Formação dos Seres Vivos A Química nos mostra as mo-léculas dos corpos inorgânicos unin-do-se para formarem cristais de uma regularidade constante, conforme ca-da espécie, desde que se encontrem nas condições precisas. A menor per-turbação nessas condições basta pa-ra impedir a reunião dos elementos, ou, pelo menos, para obstar à dis-posição regular que constitui o cristal. Por que não se daria o mesmo com os elementos orgânicos? Durante anos se conservam germens de plan-tas e de animais, que não se desen-volvem, senão, a uma certa tempe-ratura, e no meio apropriado. Há, pois, nesses germens um princípio la-tente de vitalidade, que apenas espe-ra uma circunstância favorável para se desenvolver. O que diariamente ocorre debaixo de nossas vistas, por que não poderia ter ocorrido desde a origem do globo terráqueo? A forma-ção dos seres vivos, saindo eles do caos pela força mesma da Natureza, diminui de alguma forma a grandeza de Deus? Longe disso: corresponde melhor à idéia que fazemos do seu poder a se exercer sobre a infinidade dos mundos por meio de leis eternas. Esta teoria não resolve, é verdade, a questão da origem dos elementos vitais; mas, Deus tem seus mistérios e pôs limites às nossas investigações. Esta é uma questão primordial: cada espécie animal saiu de um casal primitivo ou de muitos casais criados, ou se preferirem, germinados simulta-neamente em diversos lugares? Esta última posição é a mais provável. Pode-se dizer que ressalta da obser-vação. Com efeito, o estudo das ca-madas geológicas atesta, nos ter-renos de idêntica formação, em proporções enormes, a presença das mesmas espécies em pontos do globo muito afastados uns dos outros. Dizíamos que uma camada de maté-ria gelatinosa envolvera o orbe ter-reno em seus mais íntimos contornos. Essa matéria amorfa e viscosa era celeiro sagrado das sementes da vida. O protoplasma foi embrião de todas as organizações do 1 globo terrestre e, se essa matéria, sem forma definida, cobria a crosta solidi-ficada do planeta, em breve a con-densação da massa dava origem ao surgimento do núcleo, iniciando- se as primeiras manifestações dos seres vivos. Os primeiros habitantes da Ter-ra, no plano matéria, são as células albuminóides, as amebas e todas as organizações unicelulares, isoladas e livres, que se multiplicam prodigiosa-mente na temperatura tépida dos oceanos. Com o escoar incessante do tempo, esses seres primordiais se movem ao longo das águas, onde encontram o oxigênio necessário ao entretenimento da vida, elemento que a terra firme não possui ainda em proporções de manter a existência animal, antes das grandes vegeta-ções; esses seres rudimentares so-mente revelam um sentido – o do ta-to, que deu origem a todos os outros, em função de aperfeiçoamento dos organismos superiores. Passemos por alto sobre essa lenta evolução mencionando apenas na seqüência: os infusórios, os poli-peiros, os crustáceos marinhos, os crustáceos terrestres (exemplo: o es-corpião) e os batráquios; após os répteis surgem os animais da era primitiva. ERA PRIMITIVA No período terciário aparecem os primeiros ascendentes do homem, os antropóides, antepassados do homem terrestre que ao contrário do que se pensava, não descendem do macaco, em vão procurou a huma-nidade pelo elo perdido, hoje com o teste do carbono e do DNA provou-se que cada espécie tem linhagem definida e definitiva. Os peixes, os répteis, os mamíferos, tiveram suas linhagens fixas de desenvolvimento e o homem não escaparia a essa regra geral. Para compreendermos nosso papel, neste panorama da existência e a relação entre a criação e o homem, sigamos o seguinte ensina-mento de Emmanuel: "- No quadro exíguo de nossos conhecimentos, busquemos, entretanto, uma figura que nos convoque ao sentimento de solidariedade e de amor que deve imperar em todos os departamentos da vida visível e invisível. O mineral é atração. O vegetal é sensação. O animal é instinto. O homem 2 é razão. O anjo é divindade. Busquemos reconhecer a infinidade de laços que nos unem nos valores gradativos da evolução e ergamos o nosso íntimo o santuário eterno da fraternidade universal”. Após um grande trajeto percor-rido, os seres diversificaram-se a tal ponto que, antes, parecem estranhos entre si. Mas, nós vimos que todos partiram da monera primitiva (mone-re: nome dado por Haeckel a organis-mos que ele descobriu e considerou o tipo de transição do reino vegetal para o reino animal), e o estudo de sua composição nos mostrou que eles não passam, a todo tempo, de associações mais complexas do elemento primitivo. Todos eles, ao nascerem, são ainda essa monera que se fragmenta, que se associa às nascentes da sua própria substância, a fim de constituir o recém-vindo, cujo lugar na escala dos seres depende do grau de sua evolução. O desenvolvimento do cérebro prosseguiu independentemente das formas. Os primitivos zoófitos não apresentam indícios de cérebro, não têm sentidos nem sexo. Com os moluscos, temos um sistema nervoso obtuso, mal definido, geração rudimentar, sentidos imperfeitos. Nos crustáceos, já se nos deparam, coincidentes com o sistema nervoso ganglionar, a visão, a audição, o tato. Depois, os peixes têm um cérebro e uma medula espinal definidos, são os primeiros vertebrados. Os sentidos se extremaram. Seguem-se os anfíbios e os répteis, que implicam na suces-são da geração ovípara pela vivípara, e apresentam uma ossatura endure-cida. . 3 Os marsupiais, mamíferos inferiores, apresentam-se com um encéfalo mui-to simples, que se vai complicar nos seus sucessores para chegar à divi-são em lóbulos e formar as circunvo-luções, observáveis nos macacos e nos homens. Macacos e homens procedem de antepassados primevos, da época terciária, e são espécies diferentes, como demonstra o exame de DNA. Nenhuma teoria filosófica pode, como o Espiritismo, explicar todos estes fenômenos. Graças à lei da reencarnação e ao conhecimento da natureza da alma, fácil se torna compreender o progresso do Espírito, desde as modalidades mais rudimentares até as manifestações mais altas. O princípio pensante percorreu, lentamente, todas as escalas da vida orgânica, e foi por meio de uma ascensão ininterrupta, em transcurso de séculos inumeráveis, que ele pode pouco a pouco demoradamente, fixar no invólucro fluídico todas as leis da vida vegetativa, orgânica e psíquica. 4 Foi preciso rematerializar-se um cem número de vezes para que todos es-ses movimentos, sentidos conscien-tes, desejados, chegassem à incons-ciência e ao automatismo perfeito, que caracterizam as reações vitais e as ações reflexas. Não é de impro-viso que o ser, seja qual for, chega a esse resultado, pois a Natureza não faz milagres e opera sempre do simples para o complexo. Para que um ser tão complexo quanto o homem, que reúne os caracteres mais elevados de todas as criaturas vivas, possa existir, importa, absoluta e necessariamente, tenha percorrido, em sua essência, toda a série, cujos diferentes estados ele em si resume. Bibliografia: KARDEC, Allan: O Livro dos Espíritos, 43 a 49; A Gênese: Cap. X, 1 a 15; FEB. XAVIER, Francisco C. - Emmanuel: A Caminho da Luz, Cap. II, O Consolador 6 a 85; FEB. DELANNE, Gabriel: A Evolução Anímica Cap. VI: FEB. 5