Edição n.º 46 :: Agosto de 2012 :: Revista do Município de Loures
AGIR
Não ao desperdício alimentar
:: 42
Entrevista a António Costa Pereira, presidente da Associação Dariacordar
Beber água da torneira :: 10
Maior eficiência energética :: 16
Zonas verdes de eleição :: 24
SUMÁRIO
2 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
16
24
32
Cidade de Direitos Humanos
: : Aprender na Escola a Tempo Inteiro
10
: : Zonas Verdes de Eleição
6
: : Maior Eficiência Energética
: : A Vida é feita de pequenos nadas
Com regularidade , são efetuadas análises de controlo l
aboratorial, as quais permitem manter a qualidade da água
distribuída
: : Loures,
: : Beber Água da Torneira
38
: : Não ao Desperdício Alimentar
42
48
: : A Natureza e o Património
e Gerir o Território
: : Conhecer a Paisagem
com muito para Oferecer
O Arquivo Municipal é,
além de um depósito de documentos de valor histórico
e cultural, a memória do concelho de Loures.
: : Loures, um Município
Os Portugueses são muito solidários.
Este projeto é um excelente exemplo
de civismo
: : Do Passado ao Futuro
56
74
78
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 3
FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE :: Câmara Municipal de Loures
Praça de Liberdade, 4, 2674-501 Loures
DIRETOR :: Carlos Teixeira
PERIOCIDADE :: Trimestral
CONTACTO :: [email protected]
DEPÓSITO LEGAL N.º :: 183565/02
ISSN 1645-5088 | Anotada na ERC
EDITORIAL
Carlos Teixeira
Presidente da Câmara Municipal de Loures
A felicidade é um alvo que todos pretendemos atingir.
É característica de todos nós, seres humanos, a permanente necessidade de querer mais e
melhor, seja na procura de felicidade pessoal, seja na satisfação e realização profissional.
É também normal sermos avessos à mudança – dificilmente aceitamos sair do rumo traçado,
ainda que existam pontos fortes que nos façam ponderar uma eventual escolha.
Estas duas características nem sempre andam a par mas, na impossibilidade de alterarmos
aquilo a que se convencionou chamar “a vida” e o seu sentido, é fundamental que tenhamos
atitude positiva e otimista e que, perante as contrariedades, as “pedras no caminho”,
saibamos procurar alternativas, fixar objetivos e lutar ao limite das nossas forças para
alcançá-los. A nossa mente é, de facto, a única coisa que controlamos em absoluto nas
nossas vidas.
Mudar de atitude será, por isso, o primeiro passo para chegar à solução. Outros passos
poderemos dar a seguir, como ser empreendedores, imaginativos, solidários. Todos, sem
exceção, enfrentamos problemas no nosso quotidiano, sejam do foro íntimo ou da esfera
profissional, dentro ou fora de contextos de crise.
É neste espírito que vos deixo com mais uma Loures Municipal que foca o que de bom se
tem feito, neste município, para motivar as gentes, ajudar os mais carenciados, defender
o que temos de precioso e manter alta a fasquia da nossa oferta cultural, patrimonial,
gastronómica e humana.
Não vejamos na crise uma desculpa para a frustração, a depressão e o desânimo, mas
uma janela que se abre para que sejamos mais solidários, mais presentes e, sobretudo,
mais tenazes na luta para alcançar aquilo a que todos temos direito: ser feliz!
Porque, afinal, a vida tem múltiplos sentidos e é feita de pequenos nadas…
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 5
CONVERSAR
A Vida é feita
de pequenos nadas
Podíamos falar da importância de um sorriso, de um abraço, de pequenos nadas como o afeto ou a
solidariedade traduzidos num carinho, na presença, ainda que silenciosa, em tempos de mágoa.
Podíamos falar do pôr do sol ou do cheiro da terra molhada depois da chuva, da lua cheia e do mar.
A verdade é que, em tempos difíceis, diminui o impulso puro, decresce a capacidade de sonhar.
Tornamo-nos mais duros, mais pragmáticos… e ainda bem.
A capacidade de adaptação ao meio conhece novos avanços
e damos connosco a ser mais industriosos, mais estrategas,
mais imaginativos, e tornamo-nos exímios na capacidade de
tirar leite de pedras, de aditar ao nosso dia-a-dia pequenos
nadas que podem fazer toda a diferença, não porque na
adversidade resida a oportunidade de seja lá o que for, mas
porque não podemos desistir nem baixar os braços.
Porque temos compromissos connosco e com outros, porque
somos responsáveis por nós e por outros e porque é preciso
lutar e não desistir, nunca.
