Violência No Contexto Escolar Carlos Inácio de Oliveira¹ Gleyson Amaral do Nascimento² Vantuil Barroso Filho³ RESUMO Este trabalho consiste em identificar os agentes causadores da violência no contexto escolar, avaliar sua incidência sobre meninos e meninas caracterizando as interferências causadas ao processo de ensino e aprendizagem numa escola municipal da cidade do Recife-PE, digo Escola André de Melo no bairro de Stª Luzia. Neste trabalho buscamos definir os tipos de violência como o fenômeno do bullying entre alunos. Para isto utilizamos como suporte teórico estudos de Laterman e Monteiro entre outros, que analisam este fenômeno da violência entre jovens e crianças na escola e suas implicações. Os resultados encontrados revelam que o grupo estudado confirma a hipótese desta interferência no aprendizado e a influência positiva da escola para revertê-lo INTRODUÇÃO Como alunos de graduação, noturno, em Pedagogia da Universidade Federal de Pernambuco, tivemos a oportunidade de observar e aprender sobre educação, seus processos e suas implicações, e durante o nosso curso, a disciplina de PPP (pesquisa e prática pedagógica) nos levou a refletir sobre vários aspectos da educação e os seus envolvidos. Percebemos durante os acompanhamentos na escola alguns problemas no que diz respeito ao aprendizado do jovem e do adolescente, bem como do adulto nas classes de EJA, como também a convivência dos alunos e dos envolvidos no processo, de ensino aprendizagem, e a segurança, no que diz respeito ao entorno e no próprio ambiente escolar. Durante nossos estudos buscamos nos concentrar em um aspecto que nos chamou mais a atenção qual foi, a violência no contexto escolar1. Analisar como a violência atinge o contexto escolar, em uma instituição de ensino municipal da cidade do Recife, tornou-se nosso objeto de estudo. ________________________ ¹ Concluinte de Pedagogia – Centro de Educação – UFPE. E-mail: [email protected] ² Concluinte de Pedagogia – Centro de Educação – UFPE. E-mail: [email protected] ³ PROFª.Dª. do Departamento de Métodos e técnicas em Educação do CE / UFPE. 1 Trabalhamos a definição de contexto escolar na visão de ambiente interno da escola. 1 Compreendemos que a percepção deste objeto pode abrir caminhos para uma percepção maior no que se refere a como o problema da violência atinge as escolas, e como melhor tratá-lo dentro da aprendizagem e para aprendizagem, visto que este problema atinge toda a sociedade e atrapalha o desenvolvimento desta e do aluno imaginamos a hipótese de que a educação seria um referencial que influenciaria positivamente para mudança deste problema na sociedade. Existe uma concepção muito forte hoje em dia de valorização da educação, pelo menos teoricamente é válido o interesse do poder público em investir na educação, não apenas no que diz respeito à infra-estrutura material, também humana e social, por que não dizer financeira. Há o problema do tecnicismo difundido de uma forma muito exacerbada, principalmente no nordeste, com o incentivo da formação de alunos para o mercado de trabalho, nota-se no investimento do governo no projeto de SUAPE. Isto leva a um deslocamento do interesse no aprendizado pelo aprendizado e não na formação. Neste caso, é possível constatar uma crise no processo civilizatório a partir do enfraquecimento das condições que o definiram, e considerando que a escola, durante muito tempo, funcionou como um micro-Estado, pode se identificar, nos últimos anos, uma crise no que se refere ao poder desta instituição, aos modelos do comportamento que ai se constrói e a adesão à chamada “ordem escolar” (Candau. 2001p. 39). Percebe-se que o investimento público tem falhado no que diz respeito a questões educacionais no sentido mais amplo, isto porque, tem se concentrado mais em projetos de infra-estrutura para a indústria e o comércio. Não que não tenha tanta importância para o desenvolvimento da região, mas há um claro deslocamento dos interesses em relação à educação, como que apenas servisse para formação de mão-deobra. Reflete-se isto em outro problema, o da verdadeira estruturação da educação no país, no que diz respeito a melhorias do ensino em todos os âmbitos, do fundamental ao superior. Podíamos salientar os dados do provão nacional onde demonstrou os baixos índices da educação, principalmente no Norte e Nordeste do país, com índices de notas abaixo das outras regiões. (Folha de São Paulo, Julho 2007). O governo tem acentuado os gastos em obras sociais como se isto resolvesse estes problemas. O problema social é uma marca que se arrasta dentro da sociedade, e os governos, através da criação destes projetos, (paliativos), não os tem resolvido. Por vezes, estes se tornam meramente assistenciais não atingindo o foco principal de seus objetivos, e o reflexo deste problema é sentido dentro do contexto escolar. A violência é um destes reflexos, tão marcantes, isto em todos os níveis. E este é um fator de grande preocupação na nossa sociedade. 2 A exposição a atos de violência no âmbito doméstico do tipo: agressões verbais e físicas, castigos etc., destruiria a auto-estima dos jovens. É um elemento desencadeador, e seu efeito é perigoso levando a uma cadeia de violência. (Abramovay, 2003 p. 51-52)2 Há também a violência institucional, provocada pelo abuso de autoridade, isto tanto da justiça, como do aparato policial, responsável pela ordem, como também dentro do contexto institucional escolar, como professores, diretores, etc. envolvidos neste processo violentando o direito e muitas vezes o ser. Originada também de ordem econômica exclui e empobrece as camadas sociais mais baixas. Esta violência da lei não existe sem uma contrapartida. “Aprender às próprias custas que existem regras de vida na classe e que ninguém pode impor a sua vontade como lei e ter também a garantia de jamais ser submetido à vontade do outro quer seja ele professor ou aluno.” (Colombier, 1989. p.102) 3·. Percebemos que há vários níveis de violência, e estes níveis se distribuem dentro da sociedade e da escola, afetando a aprendizagem dos alunos e o ensino dos professores. Como diria Dom Helder, uma espiral de violência onde a violência gera um novo tipo de violência (Câmara, 1962). Como identificar este problema sem excluir os envolvidos nele? Como estabelecer uma conduta entre o que se ensina e o que se aprende? Onde estabelecer a diferença e o interesse na aprendizagem sem criar obstáculos para os não envolvidos e para todo o restante do grupo? Estas são outras questões que poderemos trabalhar em outra instância e que ajudariam a buscar soluções mais eficazes para estes e outros problemas. Por enquanto buscaremos responder apenas as questões de nosso objetivo, identificar os agentes causadores dessa violência, avaliar qual a incidência dessa violência sobre meninos e meninas e caracterizar as interferências dessa violência no processo de ensino aprendizagem. Esta é a nossa intenção neste trabalho. Para tanto nos ateremos às idéias de violência de autores, com uma visão mais abrangente; Michel Maffesoli e Ilana Laterman. Dentre estes diversos níveis de violência focaremos a violência moral, que consiste em intimidações, preconceitos (sejam eles raciais, nível social ou aparência física) e agressões verbais. Também utilizaremos o conceito do fenômeno do bullying que trás estes aspectos relacionados à violência moral e física, citações de Dom Helder ________________________ 2 Miriam Abramovay Escola e Violência. Brasília: UNESCO. UCB. 2003. Segundo ela essa exposição a este tipo de humilhação em casa reflete na escola. 