VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X
A EDUCAÇÃO ESPECIAL EM TESES E DISSERTAÇÕES DOS PROGRAMAS DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS (2000-2010)
Doracina Aparecida de Castro ARAUJO. UEMS-CNPq1.
Elson Luiz de ARAUJO. UEMS-CNPq2.
Raquel Marques Ribeiro dos SANTOS. UEMS-CNPq3.
Washington Cesar Shoiti NOZU . FAMA-FIPAR-CNPq4.
INTRODUÇÃO
A proposta desta pesquisa surgiu nos encontros do Grupo de Estudos e Pesquisas em Práxis
Educacional (GEPPE), em momentos de discussão coletiva de três linhas de pesquisa, cujo
conteúdo comunga dos interesses teóricos de todas elas, divulgando os estudos específicos de
cada uma. Nesses momentos surgem indagações acerca da formação inicial e continuada de
professores para atuar com a diversidade no cotidiano escolar. Também apresenta questões
inerentes às práticas educacionais ineficientes de alguns professores, que se deparam com atos
de violência simbólica e física dos alunos, com problemas de alunos com diferentes
deficiências, entre outras especificidades apresentadas.
Após perceber esses problemas, a equipe do GEPPE, mais especificamente, a linha que atua
em Educação Escolar Inclusiva, em articulação com as outras linhas, buscou contribuir com
estudos, os quais poderão preencher lacunas existentes nessa área, assim como auxiliar os
estudiosos da temática quanto às pesquisas realizadas, além de possibilitar a continuação de
estudos a partir daqueles realizados em diferentes localidades.
Com base nessas considerações questionamos: as pesquisas realizadas nos programas de pósgraduação em Educação do Estado de Goiás contemplaram a área Educação Especial? Qual
foi a categoria de necessidade educacional especial mais pesquisada nos programas de pósgraduação em educação de Goiás? Quais teóricos da área de Educação Especial subsidiaram
os pesquisadores dessas teses e dissertações?
Para responder às questões, optamos pelo levantamento do Estado do Conhecimento,
considerando haver poucas pesquisas no Brasil que fazem esse tipo de investigação,
principalmente sobre a temática educação especial. Desses poucos trabalhos, alguns ficam no
interior das instituições, com pouca divulgação, sem serem socializados com a comunidade
científica. Toda pesquisa tem funções definidas e a do Estado do Conhecimento não é
diferente, se considerarmos sua função de resgatar e valorizar o conhecimento produzido
sobre algum tema, em algum lugar e período (FERREIRA, 2002).
Neste estudo, consideramos existir, em um primeiro momento, a necessidade do contato
direto com os resultados da produção de mestrados e de doutorados, na busca de quantificação
e identificação dos dados bibliográficos (período delimitado em anos, áreas de produção) ação que nos possibilitou lidar com os dados objetivos e concretos.
Todavia, para que a pesquisa sobre o Estado do Conhecimento da temática fosse considerada
relevante e de maior abrangência teórica, tornou-se primordial considerar a necessidade de
ampliação do campo a ser pesquisado, com um olhar para as tendências e opções teóricas dos
autores (FERREIRA, 2002). No entanto, esse tipo de pesquisa exige cuidados referentes à
suficiência das fontes para responder às questões propostas, de modo a não deixar lacunas
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interferirem diretamente na confiabilidade do trabalho realizado. A relevância desse tipo de
pesquisa é constatada por Soares (1989, p. 3):
Essa compreensão do estado de conhecimento sobre um tema, em determinado
momento, é necessária no processo de evolução da ciência, afim de que se ordene
periodicamente o conjunto de informações e resultados já obtidos, ordenação que
permita indicação das possibilidades de integração de diferentes perspectivas,
aparentemente autônomas, a identificação de duplicações ou contradições, e a
determinação de lacunas e vieses.
Além de cuidar das questões de confiabilidade da pesquisa, preocupamo-nos com o tema em
estudo, principalmente por se tratar de Educação Especial, já que dependendo do Programa
de Pós-Graduação, esses estudos estão contemplados em diferentes linhas de pesquisa, não
especificamente em linhas sobre Educação Especial ou Educação Inclusiva. Destarte, estudos
sobre o Estado do Conhecimento devem ser tratados com rigor científico e de forma
exploratória, para contribuir com a evolução da Ciência sobre determinado tema, contexto e
evolução das produções científicas.
