UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS
Curso de Mestrado em Ciências da Comunicação
UNIDADE CURRICULAR: Media e Género
6 ECTS
DOCENTE RESPONSÁVEL: Ana Costa Lopes
2009/2010
1º Semestre
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
1. Breve introdução sobre o aparecimento dos primeiros periódicos portugueses, suas
características e conteúdos. Enquadramento histórico. Características dos periódicos
românticos. O papel de Alexandre Herculano e Almeida Garrett na restauração da imprensa
periódica.
2. Principais periódicos de 1820 a 1850. Importância da imprensa periódica feminina de
Oitocentos. Características gerais. Conteúdos. Principais directores e colaboradores e seus
papéis.
3. A intervenção feminina e masculina de 1820 a 1850. Primeiras revistas dirigidas por
mulheres e sua importância. Colaboradoras. Principais temáticas.
4. A intervenção feminina e masculina de 1850-1870. Principais periódicos e suas directoras e
directores, colaboradoras, proprietárias. A primeira jornalista portuguesa.
5. Imagens da grande afirmação e metamorfose intelectual femininas no período de 18501870. Transgressão, igualdade, emancipação. Cargos e liderança e participação social
femininos. O saber e o poder femininos. A via do progresso.
6. Principais periódicos de 1870 a 1890. Suas características e conteúdos. Principais directoras
e directores. Colaboradoras e proprietárias.
7. O retrocesso entre 1870 a 1890 e o regresso às temáticas conservadoras. O alinhamento da
geração de 70 com Proudhon. A tentativa de anulação das conquistas femininas referentes à
igualdade.
8. Reflexões finais sobre a imprensa periódica feminina de Oitocentos, e breves notas sobre o
seu desenvolvimento posterior.
Justificação
A imprensa periódica feminina permitiu, a nível intelectual e com toda a visibilidade, a
afirmação feminina em «espaços» outrora reservados aos homens. As revistas congregaram as
vozes silenciadas durante séculos. Colaborando livremente e transgredindo as normas para elas
estabelecidas, conquistaram um lugar e um papel importante na sociedade. Colocando os problemas
que lhes diziam directamente respeito, muitos deles nunca tratados, relativos à igualdade,
emancipação, à paridade abriram os caminhos do futuro. As mais progressistas lutaram contra tudo
e contra todos utilizando diversas estratégias, nunca deixando de se interessar pelos mais relevantes
problemas nacionais. Algumas seguiram com afinco, na prática e na teoria, as ideias do liberalismo,
principalmente as relativas à democratização da educação e da instrução para toda a população.
Reflectir sobre os seus trabalhos nas publicações periódicas femininas de Oitocentos com
que atingiram a visibilidade desejada, verificar o modo como pugnaram e alcançaram tantas vitórias
num mundo construído pelos e para os homens, assistir ao lento surgimento da nova identidade
feminina é tarefa que vale a pena empreender, porque dela dependem muitas das conquistas das
mulheres de hoje. Uma leitura atenta da história das mulheres de Oitocentos é, pois, essencial para a
compreensão do percurso feminista do século XX que em parte a elas se deve.
Todas e todos somos devedores, a nível intelectual e social, da ousada, corajosa, e
persistente luta, profundamente desigual, que estas mulheres travaram numa sociedade
profundamente sexista. Se foram ignoradas e esquecidas é porque isso convinha às classes
dirigentes uma vez que algumas delas foram responsáveis pela propagação e implementação de
ideias novas. A elas faremos jus se recordarmos os seus trabalhos e lhes compreendermos a ousadia.
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