3 Clarie Colombier Violência na Escola; São Paulo: Sumus, 1989. 3 Câmara sobre o conceito do espiral de violência, sem desconsiderar as idéias dos outros autores citados este trabalho. SIGNIFICADOS DA VIOLÊNCIA Antes de mais nada precisamos compreender o que vem a ser a violência, suas implicações, suas definições, para um melhor entendimento do problema e melhor direcionamento do trabalho e da pesquisa. Inicialmente nos aperceberemos da definição dicionarista: “Violência, qualidade do que é violento; abuso da força; tirania; opressão; veemência; ação violenta; coação física ou moral” (Fernandes e outros. 1998, p. 640). No senso comum, a palavra violência é bastante utilizada e geralmente vem carregada de uma valoração negativa. O oposto de violência no cotidiano é paz (embora o oposto de paz não seja somente violência). Já que paz tem significado do bem, no senso comum seu oposto conota algo negativo, indesejável. Segundo Laterman (2000, p.25-26), o significado de violência tem variado não só em função do contexto a que se aplica, como também das normas morais, éticas e da própria história e da cultura da sociedade. Luís Mir (2004, p.490) define violência como “o uso extremo da força, com intenção deliberada de causar dor ou dano corporal psíquicos, emocionais, econômicos ou culturais a uma pessoa ou a uma coletividade”. Em seu pensamento ela pode ser direta, quando afeta imediatamente o corpo e a consciência dos seres humanos, ou indireta quando causa empobrecimento ou privações de direitos considerados fundamentais. Esse tipo de violência, considerada estrutural é a privação por muito tempo de uma vida saudável. Problemas na educação, desnutrição, mortes prematuras, falta de higiene, fome, etc. é um processo lento que vai degenerando o ser humano em suas necessidades básicas e fundamentais. Poderíamos dizer que estes problemas caracterizam algumas causas da violência. A violência ligada ao contexto escolar tem também outros aspectos. Se percebermos bem, o problema da violência vem ao longo da história da vida humana atingindo também a educação. O homem como ser sociável, no início de sua estruturação como sociedade, buscou a distinção de seu espaço através do uso da violência (neste caso suas reações instintivas o guiavam no processo), onde formava junto com o seu grupo uma unidade baseada na força. Força esta necessária para a manutenção da espécie, era a lei do mais forte. Estas relações de poder levaram à 4 violência demonstrando uma tendência natural do ser humano a agressividade. Apesar de toda uma história de mudanças e evoluções no seio da sociedade humana, o ser não se desapegou do problema da violência, embora percebamos, como diz Laterman (2000, p.25), que tanto na evolução do indivíduo, desde o seu nascimento até a idade adulta, observa-se um aumento da importância e da capacidade do diálogo na solução de conflitos, concebendo uma negação, pelo menos do discurso, da violência como modelo para a solução de problemas. Aída Monteiro (Monteiro.[et. al.] 2006, cap. XVIII, p. 485).cita que, durante o período monárquico, a sociedade resolvia os seus conflitos relacionados à propriedade, ao monopólio do poder, e à raça, utilizando, de um modo geral, o emprego da violência. E este era considerado um comportamento normal, legítimo e por ser rotineiro passava a ser institucionalizado. É como se fosse um processo natural, justificando até certa aquiescência da sociedade. Mesmo assim, durante sua história, esta violência é caracterizada através de guerras e outros atos violentos, gerados por diversas razões e objetivos, embora não deixando os primórdios da “lei do mais forte”. Há uma expressão inglesa o “bullying”4 e é associada a atos de violência morais e físicos praticados por pessoas ou grupos de pessoas. Esta vista em sua maioria no contexto escolar. Estes reflexos ainda são vistos hoje em dia onde gangues ou verdadeiros grupos de guerrilha atormentam pessoas comuns e não comuns estes, por sua vez, baseados no narcotráfico. E mais, o problema da baixa renda da população e o desemprego, moradia, saneamento, saúde, etc., citados por meio de pesquisas de ONGS e empresas de pesquisas do governo e através de jornais, são fatores que facilitam a proliferação desta violência em todo o país e no mundo, afetando as cidades e as comunidades de bairro. Também o descaso do poder público e a falta de políticas sociais (assistencialismo) e de emprego, cooperam para a não solução do problema, afetando diretamente os jovens, adolescentes e crianças, levando-os à marginalização. Não há um trabalho de socialização, o que se vê hoje, segundo Laterman (2000), é que os jovens dependem de agentes socializadores externos à família; e estes agentes, com regras e valores próprios, podem causar o aparecimento de facções e de intolerância. Pode-se relacionar a violência social a fatores geradores e à forma como se conduzem determinados segmentos da sociedade os quais podem ser exemplificados pela indisciplina no trânsito, transgressões, roubos, assaltos, assassinatos, contrabandos, exploração do ___________________ 4 Palavra de origem inglesa derivada de “bully” que significa valentão tem a ver com violência moral. 5 trabalho infantil, dentre outros que afetam o homem direta e indiretamente (SPOSITO, 1998). No Brasil, segundo Minayo e Assis (1994) e Bellintane (1996), a violência social pode ser conceituada como estrutural ou fundamental por estar associada à desigualdade socioeconômica. Apesar disso, alguns estudos indicam que não são as regiões mais miseráveis do país aquelas que concentram maior índice de violência, pois essa pode partir de qualquer um, de qualquer classe social e contra qualquer indivíduo. Não se pode predeterminar uma classe social que sofre mais influência por estar diretamente envolvida no âmago da limitação de uma ação, sendo esse fenômeno mais abrangente e complexo (SPOSITO, 1998). Piva e Sayad (2000), investigando a violência urbana em processos de infratores de 12 a 18 anos, identificaram que a motivação para a violência está relacionada à desagregação familiar, à exclusão social e ao nível de escolaridade. O crime contra o patrimônio é o mais praticado por infratores menores de 18 anos que não concluíram o ensino fundamental ou que são analfabetos. A agressão física é o delito mais freqüente entre os adolescentes que ingressaram no ensino médio. Os jovens de nível superior, com maior freqüência, cometem infrações ligadas ao trânsito, tais como falta de habilitação e direção perigosa. O samba não reúne mais as famílias, o funk é o espaço dos jovens, que consomem e se identificam com aquilo que é produzido para eles. Mesmo as igrejas pentecostais dividem a família pelas crenças e a intolerância, e as gangues e as quadrilhas assumem também este papel de agentes socializadores. (Laterman, 2000 p. 33). Conseqüentemente isto afeta famílias de um modo geral e também escolas onde muitos destes alunos ou não, causam tumultos depredando, violentando e agredindo física e moralmente tanto ela como os que dela também participam. Atos de vandalismo, como a quebra de louças das instalações