Prefeitura Municipal de Rio Grande Fundação Universidade Federal do Rio Grande/ Banco Interamericano de Desenvolvimento Programa de Manejo Integrado do Estuário da Lagoa dos Patos - Programa Costa Sul PLANO AMBIENTAL MUNICIPAL DE RIO GRANDE Primeira Versão ‘’ 1 Foto da capa: Vista Parcial da cidade de Rio Grande Autor: José Altmayer 2 PLANO AMBIENTAL MUNICIPAL DE RIO GRANDE 3 APRESENTAÇÃO O Código Estadual de Meio Ambiente - Lei Estadual n° 11520 de 03 de agosto de 2000 – estabelece em seu artigo 69, que cabe aos municípios a responsabilidade no licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades consideradas como de impacto local, bem como aquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou Convênio. A Resolução 004 de 2000 regulamenta esta lei determinando no artigo 2º que para realizarem o licenciamento ambiental, os municípios deverão habilitar-se junto à Secretaria Estadual do Meio Ambiente - SEMA, para o que é necessário entre outros requisitos, a apresentação de um Plano Ambiental Municipal. Como forma de garantir a integração e comprometimento dos diversos segmentos da Administração Municipal, visando o planejamento, a proteção, a recuperação e o uso ecologicamente sustentável do meio ambiente, o CONSEMA estabeleceu, através da Resolução 011/00, as diretrizes para orientação desses Planos. Em 26 de abril de 2006, a Prefeitura Municipal do Rio Grande firmou um acordo de cooperação com a Fundação Universidade Federal do Rio Grande visando a promoção do desenvolvimento sustentável na região do estuário, através do Programa Costa Sul. No âmbito desse acordo, foi desenvolvido um conjunto de ações entre as quais o presente Plano Ambiental Municipal de Rio Grande, visando atender àquela Resolução. 4 Prefeitura Municipal do Rio Grande - SMMA Prefeito do Município do Rio Grande Janir Branco Secretaria Municipal do Meio Ambiente Norton M. Gianuca 5 Coordenação Paulo Roberto Armanini Tagliani Coordenador Adjunto Milton Lafourcade Asmus Consultores Marcus Polette Erik Salas Mapeamento Ambiental e Sistema de Informação Geográfica Carlos Roney Tagliani Sistema de Informação Ambiental Tiago Gandra Kelly Costa Ribeiro Apoio à Agenda Ambiental Portuária Pedro Henrique Wisniewski Koehler Luciana Sereneski de Lima Marcela Mendes Mejias Inventário da Flora Juliano Cesar Marangoni 6 Inventário da Fauna Washington Luís dos Santos Ferreira Gabriela Hollmann Paula Lima Canabarro Raphael Mathias Pinotti Suélen Cristine Costa da Silva Alexandre Miranda Garcia Diagnóstico Institucional e Plano de Manejo da Ilha dos Marinheiros Rejane Pacheco de Oliveira 7 SUMÁRIO LISTA DE ANEXOS ....................................................................................................................10 SIGLAS .........................................................................................................................................11 2. CONCEITOS BÁSICOS DO PLANO AMBIENTAL MUNICIPAL......................................15 4. DIRETRIZES ............................................................................................................................20 5. PRINCÍPIOS ORIENTADORES .............................................................................................21 6. OBJETIVOS..............................................................................................................................23 8. INVENTÁRIO AMBIENTAL MUNICIPAL ..........................................................................30 8.1 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA LOCAL...................................................................30 8.2 CLIMA ................................................................................................................................31 8.3 OS RECURSOS HÍDRICOS ..............................................................................................34 8.4 SOLOS ................................................................................................................................36 8.5 FAUNA ...............................................................................................................................41 8.5.1 Unidades Naturais Terrestres .......................................................................................42 8.5.2 Canal de São Gonçalo ..................................................................................................48 8.5.3 Lagoa Mirim.................................................................................................................54 8.5.4 Estuário da Lagoa dos Patos.........................................................................................59 8.5.5 Região costeira e marinha ............................................................................................79 8.6 FLORA................................................................................................................................82 8.6.1 Flora Aquática ..............................................................................................................83 8.6.2.2 Marismas – Estuários ..............................................................................................110 8.6.3 Dunas..........................................................................................................................117 8.6.4 Pastos Naturais ...........................................................................................................121 8.6.5 Matas Nativas .............................................................................................................132 8.6.7 Flora Ameaçada..........................................................................................................141 9. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL .............................................................................................143 10. DIAGNÓSTICO TERRITORIAL ........................................................................................144 10.1 Patrimônio arqueológico (sambaquis).............................................................................144 11. DIAGNÓSTICO INSTITUCIONAL....................................................................................146 11.2 Administração Pública Municipal ...................................................................................149 11.2.1 Estrutura Organizacional da Prefeitura Municipal de Rio Grande ..........................149 11.2.2. Secretaria Municipal de Educação e Cultura ..........................................................150 11.2.3 Secretaria Municipal de Obras e Viação ..................................................................150 11.2.4 Secretaria Municipal de Administração ...................................................................151 11.2.5 Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano .............................152 11.2.6 Secretaria Municipal do Meio Ambiente .................................................................152 11.2.7 Secretaria Municipal de Turismo, Esportes e Lazer ................................................153 11.2.8 Secretaria Municipal da Cidadania e Ação Social ...................................................154 11.2.9 Secretaria Especial do Cassino.................................................................................155 11.2.10 Secretaria Municipal de Agricultura ......................................................................155 11.2.11 Secretaria Municipal da Pesca................................................................................156 11.2.12 Secretaria Municipal de Serviços Urbanos ............................................................157 11.2.13 Secretaria Municipal de Segurança, Transporte e Trânsito....................................158 11.2.14 Secretaria Municipal de Fazenda ...........................................................................159 11.2.15 Secretaria Municipal da Saúde...............................................................................159 11.2.16 Secretaria Municipal de Coordenação e Planejamento ..........................................160 11.3 Responsabilidades das Instituições no PLAM ....................................................................161 11.3.1 O Papel das Instituições na Implementação do PLAM............................................161 11.3.2 Papel do Governo Municipal: ..................................................................................162 8 11.3.3 Papel da Iniciativa Privada na Construção do Programa de Monitoramento...........162 11.3.4 Papel da Comunidade Científica na Construção do PLAM .....................................162 11.3.5 Papel das Organizações Não Governamentais .........................................................163 11.3.6 Papel do Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro........................................163 12 - ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO PLANO AMBIENTAL.......................................164 13 - INSTRUMENTOS DE EXECUÇÃO..................................................................................166 13.1 Programas Ambientais - PA............................................................................................166 13.1.1 Estrutura Funcional do Plano Ambiental Municipal do Rio Grande .......................167 13.1.2 Programa de Controle e Licenciamento Ambiental (PCLA) ...................................170 13.1.3 Programa de Manejo e Planejamento Ambiental - PMPA.......................................176 13.1.4 Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social (peacs) .....................178 13.2 Zoneamento Ecológico Econômico Municipal ...............................................................182 13.3 Sistema de Informações Geoambientais - SIGEO ..........................................................186 13.4 Sistema de Monitoramento Ambiental Municipal – SMAM ..........................................187 13.5 Relatório de Qualidade Ambiental Municipal - QAM....................................................187 13.6 Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV .........................................................................188 14. FUNCIONAMENTO INSTITUCIONAL DO PLAM .........................................................189 15.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................192 9 LISTA DE ANEXOS Anexo 1 – Mapas 1.1 Interesses públicos no município 1.2 Zoneamento Ecológico Econômico Municipal 1.3 Mapa de usos do solo 1.4 Mapa da base legal ambiental 1.5 Conflitos de interesse municipais Anexo 2 – Diagnósticos Ambientais Diagnóstico do Saco da Mangueira Diagnóstico da Apa da Lagoa Verde Diagnóstico da Orla Costeira Diagnóstico da Ilha dos Marinheiros Diagnóstico das Áreas de Preservação (Aps) do Distrito Industrial Anexo 3 – Programas de Manejo e Planejamento Ambiental 3.1 Projeto Orla 3.2 Programa de Manejo das Dunas Costeiras 3.3 Programa de Manejo da Ilha dos Marinheiros 3.4 Programa de Manejo das APPs do Distrito Industrial 3.5 Agenda Ambiental Portuária 3.6 Agenda Ambiental Municipal (Resultante do workshop) 10 SIGLAS ALL – América Latina Logística do Brasil S/A CAIMA – Conselho Ambiental da Ilha dos Marinheiros CEA – Centro de Estudos Ambientais CEDIC – Centro de Experimentação e Divulgação Científica CEEE – Companhia Estadual de Energia Elétrica CIRG – Centro das Indústrias de Rio Grande COGEAMA/DIRG – Conselho Gestor das APPs do Distrito Industrial de Rio Grande COMAPERG - Conselho Municipal de Desenvolvimento da Agropecuária, Pesca, Micro e Pequena Empresa COMDEMA – Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente COMTUR – Conselho Municipal de Turismo COREDE – Conselho Regional de Desenvolvimento CORSAN – Companhia Riograndense de Saneamento DEFAP - Departamento de Florestas e Áreas Protegidas da Secretaria Estadual do Meio Ambiente EMATER – Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FEPAGRO – Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental FETAG – Federação dos Trabalhadores na Agricultura FURG – Fundação Universidade Federal do Rio Grande IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. IRGA – Instituto Riograndense do Arroz LabGerco – Laboratório de Gerenciamento Costeiro 11 NEMA – Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental OGMO/RG – Órgão Gestor de Mão-de-Obra do Trabalho Portuário Avulso do Porto do Rio Grande PATRAM – Patrulha Ambiental SEAP – Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca SEARG – Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos de Rio Grande SEDAI – Secretaria Estadual do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais SEMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente SETUR – Secretaria Estadual do Turismo SINDANAVE/RS - Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Rio Grande do Sul SISMAM – Sistema de Monitoramento Ambiental Municipal SMA – Secretaria Municipal de Administração SMAG – Secretaria Municipal da Agricultura SMCAS – Secretaria Municipal de Cidadania e Ação Social SMHADU – Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano SMMA – Secretaria Municipal do Meio Ambiente SMP – Secretaria Municipal da Pesca SMSTT – Secretaria Municipal de Segurança, Transporte e Trânsito SMSU – Secretaria Municipal de Serviços Urbanos SMTEL – Secretaria Municipal de Turismo, Esportes e Lazer SUPRG – Superintendência do Porto do Rio grande 12 1. LOCALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DO RIO GRANDE O município de Rio Grande está localizado na Planície Costeira do Rio Grande do Sul (Figura1), entre os paralelos 31° 47’ 02’’ e 32° 39’ 45’’ de Latitude Sul e entre os meridianos de 52° 03’ 10’’ e 52° 44’ 10’’ de Longitude Oeste. O município tem uma área de 3.338 km2 dividida em cinco Distritos: 1° Distrito: Cidade de Rio Grande e Balneário do Cassino 2° Distrito: Ilha dos Marinheiros e ilhas menores (Ilha das Pombas, dos Cavalos, da Pólvora, Leonídio, Caldeirão, das Cabras e Constância). 3° Distrito: Povo Novo, Torotama, Mosquito e Martin Coelho 4° Distrito: Taim 5° Distrito: Vila da Quinta Limita-se ao norte com o município de Pelotas e a Laguna dos Patos, ao sul com Santa Vitória do Palmar, à leste com o Oceano Atlântico e a Oeste com Pelotas e Arroio Grande através da Lagoa Mirim e Canal de São Gonçalo. As principais vias de acesso terrestre ao município estão representadas pelas rodovias federais BR 392 (Pelotas - Rio Grande) e a BR 471 (Chuí - Rio Grande) e pela ferrovia da ALL (América Latina Logística S/A). Por água, há vias navegáveis que dão acesso através da Lagoa dos Patos e por via marítima até o Porto de Rio Grande. As áreas e setores portuários, definidas pelo Plano de Zoneamento das Áreas do Porto Organizado do Rio Grande (1995) localizam-se na margem oeste do estuário, adjacente à extremidade da península onde se situa o centro administrativo de Rio Grande (Porto Velho, Porto Novo), do pontal da Mangueira até a raiz do molhe oeste (Superporto) e margem leste do Canal da Barra de Rio Grande (São José do Norte). 13 27º 15 10 5 0 RIO GRANDE DO SUL -5 BRASIL -10 -15 -20 -25 -30 -35 -40 -45 -50 34º -90 -85 -80 -75 -70 -65 -60 -55 -50 -45 -40 49º30' 58º Pelotas 6480000 Laguna dos Patos 3 Distrito 6470000 Torotama 6460000 Ilha dos Marinheiros BR 392 2 Distrito Rio Grande Arroio Grande 6450000 5 Distrito 6440000 1 Distrito Cassino 6430000 4 Distrito BR 471 6420000 6410000 OCEANO ATLÂNTICO Lagoa Mirim 6400000 6390000 metros Santa Vitória do Palmar 0 6380000 340000 350000 360000 370000 380000 10000 390000 20000 400000 Figura 1. LOCALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL 14 2. CONCEITOS BÁSICOS DO PLANO AMBIENTAL MUNICIPAL Como forma de garantir a integração e comprometimento dos diversos segmentos da administração Municipal, da sociedade civil organizada e da iniciativa privada visando o planejamento, a proteção, a recuperação, a avaliação e o uso ecologicamente sustentável do meio ambiente, as seguintes orientações básicas foram adotadas na elaboração do Plano Ambiental de Rio Grande. Tais diretrizes visam a sua organização administrativa, institucional e operacional por meio de ações voltadas ao controle e monitoramento das atividades efetiva ou potencialmente causadoras de degradação ambiental. Para os fins previstos neste plano, adotam-se os conceitos estabelecidos na Lei Estadual nº 11.520, de 03 de agosto de 2000, que institui o Código Estadual do Meio Ambiente, entendendo-se por: Degradação da qualidade ambiental: Alteração adversa das características do meio ambiente; Degradação do ecossistema: Alteração na sua diversidade e constituição física, de tal forma que afete a sua funcionalidade ecológica, impeça a sua auto-regeneração, deixe de servir ao desenvolvimento de atividades e usos das comunidades humanas ou de fornecer os produtos que as sustentam; Dunas Móveis: Corpos de areia acumulados naturalmente pelo vento e que, devido à inexistência ou escassez de vegetação, migram continuamente; também conhecidas por dunas livres, dunas ativas ou dunas transgressivas; Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentados como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. Impacto Ambiental Supramunicipal: É todo e qualquer impacto ambiental que afete diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais municípios de uma ou mais regiões. 15 Licenciamento Ambiental: Procedimento administrativo de natureza autorizatória, pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação, a operação e a desativação de empreendimentos e atividades que utilizam os recursos ambientais consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. Licença Ambiental: Instrumento da Política Estadual de Meio Ambiente, decorrente do exercício do Poder de Polícia Ambiental, cuja natureza jurídica é autorizatória Marisma: Terrenos baixos, costeiros, pantanosos, de pouca drenagem, essencialmente alagados por águas salobras e ocupados por plantas halófitas anuais e perenes, bem como por plantas de terras alagadas por água doce; Meio Ambiente: Conjunto de condições, elementos, leis, influências e interações de ordem física, química, biológica, social e cultural que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; Órgão Ambiental: Órgão do poder executivo federal, estadual ou municipal, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, responsável pelo licenciamento ambiental, fiscalização, controle e proteção do meio ambiente, no âmbito de suas competências; Plano Ambiental: É o conjunto de medidas administrativas e operacionais para implementação da política ambiental local e regional, enfocando programas e projetos voltados à proteção e recuperação do meio ambiente; Poluição: Toda e qualquer alteração dos padrões de qualidade e da disponibilidade dos recursos ambientais e naturais, resultantes de atividades ou de qualquer forma de matéria ou energia que, direta ou indiretamente, mediata ou imediatamente: a) prejudique a saúde, a segurança e o bem-estar das populações ou que possam vir a comprometer seus valores culturais; b) crie condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afete desfavoravelmente a biota; d) comprometa as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 16 e) altere desfavoravelmente o patrimônio genético e cultural (histórico, arqueológico, paleontológico, turístico, paisagístico e artístico); f) lance matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; g) crie condições inadequadas de uso do meio ambiente para fins públicos, domésticos, agropecuários, industriais, comerciais, recreativos e outros. Poluidor: A pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; Preamar: Altura máxima do nível do mar ao longo de um ciclo de maré, também chamada de maré cheia; Projetos Ambientais: Consistem em um conjunto de atividades programadas, com início e fim preestabelecidos, envolvendo recursos humanos, técnicos e logísticos, com a finalidade de realizar, pelo menos uma meta ambiental, otimizando os efeitos das manifestações dos fenômenos a ela vinculados; Recursos Ambientais: São os componentes da biosfera necessários à manutenção do equilíbrio e da qualidade do meio ambiente associados à qualidade de vida e à proteção do patrimônio cultural (histórico, arqueológico, paleontológico, artístico, paisagístico e turístico), passíveis ou não de utilização econômica; Região Estuarina-lagunar: Área formada em função da inter-relação dos cursos fluviais e lagunares, em seu deságüe no ambiente marinho; Trecho da Orla Marítima: Seção da orla marítima abrangida por parte ou todo da unidade paisagística e geomorfológica da orla, delimitado como espaço de intervenção e gestão; Trecho da Orla Marítima de Interesse Especial: Parte ou todo da unidade paisagística e geomorfológica da orla, com existência de áreas militares, tombadas, de tráfego aquaviário, instalações portuárias, instalações geradoras e transmissoras de energia, unidades de conservação, reservas indígenas, comunidades tradicionais e remanescentes de quilombos; 17 Unidade geoambiental: Porção do território com elevado grau de similaridade entre as características físicas e bióticas, podendo abranger diversos tipos de ecossistemas com interações funcionais e forte interdependência. 18 3. ENFOQUE O enfoque adotado na concepção do Plano Ambiental de Rio Grande é o do Planejamento Colaborativo: com o crescimento da importância da sociedade civil existe um progressivo questionamento ao “estado soberano” e sua ilusão de autosuficiência que se reflete no modus operandi conhecido como “decidir-anunciardefender”, o modelo DeAD (Muller, 2002 In: Salas, inédito). Essa crítica é acompanhada por uma exigência de democratização dos processos de tomada de decisão, e é na planificação onde estas demandas encontram um grande eco. Os planificadores, decepcionados com a baixa efetividade da planificação exaustiva e “tecnicamente perfeita” dos anos 60 influenciados pelas tendências emancipatórias nas ciências sociais, começam a assumir o desafio desenvolvendo o que a partir dos anos 90 se conhece como “planificação comunicativa” ou “planificação colaborativa” (ver Healy 1997 e Salas 2005). Uma forma de concretizar a planificação colaborativa, aprofundando a participação, é a realização de diálogos políticos orientados à formulação de políticas, programas e planos em processos participativos sob aplicação dos princípios e ferramentas de mediação (Figura 2). Figura 2. Modelo DeAD adotado pelo PLAM – Rio Grande. 19 4. DIRETRIZES Constituem diretrizes gerais de ação para implementação do Plano Ambiental de Rio Grande: I – A gestão sistemática dos recursos socioambientais; II – A integração das políticas públicas incidentes na zona costeira; III – Ênfase nos aspectos quantitativos e qualitativos de planejamento, controle e monitoramento do meio ambiente, de forma compatível com os objetivos de melhoria da qualidade ambiental, previstos em Lei e definidos em curto prazo (quatro anos) a partir das propostas apresentadas pelo município; IV – Inventário dos usos presentes dos recursos socioambientais locais e dos conflitos resultantes; V – Projeção dos usos e das disponibilidades de recursos socioambientais e os conflitos potenciais; e VI – Processo de consulta pública. 20 5. PRINCÍPIOS ORIENTADORES O planejamento municipal para a conservação da biodiversidade e dos ecossistemas de Rio Grande, dar-se-á com base nos seguintes princípios: 1. O Município deverá planejar estratégias de desenvolvimento, conservação e preservação de forma a integrar-se no sistema regional de planejamento implementando em escala local as prioridades definidas em escala global, nacional e estadual de acordo com as potencialidades locais. 2. O Município em pleno acordo com o Conselho Gestor de Rio Grande estabelecerá um zoneamento, que defina os limites ecológicos para o uso do solo, tendo em vista as necessidades de conservação da biodiversidade. 3. O Município deverá integrar-se no esforço da manutenção de populações viáveis de todas as espécies nativas da fauna e flora, implementando ações de conservação, de acordo com as oportunidades locais e os padrões regionais atuais de distribuição e abundância dos habitats e espécies. 4. A aplicação do princípio da precaução, tal como definido na Agenda 21, adotandose medidas eficazes para impedir ou minimizar a degradação do meio ambiente, sempre que houver perigo de dano grave ou irreversível, mesmo na falta de dados científicos completos e atualizados. 5. O comprometimento e a cooperação entre as esferas de governo, e dessas com a sociedade, no estabelecimento de políticas, planos e programas federais, estaduais e municipais implementados no município. 6. Princípio da inserção regional: o planejamento municipal deverá ser coerente e complementar as prioridades definidas em escala regional. 7. Deverá considerar os inputs de todos os atores para estabelecer políticas para a alocação equilibrada do espaço e recursos da zona costeira. 8. De um processo evolutivo, frequentemente requerendo soluções interativas para complexas questões de caráter econômico, social, ambiental, legal e regulatórias. 9. Deve ser implementado através de arranjos legais e institucionais específicos, no nível de governo ou comunidade. 21 10. Levar em consideração o Sistema Estadual de Proteção Ambiental – SISEPRA, conforme a Lei Estadual nº 10.330/94, de 27 de dezembro de 1994, em metas a serem alcançadas pelo município em prazos a serem definidos por meio de um amplo processo de discussão entre os mais diversos atores municipais. 11. Princípio da proteção de habitats: a estratégia de conservação deverá contemplar amostras representativas de todos os tipos de habitats encontrados no município; 12. Principio de proteção de processos: a estratégia de conservação deverá privilegiar a preservação de processos funcionais, por meio da proteção das estruturas chaves relacionadas com estes, como a qualidade e a circulação da água, a produtividade primária e a manutenção da biodiversidade; 13. Princípio da conectividade: as áreas naturais remanescentes deverão ser interligadas de forma coerente com a organização espacial do sistema regional de áreas protegidas, por meio de ações de eliminação de barreiras e manutenção de corredores ecológicos; e 14. Princípio da permeabilidade da matriz: as áreas privadas deverão ser geridas de forma a reduzir o efeito de borda sobre as áreas de proteção, protegendo habitats e recursos complementares, garantindo a conectividade dos habitats e protegendo processos funcionais chaves. 22 6. OBJETIVOS São objetivos do Plano Ambiental (PLAM) de Rio Grande: a) Estabelecer um processo de gestão, de forma integrada, descentralizada e participativa, das atividades socioeconômicas do município, de modo a contribuir para elevar a qualidade de vida de sua população e a proteção de seu patrimônio natural, histórico, étnico e cultural. b) Explicitar desdobramentos da integração das seguintes políticas públicas incidentes na zona costeira do Rio Grande do Sul: Política Nacional para os Recursos do Mar – PNRM, Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC, Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro – PEGC, Sistema Nacional de Unidades de Conservação SNUC, Estatuto da Cidade; Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH; Política Nacional de Educação Ambiental e o Plano Diretor Municipal visando assim implementar um plano em que possam ser incluídas as responsabilidades e os procedimentos institucionais e setoriais para a sua execução, além de guardar estreita relação com os planos de uso e ocupação do território pertinentes ao planejamento municipal. c) Integrar e Harmonizar as políticas setoriais para o município no contexto ambiental. d) Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; e) Utilizar de forma racional e integrada os recursos hídricos, com vistas ao desenvolvimento sustentável; f) Incorporar a dimensão ambiental nas políticas setoriais voltadas à gestão integrada do ambiente insular; g) Controlar os agentes causadores de poluição ou degradação ambiental que ameacem a qualidade de vida na zona costeira; h) Produzir e difundir o conhecimento para o desenvolvimento e aprimoramento das ações de gestão; i) Prevenir e defender contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais; e 23 j) Estabelecer e conduzir padrões de uso e ocupação do solo frente às mudanças climáticas globais. 24 7. METODOLOGIA 7.1 Antecedentes O processo de elaboração do Plano Ambiental Municipal foi conduzido de forma participativa com a sociedade civil organizada em várias instâncias de participação. Partiu-se de um diagnóstico institucional com o propósito de se identificar a organização da estrutura administrativa municipal, suas secretarias e conselhos, e as responsabilidades legais de cada setor. Os projetos e ações ambientais em curso no município, em várias instâncias públicas e privadas, foram identificados e integrados aos programas ambientais do PLAM que foram complementados com a participação da sociedade civil organizada em uma oficina realizada nos dias 9 e 10 de outubro. Os principais problemas ambientais, as metas e as ações necessárias para o encaminhamento das soluções ambientais foram identificados nessa oficina e foram incorporados aos programas ambientais. Paralelamente, as áreas de interesses públicos foram identificadas em oficinas realizadas no âmbito da prefeitura municipal. Uma matriz de conflito de interesses foi elaborada, gerando um mapa dos conflitos potenciais no município, que apontam as áreas mais críticas ao planejamento ambiental. Uma série de mapas ambientais foi gerada: • Mapa de uso do solo • Mapa de zoneamento ecológico econômico municipal • Mapa da base legal ambiental • Mapa de interesses públicos • Mapa de conflitos ambientais. Esses mapas foram submetidos à avaliação crítica da comunidade durante a oficina e as sugestões e críticas foram levadas em consideração na elaboração da versão final. O zoneamento ecológico econômico integra no município as políticas incidentes de caráter ambiental dos níveis estaduais e federais e se encontram no Anexo 1 que compõe o presente plano. 25 7.2 Metodologia do Workshop A estrutura da dinâmica de trabalho adotada baseou-se num processo seqüencial realizado com subgrupos. Partindo de um tema gerador, buscou-se uma visualização clara dos problemas prioritários e ações necessárias no entendimento dos participantes. Como ferramenta de trabalho foi utilizada o Metaplan, no intuito de organizar as idéias e considerações dos participantes por meio dos cartões e canetas coloridas. Primeira etapa: Os participantes foram divididos aleatoriamente em três grupos, sendo que cada um deles contou com um mediador, um apoiador e um relator para sistematizar as discussões. O material utilizado como tema gerador foi o Mapa de Zoneamento do Interesses Públicos no Território, elaborado com a participação das secretarias municipais1 numa etapa prévia do processo de planejamento. Este mapa conta com informações de base (estradas, ferrovias, rios, área urbana, porto, etc.) e as áreas do município onde ocorrem interesses de uso do tipo: (a) Pesqueiro, (b) Pecuário, (c) Industrial, (d) Florestal, (e) Turístico, (f) Agrícola, (g) Transporte, (h) Ambiental e (i) Cultural. Considerando o material como uma proposta para debate, os participantes recomendaram alterações para refinar o zoneamento e modificar situações, que em seus entendimentos mostravam-se inadequadas. Este procedimento possibilitou uma boa visualização territorial das principais atividades econômicas do município. Os conflitos das atividades com o ambiente e aqueles decorrentes da sobreposição de interesses ficaram mais evidentes, subsidiando a etapa seguinte em que foram preenchidas matrizes para a avaliação da importância dos conflitos. Para auxiliar na tarefa, além do mapa de interesses no território estavam disponíveis: um mapa da legislação ambiental, com as diferentes áreas protegidas por lei e uma proposta de Zoneamento Ecológico Econômico, indicando, com base em atributos naturais e socioeconômicos, as regiões apropriadas para preservação, conservação e desenvolvimento no município de Rio Grande. Segunda etapa: Foi caracterizada pelo preenchimento individual das matrizes de avaliação dos conflitos de interesse por cada participante. Os diferentes interesses (setores) econômicos trabalhados no mapa foram correlacionados entre si e suas interações foram estimadas em graus de importância como alto, médio ou baixo. Com 1 As seguintes secretarias colaboraram: Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SMMA; Coordenação e Planejamento – SMCP; Administração – SMA; Pesca – SMP; Serviços Urbanos – SMSU; Habitação e Desenvolvimento Urbano – SMHADUR, Segurança Trânsito e Transporte – SMSTT; e Turismo Esporte e Lazer – SMTEL. 