Deambulando na world wide web à procura de inspiração,
deparámo-nos com o texto de um escritor americano, que
recentemente emigrou para a República Checa, que insiste
em viver da escrita, posição que o obriga a subsistir com
muito pouco.
6 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Esta decisão obrigou-o a procurar novos recursos, pequenos
nadas que o ajudam a sobreviver com bastante menos do
que o habitual, mas que também o ensinaram e reformular
a própria vida, a adaptar-se a uma nova realidade, de forma
natural e inteligente e, principalmente, a manter-se motivado
e com a certeza de que o seu esforço aponta a dias melhores,
no futuro próximo.
Baseados nesta e noutras experiências, damos algumas
sugestões e três conselhos:
Acredite que este estado de coisas não pode durar para
sempre.
Não desista nunca e mantenha o sentido de humor.
Faça por si e não pare de procurar a solução para o seu
problema.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 7
CONVERSAR
Aproveitar todos os recursos
OS PRAZERES SIMPLES DA VIDA
Somos o que sabemos. Os nossos conhecimentos fazem de
tal forma parte de nós, que nos esquecemos de que podemos
rentabilizá-los, partilhando-os. Dar aulas de uma disciplina
em que estamos à vontade para os mais diferenciados pode
ser uma fonte de rendimento extra. Tomar conta de crianças,
pontualmente, em casa de amigos e conhecidos, pode
engrossar o orçamento familiar. Se fizermos bem o que quer
que seja, depressa será passada a palavra e angariaremos
uma “carteira de clientes”. Fazer rissóis ou passar a ferro
para fora também vale. No fundo, vale tudo o que faça parte
do nosso conhecimento e que faça falta a alguém…
Caminhar no Parque, ler num banco de jardim, jogar damas ou
xadrez… são pequenos prazeres que preenchem os tempos
livres e nos dão uma sensação de plenitude, descansando a
mente e exercitando o corpo ou a capacidade de raciocínio.
Podem ser também motores de aproximação intergeracional.
Todos os dias perdemos um pouco mais o contacto com os
mais velhos, o que se traduz na perda progressiva da nossa
identidade. É neles que estão as nossas raízes, as histórias
que nos embalaram, os princípios e valores que deram lugar
ao que hoje somos. Cultivar as relações é um trabalho que
vale a pena, sempre, e que enriquece todos os envolvidos.
BEBER MENOS, DEIXAR DE FUMAR...
INTERNET, UM ADMIRÁVEL MUNDO
Os estados de alma sombrios, o acumular de problemas e a
ausência de objetivos podem levar ao consumo exacerbado
de substâncias que, provocando alguma alienação, nos
confortem e ajudem – pelo menos assim o interpretamos – a
ultrapassar um mau momento. Inverter esta tendência pode
trazer grandes compensações, em termos de poupança
e, sobretudo, de saúde. Se consumir um bom vinho numa
ocasião especial e se se permitir fumar um cigarro após uma
refeição excecional, ao fim de semana, deixará de se cansar
a subir escadas, recuperará o sabor genuíno dos alimentos,
aumentará o seu bem-estar, estará mais desperto para a
vida e, sobretudo, transformará aquilo que já nem conseguia
ser um prazer diário, mas apenas um mau hábito, numa
experiência suprema que só o será porque a transformou
num momento raro.
Se há despesas que podemos evitar, outras existem a que
não podemos fugir. Ter acesso à internet deveria ser um
direito consagrado na Constituição. Porque nos dá toda a
informação disponível, nos ajuda nas nossas tarefas, nos
torna mais ágeis à medida que praticamos a pesquisa. Dá-nos ideias, tira-nos dúvidas e, sobretudo, lança-nos desafios.
Através da internet procuramos emprego, vendemos e
compramos, mantemo-nos informados, viajamos até. Sabia
que pode visitar vários museus internacionais através da
internet? Um pequeno nada que nos pode transportar onde
a carteira nos proíbe de ir. A internet põe-nos em contacto
com o mundo e com mil mundos impensáveis há pouco mais
de duas décadas. A internet ajuda-nos a poupar, a contornar
despesas. Por exemplo, dá-nos acesso a uma série de
receitas para (quase) todos os males, o que pode evitar uma
ida à farmácia – se substituirmos um medicamento por uma
mezinha caseira –, ao supermercado – se substituirmos um
alimento por outro –, à biblioteca – porque temos acesso a
milhões de textos sobre os mais variados temas.
SAIR SEM GASTAR DINHEIRO
Aproveitar iniciativas municipais para tomar contacto com a
Arte, a Natureza, levar as crianças a passear, fazer rastreios,
é uma boa forma de manter a família ativa sem gastar dinheiro.