sanitárias, o furto de lâmpadas e outros materiais e as pichações, caracterizam a depredação escolar. Este pseudo-poder que estes que participam desta violência atribuem, gera um conflito psico-sociológico dentro da realidade do aluno e da escola onde este é ou não participante. A violência (ou força), como uma das formas que move as relações humanas, não deixa de levar em conta a instabilidade social como parte de tudo aquilo que, ao invés de suprimir os antagonismos, tenta ordená-los. A força, como elemento da potência, uma vez sendo reconhecida e simbolicamente integrada, encontra o seu lugar no jogo do dinamismo social. Enquanto a lógica do poder é a dominação, a redução ao 6 uno, à potência é uma pulsão no sentido das disposições, dos interesses que impulsionam as pessoas a agirem e que se expressa em todos os níveis da existência individual e social. (Maffesoli, apud Guimarães, 1988, p.8)5. A criança e o adolescente são mais suscetíveis a situações violentas com as quais convivem em seu meio quer seja ele social familiar ou escolar. Levisky (1997) admite que exista violência da criança e do adolescente contra o meio ambiente, mas também da sociedade, da escola e da família contra eles. “A violência contra a criança e o adolescente, embora repudiada socialmente por imprimir dano ao desenvolvimento socioafetivo, pode ser considerada, ainda hoje, fato cotidiano”, como afirma Marques (1997). Levisky (1997) e Marques (1997) sugerem que a desestruturação e o enfraquecimento da família servem para aumentar o risco de abuso ou negligência, resultando em situações de violência doméstica, muitas vezes conseqüência involuntária do uso excessivo de força física por parte dos adultos. Apesar de essas atitudes serem consideradas por alguns pais educativas, o castigo isolado é, na maioria das vezes, ineficaz como meio de modificar o comportamento da criança podendo aumentar a agressividade no lugar de solucioná-la ou abrandá-la, configurando-se, nesses atos, a violência física. Outro tipo de violência presente na sociedade contemporânea, que abrange não só o ambiente familiar, mas locais de trabalho ou ambiente escolar, é a violência psicológica. As pesquisas na área de agressão têm revelado que há aumento de agressividade de humanos e animais, tanto diante de estimulações aversivas e violência, quanto de observação de condutas anti-sociais dos adultos e companheiros, que pode servir como modelo a ser imitado, como postula a aprendizagem social (GOMIDE, 2000). Esse tipo de violência pode ser definido como a interferência negativa do adulto (ou pessoas mais velhas) sobre a competência social do indivíduo. O abuso de poder disciplinador, coercitivo, o tratamento abusivo das relações interpessoais, a depreciação da criança perante seus pares ou adultos, a violação de direitos, a negação dos valores humanos (vida, liberdade, segurança), estando intrinsecamente interligada às violências sexual e doméstica, pois resultam em tortura psicológica, ameaças de abandono (sofrimento ____________________________ 5 Violência, Punição e Depredação Escolar ver referências bibliográficas. 7 psicológico), como também a negligência, desencadeando bloqueios dos esforços de auto-aceitação, sofrimento mental, agressões verbais e depreciações do indivíduo (GUIMARÃES apud ITANI, 1996). Sposito (1998) e Outeiral (1997) destacam que a violência expressa pelos alunos nas escolas ocorre, em geral, quando esses estão ociosos ou na ausência do professor. É importante considerar que os fatores geradores de violência não estão isolados, destacando- se também a influência do contexto social e familiar. “A socialidade deste fim de século caracteriza-se pelo vaivém constante entre a massificação e o desenvolvimento de micro-grupos – que se denominam tribos, a intenção não é inventar uma teoria da violência – uma vez que a sua natureza é convulsiva, informe, irregular, obscura, mas reconhecer os elementos que a compõem”. (Maffesoli, apud Guimarães, 1988, p.8). Segundo Guimarães (1988 p.9), Maffesoli destaca três modalidades de violência: “a dos poderes instituídos, referindo-se aqui à violência dos órgãos burocráticos do Estado, do Serviço Público; a violência anômica que, para o autor, parece ter uma função fundadora; a violência banal que está ativa no que o autor chama de resistência da massa. Em cada uma destas modalidades, o autor demonstra tanto aspectos específicos de um duplo movimento entre destruição e construção, como também estreita a coesão entre eles”. É nesta relação ambígua que o plano da destruição, da degradação vem desorganizar e fecundar a rigidez mortífera de uma estruturação social perfeitamente codificada e normalizada. Observamos que nestes níveis de violência, as ações são motivadas e justificadas pelos agentes e pelos que sofrem a ação. Destacam-se segundo Candau (2001), “também as agressões e ameaça a professores (as) feitas por alunos (as), e as agressões verbais”, sofridas pelos (as) alunos (as) por parte dos profissionais que atuam nas escolas. Ocorre que não há uma linguagem que estabilize a relação entre alunos e professores no que diz respeito à questão da violência. A relação cotidiana entre os atores sociais muitas vezes é conflituosa e desrespeitosa, sem diálogo. Em muitos casos as discussões são freqüentes, diárias como no analise de Ilana Laterman, onde em seu estudo, alunos declararam que "os professores não sabem dialogar, salvo exceções, e os professores que os alunos não são educados” (2000.p.122)6. Diante disto, percebemos que a caracterização da violência tem uma estrutura que parte de uma ação e reação de múltiplas ações que a constituem dentro de um contexto social. Ora, a escola é parte deste contexto, e portanto, um elemento de vital 8 importância para a descaracterização da violência, isto se levado a nível de democratização. “Se, se tenta a democratização da escola, do ponto de vista de sua vida interna, das relações professores-alunos, direção-professor etc. e de suas relações com a comunidade em que se acha, se, se busca mudar a cara da escola, cresce, necessariamente, a procura por ela”. (Freire, 2001 p.21) Se há um procura maior pela escola há uma possibilidade de se realizar uma diferenciação no que diz respeito ao trato com o problema da violência, talvez até uma intervenção, tanto da relação professores-alunos como da escola e comunidade. O aproximar da escola à comunidade seria uma possibilidade de solução. A violência tem se tornado um dos fatores de grande empecilho para a aprendizagem em qualquer horário; seja pela manhã à tarde ou noite, principalmente. Valores como solidariedade, humildade, companheirismo, respeito, tolerância são poucos estimulados nas práticas de convivência social, quer seja na família, na escola, no trabalho ou em locais de lazer. A inexistência dessas práticas dá lugar ao individualismo, à lei do mais forte, à necessidade de se levar vantagem em tudo, e daí a brutalidade e a intolerância. Não que o sistema social pudesse resolver a questão, mas há citações em estudos que “a violência perpassa as diferentes relações sociais e aparece de forma explícita nos meios de comunicação de massa, principalmente na mídia televisiva”. Conforme Aída Monteiro.