar com base em 4 Centros de Pesquisa: 1) Centro de Oceanografia do Atlântico Sul, 2) Centro de Oceanografia do Atlântico Tropical, 3) Centro de Portos e Hidrovias e 4) Centro de Pesquisa Marinha em Pesca e Aquicultura. Os objetivos estratégicos do INPOH podem ser resumidos em: I. Promover e realizar estudos, pesquisas e desenvolvimento, inovação e outras atividades de interesse público nas áreas de oceanografia física, química, biológica e geológica; interação oceano-atmosfera; pesca e aqüicultura marinha; hidráulica fluvial e portuária; engenharia costeira e submarina; instrumentação; energia dos oceanos e biodiversidade marinha e costeira. II. Expandir a base de conhecimento sobre os oceanos, seu uso sustentável e sua influência nas mudanças climáticas, com ênfase para o Oceano Atlântico Sul e Tropical. III. Promover a inovação pela articulação da comunidade científica e tecnológica com empresas e pela indução de novas empresas de base tecnológica nas áreas de atuação do INPOH. IV. Manter, ampliar e modernizar a infraestrutura laboratorial e embarcada de apoio às atividades nas áreas de atuação do INPOH. V. Implantar laboratórios e centros de pesquisa, de forma independente ou em cooperação com instituições públicas ou privadas, para o avanço do conhecimento nas áreas de atuação do INPOH. VI. Contribuir para a formação de recursos humanos e difusão do conhecimento científico e tecnológico nas áreas de atuação do INPOH. O INPOH irá se constituir como Organização Social, visando a interação com os Ministérios afins, tais como Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Supervisor do Contrato de Gestão), Ministério da Defesa, Ministério da Educação e Secretária Especial dos Portos. * Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Juiz de Fora, M.Sc. em Engenharia Oceânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e PhD Structural Engineering - Imperial College of Science, Technology and Medicine, London (1984). Pós-doutorado na Norwegian University of Science and Technology (1991-92). Professor Titular de Estruturas Oceânicas e Tecnologia Submarina - COPPE/UFRJ. Atua em pesquisas referentes às estruturas de navios e plataformas oceânicas, tecnologias de águas profundas e energia dos oceanos. Membro do Standing Committee do International Ship&Offshore Structures Congress e membro do Comitê Consultivo da OOAE Division da American Society of Mechanical Engineers (ASME). Lidera o Grupo de Energia dos Oceanos da COPPE, tendo coordenado o capítulo Ocean Energy do IPCC Special Report on Renewable Energy, publicado pela Cambridge University Press em 2012. Atualmente é Diretor de Tecnologia e Inovação da COPPE/UFRJ. 33 AUSTRALIA’S INTEGRATED MARINE OBSERVING SYSTEM (IMOS) Tim Moltmann* Integrated Marine Observing System, University of Tasmania, Hobart, Australia [email protected] Australia is a ‘marine nation’, with the third largest ocean territory on the planet. Its climate and weather is strongly influenced by the ocean, significant wealth is generated from marine industries, marine biodiversity ranges from tropical reef systems to marine mammal colonies in the Southern Ocean, and most of its population lives in highly urbanised centres along a narrow coastal strip. These factors combine to create the need for national, collaborative approach to systematic and sustained observation of Australian marine environment. The Integrated Marine Observing System (IMOS) is funded by the Australian Government to deliver data-streams from the oceans around Australia to support marine and climate research. It is integrated from the open ocean onto the continental shelf and into the coast. And it is integrated across physical, chemical, and biological variables. IMOS has successfully deployed a range of state-of-the-art observing equipment, making all of the data freely and openly available through the IMOS Ocean Portal (http://imos.aodn.org.au/). IMOS is guided by a series of science Nodes - an open ocean Node, and five regional Nodes that cover Australia’s continental shelf and coastal oceans. These Nodes provide focal points for the marine and climate community and stakeholders to come together and identify science priorities and observational requirements, which are based around five major themes of research; multi-decadal ocean change, climate variability and weather extremes, major boundary currents and inter-basin flows, continental shelf and coastal process, and ecosystem responses. The observations are delivered by a suite of technology-based Facilities, operated by multiple institutions from across the nation. There are ten Facilities that collect the observations and deliver the data required to meet the scientific objectives of the Nodes. A separate Marine Information facility enables discovery, access, use and reuse of all IMOS data. For more information visit www.imos.org.au. * Director of Australia’s Integrated Marine Observing System (IMOS), based at the University of Tasmania in Hobart. In this role he is responsible for planning and implementation of a $250M national, collaborative research infrastructure program, which is deploying a wide range of observing equipment in the oceans around Australia and making all of the data openly available to the marine and climate science community and its stakeholders. He is a highly experienced Australian research leader, having worked at the Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO) for over 10 years, rising to be Deputy Chief of the Marine & Atmospheric Research Division based in Hobart. He has a particular interest in research infrastructure, and has played a lead role in major national projects relating to large research vessels, and national marine information infrastructure. His international engagements include being Australia’s representative on the Indian Ocean Resources Forum, and a member of the International Science Advisory Board for Ocean Networks Canada. He has sat on the boards and management committees of a number of cooperative research centres and research joint ventures. He has worked in primary industries and fisheries at State Government level, and has extensive experience in private industry. 34 RESPONSE OF COASTS TO SEA-LEVEL RISE: A CONSIDERATION OF SPATIAL AND TEMPORAL SCALES Colin D. Woodroffe* School of Earth and Environmental Sciences, University of Wollongong, NSW 2522, Australia [email protected] Sea-level rise threatens to exacerbate the impact of coastal hazards, requiring adaptation on the most vulnerable shorelines. Important lessons about the response of coastlines to changes of sea level can be learnt from examining past behaviour at different temporal and spatial scales. Coastal sediments of Quaternary age have been studied in order to reconstruct sea-level changes over past millennia, but it is only in recent decades that this research has been extended to interpret coastal behaviour. Stratigraphical and chronological studies which focus on the elevation of the sea surface in the past can also provide insights into how coastal landforms have behaved. If the present is the key to the past, then the past, seen from the context of the present, can be a guide to the future. Relative sea level during the Holocene varied geographically, and a single ‘eustatic’ trend has proved elusive; similarly observed and anticipated future sea-level changes will also vary spatially. Different coasts will respond differently and models of coastal change need to be developed to replace simplistic heuristics of coastal response, such as the Bruun rule. Simulation modelling offers a suite of tools that may give coastal managers guidance, but geoscientists have struggled to validate these behavioural models, having a better understanding of coastal behaviour at millennial time scales, and in process time, than about how coasts change on decadal to century time scales. * He is a coastal geomorphologist in the School of Earth and Environmental Sciences at the University of Wollongong. He has a PhD and ScD from the University of Cambridge, and was a lead author on the coastal chapter in the 2007 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) Fourth Assessment report. He has studied the stratigraphy and development of coasts in Australia and New Zealand, as well as on islands in the West Indies, and Indian and Pacific Oceans. He has written a comprehensive book on Coasts, form, process and evolution, coauthored a book on The Coast of Australia, and is co-author of a forthcoming book Quaternary Sea-Level Changes: a global perspective. 35 INTERNATIONAL OCEAN ACIDIFICATION OBSERVING AND RESEARCH: AN OVERVIEW WITH SPECIAL FOCUS ON U.S.-LED EFFORTS Libby Jewett* National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), USA [email protected] Efforts to monitor both the changing ocean chemistry but also the impacts of this change on marine ecosystems, as a result of ocean acidification, are expanding around the world. However, many countries are economically challenged which means that we need to seek out coordinated opportunities among countries wherever possible. This presentation will given basic details about the current understanding of open water versus coastal acidification, provide some details about research and monitoring happening around the world, and give an update on the structure of the Global Ocean Acidification Observing Network and the requirements for participation. Additionally, an overview of the US carbon and ocean acidification monitoring and research portfolio as led by the US National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) will follow. This portfolio includes monitoring via ship cruises, volunteer ship observing and moorings, experimental and field research into the impacts of future pCO2 levels on marine species, development of forecasting models and synthesis products, and education and outreach. This presentation can hopefully lead to a fruitful discussion of shared interests and potential for collaboration. * Director of the NOAA Ocean Acidification Program. A founding member of NOAA's Ocean Acidification Steering Committee, she led NOAA-wide meetings of scientists and policymakers to conceive and develop NOAA's first comprehensive ocean acidification research plan. Chair of the ocean acidification interagency working group (OA-IWG) where she has helped develop an ocean acidification strategic research plan for the U.S. Co-chair of the Executive Council of the newly formed Global Ocean Acidification Observing Network. Ph.D. in Biology with a focus on Marine Ecology at the University of Maryland, a Master of Public Policy at Harvard University's Kennedy School of Government, and a B.A. at Yale University. 36 THE EMERGENCE OF BLUE CARBON AS POLICY TOOL FOR CONSERVATION: RECENT ACTIVITY AND INFORMATION NEEDS FROM THE SCIENCE COMMUNITY Stephen Crooks* Environmental Science Associates, [email protected] USA The concept of coastal blue carbon raises awareness as to the role of coastal wetland system, particularly mangroves, tidal marshes and seagrass meadows, in the global carbon cycle. Often an extension of terrestrial forests and peatlands into the marine edge, these ecosystems were, until recently, discounted as irrelevant in discussions on climate change management. It is now recognized that the emissions resulting from conversion and degradation of these ecosystems, particularly from soil carbon losses, are at a level that may be significant. This connection to climate change has raised interest by the conservation community, curious as to whether climate change mitigation activities, and possibly financing, can advance sustainable management practices and adaptation in coastal settings. A number of recent activities have advanced the discussion on, and analysis of, blue carbon. The IPCC has just adopted guidelines for the accounting of GHG emissions and removals associated with management of wetlands. (http://www.ipcc-nggip.iges.or.jp/home/wetlands.html). This document includes guidance on accounting for emissions for activities that drain or rewet wetland areas, and for coastal wetlands guidance on emissions associated with mangrove clearing, soil extraction, aquaculture, and drainage and wetland restoration. In the voluntary carbon market, the Verified Carbon Standard now recognizes Wetlands Restoration and Conservation as an eligible activity for which carbon credits may be connected. The science literature is expanding. The international Blue Carbon Initiative (http://thebluecarboninitiative.org) provides a coordinate platform for networking and dissemination of evolving science with support for national and international policy development. A number of Blue Carbon coordinated national activities are developing, including national efforts in Abu Dhabi, Australia, Indonesia, Costa Rica, and the United States. Coordinated science in Brazil would greatly support policy development for management of coastal carbon reserves and aid the application of national accounting for GHG emissions and removals for human activities in coastal wetlands. * Sedimentologist, estuarine and wetland scientist, and their response to human impacts and climate change. His work quantifying the carbon budgets of coastal wetlands forms the basis of several reports and a panel event at the unfccc-cop 16. Post-doctoral research fellowship (university of east anglia), working with policy analysts and economists, integrating wetland into climate change mitigation and adaptation approaches. Director of climate change services leads projects related to wetland restoration feasibility assessment and design, assessment of landscape response to sea level rise, guidance on the development of wetlands restoration offset protocols, and climate change adaptation planning. Technical leader in developing approaches for sustainable coastal management, including: applied approaches for climate change adaptation; mitigation of human impacts; and integrating of project, landscape level planning and wetlands restoration design. Interested in: 1) connecting expertise and building networks to develop innovative solutions; 2) applied research and policy guidance; 3) assisting companies achieve sustainability goals; 4) international projects that provide local capacity building; and 5) public outreach and shared learning. 37 8.1.2 MESAS REDONDAS MESA 1 - SISTEMAS OBSERVACIONAIS DOS OCEANOS E ZONAS COSTEIRAS THE PIRATA PROGRAM Moacyr Araujo1,*, Bernard Bourlès2, Edmo Campos3, Fabrice Hernandez4, Herve Giordanni5, Michael J. MacPhaden6, Paulo Nobre7, Ramalingam Saravanan8 e Rick Lumpkin6 1 DOCEAN/CEERMA, Universidade Federal de Pernambuco LEGOS, France 3 Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo 4 MERCATOR-Ocean, France 5 CNRM-MeteoFrance, France 6 NOAA, USA 7 CPTEC-INPE 8 TAMU, USA * [email protected] 2 The Prediction and Research Moored Array in the Atlantic (PIRATA) is a program designed to study ocean-atmosphere interactions in the tropical Atlantic that affect regional climate variability on seasonal, interannual and longer time scales. The array was originally developed in the mid-1990s and has undergone expansions and enhancements since 2005 to improve its utility for describing, understanding, and predicting societally relevant climate fluctuations. PIRATA has been implemented through multi-national cooperation in support of CLIVAR, GOOS, GCOS, and GEOSS. Financial, technical and logistic supports are provided by France (IRD in collaboration with Meteo-France, CNRS and IFREMER), Brazil (INPE and DHN) and the USA (NOAA). The configuration of the original 12 PIRATA buoys (Servain et al., 1998) was chosen to resolve the two main modes of tropical Atlantic climate variability: the equatorial mode and the meridional mode (Zebiak, 1993; Chang et al., 1997). Three extensions (in the Southwest, the Northeast, and the Southeast) were initiated in 2005. Data are freely available for research and operational applications via the World Wide Web and the Global Telecommunications System (GTS). PIRATA provides free, open, and timely access to data relevant to tropical Atlantic climate studies. PIRATA places high priority on high-resolution time series measurements collected by a network of Autonomous Temperature Line Acquisition System (ATLAS) moored buoys. ATLAS measure surface meteorological variables (wind direction and speed, air temperature and humidity, rainfall and solar radiation) and oceanic properties between the surface and 500 m. PIRATA mooring hardware, sensor types, calibration procedures, temporal sampling and resolution, data processing, accuracy standards, and data transmission and dissemination protocols are identical to those of ATLAS moorings in the Pacific TAO array. Daily mean observations are available in near real time via Service Argos and Brazilian satellite transmissions. Daily mean subsurface data and hourly meteorological data at the times of satellite overpasses are also placed on the GTS by Service Argos for real-time distribution to operational centers. Measurements carried out at high frequency (from 1 min to 1 h, depending on the parameters) are stored internally and recovered during maintenance operations before being processed, calibrated, and made available to the community. More details may be found in PIRATA websites and in the state of the art PIRATA papers (e.g., Servain et al., 1998; Bourlès et al., 2008, both published at BAMS). 38 THE BRAZILIAN COSTAL MONITORING SYSTEM (SIMCOSTA) Carlos A. E. Garcia* Laboratório de Estudos do Oceano e Clima, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande - FURG * [email protected] The need for an integrated and sustained coastal observing system in Brazil was one of the most important conclusions of the 2nd Workshop on Climate Changes in Coastal Zone held in Salvador (BA) in November 2011. The main reason resides in that systematic observations of the marine environment are crucial to understand how climate change is affecting coastal ecosystems. However, most of coastal ocean measurements require expensive survey programs, including the deployment of moorings, the use of ship's time and other advanced technologies. The Coastal Zone Network (Rede CLIMA and INCT for Climate Changes) conceived the Brazilian Costal Monitoring System (SiMCosta – Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira), which was approved and funded by the National Climate Change Fund (MMA/ Fundo Clima) in December 2011. The SiMCosta is designed to make both transient and longterm measurements of meteorological, physical and biogeochemical properties along the Brazilian coastal zone. In its phase I, four buoys will be placed in RS, SC, PR and SP states. Data collected by several instruments in these buoys will be streamed to IO-FURG via ARGOS (meteorological) and GSM (oceanographic), which will permit scientists and coastal managers to receive data in real time from the SiMCosta portal. One of the major threats to coastal populations is storm and wave damage, which may be increasing with climate change-induced sea-level rise. In 2013, the Ministry of Science, Technology and Innovation decided to fund a network of sea level gauges to be placed in several coastal cities in Brazil. This network is also part of SiMCosta. The installation of new tide gauges directly benefits end-users, especially local communities by providing stakeholders with real-time measurement of sea-level. The SiMCosta is a joint effort among several Brazilian universities, two private companies (Brazilian and Canadian), and federal government. The current status of the project SiMCosta is described here. 39 SISTEMA DE OBSERVAÇÃO DO NÍVEL DO MAR NA COSTA BRASILEIRA Glauber A. Gonçalves1,* e Carlos A. E. Garcia2 1 Centro de Ciências Computacionais, Universidade Federal do Rio Grande - FURG Laboratório de Estudos do Oceano e Clima, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande FURG * [email protected] 2 A base de sustentação de processos críticos para gestão territorial costeira é o conhecimento altamente preciso da interface terra-água, de suas características geofísicas, de sua variabilidade, da forma como a ação antrópica altera e submete essa faixa sensível e valorizada do solo do planeta. Nesse contexto é parâmetro primordial a medida do nível da água oceânica junto à costa, segundo processo geodésico robusto, que garanta sistematibilidade e longevidade das medidas e permita a segura intercomparabilidade dos registros, mesmo consideradas as extensões territoriais da costa brasileira. A Rede de Monitoramento do Nível do Mar do SIMCOSTA (Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira) foi concebida com tais premissas, segundo modelos já implantados em outros países com extensas zonas costeiras, baseado em estrutura de tecnologia sensorial, de informação e comunicação que permitam baixa manutenção, acesso em tempo quase real às medidas de cada estação e disponibilização de dados ampla e eficiente. No total, em sua primeira fase, serão instaladas ainda no ano de 2014, 12 estações de monitoramento com configuração idêntica, dotadas estrutura física segura, de sistema autônomo de alimentação de energia por placas solares, comunicação por GPRS, armazenamento in situ com redundância de dados e monitoramento por câmara de vídeo. O sensor principal das estações é um marégrafo radar, porém, são complementares sensores de temperatura, pressão, umidade relativa, velocidade e direção do vento e visibilidade em cada estação. Uma matriz de decisão foi composta para definição precisa do local de implantação de cada estação, que a partir de abril de 2014 estarão, sequencialmente, sendo instaladas e postas em operação. 