VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X A EDUCAÇÃO ESPECIAL EM TESES E DISSERTAÇÕES DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS (2000-2010) Doracina Aparecida de Castro ARAUJO. UEMS-CNPq1. Elson Luiz de ARAUJO. UEMS-CNPq2. Raquel Marques Ribeiro dos SANTOS. UEMS-CNPq3. Washington Cesar Shoiti NOZU . FAMA-FIPAR-CNPq4. INTRODUÇÃO A proposta desta pesquisa surgiu nos encontros do Grupo de Estudos e Pesquisas em Práxis Educacional (GEPPE), em momentos de discussão coletiva de três linhas de pesquisa, cujo conteúdo comunga dos interesses teóricos de todas elas, divulgando os estudos específicos de cada uma. Nesses momentos surgem indagações acerca da formação inicial e continuada de professores para atuar com a diversidade no cotidiano escolar. Também apresenta questões inerentes às práticas educacionais ineficientes de alguns professores, que se deparam com atos de violência simbólica e física dos alunos, com problemas de alunos com diferentes deficiências, entre outras especificidades apresentadas. Após perceber esses problemas, a equipe do GEPPE, mais especificamente, a linha que atua em Educação Escolar Inclusiva, em articulação com as outras linhas, buscou contribuir com estudos, os quais poderão preencher lacunas existentes nessa área, assim como auxiliar os estudiosos da temática quanto às pesquisas realizadas, além de possibilitar a continuação de estudos a partir daqueles realizados em diferentes localidades. Com base nessas considerações questionamos: as pesquisas realizadas nos programas de pósgraduação em Educação do Estado de Goiás contemplaram a área Educação Especial? Qual foi a categoria de necessidade educacional especial mais pesquisada nos programas de pósgraduação em educação de Goiás? Quais teóricos da área de Educação Especial subsidiaram os pesquisadores dessas teses e dissertações? Para responder às questões, optamos pelo levantamento do Estado do Conhecimento, considerando haver poucas pesquisas no Brasil que fazem esse tipo de investigação, principalmente sobre a temática educação especial. Desses poucos trabalhos, alguns ficam no interior das instituições, com pouca divulgação, sem serem socializados com a comunidade científica. Toda pesquisa tem funções definidas e a do Estado do Conhecimento não é diferente, se considerarmos sua função de resgatar e valorizar o conhecimento produzido sobre algum tema, em algum lugar e período (FERREIRA, 2002). Neste estudo, consideramos existir, em um primeiro momento, a necessidade do contato direto com os resultados da produção de mestrados e de doutorados, na busca de quantificação e identificação dos dados bibliográficos (período delimitado em anos, áreas de produção) ação que nos possibilitou lidar com os dados objetivos e concretos. Todavia, para que a pesquisa sobre o Estado do Conhecimento da temática fosse considerada relevante e de maior abrangência teórica, tornou-se primordial considerar a necessidade de ampliação do campo a ser pesquisado, com um olhar para as tendências e opções teóricas dos autores (FERREIRA, 2002). No entanto, esse tipo de pesquisa exige cuidados referentes à suficiência das fontes para responder às questões propostas, de modo a não deixar lacunas 306 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X interferirem diretamente na confiabilidade do trabalho realizado. A relevância desse tipo de pesquisa é constatada por Soares (1989, p. 3): Essa compreensão do estado de conhecimento sobre um tema, em determinado momento, é necessária no processo de evolução da ciência, afim de que se ordene periodicamente o conjunto de informações e resultados já obtidos, ordenação que permita indicação das possibilidades de integração de diferentes perspectivas, aparentemente autônomas, a identificação de duplicações ou contradições, e a determinação de lacunas e vieses. Além de cuidar das questões de confiabilidade da pesquisa, preocupamo-nos com o tema em estudo, principalmente por se tratar de Educação Especial, já que dependendo do Programa de Pós-Graduação, esses