(Monteiro, 2006 artigo). Qual seria então o papel da escola e da educação neste contexto? Se há destaque sobre as causas e os efeitos deste problema dentro da sociedade, o que implicaria uma tomada de decisões concretas do Estado ou da sociedade quanto a este problema social? Os processos utilizados são falhos ou os agentes deste processo é que são? Se pensarmos na materialização desta violência, perceberemos problemas como: homicídios, agressões, violações, etc. tudo isto está numa esfera institucional onde se estabelece um conflito social, neste conflito temos o Estado, como diria Luís Mir (2004,p.490), “como agente principal, que pode utilizar desde a violência interpessoal”. (“contra um único indivíduo por um agente) ou a estrutural (contra grupos ou comunidades pelas forças policiais e militares), conectados aos seus motivos e razões”. ___________________ 6 Indisciplinas, incivilidades e violências: uma interpretação do texto Violência e Incivilidade Na Escola. Ver bibliografia. 9 Haveria outras questões que abrangeriam bem mais o contexto que ora estamos nos atendo, e dependeríamos de mais tempo para focalizá-lo e estudá-lo como a construção social; a maioria das relações humanas está num contexto social. “O homem é um ser sociável”, embora não ilimitado em suas ações, o ser humano busca esta construção social em seu meio, seja através do contato com o outro, na escola, na vizinhança, no trabalho, etc. Para Luís Mir (2004,p.490), “a maioria das pessoas quer um mundo onde os conflitos sejam solucionados de forma não-violenta. Se isto for possível, comprova-se cabalmente que a natureza humana é basicamente não violenta. O que de certo modo faz-se contraditório a realidade existente e seus reflexos na sociedade”. Por certo Freire tem razão em descrever a escola como agente de transformação, mas é necessário que não a instituição escola mais os formadores desta, isto digo; professores, diretores coordenadores, alunos, pais, etc., estejam todos intencionados a um fim comum. O papel destes agentes torna-se importante imprescindível na condução desta formação, mas muitas vezes torna-se difícil à ação deste diante de certas condições para sua ação. Sabemos das dificuldades em promover ações formativas no “chão da escola”, dada à realidade educacional brasileira em que o professor, via de regra, é um operário do ensino, transitando entre muitos espaços, praticamente sobrevivendo diante das precárias condições de trabalho – seja nas esferas pública ou privada. (Monteiro...[et. al.] 2006, cap. XVII, p. 292). É certo que a totalidade das decisões não depende apenas do professor e dos outros que participam do processo educativo, como se fossem uns “salvadores da pátria”, isto porque há todo um conjunto de interesses e políticas que vão adiante e atrás deste. Machado (2002), fala da questão do profissionalismo contrapõe-se ao amadorismo e ao mercenarismo. Entendendo que o profissional da educação tem um comprometimento com sua atividade professando sua competência e agindo em função dela. Desta forma, segundo ele, até em sentido etimológico o professor é como aquele que professa, que declara sua competência, e com base nela, proclama sua relativa independência considerando o paradigma do profissional da educação. É preciso reconhecer que são diversas as forças que influenciam as decisões metodológicas dos professores. Sobre eles é possível identificar condições de múltiplas naturezas, mesmo que não sejam, muitas vezes, plenamente conscientes para seus atores. O professor não toma decisões isoladas do contexto em que atua. Entre outras, essas envolvem as políticas educativas e normatizadoras provenientes do Estado, 10 incluindo os dispositivos de avaliação externa; interesses da macroestrutura social e econômica envolvendo corporações e o mundo produtivo; propostas curriculares dos sistemas de ensino; projeto pedagógico da instituição em que atua, incluindo formas de seu delineamento; condições e expectativas dos alunos e pais; valores do coletivo de docentes a que se vincula; discursos pedagógicos valorizados no campo científico da educação; trajetórias de formação por ele percorrida; configuração política do papel profissional que assume para si; condições de infra-estrutura para o exercício da docência e, ainda, materiais didáticos e bibliográficos que estão à sua disposição. (Monteiro...[et. al.] 2006, cap. XVIII, p. 487). Ora, estamos tentados a reconhecer que o problema da violência também abrange outros de forma não simbólica, mas real. Como fala Laterman (2000, p. 147149), o sistema educacional, de forma sábia e perversa no sentido de gerar mais dificuldades que apoio para a educação pública, permite brechas de sobrevivência aos professores justamente nas normas de licenças, remanejamentos, substituições, de forma tal que os professores buscam se servir para sobreviverem profissionalmente destes recursos. Concordo então quando cita que há uma violência social das políticas públicas para a educação, problemas salariais, de recursos, de falta de professores, o problema da repetência e da evasão escolar, etc. Problemas que geram outros tipos de violência, que no momento não são alvo deste trabalho e com certeza se fará necessário uma outra pesquisa, mesmo assim nos retoma a Dom Helder (1971, p.10), quando declara que o ser humano entra numa espiral que o leva a envolver-se com outros fatores produzindo mais violência não justificada pelos processos por ela estabelecidos. Por que não falar do problema social do momento, o racismo, segundos dados da UNESCO. Racismo não apenas pela cor, mas o social, que independe de cor, credo, mais dependente do “status quo” o fator socioeconômico. Pelos dados da UNESCO no Brasil (2003,p. 90), a prevalência é da cor branca (declarada) como cita: Com relação à composição racial, prevalecem as pessoas que declararam brancas (53,8%). O restante da população se divide entre pretos (6,2%), amarelos (0,5%), pardos (39,1%) e indígenas (0,4%). (Fonte: IBGE / Censo Demográfico 2000). Segundo os dados ao longo da história as regiões brasileiras se desenvolveram de forma bastante diferente, formando “bolsões de miséria”, onde metade desta população vive abaixo da linha da pobreza. Dizer que a violência é originada da miséria é muita presunção. Por que não falar dos casos noticiados no Distrito Federal, veiculados pela televisão, dos mendigos e do índio que foram queimados? Estes algozes, que foram julgados não faziam parte da “miséria” da “pobreza” e sim de uma 11 elite desestruturada e desequilibrada que abusa de seus direitos e dos direitos dos outros. Isto também é violência! Perverter o direito alheio, tolher o direito básico da vida, constranger, a título de brincadeira, o ser humano são também atos de violência. Este tipo de violência já é alvo de diversos estudos e pesquisas em alguns países desenvolvidos, podemos citar o exemplo da Inglaterra que já enfrenta o problema de uma maneira bem mais abrangente que em nosso país. Até bem pouco tempo, esta variante da violência era tida como acontecimento normal no cotidiano escolar onde os alunos mais velhos e fortes subjugavam os mais fracos e menores colocando-os em situações constrangedoras. Estes eventos passaram a preocupar os pais e professores a partir do momento que estes insultos e pequenas agressões passaram a influenciar o comportamento dos alunos-vítimas, que ora se tornaram agressivos e/ou muito retraídos e evitando o contato com outros alunos em sala de aula. Em alguns países o termo violência moral não é utilizado, os profissionais fazem uso do termo Bullying que é um termo de origem inglesa utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz de se defender. A palavra "Bully" significa "valentão", o autor das agressões. A vítima, ou alvo é a que sofre os efeitos delas. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma. A violência moral está presente em nosso cotidiano das mais diversas formas desde um “simples” xingamento até uma séria ameaça. Dentre estes fatores listaremos a seguir os casos mais comuns de Bullying segundo dados da instituição inglesa Kidscape: 1 2 Insultar a vítima; acusar sistematicamente a vítima de não servir para nada. Ataques físicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade. 3 Interferir com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros ou material escolar, roupas etc, danificando-os ou fazendo pilhérias por meio deles sobre um indivíduo, de qualquer forma. 4 Espalhar rumores negativos e fofocas sobre a vítima. 5 Depreciar a vítima sem qualquer motivo. 12 6 Fazer com que a vítima faça o que ela não quer, valendo-se de ameaças para se assegurar que a vítima seguirá as ordens. 7 Colocar a vítima em situação problemática com alguém (geralmente, uma autoridade), ou conseguir uma ação disciplinar contra a vítima, por ato que ela não cometeu ou que foi exagerado pelo bully. 8 Fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa (particularmente a mãe), sobre o local de moradia de alguém, aparência pessoal, orientação sexual, religião, raça, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade depreendida da qual o bully tenha tomado ciência. 9 Isolamento social da vítima. 10 Usar as tecnologias de informação para praticar o cyberbullying (criar páginas falsas sobre a vítima em sites de relacionamento etc). 11 Chantagem. 12 Expressões ameaçadoras. 13 Grafitagem depreciativa. 14 Usar de sarcasmo evidente para se passar por amigo (para alguém de fora) enquanto assegura o controle e a posição em relação à vítima (isto ocorre com freqüência logo após o bully avaliar que a pessoa é uma "vítima perfeita"). As pessoas de uma maneira geral, quando são vítimas dos fatores acima mencionados, tendem a apresentar alguns comportamentos e/ou ações. Mencionaremos abaixo alguns destes comportamentos e efeitos proporcionados pelos constantes assédios: 1 Depressão Reativa, uma forma de depressão clínica causada por eventos exógenos; 2 Estresse de desordem pós-traumática; 3 Tornar-se também um agressor; 4 Ansiedade; 5 Problemas gástricos; 13 6 Dores não-especificadas; 7 Perda de auto-estima; 8 Medo de expressar emoções; 9 Problemas de relacionamento; 10 Abuso de drogas e álcool; 11 Auto-mutilação; 12 Suicídio (também conhecido como bullycídio); 13 Níveis elevados de evasão escolar; 14 Alta rotatividade do quadro de pessoal; 15 Desrespeito pelos professores; 16 Alto nível de faltas por males menores; 17 Porte de arma por parte de crianças visando proteção; 18 Ações judiciais; 19 Contra a escola ou autoridade responsável pela área educacional; 20 Contra a família do agressor. Como exposto acima entre os pesquisadores, não existe um termo que pode ser chamado de universal. A caracterização vai de acordo com a cultura de cada localidade, mas, todos convergem para a opinião que o Bullying existe e é um fator importante no cotidiano escolar. Finalizamos este referencial compreendendo que estes aspectos apresentados são suficientes para compreensão daquilo que pretendemos diagnosticar. Mas para tanto, é preciso refletir sobre nosso papel como educadores e o papel da escola como agente de socialização e de desenvolvimento da aprendizagem, do aluno, dos diretores, dos coordenadores e os outros envolvidos no processo do ensino e aprendizagem também da comunidade e a família e em cada passo deste processo que empreendemos. 14 METODOLOGIA Amostra Para esta pesquisa, compreendemos a necessidade de diagnosticar e listar os agentes causadores dessa violência, bem como sua incidência entre os alunos, através de amostras de forma aleatória, com alunos do ensino fundamental I e II de ambos os sexos e com professores e diretores, coordenadores e demais envolvidos no processo de ensino, do horário noturno da Escola Municipal André de Melo da cidade do Recife. Utilizamos a pesquisa quantitativa e qualitativa, para melhor responder nossos objetivos. Foram entrevistados 22 alunos, sendo 14 do sexo masculino e 8 do sexo feminino e 10 entre professores e coordenadores e diretores. Procedimentos Para melhor avaliar o nosso problema, adaptamos um questionário baseado no bullying utilizados pela instituição inglesa Kidscape que há anos dedica-se ao tema. Este instrumento será utilizado para um dos níveis abordados em nossa pesquisa, os alunos, os professores, diretores, orientadores etc. envolvidos no processo do ensino aprendizagem, idealizamos um outro questionário para este fim. Este método utilizado tem a intenção de buscar subsídios para responder nossos questionamentos e perceber sua influência no problema do rendimento escolar. O primeiro questionário que será aplicado aos alunos objetiva-se identificar agentes desta violência que incidem entre eles, se está caracterizado mais entre meninos ou meninas, e se esta violência interfere no desenvolvimento de sua aprendizagem na escola, se eles já participaram como agentes ou vítimas desta ou se a perceberam entre os colegas. O segundo questionário aplicado aos professores, diretores, orientadores, etc. envolvidos no processo de aprendizagem, buscam subsídios também para este fim descrito acima como também confirmar nossa hipótese se a educação age como diferencial para mudança do problema da violência no contexto escolar. Segue abaixo para relembrar os nossos objetivos: • Identificar os agentes causadores dessa violência (internos e ou externos); • Avaliar qual a incidência dessa violência sobre meninos e meninas; • Caracterizar as interferências dessa violência no processo de ensino aprendizagem. 15 RESULTADOS E DISCUSSÕES ANÁLISE – I Este grupo analisado formado por alunos teve um questionário7 adaptado que é utilizado pela instituição inglesa Kidscape, que por anos se dedica ao tema Bullying relacionado à violência moral. Utilizamos gráficos para melhor perceber as diferenças captadas no questionário. Antes de iniciar o trabalho, foi solicitada a permissão dos alunos e dos professores para serem feitas as entrevistas, bem como autorização prévia da coordenadora e da diretora da escola. Nestes questionários aplicados, observamos que todos os entrevistados relataram nunca terem agredido nenhum colega, mas em conversas reservadas pudemos observar que a maioria relata xingamentos, agressões físicas, constrangimentos por eles provocados, porém invariavelmente transmitem esta responsabilidade ao outro em sua personificação, ou seja, sempre agem como vítimas. Dentre os dados coletados muitos responderam nunca terem sido vítimas de agressões, porém, no transcorrer do questionário relatavam as agressões por eles sofridos. Percebemos que 40% dos alunos entrevistados (gráfico - 1) relataram ser vítimas de agressões verbais, fato que nos chamou atenção. Um dos aspectos apresentados foi o registro da agressão, mas os entrevistados não citaram em momento algum reação acerca da violência sofrida. O que mais nos causou espanto foi a naturalidade que muitos lidavam com o tema, negando-se a responder, pois julgavam ser um fato corriqueiro e normal. Em muitos casos, a representatividade da culpa pela agressão era atribuída ao agressor, todavia em algumas respostas os alunos relatavam não se importarem com os agressores. Os alunos do sexo masculino não relataram ter sofrido agressão física (gráfico - 2), porém observações de brigas e de brincadeiras pesadas foram freqüentes no transcorrer das atividades. 