Pequenos nadas que nos mantêm despertos para o que nos
rodeia e que nos impedem de nos sentirmos prisioneiros nas
nossas próprias casas.
8 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
JANTAR FORA... NA VARANDA
NÃO DESISTIR DE SI
Usar a imaginação, pensar positivo e valorizar o que ainda
temos: parece ser a equação certa para uma refeição
simples, mas caseira, na varanda lá de casa ou bem junto à
maior janela disponível. Depois, é hora de reduzir o consumo
de eletricidade e usar velas, mesmo que o jantar seja atum
com feijão-frade (uma delícia, aliás!). Boa companhia, um
CD antigo ou até rádio numa estação nostálgica e pronto!
Aquilo que nos habituámos a ver como pequenos nadas – a
máscara para o cabelo, o creme para as mãos e o corpo,
até o desodorizante, assumem agora um peso notável
nas contas do final do mês. Pois muito bem, experimente
substituir os primeiros três por azeite e o último por umas
gotas de sumo de limão. Continua a tratar de si e os custos
descem vertiginosamente…
COMPRAR BARATO
PARTILHAR
Atenção às promoções – duplamente! Há as enganosas e
as que, de facto, merece a pena aproveitar. De resto, os
vegetais continuam acessíveis e fazem bem à saúde.
O mesmo se passa com a fruta, ainda que já seja um pouco
mais dispendiosa. O pão é um alimento riquíssimo e que se
pode usar de mil maneiras diferentes. Nas lojas, as roupas
estão todas em promoção e há grandes lojas que têm básicos
a preços extremamente interessantes. Basta estar alerta!
Há sempre alguém que está em pior situação do que nós e
que precisa de ajuda. O trabalho de voluntariado enobrece,
enriquece e dá-nos muito mais do que conseguimos oferecer.
Faça alguma coisa pelos outros. Talvez alguém faça algo
por si… Dar é difícil, ao contrário do que se possa pensar.
Depois da primeira vez, é como andar de bicicleta e torna-se no melhor vício do mundo. A partilha de pequenos nadas
pode significar o mundo para muita gente. Hoje pelos outros,
amanhã, por si!
NOVAS EXPERIÊNCIAS
Acha que tem jeito para cortar cabelos? Então experimente
lá em casa, com os seus filhos. Se o primeiro não ficar
bem, o cabeleireiro pode sempre remediar. Não se aventure
demasiado e vai ver que o resultado será, no mínimo,
satisfatório. Tem imenso jeito para fazer depilação e a sua
melhor amiga é uma manicura em potência? Pois bem,
troquem serviços e vão ver, no final do mês, o dinheiro que
pouparam. E, já agora, se a experiência com o cabelo do seu
filho saiu bem, a sua amiga pode ser a próxima “vítima”…
ARMAZENAR
Muitas vezes, a compra de duas unidades traz mais uma
de oferta. Se tiver a certeza de que é um bom negócio,
armazene. Vai saber-lhe muito bem nos meses seguintes.
Não ter vergonha
Se precisar de ajuda, peça! A vergonha deve ficar para
quem nos leva a este estado de coisas, para quem permite
que soframos todos os cortes e não tenhamos qualquer
incentivo, nem vejamos a menor luz no final do mais longínquo
dos túneis. Há instituições, organismos, organizações,
vocacionados para ajudar quem precisa. Não é preciso ser
sem-abrigo para necessitar de apoio. A crise atirou-nos para
um buraco do qual vamos sair, certamente, mas enquanto
não saímos há que continuar a respirar, a viver, a lutar. Lute,
portanto, com garra e com força e não desista! Valorize
tudo o que valer a pena e não se esqueça: a vida é feita de
pequenos nadas!
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 9
AGIR
Beber água
da torneira
UM hábito saudável e de confiança
Se pensar que mais de metade do seu corpo é constituído por água, cerca de 70%, fica com a noção da
extrema relevância deste precioso líquido para a manutenção da vida humana. Especialistas dizem que se
devem ingerir oito copos de água por dia, cerca de dois litros, não só para garantir o bom funcionamento
do nosso organismo mas também para repor a quantidade de água que perdemos ao longo do dia. Quanto
à sua proveniência, podem surgir diversas opiniões. Mas, por que não beber água da torneira se de facto
tem qualidade?