estudos estão contemplados em diferentes linhas de pesquisa, não especificamente em linhas sobre Educação Especial ou Educação Inclusiva. Destarte, estudos sobre o Estado do Conhecimento devem ser tratados com rigor científico e de forma exploratória, para contribuir com a evolução da Ciência sobre determinado tema, contexto e evolução das produções científicas. MÉTODO Este estudo exploratório buscou superar a dicotomia entre objetividade e subjetividade, considerando a necessidade de análise dos resultados de pesquisas a partir do caráter sóciohistórico, colocando em evidência as produções intelectuais realizadas por pesquisadores que podem contribuir socialmente como sujeitos transformadores e criadores. Dessa maneira, a interpretação dos dados foi realizada de forma contextualizada, com um olhar constante para a historicidade dos fatos e fenômenos que envolveram as pesquisas realizadas nos Programas de Pós-Graduação em Educação do Estado de Goiás, no período de 2000 a 2010. Definimos por levantar os dados, a partir de uma abordagem qualitativa, utilizando dados quantitativos, por considerarmos que essas abordagens não são opostas; ao contrário, se completam nesse tipo de estudo. O ciclo da pesquisa foi iniciado com o levantamento e revisão bibliográfica sobre Educação Especial, Inclusão Escolar, tomando em consideração algumas perspectivas teóricas que embasaram os pesquisadores das teses e dissertações. Em seguida, realizamos um levantamento online das teses e dissertações defendidas nos Programas de Pós-Graduação em Educação do Estado de Goiás, no período de 2000 a 2010. Dando prosseguimento à pesquisa, fomos in loco, momento em que conferimos e selecionamos o material disponível nos arquivos da Pontifícia Universidade Católica de Goiás e da Universidade Federal de Goiás, que não constavam nas páginas das bibliotecas das Universidades e nos sites de domínio público. Na sequência, verificamos os tipos de Necessidades Educacionais Especiais (NEE) mais pesquisados nas teses e dissertações no período de 2000 a 2010, bem como os teóricos mais presentes nas análises desses trabalhos. Para finalizar, analisamos os dados à luz da abordagem de teóricos críticos, os quais buscam alternativas para uma educação de qualidade, que envolva todos, independente de etnia, classe social, gênero, deficiência, entre outros tipos de diversidades. Esses teóricos, além de contribuir nas análises das teses e dissertações, também possibilitaram ampliar nossa compreensão sobre o momento atual da inclusão no País. 307 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X Os dados desta pesquisa estão sendo organizados em um banco de dados, em que a equipe de pesquisadores, estudantes e colaboradores fazem um acompanhamento dos resultados das dissertações e teses e inserem no referido banco (ainda não disponível ao público externo à linha de pesquisa). Esses resultados também foram apresentados aos participantes da linha de pesquisa Educação Escolar Inclusiva, momento em que os pesquisadores e estudantes fizeram várias considerações sobre o tema e os dados levantados. RESULTADO A comunidade educacional brasileira tem buscado alternativas para implementar a política de expansão da inclusão escolar de pessoas com deficiência no ensino regular. Esse objetivo tem enfrentado muitas dificuldades, considerando forças oponentes e com interesses distintos que se afastam e afastam familiares e pessoas com NEE dessas discussões, não favorecendo a participação dos principais interessados nas decisões. Ao fazer essa consideração devemos ter clareza de que, em si mesmos, o embate crítico ao ideário inclusivista e a denúncia de sua filiação aos objetivos reprodutivistas do capital não bastam, embora este seja passo importante e até decisivo para a transformação social e escolar, como defendido anteriormente. Nesse sentido, pensamos que, sendo as ilusões e suas cadeias duramente combatidas, por meio de um esforço teórico para a interpretação desmistificada do real, poderá desabrochar, pelas sendas da