40 REBENTOS – DIFICULDADES E POTENCIALIDADES DE UMA REDE DE MONITORAMENTO DE BIODIVERSIDADE MARINHA Turra, A.1,*; Amaral, A.C.Z.2; Berchez, F.3; Bernardino, A.F.4; Copertino, M.S.5; Coutinho, R.6; Leão, Z.M.A.N.7; Horta, P.A.8 e Schaeffer-Novelli, Y.1 1 Departamento de Oceanografia Biológica, IOUSP Departamento de Biologia Animal, IB/UNICAMP 3 Departamento de Botânica, IBUSP 4 Universidade Federal do Espirito Santo - UFES 5 Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande - FURG 6 Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira - IEAPM 7 Universidade Estadual da Bahia - UFBA 8 Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC * [email protected] 2 A Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos), vinculada à Sub-Rede Zonas Costeiras da Rede Clima e ao INCT para Mudanças Climáticas (MCs), visa detectar os efeitos das mudanças climáticas globais sobre a biodiversidade desses ambientes, dando início a uma série histórica de dados ao longo da costa brasileira. Após três anos de sua criação (20112013), a Rede conta com 143 participantes, ligados a 45 instituições de ensino e/ou pesquisa localizadas em 15 estados costeiros brasileiros. Dentre as dificuldades enfrentadas pela ReBentos estão: (1) assimetria de infraestrutura entre os diferentes grupos de trabalho; (2) integração e sinergia entre pesquisadores trabalhando à distância; (3) definição de protocolos de trabalho únicos e aplicáveis a toda a costa brasileira; (4) assimilação da problemática das MCs nas linhas de pesquisa dos pesquisadores, configurando um processo de aprendizado, que exige tempo para o amadurecimento individual e do grupo; (5) busca pela sustentabilidade financeira; (6) compartilhamento de responsabilidades e (7) pouca integração com pesquisadores de outras áreas da oceanografia. Dentre as potencialidades da ReBentos destaca-se: (A) abordagem de adaptação às MCs, por meio do monitoramento e da avaliação das mudanças na biodiversidade bentônica; (B) aplicação dos protocolos de monitoramento também às espécies exóticas; (C) integração com as Unidades de Conservação para o monitoramento ambiental; (D) contribuição com os Planos Setoriais de Mitigação e Adaptação brasileiros; (E) formação de recursos humanos dedicados à questão das MCs; (F) conscientização e sensibilização da sociedade e dos tomadores de decisão sobre a importância da biodiversidade, dos serviços ecossistêmicos e do impacto das MCs no bem estar humano; (G) integração entre diferentes áreas das ciências do mar. Com isso, espera-se contribuir para uma ação colaborativa e sinérgica, necessária para a realização de estudos mais integrados, complexos e aprofundados visando a garantia da qualidade ambiental da costa brasileira. 41 REBENTOS - DIFFICULTIES AND POTENTIALITIES BIODIVERSITY MONITORING NETWORK OF A MARINE Turra, A.1,*; Amaral, A.C.Z.2; Berchez, F.3; Bernardino, A.F.4; Copertino, M.S.5; Coutinho, R.6; Leão, Z.M.A.N.7; Horta, P.A.8 e Schaeffer-Novelli, Y.1 1 Departamento de Oceanografia Biológica, IOUSP Departamento de Biologia Animal, IB/UNICAMP 3 Departamento de Botânica, IBUSP 4 Universidade Federal do Espirito Santo - UFES 5 Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande - FURG 6 Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira - IEAPM 7 Universidade Estadual da Bahia - UFBA 8 Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC * [email protected] 2 The Network for Monitoring Coastal Benthic Habitats (ReBentos), linked to the sub-network Coastal Zone of the Climate Network and the INCT for Climatic Changes (CCs), designed to detect the effects of global climate changes on the biodiversity of these environments, starting a dataseries along the Brazilian coast. After three years of its inception (2011-2013), the Network has 144 members, representing 45 educational and/or research institutions, located in 15 coastal states, in four Brazilian regions. Among the difficulties faced by ReBentos are: (1) asymmetry of infrastructure among the different working groups, (2) integration and synergy between researchers working in different institutions/regions, (3) definition of a unique sampling protocol applicable to the entire Brazilian coast; (4) assimilation of the problematic of CCs in the routine activities of researchers, setting up a learning process that requires time to mature within the group, (5) search for financial sustainability, and (6) ensuring of shared responsibilities. Among the potentialities of ReBentos are: (A) contribute to the adaptation to the CCs, through monitoring and evaluation of the changes on the benthic biodiversity; (B) apply the monitoring protocols to assess exotic species, (C) promote the integration with Marine Protected Areas for their environmental monitoring, (D) contribute to the Adaptation and Mitigation Sectoral Plans in Brazil, (E) train human resources devoted to the theme of CCs; (F) raise awareness in the society and decision makers about the importance of biodiversity, ecosystem services and the impact of CCs in the human welfare; (G) encourage the integration of different areas of marine sciences. In this way, we hope to contribute to a collaborative and synergistic action, necessary to conduct more integrated, complex and detailed studies, aiming to ensure the environmental quality of the Brazilian coast. 42 MESA 2 - ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO MAR E EVENTOS EXTREMOS: IMPACTOS E VULNERAILIDADES VULNERABILIDADE E IMPACTOS À ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO MAR NA BORDA LESTE DO NORDESTE DO BRASIL Moacyr Araujo1,2,*, Daniele Mallmann2, Fabiana Leite1,2, Mirella Costa2, Patricia Pontes1,2 e Patricia Souza2 1 Laboratório de Oceanografia Física Estuarina e Costeira, Departamento de Oceanografia – LOFEC/DOCEAN, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE 2 Centro de Estudos e Ensaios em Risco e Modelagem Ambiental – CEERMA, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE * [email protected] As regiões urbanas costeiras são as mais vulneráveis à elevação do nível do mar, com possibilidades reais de inundação em médio e longo prazo. Os recursos costeiros serão igualmente afetados, com alterações das características físicas, biológicas e morfológicas dos oceanos e costas, mudanças na sua estrutura ecológica, funções e provisão de bens e serviços. Ademais, são esperados: perda de terras, perda/realocação de sítios culturais e históricos, perdas agrícolas, salinização da vegetação e de recursos aquáticos, erosão/progradação de praias, alteração dos estoques pesqueiros, danos à infra-estrutura portuária, urbana e turística e exposição/danificação de dutos expostos ou enterrados. Neste trabalho são apresentadas as análises de dois cenários de aumento do nível do mar na borda leste do NE do Brasil, utilizando como exemplo de estudo a Região Metropolitana do Recife central, formada pelos municípios de Jaboatão dos Guararapes, Recife, Olinda e Paulista. As projeções das alterações de forçantes geofísicas são analisadas, com horizonte para o final do século atual. Os resultados indicam que diante de um aumento do nível do mar da ordem de 0,5 m (Cenário 1), é esperado que pelo menos 39,32 km2 da área dos municípios analisados constituam áreas potencialmente inundadas. Num cenário mais crítico de elevação do nível do mar (1 m, Cenário 2), este valor aumentaria para 53,69 km2. Este estudo é uma contribuição do INCTAmbTropic – Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Ambientes Marinhos Tropicais, CNPq/FAPESB 565054/2010-4 e 8936/2011. 43 IMPACTOS DA ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO MAR EM COSTAS CONTROLADAS POR RECIFES Eduardo Siegle Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo - USP [email protected] Grande parte da costa nordeste do Brasil é influenciada pela presença de recifes que definem a sua linha de costa. Os processos de transformação de ondas em função das áreas rasas dos recifes resultam em áreas deposicionais na zona de sombra das estruturas. Com o objetivo de avaliar o nível de exposição da linha de costa à ação das ondas sob diferentes cenários de nível do mar, experimentos de modelagem numérica (aplicando o modelo numérico Delft3D) foram elaborados considerando um trecho de aproximadamente 450 km de linha de costa no nordeste do Brasil. Resultados mostram a distribuição da força de ondas ao longo da área de interesse, com valores mais altos em áreas sem a presença de recifes. No entanto, quando cenários de elevação do nível do mar são considerados, justamente atrás das linhas de recife é que são encontradas as maiores diferenças em força de onda. Enquanto o aumento do nível do mar de 0.5 m aumenta a força de onda em aproximadamente 10 % nas áreas expostas, áreas atrás de recifes apresentam aumentos de até 90 % na força de ondas, quando comparado com a situação atual. Como resultado, simulações indicam que o transporte de sedimentos nessas áreas é ampliado, resultando em expectativa de altas taxas de erosão e retração da linha de costa nos trechos controlados por recifes. 44 SEA LEVEL RISE IMPACTS ON REEF SHAPED COASTS Eduardo Siegle Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo - USP [email protected] Large part of the northeastern coast of Brazil is influenced by the presence of reefs that shape its coastline. Wave attenuation crossing reefs as they approach the coast result in accretionary coastal features developed in its shadow zones. With the aim of assessing the level of wave exposure of the coastline under different sea level rise scenarios, numerical modeling experiments (using Delft3D) have been designed considering a coastline segment of approximately 450 km in the northeast Brazil. Results show the distribution of wave power along the area of interest, with higher values being found in areas without the presence of reefs. However, when considering sea level rise scenarios, it is behind the reefs where the maximum differences in wave power are observed. While an increase in sea level rise of 0.5 m increases wave power at the usually exposed in about 10 %, areas behind reefs present an increase in wave power of up to 90 % when compared with the present situation. As a result, hydrodynamic and sediment transport simulations show longshore transport being doubled in these areas. Under such conditions, high erosion rates are expected at these apparently protected areas. 45 SISTEMAS SINÓTICOS GERADORES DE EVENTOS EXTREMOS DE VELOCIDADE DO VENTO NO SUL DO BRASIL NO PERÍODO DE 1948 A 2012: CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS E AS CONSEQUÊNCIAS NA ZONA COSTEIRA Arthur A. Machado* e Lauro J. Calliari Laboratório de Oceanografia Geológica, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande - FURG * [email protected] A costa sul e sudeste do Brasil é frequentemente afetada por perturbações meteorológicas, como frentes frias, que são por vezes associadas a intensos ciclones extratropicais. Sistemas sinóticos extratropicais constituem os padrões climáticos diários em médias e altas latitudes. Intensos ciclones extratropicais são frequentemente associados com condições meteorológicas extremas, especialmente com tempestades severas, e podem afetar a segurança das pessoas e à economia. Ciclones intensos e episódios associados a ventos fortes, ondas altas e forte precipitação são importantes na transmissão dos efeitos de baixa frequência da variabilidade climática para o meio ambiente e para a sociedade. A zona costeira do Rio Grande do Sul sofre uma variação sazonal devido à variação da frequência e intensidade de ciclones extratropicais, com um período de acresção nos meses de verão que vai de dezembro a março e as tempestades de abril praticamente iniciam o ciclo de erosão nas praias arenosas do Atlântico Sul. Para este trabalho foram utilizados os dados de vento (u e v) e pressão de reanalises do National Center for Atmospheric Research and National Centers for Environmental Prediction (NCAR/NCEP) no período de 1948 a 2012 no ponto 32,5° S e 52,5° W. Dados de ventos da estação meteorológica da Praticagem da Barra de Rio Grande foram utilizados para verificação da qualidade dos dados de reanalises para o Rio Grande do Sul. O limiar de vento extremo foi de 17 m/s. Em 65 anos observou-se uma frequência anual de 1.38 eventos extremos de vento, com máximo de 4 eventos nos anos de 1998, 1999, 2000, 2008, 2010 e 2011. Os meses com maior número de eventos extremos foram Junho (21), outubro (16) e Maio (12). Houve um aumento no número de eventos extremos de velocidade do vento para o litoral do Rio Grande do Sul ao longo dos últimos 65 anos (1948-2012). Este resumo é uma contribuição do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para Mudanças Climáticas, financiado pelo projeto CNPq Processo 573797/2008-0, FAPESP Processo 2008/57719-9 e CAPES (Rede Interdisciplinar para a Análise de Riscos Costeiros a Eventos Atmosféricos Extremos devido às Mudanças Globais nas regiões Sul e Sudeste do Brasil). 46 SYNOPTIC SYSTEMS GENERATORS OF EXTREMES OF WIND SPEED IN SOUTHERN BRAZIL IN THE PERIOD 1948-2012: WEATHER CONDITIONS AND CONSEQUENCES IN THE COASTAL ZONE Arthur A. Machado* e Lauro J. Calliari Laboratório de Oceanografia Geológica, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande - FURG * [email protected] The south and southeastern coast of Brazil is frequently affected by meteorological disturbances such as cold fronts, which are sometimes associated with intense extratropical cyclones Extratropical synoptic systems comprise daily weather patterns in the mid- and high latitudes. Intense extratropical cyclones are often associated with extreme weather, particularly with severe windstorms and can impact safety and the economy. Further, intense cyclones and associated episodes of strong winds, high waves, and heavy precipitation are important in transmitting the effects of low-frequency climate variability to the environment and society. The coastal zone of Rio Grande do Sul suffers a seasonal variation due to variation of the frequency and intensity of extratropical cyclones, after the accretion period which occurs between December and March, storms beginning in April start the erosion cycle of the southern Atlantic sandy beaches. Were used wind data (u and v) and pressure reanalysis National Center for Atmospheric Research and National Centers for Environmental Prediction (NCAR/NCEP) for this work in the period 19482012 in point 32.5° S and 52.5° W. Wind data from the Pilot Station of Barra de Rio Grande weather station were used to check the quality of reanalysis data for the Rio Grande do Sul. The threshold of extreme wind was 17 m/s. In 65 years there was an annual frequency of 1.38 extreme wind events, with a maximum of 4 events in 1998, 1999, 2000, 2008, 2010 and 2011. The months with the highest number of extreme events were June (21), October (16) and May (12). There was an increase in the number of extreme events of wind speed at the coast of Rio Grande do Sul over the last 65 years (1948-2012). 47 MESA 3 - A INSERÇÃO DA PESQUISA BRASILEIRA NO CONTEXTO DA ACIDIFICAÇÃO DOS OCEANOS ATIVIDADES DO GRUPO BRASILEIRO DE PESQUISA EM ACIDIFICAÇÃO DOS OCEANOS (BRAZILIAN OCEAN ACIDIFICATION RESEARCH GROUP - BROA) Grupo Brasileiro de Pesquisa em Acidificação dos Oceanos homepage: www.broa.furg.br O Grupo de Pesquisa Brasileiro em Acidificação dos Oceanos (BrOA) foi criado em dezembro de 2012, durante o Workshop "Studying Ocean Acidification and its effects on marine ecosystems", sendo organizado pelo programa internacional de geosfera-biosfera (IGBP), Universidade de São Paulo (USP), Conselho de Pesquisa e Desenvolvimento Científico do Brasil (CNPq) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O grupo será apresentado oficialmente a comunidade científica nacional no III workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas costeiras, através da participação de seus líderes e dos coordenadores de equipes principais. Durante o ano de 2013 o grupo atuou na identificação dos pesquisadores brasileiros para a formação de uma rede nacional de cooperação interdisciplinar em estudos de Acidificação dos Oceanos. A apresentação do grupo visa integrar os estudos da rede nacional de pesquisadores e contribuir com os programas internacionais em curso. O grupo atua em ambientes distintos ao longo da costa brasileira, desde ecossistemas costeiros e estuarinos até o regime oceânico de águas abertas. O Grupo é liderado pelo Prof. Dr. Rodrigo Kerr do IO/FURG e pela Profa. Dra. Letícia C. da Cunha da FO/UERJ, sendo composto por pesquisadores de 7 Instituições de Ensino Superior (FURG, UERJ, UFRJ, UFF, USP, UESC, UFPE) distribuídos em 12 laboratórios associados. 48 PAPEL DA ZONA COSTEIRA BRASILEIRA NOS FLUXOS DE CO2 MARATMOSFERA E POSSÍVEIS EFEITOS DA ACIDIFICAÇÃO Leticia C. da Cunha Faculdade de Oceanografia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ [email protected] Ainda há incertezas quanto ao papel de margens continentais nas trocas globais de CO2 maratmosfera, especialmente em áreas tropicais e subtropicais. Além disso, as medidas de fluxos de CO2 mar-atmosfera nestas áreas são bastante restritas, temporal e espacialmente. As análises mais recentes de fluxos globais de CO2 mostram que no oceano Atlântico sudoeste há um gradiente crescente sul-norte de fluxos de CO2 mar-atmosfera, e na região de 25°S-23°S ocorre a mudança de “sumidouro” para “fonte” de CO2 para a atmosfera (Takahashi et al., 2009). A estimativa global mais recente (Chen et al., 2013) é de que ecossistemas costeiros emitam ~ 0.1 PgC/ano. No entanto, a ausência de dados costeiros e a heterogeneidade espaço-temporal de dados nos respectivos estudos supracitados limitam o entendimento do real funcionamento de áreas costeiras. Sabe-se que o CO2 antropogênico altera o equilíbrio do sistema carbonato e diminui o pH de águas superficiais. No entanto, em ecossistemas costeiros, estas mudanças são menos claras devido a i) heterogeneidade de ecossistemas, ii) o sistema carbonato nessas áreas ser fortemente regulado por aportes fluviais e oceânicos, além dos processos biológicos locais e impactos antropogênicos, iii) variação natural do pH (escalas diária e sazonal), e iv) falta de séries temporais de longo prazo e inadequação da maioria dos modelos físico-biogeoquímicos para resolver processos inerentes a estas regiões. Existe claramente a necessidade de compreender de forma integral as interações entre o sistema carbonato marinho, o excesso de CO2 e os impactos gerados pela eutrofização nas regiões costeiras do Brasil e no resto do mundo. 49 PIRATA AND INCT-AMBTROPIC: NEW CO2 OBSERVING NETWORK IN THE TROPICAL ATLANTIC Moacyr Araujo1,2,*, Nathalie Lefèvre3, Carlos Noriega1,2, Leonardo Bruto1,2 and Rodolfo Araujo1,2 1 Laboratório de Oceanografia Física Estuarina e Costeira, Departamento de Oceanografia – LOFEC/DOCEAN, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE 2 Centro de Estudos e Ensaios em Risco e Modelagem Ambiental – CEERMA, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE 3 Laboratoire D´Océanographie et du Clima: Expérimentation et Approches Numériques - LOCEAN, Université Pierre et Marie Curie - UPMC * [email protected] After the “pilot” (from 1997 to 2001) and “consolidation” phases (from 2002 to 2008), the Prediction Research moored Array in the Tropical Atlantic – PIRATA is considered nowadays the most important observational array in the tropical Atlantic. The original overarching goals of PIRATA are to improve the description of the variability in the atmospheric and oceanic boundary layers in the tropical Atlantic and to improve our understanding of the relative contributions of air–sea fluxes and ocean dynamics to variability in sea surface temperature (SST) and subsurface heat content at intraseasonal to interannual time scales. More recently biogeochemical and CO2 state variables have been systematically sampled in fixed PIRATA buoys and during Brazilian PIRATA cruises (PIRATA-BR). A second and important project in the tropical Atlantic is the INCT Tropical Marine Environments (INCT-AmbTropic), which is aimed at investigating the processes, dynamics and functioning of the coastal zone, the continental shelf and the oceanic waters off Brazil. The WG3.2 of the INCT-AmbTropic focuses on the ocean. Its main objective is to determine the variability of the biogeochemical properties of the tropical Atlantic, in particular those associated with uptake and outgassing of atmospheric CO2 and potential acidification of its water. In this study we present the CO2 observing networks implemented in the southwestern tropical Atlantic as part of the PIRATA and WG3.2 activities. It involves: (a) continuous pCO2/O2 measurements in the 6oS10oW and 8oN38oW PIRATA sites, as well as in the oceanic islands of St. Peter and St. Paul, Fernando de Noronha and of the Rocas Atol, (b) underway fCO2 measurements and water sampling (pH/DIC/TA+biogeochemistry) during PIRATA-BR and INCT-AmbTropic cruises (oceanic islands and Amazon river plume); and (c) monthly/bimonthly water sampling (pH/DIC/TA) in different estuaries and cross-shelf transects along the North-Northeastern Brazilian coast, from the Amazon (equator) to the São Francisco river (10oS). 50 ESTADO DA ARTE DOS ESTUDOS BRASILEIROS SOBRE ACIDIFICAÇÃO NOS OCEANOS ATLÂNTICO SUDOESTE E AUSTRAL Rosane G. Ito Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande - FURG [email protected] Estudos sobre o sistema de carbonato, com destaque aos ambientes costeiros, tornaram-se de grande interesse para a comunidade científica internacional. No contexto brasileiro, o Grupo Oceanografia de Altas Latitudes (GOAL; www.goal.furg.br), liderado pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), vem desenvolvendo pesquisas multidisciplinares, envolvendo várias instituições nacionais, com foco em estudos da física, química, bio-ótica e biologia dos oceanos. Nestes estudos, a variabilidade espacial e temporal dos fluxos líquidos do CO2 (FCO2) foram investigados na Península Antártica (verões de 2008 a 2010), na região de quebra da plataforma continental da Patagônia Argentina (2007 a 2009) e na margem continental do Atlântico subtropical brasileiro (primavera de 2010 e verão 2011). Apesar da alta variabilidade na distribuição FCO2, devido às complexas interações entre processos biogeoquímicos e físicos dessas regiões, esses estudos indicam que o carbono antropogênico está presente na interface armar, necessitando, contudo, de programas observacionais mais abrangentes, com enfoque na absorção de carbono antropogênico atmosférico, e a consequente acidificação costeira advinda dessa absorção. Dessa forma, estudos da variação temporal e espacial das margens continentais dos oceanos Atlântico sudoeste e Austral, com respeito à acidificação, são hoje imperativos e, portanto, estão contemplados nas propostas de continuidade das pesquisas a serem desenvolvidas nessas regiões. 