MÉTODO
Este estudo exploratório buscou superar a dicotomia entre objetividade e subjetividade,
considerando a necessidade de análise dos resultados de pesquisas a partir do caráter sóciohistórico, colocando em evidência as produções intelectuais realizadas por pesquisadores que
podem contribuir socialmente como sujeitos transformadores e criadores. Dessa maneira, a
interpretação dos dados foi realizada de forma contextualizada, com um olhar constante para a
historicidade dos fatos e fenômenos que envolveram as pesquisas realizadas nos Programas de
Pós-Graduação em Educação do Estado de Goiás, no período de 2000 a 2010.
Definimos por levantar os dados, a partir de uma abordagem qualitativa, utilizando dados
quantitativos, por considerarmos que essas abordagens não são opostas; ao contrário, se
completam nesse tipo de estudo. O ciclo da pesquisa foi iniciado com o levantamento e
revisão bibliográfica sobre Educação Especial, Inclusão Escolar, tomando em consideração
algumas perspectivas teóricas que embasaram os pesquisadores das teses e dissertações.
Em seguida, realizamos um levantamento online das teses e dissertações defendidas nos
Programas de Pós-Graduação em Educação do Estado de Goiás, no período de 2000 a 2010.
Dando prosseguimento à pesquisa, fomos in loco, momento em que conferimos e
selecionamos o material disponível nos arquivos da Pontifícia Universidade Católica de Goiás
e da Universidade Federal de Goiás, que não constavam nas páginas das bibliotecas das
Universidades e nos sites de domínio público.
Na sequência, verificamos os tipos de Necessidades Educacionais Especiais (NEE) mais
pesquisados nas teses e dissertações no período de 2000 a 2010, bem como os teóricos mais
presentes nas análises desses trabalhos. Para finalizar, analisamos os dados à luz da
abordagem de teóricos críticos, os quais buscam alternativas para uma educação de qualidade,
que envolva todos, independente de etnia, classe social, gênero, deficiência, entre outros tipos
de diversidades. Esses teóricos, além de contribuir nas análises das teses e dissertações,
também possibilitaram ampliar nossa compreensão sobre o momento atual da inclusão no
País.
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Os dados desta pesquisa estão sendo organizados em um banco de dados, em que a equipe de
pesquisadores, estudantes e colaboradores fazem um acompanhamento dos resultados das
dissertações e teses e inserem no referido banco (ainda não disponível ao público externo à
linha de pesquisa). Esses resultados também foram apresentados aos participantes da linha de
pesquisa Educação Escolar Inclusiva, momento em que os pesquisadores e estudantes fizeram
várias considerações sobre o tema e os dados levantados.
RESULTADO
A comunidade educacional brasileira tem buscado alternativas para implementar a política de
expansão da inclusão escolar de pessoas com deficiência no ensino regular. Esse objetivo tem
enfrentado muitas dificuldades, considerando forças oponentes e com interesses distintos que
se afastam e afastam familiares e pessoas com NEE dessas discussões, não favorecendo a
participação dos principais interessados nas decisões. Ao fazer essa consideração devemos ter
clareza de que, em si mesmos, o embate crítico ao ideário inclusivista e a denúncia
de sua filiação aos objetivos reprodutivistas do capital não bastam, embora este seja
passo importante e até decisivo para a transformação social e escolar, como
defendido anteriormente. Nesse sentido, pensamos que, sendo as ilusões e suas
cadeias duramente combatidas, por meio de um esforço teórico para a interpretação
desmistificada do real, poderá desabrochar, pelas sendas da História, o desejo pela
flor viva, vale dizer, pela ação humana revolucionária (BEZERRA; ARAUJO,
2013, p. 585, grifo nosso).