História, o desejo pela flor viva, vale dizer, pela ação humana revolucionária (BEZERRA; ARAUJO, 2013, p. 585, grifo nosso). Face a esta problemática, os estudos nas universidades do Brasil começam a ser ampliados; é possível constatar o interesse, mesmo que tímido, pela temática da educação especial, em uma perspectiva inclusiva, por pesquisadores de diferentes áreas, com maior volume de pesquisas concentrado na área de Humanas, em especial, na área de Educação, conforme observamos em sites de universidades e de domínio público. Na Região Centro-Oeste, levantamos o quantitativo de trabalhos realizados pelos Programas de Pós-Graduação sobre a temática Educação Especial e Inclusiva. Os Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal têm contribuído para os estudos inerentes à temática, embora de forma reduzida, considerando o número de defesas em outras áreas da Educação e o número de defesas ocorridas entre 2000 e 2010 sobre Educação Especial e Inclusiva. Ao considerar as dissertações e teses da região Centro-Oeste, no banco de catalogação dessas Instituições e nos sites de domínio público é que definimos por apresentar, neste artigo, os resultados obtidos no âmbito das Instituições que oferecem Programas de Pós-Graduação em Educação de Goiás, observando as duas instituições de ensino superior com defesas de dissertações e teses (o Programa de Pós-Graduação em Educação da UFG, campus de Catalão e o de Jataí, foram criados após o período de recorte deste estudo, com início das atividades em 2011 e 2013, respectivamente). A Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO) e a Universidade Federal de Goiás (UFG), campus de Goiânia, oferecem mestrado e doutorado, ambas com várias defesas anuais sobre Educação, com algumas sobre Educação Especial, conforme quadros 01 e 02. 308 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X Quadro 01: Publicações do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC (2000- 2010) Dissertações Dissertações em Teses Teses em Educação Especial Educação Especial Ano Quantida Ano Quantida Ano Quantida Ano Quantida de de de de 2000 2000 2000 2000 2001 12 2001 2001 2001 2002 25 2002 2002 2002 2003 13 2003 2003 2003 2004 16 2004 02 2004 2004 2005 24 2005 01 2005 2005 2006 13 2006 03 2006 2006 2007 21 2007 02 2007 2007 2008 12 2008 01 2008 2008 2009 03 2009 01 2009 2009 2010 28 2010 2010 03 2010 Total 167 Total 10 Total 03 Total 0 Fonte: Site do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-GO. Disponível em: <http://tede.biblioteca.ucg.br/> Quadro 02: Publicações do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFG (2000- 2010) Dissertações Dissertações em Teses Teses em Educação Especial Educação Especial Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Quantida de 32 28 43 18 27 21 22 26 35 21 16 289 Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Quantida de 01 01 01 01 03 03 01 11 Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Quantida de 01 01 09 10 09 13 08 51 Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Quantida de 01 01 Fonte: Site do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFG. Disponível em: <http://ppge.fe.ufg.br> Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO) O Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC Goiás, nível de Mestrado, foi implantado em 1999, sendo recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES) em março de 2001, com decisão favorável ao reconhecimento pelo Ministério da Educação/CNE. No ano de 2006, o Programa obteve da CAPES a autorização para implantação do Doutorado em Educação, obtendo a nota inicial quatro. A Área de Concentração do Programa é Educação e Sociedade, tendo três Linhas de Pesquisa: Teorias da Educação e Processos Pedagógicos; Estado, Políticas e Instituições Educacionais; 309 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X e Educação, Sociedade e Cultura; que envolve dezenove docentes de diferentes grupos de estudos e linhas de pesquisa (BRASIL, 2012). A PUC/GO (PUC, 2012) tem realizado um trabalho