51 TENDÊNCIAS NAS INVESTIGACÕES DOS IMPACTOS DA ACIDIFICAÇÃO NO CRESCIMENTO DE CORAIS E DE ALGAS CORALINÁCEAS Ruy K. P. Kikuchi*, Marília D. M. Oliveira e Zelinda M. A. N. Leão Laboratório de Estudos de Recifes de Corais e Mudanças Globais – RECOR, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia - UFBA [email protected] O problema da acidificação começou a ocupar a comunidade científica na década de 1990 e atualmente é um dos principais fenômenos atribuídos às MCG na preocupação da comunidade científica especializada nos estudos dos recifes de corais e dos bancos de algas calcárias. A abordagem desses trabalhos passou gradualmente da escala ecossistêmica generalista, para estudos cada vez mais focados em processos controladores do sistema carbonático e da fisiologia dos organismos. Nesse período, o número de trabalhos dedicados ao tema aumentou exponencialmente. Em 2009 foram publicados cerca de 25 trabalhos e em 2013, mais de 100 artigos. Os artigos versam desde a construção de modelos ecossistêmicos em que se estima a mudança na calcificação desses sistemas, a experimentos de perturbação utilizando-se CO2 ou soluções ácidas. Os experimentos alcançam diferentes escalas, desde estudos de respostas fisiológicas individuais de diferentes espécies dos organismos em recipientes de pequeno volume (reatores de cerca de 1L), dos organismos em mesocosmos, até manipulações in situ. No caso dos ensaios em reatores, utilizam-se tanto água do mar como com água salina sintética. No primeiro caso, os experimentos são espacial e sazonalmente dependentes, visto que a composição da água é determinada em grande medida pela variabilidade natural do local de captação. No segundo caso, o controle da composição da água é maior, mas há menor correspondência com a realidade dos sítios naturais. Em ambas situações os resultados observados devem ser considerados com grande cautela quando se pretende realizar generalizações e previsões. A despeito das respostas mais robustas nas manipulações in situ, são muito mais raras devido às dificuldades tecnológicas envolvidas. A existência de locais em que existam tendência de variação espacial no pH da água do mar são experimentos naturais do que se espera com o aumento projetado do pH da água do mar. Os corais foram alvos de mais de 75% dos trabalhos publicados. Para o Oceano Atlântico Sul Ocidental será necessário dedicar um esforço importante de estudos das algas calcárias, especialmente as coralináceas, devido à importância de sua construção dos recifes e à sua extensa distribuição na plataforma continental da América do Sul. Trabalhos dedicados ao monitoramento do sistema do CO2 na água onde se desenvolvem os ecossistemas carbonáticos devem figurar entre as prioridades de pesquisa pois disso depende a compreensão do comportamento sazonal e da variabilidade regional que pode afetar ou ser a base do potencial de aclimatização dos corais e das algas coralináceas. 52 MESA 4 – REBENTOS E SUB-REDE ZONAS COSTEIRAS: OPORTUNIDADES PARA PESQUISAS INTEGRADORAS PRAIAS ARENOSAS: A FAUNA BENTÔNICA COMO INDICADOR DA INFLUÊNCIA DE PROCESSOS HIDRODINÂMICOS E MORFOLÓGICOS EM EVENTOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS Antonia C. Z. Amaral1, Guilherme N. Corte1,2, Márcia R. Denadai3, José S. R. Filho4, Valeria Veloso*, Carlos A. Borzone5, Leonardo C. da Rosa6, Ilana R. Zalmon7, Phillipe M. Machado7, Kalina M. Brauko5, Leonir A. Colling8, Tatiana F. Maria9, André M. Esteves4 e Alexander Turra3 1 Departamento de Biologia Animal, IB/UNICAMP Programa de Pós-Graduação em Ecologia, IB/UNICAMP 3 Departamento de Oceanografia Biológica, IO/USP 4 Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE 5 Centro de Estudos do Mar, Universidade Federal do Paraná - UFPR 6 Núcleo de Engenharia de Pesca, CCBS/UFS 7 Laboratório de Ciências Ambientais, CBB/UENF 8 Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande - FURG 9 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO * - in Memorian 2 Por serem ambientes dinâmicos e fisicamente controlados, as praias estão entre os ecossistemas mais vulneráveis aos eventuais efeitos de mudanças climáticas, como aumento do nível do mar, alteração da amplitude de marés, aumento na frequência e magnitude de eventos extremos, alterações de direção e intensidade das ondas, aumento das taxas de erosão costeira, elevação da temperatura do mar, acidificação dos oceanos e modificações na distribuição das chuvas e na descarga sólida (sedimento) de rios. Previsões recentes sugerem que essas mudanças podem causar uma ampla gama de impactos no ecossistema praial, desde alterações na morfodinâmica (modificações na composição do sedimento, inclinação e área disponível para ocupação pelos organismos) em condições mais amenas e/ou preliminares, até a perda da região entremarés e do pós-praia (e consequentemente da sua biota associada) em condições extremas. Para que os reais impactos dessas mudanças possam ser detectados e que estratégias de manejo possam ser implementadas, faz-se necessária uma análise prolongada da fauna de praias e de variáveis como temperatura, precipitação, salinidade, pH, perfil praial e características das ondas e do sedimento. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo apresentar propostas de métodos para o monitoramento contínuo de características ambientais e da macro- e meiofauna de praias da costa brasileira. Para isto, foram produzidos protocolos para o monitoramento da estrutura das comunidades de macro- e meiofauna e para a avaliação da dinâmica populacional de Scolelepis, Talitridae, Ocypode quadrata e Bledius que, por terem ampla distribuição e reconhecida sensibilidade às mudanças ambientais, podem ser utilizadas como bioindicadores. Dado que esta é uma proposta de monitoramento de longo prazo, os métodos apresentados visam sempre presteza, simplicidade dos procedimentos e baixo custo monetário, além de parâmetros físicoquímicos comuns aos seis protocolos, favorecendo sua ampla aplicação por diferentes grupos de pesquisa ao longo da costa brasileira. Apoio: CNPq, FAPESP, FAPERJ, CNPq - SISBIOTA BRASIL. 53 SANDY BEACHES: THE BENTHIC FAUNA AS INDICATOR OF THE INFLUENCE OF HYDRODYNAMIC AND MORPHOLOGICAL PROCESSES IN CLIMATE CHANGE EVENTS Antonia C. Z. Amaral1, Guilherme N. Corte1,2, Márcia R. Denadai3, José S. R. Filho4, Valeria Veloso*, Carlos A. Borzone5, Leonardo C. da Rosa6, Ilana R. Zalmon7, Phillipe M. Machado7, Kalina M. Brauko5, Leonir A. Colling8, Tatiana F. Maria9, André M. Esteves4 e Alexander Turra3 1 Departamento de Biologia Animal, IB/UNICAMP Programa de Pós-Graduação em Ecologia, IB/UNICAMP 3 Departamento de Oceanografia Biológica, IO/USP 4 Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE 5 Centro de Estudos do Mar, Universidade Federal do Paraná - UFPR 6 Núcleo de Engenharia de Pesca, CCBS/UFS 7 Laboratório de Ciências Ambientais, CBB/UENF 8 Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande - FURG 9 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO * - in Memorian 2 Sandy beaches are dynamic environments primarily controlled by physical factors. Due to these characteristics, sandy beaches are traditionally referred to as physically stressed habitats and are amongst the ecosystems most vulnerable to climate changes (e.g. sea level rise, increased storminess, ocean acidification and enhanced coastal erosion). Current estimates suggest that, in a near future, sandy beaches may face threats ranging from changes in morphodynamic characteristics under more conservative scenarios, to the total disappearance in case of drastic alterations like rising sea level and escalating beach erosion due to the increase of severe storms. To perceive correctly climate change impacts and take effective management measures is fundamental the implementation of long-term monitoring programs, aiming to quantify the dynamics of key species and communities on sandy beaches, as well as follow the trends of some environmental variables as temperature, rainfall rates, salinity, pH, beach slope and waves and sediment characteristics. In this context, the present work presents proposals of long-term monitoring of biotic and abiotic characteristics of sandy beaches along the Brazilian coast. We produced protocols to track changes in the community structure of macro- and meiofaunal species occurring in sandy beaches, and in population dynamics of Scolelepis, Talitridae, Ocypode quadrata and Bledius, species recorded along the whole coast and sensitive to environmental changes. Since this is a proposal for a long-term monitoring, the methods here presented always aim readiness, simplicity of procedures and low monetary cost. Moreover, we chose to analyse the same physicochemical parameters in all protocols in order to favor their wide application by different research groups throughout Brazilian coast and data integration. Support: FAPESP, FAPERJ, CNPq, CNPq - SISBIOTA BRASIL. 54 PROTOCOLOS DE COLETA DE COSTÕES ROCHOSOS: HIPÓTESES: MONITORAMENTO DE LONGO PRAZO TESTE DE Ricardo Coutinho1,*, Maria T. M. Széchy2, María S. López3, Ronaldo A. Christofoletti4, Flávio Berchez5, Luciana E. Yaginuma1, Rosana M. da Rocha6, Fernanda N. Siviero1, Natalia P. Ghilardi-Lopes7, Carlos E. L. Ferreira8, José E. A. Gonçalves1, Bruno P. Masi1, Monica D. Correia9, Hilda H. Sovierzoski9, Luis F. Skinner10 e Ilana R. Zalmon11 1 Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira - IEAPM Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 3 CEBIMar, Universidade de São Paulo - USP 4 IMar, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP 5 Universidade de São Paulo - USP 6 Universidade Federal do Paraná - UFPR 7 Universidade Federal do ABC - UFABC 8 Universidade Federal Fluminense - UFF 9 Universidade Federal de Alagoas - UFA 10 Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ 11 Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF [email protected] 2 Para prever respostas ecológicas e de biodiversidade a mudanças climáticas é essencial integrar processos biológicos e ecológicos com dados climáticos, que contribuirão para o entendimento de padrões biogeográficos de estresse e riscos de mortalidade, associado ao funcionamento de ecossistemas em costões e praias. Os substratos consolidados e inconsolidados do entremarés são ambientes dinâmicos que respondem a perturbações cíclicas, mas também a eventos estocásticos associados a eventos extremos. Praias rochosas com diferentes graus de exposição às ondas na costa brasileira serão amostradas em dois períodos anuais com triplicatas em cada período. Amostragens associadas a eventos extremos como ressacas, frentes frias e tempestades serão realizadas na semana anterior e na posterior ao evento, de modo a acompanhar nos diferentes períodos anuais o comportamento estrutural das comunidades bênticas em função da resistência dos organismos dominantes a tais eventos. O protocolo de amostragem inclui fotografias do entremarés rochoso em transectos verticais, com mudanças na posição e largura das faixas em relação a um ponto fixo como variáveis de resposta. Fatores ambientais medidos in situ e/ou plotados com base em outras fontes incluem temperatura do ar, água, costão/organismo (sensores ibutton), pluviosidade e dados de ventos extremos, grau de exposição às ondas: altura, direção e periodicidade, irradiância, salinidade, pH e turbidez da água. Assim, obteremos indicadores da desregulação funcional em nível de organismo e de comunidade em resposta a potenciais efeitos de mudanças climáticas. Este protocolo visa estabelecer possíveis hipóteses e metodologias básicas a serem adotadas pelo grupo de trabalho de costões dentro dos objetivos da ReBentos, definindo um protocolo de amostragem para o monitoramento contínuo e permanente dos ecossistemas rochosos na costa brasileira, de forma a gerar e disseminar conhecimentos para responder aos desafios representados pelas causas e efeitos das mudanças climáticas globais. 55 PROTOCOLO MÍNIMO PARA MONITORAMENTO DOS RECIFES E ECOSSISTEMAS CORALINOS DO BRASIL EXPOSTOS ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS Zelinda M. A. N. Leão1,*, Augusto Minervino-Neto1, Beatrice P. Ferreira2, Caroline V. Feitosa3, Claudio L. S. Sampaio4, Cristiane F. Costa-Sassi5, Elizabeth G. Neves1, Fúlvio A. M. Freire6, GeorgeOlavo M. Silva7, Gil M. R. Strenzel8, Hilda H. Sovierzoski4, Jorge E. L. Oliveira6, Liana F. Mendes6, Marcelo O. Soares5, Maria-E. Araujo6, Marília D. M. Oliveira3, Mauro Maida6, Monica D. Correia2, Ricardo S. Rosa5, Roberto Sassi5, Rodrigo Johnsson1, Ronaldo B. Francini-Filho5, Ruy K. P. Kikichi1 e Tatiana S. Leite6 1 Universidade Federal da Bahia Univerrsidade Federal de Pernambuco 3 Universidade Federal do Ceará 4 Universidade Federal de Alagoas 5 Universidade Federal da Paraíba 6 Universidade Federal do Rio Grande do Norte 7 Universidade Estadual de Feira de Santana 8 Universidade Estadual de Santa Cruz [email protected] 2 O objetivo do protocolo é a avaliação da vulnerabilidade, resistência e resiliência dos recifes e dos ecossistemas coralinos do Brasil, frente aos impactos antrópicos e às mudanças climáticas eminentes, além de gerar informações sobre a integridade e conectividade demográfica entre os recifes, informações cruciais para a adoção de ferramentas efetivas de manejo e conservação. Comparando as variações espaço-temporais observadas nos ecossistemas recifais da plataforma continental e das ilhas oceânicas, pretende-se determinar e entender a capacidade desses ecossistemas de suportar e de se recuperar de distúrbios com diferentes graus de intensidade, considerando a heterogeneidade espacial caracterizada pelas diferenças morfológicas, estruturais e composicionais dos recifes, assim como o estado da “saúde” dos sistemas protegidos e daqueles mais expostos às ameaças. O Protocolo utilizará, como indicadores para a avaliação das condições dos recifes, os corais e os peixes recifais, considerando para os corais: riqueza e diversidade, superfície relativa do recife recoberta por corais vivos, percentual de colônias branqueadas, afetadas por doenças, apresentando mortalidade recente e/ou antiga e a densidade de recrutas. Para os peixes: densidade, riqueza e diversidade por família e por grupo (herbívoros, carnívoros e onívoros) e medidas do tamanho. Serão consideradas, também, a cobertura relativa dos grupos funcionais de algas (macro, coralinas, filamentosas), esponjas, zoantídeos, ouriços e outros organismos considerados importantes para o recife investigado. Serão avaliados os recifes adjacentes à linha de costa, os recifes rasos (localizados em profundidades inferiores a 10 m) e os recifes com profundidades superiores a 10 m, das seguintes regiões geográficas: Nordeste Ocidental - os recifes do Piauí, Ceará e costa norte do Rio Grande do Norte; Nordeste Oriental – os recifes da costa oriental do Rio Grande do Norte, da Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe; Região Leste - os recifes da Bahia e a Região das ilhas oceânicas: Atol das Rocas, Fernando de Noronha e São Pedro e São Paulo. 56 PROTOCOL FOR MONITORING THE CORAL REEF ECOSYSTEMS OF BRAZIL EXPOSED TO CLIMATE CHANGES Zelinda M. A. N. Leão1,*, Augusto Minervino-Neto1, Beatrice P. Ferreira2, Caroline V. Feitosa3, Claudio L. S. Sampaio4, Cristiane F. Costa-Sassi5, Elizabeth G. Neves1, Fúlvio A. M. Freire6, GeorgeOlavo M. Silva7, Gil M. R. Strenzel8, Hilda H. Sovierzoski4, Jorge E. L. Oliveira6, Liana F. Mendes6, Marcelo O. Soares5, Maria-E. Araujo6, Marília D. M. Oliveira3, Mauro Maida6, Monica D. Correia2, Ricardo S. Rosa5, Roberto Sassi5, Rodrigo Johnsson1, Ronaldo B. Francini-Filho5, Ruy K. P. Kikichi1 e Tatiana S. Leite6 1 Universidade Federal da Bahia Univerrsidade Federal de Pernambuco 3 Universidade Federal do Ceará 4 Universidade Federal de Alagoas 5 Universidade Federal da Paraíba 6 Universidade Federal do Rio Grande do Norte 7 Universidade Estadual de Feira de Santana 8 Universidade Estadual de Santa Cruz [email protected] 2 The objective of the Protocol is the assessment of vulnerability, resilience and resistance of the coral reef ecosystems of Brazil that is facing anthropogenic and climate changes impacts, as well as to generate information about the health and demographic connectivity among the reefs, an important information in order to adopt effective management and conservation tools. Comparing the spatialtemporal variations observed in coral reef ecosystems of the continental shelf and oceanic islands, it is intended to determine and understand the capacity of these ecosystems to withstand and recover from disturbances with different degrees of intensity, taken in consideration the spatial heterogeneity characterized by morphological, structural and compositional differences of the reefs, as well as the "health" of the protected systems and those more exposed to threats. The protocol will use, as indicators for the assessment of the reefs condition, corals and reef fishes, considering for the corals: richness and diversity, the relative reef area covered by living corals, percentage of bleaching, colonies affected by diseases, recent and old mortality and the density of recruits. For the fish: density, richness and diversity per family and per group (herbivores, carnivores and omnivores) and measures of its size. It will be considered, too, the relative coverage of the functional groups of algae (macro, coralline, turf), sponges, zoanthids, sea urchins and other organisms considered important for the investigated reef. It will be assessed the reefs adjacent to the shoreline, shallow reefs (located at depths less than 10 m) and the reefs with depths greater than 10 m, from the following geographic regions: Western part of the Northeastern region - reefs from Piauí, Ceará and the north coast of Rio Grande do Norte; Eastern part of the Northeastern region – reefs from the eastern coast of Rio Grande do Norte, from Paraíba, Pernambuco, Alagoas and Sergipe; Eastern region - reefs from the state of Bahia, and the Oceanic Islands: Atol das Rocas, Fernando de Noronha and St. Peter and St. Paul. 57 PROTOCOLO NACIONAL PARA CARACTERIZAÇÃO E MONITORAMENTO DE BANCOS DE RODOLITOS Paulo Horta1,*, Flávio Berchez2, José M. C. Nunes3, Fernando Scherner1, Sonia Pereira4, Pablo Riul1, Tito Lotufo5, Letícia Peres1, Marina Sissini1, João Rosa1, Vanessa Freire1, Leidson A. de Lucena1, Vanessa Borges1, Andre Rovai1, Leonardo Rorig1, Alessandra Fonseca1, Paulo Pagliosa1, José B. Barufi1, Jason Hall-Spencer6, Rafael Riosmena7, João Silva8 e Marcia Figueiredo9 1 Universidade Federal de Santa Catarina Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo 3 Departamento de Botânica, Universidade Federal da Bahia 4 Universidade Federal do Ceará 5 Universidade Federal Rural de Pernambuco 6 Plymouth University, Plymouth, Reino Unido 7 Departamento de Biologia Marina, Universidad Autónoma de Baja California Sur, La Paz, México 8 Faro University, Algarve, Portugal 9 Jardim Botânica do Rio de Janeiro * [email protected] 2 Os bancos de rodolitos se estendem por praticamente toda a margem interna da plataforma continental brasileira. Estes sistemas, compostos por camadas de rodolitos ou nódulos de algas calcárias não articuladas (Corallinophycidae, Rhodophyta) e seus componentes, também conhecidos como granulados bioclásticos, representam uma extraordinária biofábrica de carbonatos no Atlântico Sul Tropical. O ambiente resultante de seu desenvolvimento representa substrato, abrigo e indiretamente alimento para uma extraordinária diversidade biológica, formando oásis de diversidade em meio a paisagens monótonas do fundo arenoso da plataforma continental. O aquecimento e a acidificação dos oceanos em conjunto com os impactos derivados do aumento da frequência e intensidade das tempestades representam os principais estressores relacionados às ditas Mudanças Climáticas Globais para estas formações. O presente protocolo estrutura pela ReBentos, pretende fornecer as bases para uma caracterização padronizada que nos permita avaliar eventuais impactos das mudanças no clima sobre a composição, funcionamento e estrutura dos bancos de rodolitos e comunidades associadas. Serão selecionadas áreas preferencialmente a 10 metros de profundidades. Estes bancos teriam pelo menos um de seus limites demarcados e subáreas amostrais pré-definidas. Em cada sub-area além da análise qualitativa e de fotoquadrados serão amostrados corers para uma caracterização da biomassa e volume dos rodolitos e biota associada. A partir destas amostras serão também avaliados o teor de carbonato de cálcio presente nas principais espécies. Os grupos envolvidos neste processo de monitoramento deverão realizar coleta de dados das variáveis ambientais que caracterizem os respectivos períodos em suas localidades. Estes dados serão salvos em uma plataforma comum e poderão ser q qualquer momentos consultados por participantes da rede. São ainda propostos procedimentos complementares para que sejam implantados em instituições que tenha a necessária infraestrurtua. As mudanças previstas para o litoral Brasileiro devem alterar a estrutura e funcionamento dos bancos de rodolitos reforçando a demanda por monitoramento. Agradecimento: ReBentos, INCT-MCs, CNPq, CAPES, Sisbiota. 58 NATIONAL PROTOCOL FOR CHARACTERIZATION AND MONITORING OF RHODOLITH BEDS Paulo Horta1,*, Flávio Berchez2, José M. C. Nunes3, Fernando Scherner1, Sonia Pereira4, Pablo Riul1, Tito Lotufo5, Letícia Peres1, Marina Sissini1, João Rosa1, Vanessa Freire1, Leidson A. de Lucena1, Vanessa Borges1, Andre Rovai1, Leonardo Rorig1, Alessandra Fonseca1, Paulo Pagliosa1, José B. Barufi1, Jason Hall-Spencer6, Rafael Riosmena7, João Silva8 e Marcia Figueiredo9 1 Universidade Federal de Santa Catarina Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo 3 Departamento de Botânica, Universidade Federal da Bahia 4 Universidade Federal do Ceará 5 Universidade Federal Rural de Pernambuco 6 Plymouth University, Plymouth, Reino Unido 7 Departamento de Biologia Marina, Universidad Autónoma de Baja California Sur, La Paz, México 8 Faro University, Algarve, Portugal 9 Jardim Botânica do Rio de Janeiro * [email protected] 2 Rhodolith beds are distributed in the entire inner margin of the Brazilian continental shelf. These systems, composed of layers of nodules or rhodolith, are structured by non-articulated coralline red algae (Corallinophycidae , Rhodophyta) and its components , also known as bioclastic granules, represent an extraordinary biofactory of carbonates in the Tropical South Atlantic . The environment resulting from its development represents substrate, shelter and food for extraordinary biological diversity , forming oases of diversity amid monotonous landscapes of sandy bottom of the continental shelf . The warming and ocean acidification in conjunction with the impacts derived from the increased frequency and intensity of storms represent major stressors related to Global Climate Change. This protocol intended to provide the basis for a standardized characterization that allows us to assess possible impacts of climate change on the composition, structure and functioning of rhodolith beds and associated communities. Areas will be selected with at least three subareas 10 m depth. In each subarea in addition to the qualitative analysis, we will accomplished photoquadrats and corers for biomass and volume of rhodolith and associated biota analyses. From these samples we will also analyzed the carbonate amount in major species. The groups involved in this monitoring process shall perform data collection of environmental variables that characterize the respective periods in their localities. These data will be saved on a common platform. Additional procedures are also proposed to be deployed at institutions which have the necessary infrastructure. The actual knowledge reinforce the hypothesis that climate changes planned for the Brazilian coast should impact the structure and functioning of rhodolith beds, reinforcing the demand for monitoring programs. Acknowledgement: ReBentos, INCT- MCs , CNPq , CAPES , Sisbiota. 