Face a esta problemática, os estudos nas universidades do Brasil começam a ser ampliados; é
possível constatar o interesse, mesmo que tímido, pela temática da educação especial, em uma
perspectiva inclusiva, por pesquisadores de diferentes áreas, com maior volume de pesquisas
concentrado na área de Humanas, em especial, na área de Educação, conforme observamos
em sites de universidades e de domínio público.
Na Região Centro-Oeste, levantamos o quantitativo de trabalhos realizados pelos Programas
de Pós-Graduação sobre a temática Educação Especial e Inclusiva. Os Estados de Goiás, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal têm contribuído para os estudos inerentes à
temática, embora de forma reduzida, considerando o número de defesas em outras áreas da
Educação e o número de defesas ocorridas entre 2000 e 2010 sobre Educação Especial e
Inclusiva.
Ao considerar as dissertações e teses da região Centro-Oeste, no banco de catalogação dessas
Instituições e nos sites de domínio público é que definimos por apresentar, neste artigo, os
resultados obtidos no âmbito das Instituições que oferecem Programas de Pós-Graduação em
Educação de Goiás, observando as duas instituições de ensino superior com defesas de
dissertações e teses (o Programa de Pós-Graduação em Educação da UFG, campus de Catalão
e o de Jataí, foram criados após o período de recorte deste estudo, com início das atividades
em 2011 e 2013, respectivamente). A Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO) e
a Universidade Federal de Goiás (UFG), campus de Goiânia, oferecem mestrado e doutorado,
ambas com várias defesas anuais sobre Educação, com algumas sobre Educação Especial,
conforme quadros 01 e 02.
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Quadro 01: Publicações do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC (2000- 2010)
Dissertações
Dissertações em
Teses
Teses em
Educação Especial
Educação Especial
Ano
Quantida
Ano
Quantida
Ano
Quantida
Ano
Quantida
de
de
de
de
2000
2000
2000
2000
2001
12
2001
2001
2001
2002
25
2002
2002
2002
2003
13
2003
2003
2003
2004
16
2004
02
2004
2004
2005
24
2005
01
2005
2005
2006
13
2006
03
2006
2006
2007
21
2007
02
2007
2007
2008
12
2008
01
2008
2008
2009
03
2009
01
2009
2009
2010
28
2010
2010
03
2010
Total
167
Total
10
Total
03
Total
0
Fonte: Site do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-GO. Disponível em:
<http://tede.biblioteca.ucg.br/>
Quadro 02: Publicações do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFG (2000- 2010)
Dissertações
Dissertações em
Teses
Teses em
Educação Especial
Educação Especial
Ano
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Total
Quantida
de
32
28
43
18
27
21
22
26
35
21
16
289
Ano
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Total
Quantida
de
01
01
01
01
03
03
01
11
Ano
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Total
Quantida
de
01
01
09
10
09
13
08
51
Ano
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Total
Quantida
de
01
01
Fonte: Site do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFG. Disponível em: <http://ppge.fe.ufg.br>
Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO)
O Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC Goiás, nível de Mestrado, foi
implantado em 1999, sendo recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
do Ensino Superior (CAPES) em março de 2001, com decisão favorável ao reconhecimento
pelo Ministério da Educação/CNE. No ano de 2006, o Programa obteve da CAPES a
autorização para implantação do Doutorado em Educação, obtendo a nota inicial quatro.
A Área de Concentração do Programa é Educação e Sociedade, tendo três Linhas de Pesquisa:
Teorias da Educação e Processos Pedagógicos; Estado, Políticas e Instituições Educacionais;
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e Educação, Sociedade e Cultura; que envolve dezenove docentes de diferentes grupos de
estudos e linhas de pesquisa (BRASIL, 2012).
A PUC/GO (PUC, 2012) tem realizado um trabalho efetivo na formação de mestres e
doutores em Educação na Região Centro-Oeste. Em dez anos (fevereiro de 2001 a dezembro
de 2010) ocorreram 167 defesas no Programa de Mestrado e três defesas no Programa de
Doutorado. Dessas 167 dissertações e três teses, dez dissertações são sobre a temática em
estudo - Educação Especial e Inclusiva, ou seja, 5,88% da produção. Dessas dez dissertações,
cinco discutem a Educação Inclusiva de forma geral e três discutem Necessidade Educacional
Especial, conforme quadro 03.