Uma das principais finalidades do Laboratório de Águas dos
Serviços Municipalizados de Loures é garantir a qualidade da
água para consumo humano, distribuída nos concelhos de
Loures e Odivelas. Em Setembro de 2001, este laboratório
obteve o reconhecimento formal da qualidade do serviço
prestado para ensaios microbiológicos e físico-químicos em
águas naturais, de consumo humano e de piscinas, com
a concessão da acreditação pelo Instituto Português da
Qualidade (IPQ), presentemente sob a responsabilidade do
Instituto Português da Acreditação (IPAC).
Com regularidade, são efetuadas análises de controlo
laboratorial, as quais permitem manter a qualidade da água
10 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
distribuída e executar tratamentos adicionais sempre que
se revele necessário. Os resultados destas análises são
publicados trimestralmente nos editais das Câmaras Municipais de Loures e Odivelas, assim como nas juntas de freguesia, e estão também disponíveis na página da Internet dos
Serviços Municipalizados de Loures, www.smas-loures.pt,
conforme a legislação em vigor.
Se por um lado não confia na qualidade da água da torneira ou
simplesmente não lhe agrada o sabor, tenha ainda assim em
atenção o que lhe podem dizer sobre ela. O alerta que agora
lhe fazemos refere-se a empresas de venda de purificadores
de água, que contactam indivíduos aleatoriamente, ofere-
A água da rede
pública tem na sua
generalidade boa
qualidade.
E porque beber
água é importante,
cuide de si
e da sua saúde
com água de total
confiança.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 11
AGIR
cendo-se para efetuar uma análise à qualidade da água da
torneira em sua casa, para posteriormente lhes venderem um
aparelho. O método utilizado consiste na realização de testes
à água da torneira que resumidamente apresenta resultados
desastrosos e cor acastanhada, já com a utilização do tal
filtro, a água apresentava excelentes resultados.
Mais uma vez lhe dizemos, a água da rede pública tem na
sua generalidade boa qualidade. E porque beber água é
importante, cuide de si e da sua saúde com água de total
confiança: Beba água da torneira!
SABIA QUE BEBER ÁGUA:
›ajuda os rins a funcionarem corretamente
e impede que se tornem preguiçosos?
›previne a ocorrência de infeções urinárias?
›proporciona uma melhoria
na aparência da pele, pela eliminação
de resíduos da digestão e pela manutenção
do seu estado de hidratação, impedindo
que esta fique áspera e seca, e que envelheça
mais rapidamente?
12 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Entrevista ao
Dr. António Areias Pereira da Silva,
do Serviço de Saúde Ocupacional
do Município, alusiva à importância
do consumo de água para a saúde humana
Qual a importância da ingestão de água?
É inegável a importância da água não só para a nossa saúde,
mas também para o planeta, pois a água é símbolo de vida,
fundamental para o normal funcionamento dos seres vivos.
Como se sabe, morremos mais rapidamente de sede do que
de fome, porque a água é essencial em muitas funções vitais
no organismo. Sem água não há vida.
Dependendo de vários fatores, como a idade, o sexo, a
quantidade de massa muscular e de gordura corporal, a
água é o principal constituinte do corpo humano: 50 a 70%
do total do nosso peso.
A água tem a função de interferir no funcionamento de
todos os sistemas e órgãos, na participação em reações
enzimáticas, no transporte dos nutrientes, na excreção dos
produtos resultantes do metabolismo celular, na regulação
da temperatura corporal.
A ingestão de líquidos, normalmente controlada pela
sensação de sede, é regulada pelo cérebro, no hipotálamo,
mas desidratamos quando as necessidades hídricas estão
aumentadas (ingestão diária insuficiente, calor, exercício
físico, febre, diarreia, vómitos, etc.).
Os sintomas de desidratação incluem: sede, sensação de
boca seca, urina de cor intensa e em menor quantidade;
sensação de aumento de temperatura corporal, cansaço físico
e mental, perda da capacidade de atenção, concentração
e memória, dores de cabeça, hipotensão postural, entre
outros.
Quais os benefícios para a nossa saúde?
Um bom nível de hidratação é importante para o funcionamento
saudável do coração e para a prevenção das doenças
cardiovasculares. Diminui o risco de tromboembolismo
arterial e venoso (AVC, doença coronária, flebotromboses
e flebites). Diminuem as perturbações a nível renal, mental,
digestivo, respiratório, dermatológico e músculo-esquelético.
Diminuem os episódios de dores de cabeça, de astenia,
fraqueza e cansaço. Proporciona um bom sono e melhora o
desempenho da nossa atividade diária.