59 BENTHIC COMMUNITIES IN ESTUARIES: KNOWLEDGE GAP, VULNERABILITY TO CLIMATE CHANGE AND A PRIORITY FOR LONG-TERM MONITORING Angelo F. Bernardino1,*, Camila B. Stofel1, Sérgio Netto2, Francisco Barros3, Ronaldo A. Christofoletti4, Leonir A. Colling5, Paulo C. Lana6, José S. R. Filho7, Paulo R. Pagliosa8, Rafaela C. Maia9, Tânia M. Costa10 e Alexander Turra11 1 Laboratório de Ecologia Bêntica, Departamento de Oceanografia, CCHN, Universidade Federal do Espírito Santo Laboratório de Ciências Marinhas, Universidade do Sul de Santa Catarina 3 Laboratório de Ecologia Bentônica, Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia 4 Instituto do Mar, Universidade Federal de São Paulo 5 Instituto de Oceanografia, Fundação Universidade Federal do Rio Grande 6 Centro de Estudos do Mar, Universidade Federal do Paraná 7 Laboratório de Bentos, Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco 8 Departamento de Geociências, Universidade Federal de Santa Catarina 9 Laboratório de Ecologia de Manguezais, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará 10 Universidade Estadual Paulista 11 Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo [email protected] 2 Estuaries are threatened aquatic ecosystems that support relevant ecological functions in coastal areas globally. The increase of global temperature and the risks of global climate change effects on these strategic ecosystems demand the urgent establishment of scientific programs to understand and anticipate further damage on estuarine habitats. In this study we reviewed the benthic ecology scientific literature in Brazilian estuaries, compared to a 40-year historical climatology data from areas nearby ten estuaries and made theoretical predictions on the main threats that these communities may face due to changes in temperature, rainfall and sealevel rise. We found a significant gap in the study of most estuarine areas in Brazil that prevents reasonable understanding of the natural status of extensive wetland areas. There were high variability in observed climate patterns in the regions studied and some level of uncertainty on the expected effects that these transitional systems may experience. However, higher temperatures, changed patterns of rainfall and sealevel rise associated with past and current human impacts may significantly alter biological and ecological functions of benthic communities in most estuarine habitats across Brazil. 60 FUNDOS SUBMERSOS VEGETADOS: PROTOCOLO MONITORAMENTO “ANTES QUE DESAPAREÇAM” MÍNIMO DE Margareth S. Copertino1,*, Joel C. Creed2, Karine M. Magalhães3, Kcrishna V. S. Barros3, Priscilla R. Arévalo1, Marianna O. Lanari1 e Paulo A. Horta4 1 Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande – FURG Departamento de Ecologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ 3 Universidade Federal Rural de Pernambuco 4 Departamento de Botânica, Universidade Federal de Santa Catarina * [email protected] 2 Fundos submersos vegetados, formados por fanerógamas marinhas1 e biota associada, ocupam substratos arenosos/areno-lodosos de costas tropicais e temperadas, sendo mais abundantes em águas rasas, claras, com dinâmicas hidrológica e sedimentar moderadas. Estes habitats aumentam a biodiversidade, promovem proteção da costa, melhoram a qualidade da água, reciclam dos nutrientes, sustentam pescarias e são importantes no balanço e seqüestro de carbono atmosférico. Pradarias têm sido afetadas por impactos antropogênicos diversos, particularmente em regiões estuarinas e baías, sendo ainda vulneráveis quase todos os efeitos das mudanças climáticas globais na costa (elevação da temperatura, mudanças na descarga fluvial, eventos extremos, aumento do nível do mar e acidificação dos oceanos). Em costas temperadas, 30% da área das pradarias desapareceram nos últimos 50 anos. Com taxas de perdas de cerca de 2 a 5% ao ano, pradarias marinhas encontram-se dentre os habitats mais ameaçados do mundo, colocando em risco os todos os seus serviços ecossistêmicos, a sobrevivência de populações tradicionais e espécies que já se encontram em extinção (tartaruga-verde, peixe-boi). No Brasil, a área ocupada pelas pradarias marinhas e o seu status de conservação são desconhecidos. As informações científicas são insuficientes para construir prognósticos e cenários futuros, assim como para planejar ações de conservação. Um dos objetivos do GT Fundos Submersos Vegetados da ReBentos é monitorar as pradarias marinhas do Brasil, de modo sistemático, contínuo e por tempo indeterminado. Para ser viável e replicável ao longo da costa, e ao mesmo tempo alcançar projeção internacional, o protocolo mínimo é simples, de baixo custo e baseado no programa internacional SeagrassNet. Os parâmetros biológicos monitorados em cada local são: extensão do banco vegetado, espécies dominantes, parâmetros demográficos da flora e fauna, abundância relativa (% cobertura) e absoluta (biomassa, densidade) de plantas/macroalgas, além de parâmetros abióticos da água (profundidade, temperatura, salinidade, irradiância e transparência) e do sedimento (granulometria, matéria orgânica). Estes indicadores são obtidos sazonalmente, ao longo de transversais georeferenciadas, em pradarias pristinas e antropizadas. Em médio e longo prazo, o projeto visa detectar mudanças na biodiversidade e na estrutura das comunidades, identificando os fatores físicos e biológicos envolvidos. Adicionalmente, um banco de dados geoespaciais está sendo elaborado, visando estudos de larga escala, como modelos descritivos e preditivos de distribuição de espécies, em face aos impactos das mudanças climáticas globais. 1 Fanerógamas são plantas vasculares com flores e frutos. Fanerógamas marinhas são um grupo particular destas plantas, altamente adaptadas à crescer e se reproduzir em ambientes estuarinos e marinhos. 61 VEGETATED SOFT BOTTOMS: MINIMUM MONITORING PROTOCOL “BEFORE THEY DISPPEAR” Margareth S. Copertino1,*, Joel C. Creed2, Karine M. Magalhães3, Kcrishna V. S. Barros3, Priscilla R. Arévalo1, Marianna O. Lanari1 e Paulo A. Horta4 1 Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande – FURG Departamento de Ecologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ 3 Universidade Federal Rural de Pernambuco 4 Departamento de Botânica, Universidade Federal de Santa Catarina * [email protected] 2 Seagrass meadows occupy sandy or sandy-muddy soft bottoms of coastal regions around the world, being more abundant in shallow, clear, wave protected waters with moderate sediment dynamics. They are formed by spermatophytes2, and are habitat for a variety of algae, invertebrates, fish, turtles and Sirenia. The occurrence and extent of seagrass meadows along the intertidal and subtidal (to 50 - 60m) depends on the dominant plant species, whose establishment and growth are mainly limited by light levels, tides, wave action and substrate stability. As they occur in estuaries and coastal bays, seagrass meadows are affected by various anthropogenic impacts and are highly vulnerable to impacts caused by global climate change. Seagrasses respond quickly to changes in average temperature, river discharge, extreme events, sea-level change and ocean acidification with consequent change in population abundance and community structure. Thus seagrass meadows are among the most threatened habitats in the world (loss rates of 2-5 % per year) which puts marine biodiversity and ecosystem services (coastal protection, water purification, carbon sequestration, fishing and recreation) at risk. The GT Submerged Vegetated Soft Bottoms of ReBentos aims to continuously, systematically and indefinitely monitor seagrass habitats in marine and estuarine regions of the Brazilian coastline. The monitoring aims to detect changes in biodiversity and community structure over the medium and long term, identifying the physical and biological factors involved in change. To be viable and replicable along the whole Brazilian coastline the standard protocol is based on the international SeagrassNet Global Seagrass Monitoring Program. Biological parameters (taxonomic composition, % coverage, shoot density, canopy height, etc.) are obtained in and out of fixed quadrats along georeferenced transects placed in both pristine and disturbed beds. Abiotic seawater (level, temperature, salinity, irradiance and transparency) and sediment parameters (grain size, organic matter and movement) are also obtained at each site. A database on Brazilian seagrass beds is being developed to support large-scale (regional, continental and global) studies, as well as the development of descriptive and predictive models about impact of GCC on Brazilian marine ecosystems. Support: Rede CLIMA, INCT para Mudanças Climáticas; SISBIOTA-ReBentos, PELD-FURG. CNPq e FAPERGS. 2 Spermatophytes are vascular plants with flowers and fruits. Marine spermatophytes are a particular group of these plants highly adapted to grow and reproduce in estuarine and marine environments. 62 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ZONAS COSTEIRAS: ECOSSISTEMAS MANGUEZAL E MARISMA FRENTE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS Yara Schaeffer-Novelli1,9,*, Eduardo J. Soriano-Sierra2,3, Elaine Bernini3, Marcelo A. A. Pinheiro4, André S. Rovai2,3, Claudia C. do Vale6, Renato de Almeida7, Clemente Coelho-Jr8, Sarah Charlier-Sarubo1,9,10 e Marília Cunha-Lignon9,11 1 Universidade de São Paulo - USP Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC 3 Núcleo de Estudos do Mar – NEMAR/UFSC 4 Universidade Federal da Paraíba - UFPB 5 Universidade Estadual Paulista – UNESP/CLP 6 Universidade Federal do Espírito Santo 7 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB 8 Universidade Federal de Pernambuco – UFPE 9 Instituto Bioma Brasil 10 Fundação Boticário de Proteção à Natureza 11 Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP * [email protected] 2 Manguezais e marismas são sensíveis às mudanças climáticas (MCs) e a possibilidade de acomodação às novas condições é resultado do conjunto das adaptações fisiológicas das espécies vegetais típicas de ambos os ecossistemas. Conhecer as respostas desses ecossistemas aos fatores ambientais locais, nas diversas áreas onde se desenvolvem, torna-se vital para entender seus comportamentos e garantir a conservação dos mesmos diante das mudanças climáticas. Entre os fatores relacionados às MCs a serem avaliados, temos: aumento do nível médio relativo do mar – NMRM; alterações do nível do substrato; alterações dos regimes de chuva, umidade, temperatura do ar/água e maior disponibilidade de CO2 na atmosfera. As respostas de manguezais e marismas a esses fatores incluem: alteração na dinâmica sedimentar (processos erosivos e/ou deposicionais); alteração na frequência de inundação da faixa do entremarés; prolongamento dos períodos de estiagem em latitudes mais baixas, e aumento na pluviosidade e recorrência de eventos extremos em latitudes mais elevadas; alterações da produtividade primária e da biodiversidade; e, ajustes dos parâmetros populacionais (p. ex., densidade e estrutura) das populações do caranguejo-uçá (Ucides cordatus). Os protocolos sobre procedimentos mínimos adequados ao monitoramento dos ecossistemas manguezal e marisma preconizam metodologia consolidada mundialmente e as estratégias de abordagem atendem às linhas de pesquisa mais atuais. No tocante às demandas por informações ambientais nas áreas de física, química e geologia, sem dúvida temos grande interesse em contracenar com especialistas desses ramos da oceanografia, em todos os quesitos envolvidos nas etapas de monitoramento. A qualidade dos registros das variáveis abióticas associadas às MCs será determinante para as análises das respostas apresentadas pelos ecossistemas manguezal e marisma no período dos respectivos monitoramentos em questão. Sem dúvida, há necessidade de efetiva troca de informações entre os grupos de pesquisa integrantes da Sub-Rede Zonas Costeiras. 63 CLIMATE CHANGES AND COASTAL ZONES: MANGROVE AND SALT MARSH ECOSYSTEMS TOWARDS CLIMATE CHANGES Yara Schaeffer-Novelli1,9,*, Eduardo J. Soriano-Sierra2,3, Elaine Bernini3, Marcelo A. A. Pinheiro4, André S. Rovai2,3, Claudia C. do Vale6, Renato de Almeida7, Clemente Coelho-Jr8, Sarah Charlier-Sarubo1,9,10 e Marília Cunha-Lignon9,11 1 Universidade de São Paulo - USP Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC 3 Núcleo de Estudos do Mar – NEMAR/UFSC 4 Universidade Federal da Paraíba - UFPB 5 Universidade Estadual Paulista – UNESP/CLP 6 Universidade Federal do Espírito Santo 7 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB 8 Universidade Federal de Pernambuco – UFPE 9 Instituto Bioma Brasil 10 Fundação Boticário de Proteção à Natureza 11 Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP * [email protected] 2 Mangroves and saltmarshes are sensitive to climate change. The possibility of coping with new conditions results from physiological adaptations of the typical plant species in both ecosystems. In order to understand ecosystem behavior and to ensure conservation facing climate change, it is crucial to know their responses to local environmental factors, in their specific areas. Among the factors related to climate change to be accessed, there are (1) average sea level rise, (2) substrate level changes, and (3) changes in pluviosity, air moisture and temperature, water temperature, and availability of CO2 in the atmosphere. The responses from mangroves and saltmarshes to these factors include (1) changes in sediment dynamics i.e. erosive and/or depositional processes, (2) changes in the tide regime, (3) increasing droughts in lower latitudes, and increasing rainfall and extreme weather events in higher latitudes; (4) changes in primary productivity and biodiversity; and (5) adjustments in population parameters of the crab Ucides cordatus (e.g., density and structure). The protocols on minimum procedures for mangrove and saltmarsh monitoring advocate globally consolidated methodology, adopting the most recent approaches in research. Regarding the demands for environmental information in the fields of Physics, Chemistry and Geology, it is of our most interest to work side by side with experts of each of these branches of Oceanography. Each of those to be involved in every step of the monitoring. Excellency in the records of abiotic variables related to climate change will be essential for the analysis of mangrove and saltmarsh monitoring. Undoubtedly, there is a need for effective information exchange among the members of different groups within the Sub-Rede Zonas Costeiras. 64 MESA 5 - MODELAGEM DO SISTEMA CLIMÁTICO E ZONA COSTEIRA BESM Paulo Nobre INPE/CPTEC [email protected] Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre – BESM e seus modelos componentes (oceano-criosferaatmosfera-superfície-biosfera-química) tem por fim estudar, detectar e projetar as mudanças climáticas em escalas global e regional decorrentes de ações antrópicas e naturais. O desenvolvimento do modelo é baseado num esforço multi-institucional e interdisciplinar de modelagem do sistema climático global coordenado pelo INPE com participação de Universidades e Centros de Pesquisa nacionais, Redes Estaduais de Pesquisa e colaboração internacional. Tal desenvolvimento conta com os recursos de supercomputação de última geração da Rede CLIMA e é responsável por disponibilizar e facilitar o uso de modelos climáticos e seus componentes para a comunidade científica nacional. A primeira versão do BESM, baseada no acoplamento do modelo atmosférico global do CPTEC ao modelo oceânico global do GFDL (MOM4p1), foi utilizada para gerar cenários de mudanças climáticas globais para o período 1960-2100 para o programa CMIP5, contribuição pioneira do Brasil para o Relatório de Atividades (AR5) do IPCC. Os cenários gerados pelo BESM estão sendo utilizados como condições de contorno para ‘downscaling’ de vários modelos regionais e estudos de impactos das Mudança Climática no Brasil. No contexto desta mesa redonda, o BESM servirá como modelo global integrador dos esforços de modelagem hidrológica continental, modelagem hidrodinâmica estuarina e modelagem oceânica para o estudo dos impactos das variações do ciclo hidrológico global nos processo biogeoquímicos marinhos e climáticos em escala global. 65 HIDROLOGIA NA MODELAGEM DO SISTEMA CLIMÁTICO TERRESTRE Luz A. Cuartas1,*, Aline A. de Castro1, Darcy Jiménez1, Carina Rodrigues1, Michael Coe2, Gilvan Sampaio1 e Marcos Costa3 1 Centro de Ciência do Sistema Terrestre/CCST, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/INPE The Woods Hole Research Center 3 Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 A água continental tem papel fundamental na dinâmica do sistema climático terrestre. Os processos hidrológicos na superfície exercem uma marcada influência sobre o clima; existe um forte controle sobre a evapotranspiração devido à umidade do solo, já que esta última influencia na partição dos fluxos de energia na superfície (Entekhabi et al., 1996). Os modelos climáticos procuraram incluir uma melhor representação dos processos hidrológicos através do uso dos modelos de interação solo-vegetação-atmosfera (SVATs). A maioria dos SVAT simula bem a troca de fluxos de água e energia na vertical, mas muitos não simulam os processos hidrológicos no solo em nível de bacia, principalmente negligenciando o transporte lateral de água (escoamento superficial e sub-superficial), seu efeito no lençol freático, e o escoamento é admitido ser perdido para o oceano imediatamente. Neste contexto, esta sendo desenvolvido o modelo de superfície INLAND, cujo ponto de partida foi o modelo IBIS (Foley et al., 1996). Este modelo inclui uma representação dos processos físicos da superfície terrestre, como a fisiologia do dossel, a fenologia e dinâmica da vegetação e os balanços de água, energia e carbono terrestre, porém só considera fluxos na vertical. Para incluir a propagação da água foi acoplado o modelo THMB (Coe, M.T., 2000; Coe et al., 2007). Os rios, lagos, áreas úmidas e planícies aluviais são definidas como uma rede hidrológica continua na qual a água é transportada para bacias interiores (lagos), para o oceano ou é evaporada dos corpos d’água. Foram feitas simulações para América do Sul, porém com resultados preliminares para algumas bacias. As simulações para a bacia Amazônica mostraram uma subestimação da vazão, mas conseguiram simular bem a variabilidade interanual, com resultados significativos (p<0,05) para 75% das vazões observadas. Este resultado inicial pode ser devido à inclusão da evaporação dos corpos d’água, porém ainda encontra-se em fase de calibração. 66 HYDROLOGY IN THE EARTH SYSTEM MODELING Luz A. Cuartas1,*, Aline A. de Castro1, Darcy Jiménez1, Carina Rodrigues1, Michael Coe2, Gilvan Sampaio1 e Marcos Costa3 1 Centro de Ciência do Sistema Terrestre/CCST, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/INPE The Woods Hole Research Center 3 Universidade Federal de Viçosa [email protected] 2 The continental water plays a fundamental role in the dynamics of the Earth's climate system. Hydrological surface processes exert a marked influence on climate; exists a strong control on evapotranspiration due to soil moisture, since the latter influences energy fluxes partition at the surface (Entekhabi et al., 1996). Climate models have tried to include a better representation of hydrological processes through the use of soil-vegetation–atmosphere interaction models (SVATs). Most SVAT simulates well the vertical exchanges of water and energy, however many do not simulate the hydrological processes in the soil at basin level, mostly neglecting the lateral transport of water (surface and subsurface runoff), its effect on groundwater and with the flow made to be lost to the ocean immediately. In this context, the INLAND surface model is being developed, whose starting point was the IBIS model (Foley et al., 1996). This model includes a representation of the physical processes of the earth's surface, such as the canopy physiology, phenology and vegetation dynamics, and water, energy and carbon balance, but only considers vertical flows. To include the lateral water transport it was coupled to the THMB model (Coe, 2000; Coe et al., 2007). Rivers, lakes, wetlands and floodplains are defined as a continuous hydrological network in which water is transported to inland basins (lakes), or ocean or is evaporated from water bodies. Simulations for South America were made with preliminary results for some basins. The simulations for the Amazon basin showed an underestimation of discharge, but well able to capture the inter-annual variability, with significant results (p < 0.05) for 75 % of the observed discharge. This initial result may be related to the inclusion of evaporation of water bodies, but still is in the calibration phase. 67 MODELAGEM DE PROCESSOS FÍSICOS COSTEIROS Eduardo Siegle Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo - USP [email protected] A compreensão dos processos físicos que controlam a hidrodinâmica e morfodinâmica de ambientes costeiros rasos é fundamental para o seu manejo e para o entendimento de sua influência sobre as áreas oceânicas adjacentes. Nesse sentido, esforços nas últimas décadas tem focado a modelagem numérica desses sistemas, permitindo o melhor conhecimento dos processos atuantes e de sua importância relativa no controle desses ambientes. Modelos numéricos permitem essa abordagem nas diferentes escalas espaço-temporais. Serão apresentados conceitos básicos da modelagem numérica de processos costeiros, tipos de modelos e exemplos de sua aplicação. 68 MODELAGEM DE PROCESSOS FÍSICOS COSTEIROS Eduardo Siegle Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo - USP [email protected] Understanding the physical processes that define the hydrodynamics and morphodynamics of shallow coastal environments is essential for its management and to assess its influence on adjacent oceanic areas. During the last decades, efforts at the numerical modeling of these systems resulted in relevant knowledge of the acting processes and their relative importance across such environments. Numerical models allow such applications at different spatial and temporal scales. Basic concepts on the numerical modeling of coastal processes will be presented including types of numerical models and examples of its application. 69 CORRENTES SUBMAREGRÁFICAS EM UMA REGIÃO DE MACROMARÉ DO NORDESTE BRASILEIRO: O CASO DA BAÍA DE SÃO MARCOS (MA) Dias, F.J.S.1,*; Leal de Castro, A.C.1; Azevedo, J.W.J.1; Monteiro Neto, O.G.1; Marins, R.V. e Lacerda, L.D.2 1 Laboratório de Hidrodinâmica Costeira, Estuarina e Águas Interiores do departamento de Oceanografia e Limnologia, Universidade Federal do Maranhão (LHiCEAI/UFMA) 2 Laboratório de Biogeoquímica Costeira do Instituto de Ciências do Mar, Universidade Federal do Ceará (LBC/UFC) * [email protected] A Baía de São Marcos está inserida no Golfão Maranhense, localizada no extremo norte do Maranhão. Inserida em uma região de clima tropical úmido, tem como características principais o grande volume fluvial associado a elevadas concentrações de materiais em suspensão e uma variação da altura da maré que pode chegar a 7 m. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a variação espacial do campo de correntes submarégrafica na Baía de São Marcos, durante evento de maré de sizígia. Os dados de intensidade e direção das correntes foram obtidos com auxílio de medidor acústico de correntes por efeito doppler (ADCP), com frequência de 0.5 MHz. O vetor velocidade foi decomposto, em relação ao plano de coordenadas cartesianas ortogonal Oxy, para. O campo de correntes foi homogêneo na superfície, com as menores intensidades ocorrendo em Bacabeira (2,15 m s-1) e as maiores na região do Porto Grande (2,48 m s-1). Em meia água, a intensidade das correntes decaiu, variando de 2,07 m s-1, em Bacabeira, a 2,30 m s-1 na região do Porto de Itaqui, com exceção da radial localizada ao lado da Ilha dos Caranguejos que apresentou correntes de até 4,30 m s-1. Junto ao fundo, a condição de não escorregamento foi mantida. As menores intensidades (1,75 m s-1) foram observados nas proximidades da ponta da Ilha dos Caranguejos, enquanto que os valores máximos (2,20 m s-1) ocorreram na região do Porto de Itaqui. Dinamicamente, o padrão de circulação gerou correntes fluindo para SW entre o Porto de Itaqui e a Ilha dos Caranguejos, enquanto que ao sul da Ilha dos Caranguejos a direção preferencial foi para SE. O decaimento das velocidades da superfície ao fundo é devido à condição de contorno de não escorregamento, sugerindo para a região a presença de zonas preferenciais para deposição de materiais e substâncias. 70 SIMULAÇÕES SOBRE A RESPOSTA DOS GRANDES ECOSSISTEMAS MARINHOS À VARIABILIDADE CLIMÁTICA INTERANUAL USANDO MODELAGEM BIOGEOQUÍMICA Helena C. Soares1,*, Douglas F. M. Gherardi1, Luciano P. Pezzi1, Mary T. Kayano2 e Eduardo T. Paes3 1 Divisão de Sensoriamento Remoto, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) - INPE 3 Instituto Socioambiental e dos Recursos Hídricos (ISARH), Universidade Federal Rural da Amazônia * [email protected] 2 O impacto dos modos climáticos locais e remotos nos Grandes Ecossistemas Marinhos (GEMs) do Brasil e da costa oeste Africana são investigados. O modo El Niño Oscilação Sul (ENOS, Niño3) e a Oscilação Decenal do Pacífico (ODP) são considerados forçantes remotas do oceano Atlântico Sul. O modo tropical do Atlântico Sul (TSA) e a Oscilação Antártica (AAO) são os modos locais. A investigação tem como base a análise de correlação total e parcial entre os índices climáticos que representam estes modos e as anomalias de temperatura da superfície do mar (ATSM), tensão do vento à superfície do mar, transporte de Ekman, radiação de onda longa emergente e pressão ao nível médio do mar (APNM) no oceano Atlântico Sul. Todas as variáveis foram filtradas por meio de um filtro com base na ondaleta de Morlet para manter apenas a variabilidade interanual (2-7 anos) e também foi removida a tendência linear dos dados de TSM. Descobrimos que o TSA reduz a influência do fenômeno ENOS sobre as ATSM durante o período quente da ODP (1977-2008) nos GEMs brasileiros do Norte e Leste e no GEM da corrente da Guiné. O TSA também intensifica as correlações entre AAO e ATSM no Atlântico tropical. Correlações negativas entre AAO e ATSM foram encontradas no GEM do Sul do Brasil, esse padrão é persistente mesmo com a remoção dos outros índices (correlações parciais). Em relação às ATSM, anomalias de tensão do vento à superfície do mar e APNM é notável que os impactos da mudança de regime da ODP parecem ser mais intensos ao longo da costa oeste africana do que ao longo da costa brasileira. A evolução do regime frio para o quente da ODP foi acompanhada por uma elevação da complexidade espacial das condições ambientais ao longo dos GEMs da costa oeste Africana. Os impactos da variabilidade climática na produtividade dos GEMs serão investigados utilizando o modelo biogeoquímico Fennel, que é um componente do modelo Regional Ocean Model System (ROMS). O modelo biogeoquímico irá simular os impactos dos extremos dos índices climáticos na produtividade dos GEMs. Os resultados até agora mostram que as ações de gestão com base nos ecossistemas sob efeitos de variabilidade climática precisam considerar a elevada complexidade das interações na escala da bacia entre as forçantes climáticas locais e remotas. 71 SIMULATING LARGE MARINE ECOSYSTEM RESPONSE TO INTERANNUAL CLIMATE VARIABILITY USING BIOGEOCHEMICAL MODELLING Helena C. Soares1,*, Douglas F. M. Gherardi1, Luciano P. Pezzi1, Mary T. Kayano2 e Eduardo T. Paes3 1 Divisão de Sensoriamento Remoto, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) - INPE 3 Instituto Socioambiental e dos Recursos Hídricos (ISARH), Universidade Federal Rural da Amazônia * [email protected] 2 The impact of local and remote climate modes on the Brazilian and western African coast Large Marine Ecosystems (LMEs) are investigated. The El Niño Southern Oscillation (ENSO, Niño3) and Pacific Decadal Oscillation (PDO) are considered as remote forcings of the South Atlantic ocean. The tropical South Atlantic (TSA) and the Antarctic Oscillation (AAO) are the local modes. The investigation is based on total and partial correlation analyses between climate indices representing these modes and the anomalies of sea surface temperature (SSTA), wind stress, Ekman transport, outgoing longwave radiation and sea level pressure (SLPA) in the South Atlantic ocean. All variables were wavelet filtered to keep the interannual variability (2 to 7 years) and SST was also linearly detrended. We found that TSA reduces the influence of ENSO on SSTA during the warm PDO (1977-2008) period in the North and East Brazil LMEs and in the Guinea Current LME. The TSA also enhances the correlations between AAO and SSTA in the tropical Atlantic. Negative correlations between AAO and SSTA were found in the South Brazil LME, this pattern is persistent even with the removal of the other indices (partial correlations). Regarding the SST, wind stress and SLP anomalies, it is striking that the impacts of the PDO regime shift are stronger along the western African than in the Brazilian coast. The evolution from cold to warm PDO regimes was followed by a much higher spatial complexity of the environmental conditions along the western African LMEs. Impacts of climate variability on the LMEs productivity will be investigated using the Fennel biogeochemical model, which is a component of the Regional Ocean Model System (ROMS). The biogeochemical model will simulate the impacts of the climate indices extreme events on the productivity of the LMEs. Results so far show that ecosystem-based management actions under climate variability need to consider the high complexity of basin-scale interactions between local and remote climate forcings 72 MESA 6 - QUAL O FUTURO DA SUB-REDE ZONAS COSTEIRAS? OPORTUNIDADES DE INTERAÇÃO INCT´S-MAR E INCT MC- ZONAS COSTEIRAS NA AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO LITORAL BRASILEIRO José M. L. Dominguez* e Ruy K. P. Kikuchi inctAmbTropic, Universidade Federal da Bahia [email protected] As mudanças climáticas constituem a narrativa dominante deste século e a zona costeira, onde se concentra a maior parte da população mundial, é o local onde o impacto destas mudanças se fará sentir com maior força. Todos os incts - MAR, até mesmo por força dos termos de referencia do edital lançado pelo CNPq, incorporam as mudanças climáticas e a zona costeira, nos seus objetivos. Surge assim uma excelente oportunidade de interação entre os incts -MAR distribuídos ao longo do litoral brasileiro, e o inct MC-Zonas Costeiras - Rede Clima, de atuar de forma consorciada na avaliação do impacto destas mudanças climáticas no litoral brasileiro. Esta não é uma tarefa fácil considerando as dificuldades inerentes ao próprio trabalho em rede, assim como a necessidade de aporte de recursos financeiros adicionais, para promover as reuniões de trabalho, o ajuste de uma agenda comum e a uniformização de metodologias e abordagens. Apesar de tudo é uma excelente oportunidade que se abre de interação entre as redes de pesquisa existentes, que poderá resultar em uma forte contribuição para a integração em caráter nacional das ciências do mar, e na redução das disparidades regionais de pesquisa e capacitação nesta área temática. 73 8.1.3 APRESENTAÇÕES ORAIS O EFEITO DO ENOS NO ATLÂNTICO TROPICAL E SUL COM CONSEQUÊNCIAS PARA O CLIMA DO BRASIL Regina R. Rodrigues* Departamento de Geociências (GCN), Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC * [email protected] Eventos ENOS alteram a circulação atmosférica sobre a América do Sul e Atlântico Tropical e Sul que por sua vez afetam o clima do Brasil. Por exemplo, eventos de El Niño causam um aquecimento no Atlântico Norte tropical e resfriamento no Atlântico Sul tropical. Com isto, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) não se move para sul sobre o nordeste brasileiro, causando secas severas no mesmo. Já eventos de La Niña causam um resfriamento no Atlântico Norte tropical e aquecimento no Atlântico Sul tropical, propiciando a migração da ZCIT sobre o nordeste e, consequentemente, chuvas acima da média. Os efeitos do ENOS no clima do sul do país são opostos. Porém, tanto os eventos de El Niño como os de La Niña tem mudado suas características nas últimas décadas e seus efeitos no clima do Brasil também mudaram. Isto tem dificultado a previsão climática no Brasil com consequências desastrosas para a sociedade. Além disso, existe uma relação entre o ENOS e o dipolo do Atlântico Sul que é o principal modo de variabilidade do Atlântico Sul. Eventos de dipolo negativo que são caracterizados por um aquecimento no Atlântico Sul tropical e um resfriamento no Atlântico Sul subtropical estão relacionados a El Niños, e vice-versa para o dipolo positiva. Eventos de dipolo negativo estão associados com chuva acima da média no sul do Brasil e abaixo da média no sudeste. Já dipolos positivos estão associados com alta precipitação no sudeste relacionada a Zona de Convergência do Atlântico Sul e baixa precipitação no sul. Portanto, os efeitos do ENOS na circulação atmosférica e precipitação, bem como na temperatura da superfície do mar do Atlântico Tropical e Sul, são importantes para a zona costeira. Esta pode ser afetada diretamente por mudanças na temperatura da água ou indiretamente por mudanças nos padrões de ventos, ou ainda, no aporte de água doce causado por variações na precipitação continental. 74 THE IMPACT OF ENSO ON THE TROPICAL AND SOUTH ATLANTIC AND ITS EFFECTS ON THE PRECIPITATION OVER BRAZIL Regina R. Rodrigues* Departamento de Geociências (GCN), Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC * [email protected] ENSO alters the atmospheric circulation over the South America and the Tropical and South Atlantic, which in turn affect the climate of Brazil. ENSO is the primary cause of interannual climate variability in Brazil. El Niño events generally cause a warming of the tropical North Atlantic and a cooling of tropical South Atlantic. This prevents the ITCZ to migrate southward over the Brazilian northeast, causing severe droughts. On the hand, La Niña events have the opposing effect over the tropical Atlantic causing above-averaged rainfall over the northeast. The effect of ENSO on the precipitation over the south of Brazil is opposite. During the last decades, however, ENSO events have changed their characteristics. As a consequence the effects on the Brazilian climate have also changed, making it difficult to predicted. Moreover, the dominant mode of sea surface temperature in the South Atlantic, called South Atlantic Dipole Mode, is also linked to ENSO. A negative phase of the dipole is associated with above-averaged precipitation over the south and below-averaged over the southeast of Brazil, and vice-versa for the positive phase. Thus, ENSO can affect the coastal zone directly and indirectly through changes in the sea temperature and atmospheric circulation as well as in the precipitation that can alter continental discharge. 75 A INFLUÊNCIA DA DINÂMICA LOCAL NA VARIABILIDADE SAZONAL DA CLOROROFILA-A NO BANCO DE ABROLHOS E ROYAL-CHARLOTTE Renato D. Ghisolfi*, Meyre P. da Silva, Ricardo N. Servino e Mahatma Fernandes LabPosseidon - Universidade Federal do Espírito Santo – UFES * [email protected] O banco de Abrolhos é uma área de grande importância ecológica e econômica. Embora ele suporte os mais ricos recifes de coral do Atlântico Sul, a variação espacial e temporal da concentração de fitoplâncton permanecem pouco conhecidos, bem como os processos dinâmicos que controlam a sua variabilidade e os efeitos potenciais das alterações climáticas no seu desenvolvimento. O presente estudo investiga as distribuições sazonais e espaciais de clorofila-a (Chl-a) e as condições meteoceanográficas associadas por meio de dados de Chl-a nível 3 MODIS, ventos ETA, fluxos de calor NCEP e outros dados oceanográficos simulados pelos modelos HYCOM e MIROC a fim de entender como os cenários previstos podem afetar a concentração de clorofila-a. Os resultados mostram baixas/altas concentrações na primaveraverão/outono-inverno austral com maiores valores na porção norte do Banco de Abrolhos. As condições meteorológicas e oceanográficas durante o verão austral favorecem o desenvolvimento de uma forte estratificação. Essas condições são: 1) ventos N-NE favorecem uma circulação tipo ressurgência de Ekman, 2) o acoplamento entre o oceano aberto e plataforma continental favorece a ascensão de água fria subsuperficial na quebra de plataforma, 3) fluxo líquido positivo de calor. Durante o outono ventos S-SE estão em direção oposta ao sistema de correntes predominante sobre o Banco de Abrolhos, reduzindo sua velocidade e induzindo cisalhamento inverso. O oceano ainda mais quente e uma atmosfera relativamente fria e seca promovem o resfriamento evaporativo da camada superficial. Assim, a floração do fitoplâncton nas águas sobre o Banco de Abrolhos parece ser regulada pela dinâmica da camada de mistura (MLD). Se os cenários previstos favorecerem o aumento da estratificação, a concentração de Chl-a deverá diminuir. Por outro lado, se o aprofundamento da MLD e turbulência associada for o cenário mais provável, então o fitoplâncton deverá aumentar ou, no mínimo, se manter no nível atual. 76 LOCAL DYNAMICS INFLUENCE ON THE SEASONAL VARIABILITY OF CHLOROPHYLL-A ON THE ABROLHOS E ROYAL-CHARLOTTE BANKS Renato D. Ghisolfi*, Meyre P. da Silva, Ricardo N. Servino e Mahatma Fernandes LabPosseidon - Universidade Federal do Espírito Santo – UFES * [email protected] The Abrolhos Bank is an area of high ecological and economic importance. Although it supports the largest and richest coral reefs in South Atlantic and one of the largest rhodolith beds of the world, the spatial and seasonal variation of phytoplankton concentration have remained poorly known, as well the dynamical processes controlling its variability and the potential effects of climate change on its development. The present study investigates seasonal and spatial distributions of chlorophyll-a (Chl-a) and meteoceanographic conditions associated by analyzing data of level-3 MODIS derived Chl-a, ETA winds, NCEP heat fluxes and other oceanographic data derived from HYCOM and MIROC simulations to understand how the forecasted scenarios might affect the Chl-a concentration. The results show low/high concentrations occurred in austral spring-summer/autumn-winter with the highest values being observed in the northern portion of the Abrolhos Bank. The meteorological and oceanographic conditions during austral summer favor the development of strong stratification. These conditions are: 1) N-NE winds that favor an upwelling-type Ekman circulation; 2) coupling between open ocean and continental shelf through western boundary current that promoted the rise of cooler subsurface water into shelf-break; 3) positive net heat flux. During autumn S-SE winds are in the opposite direction of the predominant current system over the Abrolhos Bank, reducing their speed and inducing inverse shear. The still warmer ocean and a somewhat cool and dry atmosphere promote the evaporative cooling of the surface layer. The blooming of phytoplankton in the waters over the Abrolhos Bank appears to be regulated by changes in mixed layer depth (MLD). If the predicted scenarios favor the increasing of stratification then the Chl-a concentration should decrease. On the other hand if the deepening of the MLD is likely to happen then the phytoplankton biomass is expected to increase or, at least to remain at the present level. 77 VARIAÇÕES BIOGEOFÍSICAS NO SISTEMA COSTEIRO DA PLUMA DO RIO AMAZONAS: RESULTADOS FINAIS E PERSPECTIVAS Eduardo T. Paes* Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA * [email protected] As atividades de pesca na região costeira amazônica estão dirigidas principalmente aos recursos demersais, sendo que já se verificam indícios de sobre-exploração em muitas das espécies. A alta produção biológica e pesqueira da região costeira da Amazônia brasileira está associada aos processos biogeofísicos controlados pela interação entre as descargas do rio Amazonas e de um conjunto de pequenos estuários, bem como, pelo regime pluviométrico de três grandes bacias de drenagem que deságuam na costa. Esses processos sofrem a influência, em maior escala, dos fenômenos do tipo “El Nino-Oscilação Sul” e das anomalias do gradiente térmico entre o Atlântico Norte e Sul. Durante dois anos de investigação na região de influência da Pluma do Amazonas na plataforma continental do Amapá-Pará forma definidos os principais modos de variação temporal e espacial das variáveis mais diretamente relacionadas à produtividade biológica como: concentração de clorofila-a, e a temperatura superficial do mar, bem como os índices de biomassa das principais espécies exploradas pela pesca, buscando-se estabelecer suas inter-relações. Os resultados obtidos com a análise das séries temporais das variáveis controladoras, na escala de bacia – média escala (vazão do rio Amazonas e pluviosidade) foram comparados com os índices do ENSO e do gradiente meridional de TSM do Atlântico – grande escala. Medidas de variáveis biofísicas resultantes de três cruzeiros de pesquisas foram analisadas com o propósito de descrever as principais variações costeiras da pluma do Amazonas e elaborar uma proposta de monitoramento a longo prazo da Plataforma Continental Norte. Este projeto visa estabelecer e estruturar, a médio prazo, uma nova linha de pesquisa junto ao recém criado Programa de Pós-graduação em Aqüicultura e Recursos Aquáticos Tropicais da Universidade Federal Rural da Amazônia, em ecologia e oceanografia pesqueira da região costeira da Amazônia brasileira com o propósito de estabelecer as influências das variações climáticas sobre esses sistemas. 78 BIOGEOPHISICAL VARIATIONS IN THE COASTAL PLUME OF THE AMAZONAS RIVER SYSTEM: FINAL RESULTS AND PERSPECTIVES Eduardo T. Paes* Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA * [email protected] The fishing activities in the coastal Amazonian region are directed mainly to demersals resources where indication of over-exploitation of many species can be verified. The large biological and fishery production of the coastal Brazilian Amazonian region is associated with the biogeophysical processes controlled by the interaction between the dumps of the Amazon River and a small group of estuaries as well as by the rainfall of three large watersheds that recede in the coast. In greater scale, these processes suffer influences from phenomena like “El NinoOsilação Sul” and the thermal gradient anomalies between the Atlantic North and South. During two years of investigation in the region of influence of the Amazonian Plume in the continental platform of Amapá-Pará, main temporal and spatial variation modes of variables directly related to biological productivity like chlorophyll-a concentration, surface temperature of water, as well as the indication of biomass of the main species exploited by fishery were defined in search of establishing their inter-relationships. The results obtained with the analysis of the temporal series of controlling variables in the scale of the basin- medium scale (river flow of the Amazonian River and rainfall) were compared to the ENSO indicators and the meridional gradient of the TSM of the Atlantic- large scale. As a result of three research expeditions, measurements of the biophysical variables were analyzed with the intention of describing the main coastal variation of the Amazonian Plume and a long-term monitoring proposal of the North Continental Platform was elaborated. This project aims in structuring and establishing in a medium-term a new research segment alongside with the recently created Graduate Program in Aquaculture and Aquatic Resources in the Tropics at the Universidade Federal Rural da Amazônia. The new research segment in ecology and oceanography fishery of the coastal region of the Brazilian Amazon has the purpose of establishing the influences of climate variation in these systems. 79 CURRENT STATE KNOWLEDGE OF SANDY BEACH AND ESTUARINE TIDAL FAUNA ALONG RIO DE JANEIRO COAST Valéria Veloso1, Elianne Omena2,*, Phillipe Machado3 e Ilana Zalmon3 1- Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO Depto. Biologia Marinha, IB, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ 3Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF * [email protected] 2- As part of the Climate Network from National Institute of Science and Technology for Climate Change Events (INCT-MC), a National Benthic Monitoring Network (ReBentos) is reviewing the current state of knowledge in regards to sandy beaches and estuarine tidal fauna along Rio de Janeiro coast. The coastline of Rio de Janeiro is recognized as a very complex in terms of coastal geomorphology, when observed the entire Brazilian coast. Different coastal sand barriers, estuaries and an important delta (Paraiba do Sul) are the most representative habitats of the littoral. Despite its economic role, supporting tourism and coastal development, sandy beaches and estuarine tidal flats are under increasing pressure due to population increasing. This review included 63 studies, most of them scientific papers published in international and national journals. There is an uneven distribution of studies along the coast, with a high number at Rio de Janeiro city. Open sandy beaches studies are about population dynamics and secondary production of dominant species like sandhoppers (Emerita brasiliensis), ghost crabs (Ocypode quadrata), cirolanids (Excirolana brasiliensis) and talitrids (Pseudorchestoidea brasiliensis). Studies carried out in estuarine beaches are mainly focused on spatial and temporal distribution of macrofauna along hydrodynamic and pollution gradients. Human impacts associated to urbanization effect on beach macrofauna have been recently evaluated. During this review it was found that available scientific knowledge about beach fauna from north and south coastline is extremely limited. There is a need to conduct baseline research on the ecology of sandy beaches, with special attention at northern coastline and between Cabo Frio and Rio de Janeiro, where episodes of coastal erosion associated to storms waves are recorded. Appropriate management and successful conservation of these coastal sedimentary habitats can provide high quality recreation experiences and act as the primary buffer for storm and climate change events. 