efetivo na formação de mestres e doutores em Educação na Região Centro-Oeste. Em dez anos (fevereiro de 2001 a dezembro de 2010) ocorreram 167 defesas no Programa de Mestrado e três defesas no Programa de Doutorado. Dessas 167 dissertações e três teses, dez dissertações são sobre a temática em estudo - Educação Especial e Inclusiva, ou seja, 5,88% da produção. Dessas dez dissertações, cinco discutem a Educação Inclusiva de forma geral e três discutem Necessidade Educacional Especial, conforme quadro 03. Ano 2004 2004 2005 2006 2006 2006 2007 2007 Quadro 03: Dissertações da Pontifícia Universidade Católica de Goiás Título/Orientador(a) Especificidade Aporte teórico O letramento do aluno com deficiência mental no contexto da escola inclusiva – relato de uma experiência. Annete Scotti Rabelo Educação Inclusiva: do proclamado ao realizado – o caso da Escola Estadual Esperança. Maria A. Nepomuceno Sentidos produzindo sentidos: constituições de deficiência e processos de subjetivação de crianças com necessidades educacionais especiais. Mercedes Villa Cupolillo O processo de inclusão no ensino superior em Goiás: a visão dos excluídos. Elianda Figueiredo Arantes Tiballi A teoria e a prática pedagógica no cenário das turmas de alfabetização de uma escola inclusiva. Raquel Marra da Madeira Freitas A inclusão de pessoas com deficiência segundo professores de Educação Física na Secretaria Municipal de Educação de Goiânia. Marília G. de Miranda O processo de aprendizagem do aluno com necessidades educacionais especiais no ensino superior–UCG. Elianda F. A. Tiballi Educação dos alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas públicas municipais de 1ª fase do ensino fundamental de Anápolis-GO: inclusão ou exclusão? Deficiência intelectual Mantoan, Sassaki, Vygotsky. Geral Januzzi, Aranha, Mazzotta, Sassaki, Bueno, Gramsci. NEE Vygotsky, Gonzalez Rey. Geral Bourdieu, Sawaia, Sassaki; Mantoan, Prieto, Mazzotta. Geral Patto, Vigotsky, Davidov. Geral Mantoan, Mazzotta, Marques, Stainback, Mittler, Soler. NEE Sacristan, Coelho, Chauí, Charlot, Freire. NEE Poulantzas, Enguita, Rodrigues, Mittler. 310 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X 2008 2009 Maria E. F. Carneiro O sucesso escolar de alunos com Surdez surdez neurossensorial severo/ profunda: a educação em tempos de inclusão/exclusão. Elianda F. A. Tiballi Organização escolar em ciclos de Geral formação e desenvolvimento humano como fator de inclusão educacional em Goiânia. Maria Francisca S. Carvalho Bites Bourdieu, Charlot, Quadros. Freitas, Almeida, Barretto e Sousa, Ferreira e Ferreira, Baptista, Arroyo. Fonte: Banco de teses da Pontifícia Universidade Católica de Goiás Universidade Federal de Goiás (UFG) A Universidade Federal de Goiás (UFG) foi criada em 14 de dezembro de 1960, a partir da união de cinco faculdades existentes em Goiânia: Faculdade de Direito, Faculdade de Farmácia e Odontologia, Escola de Engenharia, Conservatório de Música e a Faculdade de Medicina. Com essa união, Goiás ganhou em qualidade e passou a não depender especificamente do trabalho de profissionais dessas áreas no Estado. Na sequência, em 1962, foi criada a Faculdade de Educação (FE), oriunda da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (UFG, 2012). O Programa de Pós-Graduação em Educação da UFG de Goiás, nível de Mestrado, foi implantado em 1985, sendo recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES), com início das atividades em 1986. No ano de 2002, o Programa obteve da CAPES a autorização para implantação do doutorado em Educação. O Programa oportuniza aos interessados pelo mestrado ou doutorado quatro Linhas de Pesquisa: Educação, Trabalho e Movimentos Sociais; Estado e Políticas Educacionais; Cultura e Processos Educacionais; e Formação e Profissionalização Docente. Desenvolvendo orientações, pesquisas e produção intelectual, a partir das linhas de pesquisa, o Programa conta com 27 docentes, vinculados a diferentes grupos de estudos e linhas de pesquisa (BRASIL, 2012). A UFG tem realizado um trabalho