Ano
2004
2004
2005
2006
2006
2006
2007
2007
Quadro 03: Dissertações da Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Título/Orientador(a)
Especificidade
Aporte teórico
O letramento do aluno com
deficiência mental no contexto da
escola inclusiva – relato de uma
experiência. Annete Scotti Rabelo
Educação Inclusiva: do proclamado
ao realizado – o caso da Escola
Estadual Esperança.
Maria A.
Nepomuceno
Sentidos
produzindo
sentidos:
constituições de deficiência e
processos de subjetivação de crianças
com
necessidades
educacionais
especiais. Mercedes Villa Cupolillo
O processo de inclusão no ensino
superior em Goiás: a visão dos
excluídos.
Elianda
Figueiredo
Arantes Tiballi
A teoria e a prática pedagógica no
cenário das turmas de alfabetização
de uma escola inclusiva. Raquel
Marra da Madeira Freitas
A inclusão de pessoas com
deficiência segundo professores de
Educação Física na Secretaria
Municipal de Educação de Goiânia.
Marília G. de Miranda
O processo de aprendizagem do
aluno com necessidades educacionais
especiais no ensino superior–UCG.
Elianda F. A. Tiballi
Educação
dos
alunos
com
necessidades educacionais especiais
nas escolas públicas municipais de 1ª
fase do ensino fundamental de
Anápolis-GO: inclusão ou exclusão?
Deficiência
intelectual
Mantoan, Sassaki, Vygotsky.
Geral
Januzzi,
Aranha, Mazzotta,
Sassaki, Bueno, Gramsci.
NEE
Vygotsky, Gonzalez Rey.
Geral
Bourdieu,
Sawaia,
Sassaki;
Mantoan, Prieto, Mazzotta.
Geral
Patto, Vigotsky, Davidov.
Geral
Mantoan, Mazzotta, Marques,
Stainback, Mittler, Soler.
NEE
Sacristan, Coelho, Chauí,
Charlot, Freire.
NEE
Poulantzas, Enguita, Rodrigues,
Mittler.
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2008
2009
Maria E. F. Carneiro
O sucesso escolar de alunos com Surdez
surdez
neurossensorial
severo/
profunda: a educação em tempos de
inclusão/exclusão. Elianda F. A.
Tiballi
Organização escolar em ciclos de Geral
formação e desenvolvimento humano
como fator de inclusão educacional
em Goiânia. Maria Francisca S.
Carvalho Bites
Bourdieu, Charlot, Quadros.
Freitas, Almeida, Barretto e
Sousa, Ferreira e Ferreira,
Baptista, Arroyo.
Fonte: Banco de teses da Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Universidade Federal de Goiás (UFG)
A Universidade Federal de Goiás (UFG) foi criada em 14 de dezembro de 1960, a partir da
união de cinco faculdades existentes em Goiânia: Faculdade de Direito, Faculdade de
Farmácia e Odontologia, Escola de Engenharia, Conservatório de Música e a Faculdade de
Medicina. Com essa união, Goiás ganhou em qualidade e passou a não depender
especificamente do trabalho de profissionais dessas áreas no Estado. Na sequência, em 1962,
foi criada a Faculdade de Educação (FE), oriunda da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
(UFG, 2012).
O Programa de Pós-Graduação em Educação da UFG de Goiás, nível de Mestrado, foi
implantado em 1985, sendo recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
do Ensino Superior (CAPES), com início das atividades em 1986. No ano de 2002, o
Programa obteve da CAPES a autorização para implantação do doutorado em Educação.
O Programa oportuniza aos interessados pelo mestrado ou doutorado quatro Linhas de
Pesquisa: Educação, Trabalho e Movimentos Sociais; Estado e Políticas Educacionais;
Cultura e Processos Educacionais; e Formação e Profissionalização Docente. Desenvolvendo
orientações, pesquisas e produção intelectual, a partir das linhas de pesquisa, o Programa
conta com 27 docentes, vinculados a diferentes grupos de estudos e linhas de pesquisa
(BRASIL, 2012).