26 base nos resultados individuais, o mediador de cada grupo fez a ponderação das interações, identificando quais as mais conflituosas na visão dos participantes e dando origem a uma matriz de consenso. Desta maneira foram construídas três matrizes indicando os conflitos de alto grau de importância, que de alguma forma se relacionam aos principais problemas do município e se tornaram alvo das discussões subseqüentes na construção do plano. Assim, todos os participantes foram reunidos e a segunda parte da metodologia foi exposta. Novamente formaram-se três subgrupos, a partir do critério de interesse ou afinidade com os setores econômicos (TABELA1), agrupados da seguinte forma: TABELA 1: Critérios de divisão dos subgrupos para identificação dos problemas. SUBGRUPOS INTERESSES Grupo 1 Pecuário Pesqueiro Florestal Agrícola Grupo 2 Industrial Transporte Portuário Grupo 3 Urbano Turismo Cultural Conservação da natureza A lógica do trabalho realizado pelos grupos, na seqüência, foi uma descrição dos problemas ambientais decorrentes dos conflitos de interesses existentes em Rio Grande e a posterior identificação de três considerados como prioritários. A cada um destes problemas principais foi associada uma meta – considerada como um objetivo capaz de ser quantificado. Para cada Problema/Meta foram elencadas três ações possíveis de serem realizadas na esfera de atuação municipal, inclusive com alternativas de financiamento. Uma condição desejada para as ações, porém não excludente, foi o encadeamento das mesmas, que ocorre quando a execução de uma ação fornece subsídios à implementação das demais. 27 Em uma outra etapa, os mesmos grupos continuaram o trabalho descrito acima, cada um no seu ritmo e tratando seus respectivos interesses. A (Figura 3) ilustra o procedimento metodológico adotado a partir da identificação dos problemas prioritários. P1 Problema M1 Metas A 1 Curto A 2 Médio A 3 Longo Ações Classe Prazos Responsabilidades Indicadores Figura 3. Fluxograma da metodologia: definição de problemas e ações prioritárias. Após a definição das três ações necessárias ao cumprimento de cada meta, ocorreu a classificação destas quanto ao seu tipo: técnica, legal, institucional, financeira, política ou educacional. E cada grupo definiu um horizonte de tempo para considerar como curto, médio ou longo prazo. Neste ponto, é importante destacar que estes horizontes temporais foram diferentes para cada grupo e devem ser homogeneizados na versão final do PLAM. Como forma de encaminhar a execução das ações listadas, foram definidos os respectivos responsáveis, ou no caso, as instituições encarregadas de coordenar, implementar e fiscalizar as atividades propostas para a resolução dos problemas. A última tarefa nesta etapa do planejamento foi o estabelecimento de indicadores – ou variáveis mensuráveis e capazes de atestar o estágio de realização de cada ação – como ferramentas para a avaliação do processo de implementação do plano como um todo e particularmente da execução das ações propostas. Ao fim do workshop, foram produzidos três quadros gerais – um por grupo – contendo os seguintes elementos: 28 a) três problemas prioritários, relacionados com os conflitos existentes entre as atividades econômicas e destas com o ambiente; b) três metas – cada uma associada a um problema específico – descritas na forma da solução dos problemas prioritários; c) nove ações, sendo três ações propostas para o cumprimento de cada meta; d) classificação das ações devido ao seu caráter (técnico, legal, institucional, educacional, política); e) prazo para cumprimento das ações (curto, médio e longo); f) listagem das instituições responsáveis pelo encaminhamento e execução de cada ação, e finalmente; g) indicadores do estado de implementação destas ações. A última atividade realizada no âmbito do workshop foi a apresentação de cada um dos quadros gerais a todos os demais participantes, sendo a tarefa realizada por algum integrante do grupo de trabalho que o gerou. 29 8. INVENTÁRIO AMBIENTAL MUNICIPAL 8.1 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA LOCAL Toda a área do município de Rio Grande está localizada sobre terrenos sedimentares cuja evolução se processou desde 325.000 anos atrás até hoje. O mapa geológicogeomorfológico da área do município mostra que os terrenos mais antigos situam-se a oeste e são representados por sedimentos marinhos, eólicos e lagunares pleistocênicos (Barreiras 2 e 3 e Interbarreiras). Os sedimentos mais modernos, de idade holocênica, estão representados pelos sedimentos lagunares dos terraços 3, 4 e 5 e pelos sedimentos eólicos e marinhos da Barreira 4. Segundo Villwock & Tomazzelli (1994), no pico transgressivo holocênico, atingido há cerca de 5100 anos atrás, o nível do mar alcançou nesta região, cerca de 5 m acima do nível atual e possibilitou a formação de uma barreira constituída essencialmente por areias praiais (quartzosas, granulação fina a muito fina) e eólicas. Esta barreira, instalada no máximo transgressivo graças à elevada disponibilidade de sedimentos arenosos existentes na plataforma continental interna, progradou lateralmente durante a fase regressiva que se seguiu. Esta progradação se desenvolveu principalmente através de cordões litorâneos regressivos (“beach ridges”) cujas características ainda podem ser observadas ao sul da cidade de Rio Grande. Para Long & Paim (1987), o processo de migração do canal de Rio Grande é que permitiu o assentamento dos feixes de cordões litorâneos, pela interação entre os processos físicos ligados ao escoamento lagunar e deriva litorânea interagindo com a geomorfologia pretérita. Os autores ressaltam que o principal fator da evolução do canal de Rio Grande é fluvial, mediante migração dos meandros que o compõem, erodindo os flancos côncavos do canal. Os cordões litorâneos desenvolvidos ao sul de Rio Grande ocupam uma vasta superfície (630 Km²) onde se distinguem cinco séries diferentes, e fazem parte da barreira 4, de idade holocênica. Morfologicamente são paralelos uns aos outros e à falésia morta entalhada nos sedimentos pleistocênicos, mas são oblíquos de 15º em relação à linha de costa atual. Próximo à desembocadura da Lagoa dos Patos atingem 13 km de largura, onde se podem individualizar as cinco séries de cordões numerados de S1 a S5. 30 Os mantos de aspersão eólica que aparecem com bastante expressividade sobre os cordões litorâneos não têm sua origem ligada a nenhum fenômeno de erosão costeira, mas sim à destruição das dunas litorâneas que cobriam cada um dos cordões por processos de deflação por ventos dominantes do quadrante NE (Long, 1989). No extremo sul do município ocorre uma região baixa, permanentemente alagada, composta por terraços lagunares recentes (Terraço 4 e 5). Esta área, onde se situa a Estação Ecológica do Taim, parece corresponder a uma antiga comunicação da Lagoa Mirim com o Oceano Atlântico, fechada recentemente pela construção da Barreira 4. Em toda a extensão da costa desenvolve-se um expressivo campo de dunas atuais, com uma largura média de 4-5 km e mantos de aspersão eólica cobrindo grandes extensões dos cordões litorâneos. Nas regiões mais interiorizadas, ocorrem dunas vivas e obliteradas sobre terrenos pleistocênicos. As dunas mais antigas são vegetadas, inclusive com vegetação típica de mata de restinga, e eventualmente tornam-se ativas por interferência humana. 8.2 CLIMA Na região Sul do Brasil, o sistema de circulação atmosférica dominante é aquele associado a Sistemas Frontais (SF), os quais provêm das latitudes médias e são parte intrínseca de ondas atmosféricas de grande escala. Estas atuam no sentido de diminuir o gradiente térmico entre o equador e os pólos, o que fazem pela injeção de ar polar para latitudes mais baixas enquanto o ar tropical desloca-se para as altas latitudes (CLIMANÁLISE, 1986). Segundo o IBGE (1986), o clima no RS caracteriza-se pela presença de chuvas abundantes sem que se defina a existência de um período seco ao longo de um ano normal. Os totais médios anuais de precipitação (ppt) distribuem-se de um modo geral desde os 1200 mm na faixa litorânea até os 1700 mm nos setores setentrionais do estado. Esta distribuição quando analisada versus evapotranspiração potencial revela totais anuais de deficiência hídrica acima de 100 mm e por até 5 meses no setor sul da área. A temperatura média anual fica abaixo de 20ºC chegando a menos de 14ºC nas maiores altitudes. As médias das temperaturas mínimas do mês de julho são inferiores 31 a 10ºC sendo que no inverno as geadas são comuns. No verão, as médias das temperaturas máximas são bem elevadas atingindo 30-32ºC (IBGE, 1986). A regionalização climática, baseada em parâmetros hídricos, define três climas regionais: superúmido a úmido, úmido e úmido a subúmido. A composição do quadro climático regional resulta da interação dinâmica das massas de ar e suas correntes perturbadas, com os elementos da paisagem geográfica. No município de Rio Grande, destaca-se a influência da Massa Polar Atlântica, principalmente no inverno, provocando queda de temperatura, bem como a ação das correntes perturbadas de leste/nordeste mais frequentes durante os meses de verão. As correntes perturbadas do Sul são originadas pelo avanço da Massa Polar Atlântica em direção à zona Intertropical e são responsáveis por uma típica sequência do tempo onde a instabilidade é a tônica principal (IBGE, 1986). O município de Rio Grande enquadra-se na classificação climática Úmido a Subúmido. O balanço hídrico anual apresenta um déficit total médio de 211 mm distribuido ao longo dos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março. Em abril e maio verifica-se a reposição, sendo que de junho até setembro ocorre um excedente de 191 mm. A retirada restringe-se aos meses de outubro a novembro (IBGE, 1986). As precipitações e temperaturas médias sazonais (TABELA 2) avaliadas entre 1931 e 1960 mostram os seguintes resultados (CLIMANÁLISE, 1986): TABELA 2: Precipitações e temperaturas médias sazonais. VERÃO OUTONO INVERNO PRIMAVERA MEDIA/ANO T 0C 22,8 19,1 13,3 17,1 18,1 PPT mm 246,7 298,6 328,4 288,1 1161,8 Os três meses mais chuvosos registrados na Estação Climatológica de Rio Grande, com base em dados do período de 1958 - 1978 são julho, agosto e setembro, e o trimestre mais seco corresponde aos meses de outubro, novembro e dezembro (CLIMANÁLISE, 1986). 32 Os ventos são os grandes responsáveis pela dinâmica costeira, pois além de serem a causa das ondas e correntes litorâneas que modelam as zonas costeiras, têm influência direta no regime de enchentes e vazantes do estuário e também promovem o transporte eólico da areia seca da praia para as dunas e destas para zonas mais interiores. A alternância entre Sistemas de Altas Pressões Tropicais e Polares (Anticiclones) determina um regime de ventos para a costa Sul do Brasil, com predominância de ventos do quadrante NE nos meses de primavera e verão, e dos ventos de W-SW nos meses de inverno (Tomazelli, 1993). Tomazelli (op. cit.), analisou os dados de três estações meteorológicas nas cidades de Torres, Imbé e Rio Grande, correspondentes a um período de 13 anos (1970 a 1982). A TABELA 3 apresenta os dados de direção e velocidade para a estação de Rio Grande. TABELA 3: Frequência percentual dos ventos (direção e velocidade) registrados na estação de Rio Grande no período de 1970 a 1982 (Tomazelli, 1993). Total de observações: 13.628. DIREÇÃO INTERVALOS DE VELOCIDADE % V MÈDIA 1-4 5-7 8 - 10 11 - 13 14 N 9.1 3.0 0.6 0.1 0.1 12.9 3.0 NE 15.3 5.8 1.0 0.1 0.1 22.3 3.7 E 9.7 2.3 0.2 0.0 0.0 12.3 3.1 SE 8.6 2.3 0.3 0.1 0.0 11.4 3.3 S 6.4 3.2 0.7 0.2 0.1 10.5 4.2 SW 9.5 3.1 0.7 0.1 0.1 13.5 3.8 W 3.77 1.2 0.2 0.0 0.0 5.1 3.5 NW 3.2 0.4 0.1 0.0 0.0 3.7 2.6 Calma - - - - - 8.4 0.0 As frentes frias (SF) propagam-se de Sudoeste para Nordeste com uma frequência anual de aproximadamente 6,5 dias (Tozzi, 1995), sendo regidas por centros de baixa 33 pressão ciclônicos que se deslocam em médias latitudes, provocando tempestades oceânicas e continentais. Segundo Tozzi (op. cit.), a situação mais comum que provoca eventos de marés meteorológicas são os Sistemas Frontais intensos com deslocamento sobre o Oceano Atlântico Sul. Devido às diferenças de até 20 milibares entre os centros de alta e de baixa pressão, esses Sistemas Frontais geram ventos de intensidade muito forte (acima de 30 nós) com uma pista de atuação (“fetch”) desde o sul da Argentina até a região sul do Brasil. Os ventos de S e SW assim gerados, associados à componente de Coriolis, são responsáveis pela geração de ondas de tempestade e promovem o empilhamento de água sobre a costa. O autor destaca que as tempestades extratropicais regem o balanço energético praial, influenciando de maneira sazonal os perfis de erosão e acresção; para a praia do Cassino, observou uma maior intensidade das ressacas de Sul no outono e inverno, com dois eventos de maior energia por mês, e no verão, apenas um por mês. O vento atua de maneira marcante também no desenvolvimento e migração do campo de dunas costeiras. Durante o verão, domina amplamente a direção de vento NE, que atingindo a linha de costa obliquamente na área do município, promove a alimentação do campo de dunas a partir de praias largas e secas. Estas migram para SW com as cristas perpendiculares a direção do vento. Durante o inverno e a primavera, são mais frequentes os fortes ventos de SE, atingindo perpendicularmente a linha de costa e provocando o empilhamento dágua sobre o continente. Esta situação promove erosão da praia e dunas frontais. Uma vez que a fonte da areia não está disponível (aliado ao fato de que as taxas de precipitação são mais elevadas) o fluxo de areia para as dunas é reduzido (Seeliger, 1992). 8.3 OS RECURSOS HÍDRICOS Os recursos hídricos da planície costeira do RS estão muito bem representados por um dos maiores complexos lagunares do mundo onde se destacam três grandes corpos lagunares, as lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira, além de um grande número de lagoas menores distribuídas ao longo da linha de costa. 34 Estes corpos de água doce recebem sua carga hídrica a partir de dois complexos hidrográficos – Patos e Mirim, os quais captam água de cerca de 60% da área do estado além de uma porção do território Uruguaio. O Complexo Hidrográfico Patos compreende 8 bacias, as quais totalizam uma área de 136.772 Km² e o Complexo Mirim abrange uma área de 46.751 Km² distribuída por 6 bacias. A área total dos dois complexos atinge 183.523 Km² (Figura 4). Toda essa carga hídrica, após ser captada pelos corpos lagunares na sua borda ocidental, acaba desaguando no Oceano Atlântico pelo canal de Rio Grande. O município encontra-se na Bacia Hidrográfica L40. Figura 4. Complexo Hidrográfico da Lagoa dos Patos A borda oriental dos corpos lagunares caracteriza-se por uma extensa faixa arenosa que se extende lateralmente até o mar e é nesta região que se situa o município de Rio Grande. Por ser uma área extremamente plana (cotas médias de 5 m), com um substrato arenoso poroso e permeável, a drenagem é muito pobre, inexistindo cursos d’água mais significativos, havendo apenas córregos, arroios, lagos ou açudes de pequeno porte. A área dos corpos lagunares interiores atinge 50 km2 correspondendo a 1,5 % da área do município. A maioria dos arroios que ocorrem nos entornos das áreas urbanas tem sua origem ligada aos banhados das cavas dos cordões litorâneos. Destaca-se ao Norte o Arroio das Cabeças e Arroio Martins, que deságuam no Saco do Martins e ao Sul os Arroios Bolaxa e Vieira que deságuam no Saco da Mangueira (Figura 5). 35 Figura 5. Vista Parcial do Arroio Bolaxa – Rio Grande. 8.4 SOLOS O mapeamento de solos apresentado no Projeto RADAM (IBGE, 1986), indica para a Planície Costeira do Rio Grande do Sul, a presença de Planossolos Solódicos de textura arenosa, média, e média / argilosa aos quais se associam secundariamente Planossolos eutróficos não solódicos e Gleis Pouco Úmidos eutróficos. Localizam-se principalmente próximos às lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira com sua porção mais extensa localizada na margem ocidental da Lagoa dos Patos e são desenvolvidos sobre sedimentos pleistocênicos e holocênicos. Tais solos são intensamente cultivados com arroz em rotação com pastagens, constituindo uma das principais áreas produtoras de arroz do estado. O caráter solódico, conceitualmente atribuído a esses solos, parece não influenciar sobremaneira o desenvolvimento das culturas. Próximo à faixa litorânea constata-se também a presença de Areias Quartzosas Hidromórficas álicas e Plintossolos álicos. O mesmo documento descreve, especificamente para o município de Rio Grande, a presença de solos da classe Podzóis indiscriminados, que compreendem solos minerais com horizonte B podzol (spodic horizon), conforme “Soil Taxonomy” (1975), ou seja, horizonte no qual houve acumulação e precipitação de materiais amorfos ativos, compostos de matéria orgânica e alumínio, com presença ou não de ferro iluvial. 36 São solos arenosos, ácidos, extremamente pobres em nutrientes minerais disponíveis para as plantas, sendo, portanto baixos os valores de soma e saturação em bases. Estes solos são ocupados com campos naturais de baixa qualidade servindo como pastagem e, pela má drenagem que apresentam, têm forte limitação aos cultivos agrícolas, sendo mais recomendada a sua utilização com pastagem ou reflorestamento. Recentemente, Cunha e Silveira (1995) realizaram o mapeamento dos solos do município de Rio Grande na escala 1:100.000, resultado da análise e sintetização dos dados originados coletados por W. G. Sambroek para o Projeto Lagoa Mirim (1969) e de mapeamentos de semi-detalhe subsequentes (BRASIL, 1970). De uma maneira geral, os solos das áreas mais elevadas do município são predominantemente arenosos, não inundáveis, de baixa fertilidade e imperfeitamente a mal drenados (PVA-PLd = Podzólico Vermelho, Amarelo, plíntico distrófico e eutrófico e Planossolo distrófico e eutrófico). Nesta planície não inundável, outra porção apresenta solos mal drenados, rasos e de média fertilidade (PL-HGP = Planossolo eutrófico e Glei Pouco Húmico eutrófico). Tais solos apresentam condições para atividades agrícolas diversificadas desde que sejam manejados para correção da drenabilidade e fertilidade. Em áreas parcialmente inundáveis e bordas do mar e lagoas situam-se solos completamente arenosos, com baixo ou sem aproveitamento agrícola (HP-AQd = Podzol hidromórfico, Areias quartzosas). As planícies inundáveis são constituidas por solos completamente arenosos e argilosos, mal a muito mal drenados (HGP-HG-SK = Glei Húmico, Glei Pouco Húmico, Solo Orgânico Tiomórfico, Solonchak e Podzol Hidromórfico). Pela inundação que sofrem durante parte do ano ou pela natureza arenosa, são considerados sem condições para agricultura e ocupados pela pecuária extensiva. Entretanto, nas proximidades de Rio Grande (Ilha dos Marinheiros, Quinta e Quitéria), tais solos são drenados artificialmente e corrigidos em sua fertilidade por adubação e utilizados extensivamente pela comunidade rural na produção de hortaliças. 37 TABELA 4: Classes de Solos LEGENDA CLASSES DE SOLOS (SBCS) Lombadas Costeiras Arenosas PVe1 Podzólico Vermelho Amarelo plíntico eutrófico e distrófico, Ta, A fraco, Textura arenosa/média, rel. plano, fase veg. campestre com Glei Pouco Húmico indiscriminado. PVe2 Podzólico Vermelho Amarelo plíntico eutrófico e distrófico, Ta, A fraco, Textura arenosa/média, rel. plano, veg. campestre fase erodida com Glei Pouco Húmico indiscriminado. PVd1 Podzólico Vermelho Amarelo plíntico distrófico, Tb, A fraco, Textura arenosa/média, rel. plano, fase veg. campestre com Solo Orgânico e Glei Pouco Húmico indiscriminados. PVd2 Podzólico Vermelho Amarelo plíntico distrófico, Tb, A fraco, Textura arenosa/média, rel. plano, veg. campestre, fase erodida com Solo Orgânico e Glei Pouco Húmico indiscriminados. Planície Alta Costeira PLd1 Planossolo solódico distrófico, Ta, A fraco, textura arenosa/argilosa, relevo plano, fase veg. campestre e Planossolo eutrófico, Ta, A moderado, text. arenosa/argilosa, relevo plano, fase veg. campestre e Solonetz indiscriminado. PLe3 Planossolo solódico eutrófico, Ta, textura arenosa/argilosa, relevo plano, fase veg. campestre e Solonetz, A fraco, text. arenosa/média, relevo plano, fase veg. campestre. Planície Alta Costeira Atacada PLe4 Planossolo eutrófico, Ta, A moderado, text. arenosa/argilosa, rel. plano, fase veg. campestre com Gley Pouco Húmico eutrófico, Ta, A proeminente, text. arenosa/média, relevo plano, fase veg. campestre e Solonetz, A fraco, text. arenosa/média, rel. plano, fase veg. campestre. PLe5 Planossolo solódico eutrófico, Ta, A fraco, text. arenosa/média, rel. plano, fase veg. campestre e Solonetz, A fraco, text. arenosa/média, rel. plano, fase veg. campestre, com Glei Pouco Húmico indiscriminado. PLe6 Planossolo solódico eutrófico, Ta, A fraco, text. arenosa/média, rel. plano, fase veg. campestre e Solonetz, A fraco, text. arenosa/média, rel. plano, fase veg. campestre. Planície Média HGPe1 Glei Pouco Húmico eutrófico, Ta, A proeminente, Text. arenosa/média, relevo plano, fase veg. campestre com Planossolo indiscriminado. 38 Planície Média Baixa HGPe2 Glei Pouco Húmico eutrófico, Ta, A chernozêmico, text. arenosa, relevo plano, fase veg. campestre e Planossolo solódico eutrófico, Ta, A proeminente, textura arenosa/média, relevo plano, fase veg. campestre. Planície Média Encerrada Glei Pouco Húmico, eutrófico, Ta, A proeminente, Text. média/argilosa, fase veg. HGPe3 campestre e Glei Húmico indiscriminado. Terras Baixas de Riachos HGPe4 Glei Pouco Húmico, eutrófico e distrófico, text. argilosa, relevo plano, fase veg. campestre com Glei Húmico e Solo Aluvial indiscriminados. Banhados Fluviais HGe1 Glei Húmico eutrófico, text. média/argilosa, relevo depressão, fase veg. banhado e Solo Orgânico distrófico, Ta, rel. plano, fase veg. aquática. Planície Baixa Lacustre HGPe5 Glei Pouco Húmico solódico eutrófico, Ta, A proeminente, Text. arenosa/média, relevo plano, fase veg. gramíneas aquáticas com Glei Pouco Húmico salino indiscriminado. Planície do São Gonçalo HGe2 Glei Húmico e Glei Pouco Húmico solódico eutrófico, Ta, A proeminente, Text. média/argilosa, relevo plano, fase veg. aquática e Solonchak, A proeminente, text. média/argilosa, relevo plano, fase veg. aquática. Banhados Lacustres HGe3 Glei Húmico eutrófico, Ta, A proeminente, text. média/arenosa, relevo plano, fase veg. aquática e Solo Aluvial eutrófico, Ta, A proeminente, text. média/arenosa, relevo plano, fase veg. aquática. Banhados Lacustres Baixos HGe4 Glei Húmico salino eutrófico, Ta, A chernozêmico, text. argilosa, rel. plano, fase veg. aquática, Solo Orgânico e Glei Tiomórfico indiscriminados. Complexo do S. Gonçalo HGe5 Glei Tiomórfico eutrófico,Ta,A orgânico,text.média/argilosa, rel. plano, fase veg. aquática. 39 Banhados Marginais L. dos Patos SK Solonchak, A proeminente, text. orgânica/arenosa, rel. plano, veg. aquática e Glei Tiomórfico eutrófico, Ta, A proeminente, text. média/arenosa, rel. plano, fase veg. aquática. Traços de Praia HPd1 Podzol Hidromórfico distrófico, Tb, A fraco, text. arenosa, rel. plano, fase veg. gramíneas e Solo Aluvial eutrófico, Ta, A orgânico, text. média/arenosa, rel. plano, fase veg. aquática com Glei Húmico indiscriminado. Dunas Lacustres AQd1 Areias Quartzosas distróficas, Tb, A fraco, textura arenosa, rel. plano, veg. campestre, fase lacustre. Traços de Praia Costeiros HPd2 Podzol Hidromórfico distrófico, A fraco, text. arenosa, rel. plano, fase veg. campestre e Areias Quartzosas distróficas, Tb, A fraco, rel. plano, fase veg. campestre, com Glei Húmico e Solo Orgânico indiscriminados. HPd3 Podzol Hidromórfico distrófico, A fraco, text. arenosa, rel. plano, fase veg. campestre e Areias Quartzosas distróficas, Tb, A fraco, rel. plano, fase veg. campestre. HPd4 Podzol Hidromórfico distrófico, A fraco, text. arenosa, rel. plano, fase veg. campestre e Areias Quartzosas distróficas, Tb, A fraco, rel. plano, fase veg. campestre com Glei Húmico e Solo Orgânico indiscriminados. Dunas Marinhas 40 8.5 FAUNA A análise da composição e diversidade da fauna foi efetuada em base a informações pretéritas sobre os diferentes ambientes da área de estudo e ambientes similares de regiões biogeográficas vizinhas. Visando a complementação das informações registradas sobre a fauna dos vertebrados superiores para aqueles ambientes com menor disponibilidade de dados pretéritos (especialmente os banhados, campos litorâneos e matas de restinga), foi efetuada uma série de saídas de campo (MaioJunho/2006), para amostragem in situ. Os dados obtidos foram agrupados segundo cinco (05) blocos de micro-regiões ambientais (unidades terrestres, margens da Lagoa Mirim, margens do Canal do São Gonçalo, estuário da Lagoa dos Patos, região costeira e oceânica adjacente). Nestas saídas, procedeu-se a amostragem ao longo de um transecto, orientado de modo perpendicular entre as bordas do Canal do São Gonçalo (acesso à Santa Isabel) e a costa atlântica (Banhado do Maçarico), nas proximidades do Arroio do Navio. Em cada saída, foi efetuado o deslocamento a pé, em setores de 2000x50 m, varrendo-se a área em busca da presença da fauna ou de seus vestígios (ossos, tocas, pegadas, restos de alimentação, fezes). Utilizaram-se binóculos 10x21 mm, planilhas de campo e câmeras fotográficas para os registros. Os vestígios foram comparados a guias de campo (vide bibliografia de referência), para identificação a menor taxa possível. Os ambientes foram agrupados em distintas categorias: ilhas e oceano (IO), costa (CO), dunas costeiras (DN), pradarias/campos litorâneos (PR), matas nativas (MN), banhados e lagoas (AC). Os registros sazonais de ocorrência foram agrupados como: residente anual (RA), residente de verão (RV), visitante de verão (VV), visitante de inverno (VI), registro ocasional (OC). Na análise da vulnerabilidade das espécies, utilizaram-se os critérios adotados por Fontana, Benke & Reis (2003) e González (2001), atribuindo-se a seguinte classificação: SD (status desconhecido), NA (não ameaçada), QA (quase ameaçada), VU (vulnerável), EP (em perigo), CA (criticamente ameaçada), PE (provavelmente extinta), RE (regionalmente extinta). Os principais itens alimentares das espécies foram agrupados como: vegetais verdes (VV), néctar e mel (NE), frutas (FR), sementes e grãos (SG), insetos (IN), invertebrados bentônicos (IB), krill (KR), cefalópodes (CF), peixes e crustáceos (PS), pequenos vertebrados (PV), aves (AV), tartarugas (TT), pinípedes (PN), pequenos cetáceos (PC), carniça (CÇ). 41 8.5.1 Unidades Naturais Terrestres 8.5.1.1 Mamíferos a) Composição e diversidade de espécies As paisagens naturais se encontram, em grande parte, fragmentadas e alteradas, em função das grandes áreas requeridas pelas atividades econômicas predominantes, a rizicultura irrigada e a pecuária extensiva. Os componentes terrestres mais freqüentes na área de estudo são os extensos campos litorâneos (pradarias), as páleo-dunas vegetadas e as manchas remanescentes de matas de restinga, interceptados por grandes áreas de hábitats aquáticos interiores, como banhados e pequenas lagoas. Estes mosaicos constituem locais de abrigo, alimentação e reprodução para uma grande biodiversidade de mamíferos, na maioria das vezes, com grande capacidade de deslocamento entre os vários ambientes. Foram registradas as ocorrências e/ou sua possibilidade (devido à distribuição geográfica e similaridade de hábitats preferenciais), de 66 espécies de mamíferos, distribuídas em 20 famílias. Neste conjunto, registraram-se 06 espécies de marsupiais (gambás e cuícas), 6 edentados (tatus e tamanduás). Dentre os 23 carnívoros, registraram-se 03 canídeos (cachorros silvestres), 04 felídeos (gatos do mato), 03 mustelídeos (lontra, zorrilho e furão) e 01 procionídeo (guaxinim). Dentre os morcegos, registraram-se 14 espécies. Dentre os 23 roedores, registraram-se 02 cavídeos (preás), 01 cuniculídeo (paca), 15 murídeos (ratos), 03 ctenomídeos (tuco-tucos), 01 miocastorídeo (ratão-do-banhado) e 01 hidrocherídeo (capivara). Registraram-se ainda 03 espécies de cervídeos (veados), 01 taiassuídeo (porco-do-mato) e 02 leporidae (lebres e coelhos). b) Espécies endêmicas Constatou-se o registro de três espécies de tuco-tuco na região (Figura 6). Segundo o Projeto Tuco-tuco (2006), Ctenomys flamarioni teria distribuição restrita à primeira linha de dunas costeiras do Rio Grande do Sul, entre Hermenegildo e Torres; C. minutus estaria restrito às dunas internas e campos litorâneos da planície costeira entre Santa Marta (SC) e Tavares (RS) e C. lami teria distribuição restrita à Coxilha das Lombas, entre o NW do rio Guaíba e a margem SW da Lagoa dos Barros (RS). Se os vestígios registrados na área do presente estudo confirmarem a presença de C. 42 minutus nos campos litorâneos e dunas interiores, este seria o caso de ampliação da área de distribuição de uma espécie endêmica regionalmente. Figura 6. Tuco-tuco c) Espécies ameaçadas de extinção Na categoria de espécies provavelmente extintas (PE), registraram-se o tamanduábandeira Myrmecophaga tridactyla e o cervo-do-pantanal (Figura 7) Blastocerus dichotomus tuco. (Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, 2001; Silva, 1994). Dentre as espécies criticamente ameaçadas (CA), registraram-se o rato-do-mato-defocinho-ferrugem Wilfredomys oenax (Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, Claramunt & Saralegui, 1999), o veado-campeiro Ozotoceros bezoarticus (Cimardi, 1996; Ferreira, ;2006 Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, 2001; Silva, 1994) e o queixada ou porco-do-mato Tayassu pecari (Cimardi, 1996; Fontana, Bencke & Reis, 2003). Figura 7. Cervo-do-pantanal Na categoria em perigo (EP), registram-se o gato-do-junco ou gato-palheiro Oncifelis colocolo (Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, 2001; Silva, 1994), a preá-dedorso-escuro Cavia magna (González, 2001), a paca Agouti paca (Cimardi, 1996; 43 Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, 2001; Silva, 1994), o rato-dos-montes Akodon reigi (González, 2001), e o tapiti Sylvilagus brasiliensis (Cimardi, 1996; Fontana, Bencke & Reis, 2003; Silva, 1994). Na categoria vulneráveis (VU), registram-se a cuíca-de-cauda-grossa Lutreolina crassicaudata (Cimardi, 1996; Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, 2001; Silva, 1994), o tatu-galinha Dasypus novemcinctus (Cimardi, 1996; González, 2001; Silva, 1994), o tatu-peludo Euphractus sexcinctus (Cimardi, 1996; González, 2001; Seeliger, Cordazzo & Barcellos, 2004), o tamanduá-mirim Tamandua tetradactyla (Cimardi, 1996;Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, 2001; Silva, 1994), o lobo-guará Chrysocyon brachyurus (Cimardi, 1996; Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, 2001; Silva, 1994), o graxaim-do-mato Cerdocyon (Dusicyon) thous (Cimardi, 1996; González, 2001; Silva, 1994), o graxaim-do-campo Lycalopex (Dusicyon) gymnocercus (Cimardi, 1996; Ferreira, 2006; Gianuca, 1998; González, 2001; Seeliger, Cordazzo & Barcellos, 2004; Silva, 1994), o gato-mourisco ou jaguarundi Herpailurus yagouaroundi (Cimardi, 1996; Fontana, Bencke & Reis, 2003; Silva, 1994), o gato-do-mato ou maracajá Leopardus wiedii (Cimardi, 1996; Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, 2001; Silva, 1994), o gato-do-mato-grande Oncifelis geoffroy (Cimardi, 1996; Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, 2001; Silva, 1994), a lontra Lontra longicaudis (Cimardi, 1996; Ferreira, 2006; Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, 2001; Seeliger, Cordazzo & Barcellos, 2004; Silva, 1994), o mão-pelada ou guaxinim Procyon cancrivorus (Cimardi, 1996; Ferreira, 2006; González, 2001; Silva, 1994), o morcegodas-casas Tadarida brasiliensis (Cimardi, 1996; González, 2001; Silva, 1994), falsovampiro ou morcego-fruteiro Sturnira lilium (Cimardi, 1996; Fabián, Rui & Oliveira, 1999; González, 2001; Silva, 1994), o morcego-negro Myotis riparius (González, 2001), a capivara Hydrochoerus hydrochoeris (Cimardi, 1996; Ferreira, 2006; González, 2001; Silva, 1994), o tuco-tuco-branco Ctenomys flamarioni (Fontana, Bencke & Reis, 2003; Seeliger, Cordazzo & Barcellos, 2004; Gianuca, 1998; Projeto Tuco-tuco, 2006), e o veado-virá ou veado-catingueiro Mazama gouazoupira (Cimardi, 1996; Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, 2001; Silva, 1994). Na categoria quase ameaçadas (QA), registraram-se as espécies guaiquica Gracilinanus agilis (Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, 2001), guaiquica-anã Monodelphis dimidiata (Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, 2001), e o tatu-mulita Dasypus hybridus (Ferreira, 2006; Gianuca, 1998; González, 2001; Silva, 1994). 