efetivo na formação de mestres e doutores da Região Centro-Oeste. Em onze anos, 289 discentes defenderam suas dissertações de mestrado e 51 defenderam suas teses de doutorado, num cômputo de 340 defesas no Programa. Dessas 340 dissertações e teses, apenas doze referem-se à temática em estudo - Educação Especial e Inclusiva, sendo onze dissertações e uma tese, ou seja, apenas 3,53% pesquisaram sobre Educação Especial, com oito abordando a Inclusão de forma geral, uma sobre NEE, uma sobre Síndrome de Down, uma sobre Deficiência Física e uma sobre Deficiência Visual, conforme quadros 04 e 05. Ano 2010 Quadro 04: Tese da Universidade Federal de Goiás Título/Orientador(a) Especificidade Aporte teórico "Matemática inclusiva"? O processo Geral Morin, Mantoan. ensino-aprendizagem de Matemática no contexto da diversidade/ Profa. Dra. Dulce Barros de Almeida 311 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X Fonte: Banco de teses da Universidade Federal de Goiás. Ano 2002 2003 2005 2006 2007 2007 2007 2008 2008 2008 Quadro 05: Dissertações da Universidade Federal de Goiás Título/Orientador(a) Especificidade Aporte teórico A produção científica em periódicos NEE Gofredo, Mantoan. brasileiros das áreas de Educação e Educação Física relacionada à pessoa com necessidades educativas Especiais/Profª Drª Ely Guimarães dos Santos Evangelista A inclusão escolar e a Geral Skliar, Bueno, Mazzotta, (im)possibilidade de uma educação Stainback e Stainback. para todos/ Profª Drª Marília Gouvêa de Miranda Formação de professores no contexto Geral Jannuzzi, da educação inclusiva: estudo de Mazzotta, Mantoam, Almeida, caso da Universidade Estadual de Nóvoa, Pimenta. Goiás/ Prof. Dr. Marcos Corrêa da S. Loureiro Uma escola inclusiva de referência Geral Husserl, Tiballi, Santos, no contexto da educação especial no Mittler, Mazzotta, Marques, Estado de Goiás: um estudo de caso/ Libâneo. Profª Drª Dulce Barros de Almeida Educação Física e inclusão em Geral Mantoan, Vygotsky, Gatti. escolas estaduais de Goiás/ Profª Drª Dulce Barros de Almeida A inclusão de alunos com síndrome Síndrome de Marques, Vygotsky, Marx, de Down em escolas de Goiânia/ Down Freire, Heller, Mantoan. Profª Drª Dulce Barros de Almeida Concepções de inclusão escolar e Geral Marques, Freitas, Mantoan, linguagem – estudo de caso de Freitas, Stainback e Stainback, alunos com alteração de fala e Mittler. linguagem incluídos na escola regular/ Profª Drª Dulce Barros de Almeida A educação física no Estado de Geral Charlot, Apolônio, Gatti, Goiás: um olhar sobre a formação Mantoan, Mazzotta, Marques. docente e sua interface com a inclusão/ Profª Drª Dulce Barros de Almeida O olhar dos pais de crianças que Deficiência Mantoan, Mittler, Sassaki, utilizam cadeira de rodas: educação Física Martins, Marques, Stainback e inclusiva, educação especial ou Stainback, Skliar, Beyer, exclusão?/ Profª Drª Dulce Barros de Kassar, Omote, Oliveira, Góes, Almeida Lima. Escola inclusiva na rede estadual de Geral Mantoan, Vygotsky, Stainback; ensino no município de Rio VerdeStainback. GO/ Profª Drª Dulce Barros de 312 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X 2009 Almeida Cidadania das pessoas com deficiência visual no Estado de Goiás: trajetória, organização e discurso/ Profª Drª Dulce Barros de Almeida. Deficiência Visual Arendt, Cruz, Gohn, Mantoan. Fonte: Banco de teses da Universidade Federal de Goiás. DISCUSSÃO Com vistas a responder às questões do estudo proposto, iniciamos com a primeira: as pesquisas realizadas nos programas de pós-graduação em Educação do Estado de Goiás contemplaram o tema Educação Especial? Para responder à questão em pauta, devemos considerar as especificidades dos Programas de Pós-Graduação em Educação, assim como o contexto histórico, social e econômico do recorte do estudo proposto. Neste contexto, verificamos que 2003, o momento político foi favorável, pois acontecia a transição de um governo Neoliberal para um governo com proposta Socialista. O contexto econômico apresentava uma melhora mínima, mas