A UFG tem realizado um trabalho efetivo na formação de mestres e doutores da Região
Centro-Oeste. Em onze anos, 289 discentes defenderam suas dissertações de mestrado e 51
defenderam suas teses de doutorado, num cômputo de 340 defesas no Programa. Dessas 340
dissertações e teses, apenas doze referem-se à temática em estudo - Educação Especial e
Inclusiva, sendo onze dissertações e uma tese, ou seja, apenas 3,53% pesquisaram sobre
Educação Especial, com oito abordando a Inclusão de forma geral, uma sobre NEE, uma
sobre Síndrome de Down, uma sobre Deficiência Física e uma sobre Deficiência Visual,
conforme quadros 04 e 05.
Ano
2010
Quadro 04: Tese da Universidade Federal de Goiás
Título/Orientador(a)
Especificidade
Aporte teórico
"Matemática inclusiva"? O processo Geral
Morin, Mantoan.
ensino-aprendizagem de Matemática
no contexto da diversidade/ Profa.
Dra. Dulce Barros de Almeida
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Fonte: Banco de teses da Universidade Federal de Goiás.
Ano
2002
2003
2005
2006
2007
2007
2007
2008
2008
2008
Quadro 05: Dissertações da Universidade Federal de Goiás
Título/Orientador(a)
Especificidade
Aporte teórico
A produção científica em periódicos NEE
Gofredo, Mantoan.
brasileiros das áreas de Educação e
Educação Física relacionada à pessoa
com necessidades educativas
Especiais/Profª Drª Ely Guimarães
dos Santos Evangelista
A
inclusão
escolar
e
a Geral
Skliar,
Bueno,
Mazzotta,
(im)possibilidade de uma educação
Stainback e Stainback.
para todos/ Profª Drª Marília Gouvêa
de Miranda
Formação de professores no contexto Geral
Jannuzzi,
da educação inclusiva: estudo de
Mazzotta, Mantoam, Almeida,
caso da Universidade Estadual de
Nóvoa, Pimenta.
Goiás/ Prof. Dr. Marcos Corrêa da S.
Loureiro
Uma escola inclusiva de referência
Geral
Husserl, Tiballi,
Santos,
no contexto da educação especial no
Mittler, Mazzotta, Marques,
Estado de Goiás: um estudo de caso/
Libâneo.
Profª Drª Dulce Barros de Almeida
Educação Física e inclusão em Geral
Mantoan, Vygotsky, Gatti.
escolas estaduais de Goiás/ Profª Drª
Dulce Barros de Almeida
A inclusão de alunos com síndrome Síndrome
de Marques, Vygotsky, Marx,
de Down em escolas de Goiânia/ Down
Freire, Heller, Mantoan.
Profª Drª Dulce Barros de Almeida
Concepções de inclusão escolar e
Geral
Marques, Freitas, Mantoan,
linguagem – estudo de caso de
Freitas, Stainback e Stainback,
alunos com alteração de fala e
Mittler.
linguagem incluídos na escola
regular/ Profª Drª Dulce Barros de
Almeida
A educação física no Estado de Geral
Charlot,
Apolônio,
Gatti,
Goiás: um olhar sobre a formação
Mantoan, Mazzotta, Marques.
docente e sua interface com a
inclusão/ Profª Drª Dulce Barros de
Almeida
O olhar dos pais de crianças que Deficiência
Mantoan, Mittler, Sassaki,
utilizam cadeira de rodas: educação Física
Martins, Marques, Stainback e
inclusiva, educação especial ou
Stainback,
Skliar,
Beyer,
exclusão?/ Profª Drª Dulce Barros de
Kassar, Omote, Oliveira, Góes,
Almeida
Lima.
Escola inclusiva na rede estadual de
Geral
Mantoan, Vygotsky, Stainback;
ensino no município de Rio VerdeStainback.
GO/ Profª Drª Dulce Barros de
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2009
Almeida
Cidadania das pessoas com
deficiência visual no Estado de
Goiás: trajetória, organização e
discurso/ Profª Drª Dulce Barros de
Almeida.
Deficiência
Visual
Arendt, Cruz, Gohn, Mantoan.
