X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 AVALIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DOS PROJETOS EXPOSTOS NA XXV FEIRA CATARINENSE DE MATEMÁTICA Viviane Clotilde da Silva Universidade Estadual Paulista / Bauru/SP Universidade Regional de Blumenau - FURB [email protected] Vilmar José Zermiani Universidade Regional de Blumenau – FURB [email protected] Resumo: A avaliação, ao longo dos 20 primeiros anos de existência das Feiras Catarinenses de Matemática, esteve focado na avaliação dos trabalhos prontos, apresentados nas Feiras. Somente em 2005 é que foi constituído um Grupo de Trabalho no Laboratório de Matemática da FURB para implantação de um sistema de avaliação destes eventos. O presente estudo tem como finalidade apresentar e analisar os dados referentes ao processo de construção dos trabalhos apresentados na XXV Feira Catarinense de Matemática que foi realizada no ano de 2009, na cidade de Rio do Sul. Foram aplicados seis questionários diferenciados aos atores desta feira: professores-orientadores, professores-expositores, avaliadores, alunos-expositores, visitantes, profissionais liberais e dirigentes educacionais. Trata-se de resultados preliminares, onde foram analisados os perfis dos professores-orientadores, dos professores-expositores e da maioria dos alunosexpositores e as características do processo de desenvolvimento dos projetos apresentados e da dinâmica das aulas. Palavras Chave: Feiras; Avaliação; Processo. 1 Introdução Os participantes do Movimento das Feiras de Matemática no Estado de Santa Catarina, ao longo dos seus primeiros vinte anos (1985 a 2004), vinham discutindo sobre os critérios de avaliação de trabalhos e a forma de avaliação dos mesmos nas suas diversas categorias e modalidades de inscrição de trabalhos, através de reuniões com seus organizadores e, pontualmente, com alunos-expositores, professores-orientadores e avaliadores de trabalho, em quatro Seminários realizados sobre estas feiras (1993, 2001, 2006 e 2009). Desta forma, não houve por parte dos seus organizadores a preocupação de realizar uma avaliação sistemática e contínua do evento. Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 1 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 Desta forma, por se tratar de um projeto de extensão universitária, através de atividades extracurriculares, envolvendo recursos financeiros de ordem pública, entendemos ser pertinente realizar uma pesquisa que se consubstancie em uma avaliação sobre sua relevância científico-social no Sistema Educacional Catarinense. Para tanto, fazse necessário que sejam ouvidos todos os atores envolvidos no processo de organização de feiras, orientação e avaliação de trabalhos, bem como, a comunidade que visita a feira. Partindo do pressuposto de que para que um projeto tenha durabilidade é necessário que se tenha um forte mecanismo de avaliação do processo, foi criado em 2005 o Grupo de Pesquisa: “Rede de Feiras de Matemática” que está no Diretório dos Grupos de Pesquisa do Brasil CNPq (www.cnpq.br) que tem como objetivo avaliar a relevância científicosocial destas feiras no seu sistema educacional. Este artigo tem por objetivo apresentar e analisar os dados referentes a construção dos projetos apresentados nas feiras, obtidos por este grupo de pesquisa. 2 Rede de Feiras de Matemática Em 1985, foi desenvolvido um projeto de extensão, no Departamento de Matemática da Universidade Regional de Blumenau – FURB, que tinha como objetivo organizar a Primeira Feira Regional de Matemática e a Primeira Feira Estadual de Matemática, em Blumenau. Estes eventos que tinham como um dos objetivos “proporcionar maior integração da Matemática com as demais disciplinas”. Estes eventos tiveram uma grande repercussão na comunidade acadêmica de forma que, nos anos subsequentes, eles começaram a se expandir pelo estado catarinense. “Já no ano de 1986, o movimento das Feiras de Matemática começou a ser disseminado para outras regiões do estado, com a realização da 2ª e 3ª Feira Catarinense de Matemática, nas regiões sul e oeste catarinense, respectivamente.” (SILVA, et al, 2007) É importante registrar que, até o ano de 2008 foram realizadas 220 Feiras de Matemática sendo 50 Municipais, 145 Regionais e 25 Estaduais, e foram expostos cerca de 25.000 trabalhos, no estado de Santa Catarina. Na XXV Feira Catarinense de Matemática do ano de 2009 foram expostos 156 trabalhos por 450 estudantes e orientados por 210 professores, oriundos de 63 municípios catarinenses. Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 2 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 Hoje os trabalhos apresentados nas Feiras de Matemática são inscritos nas categorias: Educação Especial, Educação Infantil, Séries Iniciais do Ensino Fundamental, Séries Finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio, Ensino Superior, Professor e Comunidade; e nas modalidades: Jogos e/ou Materiais Didáticos, Matemática Aplicada e/ou Inter-Relação com outras Disciplinas e Matemática Pura. Com o passar dos anos os objetivos das Feiras de Matemática foram modificados nos Seminários de Avaliação destas feiras (1993, 2001 e 2007). No IV Seminário sobre Feiras de Matemática, realizado em 2009, na FURB, em Blumenau foram deliberados os seguintes objetivos para as Feiras de Matemática que aconteceriam a partir de então: despertar nos alunos maior interesse na aprendizagem da Matemática; promover o intercâmbio de experiências pedagógicas e contribuir para a inovação de metodologias; transformar a Matemática em ciência construída pelo aluno e mediada pelo professor; despertar para a necessidade da integração vertical e horizontal do ensino da Matemática; promover a divulgação e a popularização dos conhecimentos matemáticos, socializando os resultados das pesquisas nesta área e; integrar novos conhecimentos e novas tecnologias de informação e comunicação aos processos de ensino e aprendizagem. 3 Trajetória da Avaliação das Feiras de Matemática Os gestores de Feiras de Matemática, no período de 1985 a 2004, promoveram de uma forma contínua a avaliação dos trabalhos prontos, apresentados nas feiras. A avaliação das Feiras em âmbito Municipal, Regional e Estadual, quando ocorreram, foram pontuais e não de uma forma mais ampla. O Projeto Avaliação e Interpretação da Rede de Feiras de Matemática foi criado em 2005 por um grupo de professores da FURB, quando perceberam a necessidade de se estudar, mais profundamente as Feiras de Matemática em todos os seus momentos, dando voz aos mais diversos atores das mesmas, tendo em vista a organização de futuras Feiras de Matemática. Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 3 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 Diante a impossibilidade de um contato direto com todos os atores1, optou-se inicialmente pela aplicação de seis questionários diferenciados aos alunos-expositores, professores-orientadores, professores-expositores, avaliadores, gestores, profissionais liberais que dão apoio logístico à organização dos eventos e um específico aos visitantes desta Feira. Os questionários, na medida em que foram sendo aplicados, sofreram algumas modificações levando-se em consideração às especificidades dos diversos atores e para que os pesquisadores, na hora em que fossem analisá-los pudessem buscar convergências ou divergências nas respostas sobre um determinado assunto. Em 2009, a equipe de pesquisadores sentiu a necessidade de aprofundar um pouco mais as análises e, para isto formulou novos questionários direcionados a algumas categorias, como por exemplo, Educação Especial e Professor. 4. Avaliação do Processo de Construção dos Projetos Uma das propostas iniciais das Feiras de Matemática era apresentar metodologias inovadoras para o ensino da Matemática em sala de aula. Por este motivo a apresentação e divulgação desses projetos para melhoria do processo de ensino e aprendizagem desta disciplina é o motivo principal das Feiras. Apesar disto, segundo Silva e Tomelin, muitos professores, nos primeiros anos das Feiras desenvolviam projetos próprios em sala de aula (alguns deles nem eram feitos em sala) e escolhiam alunos que eram treinados para apresentar nas feiras. Diante deste fato, iniciou-se um processo de conscientização para mudar esta realidade visto que o papel do professor neste processo não deve ser de fazer o projeto, a não ser que ele o apresente na categoria Professor, mas orientar os alunos no desenvolvimento do mesmo pois, segundo Silva e Tomelin, é necessário envolver o aluno na pesquisa para que ele desenvolva uma aprendizagem mais significativa. 1 Chamamos de atores das Feiras todos os que se envolvem para que ela aconteça que são: gestores, profissionais liberais que dão apoio logístico à organização dos eventos, alunos-expositores, professoresexpositores, professores-orientadores, avaliadores e visitantes Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 4 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 Cabe então, neste momento, realizar uma análise mais minuciosa sobre o desenvolvimento dos projetos para verificar qual a realidade que se apresenta hoje. Sabemos que, somente pela análise dos questionários não podemos descrever o processo de construção destes projetos. Entretanto os autores resolveram analisar os questionários para obter alguns indicativos da forma de desenvolvimento dos trabalhos. A seguir apresentaremos algumas análises feitas sobre as respostas obtidas nos 600 questionários aplicados aos professores-expositores, professores-orientadores e alunosexpositores da XXV Feira Catarinense de Matemática realizada no ano de 2009, na cidade de Rio do Sul/SC, em relação ao processo de desenvolvimento dos projetos apresentados e da dinâmica das aulas. 