44 Na categoria não ameaçadas (NA), registraram-se o gambá-de-orelha-branca Didelphis albiventris (Cimardi, 1996; Fontana, Bencke & Reis, 2003; González, 2001; Silva, 1994), o zorrilho Conepatus chinga (Cimardi, 1996; Ferreira, 2006; Gianuca, 1998; González, 2001; Silva, 1994), o furão Galictis cuja (Cimardi, 1996; González, 2001; Silva, 1994), o morcego-de-orelhas-brancas Eumops bonariensis (González, 2001), o morcego-de-cauda-grossa Molossus molossus (González, 2001; Silva, 1994), o morcego-vampiro Desmodus rotundus (Cimardi, 1996; Fabián, Rui & Oliveira, 1999; González, 2001; Silva, 1994), o morcego-das-palmeiras Dasypterus ega (González, 2001; Silva, 1994), o morcego Eptesicus furinalis (González, 2001; Silva, 1994), o morcego-de-ventre-branco Myotis albescens (González, 2001), o morcego-acanelado Myotis levis (González, 2001), a preá Cavia aperea (Cimardi, 1996; Ferreira, 2006; González, 2001; Seeliger, Cordazzo & Barcellos, 2004; Silva, 1994), o rato-do-chão Akodon azarae (González, 2001; González, Claramunt & Saralegui, 1999; Silva, 1994), o camundongo-do-campo Calomys laucha (Gianuca, 1998; González, 2001; González, Claramunt & Saralegui, 1999; Seeliger, Cordazzo & Barcellos, 2004), o rato Deltamys kempi (González, 2001; González, Claramunt & Saralegui, 1999), o rato-do-junco Holochilus brasiliensis (González, 2001; González, Claramunt & Saralegui, 1999; Silva, 1994), o rato-grande-d’água Lundomys molitor (González, 2001), o rato-d’água Nectomys squamipes (Silva, 1994), o ratinho-do-mato Oligoryzomys delticola (González, 2001; González, Claramunt & Saralegui, 1999; Silva, 1994), o camundongodo-mato Oligoryzomys flavescens (González, 2001; González, Claramunt & Saralegui, 1999; Silva, 1994), o rato-coelho Reithrodon typicus (González, 2001; González, Claramunt & Saralegui, 1999), o rato-do-banhado Scapteromys tumidus (González, 2001; González, Claramunt & Saralegui, 1999; Silva, 1994), a ratazana Rattus norvegicus (Silva, 1994), o rato-comum-das-casas Rattus rattus (Silva, 1994), o ratãodo-banhado Myocastor coypus (Cimardi, 1996; Ferreira, 2006; González, 2001; Seeliger, Cordazzo & Barcellos, 2004; Silva, 1994), e a lebre-européia Lepus europaeus (Cimardi, 1996; Ferreira, 2006; González, 2001; Seeliger, Cordazzo & Barcellos, 2004; Silva, 1994). As demais espécies registradas enquadram-se na categoria de status desconhecido (SD). 45 8.5.1.2 Aves a) Composição e diversidade de espécies Registraram-se 294 espécies de aves, distribuídas em 54 famílias. Considerando-se que, dentre as aves registradas, encontram-se 29 espécies de furnarídeos, 08 psitacídeos, 10 columbídeos, 43 tiranídeos, 09 hirundinídeos, 08 thraupídeos, 21 emberezídeos e 14 icterídeos, cada qual com seu espectro alimentar, pode-se avaliar a grande capacidade de suporte destes ambientes terrestres e o intenso trânsito realizado no mosaico de ambientes pelas populações da vida silvestre. Estas espécies contribuem para a dieta de 41 aves de rapina (09 falconídeos, 23 acipitrídeos e 09 estrigiformes), o que evidencia a complexidade das relações tróficas destes ambientes. b) Espécies endêmicas Não foram registradas espécies de aves endêmicas nestes ambientes. c) Espécies ameaçadas de extinção Na categoria de espécies regionalmente extintas (RE), registraram-se a arara-azulpequena Anodorhynchus glaucus, o maracanã Primolius maracana. Na categoria de espécies provavelmente extintas (PE), registraram-se o jaó-do litoral Crypturellus noctivagus, o jacu-velho Penelope superciliaris, o gavião-real Harpia harpyja, o uiraçu-falso Morphnus guianensis, o gavião-de-penacho Spizaetus ornatus, o falcão-de-peito-laranja Falco deiroleucus, o topetinho-vermelho Lophornis magnificus, o pixoxó Sporophila frontalis. Dentre as espécies criticamente ameaçadas (CA), registraram-se o macuco Tinamus solitarius, o urubu-rei Sarcoramphus papa, o tauató-pintado Accipiter poliogaster, a águia-cinzenta Harpyhaliaetus coronatus, o gavião-de-cabeça-cinza Leptodon cayanensis, o gavião-de-sobre-branco Percnohierax leucorrhous, o gavião-pato Spizaetus melanoleucus, o gavião-pega-macaco Spizaetus tyrannus, a coruja-do-mato Strix virgata, a juruva-verde Baryphthengus ruficapillus, o araçari-banana Pteroglossus bailloni, o araçari-castanho Pteroglossus castanotis, o araçari-poca Selenidera maculirostris, o pica-pau-rei Campephilus robustus, o pica-pau-de-cara-amarela Dryocopus galeatus, o picapauzinho-chorão Picoides mixtus, a galinha-do-mato Formicarius colma, o arapaçu-liso Dendrocincla turdina, o arapaçu-platino Drymornis bridgesii, o corredor-crestudo Coryphistera alaudina, o rabudinho Leptasthenura platensis, o limpa-folha-coroado Philydor atricapillus, o coperete Pseudoseisura 46 lophotes, o tiririzinho-do-mato Hemitriccus orbitatus, o papa-moscas-do-campo Culicivora caudacuta, o patinho-gigante Platyrinchus leucoryphus, o capitão-de-saíra Attila rufus, a tesourinha-da-mata Phibalura flavirostris, o pavó Pyroderus scutatus, o cardeal-amarelo Gubernatrix cristata, o caboclinho-de-barriga-vermelha Sporophila hypoxantha. Na categoria de espécies em perigo (EP), registraram-se o coro-coró Mesembrinibis cayennensis, o gavião-pombo-grande Leucopternis polionotus, o gavião-asa-de-telha Parabuteo unicinctus, o cauré Falco rufigularis, a rola-azul Claravis pretiosa, o papagaio-de-peito-roxo Amazona vinacea, o peixe-frito-pavonino Dromococcyx pavoninus, o peixe-frito-verdadeiro Dromococcyx phasianellus, o murucututu Pulsatrix perspicillata, o curiango-do-banhado Eleothreptus anomalus, o beija-flor-cinza Aphantochroa cirrhochloris, o trovoada-de-bertoni Drymophila rubricollis, a borralhara Mackenziaena severa, o papa-formiga-de-grota Myrmeciza squamosa, a choquinhacinzenta Myrmotherula unicolor, o macuquinho Scytalopus indigoticus, o macuquinhodo-brejo Scytalopus iraiensis, o barranqueiro-de-olho-branco Automolus leucophthalmus, o trepador-sobrancelha Cichlocolaptes leucophrus, o cisqueiro Clibanornis dendrocolaptoides, o limpa-folha-ocráceo Philydor lichtensteini, o estalador Corythopis delalandi, o olho-falso Hemitriccus diops, o papa-moscas-cinzento Contopus cinereus, a araponga Procnias nudicollis, a rendeira Manacus manacus, o papinhoamarelo Piprites chloris, o caneleirinho-de-boné-preto Piprites pileata, a corruíra-docampo Cistothorus platensis, o balança-rabo-leitoso Polioptila lactea, a saíra-militar Tangara cyanocephala, a saíra-sapucaia Tangara peruviana, o caboclinho-de-chapéucinzento Sporophila cinnamomea, o caboclinho-de-papo-branco Sporophila palustris, a patativa Sporophila plumbea, o carretão Agelasticus cyanopus, a iraúna-grande Molothrus oryzivorus. Na categoria de espécies vulneráveis (VU), registraram-se o uru Odontophorus capueira, o gavião-belo Busarellus nigricollis, o gavião-cinza Circus cinereus, a águiachilena Geranoetus melanoleucus, o acauã Herpetotheres cachinnans, o narcejão Gallinago undulata, o maçarico acanelado Tryngites subruficollis, a pomba-galega Patagioenas cayennensis, a pomba-amargosa Patagioenas plúmbea, o charão Amazona pretrei, o sabiá-cica Triclaria malachitacea, o anu-coroca Crotophaga major, o bacurau-rabo-de-seda Caprimulgus sericocaudatus, o rabo-branco-de-gargantarajada Phaethornis eurynome, o tucano-de-bico-verde Ramphastos dicolorus, o picapau-de-banda-branca Dryocopus lineatus, o tovacuçu Grallaria varia, o papa-taoca 47 Pyriglena leucoptera, o macuquinho-pintado Psilorhamphus guttatus, o limpa-folhamiúdo Anabacerthia amaurotis, o lenheiro Asthenes baeri, o junqueiro-de-bico-reto Limnoctites rectirostris, a boininha Spartonoica maluroides, o uí-pi Synallaxis albescens, a marianiha-amarela Capsiempis flaveola, o barbudinho Phylloscartes eximius, a maria-da-restinga Phylloscartes kronei, o papa-moscas-canela Polystictus pectoralis, o guaracavuçu Cnemotriccus fuscatus, a viuvinha Colonia colonus, a noivinha-de-rabo-preto Xolmis dominicanus, o caminheiro-grande Anthus nattereri, o tié-tinga Cissopis leverianus, a saíra-sete-cores Tangara seledon, o coleirinho-do-brejo Sporophila collaris, o caboblinho-de-barriga-preta Sporophila melanogaster, o bico-depimenta Saltator fuliginosus, o peito-vermelho-grande Sturnella defilippii, o vesteamarela Xanthopsar flavus, o gaturamo-verdadeiro Euphonia violacea. Na categoria de espécies quase ameaçadas (QA), registrou-se a ema Rhea americana. As demais espécies registradas enquadram-se na categoria de status desconhecido (SD). 8.5.2 CANAL DE SÃO GONÇALO 8.5.2.1 Mamíferos a) Composição e diversidade de espécies Registraram-se 30 espécies de mamíferos, distribuídas em 8 famílias (Fig.3): 06 didelfídeos (gambás e cuícas), 03 mustelídeos (lontra, zorrilho, furão), 01 procionídeo (guaxinim), 02 cavídeos (preás), 01 cuniculídeo (paca), 15 murídeos (ratos e camundongos) e 01 miocastorídeo (ratão-do-banhado). b) Espécies endêmicas Não foram registradas espécies endêmicas de mamíferos nestes ambientes. c) Espécies ameaçadas de extinção Na categoria de espécies provavelmente extintas (PE), não foi registrada nenhuma espécie. Na categoria de espécies criticamente ameaçadas (CA), foi registrado o rato-de-focinho-ferrugem Wilfredomys oenax. Na categoria de espécies em perigo (EP), registrou-se a preá-de-dorso-branco Cavia magna. Na categoria de espécies vulneráveis (VU), registraram-se a cuíca-de-cauda-grossa Lutreolina crassicaudata, a 48 lontra Lontra longicaudis, o guaxinim Procyon cancrivorus, e a capivara Hydrochoerus hydrochoeris. Na categoria de espécies quase ameaçadas (QA), registrou-se a guaiquica-anã Monodelphis dimidiata. Na categoria de espécies não ameaçadas (NA) registram-se o gambá-de-orelha-branca Didelphis albiventris, o zorrilho Conepatus chinga, a preá Cavia aperea, o rato-do-chão Akodon azarae, o camundongo-do-campo Calomys laucha, o rato Deltamys kempi, o rato-do-junco Holochilus brasiliensis, o rato-granded’água Lundomys molitor, o rato-d’água Nectomys squamipes, o ratinho-do-mato Oligoryzomys delticola, o camundongo-do-mato Oligoryzomys flavescens, o rato-coelho Reithrodon typicus, o rato-do-banhado Scapteromys tumidus, o camundongo-europeu Mus musculus, a ratazana Rattus norvegicus, o rato-comum-das-casas Rattus rattus, e o ratão-do-banhado Myocastor coypus. As demais espécies registradas enquadram-se na categoria de status desconhecido (SD). 8.5.2.1 Aves a) Composição e diversidade de espécies Registrou-se uma expressiva diversidade de aves, através de 151 espécies, distribuídas em 31 famílias: 01 ahimídeo, 19 anatídeos, 04 podicepedídeos, 01 phalacrocoracídeo, 12 ardeídeos, 05 treskiornitídeos, 01 cochlearídeo, 03 ciconídeos, 08 accipitrídeos, 04 falconídeos, 01 aramídeo, 13 ralídeos, 01 recurvirostrídeo, 07 scolopacídeos, 01 jacanídeo, 01 rostratulídeo, 01 larídeo, 03 sternídeos, 02 crotophagídeos, 01 titonídeo, 03 strigídeos, 03 alcedinídeos e 66 passeriformes. b) Espécies endêmicas Não foram registradas espécies endêmicas de aves nestes ambientes. c) Espécies ameaçadas de extinção Na categoria de espécies regionalmente extintas (RE), não foi registrada nenhuma espécie. Na categoria de espécies provavelmente extintas (PE), registrou-se o pixoxó Sporophila frontalis. Dentre as espécies criticamente ameaçadas (CA), registraram-se o capitão-de-saíra Attila rufus, o cardeal-amarelo Gubernatrix cristata, o caboclinho-debarriga-vermelha Sporophila hypoxantha. Na categoria de espécies em perigo (EP), registraram-se o pato-do-mato Cairina moschata, o socó-jararaca Tigrisoma fasciatum, o coro-coró Mesembrinibis cayennensis, o gavião-asa-de-telha Parabuteo unicinctus, a saña-cinza Porzana spiloptera, o macuquinho-do-brejo Scytalopus iraiensis, o papa49 moscas-cinzento Contopus cinereus, o caboclinho-de-chapéu-cinzento Sporophila cinnamomea, o caboclinho-de-papo-branco Sporophila palustris, a patativa Sporophila plumbea, o carretão Agelasticus cyanopus, e a iraúna-grande Molothrus oryzivorus. Na categoria de espécies vulneráveis (VU), registram-se o pato-de-crista Sarkidiornis melanotos, o gavião-cinza Circus cinereus, o narcejão Gallinago undulata, o maçarico acanelado Tryngites subruficollis, o junqueiro-de-bico-reto Limnoctites rectirostris, a boininha Spartonoica maluroides, o guaracavuçu Cnemotriccus fuscatus, a viuvinha Colonia colonus, a noivinha-de-rabo-preto Xolmis dominicanus, o coleirinho-do-brejo Sporophila collaris, o caboclinho-de-barriga-preta Sporophila melanogaster, o peitovermalho-grande Sturnella defilippii, e o veste-amarela Xanthopsar flavus. Na categoria de espécies quase ameaçadas (QA), não foi registrada nenhuma espécie. As demais espécies registradas enquadram-se na categoria de status desconhecido (SD). 8.5.2.2 Peixes a) Composição e diversidade de espécies Pouco se conhece sobre os peixes do Canal São Gonçalo. Os poucos trabalhos científicos publicados tratam dos peixes de ambientes próximos como a Lagoa Mirim e o Banhado do Taim. Aparentemente, até o momento, Burns et al. (2006) representa a primeira e única referência na literatura científica tratando especificamente da ictiofauna do Canal São Gonçalo. Nesse trabalho preliminar, os autores analisam o efeito sobre a movimentação dos ocasionada pela presença de uma eclusa estabelecida na porção inferior do canal, próxima a sua junção com a Lagoa dos Patos. Pesquisas em andamento pelo Laboratório de Ictiologia da FURG uma rica ictiofauna formada por cerca de 85 espécies, incluindo espécies de origem estuarina e marinha que podem ocorrer no Canal São Gonçalo quando a água salgada consegue penetrar até aquela região. Uma análise prévia dos padrões de dominância da ictiofauna nas zonas marginais (< 2m) do canal mostra que apenas umas poucas espécies dominam em termos de abundância relativa e freqüência de ocorrência, como os lambaris (Cheirodon ibicuhiensis, Cyanocharax alburnus, Hyphessobrycon luetkenii, Astyanax fasciatus) a sardinha de água doce (Platanichthys platana) e as tainhas (Mugil platanus e M. curema). 50 b) Espécies endêmicas Não existem espécies de peixes endêmicas ao Canal São Gonçalo. c) Espécies ameaçadas de extinção Das 85 espécies de peixes registradas para o Canal São Gonçalo, (TABELA 5), cinco são consideradas pelo IBAMA (2004) como sobrexplotadas ou ameaçadas de sobreexplotação: o bagre marinho (Genidens barbus), a pescadinha-real (Macrodon ancylodon), a corvina (Micropogonias furnieri), a tainha (Mugil platanus) e a anchova (Pomatomus saltatrix). São todas as espécies de origem marinha que ocorrem em abundância na região estuarina da Lagoa dos Patos durante parte do seu ciclo de vida (bagre marinho, corvina, tainha) ou apenas de modo ocasional, especialmente durante a penetração da cunha salina durante o verão (pescadinha-real, anchova) (Chao et al. 1985). Dentre as espécies que ocorrem no Canal São Gonçalo, nenhuma consta na lista de ameaçadas de extinção na instrução normativa lista No5 do IBAMA (2004). TABELA 5 - Lista de peixes com presença registradas no Canal São Gonçalo entre 2004 e 2006, a partir de coletas realizadas com arrasto de praia, arrasto de fundo e tarrafa. Fonte: Dados não publicados de Garcia & Vieira, Burns & Vieira e Bemvenuti et al. (Laboratório de Ictiologia – FURG) ORDEM Clupeiformes FAMILIA Clupeidae ESPÉCIE Brevoortia pectinata (Jenyns, 1842) Platanichthys platana (Regan, 1917) Ramnogaster arcuata (Jenyns, 1842) Anguilliformes Engraulidae Lycengraulis grossidens (Agassiz, 1829) Curimatidae Cyphocharax voga (Hensel, 1870) Erythrinidae Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Characidae Astyanax eigenmanniorum (Cope, 1894) Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819) Astyanax jacuhiensis (Cope, 1894) Astyanax sp. Bryconamericus iheringii (Boulenger, 1887) Charax stenopterus (Cope, 1894) Cheirodon ibicuhiensis Eigenmann, 1915 Cheirodon interruptus (Jenyns, 1842) Cichlasoma portalegrense (Hensel, 1870) Hyphessobrycon luetkenii (Boulenger, 1887) 51 ORDEM FAMILIA ESPÉCIE Hyphessobrycon reticulatus Ellis, 1911 Hyphessobrycon anisitsi (Eigenmann, 1907) Oligosarcus jenynsii (Günther, 1864) Oligosarcus robustus Menezes, 1969 Pseudocorynopoma doriae Perugia, 1891 Siluriformes Crenuchidae Characidium pterostictum Gomes, 1947 Auchenipteridae Trachelyopterus lucenai Bertoletti, Pezzi Silva & Pereira 1995 Ariidae Genidens barbus (Lacepède, 1803) Genidens genidens (Cuvier, 1829) Genidens planifrons (Higuchi, Reis & Araújo, 1982) Aspredinidae Bunocephalus doriae Boulenger, 1902 Heptapteridae Pimelodella australis Eigenmann, 1917 Heptapterus sympterygium Buckup, 1988 Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) Pimelodidae Parapimelodus nigribarbis (Boulenger, 1889) Pimelodus maculatus Lacepède, 1803 Pseudopimelodidae Microglanis cottoides (Boulenger, 1891) Trichomycteridae Homodiaetus anisitsi Eigenmann & Ward, 1907 Scleronema operculatum Eigenmann, 1917 Callichthyidae Corydoras paleatus (Jenyns, 1842) Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) Loricariidae Loricariichthys anus (Valenciennes, 1836) Rineloricaria cadeae (Hensel, 1868) Rineloricaria longicauda Reis, 1983 Rineloricaria microlepidogaster (Regan, 1904) Hypostomus commersoni Valenciennes, 1836 Hypostomus aspilogaster (Cope, 1894) Hisonotus taimensis (Buckup, 1981) Rineloricaria strigilata (Hensel, 1868) Gadiformes Phycidae Urophycis brasiliensis (Kaup, 1858) Batrachoidiformes Batrachoididae Porichthys porosissimus (Cuvier, 1829) Beloniformes Hemiramphidae Hemiramphus brasiliensis (Linnaeus, 1758) Cyprinodontiformes Anablepidae Jenynsia multidentata (Jenyns, 1842) Gymnotiformes Hypopomidae Brachyhypopomus spp Atheriniformes Atherinopsidae Atherinella brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1825) Odonthestes mirinensis Bemvenuti, 1995 52 ORDEM FAMILIA ESPÉCIE Odontesthes perugiae Evermann & Kendall, 1906 Odontesthes argentinensis (Valenciennes, 1835) Perciformes Centropomidae Centropomus parallelus Poey, 1860 Pomatomidae Pomatomus saltatrix (Linnaeus, 1766) Carangidae Selene setapinnis (Mitchill, 1815) Selene vomer (Linnaeus, 1758) Gerreidae Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863) Eugerres brasilianus (Cuvier, 1830) Sciaenidae Micropogonias furnieri (Desmarest, 1823) Ctenosciaena gracilicirrhus (Metzelaar, 1919) Macrodon ancylodon (Bloch & Schneider, 1801) Menticirrhus americanus (Linnaeus, 1758) Pachyurus bonariensis Steindachner, 1879 Stellifer rastrifer (Jordan, 1889) Cichlidae Crenicichla lepidota Heckel, 1840 Crenicichla punctata Hensel, 1870 Crenicichla lacustris (Castelnau, 1855) Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) Gymnogeophagus gymnogenys (Hensel, 1870) Gymnogeophagus labiatus (Hensel, 1870) Mugilidae Mugil curema Valenciennes, 1836 Mugil platanus Gunther, 1880 Mugil gaimardianus Desmarest, 1831 Pleuronectiformes Gobiidae Ctenogobius shufeldti (Jordan & Eigenmann, 1887) Trichiuridae Trichiurus lepturus Linnaeus, 1758 Paralichthyidae Paralichthys orbignyanus (Valenciennes, 1842) Citharichthys spilopterus Günther, 1862 Achiridae Catathyridium garmani (Jordan, 1889) Cynoglossidae Symphurus jenynsi Evermann & Kendall, 1907 53 8.5.3 LAGOA MIRIM 8.5.3.1 Mamíferos a) Composição e diversidade de espécies Os ambientes predominantes são formados por extensas áreas de campos litorâneos, banhados e lagoas. Registraram-se 64 espécies de mamíferos, distribuídas em 18 famílias: 06 didelfídeos (gambás e cuícas), 04 dasipodídeos (tatus), 02 mirmecofagídeos (tamanduás), 03 canídeos (cachorros-do-mato), 04 felídeos (gatosdo-mato), 03 mustelídeos (lontra, zorrilho, furão), 01 procionídeo (guaxinim), 14 chirópteros (morcegos), 02 cavídeos (preás), 01 cuniculídeo (paca), 15 murídeos (ratos e camundongos), 01 miocastorídeo (ratão-do-banhado), 03 ctenomídeos (tuco-tucos), 03 cervídeos (veados), 01 taiassuídeo (porco-do-mato) e 02 leporídeos (lebres). b) Espécies endêmicas Não foram registradas espécies endêmicas de mamíferos nestes ambientes c) Espécies ameaçadas de extinção Na categoria de espécies provavelmente extintas (PE), registraram-se o tamanduábandeira Myrmecophaga tridactyla, e o cervo-do-pantanal Blastocerus dichotomus. Dentre as espécies criticamente ameaçadas (CA), registraram-se o rato-de-focinhoferrugem Wilfredomys oenax, o veado-campeiro ou veado-branco Ozotoceros bezoarticus, e o queixada ou porco-do-mato Tayassu pecari. Na categoria de espécies em perigo (EP), registraram-se a preá-de-dorso-branco Cavia magna, o gato-palheiro ou gato-do-junco Oncifelis colocolo, e o tapiti Sylvilagus brasiliensis. Na categoria de espécies vulneráveis (VU), registraram-se a cuíca-de-cauda-grossa Lutreolina crassicaudata, tatu-galinha Dasypus novemcinctus, o tatu-peludo Euphractus sexcinctus, o tamanduá-mirim Tamandua tetradactyla, o lobo-guará Chrysocyon brachyurus, o graxaim-do-mato Cerdocyon (Dusicyon) thous, o graxaim-do-campo Lycalopex (Dusicyon) gymnocercus, o gato-mourisco Herpailurus yagouaroundi, o gatodo-mato ou maracajá Leopardus wiedii, o gato-do-mato-grande Oncifelis geoffroy, a lontra Lontra longicaudis, o guaxinim Procyon cancrivorus, o morcego-das-casas Tadarida brasiliensis, o morcego-fruteiro Sturnira lilium, o morcego-grisalho Lasiurus 54 cinereus, o morcego-negro Myotis riparius, a capivara Hydrochoerus hydrochoeris, o tuco-tuco-branco Ctenomys flamarioni, e o veado-catingueiro Mazama gouazoupira. Na categoria de espécies quase ameaçadas (QA), registraram-se a guaiquica-anã Monodelphis dimidiata, o tatu-mulita Dasypus hybridus, e o tatu-de-rabo-mole Cabassous tatouay. Na categoria de espécies não ameaçadas (NA), registraram-se o gambá-de-orelhabranca Didelphis albiventris, o zorrilho Conepatus chinga, o morcego-de-orelhasbrancas Eumops bonariensis, o morcego-de-cauda-grossa Molossus molossus, o morcego-vampiro Desmodus rotundus, o morcego-das-palmeiras Dasypterus ega, o morcego Eptesicus furinalis, o morcego-de-ventre-branco Myotis albescens, o morcego-acanelado Myotis levis, a preá Cavia aperea, o rato-do-chão Akodon azarae, o camundongo-do-campo Calomys laucha, o rato Deltamys kempi, o rato-do-junco Holochilus brasiliensis, o rato-grande-d’água Lundomys molitor, o rato-d’água Nectomys squamipes, o ratinho-do-mato Oligoryzomys delticola, o camundongo-domato Oligoryzomys flavescens, o rato-coelho Reithrodon typicus, o rato-do-banhado Scapteromys tumidus, o camundongo-europeu Mus musculus, a ratazana Rattus norvegicus, o rato-comum-das-casas Rattus rattus, o ratão-do-banhado Myocastor coypus e a lebre-européia Lepus europaeus. As demais espécies registradas enquadram-se na categoria de status desconhecido (SD). 8.5.3.2 Aves a) Composição e diversidade de espécies Registraram-se 300 espécies de aves, distribuídas em 53 famílias: 01 rheídeo, 03 tinamídeos, 01 anhmídeo, 19 anatídeos, 02 cracídeos, 01 odontoforídeo, 04 podicepedídeos, 01 phalacrocoracídeo, 01 anhingídeo, 12 ardeídeos, 5 treskiornitídeos, 01 cochlearídeo, 03 ciconídeos, 01 phoenicopterídeo, 04 cathartídeos, 23 acipitrídeos, 09 falconídeos, 01 aramídeo, 13 ralídeos, 01 cariamídeo, 04 charadrídeos, 01 haematopodídeo, 01 recurvirostrídeo, 11 scolopacídeos, 01 jacanídeo, 01 rostratulídeo, 03 larídeos, 02 sternídeos, 10 columbídeos, 01 psitacídeo, 06 cuculídeos, 01 titonídeo, 08 strigídeos, 05 caprimulgídeos, 01 trochilídeo, 03 alcedinídeos, 06 picídeos e 129 passeriformes. 55 b) Espécies endêmicas Não foi registrada a ocorrência de nenhuma espécie de ave endêmica nestes ambientes. c) Espécies ameaçadas de extinção Na categoria de espécies provavelmente extintas (PE), foram registrados o jaó-dolitoral Crypturellus noctivagus, o jacu-velho Penelope superciliaris, o gavião-real Harpia harpyja, o uiraçu-falso Morphnus guianensis, o gavião-de-penacho Spizaetus ornatus, o falcão-de-peito-laranja Falco deiroleucus, e o pixoxó Sporophila frontalis. Dentre as espécies criticamente ameaçadas (CA), registraram-se o macuco Tinamus solitarius, o urubu-rei Sarcoramphus papa, o tauató-pintado Accipiter poliogaster, a águia-cinzenta Harpyhaliaetus coronatus, o gavião-de-cabeça-cinza Leptodon cayanensis, o gavião-de-sobre-branco Percnohierax leucorrhous, o gavião-pato Spizaetus melanoleucus, o gavião-pega-macaco Spizaetus tyrannus, a coruja-do-mato Strix virgata, o pica-pau-de-cara-amarela Dryocopus galeatus, o picapauzinho-chorão Picoides mixtus, o corredor-crestudo Coryphistera alaudina, o rabudinho Leptasthenura platensis, o limpa-folha-coroado Philydor atricapillus, o coperete Pseudoseisura lophotes, o papa-moscas-do-campo Culicivora caudacuta, o capitão-de-saíra Attila rufus, o cardeal-amarelo Gubernatrix cristata, e o caboclinho-de-barriga-vermelha Sporophila hypoxantha. Na categoria em perigo (EP), registram-se o pato-do-mato Cairina moschata, o corocoró Mesembrinibis cayennensis, o gavião-pombo-grande Leucopternis polionotus, o gavião-asa-de-telha Parabuteo unicinctus, o falcão-de-coleira Falco femoralis, a sañacinza Porzana spiloptera, a rola-azul Claravis pretiosa, o murucututu Pulsatrix perspicillata, o curiango-do-banhado Eleothreptus anomalus, o macuquinho Scytalopus indigoticus, o macuquinho-do-brejo Scytalopus iraiensis, o barranqueiro-de-olho-branco Automolus leucophthalmus, o trepador-sobrancelha Cichlocolaptes leucophrus, o cisqueiro Clibanornis dendrocolaptoides, o limpa-folha-ocráceo Philydor lichtensteini, o papa-moscas-cinzento Contopus cinereus, a corruíra-do-campo Cistothorus platensis, o balança-rabo-leitoso Polioptila lactea, o caboclinho-de-chapéu-cinzento Sporophila cinnamomea, o caboclinho-de-papo-branco Sporophila palustris, a patativa Sporophila plumbea, o carretão Agelasticus cyanopus, e a iraúna-grande Molothrus oryzivorus. 56 Na categoria vulneráveis (VU), registram-se o pato-de-crista Sarkidiornis melanotos, o uru Odontophorus capueira, o gavião-belo Busarellus nigricollis, o gavião-cinza Circus cinereus, a águia-chilena cachinnans, o subruficollis, a narcejão Geranoetus Gallinago pomba-galega melanoleucus, o undulata, Patagioenas a acauã Herpetotheres maçarico-acanelado cayennensis, a Tryngites pomba-amargosa Patagioenas plumbea, o anu-coroca Crotophaga major, o bacurau-rabo-de-seda Caprimulgus sericocaudatus, o pica-pau-de-banda-branca Dryocopus lineatus, o macuquinho-pintado Psilorhamphus guttatus, o limpa-folha-miúdo Anabacerthia amaurotis, o lenheiro Asthenes baeri, o junqueiro-de-bico-reto Limnoctites rectirostris, a boininha Spartonoica maluroides, o uí-pi Synallaxis albescens, a maria-da-restinga Phylloscartes kronei, o guaracavuçu Cnemotriccus fuscatus, e a viuvinha Colonia colonus. Na categoria das espécies quase ameaçadas (QA), registrou-se a ema Rhea americana intermédia. Na categoria não ameaçadas (NA), não foi registrada nenhuma espécie. As demais espécies enquadram-se na categoria de status desconhecido (SD). 8.5.3.3 Peixes a) Composição e diversidade de espécies Embora existam levantamentos da ictiofauna em ambientes adjacentes, como o Banhado do Taim, até o momento não existem levantamentos da ictiofauna realizados especificamente para a Lagoa Mirim. As referências na literatura sobre os peixes dessa região são escassas, sendo restritas a uma breve descrição da pesca artesanal (Machado 1976; Garcez & Botero 2005) e aspectos da taxonomia (Bemvenuti, 1995a; Bemvenuti 1995b) e alimentação de peixes-rei (Piedras & Pouey 2005). Um levantamento prévio realizado pelo Laboratório de Ictiologia da FURG indica a presença de 38 espécies de peixes na Lagoa Mirim. Esse número provavelmente está subestimado, pois como mencionado anteriormente, a região carece de estudos específicos sobre sua fauna de peixes. Dentre as espécies de peixes que ocorrem nas zonas rasas (< 2m) da Lagoa Mirim (Garcia & Vieira, dados não publicados), as espécies mais abundantes parecem ser o peixe-rei (Odontesthes mirinensis), os lambaris (Cyanocharax alburnus, Astyanax fasciatus), o birú (Cyphocharax voga), a sardinha (Platanichthys platana), o barrigudinho (Jenynsia multidentata) e pequeno bagre de água-doce (Corydoras paleatus). 57 Atualmente, a comunidade pesqueira da Macro-Região da Lagoa Mirim é composta por cerca de 335 pescadores artesanais dispostos em 5 colônias e/ou associações, atuando, principalmente sobre os estoques de jundiá (Rhamdia quelen); Pintado (Pimelodus maculatus) e traíra (Hoplias malabaricus) (Garcez & Botero 2005). Observações de campo sugerem que existe ainda uma pesca insipiente de corvina e tainha, porém pouco se sabe sobre a atividade pesqueira deste grupo de pescadores na Lagoa Mirim. b) Espécies endêmicas Até o presente momento, não há espécies de peixes endêmicas a Lagoa Mirim. c) Espécies ameaçadas de extinção Das 38 espécies de peixes registradas preliminarmente para a Lagoa Mirim (TABELA 6), três são consideradas pelo IBAMA (2004) como sobrexplotadas ou ameaçadas de sobre-explotação: o bagre marinho (Genidens barbus), a corvina (Micropogonias furnieri) e a tainha (Mugil platanus). São espécies de origem marinha que ocorrem em abundância, durante parte do seu ciclo de vida, na região estuarina da Lagoa dos Patos (Chao et al. 1985), sendo também importantes componentes da pesca artesanal nessa região. Nenhuma das 38 espécies consta na lista de ameaçadas de extinção na instrução normativa lista No5 do IBAMA (2004). TABELA 6 - Lista de peixes com presença registradas na Lagoa Mirim, a partir de coletas realizadas com arrasto de praia na margem leste da lagoa entre março de 2004 e março de 2005 (Garcia & Vieira, dados não publicados) e de espécies registradas na pesca artesanal (Machado 1976; Garcez & Botero 2005). (Laboratório de Ictiologia – FURG) ORDEM Clupeiformes Anguilliformes FAMILIA ESPÉCIE Clupeidae Platanichthys platana (Regan, 1917) Engraulidae Lycengraulis grossidens (Agassiz, 1829) Curimatidae Cyphocharax voga (Hensel, 1870) Erythrinidae Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Characidae Astyanax eigenmanniorum (Cope, 1894) Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819) Astyanax jacuhiensis (Cope, 1894) Astyanax sp. Bryconamericus iheringii (Boulenger, 1887) Charax stenopterus (Cope, 1894) Cheirodon ibicuhiensis Eigenmann, 1915 Cheirodon interruptus (Jenyns, 1842) 58 Cyanocharax alburnus (Hensel, 1870) Hyphessobrycon luetkenii (Boulenger, 1887) Oligosarcus jenynsii (Günther, 1864) Oligosarcus robustus Menezes, 1969 Macropsobrycon uruguayanae Eigenmann, 1915 Siluriformes Ariidae Genidens barbus (Lacepède, 1803) Heptapteridae Pimelodella australis Eigenmann, 1917 Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) Pimelodidae Parapimelodus nigribarbis (Boulenger, 1889) Pimelodus maculatus Lacepède, 1803 Trichomycteridae Homodiaetus anisitsi Eigenmann & Ward, 1907 Callichthyidae Corydoras paleatus (Jenyns, 1842) Loricariidae Rineloricaria longicauda Reis, 1983 Cyprinodontiformes Anablepidae Jenynsia multidentata (Jenyns, 1842) Atheriniformes Odonthestes humensis de Buen, 1953 Atherinopsidae Odonthestes mirinensis Bemvenuti, 1995 Odontesthes perugiae Evermann & Kendall, 1906 Odonthestes retropinnis (de Buen, 1953) Odontesthes bonariensis (Valenciennes, 1835) Perciformes Sciaenidae Micropogonias furnieri (Desmarest, 1823) Cichlidae Crenicichla punctata Hensel, 1870 Gymnogeophagus gymnogenys (Hensel, 1870) Pleuronectiformes Mugilidae Mugil platanus Gunther, 1880 Gobiidae Ctenogobius shufeldti (Jordan & Eigenmann, 1887) Paralichthyidae Paralichthys orbignyanus (Valenciennes, 1842) 8.5.4 ESTUÁRIO DA LAGOA DOS PATOS 8.5.4.1 Mamíferos a) Composição e diversidade de espécies Registraram-se 21 espécies de mamíferos, distribuídas em 13 famílias: 01 didelfídeo (gambá), 01 dasipodídeo (tatu), 02 mustelídeos (lontra, zorrilho), 02 otarídeos (lobosmarinhos) 01 procionídeo (guaxinim), 01 cavídeo (preá), 01 hidrocharídeo (capivara), 05 murídeos (ratos e camundongos), 01 miocastorídeo (ratão-do-banhado), 03 ctenomídeos (tuco-tucos), 01 delfinídeo (boto), 01 pontoporídeo (toninha), e 01 leporídeo (lebre). 59 b) Espécies endêmicas Não foi registrada nenhuma espécie endêmica de mamífero nestes ambientes. c) Espécies ameaçadas de extinção Nas categorias de espécies provavelmente extintas (PE), criticamente ameaçadas (CA), e em perigo (EP), não foi registrada nenhuma espécie. Na categoria de espécies vulneráveis (VU), registraram-se a lontra Lontra longicaudis, o guaxinim Procyon cancrivorus, e a capivara Hydrochoerus hydrochoeris, o tuco-tucobranco Ctenomys flamarioni, e a toninha Pontoporia blainvillei. Na categoria de espécies quase ameaçadas (QA), registrou-se o tatu-mulita Dasypus hybridus. Na categoria de espécies não ameaçadas (NA) registram-se o gambá-de-orelhabranca Didelphis albiventris, o zorrilho Conepatus chinga, o lobo-marinho-de-um-pelo Arctocephalus australis, o leão-marinho Otaria flavescens, a preá Cavia aperea, o camundongo-do-campo Calomys laucha, o rato-do-junco Holochilus brasiliensis, o camundongo-europeu Mus musculus, a ratazana Rattus norvegicus, o rato-comumdas-casas Rattus rattus, o ratão-do-banhado Myocastor coypus e o tuco-tuco Ctenomys torquatus. As demais espécies registradas enquadram-se na categoria de status desconhecido (SD). 8.5.4.2 Aves a) Composição e diversidade de espécies Foram registradas 277 espécies de aves, distribuídas em 53 famílias: 01 tinamídeo, 01 ahimídeo, 19 anatídeos, 04 podicepedídeos, 01 fregatídeo, 01 phoenicopterídeo, 01 phalacrocoracídeo, 01 anhmídeo, 12 ardeídeos, 05 treskiornitídeos, 01 cochlearídeo, 03 ciconídeos, 01 cathartídeo, 05 accipitrídeos, 05 falconídeos, 01 aramídeo, 13 ralídeos, 01 cariamídeo, 01 haematopodídeo, 01 recurvirostrídeo, 08 charadrídeos, 20 scolopacídeos, 01 jacanídeo, 01 rostratulídeo, 04 larídeos, 11 sternídeos, 01 rhyncopídeo, 10 columbídeos, 01 titonídeo, 01 strigídeo, 01 psitacídeo, 03 cuculídeos, 01 caprimulgídeo, 01 trochilídeo, 01 momotídeo, 03 alcedinídeos e 131 passeriformes. b) Espécies endêmicas Não foi registrada nenhuma espécie endêmica de ave nestes ambientes. c) Espécies ameaçadas de extinção Não foi registrada nenhuma espécie na categoria de provavelmente extintas (PE). 