história e cultura da áfrica e dos afro-brasileiros 1 Duração Um semestre Justificativa O negro tem uma participação extremamente importante na formação da sociedade brasileira. Introduzido à força em nosso território no século XVI, o negro sofreu as agruras da escravidão, mas, apesar de ainda hoje ser vítima do preconceito e da discriminação, ele conseguiu manter vivos suas tradições, seus hábitos culturais, suas crenças religiosas. Para o aluno, conhecer esse rico legado dos afrodescendentes em nosso país é uma das maneiras de compreender os valores e as lutas do negro ao longo dos séculos; para a escola, é uma forma de desenvolver um trabalho com o objetivo de valorizar a cultura do negro, ajudando, dessa forma, a combater a discriminação racial que ainda vigora em nossa sociedade. Planejamento Ao se estudar a história e a cultura da África e dos afro-brasileiros, tem-se em mãos uma variedade muito grande de assuntos. Portanto, um primeiro passo importante é definir quais tópicos serão estudados em sala de aula. Ainda assim, mesmo esses tópicos podem ser divididos, gerando muitos subtemas. Apresentamos a seguir sugestão de três grandes tópicos, que podem ser trabalhados com os alunos, mas não são os únicos possíveis: 1. A história da África 2. Escravidão e resistência 3. A presença negra na cultura brasileira Na fase de planejamento, o professor pode dividir a sala em grupos, fazendo com que cada grupo escolha um tópico que deseja estudar. Depois, os grupos podem ser divididos de modo que cada um fique responsável por algum subtema relacionado ao assunto principal. Escolhido o subtema, os grupos podem fazer um questionário sobre as principais questões que pretenderão ter respondido ao final do trabalho. Execução Definidas as metas, os grupos iniciam a fase de levantamento de fontes: visitas a bibliotecas, pesquisas em sites, entrevistas com lideranças do movimento negro, etc. Abaixo listamos sugestões de temas possíveis e propostas de como podem ser desenvolvidos: 1.A história da África a) O surgimento da espécie humana – Estudos científicos mostram que os hominídeos e, entre eles, o Homo sapiens sapiens, teriam surgido na África e de lá se espalhado pelo restante do planeta. O grupo que ficar com esse estudo poderá trabalhar os seguintes assuntos: a evolução da espécie humana; as teorias de povoamento da Terra; como são feitos os trabalhos de arqueólogos, paleoantropólogos, geólogos e outros profissionais que estudam as origens da humanidade. O trabalho pode ser apresentado na forma de cartazes. b) Grandes civilizações – Na África surgiram grandes civilizações ao longo dos séculos. Egito, Cartago, Nok, Axum, Gana, Mali, Grande Zimbábue, Manicongo são alguns exemplos. Os grupos que estiverem com esse tema poderão apresentar um painel sobre algumas delas. Com auxílio do(a) professor(a) de Matemática, por exemplo, os alunos poderão fazer maquetes das pirâmides do Egito, mantendo as mesmas proporções das pirâmides originais. Outros alunos poderão fazer, com argila, papel machê ou outros materiais, objetos que procurem Material complementar de apoio ao livro didático História – Volume único, de Gislane Azevedo e Reinaldo Seriacopi (São Paulo: Ática, 2007). © Editora Ática. Todos os direitos reservados. história e cultura da áfrica e dos afro-brasileiros 2 reproduzir as obras de arte – estátuas, esculturas e máscaras – feitas por esses povos. Seria interessante que os alunos relacionassem as crenças religiosas africanas frequentemente associadas a esses objetos. 