UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR ... ...como prática participativa. Débora Cinosi Silva Rio de Janeiro 2010 3 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR ... ...como prática participativa. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Candido Mendes como requisito de avaliação na disciplina Metodologia da Pesquisa, ministrada pelo professor Francisco Carrera. 4 AGRADECIMENTOS Ao corpo docente do Instituto A vez do Mestre. Aos colegas da Turma de Educação Ambiental, que contribuíram com as experiências de suas práticas, como educadores ambientais, para investigação deste trabalho acadêmico 5 DEDICATÓRIA Dedico este livro ao meu marido e grande companheiro Douglas, que tanto colaborou com a construção deste trabalho. E a minha querida tia Christina pelo incentivo incalculável. . 6 RESUMO Esta pesquisa consiste em uma investigação a respeito da relevância da Educação Ambiental para uma prática educativo-pedagógica participativa. Neste sentido, a dimensão ambiental da educação, em sua esfera democrática e dialógica; objetiva o desenvolvimento do pensamento sustentável como meio de conscientização ambiental, na qual o conhecimento é produto de uma construção participativa. Este entendimento, parte da premissa de que o ser humano, dotado da capacidade de raciocínio, estabelece a sua relação com o meio ambiente, a partir do desenvolvimento da cultura, ou seja, a mediação homem-natureza se institui conforme a organização sócio-cultural de seu contexto. A Educação Ambiental se coloca como colaboradora de um processo de gestão democrática, direcionada à autonomia, à participação e à emancipação. Assim, a Educação Ambiental constitui um novo modo de olhar as relações sócio-ambientais; necessário à sociedade atual, como meio de conscientização dos educandos, através de uma práxis participativa norteada pela reflexão e ação de um pensamento sustentável, colaborador de uma nova hermenêutica social. 7 METODOLOGIA A metodologia utilizada neste Trabalho de Conclusão de Curso observa as contribuições de diversos autores, entre eles Pedro Roberto Jacobi, que aborda a construção de um pensamento sustentável, através de uma redefinição das relações estabelecidas entre o homem e a natureza, e da preocupação com a responsabilidade social que envolve o meio ambiente; Marcos Reigota, em seus esclarecimentos a respeito das questões ambientais, nos conceitos pertinentes ao estudo do meio ambiente e à sua aplicabilidade no contexto escolar; Carlos Frederico B. Loureiro, em seu olhar sobre a relação entre a educação e o meio ambiente, através de uma metodologia dialética de transformação social, onde o aprendizado ocorre na prática cotidiana dos alunos, enquanto ação política na esfera local e global; e Jose Eduardo dos Santos, favorecendo a esperança de uma nova prática ambiental, através de diversos ângulos de exemplos reais sobre a intervenção pedagógica no processo de conscientização do papel social da educação, junto às questões ambientais. O trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro capitulo, cujo título é Observando Teoricamente a Educação Ambiental, foram abordados os conceitos relacionados ao assunto, bem como a trajetória histórica do tema. O segundo capítulo, intitulado, O Olhar Pedagógico na Educação Ambiental, traduz a significação do tema para a Pedagogia. No terceiro e último capítulo – Uma leitura Holística da Educação Ambiental – foram expostas as contribuições teóricas de alguns temas transversais. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO CAPÍTULO I CAPÍTULO II CAPÍTULO III CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA ÍNDICE 9 INTRODUÇÃO O tema escolhido como objeto de estudo nesta pesquisa é a Educação Ambiental que tem sido muito discutida entre os educadores, como meio de mudança de atitudes e diminuição do impacto negativo que o homem tem causado na natureza. A escolha do tema ocorreu devido à observação sobre as questões ambientais que têm se destacado na educação, através das preocupações causadas pelos fenômenos naturais da atualidade, como os furacões, o derretimento das calotas polares, a desertificação dos corpos hídricos, bem como as diversas conseqüências do aquecimento global. A atenção ao tema é representada em âmbito mundial, vez que envolve a esfera política, social, econômica e cultural. É importante salientar que a causa destes fenômenos é, principalmente, o mau uso dos recursos naturais destinados às necessidades básicas do individuo, à sua moradia, suas instalações e equipamentos, que contribuem para o desperdício e grande produção de materiais descartados, prejudiciais ao meio ambiente e à qualidade de vida, consoante o funcionamento do sistema capitalista e as relações de consumo. Neste sentido, se observam grandes responsabilidades nas relações sócio-culturais dos homens. A Educação Ambiental torna-se elemento de fundamental importância no processo de reflexão para o desenvolvimento da ação e de um comportamento consciente da sociedade. Esta pesquisa se direciona a aplicabilidade da educação ambiental no contexto escolar, que se faz necessária, pois a sociedade vive um momento de extrema carência de um conhecimento crítico, direcionado à preservação ambiental, à sustentabilidade e à responsabilidade social. A Educação Ambiental implica em certa complexidade essencial para a prática pedagógica, por se tratar da formação do ser humano, onde a reflexão construtiva é um caminho na intervenção do comportamento do sujeito 10 (investigador de sua realidade ambiental), não cabendo a neutralidade, na medida que este tema exige um posicionamento efetivo de seus propósitos. Tamanha a relevância do assunto, o presente estudo tenta proporcionar uma grande contribuição para a Educação Ambiental, pois oferece um conhecimento fundamentado nas leituras teóricas e em observações de exemplos práticos. As atuais discussões no campo da Educação Ambiental trazem a necessidade de ações emergenciais e de mudanças de hábitos incompatíveis com o equilíbrio do meio ambiente. Este momento de investigação se baseia num esquema sistêmico envolvendo a situação ambiental, a saúde e qualidade de vida. Segundo o cenário atual de degradação do meio ambiente, se a Educação Ambiental não for considerada, há uma tendência, em um futuro próximo, em se pensar sobre meios alternativos – caso existam – de sobrevivência do homem no planeta Terra, devido à falta de recursos naturais e aos fenômenos provenientes que inviabilizarão as condições da vida humana. 11 CAPÍTULO I. OBESRVANDO TEORICAMENTE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Para melhor compreensão deste capítulo, se faz necessário considerar que educação e meio ambiente estão profundamente atrelados e envolvidos em seu “foco conscientizador”, uma vez que a educação é um processo sóciohistórico e cultural que deve promover uma mudança de comportamento favorável à preservação ambiental, pois a educação possibilita um novo olhar, nova visão de mundo mais ampla e diversificada em possibilidades de compreensão da realidade. Sendo o ambiente tudo aquilo que está ao nosso redor inclusive nós, este não se limita apenas ao âmbito natural, mas também a questões como: sociedade, biologia, violência, antropologia, saúde, cultura e educação. A partir de uma visão ampla, o ambiente compreende tanto os seres vivos microscópicos, quanto, casas, ruas, cidades, planetas... O homem é parte integrante do meio ambiente. 