32% 9% 5% 14% 40% A.Sexual A.Verbal A.Emocional A.Física Não Sofreu ________________ 7 Questionário original e adaptado no anexo 02 16 Dentre os que relataram sofrer algum tipo de violência moral (esta explicada antes do início do questionário), notamos que ocorreram dois registros de violência sexual, sendo um entre os homens e outro entre as mulheres, conforme mostram os gráficos 2 e 3. 29% A.Sexual A.Verbal A.Emocional A.Física Não Sofreu 7% 0% 14% 50% A.Sexual A.Verbal A.Emocional A.Física Não Sofreu 13% 37% 24% 13% 13% Percebe-se que a violência moral está presente na escola envolvendo alunos de ambos os sexos (gráfico - 4). Este fato que direta ou indiretamente pode afetar o rendimento escolar dos “alunos/vítimas” de fato afeta, parece não determinar um diferencial substancial no comportamento dos alunos, porém a auto-estima e a reação de alguns alunos, claramente, vem sendo minada devido a Pseudônimos (apelidos) aplicados por seus colegas de classe e de escola. Percebe-se também uma queda no interesse de estudar de alguns. 38% 62% H om ens M ulheres 17 Ao levantarmos os dados referentes às respostas dadas pelos entrevistados, constatamos que 59% (gráfico - 5) dos alunos vivenciam a Violência Moral não somente na escola também em seu cotidiano, pois em conversas reservadas aconteceram relatos sobre xingamentos, fofocas, intimidações e diversos atos violentos no externo escolar, que não são alvos de nossa pesquisa. Outro fato que nos chamou à atenção é o nível social dos entrevistados, onde a renda das famílias não ultrapassa os dois salários mínimos e os chefes de família em muitos casos são as mulheres, pois os homens ou abandonaram os lares ou estão desempregados. 41% 59% Sofreram Não sofreram O fato mais intrigante e ao mesmo tempo inesperado, é que a maioria dos entrevistados é de cor negra ou descendente afro-brasileiro, dentre estes fatores este é o único que os pesquisados são conscientes, e ao mesmo tempo não se dizem preocupados com o fato, porém os alunos estão cientes que estas diferenças têm sua origem nos fundamentos da sociedade brasileira, onde a exclusão e a segregação da cor pelos brancos da classe dominante, era mais acentuada desde o período colonial. Quando aplicamos os questionários, pudemos observar que muitos alunos recusaram-se a responder seja por vergonha, ou por timidez, por isso aplicamos de forma aleatória. Enfim o fato é que a violência moral mostra-se constante não somente na escola, no trabalho, nos espaços públicos, e principalmente nos meios que se concentram pessoas que tem mais afinidade, ou seja, esta violência ou bullying é realidade em ambientes que estimulam a interação entre as pessoas. Dos alunos entrevistados verificamos alguns percentuais entre os sexos masculinos e femininos, onde a violência verbal obteve a maior quantidade de registros, 40%, seguida da violência emocional 14%, sexual 9%, e física 5% (gráfico – 1). 18 32% 9% A.Sexual A.Verbal A.Em ocional A.Física Não Sofreu 5% 14% 40% Mesmo tendo maioria masculina houve coincidência na percepção de que a incidência da violência é mais no sexo masculino 61% (gráfico - 6). Ao nos referirmos ao termo violência emocional, estamos tipificando aquele ato que proporciona a vítima certo desconforto que gera uma insatisfação e remorso acerca da violência recebida. 39% 61% Meninos Meninas Nos relatos dos alunos aconteceram alguns registros escritos, desta forma os entrevistados explicitaram as agressões sofridas, o aluno A.M. de 14 anos relata o seguinte: “Quando jogaram um pedaço de pão num garoto e ele pensou que fui eu” fato este ocorrido no refeitório da escola. Quando os alunos emitem opiniões sobre os agressores o fazem de maneira bem objetiva, como foi o caso do aluno I.S.F. C de 19 anos quando perguntado sobre o que ele achava dos agressores “Não creio que vão ter um futuro muito brilhante não”. Quando os alunos foram questionados se em algum momento já agrediram alguém, surgiu uma resposta bem interessante do aluno R.D.S. de 21 anos “Pois não gosto de ser intimidado, assediado e nem agredido, por isso não o faço para que não façam comigo”. Outros alunos frisam de forma bem interessante o seu comportamento, fato este registrado na resposta do aluno J.L.N. de 17 anos quando perguntado se já agrediu intimidou ou assediou alguém “Eu nunca fui de ta agridino ninguém na sala de aula”. Também outros culpam a família, os pais e os próprios agressores como causadores da violência. “A culpa das agressões é de quem foi agredido” como foi o caso da aluna F.O. de 27 anos. Como captamos acima, no questionário, o nível social dos entrevistados é baixo, 19 a renda das famílias não ultrapassa os dois salários mínimos e os chefes de família em muitos casos são as mulheres, pois os homens ou abandonaram os lares ou estão desempregados. ANÁLISE – II Este outro grupo analisado é composto de professores e coordenadores do horário noturno da escola pesquisada. Com este grupo, foi feito um questionário8 dirigido para se perceber também os problemas relacionados à violência no contexto escolar na visão de quem dirige o processo de aprendizagem como citado na metodologia deste trabalho. Para demonstração, selecionamos 07 (sete) que estão no anexo deste trabalho dentre os 10 (dez) pesquisados e citados ligados ao processo de ensino e aprendizagem. Em nossa pesquisa neste tipo de questionário, buscamos perceber primeiro o entendimento dos entrevistados sobre a caracterização da violência, para assim, ter uma noção do conhecimento destes sobre o assunto. Percebemos também as diferentes opiniões sobre sua caracterização e significado exemplo: Profº C.S.S. - “origina-se no âmbito familiar de baixa renda” Profº M.T.B.P. – “è observado no tratamento dado aos colegas e professores” Profº M.P.L.S. – “Caracteriza-se com a falta de oportunidade” Profº R.M.S. – “A ausência de família e a falta de estrutura dela” Profº R.R. – “è todo ato que constrange o aluno, professor ou funcionário”. Segundo Laterman (2000, pg2526), “o significado de violência tem variado não só em função do contexto a que se aplica, como também das normas morais, éticas e da própria história e da cultura da sociedade”. Significa dizer que, neste contexto, também se acrescenta à vivência, de quem a percebe ou é participante dela. Cerca de 59% (gráfico – 5) dos entrevistados chegou a presenciar algum tipo de violência, entre muitos casos como; ameaças, palavrões, assédios, preconceitos, agressões de ordem física, moral e sexual, intimidações diretas e indiretas, etc. (gráficos 4 e 5). __________________ 8 Este questionário desenvolvido encontra-se no anexo 03 20 Percebe-se que a violência não só agride o contexto extra-escolar, como para muitos, causa interferências na aprendizagem independentemente do gênero conforme citação de professores: Profº M.T.B.P.