80 MUDANÇAS NA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA E NAS TAXAS DE RECRUTAMENTO DE INVERTEBRADOS DO ENTRE-MARÉS DURANTE PASSAGENS DE SISTEMAS FRONTAIS NA COSTA SUDESTE DO BRASIL. Áurea M. Ciotti, Peres, A.L.F., Mazzuco, A.C.A. e Christofoletti, R.A. Universidade de São Paulo, Instituto de Biociências, Centro de Biologia Marinha da USP [email protected] A região da plataforma continental interna próxima à ilha São Sebastião recebe intrusões de massas de agua oceânicas como a Água Central do Atlântico Sul (ACAS) e também massas de água de origem costeira advectadas do sul cuja propagação é facilitada durantes sistemas frontais. Durante 2012, foram realizadas coletas semanais, para a obtenção de dados físicoquímicos e concentração de clorofila-a nas classes de tamanho do micro, nano e picofitoplâncton. No verão, os pulsos da ACAS pelo fundo do CSS, permitiram maior porcentagem do microfitoplâncton, porém apenas igualando-o ao nanofitoplâncton. No inverno, o nanofitoplâncton se sobressaiu. Investigamos também a variabilidade das taxas de recrutamento de cracas e mexilhões em escala mensal e quinzenal, em associação a entradas de ACAS e de sistemas atmosféricos frontais. As taxas de recrutamento de cracas foram maiores durante períodos com fortes ventos de quadrantes N-E e menores durante as passagens de frentes frias, devido a exposição a massas de agua oceânica durante as frentes. Mudanças no regime de ventos e entradas de frentes frias portanto afetam a composição dos produtores primários, bem como taxas de recrutamento de invertebrados responsáveis pela estruturação das comunidades em costões rochosos. 81 MACROALGAS DO BRASIL COMO INDICADORES DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS: CONDIÇÃO ATUAL E POSSÍVEIS CENÁRIOS Paulo Horta*, Caroline de Faveri, Cintia Lhullier, Cintia Martins, Eduardo Bastos, Eduardo Valduga, Everson Bianco, Fernanda Ramlov, Fernando Scherner, Leidson A. de Lucena, Janayna Bouzon, Manuela Batista, Marina Sissini, Noele Arantes, Pablo Riul, Pamela Munoz, Paola Sanches, Rafael de S. Almeida, Ronan Caetano, Talita Pinto, Ana C. Rodrigues, José B. Barufe, Zenilda Bouzon, Marina Cabral e Leonardo Rorig Laboratório de Ficologia, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Santa Catarina * [email protected] Nas últimas décadas se acentuam ao longo de nosso litoral alterações na fisionomia de inúmeros ambientes, especialmente costeiros, que já apresentam redução de diversidade em áreas urbanas. As causas destas alterações são de difícil explicação uma vez que o impacto de estressores locais, como a poluição, se confundem com as mudanças relacionadas ao aquecimento do planeta e à acidificação dos oceanos. Aqui apresentamos os esforços do grupo de Ficologia da UFSC e de instituições parceiras que nos últimos anos, através de estudos integrados, dimensionaram os impactos destas alterações ambientais complexas sobre o funcionamento, dinâmica de populações, composição e estrutura de comunidades de algas marinhas bênticas. A reavaliação da taxonomia de grupos chaves, utilizando ferramentas moleculares, alterou o padrão de distribuição até então conhecido de algumas espécies, o que alterou nosso entendimento do papel das condições macroambientais presentes em nosso litoral sobre a dispersão e eventual isolamento de grupos específicos. Estudos de ecofisiologia, avaliando o sinergismo de três fatores, têm evidenciado respostas distintas das esperadas tendo em vista o conhecimento proporcionado até então por experimentos uni ou bi fatoriais. Neste contexto um maior aporte de nutrientes, associado ao aquecimento e acidificação do meio, resultou na manutenção do desempenho fisiológico de algas calcárias como Lithothamnion e Sonderophycus, enquanto que em condições normais de temperatura ou de nutrientes, estas algas tiveram seu desempenho fisiológico comprometido. Modelos gerados a partir da compilação da flora Brasileira reforçam a possível ampliação da distribuição de táxons tropicais para áreas mais ao sul como já vem sendo observado. Apesar dos esforços descritos o estudo isolado das macroalgas não nos permite prever cenários futuros, por não considerarem interações biológicas. Estudos futuros devem investir na avaliação destas interações considerando os ambientes 82 VULNERABILIDADE E ADAPTAÇÃO DE PESCADORES ARTESANAIS COM TERRITÓRIOS SOBREPOSTOS A ÁREAS PROTEGIDAS MARINHAS Luiz F. D. Faraco1,*, José M. A. Filho2, Paulo da C. Lana2 e Cristina F. Teixeira2 1 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/Ministério do Meio Ambiente Universidade Federal do Paraná * [email protected] 2 A vulnerabilidade dos pescadores artesanais do litoral do Paraná vem aumentando devido à queda nas capturas e a problemas de gestão dos recursos naturais costeiros. Vivendo junto a áreas de elevada biodiversidade, os pescadores são também afetados pelas restrições trazidas por unidades de conservação de proteção integral. As alterações associadas às mudanças climáticas funcionarão como fontes adicionais de impacto aos meios de vida dessas populações, principalmente devido à acentuação da queda nas capturas, prevista para as regiões tropicais e subtropicais. Uma série de fatores internos e externos, sociais e ecológicos, contribuem para gerar condições diferentes de vulnerabilidade, e as estratégias de adaptação desenvolvidas na atualidade para lidar com essas perturbações podem ser vistas como análogas de respostas futuras. Este trabalho teve como objetivos caracterizar as diferenças na vulnerabilidade desses pescadores aos efeitos previstos das mudanças climáticas e descrever qualitativamente e quantitativamente as diferenças nas estratégias de adaptação adotadas e cogitadas nos domicílios, de acordo com o nível de capacidade adaptativa em que se encontram, e quanto ao efeito sobre elas das unidades de conservação. Foram amostrados 213 domicílios, distribuídos em 9 vilas, no Complexo Estuarino de Paranaguá. Os resultados indicam que a vulnerabilidade varia entre as vilas, e mesmo entre domicílios, e as diferenças são determinadas principalmente pelo nível de dependência em relação à pesca, pelo capital físico disponível e pelo grau de participação dos moradores em organizações comunitárias. As unidades de conservação afetam a vulnerabilidade dos pescadores duplamente e de maneira diferenciada, restringindo tanto o meio de vida atual quanto as opções de adaptação futura daqueles que já são mais vulneráveis. Os resultados dessa análise serão úteis para a adequação e integração das políticas de adaptação às mudanças climáticas, de gestão da pesca e de conservação da biodiversidade, contribuindo para promover a resiliência conjunta de pescadores e ecossistemas costeiros. 83 8.1.4 PAINÉIS PERCEPÇÕES SOBRE MEIO AMBIENTE E O MAR POR INTERESSADOS EM ECOTURISMO MARINHO NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MARINHA DE ARMAÇÃO DE BÚZIOS, RJ, BRASIL. Alexandre de G. Pedrini1,*, Daniel S. da Brotto2, Marcela C. Lopes1, Luisa P. Ferreira1 e Natalia P. Ghilardi-Lopes3 1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro Universidade Veiga de Almeida 3 Universidade Federal do ABC * [email protected] 2 É imperativa a avaliação de concepções ambientais previamente à proposição de ações de educação ambiental. Neste trabalho, 78 questionários foram preenchidos por interessados em ecoturismo em Armação de Búzios, a respeito de seus conceitos sobre meio ambiente e meio ambiente marinho. Os respondentes apresentaram na maioria 41 a 50 anos, nível superior e renda de 1 a 4 salários mínimos. Aqueles originários da Região dos Lagos apresentaram o conceito integrador com frequência significativamente mais baixa (Qui-quadrado, χ2 = 8,73, p < 0,5%) que os demais. Não foi observada diferença significativa (χ 2 = 0,811, p > 5%) para a concepção de meio ambiente entre os sexos. Verificou-se que a maioria dos respondentes (61%) não soube conceituar apropriadamente o ambiente marinho. Foram observadas diferenças significativas (p<5%) quanto à origem e sexo dos respondentes para este conceito. É urgente a implantação de programas de Informação e Educação Ambiental, direcionados a todos os segmentos sociais locais. 84 CLASSES GRANULOMÉTRICAS E INDÍCIOS DE EROSÃO COSTEIRA NAS PRAIAS DA COSTA SUL E CENTRO SUL DE SANTA CATARINA Andreoara D. Schmidt1,*, Norberto O. H. Filho1, Ulisses R. de Oliveira2 e Cristian N. Estevam1 1 Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Universidade Federal do Rio Grande - FURG * [email protected] 2 Localizada no sul do Brasil, a costa do estado de Santa Catarina possui 538 km de extensão, setorizado em cinco unidades, com praias e fisiografias diversificadas, decorrentes do intenso dinamismo entre o oceano, o continente e a atmosfera, sobre uma costa rochosa e arenosa. Neste contexto, observa-se a linha de costa constantemente modelada pela ação de ondas, correntes e ventos. O objetivo deste trabalho é analisar a granulometria dos sedimentos praiais e os indícios de erosão costeira para cada classe granulométrica do litoral Sul e Centro sul do Estado de Santa Catarina. Foram realizadas coletas de amostras superficiais de sedimento na porção subaérea da praia em 113 pontos, as quais foram submetidas a análise granulométrica padrão, complementado pela obtenção de uma série de dados oceanográficos e ambientais, dentre os quais o indício de erosão costeira. Os resultados indicam que do universo amostral, 91,2% das amostras são compostas de areia fina e 8,8% de areia média, encontrada somente para o litoral Centro sul. Por sua vez, índicos de erosão foram observados em 23 pontos do total amostrado. Proporcionalmente, ao número das amostras coletadas, os indícios de erosão representam 20% para a classe areia fina (média 2,44 phi) e 22% para praias de areia média (média 1,67 phi). Percebeu-se que proporcionalmente tanto praias com tamanho de grão de areias finas ou medias apresentam indícios de erosão, estando o mesmo relacionado principalmente com a supressão ou modificação das características naturais das praias e/ou interface dunas, não estando a erosão costeira associada a um determinado tipo granulométrico para o segmento analisado. 85 ANÁLISE DO BALANÇO DE CARBONO NO LITORAL NORTE DE SÃO PAULO, BRASIL: CENÁRIOS FUTUROS PARA O AQUECIMENTO GLOBAL Bruna F. Pavani1,*, Wilson C. de S. Junior1, Carlos E. N. Inouye1, Simone A. Vieira2 e Allan Y. Iwama2 1 Engenharia de Infra-estrutura Aeroportuária – Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais – Universidade Estadual de Campinas - Unicamp * [email protected] 2 O armazenamento e sequestro de carbono estão ligados à função ecossistêmica de regulação do clima, um dos processos ecológicos essenciais de suporte à vida. O principal objetivo deste trabalho é comparar o armazenamento de carbono entre o cenário atual e cenários futuros com o aumento da temperatura atmosférica devido às mudanças climáticas globais. Para tanto, consideram-se as mudanças no uso e cobertura da terra (LULC) propostas em três cenários para o Litoral Norte de São Paulo em 2030. Foi aplicado o módulo Carbon Storage and Sequestration do modelo InVEST (The Natural Capital) que agrega a quantidade armazenada em cada compartimento de carbono nas paisagens. Os valores encontrados nos cenários de enquadramento legal (LE) e status quo (SQ) são semelhantes, respectivamente, 273.648 e 294.554 Mg para a redução da capacidade de armazenamento de carbono. No entanto, considerando os novos empreendimentos na região (NE), a supressão da vegetação local é muito maior e a perda ultrapassa 4.131.350 Mg. Inserindo o aumento da temperatura atmosférica, os valores de perda no armazenamento de carbono tornam-se superiores a 3,7 milhões Mg para os cenários de SQ e LE e alcança 7,2 milhões Mg para o cenário NE, demonstrando os impactos de um aquecimento global iminente. Os resultados indicam uma liberação adicional preocupante de carbono para a atmosfera, intensificando os efeitos negativos das mudanças climáticas. Posteriormente, foi realizada uma avaliação econômica do balanço de carbono para os cenários apresentados, de acordo com o preço de mercado de carbono para projetos de REDD e da taxa de desconto do mercado financeiro. O modelo utilizado e as adaptações de pré-processamento realizadas para aumentar a precisão dos dados de entrada permitiram gerar resultados passíveis de utilização para políticas públicas relacionadas à adaptação às mudanças climáticas bem como para objetivos de conservação de ambientes naturais. 86 INCORPORAÇÃO DA DIMENSÃO CLIMÁTICA NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO: ANÁLISE DE CASO DO ESTADO DE SÃO PAULO Bruno K. Sabbag1,*, Ana M. Nusdeo2 e Sônia M. F. Gianesella1,3 1 PROCAM - Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental/IEE/USP Faculdade de Direito, USP 3 Instituto Oceanográfico, USP * [email protected] 2 A partir da publicação da Política Nacional sobre Mudança do Clima, o Brasil tem publicado inúmeras leis sobre o assunto, mas tem-se verificado dificuldades em sua aplicação. Apesar disso, pouco se tem escrito com o objetivo de identificar os aspectos mais críticos que permitam auxiliar a revisão e aprimoramento do marco jurídico-climático no país. O objetivo principal deste estudo foi realizar uma análise crítica da Política Nacional sobre Mudança do Clima e mais especificamente da Política sobre Mudança do Clima do Estado de São Paulo, a fim de avaliar se o processo de incorporação da dimensão climática no ordenamento jurídico brasileiro, e em especial no Estado de São Paulo, tem sido adequado e, em caso negativo, porque isso não ocorreu. Apesar de terem sido identificadas mais de 100 leis do Brasil sobre mudança do clima, a análise crítica limitou-se à legislação federal e paulista sobre o assunto. Também foram levantados e analisados casos já levados ao Poder Judiciário. Os resultados da análise permitiram verificar que os principais aspectos críticos dos marcos legais em nível nacional e estadual apontam para a ausência de clareza na alocação de responsabilidades dos setores envolvidos. Além disso, a lei paulista adotou uma meta de redução de emissões que tem se mostrado inatingível, o que gera insegurança jurídica e prejudica a eficácia das normas. Finalmente, algumas recomendações são apresentadas para o aprimoramento dos marcos legais. 87 FLUXO E DINÂMICA DO CO2 INORGÂNICO NOS SISTEMAS ESTUARINOS DE CARAVELAS E DA BAIA DE GUANABARA Carlos A. R. e Silva Universidade Federal Fluminense, Departamento de Biologia Marinha, Programa de Pós-Graduação em Dinâmica dos Oceanos e da Terra - DOT [email protected] O modelo econômico atual vem causando enormes efeitos ambientais, dentre estes está o aumento da pressão parcial do CO2 na atmosfera que, consequentemente, aumenta pCO2 aquosa no sistema marinho. Neste processo de dissolução, parte do CO2 reage com H2O resultando no aumento da concentração de H+. Definimos como acidificação a queda nos valores do pH no oceano, promovidas pela entrada do CO2 pela queima dos combustíveis fósseis; como também o CO2 proveniente dos dejetos orgânicos despejados dentro das águas costeiras e estuarinas. As fontes de CO2 inorgânico, os fluxos, e os mecanismos de transporte e transformação são importantes questões que envolvem a mudança climática. Essa palestra relata valores de pH, da alcalinidade total (AT), do estado de saturação da calcita (ΩCalc), do estado de saturação da aragonita (ΩArag), do somatório do carbono inorgânico dissolvido (CIC), a pressão aquosa do CO2 e o fluxo do CO2 nos estuários. Os procedimentos de coleta e de acondicionamento das amostras de água para caracterização do sistema carbonato seguem o protocolo internacional. Recentemente, as áreas costeiras tem chamado atenção devido aos fluxos do CO2. Os fluxos de CO2 medidos pelos pesquisadores são motivados pelo efeito do CO2 no clima do planeta, na acidificação do oceano e também para entender o papel das áreas costeiras no sequestro do CO2. Independente da motivação, os valores gerados dos fluxos do CO2 entre a água e a atmosfera não possuem exatidão. Isso se deve porque algumas constantes físicas fundamentais para o fluxo são geradas em condições especiais em laboratório e não consideram todos os fatores que interferem no fluxo do CO2. O estudo de caso da presente apresentação contempla os estuários de Caravelas (BA) e Caceribú (RJ). 88 A GESTÃO PÚBLICA AMBIENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO MARINHO-COSTEIRA E OS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS: ESTUDO DO ECOSSISTEMA ESTUARINO SITUADO NA INTERFACE ENTRE A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO URUSSANGA E A ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA BALEIA FRANCA – SANTA CATARINA Carlyle T. B. de Menezes*, Álvaro J. Back, Marta V. G. de S. Hoffmann e P. T. Pavei Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC * [email protected] Diante do cenário de alterações provocadas pelas mudanças climáticas, verifica-se a necessidade de estudos mais aprofundados sobre os recursos hídricos, sobretudo devido a sua complexidade, as regiões estuarinas. As mudanças climáticas intensificarão os impactos sobre a zona costeira e a biodiversidade marinha, e aumentarão as atuais fontes de estresse, com a destruição de habitats e perda de espécies. Neste trabalho foi realizado um estudo do estuário da Bacia Hidrográfica do Rio Urussanga, município de Jaguaruna, Santa Catarina, que insere-se no interior de uma importante unidade de conservação marinho-costeira, a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca. Nessa área o transporte de poluentes oriundos de diversas atividades, sobretudo oriundos de mineração de carvão, bem como os efeitos recorrentes de intensas chuvas, frequentes inundações e elevação do nível do mar, com frequentes ressacas, têm provocado sérios prejuízos humanos e materiais às populações residentes nessa região. Estes problemas são agravados pela falta de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento e uso adequado dos recursos naturais. As transformações ocorridas nas últimas décadas na comunidade da Barra do Torneiro, situada na região estuarina da Bacia do Rio Urussanga têm inviabilizado a atividade de pesca na região, onde uma antiga comunidade de pescadores artesanais atualmente encontra-se bastante reduzida. O estudo realizado permitiu conhecer aspectos necessários à formulação de políticas públicas voltadas à mitigação dos impactos socioambientais. Neste contexto, a criação e o fortalecimento de espaços especialmente protegidos, tais como unidades de conservação são importantes fatores para a minimização e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas. A gestão pública ambiental por meio da participação da sociedade no Conselho Gestor da APA da Baleia Franca têm contribuído nos últimos anos para a construção de um espaço e território dotados de melhores condições para fazer frente às graves consequências das mudanças climáticas previstas para os ambientes marinho-costeiros. 89 REGIMES PROBABILÍSTICOS DE COTA DE INUNDAÇÃO COSTEIRA DO BRASIL EXEMPLO DE APLICAÇÃO NO ARCO PRAIAL BARRA DA LAGOAMOÇAMBIQUE, FLORIANÓPOLIS, SC, BRASIL Charline Dalinghaus1,*, Paula G. da Silva1, Mariela Muler1, Rafael S. V. de Camargo1, Michel F. V. Prado1, Matheus de A. Bose1, Omar Gutiérrez2, Mauricio González2, Antonio Espejo2, Ana Abascal2 e Antonio H. F. Klein1 1 Laboratório de Oceanografia Costeira, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Environmental Hydraulics Institute “IH-Cantabria”, Universidad de Cantabria * [email protected] 2 Este trabalho apresenta um exemplo de aplicação da metodologia de cálculo de nível instantâneo do mar (maré meteorológica + maré astronômica) e cota de inundação (nível instantâneo + runup), referentes ao período de retorno de 50 anos para os extremos do arco praial Moçambique - Barra da Lagoa, proposta pelo documento "Regimes Probabilísticos de Cota de Inundação Costeira do Brasil". A cota de inundação foi calculada com base no runup superado por 2% das ondas incidentes, levando em conta a declividade da praia e da antepraia, rugosidade e permeabilidade. Verificou-se que o nível instantâneo do mar atingiu o valor de 1,37 metros nos dois extremos do arco praial. Os resultados de cota de inundação apontaram valores de 2,9 metros e 4,8 metros para a Barra da Lagoa e Moçambique, respectivamente. Apesar de apresentar menores valores de cota de inundação, a área inundada na porção da praia da Barra da Lagoa atingirá a área urbana do local, uma vez que esta apresenta um terreno com menor declividade (tanβ= 0.00452513) e sem dunas. Enquanto na praia do Moçambique, mesmo com maior valor de cota de inundação para o período de retorno de 50 anos, a elevação do nível da água não atingirá áreas urbanas, ficando restrita a zona de dunas. 90 BRAZILIAN LONG TERM ECOLOGICAL RESEARCH: LESSONS LEARNED FROM LONG TERM STUDIES IN THE PATOS LAGOON ESTUARY AND ADJACENT COAST Clarisse Odebrecht, José H. Muelbert, Paulo C. O.V. de Abreu, André L. Colling, Margareth da S. Copertino*, Elisa H. L. Fernandes, Carlos A. E. Garcia, Osmar O. Möller, Eric Muxagata, Eduardo R. Secchi e João P. V. Sobrinho Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande - FURG * [email protected] Southern Brazil is one of the extratropical regions most affected by ENSO regime, with a strong signal in the El Niño, marked by warmer periods and precipitation anomalies. In the coastal plain of the region, a dominant feature is the Patos-Mirim Lagoon complex (∼14,000 km2), which is receives water from a 200.000 km2 drainage basin. The estuary of the Patos Lagoon presents high biological productivity and at the same time is host of important port and industrial activities. The estuarine biology and hydrology has been studied since the 19th century and systematic studies were conducted in the last 20 years, with continuous and daily sampling frequencies for abiotic environmental parameters, and weekly, monthly to seasonal for biological components. The estuary and adjacent coast has been a SITE (∼1,500 km2) of the Brazilian Long Term Ecological Research (LTER) since 1999. The studies demonstrated that this estuary is a river-dominated system, with peaks of river discharge associated with El Niño episodes (negative El Niño Southern Oscillation, ENSO), when rainfall significantly increases in the region. Low discharge periods, on the other hand, occur during drought years (La Niña). These phenomena have direct influence on salinity variations in the estuary, with low values recorded during El Niño and high saltwater intrusion during La Niña years. Salinity variation influences sediment dynamics and physicochemical water characteristics, inducing significant biological changes and ecological responses. For instance, species composition, abundance and biomass of phytoplankton, zooplankton, benthic flora and macrofauna and the recruitment of resident and estuarine dependent fish in the estuary are all affected by ENSO. ENSO also causes significant changes in commercial fisheries of the mullet Mugil liza and the pink shrimp Farfantepenaeus paulensis with important economic and social impacts, while top predators seem to be more resilient to ENSO effects at local scale. Projections of anthropogenic climate change models indicate increase in frequency of ENSO episodes in near future, and increasing temperature, precipitation and fluvial discharge for Southern South America. Therefore, our long-term results provide a solid basis to foster vulnerabilities and modelling studies, about the impacts of climate changes on Patos Lagoon estuarine system. The sinthesis is part of the Brazilian Long Term Ecological Research (LTER), sponsored by CNPq. CAPES and CNPq provided support to many projects, thesis and dissertations. 