4.1 Perfil dos Atores Analisados Entre os professores-expositores e professores-orientadores constatamos uma predominância do sexo feminino, com idade acima dos 30 anos. É possível observar também que a grande maioria dos professores (mais de 90%) são formados e a graduação é Licenciatura em Matemática (acima de 50%), entretanto também verificamos que existiu um número expressivo de formados em Pedagogia (em torno de 30%). Os formados em Pedagogia representam os orientadores (ou expositores) de trabalhos apresentados nas categorias Educação Especial, Educação Infantil, Séries Iniciais do Ensino Fundamental e Professor. As respostas dos questionários nos mostraram também que um número significativo de professores já participaram de outras feiras, o que indica que eles estão sempre buscando desenvolver trabalhos diferenciados com seus alunos e que este projeto que está sendo apresentado não é um caso esporádico. Outro fator observado nas respostas é que os professores que participam das Feiras de Matemática estão sempre buscando atualizações, participando de Encontros Educacionais, Congressos e/ou Simpósios. Em relação aos alunos-expositores, a grande maioria se encontra com idade entre 11 e 14 anos, devido a predominância de trabalhos apresentados na categoria Séries Finais do Ensino Fundamental. Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 5 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 4.2 Análises dos Resultados Neste momento dividiremos a análise em quatro partes. Na primeira, relataremos os dados obtidos, e procuraremos fazer algumas análises, nos questionários que foram aplicados aos alunos-expositores e professores-orientadores das Séries Finais do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e do Ensino Superior. Tal decisão justifica-se pelo fato de um número significativo de questões ser comum aos questionários dos mesmos, as análises sobre o processo de construção dos projetos aconteceram a partir do confronto das respostas das duas categorias. Na segunda etapa analisaremos as respostas obtidas dos professores-orientadores das Séries Iniciais do Ensino Fundamental, da Educação Infantil e da Educação Especial. Na terceira etapa apresentamos as análises feitas dos questionários aplicados aos expositores da categoria “Professor”, uma vez que, neste ano, não houve trabalhos inscritos na categoria “Comunidade”. Na quarta etapa são apresentadas as convergências encontradas nas respostas dos questionários aplicados nos três blocos das 07 categorias, em que os questionários foram aplicados. Etapa 1: Categorias Professor-Orientador e Alunos-Expositores das Séries Finais do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e do Ensino Superior Quanto à escolha da temática dos trabalhos inscritos, verificamos que em torno de 30% dos trabalhos foram fruto de pesquisa do professor, mas o número de trabalhos cujo tema foi sugestão dos alunos foi de mais de 50% do total. Quanto à escolha do tema ter sido feita pelo professor, este número foi inexpressível. Os outros trabalhos foram obtidos das mais variadas formas. Em relação a escolha do mesmo, a grande maioria afirmou que ela foi um consenso entre o professor e os alunos. Quanto à escolha do tema ter sido feita pelo professor, o número de questionários que assinalou esta resposta foi inexpressível. Isto nos faz crer que apesar de muitas vezes o professor indicar temas a serem estudados, os alunos participam do processo de escolha. Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 6 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 Em relação ao desenvolvimento do projeto, houve uma pequena divergência nas respostas apresentadas pelos alunos-expositores e pelos professores-orientadores. A maioria dos professores respondeu que o trabalho foi desenvolvido com todos os alunos, alguns totalmente em sala de aula, e outros parcialmente. Grande parte dos alunos também respondeu que o projeto foi desenvolvido com toda a turma, mas o número que respostas que afirmaram que o trabalho foi desenvolvido apenas por um grupo de alunos foi muito superior a resposta dos professores-orientadores. Surgem as seguintes questões: Qual a causa desta divergência? Quais dos atores estariam equivocados em relação as suas respostas? Acreditamos que o fato de grande parte dos trabalhos serem desenvolvidos parcialmente