1.1 Do histórico da Educação Ambiental: Os primeiros registros de uso do termo Educação Ambiental datam de 1948, em Paris, a partir de idéias discutidas em um encontro da União Internacional para a conservação da natureza. Em 1968 (Roma) foi realizada uma reunião de cientistas, dos chamados paises desenvolvidos, que conclui ser de extrema necessidade a busca por meios de conservação dos recursos naturais. Os participantes do “Clube de Roma” (cientistas, empresários e políticos de diversos países) observaram que 12 o homem devia examinar a si próprio, seus objetivos e valores, para reflexão, debate e formulação de propostas sobre as questões ambientais. Como conseqüência do Clube de Roma, a Organização das Nações Unidas realizou em 1972 na Suécia, a primeira Conferência Mundial de Meio Ambiente Humano, o foco desta discussão, era a poluição ocasionada, principalmente pelas industrias. A importante resolução da Conferência foi a de que deve se educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais. Outro grande encontro para o estudo da Educação Ambiental foi a reunião realizada em Belgrado (1975), onde surge o Programa Internacional de Educação Ambiental, que define os princípios e orientações para o futuro, neste momento foi elaborada por representantes de 65 países, a “Carta de Belgrado”. Em 1977, acontece em Tbilisi (Geórgia) a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, que origina um movimento global em favor de uma produção de conhecimento a respeito do valor da natureza, através de métodos interdisciplinares. Todos os estudos realizados em favor da causa ambiental, garantiam a noção de educação para a cidadania. Um grande passo foi dado na Constituição de 1988, quando a Educação Ambiental tornou-se exigência Constitucional a ser garantida pelos governos federal, estaduais e municipais (artigo 225, parágrafo 1, VI), até então, não havia participação popular efetiva quanto à definição de diretrizes e estratégias neste campo. Até a década de 1990 não havia uma definição completa sobre uma política de educação Ambiental em termos nacionais. As responsabilidades e características dos cidadãos e do poder público fixaram-se por lei no Congresso Nacional. Os objetivos, as estratégias e os meios para a efetivação de uma política de Educação Ambiental no Brasil, são definidos pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). No início da década de 1990 surgiram os primeiros apontamentos sobre a Educação Ambiental no sistema formal de ensino, principalmente nas escolas 13 particulares. Discutia-se no Brasil a possibilidade de transformar a Educação Ambiental numa nova disciplina no currículo escolar. Em consenso das iniciativas formais de educação Ambiental, observouse a necessidade de incluí-la em todas as disciplinas (História, Geografia, Ciências...). Nesse momento as escolas criaram o cargo de “coordenador ambiental”, que se responsabilizava por inserir a Educação Ambiental no currículo, este coordenador era incentivado a promover programas ambientais através de uma abordagem interdisciplinar. O interesse pela educação ambiental aumentou a partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro em 1992 - que contou com a representação de 172 governos, incluindo 108 chefes de Estado e 2400 representantes de organizações não governamentais – nesta, foram estabelecidos inúmeros documentos e declarações, entre eles: a Agenda 21, a Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Convenção das Nações Unidas sobre Mudança e Clima e a Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica. Após esta grande reunião, a educação ambiental passou a ter maior reconhecimento no Brasil, se associando às tendências mundiais sobre o meio ambiente. A cúpula do Rio de 1992, também chamada Eco - 92 direcionou a educação ambiental para uma perspectiva holística e sistêmica (compreensão de que o universo é um todo indivisível, dinâmico, vivo e interconectado) . Nesta conferência foi estabelecido ainda, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, do qual o Brasil faz parte, este tratado reconhece o papel da educação na formação de valores, em favor de uma transformação social e do desenvolvimento de comunidades sustentáveis, estabelecidas na justiça social e no equilíbrio ecológico, chamando a atenção para a articulação de ações de educação ambiental fundadas nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e diversidade, mobilização e participação. Esta reflexão contribuiu para que a Educação Ambiental no Brasil estivesse relacionada à justiça social. 14 Os temas apresentados na Eco – 92 são reforçados na Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade, que destaca a relevância dos conceitos de ética, sustentabilidade, identidade cultural e diversidade, como articulações de práticas da Educação Ambiental. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, lançados oficialmente em 15 de outubro de 1997, reforçaram e validaram a educação ambiental como tema transversal, ou seja, um tema que deve ser apresentado em todas as disciplinas – desafiando a abordagem educacional fragmentária. Outra contribuição deste entendimento, foi a Lei № 9795, de 27 de abril de 1999, onde o governo federal reconheceu a Educação Ambiental com um “componente urgente e essencial” do processo educacional, sendo regulamentada apenas em 25 de junho de 2002, como o exposto no “Art. 10 – A Educação Ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, continua e permanente em todos os níveis e modalidades de ensino formal” . Esta Lei institui uma Política Nacional de Educação Ambiental. Além disso, a legislação abrange tanto uma abordagem holística da Educação Ambiental nas iniciativas educacionais formais, quanto uma oportunidade de validar as iniciativas não formais deste campo. Loureiro (2006, p. 85) faz a seguinte observação da Lei: Observamos na Lei uma preocupação com a construção de condutas compatíveis com a ‘questão ambiental’ e a vinculação de processos formais de transmissão e criação de conhecimentos a práticas sociais, numa defesa das abordagens que procuram realizar a práxis educativa por meio de um conjunto integrado de atividades curriculares e extra- curriculares, permitindo ao educando aplicar em seu cotidiano o que é aprendido no ensino formal. Neste processo em que a Educação Ambiental foi colocada no centro das iniciativas sociais, as organizações não – governamentais tiveram grande participação. Entretanto, cabe ressaltar que a Lei ainda não é cumprida na sociedade brasileira, pois a Educação Ambiental, de modo geral, ainda está se 15 consolidando como política pública, devido à orientação econômica dominante – empresas responsáveis por grande parte da degradação ambiental no país. Muitos estudiosos deste tema observam a educação ambiental diretamente relacionada à cidadania, como propõe a concepção freireana de acordo com uma pedagogia participativa. Santos (2006, p. 114), grande investigadora da educação ambiental, no Brasil e em paises como: Israel, Inglaterra, Itália, Suécia, Estados Unidos e Canadá, coloca que: “a educação ambiental é entendida como construção do exercício da cidadania relacionando-se a uma nova forma de ver as interações entre seres humanos e natureza, e baseada numa nova ética que propunha novos valores morais.” Esta relação entre a educação ambiental e a cidadania se constitui a partir da compreensão de que há neste campo, o desenvolvimento da construção de uma nova consciência global das questões relativas ao meio ambiente, conforme sua posição em que valores éticos colaborem com a sua proteção e melhoria. O propósito de exercício da cidadania, que a dimensão ambiental da educação coloca a respeito de novos valores morais em prol de uma coletividade, estrapola os paradigmas atuais em torno do individualismo e da tecnocracia, pois, favorece uma análise da relação - estabelecida principalmente nestes últimos anos de industrialização - entre a sociedade e a natureza. Conforme o exposto, considera-se que, a hermenêutica fragmentária do homem, da vida social e do meio ambiente, questionada pelo pensamento contemporâneo, necessita de uma concepção mais integradora e interdisciplinar dos conhecimentos da educação. Neste sentido, a Educação Ambiental se alicerça sob uma visão holística, uma vez que sua prática e sua conceitualização consideram os problemas ambientais em uma esfera inclusiva, enquanto ação política, em favor de uma prática educativa colaboradora na construção de um pensamento sustentável. 