Uma hidratação regular mantém maior elasticidade e frescura
da pele e uma boa vitalização dos cabelos. Evita a secura
ocular e as conjuntivites. Diminui a secura das mucosas
respiratórias, melhora a produção salivar, o trânsito intestinal,
diminui a obstipação. Diminuem as infeções geniturinárias e
a formação de cálculos renais. Contribui para diminuir as
cãibras musculares, melhora a força muscular e a hidratação
das articulações.
Como é sabido, uma boa ingestão regular de água melhora
o fluxo disponível para irrigar o coração, o cérebro, os
músculos, os rins, os pulmões, a pele e todos os restantes
órgãos. A água não engorda, nem elimina gorduras.
Qual a quantidade ideal de água a consumir por dia?
A água potável da torneira é excelente para matar a sede, e
tem uma qualidade irrepreensível. Por vezes pode ter algum
cheiro e sabor resultantes da desinfeção com ozono e cloro,
de modo a garantir a sua pureza. Para retirar tal cheiro e
sabor, podemos encher um jarro ou uma garrafa sem tampa,
e colocá-la durante algum tempo no frigorífico.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 13
Em condições normais, perdemos diariamente 2,5 litros de
água. Para repor esta perda devemos beber 1,5 litro de água
por dia. Com os alimentos e principalmente a sopa e o leite
repomos o restante litro.
Quais são os seus conselhos para quem não costuma
beber água com frequência?
Beber água é um prazer. Deve aumentar a frequência do
consumo de água potável da torneira ou engarrafada.
A prescrição mais comum aconselha a ingestão, no mínimo,
de seis a oito copos de água (1,5 litro) por dia. Na maioria
dos casos, não há razão para preferir água engarrafada;
além de ser de boa qualidade, a água da torneira é muito
mais barata.
Deve hidratar-se através da ingestão de água e de outras
bebidas como leite, sumos de fruta e néctares, bebidas
de sumo de fruta, sumos de legumes, chás em todas as
variantes (infusões, chá de frutas, de ervas aromáticas…) e
de alimentos ricos em água (sopas, saladas e fruta).
De facto, deve beber-se mais água quando se transpira e
quando se está perante temperaturas ambientais muito
elevadas. Os idosos e os bebés devem beber regularmente
água ao longo do dia para não desidratarem.
Para não ingerir calorias, cuidado com o teor de açúcares
nos líquidos comercializados como refrigerantes e sumos.
Devemos beber pequenas quantidades de cada vez e
frequentemente ao longo do dia, antecipando-nos à sensação
de sede.
Beber muita água ajuda a controlar o peso?
A ingestão de água entre e/ou durante as refeições pode
contribuir para que nos sintamos saciados, contudo esta
sensação é transitória, pois a água passa rapidamente pelo
estômago, voltando de imediato a sensação de fome. Mas
se tem este hábito, não mude.
O mesmo já não se passa com a sopa que, embora tendo
uma grande quantidade de água, atrasa o esvaziamento do
estômago, dado que tem variados nutrientes, deixando-nos
saciados e alimentados por mais tempo. Nunca deixe de
comer as sopas.
14 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Podemos e devemos preparar refrescos caseiros, que são
bebidas saborosas à base de água da torneira, associando
chá e limão, ou café e limão, ou frutas ao gosto e prazer
pessoais. Estes líquidos sem açúcares (calorias), ingeridos
às refeições e entre as refeições, hidratam as centenas de
milhões de células do nosso corpo, melhorando a nossa
saúde física e mental.
Sem água, só podemos sobreviver, no máximo, três a cinco
dias.
A ÁGUA É O NOSSO ALIMENTO MAIS IMPORTANTE.
SEIS A OITO COPOS DIÁRIOS E DA TORNEIRA QUE É
BEM BOA…
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 15
AGIR
Maior eficiência
energética
novos parâmetros
A compreensão dos conceitos de Energia, Ordenamento Territorial e Desenvolvimento Sustentável, assim
como as suas inter-relações funcionais, é fundamental para uma gestão autárquica que se pretenda
responsável, interventiva e geradora de mudanças.
A integração da dimensão energética no planeamento municipal é um imperativo de qualquer processo
de planeamento que se pretenda sustentável. É possível planear e introduzir conceitos e critérios nos
processos ou projetos que convergem para uma utilização mais racional de energia e para uma melhor
utilização dos recursos, criando dinâmica ao longo das linhas de sustentabilidade.
16 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
AGIR
As cidades têm um papel cada vez mais ativo e dominante na
economia global porque o seu crescimento inclui, em termos
de energia, uma maior procura, logo o seu crescimento
sustentável é muito mais amplo e atinge muitos setores,
alguns deles extremamente vulneráveis.