- “Sim, o aluno rotulado sente-se acuado não participando do processo” Profº J.B. – “Afeta causando queda na atenção do aluno, abala a auto-estima, levando a falta de interesse e estímulo”. A pesar de 61% (gráfico – 7), declararem que esta incidência evidencie mais entre meninos que meninas outros afirmam que em ambos os casos há ações de violência. Como na expressão de alguns: Profº M.T.B.P. – “Entre os meninos é uma busca de auto-afirmação, para provar que é o melhor” Profº R.M.S. – “Ocorre mais entre o sexo masculino” Profº J.B. – “antes se via mais entre meninos hoje tende ao equilíbrio”. presenciaram 41% 59% Não presenciaram Segundo Laterman (2000), os jovens dependem de agentes socializadores externos à família; e estes agentes, com regras e valores próprios, têm causado o aparecimento de facções e de intolerância. O jovem dentro da escola busca expor-se de maneira a compensar a falta de atenção que necessita em casa ou fora dela, para incluirse dentro de novos agentes socializadores formados externamente na sociedade. E a escola como um ambiente de socialização, muitas vezes maior que a família, lhe dá esta possibilidade de ter o seu valor reconhecido ou sua atenção reconhecida. Isto pode provocar uma sensação de aparente liberdade de ser não o que é, mais o que gostaria de ser. Para neutralizar este problema é necessário levar o aluno a ter um contato maior com o processo da aprendizagem e um envolvimento com outras ações que facilitariam esta neutralização tais como: a ressocialização deste aluno, a mudança da prática e do ensino, o investimento em bibliotecas e outros meios de pesquisa, etc. conforme o pensamento de 86% (gráfico – 7). Embora outros não concordem e falem de falta de estrutura, como nas falas: Profº M.T.B.P. - “Sim, através da orientação como base para isto, com um trabalho conjunto ao corpo pedagógico” Profº C.S.S. – “Educação de qualidade para desenvolver o país” Profº M.P.L.S. – “Pode, mas a família faz parte do processo. A escola instrui, a família educa” Profº J.B. – “Não como neutralizador mais 21 como aditivo” Coordº R.M.S. – “Sim, mais não temos estrutura para isso, faltam psicólogos, assistentes sociais, programas, projetos”. 14% Funciona Não funciona 86% Parece claro ao ver suas afirmações sobre que ações estão sendo feitas ou precisam ser feitas para conter os problemas, que suas opiniões sobre o efeito da escola contra a violência se resumem a projetos e programas, mesmo alguns destes questionados citarem “repreensão” e “expulsão” como ações efetivas para conter o problema. Ou seja, o distanciamento, o afastamento da oportunidade de convivência e do processo educativo como uma solução para não contaminar os outros que desejam ou precisam de educação. CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante nossa pesquisa percebemos que tanto os alunos entrevistados, como os professores, coordenadores e diretores mesmo com 62% sendo do sexo masculino (gráfico – 2), falam que a violência moral é um aspecto relevante que atrapalha a aprendizagem. Esta violência realmente demonstra interferir em seu rendimento escolar causando perdas muitas vezes irreparáveis diante da sociedade. Como eles mesmo declaram que muitos destes alunos são encaminhados a marginalidade. 38% 62% Homens Mulheres As citações dos alunos em seus questionários, demonstram um nível de 22 preocupação grande no que diz respeito ao problema da violência. Nos gráficos, pudemos perceber os percentuais deste problema. Percebemos que muitos tem problemas de ordem familiar em questão de estrutura e condição social, como declararam alguns de modo informal: A.M. de 14 anos -“Meus pais são separados”, J.N.L de 17 anos -“Meu pai não trabalha e eu fico em casa tomando conta de meus irmãos”. Também há problemas de relacionamentos dentro e fora do ambiente escolar no que diz respeito ao contato entre eles mas, mesmo assim, não percebemos causas internas de violência. Percebe-se que esta falta de estrutura familiar torna-se um das causas que ajudam a produzir esta violência, não só a sua condição socioeconômica. Laterman (2000 p.31), citando Zular (1992, p.13) declara que os jovens têm sido protagonistas de atos de violência que viram notícia nos meios de comunicação. Como vítimas da violência institucional, são jovens pobres que sofrem, principalmente nas mãos da polícia, considerados, muitas vezes injustamente, como perigosos ou potencialmente bandidos. Laterman ainda fala que como sujeitos da violência, tanto jovens provenientes de classe média e de classes bem favorecidas, quanto provenientes de situações menos privilegiadas, aparecem nas notícias envolvidos com atos de crimes bárbaros e, indubitavelmente violentos. A referência aqui é a fatos recentes, conforme exemplos freqüentes em nossa sociedade, como a queima de mendigos nas ruas de Brasília e em São Paulo, ou brincadeiras perniciosas entre estudantes universitários (calourada). A presença de jovens de todos os extratos sociais como sujeitos da violência, denuncia a dicotomia exclusão/privilégios como faces da mesma moeda. Quanto a isto é fato que estes problemas externos influenciam no comportamento dos jovens. Concorda-se com o fato de que a condição social não é, em si mesma, um fator que gera a violência apesar de favorece-la, por sua falta de estruturação, pois temos exemplos de pessoas que saíram de comunidades pobres e obtiveram sucesso em seus empreendimentos e outros que conseguiram se formar e mudar sua condição de vida. Mas vale lembrar, que o ambiente torna favorável através da exploração e coação tanto do narcotráfico, violência policial e discriminação da própria sociedade. Valores como: solidariedade, humildade, companheirismo, respeito, tolerância, são poucos estimulados nas práticas de convivência social, quer seja na família, na escola, no trabalho ou em locais de lazer conforme observados por alguns professores. A inexistência dessas práticas dá lugar ao individualismo, a lei do mais forte, a necessidade de se levar vantagem em tudo e daí a brutalidade e a intolerância. A 23 violência perpassa as diferentes relações sociais e aparece de forma explícita nos meios de comunicação de massa principalmente na mídia televisiva. (Monteiro Silva, 2006 artigo). Poderíamos dizer segundo esta pesquisa, que estes agentes causadores dessa violência no contexto escolar, têm haver mais com os fatores externos que internos, já que neste tipo de pesquisa realizado nesta escola, não foram percebido agentes internos. Dentre os externos temos o socioeconômico, também o problema social instituído, as chamadas diferenças sociais, ditadas pelo distanciamento das classes sociais e violências dentro da própria família onde são encontrados exemplos para ações e agressões no cotidiano. Há a sua busca por um lugar no espaço social em que vivem, também há, entretanto, os outros agentes externos que são infiltrados dentro desta massa tirando proveito disto e muitas vezes servindo de “exemplos” para os jovens através do tratamento dado a estes pelos meios de controle do Estado. Como percebe Laterman (2000,p.132). “A agressão verbal e a agressão física entre os alunos parecem ter as mesmas origens: são parte dos modelos de relacionamento, dos recursos de resoluções de conflitos e da busca da identidade como um ser social. Tal repertório de condutas assimilado e reinterpretado pelos jovens ao longo de suas vidas, têm inicialmente suas fontes nas famílias”. Mas é importante deixar claro que a medida que crescem e saem do núcleo familiar, outros modelos e experiências vão surgindo. Neste caso aparece o que caracteriza D. Helder de Espiral da violência9, onde estes exemplos inspirativos, mantém a rotatividade desta violência. Este desestímulo gerado dentro do contexto escolar causado pelo bullying, como agente interno, também interfere causando baixa no rendimento escolar conforme o exemplo registrado nas análises de desestímulo e falta de interesse citado pelos alunos e professores. Estes alunos demonstraram o seu desconforto durante a pesquisa e comentaram que: “estavam ali para cumprir tabela mesmo, e pronto, pra que estudar mais”. Esta atitude desinteressada além de demonstra a falta de perspectiva no futuro, mostra sua insatisfação com a escola, dizendo: “agente ta numa escola pública, escola pública num forma ninguém!”, isto vem de idéias acumuladas da depreciação da escola pública. ___________________ 9 Espiral da Violência. Em Cadernos Para O Diálogo. V.4. 