16 1.2 Construindo o conceito de Educação Ambiental A questão ambiental vem com o passar do tempo, ganhando um caráter cada vez mais urgente, devido a exploração predatória que o homem promove na natureza. O futuro da humanidade depende de recursos naturais, que atualmente apenas se perdem com o consumismo irresponsável, produzido principalmente por interesses econômicos e pela alienação. A consciência ambiental futuramente pode ser determinante à sobrevivência humana, devido aos esgotamentos dos recursos naturais. Por este motivo, a Educação Ambiental como perspectiva educativa, é um instrumento de reflexão sobre as questões ambientais, que parte de uma visão crítica da realidade ambiental do sujeito, em direção a um comportamento ecologicamente consciente. Na busca de uma conceitualização da Educação Ambiental, se faz necessário inicialmente, um entendimento do conceito de meio ambiente, que é apresentado de diversas formas pelos teóricos deste assunto. Reigota (1996, p. 21) afirma que: “Defino meio ambiente como: um lugar determinado e/ ou percebido onde estão as relações dinâmicas e em constante interação os aspectos naturais e sociais. Estas relações acarretam processos históricos e políticos de transformações da sociedade”. Ainda hoje é comum a comparação entre Educação Ambiental e o ensino da ecologia. Conforme o conceito de meio ambiente apresentado por Reigota, observa-se que a questão ambiental é mais ampla que o universo ecológico, pois também tem como objeto de estudo as relações sociais, culturais e tecnológicas. O que deve ser observado como elemento chave, neste sentido é a hermenêutica política da Educação Ambiental, em favor de uma 17 conscientização a respeito do poder que se estabelece na relação homem – meio ambiente. O filósofo da complexidade, Morin (2005, p. 76) propõe a seguinte definição de consciência ecológica: A consciência ecológica, isto é, a consciência de habitar, com todos os seres mortais, a mesma esfera viva (biosfera): reconhecer a nossa união consubstancial com a biosfera conduz ao abandono do sonho prometéico do domínio do universo para nutrir a aspiração de convivibilidade sobre a Terra. Morin sugere uma percepção holística, ou seja, uma visão ampla, total, sobre a questão, sendo essencial o comprometimento coletivo, pois desde os anos 70, observamos que: dejetos, emanações e exalações provenientes do desenvolvimento técnico - industrial urbano degradam a biosfera e ameaçam de maneira irreversível o meio ambiente, explicitando a dominação desenfreada do homem sobre a natureza e estabelecendo uma relação de convivência desarmônica. Desta forma, a Educação Ambiental deve ser entendida, antes de tudo, como uma ação política, pois reivindica uma conscientização ambiental, sobre a leitura ética das relações sociais, e, prepara a sociedade para uma cidadania pautada na responsabilidade social da sustentabilidade, através se um processo de participação coletiva, no qual o sujeito percebe o meio ambiente, a partir de uma reflexão direcionada à uma ação emancipatória. O atual momento histórico de muitas mudanças, globalização e questionamentos sobre as relações de poder, exige como princípio da educação ambiental: criatividade, comprometimento com a causa e um posicionamento consciente. Outra noção central pertinente é a sustentabilidade relacionada ao desenvolvimento. A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento definiu desenvolvimento sustentável como: “desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. 18 O Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) conceitua a Educação Ambiental, de modo a orientar as ações dos seus órgãos, da seguinte forma: Um processo contínuo, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência de seu ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experiências e a determinação que os tornem aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver os problemas ambientais presentes e futuros. Esse conceito de Educação Ambiental incentiva o exercício consciente da cidadania, favorecendo o resgate e o surgimento de novos valores em direção ao pensamento sustentável. Desta maneira, considera o meio ambiente em sua totalidade, dirigindo-se aos cidadãos de todas as idades, estudante ou não de modo contínuo, e, engajado com as realidades sociais, econômicas, culturais, políticas e ideológicas, uma vez que em relação ao meio ambiente todos os seres humanos são aprendizes e educadores. Devido à determinação da Lei 9795 de 27/04/1999, os órgãos integrantes do SISNAMA são incumbidos de promover ações de Educação Ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; para tanto foi elaborado o Programa Nacional de educação Ambiental (PRONEA), este, objetiva estimular uma integração dinâmica dos processos nacionais de Educação Ambiental, envolvendo as ações dos governos e as organizações da sociedade. Guimarães Filho (2004, p. 144) advogado e professor universitário coloca a Educação Ambiental como: “Os processos por meios dos quais o individuo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial, à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”. 19 Na Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental de Tibilisi (Geórgia, ex- URSS, 1977) definiu-se a Educação Ambiental como: “uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada individuo e da coletividade”. Portanto, a partir desses conceitos, pode-se inferir que a Educação Ambiental é um processo de ensino aprendizagem, onde são desenvolvidas ressignificações qualitativas aos educandos, enquanto atores sociais, através de uma análise e compreensão do meio ambiente e das relações sociais, políticas, econômicas e culturais estabelecidas entre o sujeito e a natureza, como meio de ação política do conhecimento ambiental, com a finalidade da construção de um pensar crítico, instruído por princípios como: ética cooperação, participação ativa, responsabilidade social e pensamento sustentável. Cabe neste sentido, o questionamento de qual seria então, o foco do olhar pedagógico, que direção teria a Educação Ambiental no contexto escolar, para que todas as dimensões da questão ambiental sejam contempladas? 20 CAPÍTULO 2: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR Neste capítulo, será apresentada a dimensão pedagógica da Educação Ambiental, com o propósito de esclarecer o sentido amplo do pensamento ambiental, como tentativa de colaboração à prática educativa, uma vez que se direciona a formação de sujeitos conscientes de seu papel político, enquanto parte do meio ambiente em âmbito local e global. Além disso, este capítulo apresenta uma abordagem ampla do sentido da escola para a sociedade, em seu caráter formador, e, como veículo para uma educação emancipatória. 2.1 Visão holística: O ser humano dotado da capacidade de raciocínio, estabelece a sua relação com o meio ambiente, a partir do desenvolvimento da cultura, ou seja, a mediação homem-natureza se institui conforme a organização sócio-cultural de seu contexto. Deste modo, se estabelece um grande dilema, pois a cultura pode observar esta relação como uma continuidade, ou como uma ruptura. A sociedade atual observa as relações humanas a partir de interesses políticos e econômicos particulares, que originam conflitos, pois, as necessidades de um todo coletivo, não são atendidas. Assim, a ruptura homem-natureza é evidenciada. Este entendimento sugere que a Educação Ambiental surge com uma função social, na qual a escola tem um papel determinante, pois a escola é um local de relações sociais, onde são estabelecidas ações coletivas. Pode-se inferir que caráter democrático desta instituição tem duas faces diferentes neste campo, a da reprodução e a da participação social. Neste sentido, a Educação Ambiental em sua esfera democrática e participativa, objetiva o desenvolvimento do pensamento sustentável, como 21 meio de conscientização ambiental, na qual o conhecimento é produto de uma construção participativa. Assim, a escola é um local de ensino e aprendizagem do propósito da cidadania, o exercício da vivência dos direitos e deveres do cidadão. A Educação Ambiental se institui desta forma, como um processo educativo, que tem sua prática norteada pelos seguintes princípios, segundo (Loureiro, p. 2006): “A Educação Ambiental