60 Dentre as espécies criticamente ameaçadas (CA), registraram-se a juruva-verde Baryphthengus ruficapillus, o pica-pau-de-cara-amarela Dryocopus galeatus, o corredor-crestudo Coryphistera alaudina, o rabudinho Leptasthenura platensis, o limpafolha-coronado Philydor atricapillus, o coperete Pseudoseisura lophotes, o capitão-desaíra Attila rufus, o cardeal-amarelo Gubernatrix cristata, e o caboclinho-de-barrigavermelha Sporophila hypoxantha. Na categoria em perigo (EP), registram-se o pato-do-mato Cairina moschata, o socójararaca Tigrisoma fasciatum, o coro-coró Mesembrinibis cayennensis, a saña-cinza Porzana spiloptera, a rola-azul Claravis pretiosa, o macuquinho-do-brejo Scytalopus iraiensis, o barranqueiro-de-olho-branco Automolus leucophthalmus, o trepadorsobrancelha Cichlocolaptes leucophrus, o cisqueiro Clibanornis dendrocolaptoides, o limpa-folha-ocráceo Philydor lichtensteini, o papa-moscas-cinzento Contopus cinereus, a corruíra-do-campo Cistothorus platensis, o balança-rabo-leitoso Polioptila lactea, a saíra-militar Tangara cyanocephala, a saíra-sapucaia Tangara peruviana, o pixoxó Sporophila frontalis, o caboclinho-de-papo-branco Sporophila palustris, a patativa Sporophila plumbea, o carretão Agelasticus cyanopus, e a iraúna-grande Molothrus oryzivorus. Na categoria vulneráveis (VU), registraram-se o pato-de-crista Sarkidiornis melanotos, o narcejão Gallinago undulata, o maçarico-acanelado Tryngites subruficollis, a gaivotade-rabo-preto Larus atlanticus, o trinta-réis-real Thalasseus maximus, a pomba-galega Patagioenas cayennensis, a pomba-amargosa Patagioenas plumbea, o limpa-folhamiúdo Anabacerthia amaurotis, o lenheiro Asthenes baeri, o junqueiro-de-bico-reto Limnoctites rectirostris, a boininha Spartonoica maluroides, o uí-pi Synallaxis albescens, o guaracavuçu Cnemotriccus fuscatus, a viuvinha Colonia colonus, a noivinha-de-rabo-preto Xolmis dominicanus, o caminheiro-grande Anthus nattereri, o tietinga Cissopis leverianus, a saíra-sete-cores Tangara seledon, o caboclinho-dechapéu-cinzento Sporophila cinnamomea, o coleirinho-do-brejo Sporophila collaris, o caboclinho-de-barriga-preta Sporophila melanogaster, o bico-de-pimenta Saltator fuliginosus, o peito-vermelho-grande Sturnella defilippii, e o veste-amerela Xanthopsar flavus. Nas categorias quase ameaçadas (QA) e não ameaçadas (NA), não foi registrada nenhuma espécie. As demais espécies registradas enquadram-se na categoria de status desconhecido (SD). 61 8.5.4.3 Répteis a) Composição e diversidade de espécies Foram registradas 28 espécies de répteis, distribuídas em 12 famílias na região estuarina: 04 chelídeos (cágados), 04 chelonídeos (tartarugas-marinhas-de-escamas), 01 dermochelídeo (tartaruga-marinha-de-couro), 01 emydídeo (tartaruga-de-águadoce), 02 tropidurídeos (lagartixas-da-praia), 01 gekonídeo (lagartixa-das-casas), 02 teiídeos (lagartos), 01 anguídeo (cobra-de-vidro), 01 amphisbaenídeo (cobra-cega), 09 colubrídeos (cobras-d’água), 01 viperídeo (jararacas) e 01 aligatorídeo (jacaré). b) Espécies endêmicas Não foi registrada nenhuma espécie de réptil endêmica nestes ambientes. c) Espécies ameaçadas de extinção Na região estuarina, não foi registrada nenhuma espécie nas categorias provavelmente extintas (PE), criticamente ameaçadas (CA), e em perigo (EP). Na categoria vulneráveis (VU), registrou-se a lagartixa-das-dunas Liolaemus occipitalis. Não foi registrada nenhuma espécie nas categorias quase ameaçadas (QA), e não ameaçadas (NA). As demais espécies registradas enquadram-se na categoria de status desconhecido (SD). 8.5.4.4 Anfíbios Dentre a herpetofauna (répteis e anfíbios) registrada nos diversos ambientes dispersos ao longo do litoral do Rio Grande do Sul, Loebmann (2003) constatou seis (06) famílias, com trinta e três (33) espécies de anfíbios; deste conjunto o referido autor registrou cinco (05) famílias, com dezoito (18) espécies no perímetro do município de Rio Grande. Nenhuma das espécies registradas neste município enquadrou-se dentre as diversas categorias de Espécies Ameaçadas, listadas pela instituição Ambiente Brasil, permanecendo classificadas como Espécies Não-Ameaçadas (NA). Em relação à ocorrência, como não existe evidência de comportamento migratório para nenhuma das espécies registradas, todas foram agrupadas como Residentes Anuais (RA). 8.5.4.5 Comunidades bentônicas Visando descrever os hábitats que compõem a região estuarina da Lagoa dos Patos, separaram-se aqui estes ambientes segundo Bemvenuti (1987a). Neste artigo, o autor faz uma síntese dos conhecimentos obtidos em pesquisas desenvolvidas durante um 62 período de 10 anos (aproximadamente de 1977-1987) na área citada, especificamente relacionadas à fauna bentônica de fundos moles. Em complemento a este, são citados resultados encontrados por outros autores nestes diferentes hábitats. 8.5.4.5.1 Marismas As margens das regiões estuarinas, sob influência das marés e/ou inundações, podem apresentar densas concentrações de gramíneas halófitas emersas. Este tipo de ambiente, conhecido como marisma, tem como principal elemento estruturador a presença de gramíneas do gênero Spartina (Capitoli et al. 1978). No estuário da Lagoa dos Patos, a espécie S. densiflora ocupa os níveis mais elevados da praia (com menor grau de umidade) enquanto no intermareal desenvolve-se S. alterniflora (Capitoli et al. 1978). A presença de canais de maré ou córregos d’água e a declividade ou elevações do solo, influenciam no grau de umidade do substrato, influenciando a distribuição destas gramíneas, que não mostram uma clara distribuição transversal ao longo da costa, apresentando-se, geralmente, dispostas em forma de manchas no substrato. Além de espécies de Spartina, também são comuns, nestes ambientes, a presença de Salicornia gaudichaudiana e de espécies dos gêneros Scirpus e Juncus, sendo estas últimas dominantes de extensas áreas interiores às margens (Bemvenuti 1987a). Em relação aos componentes faunísticos, na parte alta das marismas observa-se o predomínio de insetos, sendo encontrados também Oniscoideos (isópodes terrestres) e Orchestia platensis (anfípode estuarino). Esta espécie é comumente encontrada em locais sombrios, geralmente escondida sob algum tipo de substrato. Capitoli et al. (1977) registraram densidades de até 3.023 ind./m2 de Orchestia platensis abrigados entre a base dos caules de Spartina alterniflora na Lagoa dos Patos. O caranguejo Chasmagnathus granulata é a principal espécie da macrofauna bentônica nas marismas do Rio Grande do Sul. Este caranguejo onívoro habita tocas escavadas entre os caules e raízes das halófitas do gênero Spartina, em densas concentrações. Nas bordas das pequenas barrancas da linha de maré, entre as fissuras formadas na base dos caules de Spartina spp, o caranguejo Metasesarma rubripes pode ser encontrado coexistindo com Chasmagnathus granulata na Lagoa dos Patos e na Lagoa do Peixe. Essa espécie (onívora e menor que C. granulata) não constrói tocas, vivendo entre fissuras e cavidades do substrato, sendo inclusive ocasionalmente encontrada nas tocas construídas por Chasmagnathus. Metasesarma rubripes é mais ágil e rápido que C. 63 granulata, fato que aliado ao seu menor tamanho (cerca de 1/3, em exemplares adultos) possibilita maior facilidade de deslocamento entre as bases dos caules, raízes e o labirinto de tocas que aí se localizam (Capitoli et al. 1977). Nas marismas situadas na desembocadura da Lagoa dos Patos, próximos à base do molhe oeste, podem ser encontrados exemplares do caranguejo Uca sp. (Bemvenuti 1987a). Existem também registros esporádicos da ocorrência desta espécie em ambientes de marisma próximos ao molhe leste, sendo rara na região estuarina da Lagoa dos Patos. 8.5.4.5.2 Planos Intermareais A baixa amplitude de maré astronômica nos estuários do Rio Grande do Sul determina uma zona intermareal irregularmente inundada, que se encontra sob uma forte influência das condições meteorológicas, cujas variações no nível da água são provocadas pelas enchentes e vazantes. A zona intermareal, geralmente, apresenta poucos metros de extensão, situando-se na parte superior de extensos planos de águas rasas na Lagoa dos Patos, bem como no complexo Tramandaí-Armazém e na Lagoa do Peixe. Nestes planos, que atingem até 1,5 m de profundidade, podem ocorrer tanto áreas desprovidas de macrófitas, bem como ocorrer a presença de pradarias da espermatófita Ruppia maritima, à qual se encontram aderidas comunidades de algas filamentosas dominadas por Enteromorpha spp.. Devido as suas características geo-morfológicas distintas, o Rio Mampituba e o Arroio Chuí não apresentam extensos planos rasos. Nas enseadas estuarinas da Laguna, os planos de águas rasas podem apresentar algas filamentosas (Enteromorpha spp, Polisiphonia subtilissima e Rhizoclonium sp.) aderidas às conchas de bivalvos, objetos submersos ou simplesmente assentadas sobre o fundo, em locais de reduzida hidrodinâmica. 8.5.4.5.3 Epifauna Vágil Os crustáceos decápodes são os integrantes da epifauna de grande mobilidade que ocorrem nos planos de águas rasas da área de estudo. Neste grupo predominam os caranguejos Chasmagnathus granulata, Metasesarma rubripes, Cyrtograpsus angulatus, Rhitropanopeus harrissi, o siri Callinectes sapidus e os camarões 64 Farfantepenaeus paulensis e Palaemonetes argentinus (Capitoli et al. 1978, Bemvenuti 1987b, Rosa-Filho & Bemvenuti 1998). Durante o dia é muito difícil observar qualquer um destes organismos nos planos intermareais. Neste período, indivíduos da espécie C. granulata localizam-se nas marismas, numa zona acima dos planos, entre os caules de Spartina ou ocupando suas tocas no substrato. Os caranguejos C. angulatus e R. harrissi (este último de hábitos essencialmente crípticos) abrigam-se em distintos tipos de estruturas no epistrato, enquanto as espécies de maior mobilidade, C. sapidus e F. paulensis, permanecem superficialmente enterradas no sedimento ou, assim como ocorre com P. argentinus, escondidas em hábitats de macrófitas enraizadas. A maior atividade destas espécies, incluindo a alimentação, ocorre no período noturno (Garcia et al. 1996, Kapusta & Bemvenuti 1998). Os juvenis de crustáceos decápodes, entre o final da primavera e o início do outono, utilizam as águas rasas das enseadas como zona de criação. Neste período, estas espécies e os juvenis de peixes das famílias Sciaenidae, Bothidae, Jenynsiidae e Atherinidae, exercem uma severa predação sobre a comunidade bentônica nos planos e mantém a macrofauna bentônica abaixo da capacidade de suporte do sistema nas enseadas estuarinas da Lagoa dos Patos (Bemvenuti 1987b). Ao final do outono, F. paulensis, C. sapidus e C. angulatus abandonam as águas rasas do estuário em busca de locais com maior profundidade. 8.5.4.5.4 Epifauna Sedentária Nos planos de águas rasas das áreas estuarinas da Lagoa dos Patos são encontrados crustáceos peracáridos (anfípodes, isópodes e tanaidáceos) e um gastrópode Hydrobiidae, constituindo-se nos principais integrantes da epifauna sedentária. Entre estes organismos de pequena mobilidade que vivem sobre o substrato, o gastrópode Heleobia australis é a espécie dominante, apresentando uma ampla distribuição batimétrica em fundos areno-lodosos de ambientes mixohalinos, ocorrendo desde o limite inferior do intermareal até áreas do canal, na Lagoa. Esta espécie, que apresenta uma elevada resistência à dessecação (Bemvenuti 1992), pode ser encontrada em 65 altas densidades (até 60.000 ind./m2) em planos rasos (Bemvenuti et al. 1978). Apesar do pequeno tamanho (no máximo 5 mm), esta espécie atinge uma biomassa elevada em ambientes estuarinos devido a sua abundância. Capitoli & Bemvenuti (1978), por exemplo, registraram 246 g/m2, correspondentes a uma densidade de 45.616 ind./m2 no Saco da Mangueira, na Lagoa dos Patos. Crustáceos peracáridos epifaunais ocorrem desde o limite inferior do intermareal, estendendo sua distribuição em planos rasos. Neste grupo, predominam o tanaidáceo Tanais stanfordi, os anfípodes Melita mangrovi, Ampithoe ramondi e Leptocheirus sp; e os isópodes Dies fluminensis e Munna peterseni. Organismos pequenos e lentos, como a maioria dos peracáridos que vivem no epistrato, constituem um grupo de organismos reconhecidamente sensíveis à predação (Bemvenuti 1987b). Assim, é comum, os peracáridos epifaunais apresentarem baixas densidades quando permanecem expostos no epistrato, condição bastante freqüente na maior parte dos ambientes rasos não vegetados. Para a epifauna sedentária, o aumento na complexidade estrutural do hábitat, pela presença de macroalgas (Bemvenuti 1987b), representa uma maior garantia de sobrevivência em planos de águas rasas. 9.5.4.5.5 Meiofauna Poucos estudos relacionados à meiofauna foram desenvolvidos no estuário da Lagoa dos Patos. Entre estes, podemos citar Ozório (2001), que abordou aspectos da estrutura e da interação entre a meiofauna e outras espécies bentônicas. A estrutura meiofaunística foi examinada em um plano raso e em uma marisma inferior, por serem ambientes de grande representatividade estuarial da Lagoa. No que se refere às interações, estas foram observadas através da variação da meiofauna durante um experimento de cultivo intensivo do camarão Farfantepenaeus paulensis. A partir dos resultados, verificou-se que a meiofauna é distinta nos dois hábitats (nematódeos e ostrácodes nos planos rasos e nematódeos e copépodes nas marismas) e que essa diferença é explicada pelas características do meio ao qual estão sujeitas. Acredita-se que a distribuição de finos e de recursos alimentares, no plano raso; e a vegetação e topografia, na marisma, sejam causadores de variações significativas na abundância dos organismos em escalas verticais. Quanto à variação 66 temporal, observou-se um decréscimo da infauna e um incremento da epifauna meiobentônica no inverno, provavelmente, causados pela temperatura mais baixa e pela menor pressão de predação no estuário, nesta época do ano. Em relação ao experimento com F. paulensis, os resultados apontaram para uma ação positiva deste crustáceo sobre a meiofauna, através do seu controle sobre possíveis competidores macroinfaunais. Ainda, Ozório et al. (1999) compararam e caracterizaram a meiofauna presente em planos submersos não vegetados e marismas de Spartina alterniflora, sendo estes hábitats semelhantes quanto à composição da meiofauna permanente. Os grupos taxonômicos encontrados foram: Turbellaria, Rotifera, Kinorhyncha, Nematoda, Ostracoda, Copepoda, Cladocera e Acarina, sendo os três primeiros e Cladocera raros e pouco abundantes; e Nematoda, dominante. Quanto à densidade total de organismos, constataram, através de uma análise de variância hierárquica, que esta foi maior no plano submerso (1528 ind./10cm2) do que na marisma (378 ind./10cm2). Testes estatísticos revelaram, também, que a densidade de organismos variou de forma distinta, dependendo do grupo taxonômico, das escalas e do hábitat. 8.5.4.5.6 Infauna Os invertebrados infaunais, por viverem no interior de fundos não consolidados, são os organismos melhor adaptados para viver em hábitats sob rigorosas características físicas, como é o caso dos planos de águas rasas. O poliqueta Laeonereis acuta é um organismo típico dos planos rasos nos estuários do Rio Grande do Sul (Rosa-Filho & Bemvenuti 1998). Este poliqueta comedor de depósito distribui-se desde o intermareal até cerca de 1 m de profundidade, alcançando densidades (5.127 ind./m2) e biomassa (28,26 g/m2) expressivas na região estuarina da Lagoa dos Patos (Bemvenuti 1987a, 1997a). Espécies com as características de L. acuta (que possuem exemplares adultos, cavadores profundos, e juvenis ocupando a camada superficial do substrato), sofrem uma forte pressão dos predadores durante as fases iniciais da vida (Bemvenuti 1992). Os adultos deste poliqueta, através da profundidade de escavação no interior do substrato (cerca de 20 cm), adquirem um eficiente refúgio contra a predação. Manipulações experimentais de campo mostraram a ocorrência de densos 67 recrutamentos do poliqueta e uma elevada mortalidade dos juvenis no epistrato, fase da vida em que a densidade populacional é controlada pela ação dos predadores sobre os indivíduos recém assentados (Bemvenuti 1992). O tanaidáceo Kalliapseudes schubartii, uma espécie abundante nos planos rasos da região estuarina da Lagoa dos Patos (Bemvenuti 1987a, b), não foi encontrado nos demais ambientes estuarinos do Rio Grande do Sul (Rosa-Filho & Bemvenuti 1998). Este tanaidáceo habita fundos areno-lodosos onde escava tubos em forma de “U”, atingindo até 15 cm de profundidade no interior do substrato. Experimentos desenvolvidos numa enseada estuarina da Lagoa dos Patos (Bemvenuti 1987b, 1992) registraram K. schubartii como a espécie dominante em áreas sob intensa predação. A freqüência com que a espécie integra a dieta de níveis tróficos superiores (Asmus 1984) e os sucessivos aumentos de densidade do tanaidáceo no interior de gaiolas de exclusão indica que K. schubartii (e poliquetas infaunais) encontram-se sob um forte impacto de seus predadores (Micropogonias furnieri, Paralichthys brasiliensis, Jenynsia lineata, Odontesthes bonariensis, Cyrtograpsus angulatus, Callinectes sapidus e Farfantepenaeus paulensis) nos planos rasos da região (Bemvenuti 1987b, Bemvenuti 1997a). A manutenção de densidades elevadas nestas condições, além de um refúgio para minimizar a predação, exige também uma eficiente renovação dos estoques populacionais. Neste aspecto, o tanaidáceo mostra um comportamento do tipo restrategista, no qual uma intensa atividade reprodutiva e a proteção à desova no marsúpio refletem-se em expressivos recrutamentos (Bemvenuti 1987b). Este comportamento, aliado ao refúgio proporcionado pelo hábitat sub-superficial, refletemse na manutenção das elevadas densidades com que a espécie é encontrada nas enseadas estuarinas (Bemvenuti 1983, 1987b, 1997a, Asmus 1984, Geraldi 1997). O molusco pelecípode Erodona mactroides (cavador superficial) pode ocorrer em abundância nos planos de águas rasas, nas enseadas da Lagoa, após densos recrutamentos nos meses de verão (Bemvenuti 1997b); mas não foi encontrado nos demais ambientes estuarinos do estado (Rosa-Filho & Bemvenuti 1998). Capitoli & Bemvenuti (1978) registraram densidades de 20.300 ind./m2 e biomassa de 216 g/m2 para a espécie no Saco da Mangueira, na Lagoa dos Patos. No início do outono, entretanto, registram-se densas mortalidades de E. mactroides nestas enseadas (Bemvenuti et al. 1978). Este fenômeno, associado à imprevisibilidade de sucesso nos 68 recrutamentos do pelecípode, na porção sul da Lagoa, refletem-se na baixa persistência temporal registrada para a espécie nesta região (Bemvenuti 1987a). Outro molusco pelecípode, Tagelus plebeius (cavador profundo), distribui-se em forma de manchas na parte inferior dos planos rasos nos estuários do Rio Grande do Sul (Rosa-Filho & Bemvenuti 1998), mostrando preferência por sedimentos com maior concentração de silte e argila (Capitoli et al. 1978). A profundidade de escavação desta espécie, que ultrapassa os 50 cm de profundidade, dificulta estimativas confiáveis da densidade do mesmo, na região. Os poliquetas Nephtys fluviatilis e Heteromastus similis, de ampla distribuição batimétrica no estuário (Bemvenuti 1987a), ocorrem também em abundância nas águas rasas dos outros estuários do Rio Grande do Sul (Rosa-Filho & Bemvenuti 1998). A espécie N. fluviatilis, carnívora detritívora, atinge densidades médias em torno de 1.000 ind./m2; enquanto o comedor de depósito sub-superficial, H. similis, é mais abundante, com valores médios ao redor de 5.000 ind./m2 (Bemvenuti 1997a). A freqüência destas espécies no conteúdo alimentar de seus predadores, nesta região, confirma a importância trófica destas duas espécies de poliquetas (Bemvenuti 1997c). A densidade da infauna é menor em planos rasos com elevada hidrodinâmica, localizados em áreas mais expostas, próximos à desembocadura dos estuários. Nestes ambientes, onde predominam fundos arenosos compactados, é freqüente a ocorrência do isópode Pseudosphaeroma mourei, do anfípode Bathyporeiapus bisetosus e do poliqueta Spio gaucha (Capitoli et al. 1978, Rosa-Filho & Bemvenuti 1998). A ausência de uma densa cobertura de macrófitas e a ocorrência esporádica da epifauna, com o predomínio de organismos cavadores, causam uma falsa impressão de pobreza faunística nos planos rasos das distintas regiões estuarinas. Este fato não faz justiça a estes locais de alta dinâmica e intensa transferência trófica, onde os macroinvertebrados bentônicos atuam como um importante elo entre o detrito depositado e as espécies de peixes e crustáceos, situados nos níveis tróficos superiores do sistema (Bemvenuti 1997c). 8.5.4.5.7 Infralitoral Nas enseadas estuarinas da Lagoa dos Patos, dominadas por planos de águas rasas, dificilmente ocorrem profundidades maiores do que 2 m. Desta forma, a maior extensão 69 da região infralitoral, entre a isóbata de 2 m e a borda dos canais (entre 5 e 6 m de profundidade), encontra-se na parte central do corpo estuarino. Nesta região, na porção sul da Lagoa dos Patos, as condições ambientais são fortemente influenciadas pela salinidade, que pode permanecer por vários meses com registros próximos a zero ou apresentar marcadas flutuações de baixa previsibilidade (Bemvenuti et al. 1992). Este fato condiciona uma comunidade estruturada a partir de um reduzido número de espécies, cujos dominantes ocorrem em altas densidades e mostram marcadas flutuações espaço-temporais. Verifica-se, também, que a ocupação de amplos nichos tróficos e espaciais pela macrofauna bentônica refletem-se numa baixa diversidade de organismos em cada um dos níveis da trama trófica estuarina (Bemvenuti 1997c). O estresse ambiental, como principal estruturador da comunidade bentônica infralitoral (Bemvenuti et al. 1992, Rosa-Filho & Bemvenuti 1998), condiciona uma série de padrões para a macrofauna na região estuarina da Lagoa dos Patos, entre os quais pode ser citada a migração sob condições adversas, o êxito da proteção à desova, a ocorrência de densas mortalidades e a falta de substrato para a epibiose em fundos moles. O gastrópode estuarino Heleobia australis, por exemplo, caracteriza-se pela ampla distribuição vertical em fundos areno-lodosos e pelas marcadas flutuações espaçotemporais em sua abundância. Drásticas flutuações na densidade de H. australis, no infralitoral estuarino, foram atribuídas à reação de escape durante períodos com salinidade próxima a zero (Bemvenuti et al. 1992). A capacidade de migrar sob condições desfavoráveis permite a esta espécie ocupar áreas periodicamente submetidas a perturbações físicas, nas quais pode beneficiar-se da redução do número de competidores. Nestas condições, H. australis possui a sua disposição um amplo nicho trófico e espacial no epistrato, o que certamente contribui para a ampla distribuição e as elevadas densidades que a espécie atinge no infralitoral da região (Bemvenuti et al. 1992). Este gastrópode é a espécie mais abundante da macrofauna infralitoral, alcançando densidades que ultrapassam 40.000 ind./m2 (Bemvenuti et al. 1978). Em valores médios, as ocorrências mais expressivas de H. australis encontram-se no Saco do Arraial (27.332 ind./m2) e no corpo central do estuário, em frente à Ponta do Retiro (12.927 ind./m2). Na região da desembocadura, a espécie ocorre em baixas densidades 70 (1.546 ind./m2), acontecendo o mesmo na porção superior da região estuarina (605 ind./m2), próximo ao limite da zona pré-límnica da Lagoa dos Patos (Bemvenuti et al. 1978). Outro importante integrante da fauna infralitoral na Lagoa, o tanaidáceo Kalliapseudes schubartii, apresenta uma distribuição tipicamente estuarina, alcançando densidades médias próximas a 1.000 ind./m2 na parte central do estuário (Bemvenuti et al. 1978). Esta espécie ocorre desde o limite inferior do intermareal até a borda dos canais, mostrando preferência por fundos areno-lodosos com teores elevados de silte e argila (Capitoli et al. 1978). Nos planos rasos das enseadas estuarinas, verificou-se que a predação atua como um importante fator estruturador da comunidade bentônica durante os meses de verão. Sob estas condições ambientais, K. schubartii ocorre com densidades superiores a 10.000 ind./m2, constituindo-se numa das espécies dominantes da comunidade de fundos moles (Bemvenuti 1997b). Este fato atesta que a proteção proporcionada pela manutenção dos distintos estágios de vida no interior do substrato, combinada com uma eficiente renovação dos estoques populacionais, representam uma eficiente estratégia sob situações em que ocorre uma elevada intensidade da predação (Bemvenuti 1987b, 1997b). A maior biomassa entre o zoobentos infralitoral na Lagoa dos Patos é encontrada entre os exemplares do pelecípode Erodona mactroides, que atinge valores médios de 281 g/m2 na parte norte da zona estuarina. Nesta área, onde estão representadas todas as classes de tamanho, este molusco atinge até 30 mm de comprimento e uma densidade média de 461 ind./m2 (Bemvenuti et al. 1978). Nas enseadas localizadas na parte sul do estuário, onde ocorrem as maiores densidades de E. mactroides (média de 3.722 ind./m2), a biomassa atinge somente 105 g/m2 em função do menor tamanho dos exemplares. Nestes locais, a espécie mostra uma expressiva mortalidade e os exemplares dificilmente ultrapassam 13 mm de comprimento, tamanho correspondente a 1 ano de vida (Bemvenuti et al. 1978). O cirripédio séssil Balanus improvisus, que vive fixo em substratos consolidados, é outra espécie comum em fundos moles infralitorais, onde depende da presença de E. mactroides como substrato. Este pelecípode, cavador superficial, ao deixar exposta a parte superior de suas valvas, permite a fixação de B. improvisus. Este cirripédio se assenta densamente sobre objetos submersos nas enseadas e na desembocadura, na 71 parte sul do estuário; nesta área, entretanto, B. improvisus ocorre em baixas densidades em fundos moles (entre 2 e 30 ind./m2), uma vez que nestes locais E. mactroides não atinge tamanho suficiente para suportar a epibiose. Na porção superior da região estuarina, as maiores densidades do cirripédio (719 ind./m2) coincidem com a maior biomassa de E. mactroides, correspondendo à maior disponibilidade de substrato para fixação. O registro de até 20 exemplares de B. improvisus sobre uma Erodona, em locais com baixa densidade do pelecípode, evidencia a limitação do espaço para a fixação no infralitoral estuarino (Bemvenuti et al. 1978). Esta limitação decorre, principalmente, da ausência de fundos consolidados ou de outras espécies de invertebrados que possam servir de substrato na região estuarina da Lagoa dos Patos. Os poliquetas infralitorais, amplamente dominados por Nephtys fluviatilis e Heteromastus similis, mostram densidades bastante homogêneas (entre 200 e 244 ind./m2) ao longo do corpo central estuarino (Bemvenuti et al. 1978). Nas enseadas, em planos rasos, encontram-se as condições mais favoráveis para os poliquetas comedores de depósito como H. similis e Laeonereis acuta, onde podem alcançar densidades superiores a 5.000 ind./m2 (Bemvenuti 1997a). 8.5.4.5.8 Canais Canais naturais ou artificiais, com profundidades entre 5 e 18m, ocorrem apenas no estuário da Lagoa dos Patos (dentre os locais analisados pelos autores). No interior da zona estuarina, em fundos lamosos, a macrofauna restringe-se a organismos que podem consumir material depositado, como o gastrópode Heleobia australis e os poliquetas Nephtys fluviatilis e Heteromastus similis. Este gastrópode pode ser muito abundante, atingindo densidades que ultrapassam 40.000 ind./m2 (Capitoli et al. 1978). Durante períodos de maior penetração de água marinha, o número de espécies aumenta pela presença de: poliquetas, destacando-se Sigambra grubii, Onuphis setosa, Magelona riojai, Hemipodus olivieri; e de crustáceos peracáridos como Synidotea marplatensis e Pseudosphaeroma mourei (Isopoda), Dyastilis sympterigiae (Cumacea) e Bathyporeiapus bisetosus e Mellita mangrovi (Amphipoda), entre outros. Estas populações apresentam, entretanto, tamanho reduzido, baixas densidades e ocorrência esporádica no canal (Bemvenuti et al. 1992). 72 Os canais naturais ou artificiais na região estuarina da Lagoa e, particularmente, os localizados próximos à região da desembocadura, apresentam condições ambientais rigorosas decorrentes da baixa previsibilidade nas flutuações de salinidade e da elevada instabilidade do substrato. Estes hábitats podem apresentar uma intensa hidrodinâmica, determinando um tipo de substrato dominado por material biodetrítico com uma elevada instabilidade física, que determina condições desfavoráveis para a manutenção das associações bentônicas no local (Capitoli et al. 1978, Bemvenuti et al. 1992, Bemvenuti 1997b). Bemvenuti et al. (1992) registraram que em canais com predomínio de biodetrítos, como ocorre nos fundos arenosos-biodetríticos da desembocadura do estuário, as associações bentônicas encontram-se pobremente estruturadas, apresentando um reduzido número de espécies que ocorrem em baixas densidades e com uma baixa persistência temporal. Locais com estas características mostram um nítido empobrecimento quali-quantitativo nas associações de macroinvertebrados bentônicos (Bemvenuti 1997b, Bemvenuti & Netto 1998). 8.5.4.6 Peixes a) Composição e diversidade de espécies Em meados da década de 70, tiveram início os estudos científicos sobre os peixes do estuário da Lagoa dos Patos (Castello 1985). Entre 1979 e 1984 foi feito um amplo levantamento dos peixes que habitam essa região, e desde 1996, estudos ecológicos vem sendo realizados mensalmente pelo Laboratório de Ictiologia da Fundação Universidade Federal de Rio Grande. Ao longo desse período têm sido registradas cerca de 126 espécies,as quais podem ser divididas em duas associações distintas: aquelas que habitam as águas rasas (<2m) e aquelas mais comuns em águas profundas (>2m) (Chao et al. 1985; Vieira et al. 1998, Garcia et al. 2003). As zonas rasas apresentam uma fauna de peixes característica, pois oferecem condições favoráveis ao desenvolvimento das formas juvenis (filhotes) de inúmeras espécies de peixes, enquanto que as águas mais profundas, além de abrigar indivíduos de maior tamanho, servem como corredor para peixes de grande mobilidade ou como refúgio durante condições de vazante (Vieira et al. 1998). 73 Os peixes mais comuns nas zonas rasas são os pequenos peixes estuarinos que vivem no estuário o ano todo (chamados de ‘residentes’) e também juvenis (filhotes) de alguns peixes que se reproduzem no mar, e entram no estuário para se alimentar e crescer (chamados de ‘estuarino-dependentes’). No primeiro grupo estão, por exemplo, o pequeno peixe-rei (Atherinella brasiliensis) e no segundo a tainha (Mugil platanus). Em geral, os peixes normalmente encontrados nas zonas rasas (baixios) do estuário são: as tainhas (Mugil platanus, M. curema, M. gaimardianus), os peixes-rei (Atherinella brasiliensis e Odontesthes argentinensis), três espécies de sardinhas (Brevoortia pectinata, Platanichthys platana e Ramnogaster arcuata), o barrigudinho (Jenynsia multidentata) e a corvina (Micropogonias furnieri). Espécies de água doce como os carás, lambaris e barrigudinhos também podem ocorrer, especialmente em anos de muita chuva no estado, como nos anos em que ocorre o fenômeno El Niño (Garcia et al. 2003). Portanto, as zonas de pouca profundidade (baixios) do estuário são muito importantes nas fases iniciais (pós-larvas e juvenis) do ciclo de vida de diversas espécies capturadas pela pesca artesanal do estuário da Lagoa dos Patos, como a corvina (M. furnieri), a tainha (M. platanus) e o peixe-rei (O. argentinensis). É por isso que essas áreas são chamadas de ‘berçários’ naturais para os peixes da região e precisam ser protegidas e conservadas (Chao et al. 1986; Vieira et al. 1998). Já em águas mais profundas (>2m), ocorrem formas adultas de espécies importantes na pesca artesanal e industrial do sudeste do Brasil, como a corvina, os bagres-marinhos e o linguado (Paralichthys orbignyana) (Vieira et al. 1998). Em relação à importância sócio-econômica, o estuário da Lagoa dos Patos é uma área importante de criação e crescimento para grande parte dos peixes comercialmente explorados pela pesca artesanal do litoral sul do Brasil. Esta região tem sido uma área de pesca importante desde o final do século passado e concentra a maior parte da pesca artesanal do Estado do Rio Grande do Sul (Reis, et al., 1994; Vieira et al., 1998). Estas espécies usam o estuário como zona de alimentação e crescimento, e muitas destas, como a corvina, a tainha e os bagres-marinhos (do gênero Genidens) sustentam a pesca artesanal de peixes no estuário (Reis et al. 1994). De fato, mais de 90% dos registros de desembarque de teleósteos capturados pela pesca artesanal no Rio Grande do Sul provêm do estuário da Lagoa dos Patos (Reis et al., 1994), e seus valores, para o estado, variam entre 37.425 toneladas (1973) e 11.538 t. (1962) com uma média de 21.127 t. Dentre as espécies mais importantes para a pesca artesanal do estuário da Lagoa dos Patos destacam-se a corvina, o bagre-marinho e a tainha, que juntos perfazem cerca de 74 60% do total capturado. Embora a pesca tradicionalmente seja multi-especifica, cada uma das principais espécies tem um período de pico para sua captura, os quais constituem as safras (Haimovici te al., 1989; Reis et al., 1994), sendo estes períodos nitidamente associados às variações climáticas locais (i.e., frentes frias, etc) e a hidrografia da Lagoa (penetração da água salgada). A análise dos dados históricos de desembarque e esforço de pesca indica uma redução atual nos estoques de diversas espécies que são exploradas em conjunto pela pesca artesanal e industrial, tais como a corvina, a pescadinha, a miraguaia, e os bagresmarinhos (Reis et al., 1994; Haimovici, 1998). b) Espécies endêmicas Até o momento não foram descobertas espécies de peixes endêmicas ao estuário da Lagoa dos Patos. c) Espécies ameaçadas de extinção Das 126 espécies de peixes com ocorrência registrada para o estuário da Lagoa dos Patos, (TABELA 7), 16 são consideradas pelo IBAMA (2004) como ameaçadas de extinção, sobrexplotadas ou ameaçadas de sobre-explotação. A grande maioria dessas espécies são formas juvenis e/ou adultos que podem ocorrer eventualmente na região estuarina, especialmente no verão. Por outro lado, a corvina (M. furnieri), a tainha (M. platanus) e o bagre (G. barbus) possuem um forte vínculo ecológico com o estuário, ocorrendo em abundância e freqüência na região. Para essas espécies a região estuarina representa um importante ‘berçário’ para o crescimento e proteção para os estágios iniciais do ciclo de vida dessas espécies (Chao et al. 1986). Devido a sua abundância e presença recorrente no sistema, essas espécies são alvos importantes da pesca artesanal estuarina (Reis et al. 1994). 