fora da sala de aula pode ter acontecido porque os projetos necessitam de muito tempo para se desenvolver, de forma que o tempo de aula se torna curto. Etapa 2: Categoria Professor-Orientador da Educação Especial, Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental, Em relação ao tema dos trabalhos verificamos que, nestas categorias, quase 50%, foi fruto de pesquisa própria do professor. No nosso entender o alto número de respostas neste item se deve ao fato de que nestas categorias os alunos são muito novos e, por este motivo tem uma dependência maior, das decisões do professor. Em relação ao desenvolvimento do trabalho, muitos professores responderam que o desenvolveram sozinhos com seus alunos, mas houve um grande número que obteve auxílio de outros professores e dos pais dos alunos para desenvolver seus projetos, mostrando que há uma boa troca de experiências entre professores e participação dos pais em muitas escolas do nosso estado. Etapa 3: Categoria Professor Ao todo foram cinco questionários, de um total de seis trabalhos, respondidos nesta categoria. Todos os professores que apresentam nesta categoria têm graduação em Pedagogia (quatro) ou em Educação Especial (um). Isto mostra que há uma tendência bem Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 7 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 maior dos professores que trabalham na Educação Infantil, nas Séries Iniciais e na Educação Especial se apresentarem nesta categoria. Os temas foram, em grande parte, fruto de pesquisa própria e foram trabalhados com toda turma e a maioria foi desenvolvido em sala, apenas 1 foi totalmente desenvolvido fora das aulas de matemática. Sobre a exposição do trabalho na feira, achamos muito interessante que, um dos professores trouxe alunos para auxiliá-lo, pois segundo ele “os alunos foram os responsáveis em confeccionar e aplicar os jogos, meu trabalho foi a teorização e a adaptação/orientação”. Etapa 4: Convergências nas respostas dos atores das três etapas acima Neste momento apresentaremos respostas que foram comuns em todos os questionários analisados, mostrando um consenso em relação a estes temas. Acreditamos ser de suma importância verificarmos como acontece a avaliação dos alunos nas aulas dos professores que desenvolveram os trabalhos apresentados, pois acreditamos que uma metodologia inovadora deve ser acompanhada de formas de avaliação alternativas e não somente de provas. Verificamos que, grande parte dos professores são coerentes na relação entre metodologia e avaliação utilizadas, pois, mostraram que provas e testes foram apenas um dos instrumentos utilizados. Relatórios, trabalhos e desempenho durante as aulas também foram citados. Ao serem questionados sobre o comportamento dos alunos nas aulas, os professores responderam que após o desenvolvimento dos trabalhos eles notaram que seus alunos mostraram maior motivação durante as aulas e maior sociabilidade e comunicação. Houve ainda um número considerável de professores que salientaram que seus alunos também apresentam melhores hábitos de estudo. Os alunos das Séries Finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Superior, em seus questionários, confirmaram estas respostas quando assinalaram que após o trabalho se sentem mais motivados para as aulas de matemática e, por este motivo, participam mais destas aulas. Estas respostas mostram que este tipo de trabalho faz com que os alunos passem a ter uma relação agradável com o Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 8 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 ensino da Matemática, fato este que infelizmente não é comum nas salas de aula hoje em dia. As maiores dificuldades para desenvolvimento dos projetos, apresentadas em todos os anos de ensino e em todas as modalidades pesquisadas, foram a falta de tempo e recursos financeiros. A falta de tempo é compensada por atividades extra-classe, que complementam o trabalho desenvolvido em sala, já a falta de recursos financeiros é algo que atinge muitos trabalhos, visto que a maioria vem de escolas públicas. A forma encontrada por muitos professores para ultrapassar este obstáculo é utilizar materiais alternativos ou fazer campanhas junto aos pais e comunidade. Sobre a escolha dos alunos para apresentarem os trabalhos nas feiras verificamos que, em todos os anos de ensino, e categorias, o envolvimento dos alunos no trabalho foi a forma mais escolhida. Esta forma de escolha está de acordo com as orientações apresentadas no livro Construção, Orientação e Avaliação em Feiras de Matemática que coloca que “a melhor maneira de escolher os elementos do grupo (que apresentará o trabalho na Feira) é de forma participativa