atua como instrumento mediador entre os atores sociais que agem no ambiente; A proposta educativa da Educação Ambiental se estabelece no questionamento legítimo de idéias e conhecimentos do ambiente em sua complexidade; Aprendizagem permanente; Articulação entre teoria e prática; Favorecimento da emancipação a partir de uma instrumentalização e preparação do indivíduo”. Os princípios expostos estabelecem na prática educativa, um compromisso com o conhecimento que o aluno tem de sua realidade, através de uma organização coletiva, na busca por soluções de problemas, e, compreensão do ambiente e suas relações. Assim, a Educação Ambiental atua a partir de uma consideração dialógica e dialética da prática educativa, estabelecendo relações de aprendizagem, conforme a apreensão da realidade do educando, construindo associações entre a esfera local e a esfera global. Faz-se necessário esclarecer que o propósito ambiental da educação se contrapõe ao momento histórico da sociedade atual, onde as relações de consumo, o processo de acumulação de capital, e a alienação, ditam normas e “valores” culturais. A perspectiva ambiental da educação assume assim, uma postura de ação transformadora, onde o caráter reflexivo em favor de uma superação das relações de dominação entre os homens e a natureza garante novos olhares culturais e novos entendimentos a respeito das questões ambientais. 22 Para tanto, atualmente, muitos estudos da dimensão ambiental da educação, se direcionam a uma possível incorporação da Educação Ambiental no currículo escolar, mas essencialmente se observa este aspecto educacional como uma necessidade de articulação interdisciplinar. 2.2. Interdisciplinaridade e Educação Ambiental: A posição reflexiva da Educação Ambiental contribui com a prática educativa, na medida em que confere ao contexto escolar, a possibilidade de fundamentação de uma consciência ambiental, de docentes e discentes, em sua investigação e debate ecológico. Entretanto, se faz necessário um esclarecimento a respeito do caráter interdisciplinar da Educação Ambiental, que se estabelece a partir de uma articulação sistêmica de diversos saberes e necessidades do meio ambiente. Desta maneira, a dimensão ambiental da educação se constrói não apenas nas áreas escolares das ciências naturais, mas, em todas as disciplinas (humanísticas ou exatas), pois o meio ambiente é produto das relações sociais, nas quais estão presentes, a linguagem, a história e a ciência. Segundo a consideração de Noal (2006, p. 376): “As questões socioambientais são, na sua essência, multi, inter e transdisciplinares, pois perpassam e interligam além das questões sociais e ambientais, questões econômicas, políticas, estéticas e culturais. Mesmo que na maioria das vezes não sejam tratadas desta forma, elas abrigam uma diversidade de componentes e variáveis multidimensionais que exigem abordagens e interpretações sistêmicas e não deterministas”. Assim, a condição integradora da Educação Ambiental, se origina na necessidade de componentes dialógicos no processo de ensino e aprendizagem, uma vez que as articulações de saberes de natureza diversa são exigências da sociedade. 23 Esta característica interdisciplinar da Educação Ambiental proporciona uma abordagem ampla dos olhares em direção ao meio ambiente, pois considera as colaborações das diferentes esferas de conhecimento, garantindo uma compreensão favorável e maior integração entre alunos, professores e a toda a comunidade escolar. A articulação interdisciplinar presente no contexto educativo como um todo, assegura: uma ligação entre o trabalho realizado em sala de aula, e o cotidiano do aluno, de modo a dinamizar o processo de ensino-aprendizagem, através de vivências; análise de problemas ambientais, pertinentes ao contexto escolar do aluno, bem como a proposição de possíveis soluções; o favorecimento da construção coletiva de saberes; a percepção de que o aluno é sujeito participante deste processo; a dinamização do processo de reflexão – ação entre os educandos, através de atitudes sociais individuais e coletivas; o destaque do papel do professor, como coordenador deste processo coletivo. (Penteado, 2003). 2.3. Uma ação política participativa: Conforme o exposto, observou-se que o caráter interdisciplinar da Educação Ambiental é responsável pela articulação entre as disciplinas escolares, e entre os sujeitos do contexto escolar, favorecendo desta forma, uma dinamização da escola, enquanto local de ação coletiva. Neste sentido, a escola assume seu papel na formação sociocultural dos educandos, que vivenciam as experiências de conscientização e de ação política. O desenvolvimento deste processo de articulação entre teoria e prática se estabelece nos questionamentos apresentados pelos alunos acerca de seus saberes imediatos, produtos de sua realidade. De acordo com Loureiro (2006, p. 133): 24 “A internalização de uma visão ambiental de mundo passa, sem dúvida, pela vinculação, feita por múltiplas mediações, entre o imediato vivido e as grandes questões globais. Não existe cidadania planetária sem que o indivíduo crie o senso de pertencimento e seja cidadão de algum lugar e de um Estadonação, exercitando e redefinindo o próprio sentido de cidadania”. Deste modo, a dimensão ambiental da prática educativa se direciona a uma reflexão global e a uma ação política local a respeito das questões ambientais, a fim de que se construa uma relação participativa, onde o aluno possa entender a importância do seu conhecimento para o exercício da cidadania (saber empírico). Assim, a Educação Ambiental é antes de tudo um ato político, em favor de uma transformação social, que se situa no contexto da educação para a cidadania, sendo elemento determinante no desenvolvimento de sujeitos cidadãos, conscientes de seu papel sócio-ambiental, como multiplicadores de novos olhares, comportamentos e atitudes. 2.4. Uma práxis em Gestão Escolar: A Educação Ambiental se insere como uma prática educativopedagógica de Gestão escolar, buscando uma estrutura de referência à conscientização ambiental, em seu propósito político, para uma transformação social. A Gestão escolar se responsabiliza por transformar metas e objetivos educacionais em ações, através de um processo político administrativo contextualizado, onde o sentido social da educação é orientado, organizado e colocado em prática. A sociedade hodierna1 revela a necessidade e a emergência de um pensar coletivo, em direção à conservação ambiental e à qualidade de vida, 1 Sociedade atual. 25 através de uma prática participativa, ou seja, de uma intervenção de ação e reflexão dialógica. Um indicativo desta necessidade de um pensar coletivo na sociedade atual, é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394 de 1996 artigo 3º, inciso VIII, que demonstra a gestão democrática como um dos princípios da gestão educacional, garantindo a participação dos profissionais de educação e da comunidade escolar, na construção do Projeto Político Pedagógico da escola, onde será estabelecida, qual a cidadania que se deseja para determinado contexto. Essa práxis, em seu caráter criador, ousado, crítico e reflexivo, descortina o poder da escola de repensar a sociedade. Para tanto, esta educação transformadora se coloca como educação para a cidadania, a fim de desenvolver a capacidade de pensar crítica e autonomamente, propondo questionamentos, fazendo novas leituras de sua realidade ambiental, e estabelecendo possíveis soluções aos embates encontrados. Deste modo, a Educação Ambiental se coloca como colaboradora neste processo de gestão democrática, que objetiva a autonomia, a participação e a emancipação, conforme as mudanças paradigmáticas necessárias, pois, se apresenta como uma nova hermenêutica das questões ambientais na escola – conforme seu papel socializador. A escola, neste sentido, é responsável pela elaboração, construção e ressignificação qualitativa do saber ambiental, a partir do diálogo, da pesquisa e das diferentes fontes de informação, considerando, fundamentalmente, a ética como princípio norteador. Como explica Pedro Jacobi (2006, p. 255): “O principal eixo de atuação da Educação Ambiental deve buscar acima de tudo, a solidariedade, a igualdade e o respeito à diferença através de formas democráticas de atuação baseadas em práticas interativas e dialógicas”. 