24 Percebemos em nossa avaliação dos questionários, que notadamente demonstrou-se uma incidência maior do problema da violência, em sentido amplo não apenas o moral (Bullying). É mais freqüente entre os meninos que meninas, conforme dados da instituição inglesa Kidscape. Os gráficos nos dão uma visão mais material sobre o fato em termos de 61% (gráfico - 6), que também é ratificado pelas respostas observadas na análise. 39% 61% Meninos Meninas Todo este processo leva às interferências no processo de aprendizagem mas acreditamos que há uma possibilidade para mudanças conforme registra a pesquisa em 86% dos entrevistados (gráfico – 7). 14% Funciona Não funciona 86% Mudanças não apenas no que diz respeito ao contexto físico da escola, pois como observamos sua construção, com salas dispostas em um corredor e com grades que mais parecem celas, também em seu projeto pedagógico (construído em conjunto com a comunidade) buscando resolução das necessidades destes alunos. Isto se houver um interesse mais real entre os governantes em investir de forma real na escola e não fictícia. Não apenas com pseudo-projetos de reforma e de projetos assistenciais mais em investimentos de várias ordens. É importante também desenvolver trabalhos relacionados ao problema do fenômeno do bullying na escola, para que esta possa melhor tratar o problema. Também através de valorização dos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, 25 professores, coordenadores, diretores, alunos, etc. Custa acreditar que neste país um político é mais valorizado que um professor, um profissional liberal ou de empresas também. Creio que é por causa do retorno financeiro que eles produzem, dentro da visão deste mundo “globalizado e consumista/capitalista”, a exemplo: um administrador inteligente leva a sua empresa a dar lucros, e investir nele é uma presunção de mais lucro porém, o seu professor que ensinou as primeiras letras, que o levou a tornar-se alfabetizado, que o ensinou a calcular, e a prever os processos climáticos, a perceber e avaliar o histórico das possibilidades, que o levou a combinar os melhores ganhos e a mistura mais acertada para o determinado produto, ou mesmo quem o ensinou a avaliar os comportamentos tanto do mercado como das pessoas com quem mantém contato, e quem lhe possibilitou atingir o grau de conceito para sua habilitação no mercado, tem depreciado os seus valores e sua mão de obra. Seu trabalho é colocado em segundo plano como um trabalhador secundário que não “merece” o favor de quem o contrata e que tem que lutar com todas as forças, e submeter-se há horários escusos, e a cargas horárias não humanas, para alcançar a possibilidade de sustento, recebe muitas vezes menos do valor deste que discute as leis e as estabelece, que discute os ganhos de quem está nesta profissão, para não dizer ministério, já que viver desta forma parece muitas vezes um suplício religioso; deste que muitas vezes abandonou a escola e tem um nível escolar menor do que quem o ensinou. Isto é muito comum neste país. Este poderia ser considerado também um grande ato de violência e que mereceria um estudo mais apurado pra talvez um mestrado ou doutorado, pois denotaria muito tempo e material para compor uma nova pesquisa. Creio que posso concordar que a escola pode, mesmo desvalorizada como é, servir de apoio para neutralizar a violência. Imaginamos a hipótese de que a educação seria um referencial que influenciaria positivamente para mudança deste problema na sociedade, e cremos que pode sim não só influenciar como também interagir nos agentes causadores desta violência, como na sugestão de alguns professores citados no trabalho. Cremos não só na orientação; é preciso manter sempre a capacitação destes e investir em sua valorização, começando na visão da própria Universidade em considerar o curso de pedagogia como um curso relevante e não um mero “Magistério Superior”, coisa que é refletida em opiniões de professores e alunos do próprio Centro e de outros Centros. Também na produção de projetos de valorização da família, tão desvalorizada na atualidade, para fortalecimento dos produtos dela que são entregues a sorte em sociedade, e jogados na escola. No suprimento de outros autores do processo 26 educativo, como citado pela coordenadora da escola, e na valorização destes também. Este estudo foi de grande importância para nossa formação e profissionalização. Através de uma discussão teórico-metodológica, constatamos que é imprescindível a reflexão sobre as ações do professor para com o aluno, e vice versa, também no desenvolvimento do ensino e aprendizagem deste, bem como a busca sempre por um aperfeiçoamento e aprimoramento de seu trabalho, sabendo da importância da educação para agir como neutralizador do problema da violência dentro do contexto escolar junto com seus pares; família, coordenadores e demais envolvidos no processo. Finalizamos com uma citação de Paulo Freire (2004, p.110) em seu livro Pedagogia da Autonomia que diz: “É na diversidade da educação, esta vocação que ela tem, como ação especificamente humana, de ‘endereçar-se’ até sonhos, ideais, utopias e objetivos, que se acha o que venho chamando politicidade da educação. A qualidade de ser política, inerente à sua natureza. E é impossível, na verdade, a neutralidade da educação. E é impossível, não porque professoras e professores ‘baderneiros’ e ‘subversivos’ o determinem. A educação não vira política por causa da decisão deste ou daquele educador. Ela é política. Quem pensa assim, quem afirma que é por obra deste ou daquele educador, mais ativista que outra coisa, que a educação vira política, não pode esconder a forma depreciativa como entende a política. Pois é na medida mesma em que a educação é deturpada e diminuída pela ação de ‘baderneiros’ que ela, deixando de ser verdadeira educação, passa a ser política, algo sem valor”. 27 BIBLIOGRAFIA ABRAMOVAY, Miriam. Escola e Violência. Brasília: UNESCO. UCB. 2ed. 2003. ANSER, Maria Aparecida Carmona Ianhes, JOLY, Maria Cristina Rodrigues Azevedo e VENDRAMINI, Claudette Maria Medeiros. Avaliação do conceito de violência no ambiente escolar: visão do professor. Psicol. teor. prat., dez. 2003, vol.5, no.2, p.67-81. ISSN 1516-3687. CANDAU, Vera Maria. 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