75 TABELA 7 - Lista de peixes com presença registrada no estuário da Lagoa dos Patos. Fontes: Chao et al. 1982, Chao et al. 1985, Pereira 1994, Garcia et al. 2003. (Laboratório de Ictiologia - FURG). ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE AUTOR Mustelus fasciatus (Garman, 1913) Mustelus schmitti Springer, 1939 Sphyrnidae Sphyrna lewini (Griffith & Smith, 1834) Squatiniformes Squatinidae Squatina argentina (Marini, 1930) Rajiformes Rhinobatidae Rhinobatos horkelii Müller & Henle, 1841 Rhinobatidae Rhinobatos percellens (Walbaum, 1792) Narcinidae Narcine brasiliensis (Olfers, 1831) Dasyatidae Dasyatis centroura (Mitchill, 1815) Dasyatis sayi (Lesueur, 1817) Atlantoraja castelnaui (Miranda-Ribeiro, 1907) Sympterygia acuta Garman, 1877 Sympterygia bonapartii Müller & Henle, 1841 Gymnuridae Gymnura altavela (Linnaeus, 1758) Myliobatidae Myliobatis goodei Garman, 1885 Clupeidae Brevoortia pectinata (Jenyns, 1842) Harengula clupeola (Cuvier, 1829) Platanichthys platana (Regan, 1917) Ramnogaster arcuata (Jenyns, 1842) Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879) Chirocentrodon bleekerianus (Poey, 1867) Pellona harroweri (Fowler, 1917) Anchoa marinii Hildebrand, 1943 Cetengraulis edentulus (Cuvier, 1829) Engraulis anchoita Hubbs & Marini, 1935 Lycengraulis grossidens (Agassiz, 1829) Congridae Conger orbignyanus Valenciennes, 1842 Ophichthidae Ophichthus gomesii (Castelnau, 1855) Characidae Bryconamericus iheringii (Boulenger, 1887) Hyphessobrycon bifasciatus Ellis, 1911 Hyphessobrycon luetkenii (Boulenger, 1887) Pseudocorynopoma doriae Perugia, 1891 Astyanax eigenmanniorum (Cope, 1894) Macropsobrycon uruguayanae Eigenmann, 1915 Oligosarcus jenynsii (Günther, 1864) Oligosarcus robustus Menezes, 1969 Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Carcharhiniformes Triakidae Rajidae Clupeiformes Pristigasteridae Engraulidae Anguilliformes Erythrinidae 76 ORDEM FAMÍLIA Gadiformes Batrachoidiformes (Meinken, 1933) Cyphocharax voga (Hensel, 1870) Genidens genidens (Cuvier, 1829) Genidens planifrons (Higuchi, Reis & Araújo, 1982) Genidens barbus (Lacepède, 1803) Heptapteridae Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) Pimelodidae Parapimelodus nigribarbis (Boulenger, 1889) Pimelodus maculatus Lacepède, 1803 Loricariidae Loricariichthys anus (Valenciennes, 1836) Phycidae Urophycis brasiliensis (Kaup, 1858) Merlucciidae Merluccius hubbsi Marini, 1933 Batrachoididae Porichthys porosissimus (Cuvier, 1829) Thalassophryne montevidensis Berg, 1893 Antennarius striatus (Shaw, 1794) Ariidae Lophiiformes Antennariidae Beloniformes Hemiramphidae Hyporhamphus unifasciatus Cyprinodontiformes Anablepidae Poeciliidae Atheriniformes AUTOR Cyphocharax saladensis Curimatidae Siluriformes ESPÉCIE Atherinopsidae (Ranzani, 1842) Jenynsia multidentata (Jenyns, 1842) Cnesterodon decemmaculatus (Jenyns, 1842) Phalloceros caudimaculatus (Hensel, 1868) Phalloptychus januarius (Hensel, 1868) Poecilia vivipara Bloch & Schneider, 1801 Atherinella brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1825) Odontesthes argentinensis (Valenciennes, 1835) Odontesthes incisa (Jenyns, 1841) Odontesthes bonariensis (Valenciennes, 1835) Zeiformes Zeidae Zenopsis conchifera (Lowe, 1852) Gasterosteiformes Syngnathidae Hippocampus reidi Ginsburg, 1933 Syngnathus folletti Herald, 1942 Triglidae Prionotus punctatus (Bloch, 1793) Dactylopteridae Dactylopterus volitans (Linnaeus, 1758) Centropomidae Centropomus ensiferus Poey, 1860 Serranidae Dules auriga Cuvier, 1829 Epinephelus niveatus (Valenciennes, 1828) Epinephelus morio (Valenciennes, 1828) Epinephelus nigritus (Holbrook, 1855) Pomatomidae Pomatomus saltatrix (Linnaeus, 1766) Carangidae Caranx latus Agassiz, 1831 Caranx hippos (Linnaeus, 1766) Chloroscombrus chrysurus (Linnaeus, 1766) Parona signata (Jenyns, 1841) Scorpaeniformes Perciformes 77 ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE AUTOR Selene setapinnis (Mitchill, 1815) Selene vomer (Linnaeus, 1758) Trachinotus falcatus (Linnaeus, 1758) Trachinotus marginatus Cuvier, 1832 Trachinotus carolinus (Linnaeus, 1766) Trachurus lathami Nichols, 1920 Lobotidae Lobotes surinamensis (Bloch, 1790) Gerreidae Eucinostomus gula (Quoy & Gaimard, 1824) Eucinostomus argenteus Baird & Girard, 1855 Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863) Ulaema lefroyi (Goode, 1874) Diapterus rhombeus (Cuvier, 1829) Ctenosciaena gracilicirrhus (Metzelaar, 1919) Cynoscion guatucupa (Cuvier, 1830) Cynoscion jamaicensis (Vaillant & Bocourt, 1883) Larimus breviceps Cuvier, 1830 Macrodon ancylodon (Bloch & Schneider, 1801) Menticirrhus americanus (Linnaeus, 1758) Menticirrhus littoralis (Holbrook, 1855) Micropogonias furnieri (Desmarest, 1823) Paralonchurus brasiliensis (Steindachner, 1875) Pogonias cromis (Linnaeus, 1766) Stellifer rastrifer (Jordan, 1889) Umbrina canosai Berg, 1895 Ephippidae Chaetodipterus faber (Broussonet, 1782) Cichlidae Cichlasoma facetum (Jenyns, 1842) Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) Crenicichla lepidota Heckel, 1840 Mugil curema Valenciennes, 1836 Mugil platanus Günther, 1880 Gerreidae Sciaenidae Mugilidae Mugil gaimardianus Percophidae Percophis brasiliensis Quoy & Gaimard, 1825 Blenniidae Hypleurochilus fissicornis (Quoy & Gaimard, 1824) Gobiidae Ctenogobius schufeldti (Jordan & Eigenmann, 1887) Ctenogobius smaragdus (Valenciennes, 1837) Gobionellus oceanicus (Pallas, 1770) Trichiuridae Trichiurus lepturus Linnaeus, 1758 Stromateidae Peprilus paru (Linnaeus, 1758) Stromateus brasiliensis Fowler, 1906 78 ORDEM Gobiesociformes Pleuronectiformes Tetraodontiformes FAMÍLIA ESPÉCIE AUTOR Stromateus stellatus Cuvier, 1829 Gobiesox barbatulus Starks, 1913 Gobiesox strumosus Cope, 1870 Citharichthys spilopterus Günther, 1862 Paralichthys orbignyanus (Valenciennes, 1842) Pleuronectidae Oncopterus darwinii Steindachner, 1874 Achiridae Catathyridium garmani (Jordan, 1889) Cynoglossidae Symphurus jenynsi Evermann & Kendall, 1907 Balistidae Balistes capriscus Gmelin, 1789 Monacanthidae Stephanolepis setifer (Bennett, 1831) Diodontidae Chilomycterus spinosus spinosus (Linnaeus, 1758) Tetraodontidae Lagocephalus laevigatus Gobiesocidae Paralichthyidae (Linnaeus, 1766) 8.5.5 REGIÃO COSTEIRA E MARINHA 8.5.5.1 Mamíferos marinhos a) Composição e diversidade de espécies Nos ambientes da região costeira (praias arenosas) e oceânica (plataforma proximal), registraram-se 36 espécies de mamíferos, distribuídas em 10 famílias: 02 otarídeos, 03 phocídeos, 15 delfinídeos, 01 kogídeo, 02 phocoenídeos, 01 phiseterídeo, 01 pontoporídeo, 04 ziphídeos, 01 balaenídeo, e 06 balaenopterídeos. b) Espécies endêmicas Não foi registrada a ocorrência de nenhuma espécie endêmica de mamífero c) Espécies ameaçadas de extinção Não foi registrada nenhuma espécie nas categorias provavelmente extintas (PE), e criticamente ameaçadas (CA). Na categoria de espécies em perigo (EP), foram registradas a baleia-sei Baleonoptera borealis, a baleia-azul Baleonoptera musculus e a baleia-fin Baleonoptera physalus. Na categoria de espécies vulneráveis (VU), registraram-se o golfinho-comum Delphinus capensis, a baleia-piloto Globicephala melas, o cachalote Physeter catodon, a toninha Pontoporia blainvillei, a baleia-franca-austral Eubalaena australis, e a baleiajubarte Megaptera novaeangliae. 79 Na categoria de espécies quase ameaçadas (QA), registraram-se o elefante-marinho Mirounga leonina, o golfinho-manchado Stenella attenuata, o golfinho-bicudo Stenella coeruleoalba, a orca Orcinus orca, a falsa-orca Pseudorca crassidens, o cachalotepigmeu Kogia breviceps, a baleia-nariz-de-garrafa-austral Hyperoodon planifrons, E A baleia-minke Balaenoptera acutorostrata. Na categoria de espécies não ameaçadas (NA), registraram-se o lobo-marinho-de-umpelo Arctocephalus australis, o lobo-marinho-de-dois-pelos Arctocephalus tropicalis, e o leão-marinho Otaria flavescens. As demais espécies registradas enquadram-se na categoria de status desconhecido (SD). 8.5.5.2 Aves marinhas a) Composição e diversidade de espécies Foram registradas 97 espécies de aves costeiras e oceânicas, distribuídas em 23 famílias: 04 podidepedídeos (mergulhões), 04 sfeniscídeos (pinguins), 06 diomedeídeos (albatrozes), 18 procelarídeos (petréis), 02 hydrobatídeos (petréis-dastormentas), 01 pelecanoídeo (petrél-mergulhador), 02 sulídeos (atobás), 01 phalacrocoracídeo (biguá), 01 anhingídeo (biguatinga), 01 fregatídeo (fragata), ardeídeos (garças), 01 cochlearídeo, 01 ciconídeo (cegonha), 01 phoenicopterídeo (flamingo), 08 charadriídeos (batuíras), 01 haematopodídeo (piru-piru), 01 recurvirostrídeo (pernilongo), 19 scolopacídeos (maçariquinhos), 01 chionídeo (pombaantártica), 04 stercorarídeos (gaivotas-rapineiras), 04 larídeos (gaivotas), 11 sternídeos (trinta-réis) e 01 rhyncopídeo (talha-mar). b) Espécies endêmicas Não foi registrada nenhuma espécie de ave costeira ou marinha endêmica na região. c) Espécies ameaçadas de extinção Não foi registrada nenhuma espécie de ave costeira ou oceânica nas categorias provavelmente extintas (PE), E criticamente ameaçadas (CA). Na categoria em perigo (EP), registraram-se o albatroz-de-Tristão Diomedea dabbenena, o albatroz-errante Diomedea exulans, o albatroz-real-setentrional Diomedea sanfordi, e a pardela-de-óculos Procellaria a. conspicillata. Na categoria vulneráveis (VU), registram-se o albatroz-real Diomedea epomophora, O albatroz-de-nariz-amarelo Thalassarche chlororhynchos, o petrel-gigante Macronectes 80 giganteus, a pardela-preta Procellaria a. aequinoctialis, o fura-bucho-de-capuz Pterodroma incerta, o atobá-do-cabo Morus capensis, o narcejão Gallinago undulata, O maçarico-acanelado Tryngites subruficollis, e a gaivota-de-rabo-preto Larus atlanticus. Na categoria quase ameaçadas (QA), registraram-se o pingüim-de-magalhães Spheniscus magellanicus, o albatroz-de-sobrancelha Thalassarche melanophris e a pardela-cinza Procellaria cinerea. Não foi registrada nenhuma espécie de ave na categoria não ameaçadas (NA). As demais espécies registradas enquadram-se na categoria de status desconhecido (SD). 8.5.5.3 Répteis marinhos a) Composição e diversidade de espécies Na região costeira e oceânica, foram registradas 05 espécies de répteis, distribuídas em 02 família: 04 chelonídeos (tartarugas-marinhas-de-escamas), e 01 dermochelídeo (tartaruga-marinha-de-couro). b) Espécies endêmicas Nesta região, não foi registrada nenhuma espécie endêmica de réptil marinho. c) Espécies ameaçadas de extinção Nesta região, não foi registrada nenhuma espécie nas categorias provavelmente extintas (PE), criticamente ameaçadas (CA), em perigo (EP), vulneráveis (VU), quase ameaçadas (QA), e não ameaçadas (NA). Todas as espécies registradas enquadramse na categoria de status desconhecido (SD). 81 8.6 FLORA A vegetação da planície costeira sul-rio-grandense pertence ao domínio das florestas perenes e savanas de acordo com o sistema de DANSEREAU (COLINVAUX, 1973. IN: Tagliani, 2005). Já no sistema de DE CONDOLLE, que foi a primeira classificação de vegetação nos moldes modernos, encontra-se incluído no tipo Mesotérmico. No sistema de WALTER (1975, In Tagliani, op.cit), onde também são incluídas as grandes zonas climáticas, a planície costeira do Rio Grande do Sul pertence ao Zonobioma V caracterizado pelo clima úmido temperado quente (Oceânico) e pelas florestas sempre verdes "que no Brasil se prolongam muito para o sul e variam de floresta tropical a sub-tropical e também até floresta quente - temperada". WALTER considera a região do planalto, onde predominam as florestas de coníferas (Araucaria augustifolia) e a região dos pampas, com florestas de galeria, como pertencentes ao mesmo domínio (ZB V). Este Zonobioma inclui as áreas entre 30o e 35o de latitude em ambos os hemisférios, que constituem as áreas de transição entre as regiões tropical - subtropical e as regiões temperadas típicas. Estas classificações ecológicas, no entanto, não fornecem uma indicação muito precisa sobre a fisionomia da vegetação em termos regionais, uma vez que abrange várias formações com estruturas distintas em nível de formas de vida, de biomassa, de composição florística e de stand. Tampouco é útil para descrever os padrões locais de distribuição espacial. Para este propósito torna-se necessário adotar classificações mais específicas, com um maior nível de detalhamento, onde sejam consideradas as diferenças locais associadas às peculiaridades geomorfológicas do ambiente, as quais fazem da planície costeira sul-rio-grandense um segmento bastante distinto dentro do litoral brasileiro. Na classificação morfoclimática e fitogeográfica de AB' SABER (1977In: Tagliani, op.cit.), a planície costeira sul-riograndense pertence ao domínio das pradarias mistas subtropicais gaúchas, cujos limites confundem-se com o do domínio das pradarias pampeanas, sendo considerada uma área de transição entre este domínio e o dos planaltos de Araucária. Pelo fato de ser geologicamente recente, a flora litorânea apresenta poucos exemplares endêmicos, originando-se a partir da migração de regiões vizinhas mais antigas, contando com elementos andinos, 82 austral-antárticos e holoárticos (RAMBO, 1956) e elementos tropicais provenientes da Mata Atlântica. Na classificação de ALONSO (1977, In: Tagliani, op.cit.), a cobertura vegetal da planície costeira do Rio Grande do Sul está enquadrada na categoria “Campo”, na margem ocidental da Lagoa dos Patos e Mirim, e “Vegetação Litorânea” no restante da planície. Nesta última, estão incluídas a vegetação de dunas, de restinga e a de terras baixas e margens lagunares. Mais recentemente, TEIXEIRA & NETO (1986, In: Tagliani op.cit.) denominaram de “Áreas de Formações Pioneiras” a vegetação da planície costeira, subdividindo-a em 2 categorias: 1) Áreas de influência marinha, que recobrem a maior parte dos depósitos eólicos (dunas fixas e vivas), areias e depósitos síltico - argilosos, ricos em matéria orgânica, depositados próximos à linha de costa em planícies de maré e feixes de restinga; 2) Áreas de influência fluvial, situadas em torno das margens da Lagoa Mirim, maior parte das margens da Lagoa dos Patos e margem oeste da Lagoa Mangueira. As formações vegetais do município encontram-se mapeadas no mapa 1.3 (Anexo1), onde foi empregada uma escala de mapeamento maior, de 1:100.000, adotou-se o seguinte esquema de classificação para as formações vegetais na no município de Rio Grande. As seguyintes formações encontram-se identificadas no mapa: o Vegetação de dunas e praias lagunares o Pastos naturais o Mata de restinga o Banhados e marismas O presente inventário apresenta também um levantamento das informações sobre a flora aquática, incluindo o fitoplancton, macroalgas e pradarias submersas, informações estas não mapeáveis. 8.6.1 Flora Aquática 8.6.1.1 FITOPLÂNCTON – ESTUÁRIO E REGIÃO COSTEIRA São organismos passivamente transportados pelas correntes de água, sendo formados pelo conjunto de microorganismos autotróficos (fotossintetizantes) que vivem a maior 83 parte de sua vida ou durante estágios vegetativos do seu ciclo no ambiente pelágico (coluna dágua) (Lalli & Parsons, 1994; Bergesch, 2003). Segundo Odebrecht & Abreu (1998) os principais organismos fitoplantônicos no estuário da Lagoa dos Patos ao longo do ano são as diatomáceas (possuem frústula que são duas valvas externas compostas de sílica - Lalli & Parsons, 1994) e flagelados pequenos (nanoflagelados; <20 µm), sendo as cianobactérias e os dinoflagelados mais abundantes em períodos de salinidade baixa e alta, respectivamente. Bergesch (2003) em seu estudo no estuário da Lagoa dos Patos e região costeira adjacente encontrou 39 taxa de diatomáceas (TABELA 8) destacando Skeletonema spp, Melosira dúbia, M. rubra, Leptocylindrus minimus, gêneros Thalassiosira, Coscinodiscus e Asterionellopsis glacialis na região estuarina e A. glacialis na praia. Dentre os dinoflagelados dominantes no estuário encontram-se organismos da ordem Gymnodiniales e Heterocapsa niei, na região praial os gêneros Gyrodinium e Torodinium (TABELA 1). Na plataforma continental destaca-se a elevada densidade dos cocolitoforídeos Umbilicosphaera sibogae e Emiliania huxley (TABELA 5). De acordo com Bergesch (2003) a riqueza média de gêneros foi menor na região norte do estuário (proximidades de Pelotas – 5,5), aumentando em direção a barra de Rio Grande (10,7), atingindo os maiores valores na zona costeira sobre a Plataforma Continental (16,1). Nanoflagelados são compostos por organismos autotróficos e heterotróficos, constituindo a maior parte do fitoplâncton quando a biomassa é baixa (Bergesch, 2003). Foram enumerados 62 taxa no estuário da Lagoa dos Patos e região costeira, destacando as haptofíceas (27 espécies), sendo o principal gênero Chrysochromulina (TABELA 9), além disto foi registrada a ocorrência de uma nova espécie do gênero Diplotheca (Bergesch, 2003). Na região estuarina ocorrem também microalgas epifíticas que são colonizadoras de plantas superiores submersas (Ruppia marítima), como Cocconeis placentula, Synedra fasciculata, favorecendo a posterior colonização por Amphora, Nitzschia, Pleurosira laevis, Melosira, Navícula, Rhopalodia e Mastogloia (Ferreira & Seeliger, 1985). Similaridade de colonização por diatomáceas epífitas sobre planta superior submersa (Potamogeton sp.) também foi constatada por Campos (1993), destacando os gêneros Amphora, Cocconeis, Cylindrotheca, Epithemia, Mastogloia, Navícula, Rhopalodia e Synedra. 84 Neves (1993) em seu estudo com diatomáceas epífitas sobre macrófitas emergentes de marismas (Scirpus olneyi) encontrou semelhança com os gêneros encontrados nas macrófitas submersas, sendo Achnantes, Amphora, Cocconeis, Cylindrotheca, Epithemia, Mastogloia, Navícula, Pleurosigma, Rhopalodia e Synedra. TABELA 8. Lista das espécies de fitoplâncton no Estuário da Lagoa dos Patos e Região Costeira adjacente. CLASSE Bacillariophyceae ORDEM Centrales FAMÍLIA Biddulphiaceae ESPÉCIE Cerataulina bicornis C. pelagica Hemiaulus sp. Chaetoceraceae Bacteriastrum sp. Chaetoceros curvisetus Chaetoceros spp. Coscinodiscaceae Coscinodiscus+Thalassiosira Cymatosiraceae Campylosira sp. Leptocylindraceae Leptocylindrus minimus Melosiraceae Melosira dubia Melosira spp. Paralia sulcata Rhizosoleniaceae Dactyliosolen fragilissimus Guinardia delicatula G. striata G. flaccida Proboscia alata Rhizosolenia imbricata R. setigera Pennales Fragilariaceae Asterionellopsis glacialis Fragilariopsis sp. Thalassionema sp. 85 CLASSE ORDEM FAMÍLIA Naviculaceae ESPÉCIE Amphiprora sp. Diploneis sp. Meuniera membranacea Pleurosigma spp. Nitzschiaceae Bacillaria paxillifera Cylindrotheca closterium Pseudo-nitzschia spp. Thalassiosiraceae Lauderia annulata Skeletonema spp. Thalassiosira spp. Chlorophyceae Ulotrichales Ulotrichaceae Planctonema lauterbornii Dictyochophyceae Dictyochales Dictyochaceae Dictyocha sp. Dinophyceae Dinophysiales Oxyphysaceae Oxyphysis oxitoxoides. Gymnodiniales Gymnodiniaceae Amphidinium sp. Gymnodinium spp. Gyrodinium spp. Heterocapsa niei Noctilucales Protodiniferaceae Torodinium sp. Peridinales Peridiniaceae Scrippsiella sp. Prorocentrales Prorocentraceae Prorocentrum gracile P. micans P. minimum Protoperidinium spp. Prymnesiophyceae Kinetofragminophora Coccosphaerales Syracosphaeraceae Umbilicosphaera sibogae Isochrysidales Gephyrocapsaceae Emiliania huxley Cyclotrichida Mesodiniidae Myrionecta rubra 86 TABELA 9. Lista das espécies de nanoflagelados no Estuário da Lagoa dos Patos e Região Costeira adjacente CLASSE ORDEM FAMÍLIA Chrysophyceae Ochromonadales Dinobryaceae Ochromonadaceae Paraphysomonadaceae ESPÉCIE Dinobryon belgica Ochromonas sp. Paraphysomonas butcheri P. foraminifera P. imperforata P. vestita Choanoflagellidea Acanthoecida Acanthoecidae Achantocorbis sp. Calotheca alata Campyloachanta spinifera Cosmoeca norvegica C. subulata C. aff. ventricosa Diplotheca sp. Parvicorbicula circularis Pleurasiga minima Polyfibula elatensis Stephanacantha dichotoma S. apheles S. cupula S.diplocostata S. urnula Stephanacantha sp. Syndetophyllum pulchellum Dictiocophyceae Pedinellales Pedinellaceae Apedinella radians Parapedinella reticulata Haptophyceae Coccosphaerales Insertae sedis Isochrysidales Gephyrocapsaceae Wigwamma arctica Imantonia sp 87 CLASSE ORDEM FAMÍLIA Prymnesiales Phaeocystaceae ESPÉCIE Phaeocystis scrobiculata Phaeocystis sp. Prymnesiaceae Chrysochromulina adriatica C. apheles C. bergenensis C. brachycylindra C. cymbium C. engotii C. elegans C. ephipium C. ericina C. hirta C. kappa C. latilepis C. megacylindra C. minor C. parkeae C. prinsheimii C. pyramidosa C. rotalis C. scutellum C. simplex C. spinifera Corymbellus aureus Prymnesium patelliferum Heliozoea Rotosphaerida Pompholyxophrydae Insertae sedis Rabdiophrys sp. Meringosphaera mediterranea Thaumastomastix sp. Mastigophora Chloromonadida Thaumatomastigidae Prasinophyceae Chlorodendrales Chlorodendraceae Nephroselmis pyriformis Halosphaeraceae Micromomas pusilla Pyramimona, lissomnta 88 CLASSE ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE P. grossi P. longicauda P. orientalis P. obovata 8.6.1.2 FITOPLÂNCTON – ÁGUA DOCE Callegaro & Salomoni (1988) identificaram 103 taxa nas Lagoas do Jacaré, do Nicola e Mangueira pertencente à classe Bacilarophyceae, sendo 10 novas citações para o RS (TABELA 10). Alves-da-Silva (1988) em seu estudo identificou 38 taxa da classe Euglenophyceae na Estação Ecológica do Taim, sendo 13 citados pela primeira vez no RS (TABELA 10). Rosa & Miranda-Kiesslich (1989) encontraram 36 taxa da classe Chlorophyceae, sendo 13 descritas pela primeira vez para o RS (TABELA 10). Werner & Rosa (1992) em seu trabalho no Arroio Taim e nas lagoas do Nicola, do Jacaré e Mangueira descrevem 31 espécies de cianofíceas, sendo Nodularia spumigena registrada pela primeira vez para o Brasil e as espécies Aphanothece nidulans, Lyngbya aerugineo-coerulea, L. hieronymusii, L. contorta, L. putealis, Oscillatoria articulata, O. chalybea, O. hamelii, O. ornata var. crassa, O. willei, Pseudanabaena catenata e Spirulina laxissima sendo descritas pela primeira vez para o estado do RS (TABELA 10). Flores et al. (1999a e 1999b) e Ludwig et al. (2004) encontraram em seus estudos nas lagoas do Nicola, das Flores e Mirim no município de Rio Grande 43 taxa pertencentes às classes Bacillariophyceae, Fragilariophyceae sendo duas novas citações de ocorrência no RS (Fragilaria neoproducta e Opephora olsenii) e Coscinodiscophyceae, sendo desta classe quatro novas citações para o RS (Stephanodiscus hantzschii var. hantzschii, Aulacoseira crenulata var. crenulata,A. muzzanensis var. muzzanensis e Pleurosira socotrensis var. pangeroni) . Corrêa (2005) em seu estudo nas Lagoas Nicola e Jacaré encontrou diatomáceas dos gêneros Surirella, Pinularia, Nitzschia, Epithemia, Cymbella, Synedra, Eunotia, Melosira, Neidium, Gomphonema, Rhopalodia, Pleurosigma e Navícula, dinoflagelado do gênero Peridinium, euglenofíceas dos gêneros Phacus e Trachelomonas, 89 clorofíceas dos gêneros Pediastrum, Scenedesmus, Quadrigula, Spirogyra, Staurastrum, Tetraedron e Volvox, cianofíceas dos gêneros Anabaena e Spirulina e ciliados do gênero Tintinnopsis TABELA 10. Lista das espécies de fitoplâncton e cianofíceas de água doce CLASSE ORDEM FAMÍLIA Bacillariophyceae Epithemiales Epithemiaceae ESPÉCIE Epithemia argus E. sorex Pennales Achnanthaceae Achnanthes exigua A. inflata A. lanceolata Cocconeidaceae Cymbellaceae Cocconeis placentula Amphora ovalis Cymbella affinis C. cistula Pinnularia acrosphaeria P. borealis P. brevicostata P. divergens P. gibba P. maior P. streptoraphe P. viridis Diatomaceae Synedra acus S. parasitica S. pulchella S. ulna Epithemiaceae Epithemia argus E. sorex Rhopalodia gibba Eunotiaceae Eunotia camelus 90 CLASSE ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE E. didyma E. exigua E. faba E. flexuosa E. indica E. major E. monodon E. paralella E. pectinalis E. veneris Opephora martyi Fragilariaceae Fragilaria brevistriata F. construens F. intermedia F. pinnata Naviculaceae Anomoeoneis sphaerophora Amphipleura lindheimeri Diploneis ovalis D. smithii Frustulia rhomboides Gomphonema acuminatum G. angustatum G. augur G. constrictum G. gracile G. lanceolatum G. parvulum G. subtile Gyrosigma acuminatum Navicula anglica N. bacillum N. capitata N. cuspidata N. hungarica N. peregrina N. pupula N. radiosa 91 CLASSE ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE N. viridula Neidium iridis Mastogloia smithii Stauroneis acuta S. anceps S. phoenicenteron Nitzchiaceae Bacillaria paxillifer Hantzschia amphioxys N. amphibia N. palea N. paleacea N. romana Nitzschia spectabilis Rhopalodiales Raphidineae Eunotia parallela Rhopalodiaceae Epithemia adnata E. sorex Rhopalodia gibba R. brebissonii R. musculus Surirellales Surirellaceae Surirella guatimalensis S. linearis S. minuta S. robusta S. striatula S. tenela S. terryana Chlorophyceae Chlorococcales Dictyosphaeriacea Dictyosphaerium granulatum D. tetrachotomum Hydrodictyaceae Oocystacea Sorastrum americanum Ankistrodesmus bibraianus Franceia ovalis Lagerheimia ciliata 92 CLASSE ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE Pachycladella umbrina Scenedesmaceae Scenedesmus obtusus Coelastrum astroideum C. polychordum C. pulchrum C. reticulatum Actinastrum raphidioides Coscinodiscophyceae Aulacoseirales Aulacoseiraceae Aulacoseira distans A. crenulata A. granulata A. italica A. muzzanensis Coscinodiscales Hemidiscaceae Actinocyclus normanii Heliopeltaceae Actinoptychus senarius Paraliales Paraliaceae Melosirales Melosiraceae Thalassiosirales Stephanodiscaceae Paralia sulcata Melosira varians Cyclotella meneghiniana Stephanodiscus hantzschii Triceratiales Triceratiaceae Pleurosira laevis P. socotrensis Cyanophyceae Chroococcales Chroococcaceae Aphanothece nidulans A. stagnina Chroococcus dispersus C. limneticus C. minor Gomphosphaeria aponina G. lacustris Merismopedia glauca M. punctata M. tenuissima 93 CLASSE ORDEM FAMÍLIA Nostocaceae Oscillatoriaceae ESPÉCIE Nodularia spumigena Lyngbya aerugineo-coerulea L. contorta L. hieronymusii L. martensiana L putealis Oscillatoria amphibia O. articulata O. chalybea O. granulata O. hamelii O. lacustris O. limnetica O. ornata O. ornata var. crassa O. princeps O. rubescens O. tenuis O. willei Pseudanabaena catenata Spirulina laxissima Euglenophyceae Euglenales Euglenaceae Euglena acus E. oxyuris E. spirogyra Euglena sp. Lepocinclis fusiformis L. ovum Lepocinclis sp. Phacus contortus P. curvicauda P. longicauda P. nordstedtii P. orbicularis P. pleuronectes P. suecicus P. tortus 94 CLASSE ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE P. undulatus Phacus sp. Strombonas ensifera S. fluviatilis S. verrucosa Trachelomonas acanthophora T. armata T. dastuguei T. hispida T. kelooggii T. volvocina T. volvocinopsis Trachelomonas sp. Fragilariophyceae Fragilariales Fragilariaceae Ctenophora pulchella Fragilaria capucina F. parasitica F. fasciculata Martyana martyi Opephora olsenii Pseudostaurosira brevistriata Staurosira construes Synedra goulardi S. acus S. ulna 8.6.1.3 MACROALGAS BENTÔNICAS – ESTUÁRIO São algas visíveis a olho-nu (macro) que se desenvolvem sobre o sedimento (bentônicas) em áreas rasas (Lalli & Parsons, 1994). No estuário da Lagoa dos Patos são encontradas 95 espécies, representadas por cianofitas de formação colonial e filamentosa (algas azuis - 40 espécies), clorofitas (algas verdes - 26 espécies), rodofitas (algas vermelhas – 25 espécies), feófitas (algas pardas – 3 espécies) e xantofitas (1 espécie) (TABELA 11) (Coutinho, 1982). Segundo Seeliger (1998a) as macroalgas são distribuídas horizontalmente em 3 grupos associadas às salinidades médias anuais, variando de 1 - 12 na parte superior do estuário, 4 – 24 na porção inferior e 13 – 34 no canal de acesso Seeliger (1998a) 95 comenta que a colonização das algas nos baixios do estuário inferior depende da presença temporária de substratos mais ou menos estáveis, embora algumas espécies também forma grandes biomassas flutuantes nas enseadas. TABELA 11. Lista das espécies de macroalgas no Estuário da Lagoa dos Patos. CLASSE ORDEM FAMÍLIA Bangiophycidae Bangiales Bangiaceae ESPÉCIE Bangia atropurpurea Erythrocladia subintegra Erythrotrichia carnea Goniotrichum alsidii Porphyra pujalsii P. rizzinii Florideophycidae Ceramiales Ceramiaceae Callithamnion uruguayense Ceramium brasiliensis C. brevizonatum Rhodomelaceae Bryocladia thyrsigera Carradoria virgata Polysiphonia subtilissima P. tepida Polysiphonia sp. Grateloupiaceae Grateloupia cuneifolia G. filicina Gelidiales Gelidiaceae Gelidium floridianum G. crinale Gigartinales Gigartinaceae Gigartina teedii G.elegans Hypneaceae Nemalionales Hypnea musciformis Phyllophoraceae Gymnogongrus griffithsiae Acrochaetiaceae Acrochaetium flexuosum A. globosum 96 CLASSE ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE Kylinia crassipes Phaeophyceae Ectocarpales Ectocarpaceae Ectocarpus siliculosus Giffordia mitchellae Punctariales Punctariaceae Petalonia fascia Xantophyceae Heterosiphonales Vaucheriaceae Vaucheria longicaulis Chlorophyceae Cladophorales Cladophoraceae Chaetophora aerea Cladophora crispata C. fascicularis C. flexuosa C. prolifera C. scitula Rhizoclonium kerneri R. ripanum R. tortuosum Siphonales Bryopsidaceae Bryopsis plumosa Bryopsis sp. Ulotrichales Ulvales Chaetophoraceae Phaeophila viridis Gomontiaceae Gomontia lignicola Ulotrichaceae Ulothrix flacca Ulvaceae Enteromorpha bulbosa E. clathrata E. compressa E. flexuosa E. intestinalis E. linza E. micrococca E. ramulosa Uiva lactuca U. fasciata Ulvaria oxysperma 97 CLASSE Cyanophyceae ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE Zygnematales Zygnemataceae Spirogyra sp. Chroococcales Chroococcaceae Aphanothece stagnina Chroococcus membraninus C. minor C. pallidus C. turgidus Gloecapsa cripidium Gomphosphaeria aponina Merismopedia elegans M. punctata Microcystis aeruginosa M. ichthyoblabe Nostocales Nostocaceae Anabaena doliolum A. oscillarioides Nostoc commune Nodularia harveyana Oscillatoriaceae Lyngbya aestuarii L. confervoides L. epiphytica L. lutea L. martensiana Microcoleus chthonoplastes M. tenerrimus Oscillaloria amphibia O. animalis O. earlei O. limosa O. nigroviridis O. obscura O. okeni O. proboscidae O. subbrevis Phormidium fragile P. crouani P. usterii 98 CLASSE ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE Schizothrix lamyi S. muelleri Spirulina labyrinthiformis Rivulariaceae Pleurocapsales Hyellaceae Stigonematales Nostochopsidaceae Calothrix parietina Xenococcus cladophorae Mastigocoleus testarum 8.6.1.4 PRADARIAS SUBMERSAS – ESTUÁRIO São formadas por plantas fanerógamas (plantas que apresentam flor), que de acordo com Seeliger (1998b) vegetam grande parte das áreas rasas (<1,5 m) próximas às margens do estuário, podendo recobrir aproximadamente 120 km2 (Costa et al, 1997) das áreas com circulação reduzida e sedimento arenoso. No estuário da Lagoa dos Patos a principal espécie colonizadora é Ruppia marítima, podendo ocorrer outras espécies em períodos prolongados de baixa salinidade (Zannichellia palustris, Potamogeton striatus, Myriophyllum aquaticum e Ceratophyllum demersum) (TABELA 12). Seeliger (1998b) afirma que as condições de irradiância (luz), temperatura e salinidade na água permitem o crescimento perene de R. maritima no estuário, contudo ciclos anuais é o mais constatado, podendo começar entre o início da primavera ou do verão e cessar entre o final do verão ou do outono. Dentre os fatores que podem causar o desaparecimento de populações anuais de R. maritima no final do verão ou no outono Seeliger (1998b) destaca o regime de luz mais que temperatura e salinidade, a dessecação, o sombreamento por algas epífitas e massas flutuantes de macroalgas. 