26 Este novo paradigma de gestão escolar apresenta as relações de poder horizontais, estruturas integradas, espaços coletivos, formas de ação democráticas e autônomas. Tais aspectos incorporam as necessidades educacionais da atualidade, que estão de acordo com o sentido da Educação Ambiental, uma vez que o meio ambiente envolve a fauna, a flora e as relações sociais. A Educação Ambiental se insere como instrumento dessa práxis, observando no contexto escolar, as relações sócio-educacionais, a partir da realidade do educando, e promovendo uma mudança de comportamento para a sua efetivação. Um aspecto de extrema relevância para este entendimento pedagógico é a organização do currículo escolar, que deve contemplar a questão ambiental, como princípio educativo; e a metodologia, que deve valorizar o conhecimento que o aluno tem a priori em seu contexto ambiental, a partir de discussões em classe, ou em grupo, debates, questionários, reflexões e projetos elaborados pelos próprios alunos. É importante salientar que o currículo vivido, ou seja, o currículo que surge na prática educativa cotidiana (como as questões ambientais locais), e o currículo oculto (real questionamento coletivo), são elementos de grande significado para a elaboração de núcleos conceituais no processo de ensino e aprendizagem. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de 1998 fazem referência à Educação Ambiental como tema transversal, que tem conteúdos relativos a valores e atitudes, como: desenvolver um espírito de crítica às relações de consumo e o senso de responsabilidade e solidariedade, e, conteúdos relativos a procedimentos, como: formas de manutenção e limpeza do ambiente escolar, formas de evitar o desperdício e saber utilizar os serviços existentes relacionados com as questões ambientais. Além das questões básicas do meio ambiente (proteção, preservação, conservação, recuperação, degradação e sustentabilidade). Os assuntos de investigação escolar predominantes são: o lixo; a poluição do ar, de rios e mares, enchentes; investigação sobre a realidade 27 ambiental do local da escola; a proteção e a conservação das áreas verdes; a degradação de mananciais e bacias hidrográficas; problemas da saúde coletiva; bem como a causa de fenômenos ambientais (aquecimento global, El Nino, La Nina etc). A atuação da Educação Ambiental está diretamente relacionada com a cidadania, como formação e exercício desta, proporcionando ao aluno, um novo modo de pensar a relação do homem com o meio ambiente. Esta proposta educativa para a cidadania é um processo de aprendizagem permanente, que valoriza o conhecimento prévio do educando, em suas diferentes formas, e, favorece o desenvolvimento do cidadão com consciência local e global. Pois, a cidadania é construída na relação com o outro, havendo igualdade, quanto aos direitos e deveres, e, diferença, quanto ao contexto sociocultural e ambiental – particular do aluno. Este propósito cidadão da questão ambiental, como dimensão escolar, ainda descortina o sentido democrático da cidadania, na medida em que oferece estruturas referenciais de conhecimento para o pensamento crítico do discente, frente às suas escolhas sócio-ambientais. Assim, a Educação Ambiental constitui um novo modo de olhar as relações sócio-ambientais, necessário à sociedade atual como meio de conscientização e mudança comportamental dos educandos, através de uma práxis participativa de gestão escolar, norteada pela reflexão e ação de um pensamento sustentável, em favor do meio ambiente. 2.5 Aprendizagem e Avaliação na Educação Ambiental A Educação Ambiental constitui atualmente uma das dimensões mais importantes nas discussões do processo educacional, pois, evidencia o poder da escola, em repensar a sociedade. Para tanto a denominação Educação Ambiental, tem instrumentos básicos de uma proposta pedagógica: a conscientização, a capacidade de avaliação e a participação dos educandos. 28 Entre as atribuições da Educação Ambiental, destacam-se: o sentido da cidadania; a transformação social a partir de novos valores; e, uma nova relação homem – meio ambiente pautada na preservação e no pensamento sustentável. Enquanto tema de conteúdo transversal (segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais), e por tratar-se de uma área de amplo significado educativo, a Educação Ambiental não pode ser avaliada apenas sobre um ponto de vista, se faz necessário considerar, os aspectos sócio-históricos, econômicos, políticos e culturais, conforme as relações humanas, nos diversos modos de olhar a questão ambiental. A avaliação na Educação Ambiental, não deve objetivar apenas a verificação de conteúdos, tais como o lixo, os materiais recicláveis, os fenômenos naturais ou a diversidade da fauna e da flora, mas, a avaliação de um processo contínuo de aprendizagem na integração dos conhecimentos na prática cotidiana, uma vez que o seu alvo é a conscientização e a mudança de comportamento do educando. Assim, a utilização prática dos saberes discutidos sobre o meio ambiente é mais relevante, como apropriação de conhecimento, do que as informações presentes nos conteúdos. Segundo Depresbiteris (2006, p. 534): “A avaliação em educação ambiental, como a avaliação em todo o processo de ensino e aprendizagem, deve se distanciar dos paradigmas clássicos que sempre a nortearam, buscando cumprir um novo papel: o de auxiliar o aluno a identificar o significado do seu aprendizado”. Deste modo, a Educação Ambiental se apresenta como um desafio, na medida que se responsabiliza por uma conscientização de que as ações praticadas pelo homem influenciam o meio ambiente e a qualidade de vida em esfera global. É pertinente neste sentido, esclarecer que a escola deve incentivar o aluno a investigar as questões ambientais de seu contexto, com a finalidade de estabelecer uma aprendizagem de ressignificações qualitativas, na construção de propostas e soluções para os problemas ambientais observados. 29 Outro aspecto fundamental no processo avaliativo da Educação Ambiental é o comportamento ético na ação desenvolvida pelo educando, pois o sentido de seu aprendizado tem a ética como princípio essencial. Propõe-se desta forma, um entendimento novo, a respeito do papel da escola, que passa a ter toda a comunidade escolar (direção, coordenadores, professores, alunos, pais e funcionários) envolvida, na condição de aprendizes das questões ambientais. Os conteúdos básicos que teriam a função de ligar a ciência aos problemas apresentados no cotidiano são: o ecossistema, o conceito de habitat, nicho ecológico, cadeia alimentar, relações de consumo, desenvolvimento sustentável, degradação e preservação ambiental. A escola, assim, tem a sua preocupação voltada para a iniciativa, à independência, a responsabilidade, a cooperação e a comunicação dos educandos. E para tanto, deve utilizar como estratégia de ensino os debates dos problemas ambientais, o estímulo ao envolvimento dos alunos na resolução destes problemas, a pesquisa de campo e a utilização de diversas linguagens como meio de investigação (documentários, filmes, acesso a Internet, jornais e revistas). O papel da avaliação na Educação Ambiental deve assumir a dimensão qualitativa, observando a organização do currículo escolar, de modo a propiciar um envolvimento dos educandos nas questões ambientais de seu contexto, para uma reflexão sobre seu papel na situação ambiental global. Dessa maneira, a metodologia de avaliação deve contemplar a pesquisa, enquanto ação investigativa, através de exploração teórica e prática (pesquisa de campo, aula - passeio) sobre os problemas e as possíveis soluções das questões ambientais estudadas, a partir dos valores apresentados na Educação Ambiental. Cabe ressaltar que a Educação Ambiental não é uma disciplina escolar, mas um tema que deve ser observado por todas as