Segunda-feira 1 de junho de 2015 Jornal do Comércio - Porto Alegre 11 Economia Logística Aliança Navegação aposta nas cargas pesadas Empresa afretou uma embarcação especializada na movimentação de itens ligados ao segmento de infraestrutura Jefferson Klein [email protected] Cargas especiais, da área de infraestrutura, de segmentos como o de energia, mineração e petróleo e gás são o novo alvo nas operações de cabotagem da Aliança Navegação e Logística, e o Rio Grande do Sul está dentro desse cenário. Nesse domingo, a embarcação Aliança Energia deixou o porto da Capital gaúcha com destino a Rio Grande com nove transformadores produzidos na unidade da Alstom, localizada em Canoas. Posteriormente, nesta semana, o navio seguirá para Belém, no Pará. Dois dos equipamentos mais pesados, cada um com 260 toneladas, foram embarcados em Porto Alegre, e os outros setes seriam colocados no navio em Rio Grande. Esses últimos aparelhos, de menor porte, seguiram para a Metade Sul do Estado através de uma barcaça, para depois serem postos no Aliança Energia. O gerente de Cargas de Projeto da Aliança Navegação e Logística, Angel Millán, explica que a operação teve que ser feita dessa forma devido às limitações do calado na Capital (profundidade de 5,18 metros). Também foram posicionadas, ainda em Porto Alegre em vez de Rio Grande, as peças de maior porte dentro do navio para diminuir os riscos. Os transformadores têm como destino final as usinas de Belo Monte (Pará) e Santo Antônio (Rondônia). Para tornar a operação mais lucrativa, a Aliança completará o carregamento com outros itens, como mais transformadores e pás eólicas, em Santos, que também seguirão para o Norte e Nordeste do País. Millán calcula em cerca de 15 dias a conclusão do trajeto completo. O executivo admite que existem algumas dificuldades para convencer os clientes das vantagens em escolher o transporte FREDY VIEIRA/JC Dois transformadores, com 260 toneladas cada, já foram embarcados aquático. Entre os benefícios, o dirigente cita, por exemplo, a menor possibilidade de avarias. Millán argumenta que as empresas acostumaram-se com o aproveitamento do modal rodoviário, e sair da rotina não é algo fácil. Mas, pouco a pouco, as companhias vão avaliando novas opções. A Aliança começou o serviço de cabotagem para o setor de cargas de projeto no ano passado. Além dos equipamentos para a geração elétrica, já deslocou componentes como partes de uma plataforma de petróleo. As principais rotas que serão feitas pelo Aliança Energia serão de Rio Grande a Belém e da Bacia Amazônica ao Uruguai e Argentina. O afretamento da embarcação foi fechado por três anos. O navio conta com três guindastes, que, somados, têm capacidade para içar até 800 toneladas. O porão, com 70 metros de comprimento, permite colocar enormes cargas. A embarcação também possui flexibilidade para operar em pequenos calados e atuar tanto na hidrovia (água doce) como no mar. O navio, com comprimento de 166 metros, tem capacidade para transportar aproximadamente 19 mil toneladas. Millán adianta que, a atividade sendo bem-sucedida, a Aliança cogita afretar uma segunda embarcação para realizar o serviço. O executivo prevê que novas operações semelhantes a essa serão feitas a partir de Porto Alegre. O cais utilizado para o embarque dos transformadores encontra-se em uma área próxima à rodoviária, que anteriormente estava sendo preparada para a instalação de um estaleiro das empresas Ecovix e Irigaray, algo que acabou não acontecendo.