O conceito de cidade é intrínseco a uma multiplicidade
de noções que pretendem identificar fatores-chave para
competitividade e atratividade futura das cidades num
contexto de economia global, sejam eles o de “cidades inteligentes”, “cidades do conhecimento” ou “cidades criativas”.
As cidades inteligentes evoluem na direção de uma forte
integração de todas as vertentes da inteligência humana,
coletiva e artificial, sendo construídas como aglomerados
multidimensionais, combinando as três principais dimensões: a primeira está ligada às pessoas da cidade – a inteligência, a inventividade e a criatividade dos indivíduos que
vivem e trabalham na cidade; a segunda tem a ver com a
inteligência coletiva da população de uma cidade; a última
está relacionada com a inteligência artificial embutida no
ambiente físico da cidade e disponível para a sua população
– a infraestrutura de comunicação, os espaços digitais
e as ferramentas públicas para a solução de problemas
disponíveis para a população da cidade, nomeadamente um
planeamento urbanístico com eficiência energética.
Nesta perceção global, a União Europeia tem vindo
a desenvolver políticas energéticas que garantam a
sustentabilidade da procura sem que exista perda na
qualidade dos serviços e na comodidade dos cidadãos.
Durante a presidência portuguesa da UE foi lançado um Plano
Tecnológico para a Energia e a Estratégia de Lisboa — Novo
Ciclo, que integra objetivos ambiciosos de desenvolvimento
das energias renováveis, promoção da eficiência energética
e redução de emissões de gases com efeito de estufa.
Tendo em conta os novos objetivos para a política energética
e a necessidade de criar um novo enquadramento global
do Plano Nacional de Ação para as Energias Renováveis
(PNAER) e a revisão do Plano Nacional de Ação para a
Eficiência Energética (PNAEE), que integrasse ações da
área da energia no Programa Nacional para as Alterações
Climáticas (PNAC), foi estabelecido, através da Resolução
do Conselho de Ministros 29/2010, de 15 de abril, a Estratégia
Nacional para a Energia, com o horizonte de 2020 (ENE2020).
Adapta e atualiza a estratégia definida pela Resolução do
Conselho de Ministros 169/2005, de 24 de outubro.
A Estratégia Nacional para a Energia (ENE 2020) assenta
sobre cinco eixos principais:
Eixo 1 — A ENE 2020 é uma agenda para competitividade,
crescimento e independência energética e financeira que
dinamiza os diferentes setores da economia, criando valor e
emprego através da aposta em projetos inovadores nas áreas
da eficiência energética, das energias renováveis, incluindo
a produção descentralizada e da mobilidade elétrica, num
quadro de equilíbrio territorial; promove a concorrência
nos mercados através da consolidação do mercado
ibérico de eletricidade (MIBEL), da criação do mercado
ibérico do gás natural (MIBGAS) e da regulamentação do
sistema petrolífero nacional, e contribuindo para a maior
independência energética e financeira do nosso país face a
choques energéticos externos.
Eixo 2 — A ENE 2020 aposta nas energias renováveis,
através do desenvolvimento de uma fileira industrial indutora
do crescimento económico e do emprego, que permita atingir
as metas nacionais de produção de energia renovável,
intensificando a diversificação das energias renováveis
no conjunto das fontes de energias que abastecem o
País (mix energético). Desta forma, é possível reduzir a
nossa dependência externa e aumentar a segurança de
abastecimento.
Eixo 3 — A ENE 2020 promove a eficiência energética
consolidando o objetivo de redução de 20% do consumo
de energia final em 2020, através da aposta em medidas
comportamentais e fiscais, assim como em projetos inovadores, designadamente os veículos elétricos e as redes
inteligentes, a produção descentralizada de base renovável
e a optimização dos modelos de iluminação pública e de
gestão energética dos edifícios públicos, residenciais e de
serviços.
Eixo 4 — A ENE 2020 tem por objetivo garantir a segurança
de abastecimento através da manutenção da política de
diversificação do mix energético, do ponto de vista das
fontes e das origens do abastecimento, e do reforço das
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 17
AGIR
infraestruturas de transporte e de armazenamento que
permitam a consolidação do mercado ibérico em consonância
com as orientações da política energética europeia.
Eixo 5 — A ENE 2020 promove a sustentabilidade económica
e ambiental como condição fundamental para o sucesso da
política energética, recorrendo a instrumentos da política
fiscal, a parte das verbas geradas no setor da energia pelo
comércio de licenças de emissão de CO2 e a outras receitas
geradas pelo das renováveis, para a criação de um fundo
de equilíbrio tarifário que permita continuar o processo de
crescimento das energias renováveis.