disciplinas, assim sua avaliação não se destinará a verificações ou medições do conteúdo 30 transmitido, e sim a uma avaliação do processo de aprendizado – ressignificação qualitativa da dimensão ambiental – como um todo. A avaliação auxilia o aprendizado, na medida em que é parte integrante do processo educativo; não como cobrança, mas como mais um momento de aprendizagem; buscando a compreensão da dificuldade do educando, numa perspectiva emancipatória, que se direciona a transformação do seu contexto, pois, tem seu objetivo para o favorecimento da autonomia do aluno, sobre suas observações, suas possíveis alternativas ou soluções aos problemas observados e suas conclusões, sendo um sujeito crítico e um cidadão consciente de seu papel sócio – ambiental 31 CAPÍTULO 3. CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Sendo a Educação Ambiental, um veículo de pensamentos e ações favoráveis ao meio ambiente, esta se destina à valorização das potencialidades sócio-ambientais, no contexto educacional do aluno, e, à reflexão construtiva a respeito das relações estabelecidas entre escola, alunos, comunidade e o ambiente em que estão inseridos. A partir da escola, expandindo-se pela comunidade, cidade, região, país, planeta, a aprendizagem será mais efetiva, pois promove, de maneira articulada, o desenvolvimento de conhecimento, de atitudes e habilidades necessárias à melhoria da qualidade ambiental. 3.1 Crise Ambiental e Crise Civilizatória. O comportamento do homem, conforme sua história, vêm sendo aprisionado à valores superficiais, pois o universo contemporâneo mostra uma preocupação com o consumismo e o avanço das tecnologias. Guattari (1990, p. 8) inicia sua obra “As três ecologias”, dissertando sobre as transformações intensas que o mundo vivencia, que colaboram com os desequilíbrios ecológicos. “É a relação da subjetividade com a sua exterioridade – seja ela social, animal, vegetal, cósmica – que se encontra assim comprometida numa espécie de movimento geral de implosão e infantilização regressiva”. Este posicionamento contemporâneo – originado nos princípios capitalistas – gera uma crise civilizatória, onde estão distorcidas as concepções de mundo, de natureza, de coletividade, e, de poder. A partir de então, o homem não se percebe parte integrante do meio ambiente, pois a sociedade fragmenta e classifica seus elementos, banalizando sua relevância. Segundo Loureiro (2004, p. 71) 32 “A conscientização acerca da interdisciplinaridade e complexidade que envolve o meio ambiente, observa um novo olhar da natureza. Sendo primordial a educação ambiental como meio educativo pelo qual se podem compreender de modo articulado as dimensões ambiental e social, problematizar a realidade e buscar raízes da crise civilizatória”. Assim, esta crise ambiental e civilizatória, se estabelece conforme a dicotomia entre valores políticos, econômicos, sociais e éticos, produto de uma relação predatória constituída ao longo do tempo. Neste sentido, a educação é um elemento de resistência ao silenciamento da sociedade sobre seus conflitos socioambientais, uma vez que objetiva a unidade de pensamento favorável a uma conscientização ambiental. 3.2 A contribuição da Ecopedagogia. Esta pesquisa não poderia se desenvolver sem a significativa apresentação da ecopedagogia, que não esclarece apenas uma pedagogia ecológica, mas, um novo olhar sobre a educação. Este novo paradigma fundamenta-se na contribuição freireana de pensar conforme a esfera da subjetividade e da cotidianidade, buscando sentido nas pequenas ações, resgatando uma unidade planetária de ser e saber. A ecopedagogia investiga a vida e a relação dos homens, sendo um movimento sócio – político, que surgiu no final dos anos 90 e atualmente é coordenado pelo Instituto Paulo Freire em São Paulo. A ecopedagogia implica uma reorganização do currículo, a partir de seus princípios, essencialmente a promoção da vida. Desta forma, valoriza os conteúdos relacionais, as vivências, atitudes e valores, bem como a diversidade cultural, garantindo manifestações das minorias étnicas, religiosas e sexuais, trata-se ainda de uma educação multicultural. 33 São princípios da ecopedagogia: o planeta é uma comunidade única; a Terra é um organismo vivo, em evolução; a consciência sustentável faz sentido para a nossa existência; a Terra é nosso endereço, com o qual temos que ter ternura; uma pedagogia que promove a vida (envolvimento, comunicação, compartilhamento, problematização, relação entusiasmo); caminhar com sentido na vida cotidiana; racionalidade intuitiva e comunicativa; novas atitudes, reeducação sentimental do olhar; cultura e sustentabilidade. Segundo Gadotti, (2000, p. 183) “O movimento pela ecopedagogia encontra nessas praticas alimento para a sua trajetória de consolidação de um novo paradigma educacional. Ao mesmo tempo, essas práticas ganham uma dimensão maior, ultrapassando a visão ambientalista e local, compreendidas dentro de uma visão mais totalizadora do mundo”. A ecopedagogia se estrutura numa abordagem filosófica, que se preocupa com o sentido mais profundo da existência humana, direcionada a uma educação sustentável, mais ampla que a educação ambiental. Entretanto, a ecopedagogia e a educação ambiental não são opostas, mas complementares, a ecopedagogia não se opões a educação ambiental. Para a ecopedagogia, a educação ambiental é um pressuposto. A ecopedagogia incorpora-a e fornecendo estratégias, propostas e meios para a sua realização. Marli Alves Santos (2006, p. 115) afirma que: “A ecopedagogia parece ser uma evolução da pedagogia freireana, incorporando o princípio da sustentabilidade à educação para a cidadania. Caracteriza-se por uma abordagem ecológica, propondo não só a reforma do currículo, mas também a comunidade escolar como um todo”. Assim, a ecopedagogia, enquanto hermenêutica educacional surge como elemento de resistência à hegemonia capitalista do mundo 34 contemporâneo, através de uma pedagogia participativa em todos os sentidos sócio – culturais, sendo traduzida a partir de uma sensibilização, promovendo uma reflexão histórica que favorece um pensamento ético e sustentável sob uma política da condição humana. 3.3 A contribuição do Pensamento Sustentável. Segundo Kranz (1995 apud GADOTTI, 2000, p. 62) “desenvolvimento sustentável significa usarmos nossa ilimitada capacidade de pensar em vez de nossos limitados recursos naturais.” Conforme o conteúdo apresentado no capitulo I, a educação ambiental justifica-se na busca e construção de alternativas sociais fundadas em princípios éticos, pois o meio ambiente necessita de preservação para garantia da sobrevivência humana. Uma colaboração de extrema relevância neste sentido é a do pensamento sustentável, onde a ação humana sobre o meio ambiente não ocorre como forma de destruição, mas, como meio de renovação dos recursos naturais. Para tanto, a educação tem o poder de intervir junto à formação de sujeitos conscientes. Segundo Guattari, (1990, p. 52) “o princípio particular à ecologia ambiental é o de que tudo é possível tanto as piores catástrofes quanto as evoluções flexíveis. Cada vez mais, os equilíbrios naturais dependerão das intervenções humanas”. Assim, o desenvolvimento sustentável – que tem o seu conceito discutido por diversos autores: Edgar Morin, Marcos Reigota, Marli Alves Santos e Pedro Jacobi entre outros – diz respeito a um comportamento consciente diante dos recursos naturais limitados e finitos. A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas elaborou em 1988 o Relatório de Brundtland, no qual definiu-se desenvolvimento sustentável como: aquele que satisfaz as 35 necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Contudo, a abordagem da sustentabilidade não existe sem uma sociedade econômica e politicamente sustentável, uma vez que a participação deste entendimento permeia o caráter comportamental do sujeito, que atualmente encontra-se atrelado às questões de consumo e tecnologia. Deste modo, o conceito de sustentabilidade remete à necessidade de uma definição mais concreta de sociedade e natureza, portanto