2. Escravidão e resistência a)Navio negreiro – Africanos, dos mais variados povos e etnias, foram capturados e trazidos à força para a América para trabalharem como escravos. Independentemente de suas origens étnicas, todos enfrentaram algo comum: a travessia do oceano Atlântico em um navio negreiro. O grupo que estiver encarregado desse tema poderá ser orientado a fazer pesquisas como: de quais regiões da África eram provenientes os negros para cá trazidos como escravos? Essas regiões correspondem a quais países hoje em dia? Quais as diferenças culturais, étnicas, religiosas entre eles? Pesquisando em relatos e ilustrações, os alunos podem recuperar as informações de como eram as viagens de travessia do Atlântico. Baseados nessas mesmas fontes, eles podem fazer uma maquete de um navio negreiro. b)Quilombos – Os quilombos foram uma das formas de resistência encontradas pelos africanos e seus descendentes para fugir da escravidão que lhes era imposta. Os alunos encarregados desse assunto podem pesquisar: onde eles surgiram; como se organizaram; como as pessoas ali viviam. Uma parte do grupo poderá dar ênfase à história de Zumbi de Palmares, mostrando as razões pelas quais ele foi escolhido símbolo do movimento negro no Brasil. Ao fazer isso, eles podem levantar informações a respeito da discriminação racial no Brasil de hoje. Dados estatísticos relativos aos negros em questões como distribuição de renda, educação e mercado de trabalho, entre outras, podem ajudar nessa tarefa. Os alunos também podem pesquisar se na sua região existem grupos remanescentes de quilombos. Caso existam, poderiam ver se é possível visitar um deles e entrevistar a população que ali vive. Por meio da história oral, podem procurar resgatar a história dessas pessoas, seus conhecimentos em variados campos do saber: ervas medicinais, lendas, etc. Também podem buscar informações sobre a luta pela posse da terra dessas comunidades nos dias de hoje. 3.A presença negra na cultura brasileira a)Culinária – A culinária brasileira é fortemente marcada pelos hábitos culturais dos negros. Os alunos que estiverem estudando esse tema poderão elaborar um livro de receitas com pratos introduzidos no Brasil pelos africanos. Entre esses alimentos podemos citar: pamonha, quiabo, vatapá, angu, feijoada, mungunzá, acarajé e caruru. Ao final do trabalho, poderão, com os professores, escolher algumas dessas receitas para serem feitas e oferecidas aos membros da comunidade escolar. b)Religião – No Brasil, as crenças religiosas dos africanos misturaram-se às crenças indígenas e europeias e originaram o sincretismo religioso, muito presente em nossa sociedade. Os alunos encarregados desse tópico podem fazer um trabalho de pesquisa sobre as religiões afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda e seus deuses. Baseados nas ilustrações existentes dessas divindades, eles podem fazer roupas semelhantes às que representam cada um dos deuses e organizar uma exposição dessas vestimentas. c)Música – A música brasileira é fortemente marcada pelo ritmo africano. Os alunos que forem trabalhar com esse tópico podem fazer uma pesquisa sobre os ritmos brasileiros que receberam essa influência, como o samba, o maracatu, o maxixe, a lambada e o carimbó. Também podem pesquisar os principais instrumentos de origem africana hoje bastante conhecidos em nosso país, como o afoxé, o agogô, o atabaque, o berimbau, o tambor e o xequerê. Seria interessante se os alunos fizessem uma oficina na qual eles próprios construiriam alguns desses instrumentos. Se souberem tocar, os alunos podem usar os instrumentos para apresentarem alguma música de um dos ritmos estudados. Apresentação Os trabalhos realizados pelos alunos poderão ser apresentados em uma feira cultural, que poderia ser realizada em novembro, uma vez que, no dia 20 de novembro, se comemora o Dia da Consciência Negra no Brasil. Material complementar de apoio ao livro didático História – Volume único, de Gislane Azevedo e Reinaldo Seriacopi (São Paulo: Ática, 2007). © Editora Ática. Todos os direitos reservados. 3 Imagens e objetos usados para a Congada na Comunidade dos Antunes, em Contagem (MG). Iugo koyama história e cultura da áfrica e dos afro-brasileiros Material complementar de apoio ao livro didático História – Volume único, de Gislane Azevedo e Reinaldo Seriacopi (São Paulo: Ática, 2007). © Editora Ática. Todos os direitos reservados. 4 coleção Particular história e cultura da áfrica e dos afro-brasileiros Babá Egum, em aquarela sobre papel de autoria de Carybé. Material complementar de apoio ao livro didático História – Volume único, de Gislane Azevedo e Reinaldo Seriacopi (São Paulo: Ática, 2007). © Editora Ática. Todos os direitos reservados.