No âmbito do cumprimento do exposto no Eixo 3, a Câmara
Municipal de Loures tem vindo a efetuar uma gestão eficiente
da energia, por forma a reduzir em 20% os seus consumos
energéticos, promovendo e sensibilizando os vários setores
da sociedade para esse fim.
Outra das funções primordiais da autarquia nesta matéria, é
disponibilizar informação e algumas recomendações.
A importância da orientação do edifício no
consumo de energia
Um edifício que tenha sido projetado e construído sem ter
em conta as condições climatéricas do local não poderá
ser considerado eficiente na utilização de energia para
proporcionar conforto aos seus moradores. A consequência
direta desta abordagem é a elevada incidência dos custos de
aquecimento e de ar condicionado nas despesas familiares.
Regra geral, é preferível que a exposição solar das superfícies, a este e a oeste, seja reduzida. Estas duas orientações
são irradiadas principalmente durante o verão e a entrada
de radiação é muito difícil de controlar, uma vez que se faz
quase perpendicularmente às janelas. Para combater a
influência do frio do inverno, é aconselhável reduzir as janelas
orientadas para norte e aumentar as que estão orientadas
para sul, também porque estas são mais fáceis de proteger
dos raios solares durante o verão.
18 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
A importância da envolvente do edifício no
consumo de energia
Do ponto de vista energético, o desempenho de um edifício
depende em larga extensão das características dos elementos
que fazem a fronteira entre a casa e o ambiente exterior, ou
seja, da sua envolvente (fachadas, janelas, coberturas).
Um edifício mal isolado acarreta maiores custos com a
climatização, pois consome mais energia: no inverno arrefece rapidamente, podendo ocorrer condensações no seu
interior, e no verão aquece mais e num curto espaço de
tempo.
O isolamento da envolvente
O sistema de isolamento das paredes exteriores é mais
eficaz, consistindo na aplicação de placas de material
isolante ou na aplicação contínua de uma espuma nas
paredes exteriores e em cobrir esses materiais com um
revestimento, reforço ou reboco adequado, que pode ser
pintado ou revestido de outros materiais, obtendo-se assim
uma aparência tradicional.
O isolamento térmico de uma cobertura é considerado
uma intervenção de eficiência energética prioritária, face
aos benefícios imediatos em termos da diminuição das
necessidades energéticas, e também por se tratar de uma
das medidas mais simples e menos dispendiosas.
Cuidados a ter com as janelas
As superfícies envidraçadas desempenham um papel muito
importante no domínio da eficiência térmica do edifício.
Estima-se que até 25% das necessidades de aquecimento
sejam devidas a perdas de calor com origem nas janelas.
A intervenção ao nível das janelas deve ser feita com o intuito
de reduzir as infiltrações de ar não controladas, aumentar a
captação de ganhos solares no inverno, reforçar a proteção
da radiação solar durante o verão e melhorar as condições
de ventilação natural.
O isolamento térmico de uma janela depende da qualidade
do vidro e do tipo de caixilharia utilizado. As janelas que
possuem vidros duplos têm maior capacidade de isolamento
do que os vidros simples, já que o espaço entre os dois vidros
reduz quase a metade as perdas de calor. Para prevenir a
entrada de calor em excesso no verão, o vidro exterior pode
ser refletor. Para tornar as janelas mais eficientes reduzindo as perdas
ou ganhos de calor, podem ser executadas intervenções
simples, de custo pouco significativo e sem que para isso
seja necessário contratar mão-de-obra especializada. Por
exemplo, para reduzir a excessiva penetração de ar podem
ser aplicadas tiras vedantes nas juntas das janelas ou injetar
borracha de silicone nas fissuras. É também possível aplicar
uma película refletora sem a ajuda de técnicos especializados
– este material pode ser adquirido em lojas de materiais
de construção, que o podem informar sobre a técnica de
aplicação do mesmo.
uso da ventilação natural, mas não é impossível de realizar
abrindo as janelas opostas linearmente.
Instalações elétricas
Verifique se o fator de potência da instalação está adequado
às necessidades de utilização de eletricidade na sua
habitação.
Utilize tomadas múltiplas com botão de interrupção de energia
para que possa desligar vários equipamentos em simultâneo
para reduzir consumo quando não está em casa.
A optimização da ventilação natural e os impactes na
utilização de sistemas de climatização. Para explorar, de
forma otimizada, a ventilação natural, deve existir uma
circulação de ar no apartamento, ou seja, devem existir pelo
menos duas janelas abertas em duas fachadas opostas.