91 MEXILHÕES: AVALIANDO E FOMENTANDO A PARTICIPAÇÃO SOCIAL CONCILIADA A MITILICULTURA Daniel S. Brotto1,*, Marcia E. Capello1, Lucilia R. Tristão1 e Marli C. Wiefels2 1 Universidade Veiga de Almeida Universidade Federal Fluminense * [email protected] 2 Não obstante as suas vocações naturais serem a pesca artesanal, a mitilicultura e o turismo, o bairro de Jurujuba tem enfrentado desde a década de 80 uma “onda” de problemas. A vila de pescadores deu lugar a um bairro onde se misturam restaurantes de frutos do mar, enlatadoras de pescado falidas, mitiliculturas, clubes náuticos e uma comunidade bastante variada, predominantemente de baixa renda. Não obstante as condições questionáveis das águas da enseada de Jurujuba, a mitilicultura despontou como importante atividade econômica na região em fins da década de 80 e inicio de 90. Este projeto de extensão visa avaliar a percepção sócioambiental de atores sociais, os meios de produção que dependam dos ecossistemas costeiros, a existência e a eficácia das políticas sócio-ambientais implementadas na região, assim como a proposição da adequação dos sistemas de produção e formas de aproveitamento das conchas residuais, fomentando a percepção da situação sócio-ambiental presente, visando a emancipação social dos cidadãos e a promoção da saúde e diversidade cultural. As ações têm como público alvo os estudantes do ensino médio de um colégio da rede pública localizado no bairro, além de atores sociais envolvidos com a mitilicultura, inicialmente, buscou-se identificar o perfil, demandas, pontos críticos e potenciais deste público alvo, para a posterior elaboração e desenvolvimento de ações em educação ambiental e transmissão de conteúdos específicos referentes a adequação da mitilicultura e o aproveitamento das conchas residuais. Para isso vem sendo desenvolvidas oficinas, palestras e trabalhos de campo com os temas avaliação ambiental e comunidades bênticas com os alunos do colégio, e em paralelo vêm sendo realizadas observações e entrevistas para a aquisição de informações que possam ser utilizadas na descrição da atividade da mitilicultura na região para a idealização de ações focadas na otimização do processo produtivo e o aproveitamento das conchas. 92 ESTUDO DA VARIABILIDADE ESPAÇO-TEMPORAL DOS PARÂMETROS FÍSICOS DA ÁGUA DO MAR CORRELACIONADOS COM O BRANQUEAMENTO DE CORAIS NO OCEANO ATLÂNTICO SUL Danilo Lisboa* e Ruy K. P. Kikuchi Universidade Federal da Bahia Grupo de Pesquisa em Recifes de Corais e Mudanças Globais RECOR * [email protected] Extensivas investigações acerca dos efeitos das mudanças climáticas no ambiente marinho apontam para o aumento da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) como provável causa principal do branqueamento dos corais, perda da relação simbiótica entre o coral e suas zooxantelas. Entretanto, outros parâmetros da água do mar, como turbidez e quantidade de luz disponível, exercem papéis secundários, mas reconhecidamente importantes na determinação da extensão e severidade dos eventos de branqueamento. Portanto, nesta pesquisa dados de sensoriamento remoto com resolução espacial de 4 Km de TSM, concentração de clorofila, coeficiente de atenuação difusa da luz (Kd-490) e radiação fotossintetizante (PAR) dos bancos de dados OSTIA (Operational Sea Surface Temperature and Sea Ice Analysis) e MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer) foram analisados no Oceano Atlântico Sul Ocidental no período de 1985 à 2012. Desta forma, buscou-se gerar embasamento teórico acerca das condições físico-químicas da água do mar que forçam o branqueamento dos corais. Doze estações virtuais, agrupadas em três áreas, foram escolhidas para se investigar o comportamento anômalo dos parâmetros através da análise de séries de anomalias e da Transformada Rápida de Fourier (TRF). Além disso, foram gerados diagramas Hovmoller (longitude x tempo) das anomalias buscando observar seus padrões de propagação espaço-temporal. As análises das séries e dos diagramas detectaram três períodos com fortes anomalias positivas: 1988, 1998 e em torno do ano de 2010. Em algumas estações foram detectados picos de alta energia nas análises de TRF das anomalias indicando a presença de sinais anômalos com períodos interanuais. Os métodos e os dados utilizados nesta pesquisa mostraram-se de grande utilidade na investigação qualitativa de comportamentos anômalos dos quatro parâmetros para o período e locais estudados. 93 EFEITOS DA ACIDIFICAÇÃO NA ESTRUTURA E ULTRAESTRUTURA FOLIAR DE HALODULE WRIGHTII (CYMODOCEACEAE) Geniane Schneider*, Camilla R. A. da Silva, Isabel Brandalise, José B. Barufi e Ana C. Rodrigues Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC * [email protected] O aumento do CO2 na atmosfera tem causado acidificação dos ambientes aquáticos. Até o final do século espera-se uma redução de 0,3 a 0,4 unidades no pH dos oceanos. Halodule wrightii é uma das cinco espécies de angiospermas marinhas presentes no litoral brasileiro. Vive totalmente submersa e apresenta importantes associações com outros organismos. A fim de verificar os efeitos da acidificação, H. wrightii foi cultivada em mesocosmos durante trinta dias em diferentes valores de pH. Os tratamentos consistiram em reduzir, por meio da adição de CO2 na água, 0,3, 0,6 e 0,9 unidades no pH em função dos valores obtidos no ambiente natural (controle). Amostras da folha foram coletadas no 1º, 15º e 30º dia do experimento para análises estruturais quantitativas e qualitativas em microscopia de luz, incluindo também análises ultraestruturais na coleta do 30º dia. Quantitativamente, através de metodologia usual em estudos de anatomia vegetal, foram analisadas largura e espessura da folha, do mesofilo e da epiderme. Qualitativamente foram analisados, através de testes histoquímicos, presença de proteínas, polissacarídeos ácidos e neutros. Os resultados quantitativos foram analisados estatisticamente utilizando ANOVA, seguida de teste de separação de médias (SNK). Os resultados mostraram que no 30º dia as larguras das folhas foram significativamente menores nas amostras do controle e dos tratamentos -0,3 e -0,6 em relação ao -0,9. No 15º todos foram iguais estatisticamente, exceto pelo tratamento -0,6 que foi maior que o controle. No 1º dia o tratamento -0,9 foi maior que o controle e -0,6. Para os demais parâmetros analisados o tratamento -0,3 no 30º dia foi significativamente igual ao controle e tratamento -0,6, diferindo do -0,9 . As análises qualitativas estruturais e ultraestruturais, incluindo testes histoquímicos, até o momento, não apresentaram variações visuais entre controle e demais tratamentos, porém essas análises ainda estão sendo realizadas. Os resultados preliminares do presente estudo indicam que H. wrightii tolera as diferentes variações de CO2 testadas no experimento, pois apesar das respostas significativas de alguns aspectos quantitativos, a estrutura e ultraestrutura da folha não exibiram grandes mudanças entre o controle e os referidos tratamentos. 94 PHOTOSYNTHESIS AND BIOCHEMICAL COMPOSITION OF THREE MEDITERRANEAN MACROALGAE UNDER A CLIMATE CHANGE SCENARIO: EXPERIMENTAL APPROACH José B. Barufi1,*, Félix L. Figueroa2, Rafael Conde-Álvarez2, Udo Nitschke3, Francisco Arenas4, Mayte Mata2, Solène Connan5,6, M. Helena Abreu7, Erik-J. Malta8, Ronny Marquardt9, Fátima Vaz-Pinto4, Talina Konotchick10, Paula Celis-Plá2, Maibe Hermoso2, David López2, Gema Ordoñez2, Esther Ruiz2, Pauli Flores2, Jesús de los Ríos2, Dara Kirke3, Fungyi Chow11, Cristina A.G. Nassar12, Daniel Robledo13, Ángel Pérez-Ruzafa14, Elena Bañares-España15, Marianela Zanolla15, María Altamirano15, Carlos Jiménez2, Nathalie Korbee2, Kai Bischof16 e Dagmar B. Stengel3 1 Departamento de Botânica, Universidade Federal de Santa Catarina Departmento of Ecología, Facultad de Ciencias, Universidad de Málaga 3 Botany and Plant Science, School of Natural Sciences, Ryan Institute for Environmental, Marine and Energy Research, National University of Ireland Galway 4 CIIMAR/CIMAR - Interdisciplinary Centre of Marine and Environmental Research, University of Porto 5 Photobiotechnology, INTECHMER, Conservatoire National des Arts et Métiers 6 CNRS, GEPEA, UMR6144, Boulevard de l’Université 7 ALGAplus Ltd – R&D Department 8 Centro IFAPA Agua del Pino, Crtra. El Rómpido – Punta Umbría 9 Department Aquaculture, Fraunhofer Institution for Marine Biotechnology 10 Environmental & Microbial Genomics Department, J. Craig Venter Institute 11 Department of Botany, University of São Paulo 12 Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro 13 CINVESTAV-IPN, Unidad Mérida 14 Departamento de Ecología e Hidrología, Facultad de Biología, Campus de Excelencia Mare Nostrum, Universidad de Murcia 15 Departamento de Biología Vegetal, Facultad de Ciencias, Universidad de Málaga 16 Marine Botany, Bremen Marine Ecology Centre for Research and Education, University of Bremen 2 Short-term effects of increased pCO2 (700 ppm vs 390 ppm) at different nitrogen levels (50 µM vs 5 µM nitrate) on photosynthetic activity, energy dissipation, protein and total fatty acid contents, photoprotectors and their antioxidant activities, calcification and C:N ratios were analyzed in three eulittoral Mediterranean macroalgae with different carbon assimilation efficiencies and bio-optical characteristics: Ulva rigida (Chlorophyta), Cystoseira tamariscifolia (Heterokontophyta) and Ellisolandia elongata (Rhodophyta). After cclimation to different pCO2 and nitrogen conditions for six days, the algae were submitted to a 4 oC temperature increase for three days. C. tamariscifolia presented the highest maximum quantum yield (Fv/Fm) and productivity (as ETRmax) under all treatments, followed by U. rigida and E. elongata. Increased temperature and pCO2 produced alterations in the photosynthetic pattern and biochemical composition of the three macroalgae: the ETRmax decreased showing a photosynthetic acclimation pattern as shade-type algae. No effects on calcification of E. elongata were observed. U. rigida was most affected by increased pCO2 and temperature followed by C. tamariscifolia and E. elongata. In U. rigida, the reduction in productivity (ETRmax) was also affected by the decrease in nitrate seawater concentration; oligotrophication could thus increase the vulnerability of this species to climate change. Soluble protein content was positively related to phenolic compounds in C. tamariscifolia and U. rigida whereas total fatty acid content increased with temperature and was positively related to polyphenol content, indicating a potential link between primary and secondary metabolism. The functional pattern of the three macroalgae in response to the pCO2, nitrogen and temperature regime may be explained in terms of their bio-optical characteristics, ETRPSI:ETRPSII ratios, ETRmax/NPQmax ratios, antioxidant activity of polyphenols and energy dissipation mechanisms (in C. tamariscifolia, the main energy 95 dissipation under high pCO2 is as Y(NPQ) through xantophyll cycle whereas in U. rigida was the Y(NO) as constitutive thermal dissipation). 96 ESTRUTURAÇÃO DAS COMUNIDADES DE MACROALGAS NO MESOLITORAL ROCHOSO DA REGIÃO SUL DO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL Karine M. Steigleder*, Marianna Lanari e Margareth S. Copertino Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Biológica, Instituto de Oceanografia. Universidade Federal do Rio Grande – FURG * [email protected] As condições climáticas e oceanográficas do Sul do Brasil condicionam uma zona biogeográfica marinha temperada-quente, com redução da disponibilidade de costões rochosos e empobrecimento da diversidade das macroalgas em direção ao sul. A deficiência de informações atualizadas sobre estas comunidades impossibilita avaliar as possíveis modificações na biodiversidade, causadas por impactos antropogênicos e mudanças climáticas globais. O presente estudo objetiva avaliar a composição e abundância das comunidades de macroalgas em substratos consolidados da região Sul do Atlântico Sul Ocidental, em função do gradiente latitudinal e características do substrato. A composição e abundância das macroalgas foram estudadas em costões de Imbituba, Itapirubá (SC), Torres, Rio Grande (RS) e La Coronilla (Uruguai), distribuídos em 700 km de litoral (entre 28˚13΄28,84˝S; 48˚39΄40,76˝W até 33˚56΄37,59˝S; 53˚30΄26,92˝W) em maio de 2013. Em cada local as macroalgas foram amostradas em até dois costões rochosos (exposto e protegido), ao longo de três transversais perpendiculares à costa, na zona mesolitoral. O percentual de cobertura das algas (táxons e grupos morfofuncionais) foi quantificado in situ dentro de quadrados gradeados (20cm2; 400 x1cm²), e posteriormente através de análises de imagens digitais (fotoquadrados). Os resultados indicam que os taxons dominantes na região foram Ulva spp, Corallina sp, Jania sp e Pyropia sp (Porphyra sp). Resultados da Análise de Coordenadas Principais (PCoor) evidenciaram um gradiente latitudinal, com diferenças significativas entre locais quanto a composição das espécies (ANOSIM, R2 = 0,58; p < 0,0001). Embora a posição geográfica tenha sido o principal fator no agrupamento das comunidades, os costões de Santa Catarina e Uruguai apresentaram alta similaridade nos grupos morfofuncionais. Temperatura e salinidade média sazonal, associadas com outras características hidrológicas, explicam em parte as diferenças encontradas entre locais. Adicionalmente, grau de exposição às ondas, índice de rugosidade e declividade do substrato podem ser fatores significativos nos padrões de zonação vertical. Os resultados sobre a composição das espécies serão comparados com dados pretéritos compilados, visando detectar possíveis modificações na biodiversidade, ocorridas nos últimos 30 anos. 97 SAZONALIDADE NO RECRUTAMENTO DE PHRAGMATOPOMA CAUDATA (POLYCHAETA: SABELLARIIDAE) EM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NA COSTA SUDESTE DO BRASIL: PICO NAS ESTAÇÕES CHUVOSAS Larisse Faroni-Perez Núcleo de Estudos do Mar, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina [email protected] Poliquetas da família Sabellariidae são organismos biomineralizadores, com estágio adulto séssil e tubícola. Algumas espécies de sabelarídeos constroem substratos biogênicos na entremarés em consequência do local de assentamento ser induzido pelo cimento secretado por organismos préestabelecidos. Diante desta peculiaridade de criar substratos tridimensionais, estes poliquetas são classificados como engenheiros de ecossistemas. Na costa brasileira, o sabelarídeo Phragmatopoma caudata apresenta ampla ocorrência geográfica nas zonas entremarés. Embora a espécie seja amplamente estudada no âmbito morfológico e da fauna associada, pouco se conhece sobre a estrutura populacional destes poliquetas. Com o objetivo de avaliar o recrutamento juvenil, a população de P. caudata no Parque Estadual Xixová-Japuí, Estado de São Paulo foi examinada para verificar possível existência de padrão sazonal na abundância de juvenis. Durante dois anos (fev/2007 à jan/2009), a população foi amostrada mensalmente com a utilização de um core de 3,45 cm2, inserido até 15 cm de profundidade. Cada estação sazonal considerada por este estudo compreende três meses consecutivos, de modo a cobrir as duas maiores estações anuais; chuvosa e seca. Todos os indivíduos amostrados foram contabilizados e tiveram o comprimento da coroa opercular mensurados para classificação etária (adulto/juvenil). As análises estatísticas revelaram existir variação significativa na composição juvenil entre as estações chuvosa e seca. Apesar da presença de juvenis em meses de seca, as estações chuvosas contemplaram mais de 90% dos juvenis amostrados. A passagem dos sistemas frontais nos meses de seca pode ser a dirigente das baixas taxas de recrutas, e a elevada biomassa fitoplanctônica nas estações chuvosas pode ser a dirigente das altas taxas de recrutas na estação. Portanto, o padrão sazonal de juvenis observado pode estar relacionado com fatores biológicos (e.g. produção de gametas e ciclo de vida) e abióticos (e.g. suprimento alimentar e sistemas frontais). 98 EFEITO DO AUMENTO DA TEMPERATURA DA ÁGUA SOBRE O CRESCIMENTO DOS CORAIS CONSTRUTORES DOS RECIFES DA BAHIA – ESTUDO EXPERIMENTAL COM O CORAL ENDÊMICO MUSSISMILIA BRAZILIENSIS VERRIL 1868 Mariana M. Silva*, Marília D. M. Oliveira, Zelinda M. A. N. Leão e Ruy K. P. Kikuchi Laboratório de Estudo dos Recifes de Corais – RECOR, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, Inct Ambtropic * [email protected] O aumento da temperatura da superfície do mar, impulsionado pelas mudanças das condições climáticas globais, tem sido apontado como um dos principais fatores que afetam a vitalidade dos corais, causando branqueamento e redução do seu crescimento. Diante disso, um experimento manipulativo em aquários foi realizado para avaliar o efeito do aumento da temperatura da água sobre o crescimento do esqueleto do coral Mussismilia braziliensis. Dezoito colônias do coral, medindo de 5 a 8 cm de diâmetro, foram coletadas no recife Pedra de Leste, no arco costeiro de recifes de Abrolhos. Com estas colônias foram formados três grupos experimentais. As temperaturas utilizadas tiveram como base as médias anuais e sazonais da temperatura da superfície da água do mar de Abrolhos. O crescimento das colônias foi mensurado pela medida direta do esqueleto dos corais marcados com Alizarina sódica após 22 semanas de experimento. A exposição dos exemplares do grupo controle, à temperatura da água de 26°C, resultou em uma maior extensão linear média dos septos (2,6846 ± 0,5513 mm) e das regiões interseptais (1,5412 ± 0,6636 mm). O grupo submetido à temperatura de 28°C, por oito semanas, resultou na redução na extensão linear média dos septos (25,11%) e das regiões interseptais (25,32%), enquanto que para os exemplares expostos a 30°C, por cinco semanas, foi verificado uma redução significativa na extensão linear média dos septos (35,91%) e das regiões interseptais (58,84%). Isso sugere que a espécie M. braziliensis apresenta uma alta sensibilidade ao estresse térmico e, portanto, uma baixa tolerância às elevações anômalas das águas oceânicas, sendo vulnerável às mudanças climáticas globais. Combinando esses dados com as previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas o aumento da temperatura da água pode afetar diretamente a extensão linear do coral M. braziliensis podendo comprometer a manutenção e a vitalidade dos recifes de corais da Bahia. 99 METODOLOGIA PARA QUANTIFICAÇÃO DE RISCOS COSTEIROS E PROJEÇÃO DE LINHAS DE COSTA FUTURAS COMO SUBSÍDIO PARA ESTUDOS DE ADAPTAÇÃO DAS ZONAS COSTEIRAS DO LITORAL NORTE DA ILHA DE SANTA CATARINA E REGIÕES DE ENTORNO Mariela Muler1,*, Rafael S. V. de Camargo1, Michel F. V. Prado1, Ronaldo dos S. Rocha2, Marina Borges1, Matheus de A. Bose1, Guilherme V. da Silva3, Paula G. da Silva3, Charline Dalinghaus1, Jarbas Bonetti1 e Antonio H. da F. Klein1 1 Laboratório de Oceanografia Costeira – LOC, Departamento de Geociências, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC 2 Departamento de Geodésia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS 3 Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS * [email protected] Este trabalho apresenta resultados preliminares da avaliação de metodologia para quantificação de riscos costeiros relativos ao aumento do nível do mar, grandes tempestades e galgamentos oceânicos, assim como projeção de linhas de costa para quantificação e integração dos perigos para o litoral norte da Ilha de Santa Catarina e áreas adjacentes. Como resultados, tem-se o mapeamento dos referenciais de nível em operação na área estudada e a verificação da precisão das bases cartográficas oficiais (SPU e IPUF). De acordo com Legislação Cartográfica Brasileira, concluiu-se que a qualidade da base cartográfica de Florianópolis é compatível com a Classe B do PEC (Padrão de Exatidão Cartográfica). Resultados parciais referentes às primeiras análises da variação da linha de costa do norte e leste da ilha (11 praias – período 1957 a 2012) apontam predominância de retração (84% da linha de costa). Taxas variam de -7,43m/ano (retração) a 5,57m/ano (progradação), com média de -0,35m/ano. Algumas praias estão retraindo em toda sua extensão, enquanto outras apresentam trechos intercalados de progradação, podendo isto estar indicando bypassing de sedimento ou rotação praial. Estão em análise dados de perfis praiais realizados com receptor GNSS (RTK) a cada 200m nas praias da área de interesse e sedimentos coletados em até quatro pontos por perfil (antepraia, face praial, pós-praia e dunas). Outros resultados preliminares referem-se ao levantamento batimétrico de detalhe que vem sendo realizado, no qual medidas de profundidade são tomadas por método interferométrico (aliado a imageamento do fundo marinho). Realizou-se também estudos de simulações de nível d’água, inundação costeira e de cenários de propagação de ondas para dimensionamento do fundeio de três ADCPs. Os produtos finais do projeto serão mapas de risco, com indicações da localização da linha de costa nos próximos 5, 10, 25 e 50 anos, a serem disponibilizados como subsídio para estudos de adaptação de zonas costeiras. 