Fonte: Banco de teses da Universidade Federal de Goiás.
DISCUSSÃO
Com vistas a responder às questões do estudo proposto, iniciamos com a primeira: as
pesquisas realizadas nos programas de pós-graduação em Educação do Estado de Goiás
contemplaram o tema Educação Especial? Para responder à questão em pauta, devemos
considerar as especificidades dos Programas de Pós-Graduação em Educação, assim como o
contexto histórico, social e econômico do recorte do estudo proposto.
Neste contexto, verificamos que 2003, o momento político foi favorável, pois acontecia a
transição de um governo Neoliberal para um governo com proposta Socialista. O contexto
econômico apresentava uma melhora mínima, mas com certa euforia, principalmente com a
evolução dos anos; o quadro social era favorável considerando a possibilidade de dias
melhores com a entrada do novo Governante; e o educacional, na perspectiva de atuação de
um novo ministro da Educação se via impulsionado e com fortes cobranças e lobbies em prol
da inclusão escolar de pessoas com deficiência no ensino regular.
Apesar dos momentos e fatores favoráveis, pouco se pesquisou sobre Educação Especial nos
Programas de Pós-Graduação em Educação, inclusive a UFG, que tinha uma docente
pesquisadora do tema no Programa. Compreendemos ser necessário mencionar essa docente,
pois foi possível verificar em dados quantitativos, que das onze defesas realizadas no período
pela UFG, oito foram orientadas por ela.
Na evolução do quantitativo de teses e dissertações, é relevante destacar que em 2000 e 2001
os dois Programas, PUC/GO e UFG, não tiveram nenhum trabalho defendido sobre o tema.
Nos anos 2002 e 2003 houve uma defesa em cada Programa; em 2004 e 2005, foram duas
defesas por ano; em 2006 houve um salto, passando para quatro defesas, ampliando um pouco
mais em 2007, com cinco defesas. Em 2008 esse número volta para quatro, reduzindo em
2009, com duas e 2010 com apenas uma tese, conforme quadros 3, 4 e 5.
Outra questão definida para a pesquisa foi sobre a categoria de necessidade educacional
especial que mais foi pesquisada nos programas de pós-graduação em educação de Goiás? É
interessante observar que quase todas as dissertações e teses, treze, foram referentes à
Inclusão Escolar, de forma genérica e quatro sobre NEE. As outras pesquisas foram sobre
deficiência intelectual (1), deficiência física (01), deficiência visual (01), Síndrome de Down
(01) e surdez (01).
Esse dado é interessante, pois retrata que a preocupação deixou de ser centrada na deficiência,
para iniciar um olhar para o todo. A superação do paradigma de integração começa a se
fortalecer, dando espaço para discussões sobre educação para todos, independente do tipo de
Necessidade Educacional Especial.
Identificamos que os teóricos que subsidiaram os pesquisadores com maior frequência nas
teses e dissertações foram Maria Tereza Eglér Mantoan - presença em quase todos os
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trabalhos, mas faz-se necessário um explicativo sobre essa preferência pela teórica do assunto:
a professora com maior número de orientações no Programa da UFG foi orientanda no
doutorado da Profª. Maria Tereza Égler Mantoan na UNICAMP. Também é interessante
destacar que em alguns trabalhos, teóricos de diferentes concepções são utilizados para dar
sustentação aos trabalhos, com observância para as especificidades, pois:
[...] existe uma busca para tornarmos a proposta inclusiva revolucionária e coerente
não só na aparência, mas sobretudo, na essência, resgatando-se para ela o que havia
de legítimo e sistemático nos métodos especiais para o ensino de pessoas com
deficiência intelectual (BEZERRA; ARAUJO, 2011, p. 296).
Os teóricos referendados nas dissertações e nas teses, apesar de nem sempre serem de uma
mesma abordagem teórica, ampliam as discussões, pois compreendem a educação numa
perspectiva crítica, de respeito aos sujeitos de seus estudos, voltados para uma proposta
emancipadora, que envolve trabalho coletivo e comprometimento com a educação para todos.