uma mudança na civilização, que discute estas significações a partir de olhares particulares e abstratos, tornando impossível uma conceitualização concreta, operacional e precisa de sustentabilidade. Neste sentido, as pesquisas sobre este tema, em meio a conferências e reuniões, apontam para uma orientação, enfoque, ou ainda, perspectiva sobre o desenvolvimento sustentável. A construção de uma leitura sustentável de mundo depende de uma postura consciente, em que o contexto escolar tem primordial participação. Moacir Gadotti (2000, p. 87) observa o desenvolvimento sustentável como uma “idéia – força” ou “idéia – mobilizadora”: A educação, concebida como escolarização, pode e deve ser um peso na luta pela sustentabilidade econômica, política e social. Processos não formais, informais e formais já estão conscientizando muitas pessoas e intervindo positivamente, se não solucionando, despertando para o problema da degradação crescente no meio ambiente. O urgente pensamento sustentável tem como principais argumentos: a solidariedade e a ética do cuidado. Cabe ressaltar que os avanços ocorridos no entendimento de sustentabilidade são ainda, entraves para o crescimento econômico, o que resulta na perda da biodiversidade, diminuição dos recursos naturais não renováveis e degradação do meio ambiente. 36 3.4 A dimensão ambiental da Educação para a Cidadania O presente estudo esclarece que o conceito de meio ambiente não está relacionado apenas à ecologia, mas – sob um olhar mais amplo – a dimensão ambiental traduz diversas facetas da sociedade, como: cultura, história e comportamento. A questão ambiental está relacionada à educação, com a finalidade de garantir o desenvolvimento de um olhar sustentável da sociedade, assim o indivíduo se insere em seu papel de cidadão consciente. “Promover a consciência política e o pensamento crítico entre os estudantes, a fim de tornálos aptos a serem cidadãos responsáveis, é considerado um aspecto importante da educação para a cidadania” Santos, (2006, p. 105). Neste sentido, a educação ambiental favorece a construção do pensamento do aluno em direção à cidadania, pois, de acordo com os ideais propostos estão valores como ética, respeito e responsabilidade. Este direcionamento auxilia o educando em seu posicionamento crítico, de forma a estabelecer uma visão holística da sociedade, pois este se observa ator deste contexto de direitos e deveres, no qual o meio ambiente é parte integrante, pois é produto das relações sociais. Segundo Jacobi (2005, p. 244): “Atualmente, o desafio de fortalecer uma educação para a cidadania ambiental convergente e multi – referencial se coloca como prioridade para viabilizar uma prática educativa que articule de forma incisiva a necessidade de se enfrentar concomitantemente a crise ambiental e os problemas sociais”. O processo de aprendizagem do sujeito sobre as questões socioambientais inicia-se por meio de uma observação (e conseqüentemente intervenção) em sua realidade local, de cultura e ideologias singulares, bem como as relações de interesses, favorecendo ainda, a construção de saberes 37 políticos. Assim, a educação ambiental propõe o esclarecimento do papel dos educandos, enquanto atores políticos. Portanto, a educação ambiental se estabelece como educação para a cidadania, na medida que confere um aprendizado social ao aluno, fundado no diálogo, na recriação e reinterpretação do conhecimento (informações, conceitos e significados) que se originam no sistema formal ou informal de ensino – contexto ambiental do aluno. 3.5. Refletindo sobre a ação... conceitos pertinentes à Educação Ambiental. Após as considerações teóricas feitas nos capítulos anteriores, se faz necessário um esclarecimento a cerca da práxis na Educação Ambiental. Para tanto, serão apresentados a seguir, alguns conceitos pertinentes a um entendimento das questões ambientais. O homem convive com a natureza a mais de 1 milhão de anos, assim, esta interação muitas vezes descaracteriza alguns elementos naturais. O elemento natural é aquele que não sofreu qualquer alteração do homem, para existir, como exemplo, podem ser mencionados: rios, nascentes, lagos e animais silvestres. Entretanto, devido à relação antiga entre a ação humana e a natureza, grande parte dos recursos naturais, resultam de uma intervenção da cultura humana, ou são produto de uma ação conservativa, podendo ainda, tratar-se de um sistema ecológico que já foi regenerado, após qualquer intervenção. Deve se considerar também os elementos produzidos ou transformados pela ação humana, como bosques plantados, jardins, praças, plantações e pastos. Esta diferenciação é relevante, na medida que delimita a ação do homem na natureza, tanto nos aspectos físicos, quanto nos aspectos sociais, lembrando a definição de meio ambiente que não restringe este conceito, 38 apenas a ecologia material ou física, mas se amplia nas relações sociais participantes deste sistema. Os parâmetros Curriculares Nacionais (1998) apresentam alguns conceitos básicos referentes ao meio ambiente: proteção, preservação, conservação, recuperação e degradação; observado como tema transversal. A proteção ambiental é a defesa daquilo que é ameaçado, no Brasil, a Constituição Federal apresenta várias leis, estabelecendo as Áreas de Proteção Ambiental (APAs), ou seja, espaços do território brasileiro definidos e delimitados pelo poder público. Nestas áreas, a proteção é uma necessidade para garantir o bem estar das populações da atualidade e do futuro, e o equilíbrio do meio ambiente. Neste sentido, poderão ser constituídos critérios e normas complementares, que restrinjam o uso de recursos naturais nestas áreas (como exemplo: a proibição das queimaduras e do desmatamento), considerando a realidade local. A Constituição Federal afirma a seguinte condição para ao uso de recursos naturais nas APAs: “não comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção”. (Constituição Federal, artigo 225, parágrafo 1º, III). A preservação ambiental é a ação da proteção contra a destruição e/ou qualquer forma de dano ou degradação do meio ambiente (área geográfica, espécie de animais ou vegetais ameaçados de extinção), através de medidas preventivas legalmente necessárias e medidas de fiscalização cabíveis. Por exemplo, as áreas de preservação permanente, previstas pelo Código Florestal, ao longo dos cursos das águas; estas áreas se destinam à vegetação ou mata ciliar, ou seja, (como os cílios para os olhos) faixa de vegetação nativa às margens dos rios, lagos, nascentes e mananciais, importantes para garantir a quantidade e qualidade das águas. A conservação é a utilização consciente de qualquer recurso natural, garantindo a renovação ou a auto-sustentação (idéia de sustentabilidade). A recuperação é o ato de recuperar o que foi perdido, adquiri-lo novamente. Nem sempre a área destruída pode retornar ao seu estado anterior, a lei prevê a responsabilidade da recuperação, pelo agente 39 degradador, o agente responsável pelo dano, deve repará-lo. Além da recuperação da área degradada, a lei assegura provável pagamento de multa (Lei Federal nº 6938). A degradação ambiental é a manifestação de alterações ou desequilíbrios provocados no meio ambiente, que são prejudiciais aos seres vivos, impedindo os processos vitais antes destas alterações. Algumas das formas mais evidentes de degradação ambiental são a desestruturação física, a poluição e a contaminação. Estes conceitos evidenciam a responsabilidade da consciência e da ação humana em sua relação em sua relação com o meio ambiente, assim a educação tem um importante papel neste processo de conscientização a respeito destes conceitos. A degradação ambiental cresce em grande escala, tendo como principal contribuinte a ação humana de exploração dos recursos naturais. Surgem com isso, os fenômenos como o aquecimento global, as chuvas ácidas, os furacões e os maremotos entre tantos outros. Provavelmente em 50 anos a educação ambiental seja necessária como meio de sobrevivência em alguns pontos da Terra. Em todos os segmentos, a educação se efetiva na união entre os pressupostos teóricos e práticos, buscando construir dialogicamente o pensamento e a ação, a partir da capacidade humana de planejar e replanejar. A questão ambiental por ser alicerçada na ação pela transformação do meio ambiente, se traduz da mesma forma. Segundo Loureiro (2006, p. 130): “Não nos educamos abstratamente, mas na atividade humana coletiva, mediada pela natureza, com sujeitos localizados temporal e espacialmente. Ter clareza disso é o que nos leva a atuar em Educação Ambiental, mas não a partir do discurso genérico de que todos nós somos igualmente responsáveis e vítimas do processo de degradação ecossistêmica. Educar para transformar é agir conscientemente em processos sociais que se constituem conflitivamente por atores sociais que possuem projetos distintos de sociedade”... 