Luz e Força
Desde a última década do século XIX, a eletricidade vinha se consolidando como
uma fonte de energia confiável, sendo utilizada não só na iluminação, mas para
diversas atividades econômicas. Porém, a energia provinha principalmente de
instalações térmicas, em geral máquinas a vapor alimentadas a carvão. No início
do século XX, aproveitando os recursos hídricos disponíveis no país, a força
hidrelétrica ganhou cada vez mais espaço na geração de energia.
O antigo Estado do Rio não foi exceção. Depois de Petrópolis receber a primeira
hidrelétrica fluminense, em 1896, outra usina seria instalada próximo daquela,
em Entrerios (atual município de Três Rios). Construída em 1908, a hidrelétrica
de Piabanha seria um dos muitos empreendimentos da Guinle & Companhia,
principal concorrente da Light, com quem manteve uma disputa judicial
envolvendo a exclusividade do abastecimento de energia elétrica no Distrito
Federal.
A Guinle & Companhia era uma sucessora da Aschoff & Guinle e da Gaffrée &
Guinle, empresas constituídas com capitais nacionais e estrangeiros ainda no
século XIX. A Guinle & Companhia foi criada em 1904, mesmo ano da fundação
da The Rio de Janeiro Tramway Light and Power Company, Limited, para atuar
no comércio de artigos elétricos como representante de diversos fabricantes
estrangeiros, entre os quais a General Electric Company. Em pouco tempo, se
dedicaria também à construção de usinas e linhas de transmissão no Estado do
Rio e em outros estados.
Distrito Federal
A difusão da energia elétrica no antigo Estado do
Rio
Em 1909, foi criada a Companhia Brasileira de Energia Elétrica (CBEE), tendo a
Guinle & Companhia como principal acionista. A empresa inaugurou no dia 16 de
abril a usina hidrelétrica de Alberto
Alberto Torres e se tornaria responsável pela
produção e distribuição de energia elétrica em diversas cidades fluminenses,
como Niterói, São Gonçalo e Petrópolis, onde estabeleceu a subestação Rio da
Cidade, a 30km da usina hidrelétrica Piabanha.
A CBEE foii responsável pela construção de outra usina próxima à de Piabanha, a
hidrelétrica Fagundes, em 1920. Porém, em 1927, a American & Foreign Power
Company (Amforp) constituiu a Empresas Elétricas Brasileiras S.A. (EEB) e
iniciou suas atividades no país, adquirindo
adquirindo o controle de diversas concessionárias
nacionais, entre as quais a CBEE.
O grupo Amforp foi fundado em 1923, como parte da Electric Bond & Share
Corporation (Ebasco), pertencente à General Electric. Logo se tornaria o segundo
maior grupo empresarial
empresarial a atuar no setor de energia no país. Em 1929, foi
responsável pela primeira interligação entre sistemas elétricos no Brasil, com a
Light. Em 1941, seria criada a Companhia Auxiliar de Empresas Elétricas
Brasileiras (CAEEB), com o objetivo de coordenar as empresas do grupo.
Depois de Campos, Petrópolis, Piraí e Niterói, a iluminação elétrica chegou aos
municípios de Barra Mansa, Nova Friburgo, Paraíba do Sul, São Gonçalo e Magé,
em 1910. Nos anos seguintes, foram inaugurados os serviços de iluminação
elétrica
ica de Vassouras e Nova Iguaçu.
Ainda em 1910, a Companhia Fiação e Tecidos São José inaugurou a hidrelétrica
Chalet, em Barra Mansa, que utilizava as águas do rio Bocaina, e, no ano
seguinte, entrou em operação a hidrelétrica Hans em Mury, Nova Friburgo. A
velocidade de construção de hidrelétricas aumentou nas décadas seguintes.
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Em 1913, foi a vez das usinas Santa Helena e Quirino. A primeira, com potência
de 880 kW, pertencia à Companhia Industrial de Eletricidade e utilizava as águas
do rio Paraibuna, no município de Paraíba do Sul. A segunda utilizava as águas
do Ribeirão do Quirino, em Barra do Piraí, e pertencia à Empresa Fluminense de
Força e Luz. Esta empresa inauguraria a sua segunda hidrelétrica naquele
município em 1915.
Na década de 1920, viriam as hidrelétricas de Turvo, em Barra Mansa, a segunda
da Companhia Fiação e Tecidos São José, que também utilizava as águas do rio
Bocaina, em 1923; a usina Hans, assumida pelo empresário Julius Arp, fundador
em Nova Friburgo da Empreza de Eletricidade Julius Arp & Cia., em 1925; a de
São João da Barra, pertencente à Sociedade Comercial e Industrial Suíça, em
1928; e a hidrelétrica Catete, também da Empreza de Eletricidade Julius Arp &
Cia., em 1929. Esta empresa se transformaria na Companhia de Eletricidade
Nova Friburgo (CENF), em 1937.
Em 1920, a Light adquiriu as usinas Santa Helena e Lucas, ambas em Paraíba do
Sul, e passou a servir uma série de localidades do Sul Fluminense, como a
própria Paraíba do Sul, Entre Rios, Valença, Barra do Piraí, Mendes e Vassouras.
Entre 1929 e 1934, a empresa incorporou empresas e usinas, para desativar
algumas delas nos anos seguintes.
A usina de Salto, em Barra Mansa, foi comprada à empresa Força e Luz Floriano
e, com o controle da Empresa Fluminense de Força e Luz, duas usinas em Barra
do Piraí foram adquiridas. Em 1931, a Light desativou as hidrelétricas de Lucas e
Salto, a usina térmica da Empresa Fluminense de Força e Luz e, no ano seguinte,
a usina Santa Helena. Em 1933, a Light adquiriu à Sociedade Comercial e
Industrial Suíça a usina de São João da Barra e, no ano seguinte, as usinas
Chalet e Turvo à Companhia Fiação e Tecidos São José.
Com o advento do Estado Novo e novos investimentos em infraestrutura, o
Governo Federal começou a cogitar a criação de empresas de energia estatais.
Em 1941, foi criada a Comissão da Central de Macabu (CCM), que daria origem à
Empresa Fluminense de Energia Elétrica (EFE). Em 1945, o Governo Federal
autorizou o antigo Estado do Rio a organizar a empresa, mas sua constituição só
se daria nove anos mais tarde.
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A difusão da energia elétrica no antigo Estado do Rio