com certa euforia, principalmente com a evolução dos anos; o quadro social era favorável considerando a possibilidade de dias melhores com a entrada do novo Governante; e o educacional, na perspectiva de atuação de um novo ministro da Educação se via impulsionado e com fortes cobranças e lobbies em prol da inclusão escolar de pessoas com deficiência no ensino regular. Apesar dos momentos e fatores favoráveis, pouco se pesquisou sobre Educação Especial nos Programas de Pós-Graduação em Educação, inclusive a UFG, que tinha uma docente pesquisadora do tema no Programa. Compreendemos ser necessário mencionar essa docente, pois foi possível verificar em dados quantitativos, que das onze defesas realizadas no período pela UFG, oito foram orientadas por ela. Na evolução do quantitativo de teses e dissertações, é relevante destacar que em 2000 e 2001 os dois Programas, PUC/GO e UFG, não tiveram nenhum trabalho defendido sobre o tema. Nos anos 2002 e 2003 houve uma defesa em cada Programa; em 2004 e 2005, foram duas defesas por ano; em 2006 houve um salto, passando para quatro defesas, ampliando um pouco mais em 2007, com cinco defesas. Em 2008 esse número volta para quatro, reduzindo em 2009, com duas e 2010 com apenas uma tese, conforme quadros 3, 4 e 5. Outra questão definida para a pesquisa foi sobre a categoria de necessidade educacional especial que mais foi pesquisada nos programas de pós-graduação em educação de Goiás? É interessante observar que quase todas as dissertações e teses, treze, foram referentes à Inclusão Escolar, de forma genérica e quatro sobre NEE. As outras pesquisas foram sobre deficiência intelectual (1), deficiência física (01), deficiência visual (01), Síndrome de Down (01) e surdez (01). Esse dado é interessante, pois retrata que a preocupação deixou de ser centrada na deficiência, para iniciar um olhar para o todo. A superação do paradigma de integração começa a se fortalecer, dando espaço para discussões sobre educação para todos, independente do tipo de Necessidade Educacional Especial. Identificamos que os teóricos que subsidiaram os pesquisadores com maior frequência nas teses e dissertações foram Maria Tereza Eglér Mantoan - presença em quase todos os 313 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X trabalhos, mas faz-se necessário um explicativo sobre essa preferência pela teórica do assunto: a professora com maior número de orientações no Programa da UFG foi orientanda no doutorado da Profª. Maria Tereza Égler Mantoan na UNICAMP. Também é interessante destacar que em alguns trabalhos, teóricos de diferentes concepções são utilizados para dar sustentação aos trabalhos, com observância para as especificidades, pois: [...] existe uma busca para tornarmos a proposta inclusiva revolucionária e coerente não só na aparência, mas sobretudo, na essência, resgatando-se para ela o que havia de legítimo e sistemático nos métodos especiais para o ensino de pessoas com deficiência intelectual (BEZERRA; ARAUJO, 2011, p. 296). Os teóricos referendados nas dissertações e nas teses, apesar de nem sempre serem de uma mesma abordagem teórica, ampliam as discussões, pois compreendem a educação numa perspectiva crítica, de respeito aos sujeitos de seus estudos, voltados para uma proposta emancipadora, que envolve trabalho coletivo e comprometimento com a educação para todos. Na catalogação das teses e dissertações, constatamos um avanço, considerando que os Programas têm colocado seu acervo de teses e dissertações em sites de domínio público. A UFG tem realizado um trabalho de escanear as teses e dissertações de períodos anteriores a 2004, para que todo o seu acervo seja disponibilizado ao público interessado pela área da Educação. Como eles estão em fase de organização, nos enviaram algum material por e-mail, além de terem o material no Programa e na Biblioteca da Universidade. Já a Pontifícia Universidade Católica de Goiás, tem a maioria de suas teses e dissertações catalogadas e publicadas em site de domínio público. A Secretária do Programa nos