99 TABELA12. Lista das espécies que formam as pradarias submersas. CLASSE Monocotyledoneae ORDEM Helobiae FAMÍLIA Potamogatonaceae ESPÉCIE Potamogeton striatus Ruppia maritima Zannichellia palustris Dicotyledoneae Ranales Ceratophyllaceae Ceratophyllum demersum Myrtales Haloragaceae Myriophyllum aquaticum 8.6.2 Banhados e Marismas 8.6.2.1 BANHADOS – ÁGUA DOCE Banhados são áreas alagadas permanente ou temporariamente, conhecidos na maior parte do país como brejos, são também denominados de pântanos, pantanal, charcos, varjões e alagados, entre outros, caracterizados pela presença de água rasa ou solo saturado de água, o acúmulo de material orgânico proveniente da vegetação e a presença de plantas e animais adaptados à vida aquática (Burger). Existem pelo menos 265 espécies vegetais que foram descritas para áreas úmidas, alagadas e adjacências (campos úmidos e campos) (TABELA 13) (Pfadenhauer et al., 1979; Irgang & Waechter, 1984; Porto & Dillenburg, 1986; Rocha, 1986; Colares et al., 2001; Costa et al., 2003; Rolon & Matchik, 2004; Batista et al., 2006; Marangoni, 2006) sendo representadas por plantas com formas biológicas desde macrófitas aquáticas flutuantes até macrófitas anfíbias (Figura 8). A planta Oplismenopsis najada é uma macrófita flutuante que só recentemente teve confirmada sua ocorrência no Brasil por Guglieri et al. (no prelo). A planta pteridófita Regnellidium diphyllum é considerada uma espécie endêmica no Sul do Brasil, Argentina e Uruguai (Rolon & Maltchik, 2004). 100 TABELA 13. Lista das espécies encontradas em áreas úmidas, alagadas e adjacências (campos úmidos e campos secos). Os números indicam a forma biológica segundo Esteves (1988) e Irgang & Gastal (1996): 1 — Flutuante livre; 2 - Flutuante fixa; 3 - Submersa fixa; 4 - Anfíbia; 5 – Emergente FAMÍLIA Acanthaceae ESPÉCIE FORMA BIOLÓGICA Hygrophila brasiliensis 5 H. guianensis 4 Justicia brasiliana Alismataceae Amaranthaceae J. laevilinguis 5 Echinodorus grandiflorus 5 E. tenellus 3, 4 Echinodorus sp. 3, 4 Sagittaria montevidensis 3, 5 Alternanthera philoxeroides 4, 5 Alternanthera sp. Amaryllidaceae Apiaceae 3, 4, 5 Pfaffia tuberosa 4, 5 Crinum americanum 4, 5 Centella asiatica 3, 4 C. biflora 4 C. hirtella Eryngium elegans E. horridum E. nudicaule E. pandanifolium E. zosterifolium 4, 5 4 Hydrocotyle bonariensis H. ranunculoides 2, 5 H. verticillata Lilaeopsis attenuata Lilaeopsis sp Araceae Asclepiadaceae 3, 4, 5 Pistia stratiotes 1 Zantedeschia aethiopica 4 Roullinia montevidensis 5 101 FAMÍLIA Asteraceae ESPÉCIE Aster squamatus Baccharis microcephala B. penningtonii FORMA BIOLÓGICA 4 4, 5 4 B. trimera Bidens laevis Eclipta prostrata 2, 4, 5 4, 5 Eclipta sp. Enhydra anagallis E. sessifolia Erechthites hieracifolia 2, 3 2,3,4,5 4, 5 E. valerianaefolium Eupatorium tremulum 4 Eupatorium sp. Gymnocoronis spilanthoides Mikania cordifolia M. periplocifolia 3, 5 5 4, 5 Pluchea sagittalis 4 Azolla caroliniana 1 A. filiculoides 1 Begoniaceae Begonia cucullata 4 Blechnaceae Blechnum brasiliense Boraginaceae Amsinckia hispida 4 Heliotropium procumbens 4 Azollaceae Buddleiaceae Buddleia sp. Cabombaceae Cabomba australis Callitrichaceae Callitriche sp. Cannaceae 3 4, 5 Canna cf. coccinea C. glauca 4, 5 Canna sp. Campanulaceae Pratia hederacea 4, 5 102 FAMÍLIA Capparidaceae Caryophyllaceae ESPÉCIE FORMA BIOLÓGICA Cleome trachycarpa 5 Drymaria cordata 4 Tradescantia fluminensis Vell. Ceratophyllum demersum 3 Chara sp. 3 Nitella sp. 3 Chenopodiaceae Chenopodium album 4 Commelinaceae Commelina difusa 4, 5 C. erecta 4, 5 Ceratophyllaceae Characeae Commelina sp. Convolvulaceae Ipomoea indivisa 4 Ipomea sp. Crassulaceae Cyperaceae Bryphyllum sp. 4 Bulbostylis juncoides 4 Cladium jamaicense 4, 5 Cyperus cayennensis C. celluloso-reticulatus C. consaguineus 4, 5 4 C. ferax C. giganteus 5 C. haspan 4 C. hermaphroditus 4 C. incomtus 4 C. luzulae 4 C. megapotamicus 4 C. odoratus 4 C. polystachyos 4 C. virens 4 Eleocharis bonariensis 4 E. contracta 103 FAMÍLIA ESPÉCIE FORMA BIOLÓGICA E. debilis E. maculosa 4 E. nana 4 E. obtusa 4 E. obtusetrigona E. radicans 4 E. viridanis Eleocharis sp. Fimbristylis autumnalis 4, 5 F. complanata F. squarrosa 4, 5 Fuirena umbellata 4, 5 F. robusta 4, 5 Kyllinga vaginata Rhynchospora rostrata 4 4, 5 R. uleana Rhynchospora sp. Scirpus californicus 5 S. cubensis 4 S. giganteus 4, 5 S. olneyi S. submersus 4 2, 3 Scleria distans Drosearaceae S. hirtella 4 Drosera brevifolia 4 D. intermedia 4 D. sessilifolia 4 Equisetaceae Equisetum giganteum Eriocaulaceae Eriocaulon compressum E. cf. septangulare Euphorbiaceae 4, 5 4 4, 5 Bernardia multicaulis 4 Euphorbia peplus 4 Phyllanthus sellowianus Sapium glandulatum 4, 5 4 104 FAMÍLIA Fabaceae ESPÉCIE FORMA BIOLÓGICA Cassia corymbosa 4 Erythrina crista-galli 4 Sesbania punicea 4 Vigna luteola 4, 5 V. longifolia 4 Gunneraceae Gunnera herteri 4 Haloragaceae Myriophyllum aquaticum 3, 5 M. elatinoides 3, 5 Egeria densa 3 Elodea canadensis 3 Limnobium stoloniferum 5 L. laevigatum 1 Isoetaceae Isoetes ekmanii 5 Juncaceae J. buchenauii 4 J. bufonius 4 J. capillaceus 4 Hydrocharitaceae J. dichotomus J. microcephalus J. scirpiodes 4, 5 4 Juncus sp. Juncaginaceae Labiatae Lentibulariaceae Triglochin striata 4 Stachys sp. 4 Utricularia gibba 1, 5 U. tricolor Lemnaceae Lemna valdiviana 1 Spirodela sp. 1 Wolffia sp. 1 Wolffiella lingulata 1 W. oblonga 1 105 FAMÍLIA Lentibulariaceae ESPÉCIE FORMA BIOLÓGICA Utricularia foliosa U. gibba 1, 5 U. inflata 1 U. laxa 4, 5 U. tricolor 4, 5 Limnocharitaceae Hydrocleis nymphoides 3 Lythraceae Cuphea carthagenensis 4 Cuphea sp. Lythrum hyssopifolia Lycopodiaceae Malvaceae 4 Lycopodium capellae Hibiscus cisplatinus 4, 5 H. diversifolius 4, 5 H. striatus 4, 5 Pavonia hastata Maranthaceae Thalia geniculata 5 Marsileaceae M. quadrifolia 1 Regnellidium diphyllum 2, 4, 5 Mayaca fluviatilis 4 Melastomataceae Tibouchina asperior 4 Menyanthaceae Nymphoides indica 2, 3, 4 Maycaceae Moraceae Ficus organensis 4 Myrtaceae Psidium cattleyanum 4 Najas conferta 3 Nymphaeaceae Nupharadvena Ait. 2 Onagraceae Ludwigia longifolia 4, 5 Najadaceae 106 FAMÍLIA ESPÉCIE L. peploides FORMA BIOLÓGICA 2, 3, 4 Ludwigia sp. Orchidaceae Poaceae Habenaria sp. 4 Andropogon sp. Agrostis sp. Bambusa sp. Briza calotheca 4 Digitaria sp. 4 Echinochloa colona 4 E. polystachya Eragrostis acuminata 4, 5 5 E. bahiensis E. hypnoides 4 E. neesii E. plana Ischaemum minus 4 l. urvilleanum 4 Leersia hexandra 2, 3, 4, 5 Luziola peruviana 2, 3, 4, 5 Oplismenopsis najada 2 Panicum aquaticum P. elephantipes 2,4,5 P. helobium 4 P. prionitis 4 P. repens 4 P. sabulorum 4 Paspalidium paludivagum 2,3,4 P. geminatum Paspalum disthichum 4 P. modestum 2, 4 P. urvillei 2, 4 Paspalum sp. Plumbaginaceae Setaria geniculata 4 Zizaniopsis bonariensis 5 Statice brasiliensis 4 107 FAMÍLIA Polygalaceae ESPÉCIE Monnina sp. Poligala leptoculis Polygonaceae Polygonum acuminatum P. ferrugineus Ranunculaceae Ricciaceae Rubiaceae 4 P. meissnerianum 4 3,4 Rumex argentinus 4 Rumex sp 4 Eicchornia azurea 1, 2, 3 1 Pontederia lanceolata Nutt. 4, 5 Reussia subovata 2, 3 Potamogeton berteroanus P. burkartii Primulaceae 2, 4, 5 4, 5 E. crassipes Potamogetonaceae 4, 5 P. hydropiperoides P. punctatum Pontederiaceae FORMA BIOLÓGICA 3 2, 3 P. ferrugineus 3 P. illinoensis 3 P. lucens 3 P. natans 3 P. pectinatus 3 P. pusillus 3 P. rutilus 3 Ruppia maritima 3 Centunculus minimus 4 Samolus valerandi 4 Ranunculus apiifolius 4, 5 R. bonariensis 5 Riccia stenophylla 1 Ricciocarpus natans 1 Cephalanthus glabratus Diodia alata Oldenlandia sp. 4, 5 2, 3, 4 4 108 FAMÍLIA Salviniaceae Scrophulariaceae ESPÉCIE FORMA BIOLÓGICA Azolla filiculoides Lam. 1 A. caroliniana 1 Salvinia auriculata 1 S. herzogii 1 S. minima 1 Bacopa monnieri 3, 4, 5 Castilleja sp. Solanaceae Thelypteridaceae Typhaceae Verbenaceae Xyridaceae Gerardia sp. 4 Mecardonia montevidensis 4 Stemodia sp. 4 Veronica serpyllifolia 4 Solanum americanum 4 S. malacoxylon 4 Thelypteris interrupta Typha angustifolia 5 T. domingensis 5 T. cf. latifolia 5 Galium latoramosum Phyla canescens 4 Verbena intermedia 4 Xyris anceps 4, 5 X. jupicai 4, 5 109 Figura 8. Formas biológicas das plantas de ambientes aquáticos (Modificado de Esteves, 1988 e Irgang & Gastal, 1996). 8.6.2.2 Marismas – Estuários As marismas são ecossistemas costeiros intermareais dominados por vegetação herbácea halófita (vivem em ambientes salgados), com desenvolvimentos anuais e perenes, providas de estruturas anatômicas e adaptações fisiológicas para suportarem o alagamento e a variação de salinidade (Adam, 1993). Esta vegetação ocupa áreas protegidas de estuários, baias e lagunas, particularmente nas regiões temperadas e subtropicais, onde ocorre uma maior deposição de sedimentos aluviais ou marinhos (Davy & Costa, 1992; Adam, 1993). No continente americano, as marismas apresentam uma ampla distribuição, desde o norte do Canadá até Puerto Espora (Chile). No Brasil, as marismas passam a ser um ambiente predominante das regiões costeiras somente a partir de Laguna – SC (29oS), onde as baixas temperaturas durante o inverno limitam o desenvolvimento dos manguezais (Chapman, 1977; Costa & Davy, 1992). O estuário da Lagoa dos Patos (Rio Grande do Sul) ocupa uma área de aproximadamente 900 Km2, distribuindo-se desde os molhes da barra até a Ilha da Feitoria (Closs, 1962) e cerca de 70 Km2 de suas enseadas rasas, margens e ilhas, em zona intermareal, apresentam uma cobertura vegetal dominada por marismas (Costa et al., 1997; Nogueira, 2003) (Figura 9), compreendendo 93% de todas as marismas da costa gaúcha (Costa, 2006). 110 Figura 9. Distribuição espacial das marismas no estuário da Lagoa dos Patos 111 Existem pelo menos 95 espécies vegetais que foram descritas para o ambiente das marismas e adjacências (transição para campos, banhados de água doce e dunas) (TABELA 14) (Silva et al., 1993; Costa et al., 1997; Costa, 1999; Azevedo, 2000; Costa & Marangoni, 2000; Marangoni, 2003; Peixoto & Costa, 2004) sendo representadas por plantas tropicais como Paspalum vaginatum e Acrostichum danaefolium e por espécies de clima temperado frio como Atriplex patula e Limonium brasiliensis, tornando este ambiente parte de uma transição biogeográfica temperada quente (Costa, 1998a). Dentre as espécies vegetais que compõem as marismas do estuário da Lagoa dos Patos, destacam-se cinco espécies rizomatosas perenes que recobrem mais de 50% da superfície total, a saber, as poáceas Spartina alterniflora e Spartina densiflora, as ciperáceas Scirpus maritimus e Scirpus olneyi e a juncácea Juncus kraussii (Costa, 1998a). Estas espécies dominantes ocorrem ao longo de uma ampla faixa de distribuição vertical (Figura 10) e demonstram um alto grau de sobreposicionamento, contudo apresentam preferências específicas em relação à topografia, com máximas abundâncias em diferentes pisos intermareais (Costa, 1998a). Figura 10. Distribuição vertical das plantas dominantes das marismas no Estuário da Lagoa dos Patos em função do Nível Médio de Água (m) e Freqüência de alagamento (%) (Modificado de Costa, 1998a). Fatores ambientais (como alagamento, salinidade, deposição de sedimento e topografia), associados às características biológicas (como tolerância aos estresses ambientais e interações biológicas) resultam em uma grande diversidade de hábitats bem definidos dentro das marismas, tais como planos de lama, canais/poças de maré e planos intermareais vegetados (Davy & Costa, 1992; Costa et al. 1997; Costa, 1998b; Bertness, 1999; Azevedo, 2000; Davy et al., 2000; Costa et al. 2003). Segundo Costa (1998a), as áreas vegetadas são compostas por 6 distintas comunidades, (Figura 11): 112 Figura 11. Distribuição espacial das diferentes comunidades vegetais das marismas do Estuário da Lagoa dos Patos em função do Nível Médio de Água e Salinidade. TCU – Transição para Campos Úmidos; TBD – Transição para Brejos entre Dunas; MRA – Marisma Raramente Alagada; MEA – Marisma Esporadicamente Alagada; MFAO – Marisma Freqüentemente Alagada Oligohalina; MFAM – Marisma Freqüentemente Alagada Meso-Euhalina (Extraído de Costa, 1998a). TABELA 14. Lista das espécies encontradas nas áreas de marismas e adjacências (campos úmidos, campos secos e banhados). FAMÍLIA Aizoaceae ESPÉCIE Sesuvium portulacastrum Tetragonia expansa Amaranthaceae Alternanthera philoxeroides Blutaparon portulacoides Apiaceae Apium graveolens A. leptophylum Eryngium pandalifolium Eryngium sp 113 FAMÍLIA ESPÉCIE Hydrocotyle bonariensis Aspleniaceae Asplenium sellowianum Asteraceae Achyrocline satureiodes Ambrosia elatior Aster squamatus Baccharis trimera Bidens pilosa Conysa bonariensis Cotula coronopifolia Ecliptra prostrata Enhydra anagalis Eupatorium sp Pluchea sagitalis Senecio bonariensis S. crassiflorus S. tweedii Sonchus oleraceus Brassicaceae Lepidium ruderale Raphanus sativus Caryophylaceae Drimaria cordata Chenopodiaceae Atriplex hastata A. undulata Chenopodium album Salicornia gaudichaudiana Convolvulaceae Calystegia sepium Ipomoea cairica Cucurbitaceae Cayaponia martiana Melothria cucumis Cyperaceae Androtrichum trigynum C. polystachyus C. obtusatus 114 FAMÍLIA ESPÉCIE Cyperus sp Eleocharis sp Fimbristylis spadiceae Scirpus maritimus S. olneyi Fabaceae Canavalia bonariensis Senna corymbosa Sesbania virgata Vigna luteola Juncaceae Juncus acutus J. kraussii Juncaginacea Triglochin striata Labiatae Hyptis mutabilis Malpighiaceae Malvaceae Stigmatophyllon littorale Hibiscus diversifolius Sida rhombifolia Myrsinaceae Poaceae Myrsine parvifolia Andropogon arenarius Andropogon sp. Axonopus fissifolius Axonopus sp. Bromus brachyanthera Cenchrus echinatus Cynodon dactylon Elyonurus angustifolius Eragrostis airoides E. bahiensis Eriochloa punctata Imperata brasiliensis Ischaemum minus Luziola peruviana 115 FAMÍLIA ESPÉCIE Lolium temulentum Panicum racemosum Panicum sp Paspalum nicorae P. vaginatum Poidium uniolae Polypogon maritimus Rhynchelytrum repens Setaria geniculata Spartina alterniflora S. ciliata S. densiflora Sporobolus indicus Stenotaphrum secundatum Plumbaginaceae Polygonaceae Limonium brasiliensis Polygonum hydropiperoides P. neglectum Rumex paraguayensis Pteridaceae Scrophulariaceae Solanaceae Acrostichum danaefolium Bacopa monnieri Solanum sp S. americanum Tamaricaceae Tamarix galica Typhaceae Typha domingensis Verbenaceae Verbena bonariensis 116 a) Comunidades Vegetais Transicionais Duas comunidades transicionais, compostas por espécies com tolerância limitada à salinidade, ocupam as bordas superiores das marismas, uma formando a transição para campos úmidos (TCU) que são caracterizadas pelas espécies indicadoras Ischaemum minus, Polypogum monspeliensis, Cyperus polystachyos, Eleocharis spp. e Alternanthera phyloxeroides e a outra composição vegetal transicional para brejos entre dunas (TBD), ocupadas por Cyperus obtusatus, Panicum repens, Bacopa monierii, Paspalum vaginatum, Hydrocotyle bonariensis e Juncus acutus. b) Marismas Raramente alagadas (MRA) (Marisma Superior) São áreas com altura topográfica de +0,80 e 0,30 m do nível médio de água (NMA) da Lagoa dos Patos e são raramente alagadas por águas salobras ou doces, sendo densamente vegetadas por Juncus kraussii. c) Marismas Esporadicamente alagadas (MEA) (Marisma Média) A maior parte das áreas interiores e margens erosivas das ilhas e áreas marginais entre +0,10 e +0,30 m do NMA, são dominadas por Spartina densiflora. Associada a S. densiflora ocorre a Salicornia gaudichaudiana, sendo abundante em planos lamosos adjacentes e, Vigna luteola e Senecio tweediei. d) Marismas Freqüentemente alagadas (Marisma Inferior) Região compreendida entre +0,10 e -0,50 m do NMA, sendo divididas em marismas oligohalinas (salinidade <6) e mesohalinas (salinidade >6). A cobertura vegetal é dominada por Scirpus olneyi (oligohalina) (MFAO) e S. alterniflora (mesohalina) (MFAM). 8.6.3 Dunas Segundo Cordazzo & Seeliger (1995) as dunas são feições naturais da maioria das praias arenosas do mundo que recebem contínuos aportes de areias, transportados pelos ventos dominantes. De acordo com Cordazzo & Seeliger (1995) as dunas formam-se devido à interação do vento, areia e plantas, sendo o vento o agente transportador de areia seca que ao encontrar a vegetação, perde a força, sendo então depositada, concomitantemente, as plantas através da porção rastejante rizomatosa e raízes ajudam na fixação da areia, auxiliando no crescimento adicional das dunas. 117 Segundo Seeliger (1998) as dunas costeiras frontais (entre latitudes 32º e 34º) são colonizadas por plantas herbáceas, sendo a vegetação arbórea mais restrita às dunas interiores mais antigas. São encontradas pelo menos 67 espécies vegetais herbáceas nas dunas costeiras (TABELA 15) (Cordazzo & Seeliger, 1987; Cordazzo & Seeliger, 1988) e 25 espécies herbáceas em uma duna interior mais antiga (TABELA 16) (Marangoni, 2006). TABELA 15. Lista das espécies descritas para as dunas costeiras. FAMÍLIA ESPÉCIE Amaranthaceae Blutaparon portulacoides Asclepiadaceae Asclepias mellodora Apiaceae Centella hirtella Hydrocotyle bonariensis Lilaeopsis attenuata Asteraceae Achyrocline satureiodes Baccharis patens B. spicata B. trimera Conyza blakei C. floribunda C. pampeana Gamochaeta americana Picrosia longifolia Pluchea sagittalis Pterocaulon angustifolium P. purpurascens Senecio crassìflorus S. selloi Calyceraceae Calycera crassifolia Chenopodiaceae Chenopodium retusum Convolvulaceae Calystegia sepium 118 FAMÍLIA ESPÉCIE Cruciferae Cakile maritima Scopoli Cyperaceae Androtrichum trigynum Cyperus giganteus C. obtusatus C. reflexus Eleocharis montevidensis E. obtusa Fimbristylis autumnalis Scirpus olneyi Scleria hirtella Droseraceae Drosera brevifolia Equisetaceae Equisetum giganteum Fabaceae Vigna luteola Gentianaceae Zigostigma australe Gunneraceae Gunnera herteri Hypericaceae Hypericum connatum Iridaceae Juncaceae Sisyrinchium sp. Juncus acutus J. capillaceus J. cf. microcephalus Juncaginaceae Triglochim striata Menyanthaceae Nymphoides indica Onagraceae Oenothera affinis Orchidaceae Habenaria parviflora 119 FAMÍLIA Plantaginaceae Poaceae ESPÉCIE Plantago australis Andropogon arenarius Briza minor Eragrostis cataclasta E. trichocolea Imperata brasiliensis Panicum racemosum Paspalum vaginatum Polypogon imberbis P. maritimus Spartina ciliata Polygalaceae Polygala cyparissias Primulaceae Anagalis arvensis Rosaceae Scrophulariaceae Margyricarpus pinnatus Agalinis communis Bacopa monnieri Lindernia dubia Stemodia hyptoides Typhaceae Verbenaceae Typha domingensis Phyla canescens 120 TABELA 16. Lista das espécies encontradas em uma duna interior mais antiga FAMÍLIA Apiaceae ESPÉCIE Centella asiatica Hydrocotyle bonariensis Asteraceae Baccharis riograndensis Lucilia acutifolia Pterocaulon angustifolium P. lorentzii Sommerfeldtia spinulosa Cyperaceae Androtrichum trigynum Bulbostylis capillaris Cyperus cayennensis Eleocharis Sp Fimbristylis complanata Rhynchospora tenuis Rhynchospora Sp Drosera Drosera brevifolia Poaceae Andropogon selloanus Axonopus Sp Eragrostis cataclasta Paspalum plicatulum P. pumilum Schizachyrium microstachyum Sorghastrum setosum Sporobolus indicus Rubiaceae Diodia apiculata Xiridaceae Xyris sp 8.6.4 Pastos Naturais Segundo Waechter (1985) as formações campestres são predominantes no litoral centro-sul, abaixo do paralelo 30º, comumente associada a capões, banhados e palmares e geralmente no inverno, tendem a se reduzir em função do aumento de nível das lagoas ou lagunas (Patos, Mirim, Mangueira) e do relevo plano e baixo do litoral. 121 As condições de drenagem no solo determinam dois tipos de campos arenosos, os campos secos e os campos úmidos, sendo este último periodicamente inundável (Waechter, 1985). Existem pelo menos 301 espécies vegetais descritas para as áreas de campo arenoso seco, úmido e adjacências (dunas e banhados) (TABELA 17) (Pfadenhauer et al., 1979; Porto & Dillenburg, 1986; Colares et al., 2001; Batista et al., 2006; Marangoni, 2006; TABELA 17. Lista das espécies descritas para as áreas de campo arenoso seco, úmido e adjacências (dunas e banhados). FAMÍLIA Acanthaceae ESPÉCIE Dicliptera iminuta D. cf. pohliana Ruellia sanguinea Aeschynomeneae Alismataceae Styloshantes leiocarpa Echinodorus sp Amaryllidaceae Hipoxis decumbens Apiaceae Apium leptophyllum Bowlesia incana Centella asiatica Cyclospermum leptophyllum Eryngium ciliatum E. elegans E. horridum E. pandanifolium E. nudicaule Hydrocotyle bonariensis H. ranunculoides Lilaeopsis sp Araceae Asclepiadaceae Pistia stratiotes Oxypetalum balansae Roulinia montevidensis 122 FAMÍLIA Asteraceae ESPÉCIE Achyrocline satureiodes Androtrichum trigynum Ambrosia tenuifolia Aspilia montevidensis A. pascalioides Aster squamatus Baccharis anomala B. articulata B. caprariaefolia B. dracunculifolia B. penningtonii B. riograndensis B. rufescens B. sagittalis B. spicata B. trimera Bidens laevis B. pilosa Chaptalia nutans Cirsium vulgare Conyza bonariensis C. floribunda C. pampeana Cotula australis Elephantopus mollis Enhydra anagallis E. sessifolia Erechthistes valerianaefolia Facelis retusa Gamochaeta americana G. simplicicaulis G. spicata Lucilia acutifolia Mikania micrantha M. variifolia Pluchea sagittalis Pterocaulon angustifolium P. lorentzii 123 FAMÍLIA ESPÉCIE P. purpurascens Senecio cisplatinus S. crassiflorus S. grisebachii S. oligophyllus S. selloi Senecio sp. Solidago chilensis Sommerfeldtia spinulosa Tagetes minuta Trixis praestans Vernonia lithospermifolia Vernonia sp. Xanthium saccharatum Azollaceae Azolla caroliniana Begoniaceae Bromelia antiacantha Blechnaceae Blechnum brasiliense Burmanniacea Burmannia sp. Boraginaceae Heliotropium indicum Cactaceae Cereus hildamannianus Opuntia monoacantha Opuntia Sp Cannaceae Campanulaceae Canna sp. Lobelia hederacea Triodanis biflora Caryophyllaceae Spergularia grandis S. platensis Chenopodiaceae Chenopodium album C. ambrosoides 124 FAMÍLIA Convolvulaceae ESPÉCIE Calistegia sepium Dichondra repens Ipomoea cairica Cruciferae Cyperaceae Cardamine chenopodiifolia Androtrichum trigynum Bulbostylis capillaris B. juncoides Carex bonariensis C. purpureo-vaginata C. sororia C. sellowiana Cladium jamaicense Cyperus cayennensis C. ferax C. giganteus C. haspan C. lanceolatus C. luzulae C. menyanthus C. obtusatus C. polystachyos C. reflexus C. retrorsus C. sesquiflorus C. virens C. tenes Eleocharis bicolor E. geniculata E. minima E. sellowiana E. obtusetrigona E. viridanis Eleocharis Sp Fimbristylis autumnalis F. complanata F. dichotoma 125 FAMÍLIA ESPÉCIE Fuirena robusta Kyllinga brevifolia K. pumila K. vaginata Scirpus californicus S. olneyi Scleria distans Pycreus polystachyos Rhynchospora microcarpa R. tenuis Rhynchospora sp Scleria arundinacea S. hirtella Droseraceae Drosera brevifolia D. capillaris Euphorbiaceae Fabaceae Sapium haematospermum Desmodium adscendens D. incanum Erytrina crista-galli Stylosanthes viscosa Trifolium repens T. polymorphum Vicia setifolia Vigna luteola Zornia diphylla Geraniaceae Geranium robertianum Haloragaceae Myriophyllum aquaticum Hypoxidaceae Hypoxys decumbens Iridaceae Lamiaceae Sisyrinchium minutiflorum Stachys arvensis S. petiolosa 126 FAMÍLIA ESPÉCIE Scutellaria racemosa Teucrium vesicarium Liliaceae Juncaceae Asparagus setaceus Juncus microcephalus J. acutus Juncaginaceae Triglochin striata Lentibulariacea Utricularia tricolor Liliaceae Loasaceae Nothoscordum euosmum Blumenbachia insignis B. urens Loganiaceae Lythraceae Buddleja sp. Cuphea carthagenensis Heimia Sp Malvaceae Modiolastrum lateritium Pavonia consobrina P. sepium Sida rhombifolia Melastomataceae Tibouchina asperior Menyanthaceae Nymphoides indica Nymphoides sp Oenotheraceae Onagraceae Epilobium angustifolium Ludwigia bullata Ludwigia sp Cyclopogon sp. Orchidaceae Habenaria paucifolia 127 FAMÍLIA ESPÉCIE Pelexia bonariensis Oxalidaceae Oxalis tenerrima O. floribunda Oxalis sp Papilionoideae Desmodium adscendens Passifloraceae Passiflora caerulea Phytolacaceae Rivina humilis Plantaginaceae Plantago australis Plantago sp. Poaceae Andropogon arenarius A. bicornis A. selloanus Agrostis montevidensis Axonopus affinis A. purpusii var. glabrescens Valls (inéd.) A. suffultus Axonopus sp Briza stricta Calamagrostis viridiflavencens Chascolytrum subaristatum Cynodon dactylon Digitaria horizontalis Echinochloa crusgalli E. polystachya Eragrostis bahiensis E. cataclasta E. neesii E. plana Eriochloa punctata Imperata brasiliensis Leersia hexandra Lolium sp. Luziola peruviana 128 FAMÍLIA ESPÉCIE Oplismenopsis najada Oplismenus setarius Panicum aquaticum P. demissum P. grumosum P. gouinii P. cf. ovuliferum P. prionitis P. racemosum P. tricholaenoides Paspalidium geminatum Paspalum modestum P. paspalodes P. plicatulum P. pumilum Paspalum x riograndense I. L. Barreto (Inéd.) P. urvillei P. vaginatum Polypogon chilensis P. maritimus Pseudoechinolaena polystachia Schizachyrium microstachyum S. spicatum Setaria parviflora Sorghastrum setosum Sporobolus indicus Steinchisma decipiens S. hians Stenotaphrum secundatum Polygalaceae Polygala timoutoides Polygonaceae Polygonum acuminatum P. hydropiperoides Rumex argentinus Pontederiaceae Eichhornia sp Pontederia lanceolata Pontederia sp 129 FAMÍLIA Portulacaceae ESPÉCIE Talinum paniculatum Primulaceae Anagallis arvensis Pteridaceae Adiantopsis chlorophylla Rhamnaceae Rubiaceae Discaria americana Diodia alata D. apiculata D. dasycephala D. radula Relbunium hypocarpium Richardia brasiliensis Salviniaceae Salvinia herzogii Sapindaceae Serjania fulta Scrophulariaceae Agalanis communis Bacopa monnieri Stemodia hyptoides S. tetragona Solanaceae Cestrum corymbosum Nicotiana longiflora Petunia sp. Physalis ixocarpa Salpichroa origanifolia S. chacaene S. concinnun S. commersonii S. diflorum S. laxum S. maioranthum S. mauritianum S. origanifolia S. platense 130 FAMÍLIA ESPÉCIE S. sisymbriifolium Solanum commersonii S. diflorum S. nigrescens S. sisymbriifolium S. cf. sublobatum Solanum sp. Sterculiaceae Byttneria urticifolia Thymelaceae Daphnopsis racemosa Typhaceae Typha domingensis Urticaceae Boehmeria cylindrica Parietaria debilis Urtica urens Verbenaceae Glandularia pulchella Hyptis fasciculata Lippia alba Phyla canescens P. nodiflora P. reptans Verbena montevidensis Xiridaceae Xyris soreria Xyris sp ‘ 131 Figura 12. Dossel de Mata nativa no município de Rio Grande 8.6.5 Matas Nativas De acordo com Waechter (1985) no RS, as restingas apresentam matas arenosas, relacionadas a solos bem drenados e as matas turfosas, relacionadas a solos mal drenados. Segundo Waechter (1985) as matas de restinga ocorrem praticamente ao longo de toda a faixa litorânea do RS, apresentando uma significativa diminuição da diversidade específica no sentido norte-sul, sendo comum a formação de capões (porções insulares) de maior ou menor extensão no litoral sul, até desaparecer completamente no extremo sul. Existem pelo menos 104 espécies vegetais arbóreas, arbustivas e lianas que foram descritas para as áreas de mata de restinga e mata turfosa (TABELA 18) (Porto & Dillenburg, 1986; Waechter & Jarenkow, 1998; Batista et al., 2006; Marangoni, 2006). São descritas pelo menos 31 espécies epífitas nas matas de restinga e mata turfosa (TABELA 19) (Porto & Dillenburg, 1986; Batista et al., 2006; Marangoni, 2006). 132 TABELA 18. Lista das espécies encontradas nas áreas de mata de restinga e de mata turfosa. São descritas as formas biológicas de desenvolvimento (arbórea = AB, arbustiva = AR e liana = L). FAMÍLIA Anacardiaceae ESPÉCIE Lithraea brasiliensis FORMA BIOLÓGICA AB Schinus polygamus S. longifolius AB Annonaceae Rollinia emarginata Araceae Monstera deliciosa AR Butia capitata AB Syagrus romanzoffianum AB Arecaceae Asclepiadaceae Asteraceae cf. Blepharodon L Cinanchum bonariensis L Metastelma aphyllum L Mikania micrantha L Trixis praestans Bignoniaceae Clytostoma callistegioides L Macfadyena unguis-catti L Bombacaceae Chorisia speciosa Boraginaceae Cordia monosperma Cactacea Cereus hildmanianus AB C. uruguayanus Opuntia monoacantha O. vulgaris Caesalpinaceae Celastraceae Senna corymbosa AR Maytenus cassinaeformis AB M. ilicifolia Commelinaceae Tradescantia crassula 133 FAMÍLIA ESPÉCIE FORMA BIOLÓGICA Cupressaceae Cupressus lusitanica Ebenaceae Diospyros inconstans Erythroxylaceae Erythroxylum decidum AB E. argentinum AB Euphorbiaceae AB Sapium glandulatum Sebastiana brasiliensis AB S. commersoniana AB S. klotzschiana S. schottiana Tragia volubilis Fabaceae Flacourtiaceae AB L Cassia corymbosa Erythrina crista-galli AB Sesbania punicea AR S. virgata AB Casearia sylvestris AB Xylosma cf. salzmannii X. tweedianum Lamiaceae Vitex megapotamica Lithraceae Heimia myrtigolia Malvaceae Abutilon Sp AR Pavonia Sp AR Melastomataceae Moraceae AB Leandra australis Ficus enormis F. insipida F. luschnatiana AB F. organensis AB Morus alba AB 134 FAMÍLIA Meliaceae Mimosaceae Moraceae Myrsinaceae ESPÉCIE FORMA BIOLÓGICA Melia azedarach AB Thichilia claussenii AB Acacia bonariensis AB A. caven AB Ficus luschnathiana AB F. organensis AB Myrsine parvifolia AR Rapanea umbellata Myrtaceae Blepharocalyx salicifolius AB Calyptranthes coccina AB Eugenia hiemalis AB E. uniflora AB E. uruguayensis AB Myrrhinium atropurpureum AB M. loranthoides Nyctaginaceae Palmae Passifloraceae Psidium cattleyanum AR Guapira opposita AB Syagrus romanzoffianum Passiflora caerulea L P. suberosa L Phytolacaceae Phytolacca dioica AB Polygonaceae Ruprechtia laxiflora AB Rhamnaceae Scutia buxifolia AB Cephalanthus glabratus AB Rubiaceae Chiococca alba L Guettarda uruguensis AR Psychotria carthagenensis AR Randia armata AB 135 FAMÍLIA Rutaceae Salicaceae ESPÉCIE FORMA BIOLÓGICA Zanthoxylum hyemalis AB Salix humboldtiana AB Santalaceae lodina rhombifolia Sapindaceae Allophylus edulis AB Cupania vernalis AB Sapotaceae Bumelia obtusifolia Celtis spinosa Chrysophyllum marginatum Sideroxylum obtusifolium Smilacaceae Solanacea AR AB AB Smilax campestris L Solanum boerhaaviifolium L Solanum Sp AR Thymelaeaceae Daphnopsis racemosa AR Tropaeolaceae Tropaeolum pentaphyllum Ulmaceae Verbenaceae L Celtis spinosa Aloysia gratissima Citharexylum montevidense Lantana camara AR AB AR Vitex megapotamica Vitaceae Cissus striata L 136 TABELA 19. Lista das espécies epífitas encontradas nas áreas de mata de restinga e de mata turfosa. FAMÍLIA Bromeliaceae ESPÉCIE Aechmea recurvata Tillandsia aeranthos T. geminiflora T. stricta T. usneoides Vriesea gigantea Vriesea sp. Cactaceae Cereus hildamanianus C. uruguayanus Lepismium cruciforme L. lumbricoides Rhipsalis lumbricoides R. teres Commelinaceae Loranthaceae Tradescantia crassula Phoradendron holoxanthum P. linearifolium Phrygilanthus acutifolius Orchidaceae Campylocentrum aromaticum Cattleya intermedia Isochillus linearis Lankesterella ceracifolia Oncidium ciliatum O. flexuosum O. pumilum Pleurothallis smithiana Piperaceae Peperomia tetraphylla P. tetraphyla Polypodiaceae Microgramma squamulosa M. vacciniifolia Polypodium pleopeltifolium Família Espécie 137 FAMÍLIA Bromeliaceae ESPÉCIE Aechmea recurvata Tillandsia aeranthos T. geminiflora T. stricta T. usneoides Vriesea gigantea Vriesea sp. Cactaceae Cereus hildamanianus C. uruguayanus Lepismium cruciforme L. lumbricoides Rhipsalis lumbricoides R. teres Commelinaceae Loranthaceae Tradescantia crassula Phoradendron holoxanthum P. linearifolium Phrygilanthus acutifolius Orchidaceae Campylocentrum aromaticum Cattleya intermedia Isochillus linearis Lankesterella ceracifolia Oncidium ciliatum O. flexuosum Pleurothallis smithiana Piperaceae Peperomia tetraphylla P. tetraphyla P. trinervius Polypodiaceae Microgramma squamulosa M. vacciniifolia Polypodium pleopeltifolium 138 8.6.6 Plantas Medicinais Pereira et al. (1984) em seu estudo de plantas medicamentosas no município de Rio Grande encontraram 52 espécies vegetais. TABELA 20. Lista das espécies de plantas medicamentosas no município de Rio Grande com os respectivos nomes populares FAMÍLIA Acanthaceae ESPÉCIE Dicliptera imminuta NOME POPULAR Alfavaca-de-cobra Apiaceae Hydrocotile bonariensis Erva-capitão Asteracea Achyrocline satureiodes Marcela, Macela ou Marcela-fêmea Baccharis trimera Bidens pilosa Carqueja comum Picão Eupatoriun laevigatum Formigueira ou Erva-formigueira Matricaria chamomilla Camomila, Maçanilha ou Maçanilha-brava Mikania cordifolia Guaco ou Guaco selvagem Solidago chilensis Erva-lanceta ou Vara-de-foguete Pluchea sagittalis Quitoco Xanthium saccharatum Carrapicho Berberidaceae Berberis laurina Boraginaceae Cordia verbenacea Bromeliaceae Tillandsia usneoides Caprifoliaceae Lonicera japonica Madressilva Sambucus australis Sabugueiro Espinho-de-São João Balieira Barba-de-pau Tradescantia fluminensis Ondas do mar Descantaria elongata Ondas do mar Cruciferae Coronopus didymus Menstruso ou Mastruço Ephedraceae Ephedra tweediana Rabo-de-cavalo Equisetaceae Equisetum sp Rabo-de-largato Commelinaceae 139 FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR Euphorbiaceae Phyllanthus lathyroides Erva bombinha ou Quebra-pedra Fabaceae Desmodium barbatum Amor-do-campo ou Pega-pega Labiatae Ocimum gratissimum Anis O. selloi Anis Rosmarinus officinalis Alecrim Lauraceae Laurus nobilis Louro Lythraceae Cuphea carthagenensis Malvaceae Malva parviflora Melastomataceae Leandra australis Tibouchina asperior Meliaceae Melia azedarach Sete-sangrias Malva ou Malva-de-cheiro Pixirica Douradinha-do-campo Cinamomo Papaveraceae Eschscholtzia californica lodo-da-terra Passifloraceae Passiflora suberosa Uva-do-mato Plantaginaceae Plantago taraxacoides Transagem P. paralias Transagem Polygonaceae Polypodiaceae Pteridaceae Polygonum punctatum Erva-de-bicho Rumex conglomeratus Língua de vaca Microgramna vacciniifolia Cipó cabeludo Pteridium aquilinum Samambaia do barranco Rosaceae Margyricarpus pinnatus Ovo-de-perdiz Rubiaceae Borreria eupatorioides Guaycuru B. verticillata Rutaceae Citrus sinensis Poaia Laranjeira 140 FAMÍLIA ESPÉCIE NOME POPULAR C. limon limoeiro Ruta graveolens Arruda Santalaceae Jodina rombifolia Cancorosa ou cancrosa Solanaceae Nicotiana glauca Erva-paraguaia Verbenaceae Aloysia triphylla Cidrão ou Erva-cidreira Lippia alba Salva ou Salvia Stachytarpheta laevis Gervão S. caynnensis Gervão 8.6.7 Flora Ameaçada Foi constatada a existência de 27 plantas em perigo (EN) e/ou vulnerável (VU), baseando-se na lista das espécies da flora ameaçada no RS (www.fzb.gov.rs). TABELA 21. Lista das espécies em perigo (EN) ou vulnerável (VU) segundo lista da flora ameaçada do RS. FAMÍLIA Bromeliaceae ESPÉCIE Aechmea recurvata EN/VU Tillandsia aëranthos EN/VU Tillandsia geminiflora VU Tillandsia usneoides VU Vriesea gigantea Orchidaceae Amaranthaceae Apiaceae STATUS EN/VU Vriesea friburgensis VU Cattleya intermedia VU Blutaparon portulacoides VU Eryngium zosterifolium VU 141 FAMÍLIA ESPÉCIE STATUS Arecaceae Butia capitata EN Asteracea Baccharis penningtonii VU Salicornia gaudichaudiana VU Gunnera herteri EN Tibouchina asperior EN Najas conferta VU Zizaniopsis bonariensis VU Rhamnaceae Discaria americana VU Santalaceae Iodina rhombifolia EN Sapotaceae Sideroxylum obtusifolium VU Tropaeolaceae Tropaeolum pentaphyllum VU Zannichellia palustris EN Ephedra tweediana EN Isoetes spp. EN Marsileaceae Regnellidium diphyllum VU Pteridaceae Doryopteris crenulans VU Doryopteris lomariacea VU Microlepia speluncae EN Chenopodiaceae Gunneraceae Melastomataceae Najadaceae Poaceae Zannichelliaceae Ephedraceae Isoetaceae Pteridaceae 142 9. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL 9.1 Levantamento dos problemas ambientais presentes e potenciais; O levantamento dos problemas ambientais foi realizado com base em vários diagnósticos realizados em diferentes momentos e constam no Anexo 2 do presente Plano e inclui: • Diagnóstico da Orla Costeira • Diagnóstico do Saco da Mangueira • Diagnóstico da Ilha dos Marinheiros • Diagnóstico das Áreas de Preservação do Distrito Industrial • Diagnóstico da APA da Lagoa Verde Além destes diagnósticos setoriais foi realizado um workshop com representantes da sociedade civil organizada em outubro de 2006, onde foi efetuado um levantamento de problemas e a preparação de uma agenda para solução dos mesmos. Tal agenda constitui a estrutura central do Plano Ambiental de Rio Grande e se encontra no Anexo 3, intitulado: Agenda Ambiental Municipal - Relatório do Workshop. 143 10. DIAGNÓSTICO TERRITORIAL O Diagnóstico territorial do município constitui a representação de forma espacializada do uso atual do município, das áreas de interesses públicos, dos sítios arqueológicos, da legislação ambiental incidente e dos conflitos de uso constantes no Anexo 1 10.1 Patrimônio arqueológico (sambaquis) Os seguintes sítios arqueológicos estão atualmente registrados no município e encontram-se identificados no mapa de Zoneamento Ecológico Econômico (Anexo 1.2) 1- Sítio: Caçapava Localidade: Taim Município: Rio Grande Sítio: Pré-colonial Cultura: Tradição Tupiguarani (subtradição Guarani) Coordenadas: GPS - 32º 44’ 44” latitude sul 52º 30’ 45” longitude oeste Mapa: 32º 45’ 00” latitude sul 52º 31’ 08” longitude oeste Mapa: 32º 45’ 16” latitude sul 52º 31’ 23” longitude oeste 2- Sítio: Pedro Vargas Localidade: Taim Município: Rio Grande Sítio: Pré-colonial Cultura: Tradição Tupiguarani (subtradição Guarani) Coordenadas: 32º 31’40” latitude sul 52º 31’ 17” longitude oeste 3- Sítio: Fazenda Santa Marta Localidade: Santa Marta - Taim Município: Rio Grande Sítio: Pré-colonial Cultura: Tradição Tupiguarani (subtradição Guarani) Coordenadas: 32º 50’ 03” latitude sul 52º 38’ 33” longitude oeste 4- Sítio: José Pedro Legemann Localidade: Banhado Silveira Município: Rio Grande Sítio: Pré-colonial 144 Cultura: Tradição Tupiguarani (subttradição Guarani) Coordenadas: 31º 55’ 53” latitude sul 52º 14’ 38” longitude oeste 5 - Sítio: Taim Localidade: Taim Município: Rio Grande Sítio: Pré-colonial Cultura: Tradição Vieira Coordenadas: 32º 30’40 latitude sul 52º 34’59” longitude oeste 6 - Sítio: Oscar Erocildo Abreu Localidade: Capão Seco Município: Rio Grande Sítio: Pré-colonial Cultura: Tradição Vieira Coordenadas: 31º 51’ 40 “ latitude sul 52º 18’ 02” longitude oeste 145 11. DIAGNÓSTICO INSTITUCIONAL O Plano Ambiental Municipal deve ser dinâmico o suficiente no que tange ao cotidiano da operação dos empreendimentos e das atividades dos gestores públicos, portanto, os critérios para tomada de decisão devem ser claros e politicamente fortalecidos. Sendo assim, o arranjo institucional deve estabelecer as condições para a implementação e execução do PLAM. As bases mínimas para tal estão propostas na Resolução CONSEMA 04/2000: Art. 2º - Visando à habilitação junto a SEMA para a realização do licenciamento ambiental das atividades consideradas de impacto local, deverá o Município: a) ter implantado Fundo Municipal de Meio Ambiente; b) ter implantado e em funcionamento o Conselho Municipal de Meio Ambiente, com caráter deliberativo, tendo em sua composição, no mínimo, 50% de entidades não governamentais; c) possuir nos quadros do órgão municipal do meio ambiente, ou a disposição deste órgão, profissionais legalmente habilitados para a realização do licenciamento ambiental, emitindo a devida Anotação de Responsabilidade Técnica (ART); d) possuir servidores municipais com competência para exercício da fiscalização ambiental; e) possuir legislação própria disciplinando o licenciamento ambiental e as sanções administrativas pelo seu descumprimento; f) possuir Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, o Município com população superior a 20.000 habitantes, ou Lei de Diretrizes Urbanas, o Município com população igual ou inferior a 20.000 habitantes; g) possuir Plano Ambiental, aprovado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente, de acordo com as características locais e regionais. De acordo com a complexidade da estrutura administrativa e organizacional do município muitas vezes é ocorre o truncamento das relações por meio da superposição de atribuições ou de lacunas de relacionamento institucional e de responsabilização na execução de tarefas específicas. 146 Para que o arranjo das instituições e organizações possa promover a interação, é importante que as atribuições e espaços de atuação sejam claramente estabelecidos considerando as instâncias de deliberação, ou seja: 1. Espaço de deliberação política com participação e social 2. Espaço de execução da política e de formulação e elaboração das ações técnico-administrativas. 3. Espaço da articulação inter e intra-institucional para a execução das políticas Para cada espaço e instância, iniciativas políticas devem ser realizadas considerando aspectos conjunturais específicos, ou seja, no âmbito dos Conselhos devem ser produzidas agendas que possibilitem o andamento do Plano. O que significa emitir resoluções, moções, declarações e aprovações que legalizarão e legitimarão as políticas a serem implementadas no PLAM. Para tal, é importante um suporte técnico e político que subsidie e facilite os atos dos Conselhos, como Comissões e Grupos de Trabalho, com caráter permanente ou temporário. Para a execução das ações técnico-administrativas, a intersetorialidade e a transversalidade devem ser priorizadas, para tais grupos executivos, organizados na forma de mutirões para determinadas tarefas específicas. De acordo com o organograma da prefeitura apresentado, são propostas algumas responsablidades para os atores direta e indiretamente responsáveis pela adoção e implementação do PLAM a fim de atender aos arranjos institucionais pertinentes. 147 11.1 Principais Atores Setoriais ATORES CLASSES DE USOS DIRETOS INDIRETOS 1. Agricultura SMAG, COMAPERG EMATER, FETAG, IRGA, EMBRAPA, SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS, FEPAGRO, SIND. RURAL, MIN. AGRICULTURA, SEC. EST. DA AGRICULTURA 2. Pesca IBAMA, Fórum da LP, SMP SEAP 3. Recreação/turismo SMTEL, COMTUR SETUR 4. Pesquisa FURG CEA COMDEMA, SMMA NEMA , SMEC FEPAM, SEMA, PRÓ-MAR DE DENTRO, COREDE, FURG ASCALIXO, NOGUEIRA & PADILHA, IBAMA, DEFAP, PATRAM, ONGs AMBIENTAIS MINISTÉRIO PÚBLICO 6. Suprimento de água CORSAN CORSAN 7. Suprimento de Energia CEEE CEEE 8. Defesa/segurança civil MARINHA, EXÉRCITO, BRIGADA MILITAR, SMSTT POLÍCIA CIVIL BRIGADA MILITAR 9. Desenvolvimento Industrial CIRG, CÂMARA DO COMÉRCIO SEDAI, CEDIC 10. Desenvolvimento Portuário SUPRG, INTERSINDICAL, OGMO FURG, PRATICAGEM, SINDANAVE 5. Meio Ambiente 11. Desenvolvimento Urbano IAB, SINDUSCON, SEARG, URAB, SMHADU 148 11.2 Administração Pública Municipal 11.2.1 Estrutura Organizacional da Prefeitura Municipal de Rio Grande O município de Rio Grande cumpre com todos os requisitos para a implementação de um Plano Ambiental. A aplicação desta política municipal irá gerar uma possível mudança comportamental setorial e institucional, bem como uma profunda mudança no uso e ocupação do solo quando integrado com as demais políticas públicas incidentes (Plano Diretor, Projeto Orla, SNUC, entre outras). Para isto, um importante arranjo institucional deve ser previsto. Desta forma, cabe destacar a estrutura administrativa da Prefeitura do Município de Rio Grande (Figura 10) que de alguma forma possui uma influência direta e indireta para a adoção e implementação no desenvolvimento do PLAM. No entanto, é demonstrada a necessidade de algumas mudanças estruturais quanto ao papel da Secretaria Municipal do Meio Ambiente em relação às demais secretarias. PREF EIT O MUNICIP AL VIC EPREF EIT O Co mple xo Espor tiv o Pr. Saraiv a SMS TT C MC TT Jun ta de Serv iço Mili tar SEC PRO CO N Muni cipal SMAG Gere nte de Co mu nicaç ões SMP CO MAPER G Gere nte de Co mpras SMMA CO MDE MA SMEC Con selh o Muni cipal Educa ção Con trol e Inter no Sec. Geral de Gov ern o SMS SMA Con selh o Muni cipa l da Sa úde Che fe Ga bine te do Pre feit o SMCP CO MGE PAR Procura dori a Jurídi ca SMF Jun ta de Recurs os Fiscai s Sec. Coor d. Tai m Extraor din ário SMTEL SMH A DUR Coor d. Vila da Q uin ta SMOV Coor d. Pov o Nov o SMSU SMC AS Con selh os Tu telares Con selh o da Mulher CO MBE M C MAS C MI CO MGEP RO Con selh o Muni cipal de Ent orpec en tes CO MDICA CO MDES CO MSE A C MD M Figura 13. Estrutura administrativa da prefeitura de Rio Grande 149 11.2.2. Secretaria Municipal de Educação e Cultura SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA SMEC Adm inistração Administração Escolar Unidade Pedagógica Divisão de Merenda Escolar Setor de Bibliotecas Unidade de Cultura Teatro Municipal Centro Municipal de Cultura Escola de Belas Artes Figura 14. Estrutura administrativa da Secretaria de Educação e Cultura de Rio Grande 11.2.3 Secretaria Municipal de Obras e Viação SECRETARIA MUNICIPAL DE OBRAS E VIAÇÂO SMOV U. Administração Div. Administração Div. Almoxarifado Compras U. Pavimentação e Arruamento U. Planos e Traçados Div. Fiscalização Pavimentação e Saneamento Div. de Projetos Coord. Vias Urbanas Div. Águas Pluviais Div. Pavimentação Coord. Obras Rodoviárias Div. Conservação de Ruas Coord. Fábrica Art. Cimento 150 SECRETARIA MUNICIPAL DE OBRAS E VIAÇÂO (Cont.) SMOV U. Construção Manutenção Estradas Mun. U. Constr. Conserv. Fisc. Prédios Públ. Div. Fiscalização Obras Públicas Div. Execução Obras Públicas Div. Carpintaria Div. Estradas U. Viaturas e Oficinas Div. Obras de Arte Div. Oficina Mecânica Div. Viaturas U. Usina Asfáltica Div. Usina Asfalto Div. Execução Pav. Asfáltica Coord. Pav.. Asfáltica Figura 15. Estrutura administrativa da Secretaria de Obras e Viação de Rio Grande 11.2.4 Secretaria Municipal de Administração A Secretaria Municipal de Administração é o órgão encarregado dos assuntos e serviços pertinentes ao recrutamento, seleção, treinamento, registros, regime jurídico e demais atividades do pessoal: à recepção, encaminhamento, distribuição, controle do andamento, expedição e arquivamento definitivo dos papéis da administração. (Decreto 2.452 de 1º de dezembro de 1970). SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO SMA Unidade de Recursos Humanos Div. Registro Financeiro Div.Pessoal Celetista Div.Pessoal Estatutário Unidade de Material Div.Seleção e Treinamento Div.Compras e Empenhos Unidade de Administração Div.Arquivo DIv.Protocolo Geral Figura 16. Estrutura administrativa da Secretaria de Administração de Rio Grande. 151 11.2.5 Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano SECRETARIA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO URBANO SMHADU Unidade de Administração Unidade de Habitação Divisão de Registro Fundiários Divisão de Produção, Comercialização e Administração de Lotes Urbanos Figura 17. Estrutura administrativa da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano de Rio Grande. 11.2.6 Secretaria Municipal do Meio Ambiente A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), órgão central de implementação da Política Ambiental do Município, compete: planejar, coordenar, executar e controlar atividades que visem à proteção, conservação e melhoria do meio ambiente; formular política e diretrizes de desenvolvimento ambiental [...]; estabelecer as áreas ambientais prioritárias para manter a qualidade do meio ambiente local; propor a criação de áreas de interesse para proteção ambiental; desenvolver atividades de educação ambiental [...]; articular-se com outros órgãos [...] para integração de suas atividades; manter intercâmbio com entidades nacionais e internacionais para o desenvolvimento de planos, programas e projetos ambientais. (Lei Nº 5. 793, de 28 de Julho de 2003). 152 SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE SMMA Unidade de Administração Unidade de Licenciamento e Arborização Unidade de Educação Ambiental Div. de Arborização Div. de Projetos e Cursos Figura 18. Estrutura administrativa da Secretaria de Meio Ambiente de Rio Grande. 11.2.7 Secretaria Municipal de Turismo, Esportes e Lazer A Secretaria Municipal de Turismo, Esportes e Lazer (SMTEL) compete formular as políticas públicas municipais voltadas para o desenvolvimento do turismo e eventos, esportes, recreação e lazer, em consonância com as esferas estaduais e federais das mesmas áreas; planejar, coordenar, executar, implantar e implementar planos, promoções, projetos e programas inerentes às áreas do turismo e eventos, esportes, recreação e lazer; celebrar convênios, prospectar recursos e linhas de financiamento com vistas ao fomento das atividades de turismo e eventos, esportes, recreação e lazer; apoiar a instalação de centros de desenvolvimento voltados à elaboração de estratégias e empreendimentos turísticos e esportivos, espaços públicos para eventos, recreação e lazer, bem como o aprimoramento de suas práticas e atividades; administrar e equipar as instalações e espaços públicos destinados à apresentações de eventos turísticos e esportivos. (Lei Nº 6.182, de 08 de dezembro de 2005) 153 SECRETARIA MUNICIPAL DE TURISMO ESPORTES E LAZER SMTEL Unidade de Administração Unidade de Turismo e Eventos Unidades de Esporte Recreação e Lazer Div. de Pessoal e Material Div. de Promoção de Turismo e Eventos Div. de Promoção de Esporte Recreação e Lazer Figura 19. Estrutura administrativa da Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer de Rio Grande. 11.2.8 Secretaria Municipal da Cidadania e Ação Social A Secretaria Municipal da Cidadania e Ação Social (SMCAS) é o órgão encarregado dos assuntos e serviços pertinentes à prestação de assistência social no âmbito do Município, compreendendo o amparo à família, à infância, à adolescência e à velhice, bem como à pessoa portadora de deficiência física. SECRETARIA MUNICIPAL DA CIDADANIA E AÇÃO SOCIAL SMCAS Coordenadoria dos Centros comunitários Setor de Apoio Administrativo Adm. Centro Comunitário Municipal Adm.Auxiliar de Centro Comunitário Municipal Unidade de Cidadania e Ação Social Unidade de Administração Setor de Viaturas e Instalações Setor Financeiro Setor de Almoxarifado e Compras Div. De Programas Div. de Creches Setor de Creches Div. de Núcleo de Apoio Pedagógico Setor de Núcleo de Apoio Pedagógico Figura 20. Estrutura administrativa da Secretaria da Cidadania e Ação Social de Rio Grande. 154 11.2.9 Secretaria Especial do Cassino A Secretaria Especial do Cassino (SEC) e um órgão executivo encarregado de administrar uma área delimitada do município do Rio Grande e com atribuições específicas de atuação na sua área de competência de implantar programas e projetos para o desenvolvimento urbano; apoiar os eventos e ações turísticas e de preservação ambiental; articular-se com órgãos públicos e privados; manter os serviços públicos nas vias e logradouros; serviços de limpeza e iluminação pública; serviços públicos na orla marítima do Município; conservar os veículos, equipamentos e prédios públicos, sob sua responsabilidade; administrar o camping e o horto Municipal; fiscalização de obras e posturas; ordenar o comércio ambulante e temporário; executar o zoneamento de uso da orla marítima, concedendo licença respectiva; venda do domínio útil de terrenos de marinha e acrescidos, localizados no Cassino. (Lei Nº 5.830 de 25 de dezembro de 2003) SECRETARIA ESPECIAL DO CASSINO SEC Unidade de Obras e Urbanismo Unidade de Administração Div.Reg. Comerc. dos Terrenos de Marinha Div.Horto Municipal e Camping Div.Manut. de Máquinas e Viaturas Div. Fiscalização Div.Praças, Jardins e Limpeza Pública Div. Manutenção de Vias Públicas Div. Iluminação Pública Figura 21.Estrutura administrativa da Secretaria Especial do Cassino da prefeitura de Rio Grande 11.2.10 Secretaria Municipal de Agricultura A Secretaria Municipal da Agricultura (SMAG) tem como atribuições estudar, propor e promover, no âmbito do Município, as medidas e providências de fomento à produção agropecuária abastecimento de gêneros alimentícios, administrar o Mercado Público Municipal, as feiras-livres, a Central de Hortigranjeiros, bem como promover as 155 indústrias da zona rural, entrosar-se com aquelas que têm vinculação com produtos oriundos da agricultura e pecuária e preservar e conservar o ambiente natural. SECRETARIA MUNICIPAL DE AGRICULTURA SMAG Unidade de Agropecuária Div.Horto Florestal Povo Novo Div.Mercado Público Unidade de Abastecimento Unidade Administrativa Div.Central de Hortigranjeiros Div.Feiras Livres Patrulha Agrícola Figura 22. Estrutura administrativa da Secretaria de Agricultura de Rio Grande. 11.2.11 Secretaria Municipal da Pesca A Secretaria Municipal da Pesca (SMP) compete: apoiar os pescadores artesanais e suas organizações; apoiar o desenvolvimento da Aqüicultura e da Carcinicultura, em regime familiar e associativo; estimular a organização e análise de dados coletados com o mapeamento costeiro, a fim de viabilizar a pesca e um melhor aproveitamento dos recursos naturais; criar programas específicos para alfabetização, formação profissional, capacitação, educação ambiental e inclusão social dos pescadores artesanais; estabelecer projetos de sustentabilidade dos recursos pesqueiros; incentivar o crescimento e a eficiência das atividades da pesca industrial local; assessorar o Executivo Municipal na formação de políticas e diretrizes para o desenvolvimento e o fomento da produção aqüícola e pesqueira; promover a execução e avaliação de medidas, programas e projetos de apoio ao desenvolvimento da pesca artesanal e industrial, bem como de ações voltadas à implementação de infra-estrutura de apóia à produção e comercialização do pescado e de fomento à pesca e a aqüicultura; supervisionar coordenar e orientar as atividades referentes às infra156 estruturas de apoio à produção e circulação do pescado a partir do Município. (Lei Nº 6.057, de 11 de fevereiro de 2005) SECRETARIA MUNICIPAL DA PESCA SMP Unidade de Administração Div. de Pessoal Material e Viaturas Unidade de Aqüicultura e Pesca Div. de Cadastro e Estatística da Pesca Div. da Pesca Artesanal e Piscicultura Figura 23. Estrutura administrativa da Secretaria da Pesca de Rio Grande 11.2.12 Secretaria Municipal de Serviços Urbanos A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSU) é o órgão incumbido de executar as atividades de limpeza pública; à fiscalização dos serviços públicos concedidos e permitidos pelo Município; aos serviços de parques, jardins e arborização; à execução e conservação de obras públicas; a fiscalização das obras e loteamentos particulares; à fiscalização de parte das posturas municipais; à execução dos serviços de iluminação pública e à manutenção do serviço de vigilância. 157 SECRETARIA MUNICIPAL DE SERVIÇOS URBANOS SMSU Unidade de Limpeza Pública Div. de Coleta de Lixo Unidade de Praças e Jardins Unidade de Iluminação Pública Unidade de Construção e Conservação de Próprios Unidade de Fiscalização Predial e Territorial Unidade de Vigilância Unidade de Administração Div. de Varrição e Capinação Figura 24. Estrutura administrativa da Secretaria de Serviços Urbanos de Rio Grande 11.2.13 Secretaria Municipal de Segurança, Transporte e Trânsito À Secretaria Municipal da Segurança Transporte e Trânsito, compete: Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito (....) Planejar, projetar, regulamentar, fiscalizar, inspecionar, sinalizar, os Transportes, o Trânsito e a Segurança. (Projeto de Lei Nº 018, de 21 de março de 2005.) SECRETARIA MUNICIPAL DE SEGURANÇA TRANSPORTE E TRÂNSITO SMSTT Unidade de Adm inistração Div. de Pessoal, Material e Viaturas Unidade de Planejamento Div. de Planejamento de Transportes e Trânsito Div. de Planejamento e Segurança Unidade de Controle Operacional Div. de Fiscalização e Inspeção dos Transportes Div. de Sinalização do Trânsito Div. de Operações da Segurança Div. de Operações de Transporte e Trânsito Figura 25. Estrutura administrativa da Secretaria de Segurança, Transporte e Trânsito de Rio Grande. 158 11.2.14 Secretaria Municipal de Fazenda A Secretaria Municipal da Fazenda (SMF) tem como objetivos fundamentais: orientar a política financeira e fiscal do Município e executar as atividades à imposição dos tributos e arrecadação das rendas municipais; controlar o recebimento, guarda, pagamento e movimentação de dinheiro e outros valores dos cofres municipais; ministrar controle contábil orientando a contabilidade pública e assessoramento do Prefeito, quanto a assuntos financeiros ; interpretar a legislação fiscal relacionada com suas atribuições, baixando atos normativos; proceder a previsão da receita tributária municipal e promover o acompanhamento e controle do comportamento da arrecadação em suas variações globais e setoriais , tomando as medidas necessárias para mantê-las nos níveis previstos na programação financeira do Governo; estudar os efeitos da política tributária nos setores da produção, da indústria, do comércio e da prestação de serviços. SECRETARIA MUNICIPAL DE FAZENDA SMF Unidade de Controle Div. de Contabilidade Div. de Tesouraria Div. de Patrimônio Unidade de Fiscalização Tributária Unidade de Rendas Div. de Cadastro Imobiliário Div. de Imposto Predial e Territorial Div. de ISSQN Div. de Rendas Diversas Div. de Cobranças Div. de Fiscalização de Tributos Div. de Fiscalização Auxiliar Figura 26. Estrutura administrativa da Secretaria de Fazenda de Rio Grande 11.2.15 Secretaria Municipal da Saúde A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) compete garantir acesso, resolutividade e qualidade às ações e serviços de saúde; garantir o direito à saúde, reduzir desigualdades sociais e territoriais e promover a eqüidade, ampliando a visão nacional dos problemas, associada à capacidade de diagnóstico e decisão loco - regional que 159 possibilite os meios adequados para a redução das desigualdades no acesso às ações e serviços de saúde existentes no país; garantir a integralidade na atenção à saúde, ampliando o conceito de cuidado à saúde no processo de reordenamento das ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação com garantia de acesso a todos os níveis de complexidade do sistema; potencializar o processo de descentralização, fortalecendo estados e municípios para exercerem papel de gestores e para que as demandas dos diferentes interesses loco - regionais possam ser organizadas e expressadas na região;racionalizar os gastos e otimizar os recursos, possibilitando ganho em escala nas ações e serviços de saúde de abrangência regional. SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE SMS Unidade de Administração Informática Almoxarifado e Compras Unidade de Zoonoses e Vetores Viaturas Div.de Fiscalização Unidade de Vigilância Sanitária SAMHOP Unidade de Vigilância Epidemiológica Div. de Farmácia Divi. de Estatística Unidade de Programas de Saúde Div. de Investigação Epidemiológica Figura 27. Estrutura administrativa da Secretaria da Saúde de Rio Grande 11.2.16 Secretaria Municipal de Coordenação e Planejamento A Secretaria Municipal de Coordenação e Planejamento (SMCP) tem como objetivo fundamental a Coordenação Geral do Planejamento de Governo, atualizar, executar e controlar o Sistema Municipal de Planejamento Urbano, elaborar o Orçamento programa, elaborar a proposta orçamentária, orçamento plurianual de investimentos, integração de planos das diversas secretarias, exercer as atividades de controle urbanístico, racionalização dos Serviços da Prefeitura, programas setoriais e projetos específicos, pesquisa científica e relacionamentos com a Universidade. 160 SECRETARIA MUNICIPAL DE COORDENAÇÃO E PLANEJAMENTO SMCP Unidade Planejamento Econômico Unidade de Planejamento Urbano Div. de Div. Programação de Projetos e e Cálculos Controle Div. de Planejamento Urbano Unidade de Administração Div. de Protocolo e Arquivo Unidade de Levantamentos Topográficos Div. de Div. de Div. de Levantamentos Apoio Alinhamentos e Cadastros Administrativo Prediais Topográficos Unidade de Controle Urbanístico Div. de Vistoria e Certidão Div. de Fiscalização Urbana Div. de Exames de Projetos Fgura 28: Estrutura administrativa da Secretaria de Coordenação e Planejamento de Rio Grande Logo, fica claro que existe uma complexa estrutura administrativa e organizacional do município que favorece ao truncamento das relações através da superposição de atribuições ou de lacunas de relacionamento institucional e de responsabilização na execução de tarefas específicas. 11.3 Responsabilidades das Instituições no PLAM A consolidação e atualização do processo de implementação do PLAM passa a ser um desafio para as administrações atuais e futuras tanto do governo municipal, como para os mais diversos atores não-governamentais. O PLAM deve ser construído como um instrumento que possibilite uma distribuição mais justa e eficiente do manejo dos recursos naturais renováveis e não-renováveis do município. 11.3.1 O Papel das Instituições na Implementação do PLAM São elencadas nesta fase do trabalho, a fim de complementar o processo de gestão do Plano Ambiental, as atribuições que cada ator social poderia ter na implementação e condução do processo de implementação do mesmo: 161 11.3.2 Papel do Governo Municipal: Podem ser consideradas para o governo municipal: - compatibilizar o Plano Diretor com o PLAM; - formar recursos humanos e discutir amplamente o desenvolvimento em nível local tendo como base os resultados do programa de monitoramento - auxiliar na elaboração de leis específicas; - aportar recursos financeiros; - integrar o Programa junto às ações dos mais diversos instrumentos do Plano e ainda em outros instrumentos preconizados pela política estadual e federal; - divulgar o PLAM 11.3.3 Papel da Iniciativa Privada na Construção do Programa de Monitoramento A iniciativa privada pode ter a seguinte função neste processo: - participar na adoção e implantação do Programa por meio de tomadas de decisão. - apoiar projetos demonstrativos - aportar recursos; - seguir as regras e normatizações estabelecidas de acordo com o resultado do PLAM - apoiar os organismos governamentais e não-governamentais nas ações de informação e conscientização. 11.3.4 Papel da Comunidade Científica na Construção do PLAM A comunidade científica deve ser responsável: - por fornecer subsídios técnicos por meio de práticas dos instrumentos previstos pelo PLAM; - gerir e divulgar o conhecimento científico. - identificar questões prioritárias de investimento - capacitar. 162 11.3.5 Papel das Organizações Não Governamentais Para o PLAM, estas devem; - buscar o pleno envolvimento nos processos decisórios na execução, fiscalização, controle de ações, participação e elaboração do programa. - divulgar o Plano junto à sociedade; - executar projetos e programas setoriais tendo como base os instrumentos previstos pelo PLAM - executar os projetos demonstrativos. 11.3.6 Papel do Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro Podem ser funções do Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro na condução do PLAM: - fomentar as ações na busca de recursos para o financiamento das ações do PLAM. - estabelecer as diretrizes regionais que possam subsidiar o desenvolvimento do programa; - buscar a articulação intra e interinstitucional; - capacitar em todos os níveis setoriais e institucionais. 163 12 - ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO PLANO AMBIENTAL O Plano Ambiental Municipal de Rio Grande visa fundamentar e orientar a implementação de uma política e de gestão dos recursos naturais renováveis e nãorenováveis. O Plano Ambiental constitui-se de um plano de quatro anos, entretanto após esse período deverá ser submetido a um processo de avaliação e redefinição de seus programas e projetos e prioridades. A coordenação das ações do Plano Ambiental Municipal de Rio Grande deve ser conduzida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente tendo o COMDEMA como principal orgão de apoio. A responsabilidade de sua execução caberá a diversos atores públicos e privados que intervém no meio ambiente. 12.1 Responsabilidade do COMDEMA no Plano Ambiental Municipal I – promover a articulação do planejamento de recursos socioambientais com os planejamentos nacional, regional, estaduais e dos setores usuários; II – deliberar sobre os projetos e programas socioambientais implantados; III – analisar propostas de alteração da legislação pertinente ao planejamento local e municipal; IV – estabelecer diretrizes complementares para implementação e aplicação dos instrumentos vigentes; V – aprovar propostas e estabelecer critérios gerais para a elaboração do regimento de atuação do mesmo; V – acompanhar a execução do Plano Ambiental Municipal nas suas fases de diagnóstico, planejamento, adoção formal do plano, implementação e avaliação do mesmo por meio de providências necessárias ao cumprimento de suas metas. VI - promover o debate das questões relacionadas aos recursos socioambientais e articular a atuação das entidades intervenientes; VII – arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos socioambientais; VIII – aprovar os Planos Ambientais Setoriais do Município de Rio Grande; 164 XIX – acompanhar a execução dos Planos Ambientais setoriais e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; X – estabelecer os mecanismos necessários para uma gestão adequada dos recursos socioambientais; XI _ deliberar sobre programas, projetos e ações previstas no PLAM a fim de que sejam contemplados com recursos do Fundo Municipal de Proteção e Recuperação Ambiental – FMAM, com o objetivo de implementá-los. 165 13 - INSTRUMENTOS DE EXECUÇÃO Os instrumentos que o Plano Ambiental Municipal utiliza para atingir os seus objetivos são os seguintes: Programas Ambientais • Programa de Controle e Licenciamento Ambiental • Subprograma de Planejamento urbano • Sistema Municipal de Licenciamento Ambiental • Sistema Municipal de Saneamento e Qualidade Ambiental • Sistema Municipal de Monitoramento Ambiental • Programa de Manejo e Planejamento Ambiental • Programa de Educação Ambiental • Subprograma de Educação Ambiental Formal • Subprograma de Educação Ambiental Não Formal Zoneamento Ecológico Econômico Municipal – ZEEM Sistema de Informações Geoambientais – SIGEO Sistema de Monitoramento Ambiental Municipal - SISMAM; Relatório de Qualidade Ambiental Municipal - RQAM; Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA) e Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EPIV). Os instrumentos previstos demandam dispêndio de recursos por parte do Poder Público municipal e devem, portanto ser objeto de controle social, garantida a participação de comunidades, movimentos e entidades da sociedade civil. Uma descrição dos programas, subprogramas, projetos e/ou ações é descrito a seguir. 