onde os próprios alunos da turma escolhem os representantes” (SILVA, H.S; TOMELIN, L.Z., p. 27) Outras formas de escolha que também foram utilizadas em grande parte dos trabalhos foram: desempenho escolar e facilidade de comunicação dos alunos. Finalmente, os professores externaram que o desenvolvimento de projetos em sala de aula e a apresentação dos mesmos em Feiras proporcionaram a eles um melhor relacionamento com os alunos, uma maior troca de experiências com outros professores e a comunidade e, uma maior divulgação do seu trabalho. É importante mencionar que os professores que expuseram seu trabalhos na categoria “Professor” declararam que inclusive que eles se sentem mais motivados para ensinar matemática. Ao analisarmos as modalidades em que os trabalhos foram escritos verificamos, cerca de 80% dos mesmos, em todas as categorias, foram desenvolvidos em Matemática Aplicada e/ou inter-relação com outras disciplinas. Tal escolha se deve ao fato de que, de um modo geral, eles buscaram estudar a matemática relacionada com outras disciplinas ou analisar algum problema que envolvia o meio em que os alunos vivem, utilizando a matemática. As categorias Séries Iniciais do Ensino Fundamental, Educação Infantil e Educação Especial têm uma vantagem em relação às outras, para desenvolver um trabalho Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 9 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 nesta modalidade, pois nesta etapa da educação os alunos têm um professor que leciona quase todas as disciplinas, ficando mais fácil trabalhar de forma integrada com as disciplinas, ou seja, trabalhar, segundo eles, interdisciplinarmente. Em torno de 14 % desenvolveram Materiais e/ou Jogos Didáticos. Eles escreveram que escolheram esta forma de trabalho por que acreditam que é possível melhorar a aprendizagem utilizando o lúdico e porque se pode aprender brincando. A seguir apresentamos alguns depoimentos de professores: “proporciona aos alunos um trabalho que envolvesse a turma (...) a fim de facilitar sua aprendizagem” (professor das Séries Finais do Ensino Fundamental); “os alunos da faixa etária trabalhada precisam de atividade concretas para aprender matemática” (professor das Séries Iniciais do Ensino Fundamental); “trabalhamos com jogos didáticos porque na Educação Especial é mais atrativo e com mais resultados” (professor da Educação Especial). A última modalidade escolhida foi a Matemática Pura, apenas 6% dos trabalhos, da categoria Séries Finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio ou Superior, foram desenvolvidos desta forma e a justificativa apresentada foi porque eles buscavam desenvolver conceitos e raciocínio lógico. Diante deste resultado podemos questionar: Por que não há mais trabalhos em Matemática Pura? 4 Considerações Finais A Equipe de Pesquisadores constatou “in locu” que os expositores das Categorias Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental são muitos novos para responder, inicialmente os questionários. Para tanto, recomendaram que não sejam aplicados questionários para os mesmo. Outra categoria que causa preocupação é a Educação Especial, uma vez que nesta categoria inscrevem-se educandos não matriculados no sistema regular de ensino, ou seja, provenientes de instituições de Educação Especial. Recomenda-se a construção de questionários específicos no atendimento as características destes educandos. Por fim, torna-se imperioso para os futuros gestores destas Feiras que: - Incentivem a expansão da inscrição de trabalhos na categoria Educação Superior; Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 10 X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010 - Incentivem a participação de profissionais liberais (marceneiros, pedreiros, engenheiros, comerciantes, médicos, etc.) na exposição de projetos envolvendo a matemática; - Propiciem infra-estruturas físicas e sociais favoráveis para que pessoas com necessidades especiais participem ativamente das Feiras de Matemática. 5 Referências SILVA, H.S., et al, Evaluación e Interpretación Del Programa „Red de Férias de Matemática del Estado Catarinense‟: Resultados Preliminares. In: Memórias Del 9º Simposio de Educación Matemática. Chivilcoy, Argentina, 2007. SILVA, H.S., TOMELIN, L.Z., Construção, Orientação e Avaliação m Feiras de Matemática. Blumenau: Odorizzi, 2008. ZERMIANI, V.J. (org.) Anais do III Seminário sobre Feiras de Matemática, XXIV Feira Catarinense de Matemática. Blumenau: Odorizzi, 2006 ZERMIANI, V.J. (org.) Anais do IV Seminário sobre Feiras de Matemática, XXIV Feira Catarinense de Matemática. Blumenau: Nova Letra, 2009 Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Comunicação Científica 11