40 A discussão a respeito da Educação Ambiental, na atualidade, se direciona a uma intervenção pedagógica em favor do desenvolvimento de uma construção sistêmica do pensamento sustentável, buscando a transformação do comportamento humano e de seu modo de olhar; da sociedade; da cultura, sobre a concepção de meio ambiente. 41 CONCLUSÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso disserta sobre a Educação Ambiental no contexto escolar, que se apresenta como uma necessidade do momento histórico atual, onde os problemas ambientais têm demonstrado a degradação causada pela ação humana, através dos desastres e fenômenos naturais. A pesquisa se direciona a conscientização política e ética das questões ambientais no contexto escolar, a partir de uma abordagem pedagógica sobre o assunto. Inicialmente, se faz necessário um esclarecimento a respeito do significado do meio ambiente, que não se traduz apenas na fauna e na flora, mas, contempla as relações estabelecidas entre o homem e a natureza. Estas relações entre o homem e a natureza que compõem o meio ambiente, se manifestam nas esferas: política, social, cultural, econômica..., e, assim, sugerem uma visão holística, ou seja, ampla - visão do todo - de diversos olhares (da filosofia; da sociologia; da antropologia; comportamental, da psicologia; biologia; política; economia, etc) para a construção do conceito de educação Ambiental. A Educação Ambiental é um processo de ensino – aprendizagem, onde são desenvolvidas novas estruturas de referência sobre o meio ambiente aos educandos, enquanto atores sociais, através de uma análise e compreensão do meio ambiente. Configura-se ainda, como meio de ação política do conhecimento ambiental, pois tem como finalidade, o favorecimento de um pensar crítico; instruídos por princípios éticos, que abrangem o sentido de cooperação, participação ativa, responsabilidade social e pensamento sustentável. Desta forma, a escola tem um papel fundamental neste processo, na medida que se responsabiliza pela formação sócio – cultural de seus alunos, e pela conscientização destes, enquanto cidadãos. 42 O sentido amplo da Educação Ambiental deve ser assistido pela interdisciplinaridade no contexto escolar, pois, a articulação sistêmica, ou seja, interligada, dos diversos saberes e olhares atende às necessidades de investigação das questões ambientais. Deste modo, a Educação Ambiental deve ser abordada por todas as disciplinas escolares (não somente as Ciências Naturais), com o propósito de valorização da realidade local do aluno, para que este, possa não apenas apontar os problemas ambientais do seu contexto, mas também, a partir de reflexão (articulação entre teoria e prática), propor possíveis soluções a estas questões. Neste sentido, a educação Ambiental, tem em sua função social, o caráter determinante de uma ação política, pois se responsabiliza por preparar educandos para assumir seu papel, enquanto ator sócio - ambiental, e, fundamentalmente, potencializar seus questionamentos e reflexões sobre a realidade de maneira crítica, em favor do meio ambiente e de uma conscientização coletiva. Para tanto, a Educação Ambiental deve ser observada pela Gestão Escolar, como instrumento de um educação política, que atribui o sentido de formação para a cidadania do aluno. A Gestão Escolar é um meio efetivo de promoção da Educação Ambiental, porque tem como atribuição principal, a formação do cidadão no sentido maior, bem como a organização das estruturas educacionais; como: a construção do Projeto Político Pedagógico; das Propostas Pedagógicas; e pela revisão do currículo escolar. Sendo, assim, responsável por um compromisso político de mediação de interesses, a partir de uma participação coletiva. Torna-se, portanto, um eixo de viabilização da dimensão ambiental da educação no contexto escolar. A proposta de Educação Ambiental na Gestão Escolar conta com a contribuição do pensamento sustentável, que sugere novas atitudes aos educandos, em favor da renovação dos recursos naturais, valorizando a 43 reflexão do aluno, para que suas ações sejam norteadas pelo princípio da sustentabilidade. Outra grande colaboração para alicerce da Gestão escolar em detrimento da Educação Ambiental é a ecopedagogia, que se traduz numa concepção freireana de valorização da vida e da humanização, a partir de uma abordagem filosófica de entendimento das pequenas ações cotidianas. A ecopedagogia se fundamenta nos princípios da sustentabilidade e nas questões propostas pela Carta da Terra, e estabelece uma relação complementar com a Educação Ambiental. 44 BIBLIOGRAFIA BASTOS, João Baptista. Gestão Democrática. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. BRASIL. Constituição Federal. Coletânea de Legislação de Direito Ambiental. São Paulo, 2004. _______. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Rio de Janeiro, 1988. _______. Poder Legislativo. Diário Oficial da União. Brasília, 1981. _______. Parâmetros curriculares nacionais. Meio Ambiente e saúde. Brasília: Ministério da Educação, 2001. DEPRESBITERIS, Lea. Avaliação da aprendizagem na educação ambiental – uma relação muito delicada. In: SANTOS, José Eduardo; SATO, Michele. A contribuição da educação ambiental à esperança de pandora. São Carlos: Rima, 2006. p. 531-557. FILHO, Sídali João de Moraes Guimarães. 1000 Perguntas Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Editora Rio, 2000. FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho d’água, 1995. GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra. São Paulo: Peirópolis, 2000 GUATARRI, Félix. As três ecologias. Campinas: Papirus, 1989. JACOBI, Pedro. Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico, complexo e reflexivo. São Paulo: USP, 2005. LAROSA, Marco Antonio e AYRES, Fernando Arduini. Como produzir uma monografia...passo a passo... 6ª edição. Rio de Janeiro: Wak, 2005. LOUREIRO, Carlos Frederico B. Trajetória e fundamentos da educação ambiental. São Paulo: Cortez, 2004. MENEZES, Débora. Em defesa do Planeta. Nova Escola, São Paulo: ABRIL, v. 21, n. 202, p. 44-51, maio. 2007. 45 MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários para a educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2005. _______. Planeta a aventura desconhecida. São Paulo: Editora Unesp, 2002. NOAL, Fernando Oliveira. Ciência e interdisciplinaridade: interfaces com a Educação Ambiental. In: SANTOS, José Eduardo; SATO, Michele. A contribuição da educação ambiental à esperança de pandora. São Carlos: Rima, 2006. p. 369-387. PENTEADO, Heloísa. D. Meio Ambiente e formação de professores. São Paulo: Cortez, 2003. REIGOTA, Marcos. Verde Cotidiano Meio Ambiente em discussão. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. _______. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 1996. _______. Meio Ambiente e representação social. São Paulo: Cortez, 1994. SACHS, Ignacy. Rumo à ecossocioeconomia: teoria e prática do desenvolvimento. São Paulo: Cortez, 2007. SANTOS, José Eduardo; SATO, Michèle. A contribuição da educação ambiental à esperança de pandora. São Carlos: Rima, 2006. SANTOS, Marli Alves. Educação para a cidadania global. São Paulo: Textonovo, 2006. TOMISEND. Colin R. Fundamentos da ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2008.