facilitou o acesso ao material ainda não disponível em site, permitindo o levantamento e conferência das teses e dissertações do acervo do Programa, em seu espaço físico exterior à biblioteca. Um dos fatores impulsionadores dessa discussão é que toda superação de paradigmas sofre resistência. A partir dessa constatação em pesquisas e publicações, definimos por realizar este estudo, para compreender a expansão dessa temática na Região Centro-Oeste, neste estudo, em especial, no Estado de Goiás; outrossim, identificar o arcabouço teórico que vem subsidiando esses estudos e compreender se houve ou não superação do paradigma da Institucionalização e do paradigma de Integração. CONCLUSÕES A sistematização das dissertações e teses levantadas neste recorte permitiu-nos identificar inúmeras dificuldades, principalmente de pessoas com deficiência, enfrentadas pelos defensores e pelos oponentes da Inclusão Escolar, no Estado de Goiás, cuja contribuição ocorreu em quase todas as pesquisas com os sujeitos. As inúmeras dificuldades observadas são resultados de enfrentamentos por interesses profissionais, por disputa ideológica ou até mesmo por desconhecimento da evolução dos estudos realizados sobre Educação Especial, no mundo, e mais recente, no Brasil. Assim, vale destacar que os estudos realizados recentemente nos Programas de PósGraduação em Educação, na temática Educação Especial, ainda deixam lacunas que podem ser preenchidas por outros pesquisadores, por existir um vasto campo para análise, em virtude de serem vários os níveis de ensino, modalidades de educação, comunidade interna e externa das instituições; ou seja, ainda não se esgotaram as possibilidades de estudos. As dificuldades 314 VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X enfrentadas pelos grupos oponentes poderiam, a partir de diferentes concepções teóricas, serem analisadas mais profundamente. Afirmamos por meio das teses e dissertações existentes, que são poucos os estudos realizados sobre Educação Especial nos programas de Pós-Graduação em Educação do Estado de Goiás, inclusive com uma redução nos anos de 2009 e 2010. Entretanto, é relevante mencionar que apesar da frequência flutuante, os olhares continuam voltados para essa temática; fato comprobatório da necessidade de pesquisas sobre ela. Quiçá, estudos vindouros contribuam diretamente com os sujeitos das análises, e assim cumpram sua função social. Entendemos que este estudo não teve e não tem a intenção de finalizar a temática no Estado de Goiás, principalmente por sintetizar apenas parte dos resultados da pesquisa realizada na Região Centro-Oeste, que está em fase de finalização nos outros estados da região, com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Esperamos que os resultados apresentados possam incentivar a realização de outras pesquisas e, assim, contribuir com os debates sobre a inclusão escolar, com a formação inicial e contínua de docentes e com a emancipação do sujeito, com ou sem deficiência, ou seja, na valorização de uma educação para todos. REFERÊNCIAS BEZERRA, G. F.; ARAUJO, D. A. C. De volta à teoria da curvatura da vara: a deficiência intelectual na escola inclusiva. Educação em Revista. Belo Horizonte-MG: FAE/UFMG. V.27, nº 02, ago. 2011. p. 277-302. ______. Em busca da flor viva: para uma crítica ao ideário inclusivista em educação. Revista Educação e Sociedade. Revista de Ciências da Educação. Campinas-SP. Vol. 34, abr-jun. 2013. BRASIL. CNPQ – Diretório de grupos de pesquisas. Disponível em: <http://www.cnpq.br/gpesq/apresentacao.htm>. Acesso em: 10 mar. 2012. FERREIRA, N. S. A. As pesquisas denominadas "estado da arte". Educação e Sociedade. Ano XXIII, n. 79, ago, 2002. PUC/GO. Histórico do Programa de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Disponível em: <http://www.ucg.br>. Acesso em: 11 mar. 2012. UFG. Histórico da Universidade Federal de Goiás. Disponível em: <http://www.ufg.br>. Acesso em: 11 mar. 2012. SOARES, M. Alfabetização no Brasil. O Estado do Conhecimento. Brasília: INEP/MEC, 1989. 315