Na catalogação das teses e dissertações, constatamos um avanço, considerando que os
Programas têm colocado seu acervo de teses e dissertações em sites de domínio público. A
UFG tem realizado um trabalho de escanear as teses e dissertações de períodos anteriores a
2004, para que todo o seu acervo seja disponibilizado ao público interessado pela área da
Educação. Como eles estão em fase de organização, nos enviaram algum material por e-mail,
além de terem o material no Programa e na Biblioteca da Universidade.
Já a Pontifícia Universidade Católica de Goiás, tem a maioria de suas teses e dissertações
catalogadas e publicadas em site de domínio público. A Secretária do Programa nos facilitou
o acesso ao material ainda não disponível em site, permitindo o levantamento e conferência
das teses e dissertações do acervo do Programa, em seu espaço físico exterior à biblioteca.
Um dos fatores impulsionadores dessa discussão é que toda superação de paradigmas sofre
resistência. A partir dessa constatação em pesquisas e publicações, definimos por realizar este
estudo, para compreender a expansão dessa temática na Região Centro-Oeste, neste estudo,
em especial, no Estado de Goiás; outrossim, identificar o arcabouço teórico que vem
subsidiando esses estudos e compreender se houve ou não superação do paradigma da
Institucionalização e do paradigma de Integração.
CONCLUSÕES
A sistematização das dissertações e teses levantadas neste recorte permitiu-nos identificar
inúmeras dificuldades, principalmente de pessoas com deficiência, enfrentadas pelos
defensores e pelos oponentes da Inclusão Escolar, no Estado de Goiás, cuja contribuição
ocorreu em quase todas as pesquisas com os sujeitos.
As inúmeras dificuldades observadas são resultados de enfrentamentos por interesses
profissionais, por disputa ideológica ou até mesmo por desconhecimento da evolução dos
estudos realizados sobre Educação Especial, no mundo, e mais recente, no Brasil.
Assim, vale destacar que os estudos realizados recentemente nos Programas de PósGraduação em Educação, na temática Educação Especial, ainda deixam lacunas que podem
ser preenchidas por outros pesquisadores, por existir um vasto campo para análise, em virtude
de serem vários os níveis de ensino, modalidades de educação, comunidade interna e externa
das instituições; ou seja, ainda não se esgotaram as possibilidades de estudos. As dificuldades
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VIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 - ISSN 2175-960X
enfrentadas pelos grupos oponentes poderiam, a partir de diferentes concepções teóricas,
serem analisadas mais profundamente.
Afirmamos por meio das teses e dissertações existentes, que são poucos os estudos realizados
sobre Educação Especial nos programas de Pós-Graduação em Educação do Estado de Goiás,
inclusive com uma redução nos anos de 2009 e 2010. Entretanto, é relevante mencionar que
apesar da frequência flutuante, os olhares continuam voltados para essa temática; fato
comprobatório da necessidade de pesquisas sobre ela. Quiçá, estudos vindouros contribuam
diretamente com os sujeitos das análises, e assim cumpram sua função social.
Entendemos que este estudo não teve e não tem a intenção de finalizar a temática no Estado
de Goiás, principalmente por sintetizar apenas parte dos resultados da pesquisa realizada na
Região Centro-Oeste, que está em fase de finalização nos outros estados da região, com apoio
financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Esperamos que os resultados apresentados possam incentivar a realização de outras pesquisas
e, assim, contribuir com os debates sobre a inclusão escolar, com a formação inicial e
contínua de docentes e com a emancipação do sujeito, com ou sem deficiência, ou seja, na
valorização de uma educação para todos.
REFERÊNCIAS
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BRASIL. CNPQ – Diretório de grupos de pesquisas. Disponível em:
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FERREIRA, N. S. A. As pesquisas denominadas "estado da arte". Educação e Sociedade.
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PUC/GO. Histórico do Programa de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de
Goiás. Disponível em: <http://www.ucg.br>. Acesso em: 11 mar. 2012.
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Acesso em: 11 mar. 2012.
SOARES, M. Alfabetização no Brasil. O Estado do Conhecimento. Brasília: INEP/MEC,
1989.
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a educação especial em teses e dissertações dos programas