100 ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E DE USO DA TERRA E SEUS IMPACTOS NOS MANGUEZAIS DO ESTUÁRIO DO RIO JAGUARIBE-CE Mario D. Pinto Godoy* e Luiz D. de Lacerda Instituto de Ciências do Mar, Universidade Federal do Ceará * [email protected] O rio Jaguaribe drena a maior bacia hidrográfica do Ceará e possuí 87 açudes de médio e grande porte utilizados para a manutenção de diversas atividades humanas. As previsões feitas pelo IPCC para essa região são de uma diminuição de 10% a 30% do runoff continental devido à diminuição das chuvas. O objetivo do estudo foi verificar mudanças climáticas dentro da bacia hidrográfica do Rio Jaguaribe e a resposta do manguezal às alterações que ocorrem na bacia. Foi feito um levantamento histórico das estações de pluviosidade nas sedes dos municípios da bacia hidrográfica para a criação de um mapa de tendência de chuvas, foi feito também um mapeamento dos manguezais com uma série histórica de imagens Landsat 5 dos anos de 1992 até 2010 onde foi realizada uma classificação supervisionada por máxima verossimilhança. O mapeamento das áreas de manguezais no estuário do Rio Jaguaribe não mostrou grandes mudanças na área dessa vegetação, em 1992 a área de manguezal era de 7 km² e em 2010 era de 7,30 km², no entanto, a distribuição da vegetação dentro do estuário mudou bastante ao longo dos anos; no início do mapeamento os manguezais não alcançavam a cidade de Aracati (15 km da foz do rio) e atualmente podem ser encontrados em locais próximos à cidade de Itaiçaba (25 km da foz). Outro estudo mostrou que as ilhas estuarinas possuem um papel importante no aumento das áreas de manguezal, esse estudo calculou um crescimento de 24,15 hectares entre 1988 e 2010. Também foi descoberto que 48 municípios na bacia possuem uma tendência negativa de chuvas anuais e somente 10 possuem uma tendência positiva. Essa diminuição das chuvas, juntamente com as barragens e alterações no uso da terra podem explicar o acúmulo de sedimento no estuário e o avanço do manguezal. 101 EFFECT OF HIGH CO2 ON PHOTOSYNTHESIS AND BIOCHEMISTRY OF CALCIFYING VERSUS NON-CALCIFYING SEAWEEDS FROM CABO DE GATANÍJAR NATURAL PARK (SOUTHERN IBERIAN PENINSULA) Nathalie Korbee1,*, Nelson P. Navarro2, Marta García-Sánchez3, Paula Celis-Plá1, Endika Quintano4, Margareth da S. Copertino5, Are Pedersen6, Rodrigo M. Zeidan7, Ravirajan Mangaiyarkarasi8, Angel Pérez-Ruzafa3, Félix. L. Figueroa1 e Brezzo Martínez B.9 1 Department of Ecology, Faculty of Science, University of Málaga, Málaga, Spain Faculty of Science, University of Magallanes, Punta Arenas, Chile 3 Department of Ecology and Hidrology, Faculty of Biology, University of Murcia, Murcia, Spain 4 Department of Plant Biology and Ecology, University of the Basque Country, Bilbao, Spain 5 Institute of Oceanography, Federal University of Rio Grande-FURG 6 Norwegian Institute for Water Research, Department of Marine Biology, Oslo, Norway 7 Department of Botany, Institute of Biology, Federal University of Rio de Janeiro 8 Plant Biology and Biotechnology,CKN College Thiruvalluvar University INDIA 9 Biology and Geology Department, Rey Juan Carlos University, Móstoles, Spain * [email protected] 2 The short-term effect of CO2 enrichment on the ecophysiology of three key species of the Mediterranean Coast were analysed. We compared the response of non-calcified (brown Cystoseira tamariscifolia) versus calcified (brown Padina pavonica and red Ellisolandia elongata) marine macroalgae. The two calcified species had different types of calcification: while P. pavonica is light calcified with aragonite, E. elongata is a calcareous form with magnesium calcite. The species were incubated in situ, aerated with air at 1) ambient pCO2 and 2) under the pCO2 predicted by the end of the 21st century (700 µatm). The effect of pCO2 on photosynthesis, photosynthetic pigments, photoprotection mechanisms, an internal C and N content were analysed, before and after exposure to treatmens. To our knowledge, it is the first study to evaluate the effect of CO2 on algal photoprotective compounds. Higher net photosynthesis was found in P. pavonica under high CO2, than under ambient CO2. The opposite response occurred in C. tamariscifolia. The effect of pCO2 on photosynthesis was less evident in E. elongate, but this alga increased photoprotective pigments with high antioxidant capacity. The brown algae showed activation of the non-photochemical quenching mechanism (heat dissipation) under high CO2, indicating a higher photoprotective capacity. The results indicated that in very shallow areas with dense vegetation and rockpools, the effect of anthropogenic CO2 on marine communities can be counteracted by algal photosynthetic carbon uptake, which causes a rise in pH. The marked differences in the physiological responses between the species to elevated pCO2, related to their biochemistry and morphological features, may represent a future shift in their relative dominance (calcareous vs non-calcareous algae). Together with other studies, the present results support the idea that ccertain calcified phaeophyta can being amongst the ecological “winners” under ocean acidification. 102 ESTRUTURA DOS BANCOS DE RODOLITOS EM UMA REGIÃO DO LITORAL NORTE DA BAHIA, BRASIL Neilton A. Andrade1, Augusto Minervino-Netto2 e José M. de C. Nunes3,* 1 Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal, Universidade do Estado da Bahia Instituto de Geociências, Universidade do Estado da Bahia 3 Instituto de Biologia, Universidade do Estado da Bahia * [email protected] 2 A elevada riqueza da flora e fauna marinha da plataforma continental brasileira é em muitos casos atribuída à grande disponibilidade de substrato consolidado, tem-se verificado em grandes extensões da plataforma continental a existência de fundos representados por concreções de algas calcárias e extensos bancos de rodolitos. A carência de estudos sobre a biota do litoral baiano aliada à crescente expansão econômica em que a Bahia se encontra, principalmente na região costeira, faz-se necessário um maior número de estudos sobre os organismos marinhos. O presente trabalho teve como objetivo estudar os rodolitos de uma região do infralitoral do Litoral Norte da Bahia. Analisaram-se os rodolitos verificando a densidade, dimensão e volume, e flora associada para cada profundidade. Foram delimitados cinco pontos de mergulho autônomo (5, 10, 15, 20 e 25 metros), entre as coordenadas 12,90º e 12,70º de latitude sul e 38,20º 38,00º de longitude oeste, em cada profundidade foram determinados três pontos de coletas distantes 50 metros entre si, onde foram obtidas cinco amostras ao acaso com o uso de um quadrado de 0,0625m². Acima dos 15 metros de profundidade o substrato apresentou fragmentos de origem orgânica e areia, nos 25 metros o substrato era composto por cascalho biodetrítico. As dimensões e o volume dos rodolitos reduziram com a profundidade, enquanto a densidade teve um significante acréscimo aos 25 metros. Um total de 40 espécies de algas foram encontradas crescendo associadas ao banco de rodolitos, o qual é formado pelas espécies Lithophyllum stictaeforme Lithothamnion superpositum e Mesophyllum erubescens. Um total de 40 espécies de algas foram encontradas crescendo sobre os rodolitos: 2 espécies de Cianobactéria, 5 de Chlorophyta, 8 de Phaeophyceae e 25 de Rhodophyta. 103 EFEITOS DAS VARIAÇÕES DE PH, TEMPERATURA E NUTRIENTES NA ECOFISIOLOGIA DE LITHOTHAMNION CRISPATUM HAUCK (CORALLINALES, RODOPHYTA) E SONDEROPHYCUS CAPENSIS (MONTAGNE) M.J. WYNNE (PEYSSONNELIALES, RODOPHYTA): SUBSÍDIOS PARA O ENTENDIMENTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS Pamela Muñoz*, Paulo Horta e Jose Bonomi Departamento de Botânica, centro de ciências Biológicas, Programa de Pós-graduação em Biologia de Fungos, algas e Plantas, Universidade Federal de Santa Catarina * [email protected] No presente trabalho se avaliou os efeitos da interação das mudanças do pH, temperatura e nutrientes no desempenho fisiológico de duas espécies de algas calcárias com diferenças de distribuição e afinidades ecofisiológicas. Sonderophycus capensis é uma espécie típica de ambientes temperados frios, enquanto que Lithothamnion crispatum é uma espécie de ambientes tropicais. A partir de experimentos feitos em microcosmo, a elevada temperatura (30°C) se mostrou o principal fator que levou às alterações da fisiologia. A ETR decresceu drasticamente nos tratamentos que se encontravam em elevada temperatura nas duas espécies. Adicionalmente, os tratamento que se encontrava em temperatura elevada, o baixo pH (7,2) manteve a ETR constante atuando de forma antagônica com a temperatura. Por outro lado, o baixo pH atuo de forma aditiva diminuindo as porcentagens de calcificação nas duas espécies. Ademais, a temperatura elevada beneficiou a calcificação, chegando até uma porcentagem de 51% em condições de acidificação no caso do rodolito. Os efeitos da diminuição do pH também foram observados na química da água. Assim, a concentração do íon carbonato (CO3 -2) foi menor nos tratamentos com baixo pH. Enquanto que as saturações de calcita e aragonita também variaram ao encontrar-se em baixo pH sendo menores. Na maior parte das análises feitas nas duas espécies, os fatores mais importantes foram temperatura e pH, atuando de forma aditiva ou sinérgica. Não obstante, os nutrientes não tiveram grande influencia na fisiologia. Apesar das diferenças na distribuição e na composição química do CaCO3 das duas espécies, não se observaram diferenças nas respostas fisiológicas ao ser submetidas a variações de temperatura, pH e nutrientes. Em futuros experimentos, a aplicação dos fatores já mencionados por maiores períodos de tempo poderia contribuir para entender de melhor forma as implicâncias na ecofisiologia sobre as espécies calcificadas. 104 ECOPHYSIOLOGICAL RESPONSES OF DOMINANT ROCK-SHORE MACROALGAE TO CHANGES IN LIGHT AND NUTRIENT SUPPLY IN SOUTHERN IBERIAN PENINSULA Paula Celis-Plá1,2,*, Brezzo Martínez3, Endika Quintano4, Marta García-Sánchez5, Are Pedersen6, Nelson P. Navarro7, Margareth da S Copertino9, Ravirajan Mangaiyarkarasi8, Rodrigo M. Zeidan10, Félix. L. Figueroa1 e Nathalie Korbee1 1 Department of Ecology, Faculty of Science, University of Málaga, Málaga, Spain Laboratory of Botany, Faculty of Pharmacy, University of Barcelona, Barcelona, Spain 3 Biology and Geology Department, Rey Juan Carlos University, Móstoles, Spain 4 Department of Plant Biology and Ecology, Faculty of Science and Technology, University of the Basque Country (UPV/EHU), Bilbao, Spain 5 Department of Ecology and Hidrology, Faculty of Biology, Regional Campus of International Excellence "Campus Mare Nostrum", University of Murcia, Murcia, Spain 6 Norwegian Institute for Water Research, Department of Marine Biology, Oslo, Norway 7 Faculty of Science, University of Magallanes, Punta Arenas, Chile 8 Plant Biology and Biotechnology, CKN College Thiruvalluvar University, India 9 Institute of Oceanography, Federal University of Rio Grande - FURG 10 Department of Botany, Institute of Biology, Federal University of Rio de Janeiro * [email protected] 2 The short-term ecophysiological responses of the macroalgae Cystoseira tamariscifolia (Pheophyceae) and red Ellisolandia elongata (Corallinaceae) to changes in irradiance and nutrient conditions were analyzed in situ in a Mediterranean rocky shore environment at Cabo de Gata-Níjar Natural Park. The response of fluorescence based photosynthetic parameters, pigments, carbon (C) and nitrogen (N) contents were analyzed in macroalgae collected from the depths of 0.5 m and 1.5 m and exposed to a factorial experiment, combining two treatments: irradiance (100% [100%PAB]vs. 70% [70%PAB]of the surface irradiance) and nutrient addition (enriched vs. non-enriched). Physiological responses of C. tamariscifolia and E. elongata, brought from the two different depths, were affected by both irradiance and nutrient treatments, with significant interactions between factors. C. tamariscifolia collected at 0.5 m and exposed to 70%PAB showed higher maximum photosynthetic rate, saturation light and Chl-a content and lower antioxidant capacity. Under same conditions, E. elongata (from shallow waters) showed increases in saturation light, and accessory pigment contents. Under 100%PAB, C. tamariscifolia collected at 1.5 m depth waters showed increases in maximal quantum yield, light utilization coefficient αETR, maximum non-photochemical quenching, and also in antheraxanthin and phenolic compounds. In contrast, E. elongata (from 1.5 m depth waters) showed increase in the αETR. Under enriched nutrient conditions, an increase in phenolic compounds, carotenoids and the internal N content was observed in C. tamariscifolia collected from both depths. However, in E. elongata the light treatments derived in an increase in internal N content and mycosporinelike amino acids (MAAs) content, under the same conditions. The two dominant rocky-shore species showed distinct ecophysiological responses to the combined effects o irradiance and nutrient supply, associated to their morphological trait and pigment characteristics. Ambient light and nitrogen availability regulate the accumulation of the secondary metabolites (MAAs and phenols), The study suggests potential additive effects of stressors associated to climate change, depending on the original depth. 105 EFEITOS DAS VARIAÇÕES CLIMÁTICAS SOBRE OS RECIFES DE CORAIS DA COSTA LESTE DO BRASIL Ruy K.P. Kikuchi*, Marília D.M. Oliveira, Igor C. Cruz, Saulo Spanó, Miguel L. Miranda, Carlos V. Mendonça, Rodrigo M. Reis, Tiago Albuquerque, Lucas Rocha, Amanda E. Carvalho, Carla Ramos, Eduardo Marocci, José Anchieta, Carla I. Elliff, Camila Brasil, Danilo Lisboa, Ricardo Miranda, Gustavo L. Oliveira, Mariana Thévenin, Rodrigo M. Nogueira, Vinicius Fernandes, Marcéu Lima, Lua Porto e Zelinda M.A.N. Leão Laboratório de Estudos dos Recifes de Corais - RECOR, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia UFBA, InctAmbTropic * [email protected] A temperatura dos oceanos constitui um dos fatores mais amplamente investigados em tempo das mudanças climáticas e tem sido apontada como um dos mais importantes agentes ambientais que controlam o crescimento dos corais. Como consequência do aquecimento do mar, os corais têm sido expostos ao estresse térmico com elevada frequência e intensidade. Um aumento pequeno da temperatura das águas pode provocar o branqueamento, que é um processo relacionado à perda, pelos corais, das suas algas fotossintetizantes - as zooxantelas e/ou a perda dos pigmentos dessas algas. As zooxantelas dão a cor ao coral e produzem componentes orgânicos que lhes servem de alimento e, em contrapartida, o coral lhes provê abrigo e elementos químicos necessários à sua sobrevivência. Distúrbios ambientais podem interromper esta simbiose e a incidência e a severidade deste fenômeno podem provocar mudanças na estrutura das comunidades coralinas, causando diminuição do crescimento linear e redução da taxa de calcificação do esqueleto dos corais e, consequentemente, ameaçando a manutenção e o desenvolvimento da estrutura recifal. No Brasil, registros de branqueamento datam a partir do verão de 1993/1994 com ocorrências nos recifes localizados desde a costa nordeste até comunidades de corais da costa de São Paulo. Na costa leste existem levantamentos desde o ano de 2000 e todos indicam que o branqueamento está relacionado ao aumento da temperatura das águas oceânicas. A avaliação dos efeitos das variações climáticas sobre a comunidade recifal do Brasil é uma das metas da ReBentos, e uma das estratégias mais utilizadas para medir estes efeitos é avaliar o branqueamento dos corais durante e após a ocorrência de anomalias térmicas. No verão 2009/2010 estas anomalias térmicas alcançaram valores de até 1oC e os percentuais de colônias branqueadas nos recifes investigados variaram em torno de 20% a 40%, enquanto que nos anos de 2011, 2012 e 2013, quando não ocorreram anomalias térmicas, na maioria dos recifes o percentual de branqueamento não atingiu 10%. Para avaliar os efeitos deste evento de branqueamento foram levantados parâmetros que medem a vitalidade dos corais e os resultados mostram que não houve efeito negativo do branqueamento com indício de recuperação de alguns desses parâmetros. 106 IMPACTO DA ACIDIFICAÇÃO DA ÁGUA DO MAR SOBRE A MEIOFAUNA DE RECIFES DE CORAL Visnu C. Sarmento*, Tarciane P. Souza, André M. Esteves** e Paulo J. P. Santos Centro de Ciências Biológicas, Departamento de Zoologia, Universidade Federal de Pernambuco * [email protected], **[email protected] Apesar do esforço da comunidade científica em compreender os efeitos das mudanças climáticas, estudos com comunidades bentônicas multiespecíficas são incipientes. Neste trabalho foi avaliado o efeito de diferentes níveis de pH da água do mar sobre a comunidade de meiofauna dos recifes do Parque Municipal Marinho do Recife de Fora (Porto Seguro, Bahia). Foram fixadas 38 unidades artificiais de substrato (UAS: grama sintética, 36 cm2 de área) nas laterais de piscinas do Recife de Fora. Após 30 dias de colonização, as UAS foram levadas para o sistema de Mesocosmo Marinho do Projeto Coral Vivo. Na chegada, 6 UAS foram fixadas e as demais distribuídas nos 16 tanques (2 por tanque). Nesse sistema a água do mar é captada e bombeada para 4 cisternas que recebem em fluxo contínuo um de quatro tratamentos: controle e as reduções de pH -0,3, -0,6, -0,9. A redução de pH foi realizada através da injeção direta de CO2 nas cisternas. A água de cada uma das cisternas é então enviada para quatro tanques. A acidificação foi controlada por um sistema computadorizado para que as reduções seguissem as variações da água captada. As UAS foram coletadas após 15 e 30 dias de tratamento. As amostras foram fixadas, lavadas em peneiras geológicas (0,5 e 0,044 mm) e a meiofauna retida analisada sob estereomicroscópio. A análise multivariada PERMANOVA indicou que houve diferenças significativas na estrutura da comunidade da meiofauna tanto para o fator Tempo (p<0,01), quanto para o fator Tratamento (p=0,02). O teste a posteriori indicou que o Controle foi estatisticamente diferente dos tanques acidificados (p=0,01). Entretanto, não houve diferenças significativas (p>0,3) entre os três níveis de acidificação. Estes resultados comprovam que o impacto da acidificação da água do mar, que pode ser determinado pelas mudanças climáticas globais tem efeitos importantes na estruturação das comunidades bentônicas marinhas. 107 8.2 ANEXO II: PÚBLICO ALVO Tabela 1: Participantes do III Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras – por categoria CATEGORIA Estudantes de Graduação Estudantes de PósGraduação Profissionais/Pesquisadores TOTAL Número Previsto de participantes 60 Número Efetivo de participantes 53 60 51 139 259 89 193 108 8.3 ANEXO III: LISTA DE PARTICIPANTES 1. Adelina Cristina Pinto 2. Alex Cabral Dos Santos 3. Alexander Turra 4. Álvaro Cavaler Pessoa De Mello 5. Amanda Engmann Giraldes 6. Amanda Vieira 7. Amapola C. Soares 8. Ana Claudia Rodrigues 9. Ana Luiza Martins 10. Ana Maria Teixeira Marcelino 11. Ana Paula Lando 12. Ana Paula Vitorino Vieira 13. Anaide Wrublevski Aued 14. Andre Colling 15. André Esteves 16. André Lima Dos Santos 17. Andreoara Deschamps Schmidt 18. Angelo F. Bernardino 19. Angelo Matos 20. Antonio Da Fontoura Klein 21. Arthur Machado 109 22. Augusto Luiz Ferreira Júnior 23. Aurea Ciotti 24. Beatrice Padovani 25. Bianca Pereira De Souza 26. Briana Angélica Bombana 27. Bruna Fatiche Pavani 28. Brunna Luiza Silva Simonetti 29. Caio Salgado 30. Camila Lisarb Velasquez Bastolla 31. Camilla Reis Augusto Da Silva 32. Carla Fernanda Torres 33. Carla Van Der Haagen C Bonetti 34. Carlos Alberto Borzone 35. Carlos Alberto Eiras Garcia 36. Carlos Augusto Ramos E Silva 37. Carlyle Torres Bezerra De Menezes 38. Carolina Antonieta Lopes 39. Cecilia Amaral 40. Charline Dalinghaus 41. Christiano Pires De Campos 42. Claudia Machado 43. Cláudia Vargas 44. Clemente Coelho Junior 110 45. Colin Woodroffe 46. Daína de Lima 47. Daniel Shimada Brotto 48. Danilo Lisboa 49. David Augusto Reynalte Tataje 50. Débora De Freitas 51. Diego Porpilho 52. Diego Melo Arruda Rodrigues 53. Dieter Muehe 54. Douglas Gherardi 55. Edival Rodrigues Prazeres 56. Eduardo De Oliveira Bastos 57. Eduardo Paes 58. Eduardo Siegle 59. Eliziane Silva 60. Felipe Pimenta 61. Flávia Lucena Zacchi 62. Flávio Berchez 63. Francisco José Dias 64. Gabriel D'annuzio Gomes Junior 65. Gabriel Silva Machado 66. Gabriela Decker Sardinha 67. Gabriela Flemming 111 68. Gabrielle Koerich 69. Gabrielle Kuklinski 70. Geniane Schneider 71. Georgia De Barros 72. Gilmar Barcellos De Freitas 73. Gisele Rosa Abrahão 74. Giselle Mari Speck 75. Glauber Acunha Gonçalves 76. Guilherme Corte 77. Guilherme Santos Costa 78. Ilana Rosental Zalmon 79. Isabel Aparecida Brandalise 80. Isabela Keren Gregório Kerber 81. Izabelle Ferreira Aller 82. Jacques Populus 83. Janayna Lehmkuhl Bouzon 84. Jarbas Bonetti 85. Jasiel Neves 86. Jenyffer Vieira 87. Jhonatan Augusto Ribeiro 88. José Bonomi Barufi 89. José Landim Dominguez 90. José Marcos De Castro Nunes 112 91. José Roberto Miranda 92. José Souto Rosa Filho 93. Joyce Gabriela Da Cunha 94. Julia Biscaia Zamoner 95. Julia Corrêa De Oliveira 96. Kalina Brauko 97. Karine Magalhães 98. Karine Mariane Steigleder 99. Karoline Mattos Dos Santos 100. Katia Sauer Machado 101. Kely Paula Salvi 102. Krishna Vilanova S. Barros 103. Larissa Martins 104. Larisse Faroni Perez 105. Laura Pioli Kremer 106. Leandra Márcia Pedroso Dalmas 107. Leila Swerts 108. Leonardo Rosa 109. Leonardo S. B. Porto Ferreira 110. Leticia Cotrim 111. Liane Naetzold 112. Libby Jewett 113. Lidiane Pires Gouvêa 113 114. Lívia De Oliveira Guimaraes 115. Luis Felipe Skinner 116. Luiz Faraco 117. Luiz Roberto Camargo 118. Luiza Luz Sartorato 119. Luthiana Carbonell Dos Santos 120. Luz Adriana Cuartas 121. Maíra Algarve Assunção 122. Manyu Chang 123. Márcia Figueiredo 124. Marcia Oliveira 125. Márcia R. Denadai 126. Márcia Regina Wolfart 127. Marcos Nunes 128. Margareth da Silva Copertino 129. Maria Pilar Serbent 130. Mariana Medeiros Da Silva 131. Mariela Muler 132. Marilia Oliveira 133. Marina Christofidis 134. Marina Rizzo Fernandes 135. Marinez Eymael Garcia Scherer 136. Mario Duarte Pinto Godoy 114 137. Mário Luiz Gomes Soares 138. Mateus Dos Santos Martins 139. Maude Nancy Joslin Motta 140. Maya Ribeiro Baggio 141. Mayara Carvalho Brizolla 142. Michel Franco Valpato Prado 143. Miguel Angel Saldaña Serrano 144. Moacyr Oliveira 145. Natália Guilardi Lopes 146. Nilson Kassio Pereira Lima 147. Pablo Riul 148. Pamela Tamara Muñoz Muñoz 149. Paola Oliveira 150. Paula Franco Do Paraizo 151. Paula Gomes Da Silva 152. Paulo Antunes Horta 153. Paulo Nobre 154. Paulo Votto 155. Phillipe M Machado 156. Priscila Areválo 157. Priscilla Velloso Barretto 158. Rafael Brito Silveira 159. Rafaela Maia 115 160. Regina Rodrigues 161. Renan Ozekoski 162. Renato Ghisolfi 163. Ricardo Coutinho 164. Ricardo Piazza Meirelles 165. Rodrigo Domingues Vellutini 166. Rodrigo Kerr Pereira 167. Ronaldo Christofoletti 168. Ronan Armando Caetano 169. Rosana Rocha 170. Rosane Gonçalves Ito 171. Ruy Kikuchi 172. Sergen Estefen 173. Sérgio A Netto 174. Sérgio De Mattos Fonseca 175. Sonia Gianesella 176. Steve Crooks 177. Sunshine De Ávila Simas 178. Susete Wambier Christo 179. Suzana Ursi 180. Tainah M. Lunge 181. Tais Kalil Rodrigues 182. Tatiana F. Maria 116 183. Thaísa Fernandes Bergamo 184. Thimothy Moltmann 185. Thomas Malone 186. Tony De Carlo Vieira 187. Txai Mitt Schwamborn 188. Valdir Do Amaral Vaz Manso 189. Valéria Marques De Oliveira 190. Valquiria Garcia 191. Veronica Silva Santos 192. Viviani Gomes Vieira 193. Yara Novelli ________________________________________ Carlos Alberto Eiras Garcia 117