13.1 Programas Ambientais - PA O PLAM é constituído por três programas ambientais que integram todos os projetos ambientais de longo prazo em desenvolvimento no município, bem como as ações recomendadas no workshop para construção participativa do PLAM (ANEXO 8). Cabe à Prefeitura Municipal de Rio Grande, a sua execução, sob a coordenação da SMMA que estabelecerá os protocolos de cooperação, contratos de serviços e convênios necessários, com os órgãos públicos e privados para a sua execução. Os recursos para tal advirão tanto dos orçamentos das secretarias municipais, dos órgãos e empresas conveniadas, como do Fundo Municipal de Meio Ambiente, entre outras fontes de financiamento externas. 166 13.1.1 Estrutura Funcional do Plano Ambiental Municipal do Rio Grande Coordenação geral: Secretaria Municipal do Meio Ambiente PROGRAMAS SUBPROGRAMAS COORDENAÇAO PROJETOS Gestão de COORDENAÇÃO ORGANIZAÇÕES DE PROJETO COLABORADORAS SMSTT Cargas perigosas Planejamento SMCP / SMHADU Urbano Polícia Rodoviária Federal SMSTT Polícia Rodoviária Estadual Gestão do Transporte urbano Gestão urbana Pecuária SMHADU Atividades de Impacto local e Relativas ao Sistema Municipal de Licenciamento SMMA uso dos Rec. Ambiental Naturais SMLA Pesca SMMA SMAG SMP SMSU CORSAN Gestão do abastecimento hídrico Programa de Controle Gestão de SMSU e efluentes SMMA CORSAN líquidos Gestão de SMSU, SMMA, SUPRG,CDL,SENAC,ASCALI resíduos SMCP XO, URAB,RECICLADORAS SMMA CIRG, FEPAM, COMDEMA Licenciamento Sistema Municipal Ambiental de Saneamento e (PCLA) Qualidade Ambiental SMSQA SMSU sólidos Gestão de emissões aéreas Gestão das Áreas Verdes e Paisagem FURG, SMAG,SMSU,SMOV, SMMA SMMA, SEC, Colégio Agrícola Visconde da Graça Urbana 167 PROGRAMAS SUBPROGRAMAS COORDENAÇAO PROJETOS COORDENAÇÃO ORGANIZAÇÕES DE PROJETO COLABORADORAS Monitoramento Ambiental do Porto de Rio SUPRG SUPRG, FURG, SMMA SMMA FEPAM, CIRG SMMA CORSAN SMMA FURG/SEMA SMMA COMDEMA SMMA, SEDAI CIRG Grande Monitoramento da Qualidade do Ar Monitoramento Sistema Municipal FURG/ de Monitoramento LABGERCO Ambiental SISMMA da Qualidade da Água de Consumo Enquadramento das Águas Monitoramento s das atividades de licenciamento municipal Monitoramento das APPs do Distrito Industrial Monitoramento do Plano SMCP Diretor Monitoramento Ambiental da Faixa de Praia Programa de Plano de Manejo e manejo da Apa Planejamento Ambiental SMMA da Lagoa Museu Oceanográfico SMMA SMMA, SMS, SMSU, SMSTT Nema NEMA, FURG Verde (PMPA) 168 PROGRAMAS SUBPROGRAMAS COORDENAÇAO PROJETOS COORDENAÇÃO ORGANIZAÇÕES DE PROJETO COLABORADORAS Plano de manejo das dunas SMMA/SEC NEMA/FURG SMMA NEMA, FURG costeiras Sistema Municipal de Unidades de Conservação – SMUC Plano de manejo da CONSELHO DA Ilha dos ILHA SMMA, FURG Marinheiros Projeto Orla Plano de Manejo das Apps do DI Agenda 21 Local COMGEPRO SEDAI COGEAMA/DIRG VÁRIOS CIRG, FURG, VÁRIOS SMMA/NEMA VÁRIOS FURG SMP, IBAMA Plano de manejo integrado da pesca Projeto Educação SMEC Quero-quero SMEC, NEMA FURG, SMMA CEA, OUTROS Ambiental Formal Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social (PEACS) Educação Ambiental Não Formal Ocupações SMSU, SMCP, irregulares SMHADU, SMMA Pequenas SUPRG/SMP embarcações CIRG/COGEAMA APPs FURG SMEC/ SMMA Fórum da Lagoa dos VÁRIOS SMP Patos 169 PROGRAMAS SUBPROGRAMAS COORDENAÇAO PROJETOS Uso de Agrotóxicos COORDENAÇÃO ORGANIZAÇÕES DE PROJETO COLABORADORAS SMAG VÁRIOS Patrulha Ambiental Mirim Gerenciamen to dos Resíduos SMMA Sólidos FURG/PPGEA, SMEC, SMCAS, SEC,SMSU (Coleta Seletiva) Arborização Urbana Quadro resumo 1. Estrutura Funcional do Plano Ambiental Municipal do Rio Grande 13.1.2 Programa de Controle e Licenciamento Ambiental (PCLA) Objetivo O PCLA deve considerar a realidade do município, evidenciando as principais atividades efetiva ou potencialmente causadoras de degradação ambiental, procurando definir estratégias para sua redução ou contenção através de instrumentos de planejamento e controle. (Resolução nº 011/00 do CONSEMA). O PCLA consiste na fiscalização ambiental e avaliação periódica das variáveis ambientais do município, elaborando base de dados compatíveis com o Sistema Estadual de Registros, Cadastros e Informações. No monitoramento e fiscalização ambiental deverão ser observados os regramentos previstos na legislação e nos procedimentos normativos. (Resolução nº 011/00 do CONSEMA). Coordenação: Secretaria Municipal do Meio Ambiente 170 13.1.2.1 Subprograma de Planejamento Urbano Objetivo: Ordenamento do espaço urbano incluindo a expansão urbana e sistema de transporte, incluindo ações de sinalização, monitoramento, fiscalização, educação e capacitação. Coordenação: Secretarias Municipais de Segurança, Transporte e Trânsito; de Coordenação e Planejamento; de Habitação e Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente. Projetos/ações: A. Gestão de Cargas Perigosas: Este projeto deverá propor um ordenamento da dinâmica de veículos de cargas pesadas e perigosas, através de mapeamento de áreas sensíveis e diagnóstico das rotas funcionais do município e fiscalização no sentido de evitar o transporte de cargas perigosas no âmbito urbano. Para tal a prefeitura deverá atuar em parceria com a Polícia Rodoviária Federal. Coordenação: Secretaria Municipal de Segurança, Transporte e Trânsito. B. Gestão do Transporte Urbano: O município deverá desenvolver uma estrutura de planejamento e controle do transporte urbano, incluindo o monitoramento dos níveis de emissões veiculares tanto de veículos leves como pesados em áreas urbanas. Coordenação: Secretaria Municipal de Segurança, Transporte e Trânsito. C. Gestão urbana Adequação, monitoramento e controle da ocupação urbana com base em critérios sócio-ambientais e legais. O principal instrumento deste programa será o Plano Diretor. Este projeto deverá verificar o diagnóstico físico das ocupações urbanas desordenadas, que já foi realizado, complementando-o com mais informações de localização, área e real situação destas ocupações. Será importante integrar a este diagnóstico, informações sobre a percepção das comunidades afetadas sobre a realidade e problemas da ocupação desordenada e falta de saneamento, coleta de lixo, entre outros. Este diagnóstico da percepção deverá ser realizado em conjunto com o 171 Programa de Educação Ambiental (PEA). A partir deste diagnóstico, será necessário realizar o planejamento de como ocorrerão a transferência ou a adequação destas moradias irregulares, sempre se levando em conta aspectos econômicos, sociais e ambientais. Após o planejamento, ações de manejo poderão ser tomadas para a regularização destas comunidades. Após a transferência/adequação das comunidades, é importante que haja fiscalização e monitoramento para controlar/evitar novas ocupações irregulares e o andamento do processo de manejo, para que novas ocupações irregulares não se estabilizem ao longo dos anos, o que dificulta o processo de manejo. Coordenação: Secretarias Municipais de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Serviços Urbanos e de Coordenção e Planejamento 13.1.2.2 Sistema Municipal de Licenciamento ambiental Objetivo: Licenciamento das atividades de pecuária, silvicultura e atividades de impacto local sob responsabilidade municipal. Coordenação: Secretaria Municipal do Meio Ambiente Projetos/ações A. Licenciamento Municipal da Pecuária Objetivo: Licenciamento, Monitoramento e fiscalização municipal da atividade de pecuária, visando a eliminação de qualquer atividade em áreas de preservação ambiental. Este projeto prevê o mapeamento em escala local das APPs. Coordenação: Secretaria Municipal do Meio Ambiente B. Licenciamento de Impacto Local Objetivo: Licenciamento, Monitoramento e fiscalização municipal e das atividades classificadas como de impacto local sob a responsabilidade municipal. Coordenação: Secretaria Municipal do Meio Ambiente 172 13.1.2.3 Sistema Municipal de Saneamento e Qualidade Ambiental - SMSQA Objetivos: Cabe ao município manter o controle das condições de saneamento ambiental, incluindo a água de consumo, o tratamento dos esgotos pluviais urbanos e industriais e emissões aéreas. Para tal, o município deverá fiscalizar o Estado no cumprimento de suas obrigações relativas ao saneamento ambiental, e gestionar junto ao mesmo para que as agências estaduais cumpram com rigor o seu papel na ampliação e melhoria da infraestrutura de saneamento, mantendo o município plenamente informado, estabelecendo um sistema eficaz de informação para os cidadãos sobre as condições ambientais do município, através do Sistema de Informação Ambiental. Anualmente o município deverá preparar o Relatório de Qualidade Ambiental do município, que deverá integrar e sintetizar os resultados de todos os projetos e ações ambientais realizadas no município, incluindo os dados do monitoramento ambiental. Coordenação: Secretarias Municipais de Serviços Urbanos, do Meio Ambiente, Obras e Viação e da Saúde. Projetos/ações: A. Gestão do Abastecimento Hídrico O municipio deverá dispor das informações de monitoramento da qualidade da água de consumo regularmente mantido pela CORSAN, informando aos cidadãos eventuais riscos à saúde ou riscos de desabastecimento. Cabe também ao município garantir o pleno abastecimento de água potável para as gerações atuais e futuras, através de um rigoroso planejamento do desenvolvimento urbano e industrial intensivo-consumidoras de água. Coordenação: Secretarias Municipais do Meio Ambiente e de Coordenação e Planejamento B. Gestão de Efluentes Líquidos. O município deverá gestionar junto ao estado no sentido de implantar rede de esgoto nos bairros que ainda não possuem e incentivar o uso desta rede pela comunidade. 173 Em alguns locais críticos e conhecidos, o fechamento físico dos efluentes irregulares será uma medida de controle necessária, visando a ligação à rede ou a construção de fossas sépticas por parte dos moradores. O município poderá aplicar instrumentos de incentivo à construção de fossas sépticas como, por exemplo, descontos no IPTU. Coordenação: Secretarias Municipais do Meio Ambiente; de Coordenação e Planejamento e da Fazenda. C. Gestão de Resíduos Sólidos Cabe ao município implementar um programa de coleta seletiva de lixo no município, através da cooperação com as associações de catadores de lixo e as recicladoras municipais e informação para a sociedade sobre as vantagens de se separar o lixo. Também é necessário o planejamento para que haja coleta em todas as comunidades do município. O município deverá assegurar a recuperação ambiental do atual lixão do município, localizado no bairro Carreiros, às margens do estuário, recuperar as margens estuarinas degradadas e todas as áreas de Preservação Permanente do Município, localizadas nas áreas urbanas que se encontrem degradadas pelo desenvolvimento urbano descontrolado, estabelecendo o controle da qualidade ambiental das mesmas. O município será responsável pelo diagnóstico dos tipos e quantidades de resíduos das embarcações pesqueiras e não alfandegadas, relacionando com o tipo de embarcação e locais de atracamento, estabelecer um plano de controle desse tipo de resíduo com a adoção de metodologias de incentivo, punição e estímulos ao correto manejo destes resíduos, juntamente com o PEA e a SUPRG. Coordenação: Secretarias Municipais de Serviços Urbanos; do Meio Ambiente e da Pesca D. Gestão de Emissões Aéreas O município deverá acompanhar a qualidade do ar do município, dispondo das informações de monitoramento da qualidade do ar realiizado pela FEPAM informando aos cidadãos eventuais riscos à saúde e gestionando junto ao governo do estado e as 174 empresas para ampliar e aperfeiçoar o sistema de monitoramento e manter rigorosamente os mais elevados padrões de qualidade do ar. Coordenação: Secretaria Municipal do Meio Ambiente F. Gestão das Áreas Verdes e Paisagem Urbana O município deverá implementar a arborização e controle de áreas verdes, controle da poluição visual e sonora, recuperação de ecossistemas degradados. Coordenação: Secretaria Municipal do Meio Ambiente 13.1.2.4 Sistema Municipal de Monitoramento Ambiental – SISMMA Objetivo É responsabilidade do município demandar junto as empresas públicas e privadas e órgãos de governo, as informações do monitoramento ambiental de suas atividades e assegurar a sociedade que os padrões requeridos de qualidade ambiental estão sendo cumpridos. Para tal, o município deverá firmar acordos de cooperação, convênios ou contratos. Tais informações irão integrar o SIGEO e serão integradas no Relatório de Qualidade Ambiental a ser gerado anualmente. O SISMMA deverá, portanto, integrar os esforços de monitoramento da qualidade ambiental realizados no município. Deverão integrar o SISMMA as seguintes organizações: Superintendência do Porto de Rio Grande, FEPAM, CORSAN, FURG, SEDAI, SMMA. Coordenação: FURG - Laboratório de Gerenciamento Costeiro A. Monitoramento Ambiental do Porto de Rio Grande Coordenação/execução: SUPRG B. Monitoramento da Qualidade do Ar Coordenação: FEPAM C. Monitoramento da Qualidade da Água de Consumo Coordenação/execução: CORSAN 175 D. Monitoramento do Enquadramento das Águas Coordenação/execução: FURG – PELD – SEMA E. Monitoramento das atividades de licenciamento municipal Coordenação: SMMA F. Monitoramento das APPS do Distrito Industrial Coordenação/execução: SEDAI – COGEAMA/DIRG G. Monitoramento do Plano Diretor Coordenação/execução: SMCP H. Monitoramento Ambiental da Faixa de Praia Coordenação/execução: Museu Oceanográfico da FURG 13.1.3 Programa de Manejo e Planejamento Ambiental - PMPA Objetivo: De acordo com a resolução 11 do CONSEMA o programa de manejo enfoca procedimentos de manejo ecologicamente sustentável do meio ambiente, priorizando a utilização de técnicas e instrumentos voltados à efetiva proteção de áreas naturais, de preservação permanente e de relevante interesse ambiental. O PMPA integra as várias ações de manejo ambiental de longo prazo no município e incorpora todas as ações de manejo recomendadas no workshop para a construção do Plano Ambiental Municipal. Coordenação: Secretaria Municipal do Meio Ambiente Projetos/ações: A. Plano de Manejo das Dunas Costeiras Coordenação/execução: NEMA – SMMA - SEC B. Plano de Manejo da Ilha dos Marinheiros Coordenação/execução: CAIMA - SMMA 176 C. Projeto Orla Coordenação/execução: COMGEPRO D. Plano de Manejo da Apa da Lagoa Verde Coordenação/execução: SMMA E. Plano de Manejo das Apps do Distrito Industrial Coordenação/execução: CIRG – COGEAMA/DIRG F. Agenda Ambiental Portuária Coordenação: SUPRG G. Agenda 21 Coordenação: SMMA - NEMA As seguintes ações deverão ainda ser conduzidas pelo município dentro deste programa: Diagnóstico Ambiental do Setor Industrial: Para resolver o problema da poluição industrial, primeiramente é necessário realizar um diagnóstico com a localização das indústrias e seus efluentes líquidos e pontos de emissões aéreas. Este diagnóstico espacial deve ser integrado e alimentado pela caracterização dos tipos de efluentes e emissões, e, se possível, com dados de monitoramento destes poluentes. Projeto Fórum Oceânico: O município deverá incentivar a implementação do Fórum Oceânico e a participação dos diversos atores para assegurar sua representatividade e processo democrático. Plano de Manejo Integrado da Pesca: O município deverá interceder junto aos órgãos ambientais e universidade no sentido de promover a ordenação da atividade pesqueira no município, através da elaboração e implementação do Plano de Manejo Integrado da Pesca visando mitigar os efeitos da sobrepesca e tornar mais sustentável esta atividade. A elaboração passará por uma fase de diagnóstico e compilação das propostas pré-existentes e pela participação da comunidade relacionada no 177 desenvolvimento do plano final. Caberá ao município a articulação do arranjo institucional necessário para a sua efetiva implementação. Projeto de Transição para a Agroecologia: A transição para a agroecologia deverá ser feita gradual e lentamente, passando pelo diagnóstico quantitativo da orizicultura, com informações como área, localização, produção, intensidade de uso de agrotóxicos, tipos de agrotóxicos, entre outras. O levantamento e divulgação de iniciativas préexistentes, dificuldades e oportunidades para a produção de “arroz ecológico”. Com isto é possível realizar a divulgação e conscientização das vantagens (econômicas, sociais, ambientais, saúde, etc) da agroecologia, que deverá ser realizada em conjunto com o PEA. O município também poderá incentivar projetos demonstrativos deste tipo de agricultura, bem como fornecer subsídios e incentivos para a transição para a agroecologia. 13.1.4 Programa de Educação Ambiental e Comunicação Social (peacs) Objetivo: A Resolução nº. 011/2000 do Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA) define que os programas e projetos do Plano Ambiental Municipal deverão contemplar ações de educação ambiental integrada que consistem “em estabelecer procedimentos e mecanismos de planejamento entre o setor de meio ambiente da administração municipal e as escolas, ONG’s e demais instituições de educação formal, não-formal e informal, possibilitando o desenvolvimento de Programas e Projetos conjuntos voltados à efetiva proteção das condições socioambientais em áreas naturais, de preservação permanente e de relevante interesse ambiental, bem como do ambiente construído”. A educação ambiental deve ser desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal. Esta não deve ser implantada apenas como disciplina específica no currículo de ensino. A dimensão socioambiental tendo como foco o município de Rio Grande deve ser encorajada nos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas. Os professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental. Coordenação: Secretaria Municipal de Educação e Cultura 178 13.1.4.1 Educação Ambiental Formal Projeto Quero-Quero/Educação Ambiental em Rio Grande Objetivo: O objetivo geral do Projeto Quero-Quero é o de enraizar a Educação Ambiental na rede municipal de ensino, através do Projeto Quero-Quero: educação ambiental em Rio Grande – RS, conveniado com o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental-NEMA. Entre os objetivos específicos está o de elaborar o Sistema Municipal de Educação Ambiental para a rede municipal de ensino – Fase I; realizar a formação continuada de educadores(as)/professores(as) em educação ambiental durante o processo de elaboração do Sistema Municipal de Educação Ambiental para a rede municipal de ensino – Fase I e através da ampliação e do fortalecimento Grupo de Educadores Multiplicadores Ambientais – GEMA e da organização de palestras com profissionais da área para todos(as) os(as) professores(as) da rede; assessorar todas as escolas na implantação da coleta seletiva de resíduos sólidos, através da realização de palestras educativas nas mesmas; planejar e executar a Agenda Ambiental, envolvendo as atividades relativas às comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, do Dia Municipal de Limpeza de Praias e do Encontro Municipal de Educação Ambiental; assessorar as escolas em suas atividades e projetos de educação ambiental; formar um grupo de jovens multiplicadores da educação ambiental, oriundos das escolas municipais do Cassino; divulgar o Projeto Quero-Quero: educação ambiental em Rio Grande; sensibilizar os(as) professores(as) e funcionários(as) de todas as escolas da rede municipal de ensino e da SMEC quanto à importância da educação ambiental; propiciar a disseminação de metodologias de trabalho em educação ambiental, surgidas no decorrer do processo, através do intercâmbio entre os(as) professores(as) durante as reuniões e as ações de formação continuada e as atividades da Agenda Ambiental; e o de despertar a consciência ambiental de professores, estudantes e comunidades, buscando a sua participação na resolução das questões ambientais. Coordenação: Secretaria Especial do Cassino - NEMA 179 13.1.4.2 Educação Ambiental Não-Formal Entende-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. O Poder Público municipal incentivará: I - a difusão no município de Rio Grande, por intermédio dos meios de comunicação, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados às questões socioambientais; II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações nãogovernamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação socioambiental não-formal tendo como foco o município de Rio Grande; III - a sensibilização da sociedade sobre a importância das paisagens natural, rural, urbana e peri-urbana; V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais; VI - a sensibilização ambiental dos agricultores e pescadores; VII - o ecoturismo. • Projeto para o levantamento da percepção das populações afetadas a respeito das ocupações consideradas irregulares. Este projeto foi criado para atender em parte à meta: “ordenamento e regularização das ocupações urbanas em 10 anos” referentes ao problema descrito no item 2.1. Tem como principal objetivo tomar conhecimento dos problemas percebidos pelas comunidades que ocupam áreas consideradas irregulares. Estes dados em conjunto com aqueles presentes no diagnóstico físico e social das ocupações serão subsídios para futuras decisões de manejo destas ocupações. • Projeto de educação ambiental com ações específicas para o fortalecimento das comunidades afetadas. Seu principal objetivo é fortalecer as comunidades afetadas pelo processo de ordenamento e regularização das ocupações urbanas para que possam participar ativamente da tomada de decisões. • Projeto de educação ambiental para tripulação e trabalhadores de atividades de apoio não alfandegadas. Este programa tem como principal objetivo educar a tripulação e os trabalhadores de atividades de apoio não alfandegadas quanto à 180 problemática envolvida na destinação dos resíduos sólidos das embarcações. Suas ações se darão como parte das atividades para solucionar o problema da falta de destinação dos resíduos sólidos das embarcações. • Programa de educação e comunicação ambiental para divulgar a localização e características das APPs. Visando eliminar a pecuária nas Áreas de Preservação Permanente (APP’s) algumas ações são propostas, entre elas este programa que tem como principal objetivo divulgar aos usuários a localização e as características das APPs do município. • Projeto de fortalecimento do Fórum da Lagoa dos Patos. Buscando o ordenamento da atividade pesqueira (item 2.8) propõe-se este projeto que objetiva efetivar a participação dos atores sociais no Fórum da Lagoa dos Patos. • Projeto de educação quanto aos riscos envolvidos na utilização de produtos agrotóxicos. Este projeto tem como objetivo principal educar os agricultores quanto à problemática envolvida no uso de agrotóxicos e será criado visando atingir a meta de redução do uso destes produtos (item 2.9). • Projeto participativo de adequação e controle da ocupação urbana com base em critérios sócio-ambientais e legais • Projeto de gerenciamento de resíduos urbanos que inclua a educação ambiental e fiscalização das fontes pontuais e difusas • Programa de qualidade ambiental, incluindo, poluição visual e sonora, recuperação de ecossistemas e educação ambiental, e elaboração do Plano de Manejo da Arborização Urbana. • Projeto de gerenciamento do transporte que proponha um ordenamento da dinâmica, incluindo ações de sinalização, fiscalização, educação e capacitação • Estabelecimento de critérios de controle e incentivos/estímulos à gestão adequada dos resíduos • Definição participativa de critérios técnicos sócio-ambientais de sustentabilidade para as ações de controle considerando o ZEE e subsidiando o sistema de licenciamento municipal. • Implementar o Fórum Oceânico, para tratar das questões da pesca em mar aberto. 181 • Elaboração participativa e implementação de um Plano de Manejo Integrado para a pesca. • Projeto de transição para agroecologia. • Projeto de Construção da Agenda 21 Local 13.2 Zoneamento Ecológico Econômico Municipal O Zoneamento Ecológico-Econômico Municipal (ZEEM), se constitui no instrumento balizador do processo de ordenamento territorial necessário para a obtenção das condições de sustentabilidade ambiental do desenvolvimento do município de rio Grande. Deve estar em consonância com as diretrizes do Zoneamento EcológicoEconômico Costeiro do Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro do Rio Grande do Sul, ao Zoneamento Econômico Ecológico do território nacional e ainda ao Plano Diretor municipal. São propostas as seguintes zonas tipo: A - Zonas de Preservação Ambiental: São constituídas pelas áreas de marismas, banhados de água doce permanentes, as ilhas estuarinas da Pólvora, Ilha do Mosquito, dunas vivas e matas nativas, que por sua importância e sensibilidade ecológica requerem medidas de preservação das condições naturais. Correspondem às Áreas de Preservação Ambiental definidas pela Resolução 303/2002 do CONAMA e, portanto regradas de acordo com essa normativa (Figura 28) 182 A B C D Figura 28. Áreas de Preservação Ambiental no município: A) Matas nativas; B) Dunas frontais e interiores; C) Marismas; D) Banhados de água doce. B – Zonas de Conservação Ambiental: São as áreas onde os usos devem sujeitar-se à conservação das funções ecológicas. Admitem, portanto um uso desde que não interfira nessas funções. Correspondem aos banhados temporários, as lagoas internas, as enseadas estuarinas: Saco da Mangueira, Saco do Arraial, Saco do Martins, Saco do Justino, Saco da Quitéria, Saco da Agulha, Saco da Tuna, ,Saco do Boto; e todos os arroios que drenam o município. Os usos permissíveis nessas enseadas é a pesca artesanal, desde que use artes de pesca não destrutiva e aquacultura de pequena escala, em cercados, com espécies nativas (Figura 29). 183 Figura 29: Arroio Bolaxa: Zona de Conservação Ambiental da APA da Lagoa Verde C - Zonas de Desenvolvimento: São áreas de maior resiliência ambiental, que desempenham funções ambientais de reduzida importância para o funcionamento do ecossistema maior em que se encontram. Constituem áreas aptas para o desenvolvimento de atividades econômicas licenciadas. Correspondem aos campos litorâneos altos e aos campos de dunas obliteradas (Figura 30). 184 Figura 30. Zonas de desenvolvimento: Campos litorâneos próximos a Barra de Rio Grande. D - Zona de Recuperação Ambiental: São áreas ambientalmente degradadas que demandam um esforço por parte do município para recuperação de sua qualidade ambiental; São constituídas pela enseada Saco da Mangueira, incluindo a sua margem oeste, as dunas frontais do balneário Cassino, o Arroio Vieira, as Áreas de Proteção Permanente do Distrito Industrial identificadas no Plano de Manejo das APPs do Ditrito Industrial, as áreas submetidas a processos erosivos nas margens do estuário na Ilha da Torotama, o depósito de lixo localizado no Bairro Carreiros, e todos os depósitos abandonados de lixo urbano localizados no município (Figura 31). . 185 A B C Figura 31: Zonas de recuperação Ambiental: A) Margem do Saco da Mangueira (Vila Don Bosquinho); B) Áreas de florestamentos no interior da Ilha dos Marinheiros; C) Margem do Estuário da Lagoa dos Patos (Prainha) 13.3 Sistema de Informações Geoambientais - SIGEO O Sistema de Informações Geoambientais é um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos socioambientais e fatores intervenientes em sua gestão que dará suporte a todos os Programas Ambientais. 186 Os dados gerados pelas organizações públicas e privadas que atuam no Plano Ambiental no município de Rio Grande serão incorporados ao Sistema de Informações Geoambientiais. São princípios básicos para o funcionamento do Sistema de Informações Geoambientais: I – Descentralização da obtenção e produção de dados e informações; II – Coordenação unificada do sistema; III – Acesso aos dados e informações garantidos a toda sociedade. São ainda objetivos do Sistema de Informações Geoambientais: I – Reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos socioambientais do município. II – Atualizar permanentemente as informações sobre os recursos socioambientais do município. III – Fornecer subsídios para a elaboração do Plano Diretor, Plano Ambiental Municipal, Projeto Orla, e o Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro. 13.4 Sistema de Monitoramento Ambiental Municipal – SMAM O Sistema de Monitoramento Ambiental Municipal (SMAM) se constitui na estrutura operacional de coleta de dados e informações, de forma contínua, de modo a acompanhar os indicadores de qualidade socioambiental e alimentar o SIGEO dando suporte a todos os Programas Ambientais. 13.5 Relatório de Qualidade Ambiental Municipal - QAM O Relatório de Qualidade Ambiental Municipal (RQAM) deve ser elaborado periodicamente pela SMMA a partir de relatórios anuais, consistindo assim no procedimento de consolidação periódica dos resultados produzidos pelo monitoramento socioambiental e, sobretudo, de avaliação da eficiência e eficácia das medidas e ações da gestão desenvolvidas. 187 13.6 Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV A Lei Municipal número 6.365, de 21 de março de 2007, nos artigos 8º e 9º estabelece que caberá ao COMDEMA, através de Resolução, fixar os critérios básicos segundo os quais será exigido o Estudo de Impacto de Vizinhança e o respectivo Relatório de Impacto de Vizinhança – EIV/RIVI O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades, incluindo a análise, no mínimo, das seguintes questões: I – adensamento populacional; II – equipamentos urbanos e comunitários; III – uso e ocupação do solo; IV – valorização imobiliária; V – geração de tráfego e demanda por transporte público; VI – ventilação e iluminação; VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do EIV, que ficarão disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder Público municipal, por qualquer interessado. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de estudo prévio de impacto ambiental (EIA), requerida nos termos da legislação ambiental. 188 14. FUNCIONAMENTO INSTITUCIONAL DO PLAM É proposto para o funcionamento institucional do PLAM que este esteja diretamente ligado à SMMA e ao COMDEMA. À SMMA caberá a coordenação e articulação política para a sua implementação, O COMDEMA deve ser o fóro principal de planejamento, avaliação dos programas e projetos estabelecidos pelo PLAM, cabendo à esse conselho a decisão sobre a priorização dos recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente para a implementação dos Programas, projetos e ações definidos no PLAM. Sendo o PLAM um loco de integração de projetos e programas, cada qual com sua caracteristica própria, se propõe que os programas tenham os seus respectivos responsáveis (diretores), e que estes possam ser escolhidos de acordo com sua capacidade e responsabilidade técnica e institucional. Sendo os programas formados por projetos estes devem também possuir responsabilidade técnica e institucional para a execução dos mesmos dentro de uma abordagem integrada. 4.1 Encaminhamento Político para Aprovação do PLAM Para o encaminhamento político, é apontada uma seqüência de ações em várias direções, e que deve começar pelas seguintes fases (Figura 32). Figura 32. Processo de Aprovação do PLAM e habilitação municipal ao licenciamento ambiental 189 14.2 Fluxo Financeiro e operacional O Plano Ambiental Municipal para ser um instrumento efetivo de gestão deve ter sustentabilidade financeira para que os diversos projetos e programas possam ser efetivados ao longo do tempo. Para isso é proposta uma estrutura e um fluxo financeiro para o PLAM. É proposto que a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e as demais secretarias envolvidas possam utilizar recursos de sua dotação orçamentaria ordinária, bem como de um Fundo Municipal de Meio Ambiente. Nesse caso caberá ao COMDEMA estabelecer as diretrizes e prioridades para o uso do Fundo. As demais intituições públicas e privadas com responsabilidades no PLAM também irão aportar suas contrapartidas financeiras. É importante destacar que sendo o PLAM um loco de projetos e programas setoriais e institucionais estes recursos podem ir direto para a implementação dos mais diversos programas e projetos existentes (Figura 33). Figura 33: Proposta de fluxo financeiro do PLAM. 190 Quanto ao fluxo operacional de recursos é importante salientar que este processo deve possuir um rígido critério de duas vias. Sendo estabecido um Fundo Muncipal de Meio Ambiente e este estar diretamente ligado ao CONDEMA e SMMA deve existir para cada Programa do PLAM uma estrutura formada por um diretor que deve ser o responsável pela gerencia dos mais diversos projetos existentes. Este por sua vez deve relatar periodicamente o estágio de andamento do Programa e dos projetos. Da mesma forma os responsáveis pelos projetos devem estar diretamente ligados aos diretores dos Programas e assim por diante. Anualmente serão desenvolvidas auditorias por projetos e programas e estes deverão ser encaminhados e apresentados ao COMDEMA para apreciação e aprovação do Conselho e da sociedade. A utilização de uma página na WEB (Rede de Alcance Mundial) com todas as infomaçoes por programas e projetos pode ser um instrumento facilitador para que haja a transparência necessária não apenas na prestação de contas, mas também no andamento das ações junto aos atores-alvo. 191 15.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMBIENTE BRASIL. 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