Os apartamentos que estejam voltados apenas para um
lado do edifício têm uma capacidade muito menor de fazer
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 19
AGIR
Não deixe nenhum equipamento em stand-by.
Efetue um controlo sobre os horários de consumo mais
adequados à sua rotina e de preferência mais baratos.
Motores
Os motores devem funcionar entre 60 e 90% da sua potência
nominal.
Se a máquina necessitar de 2 ou 3 velocidades diferentes,
pode utilizar-se um motor assíncrono com 2 ou 3 velocidades.
Adotar, sempre que possível, variadores eletrónicos de
velocidade (inversores estáticos para corrente alternada).
Desligar os motores das máquinas em períodos ociosos
(quando estas não estiverem em funcionamento), desde
que isto não provoque problemas ao equipamento ou à
instalação elétrica.
Verificar se as características do motor são adequadas às
condições do ambiente onde está instalado (temperatura,
atmosfera corrosível, etc.).
Verificar a possibilidade de instalar os motores em locais
com melhor ventilação e em ambientes menos agressivos.
Evitar utilizar motores superdimensionados. Por ocasião de
uma troca, instalar um novo motor com potência adequada.
Considerar a utilização de motores de alto rendimento, que
apresentam perdas reduzidas e maior vida útil.
Iluminação
Ligar a luz elétrica somente onde não existir iluminação
natural suficiente para o desenvolvimento das atividades.
Desligar as lâmpadas de dependências desocupadas, salvo
aquelas que contribuem para a segurança.
20 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Evitar pintar os tetos e as paredes com cores escuras, as
quais exigem lâmpadas de maior potência para iluminação
do ambiente.
Conservar limpas as janelas e os equipamentos de iluminação.
Utilizar telhas transparentes para aproveitamento da iluminação natural.
Dividir os circuitos de iluminação, permitindo a utilização
parcial sem prejudicar o conforto.
Percorrer as instalações a fim de verificar se há equipamentos
a operar desnecessariamente ou locais com excesso de
iluminação.
Fazer a limpeza preferencialmente durante o dia. Caso seja
realizada à noite, deve ser iluminado apenas o local em que
o serviço esteja a ser efetuado.
Substituir lâmpadas incandescentes e mistas por lâmpadas
mais eficientes.
Sistemas de Refrigeração
Sistema de Ar Comprimido
Em câmaras frigoríficas, regule sempre o termóstato de
acordo com a temperatura de armazenamento relativa aos
produtos armazenados e ao período de armazenamento.
Verificar periodicamente as condições físicas dos compressores e realizar limpeza periódica ou troca dos filtros de ar.
Procure sempre armazenar na mesma câmara produtos que
necessitem da mesma temperatura percentual de humidade
e do mesmo período de armazenamento.
Mantenha sempre em bom funcionamento o termóstato e a
resistência de aquecimento das unidades evaporadoras que
operem em faixas de congelamento, pois o gelo é isolante e
dificulta a troca de calor.
Mantenha, sempre que possível, as portas das câmaras
frigoríficas fechadas e vedadas, inclusive as portas das
antecâmaras.
Mantenha sempre em bom funcionamento e limpos os
termóstatos que operam com válvulas de três vias e/ou com
válvulas de expansão.
Nas câmaras frigoríficas, use somente lâmpadas mais
eficientes, preferencialmente frias, mantendo o nível de
iluminação adequado (200 lux).
Evite, sempre que possível, instalar condensadores ao
alcance de raios solares ou próximos de fornos, estufas, ou
quaisquer equipamentos que irradiem calor.
Utilize cortinas de ar, quando não houver antecâmara.
Recupere, sempre que houver simultaneidade ou possibilidade de acumulação, o calor rejeitado pelas torres de
arrefecimento para aquecimento ou pré-aquecimento de
fluidos envolvidos noutros processos. Esta recuperação
pode ser realizada por permutadores ou bombas de calor.
Avalie a possibilidade de termoacumulação de gelo ou
água gelada para os sistemas de refrigeração de expansão
indireta de médio ou grande porte, que utilizem a água gelada
como condutor térmico e operem nas faixas de temperatura
compatíveis.
Fazer a limpeza de filtros separadores de óleo no caso de
compressores de parafuso.
Manter as correias de acionamento adequadamente ajustadas, mudando-as quando desgastadas.
Sempre que possível, fazer as tomadas de ar de admissão
fora da casa de máquinas.
Eliminar qualquer fuga existente no trajeto entre a geração e
o reservatório central e na rede de distribuição de ar.
Realizar periodicamente a drenagem do reservatório central.
Manter limpas as superfícies dos permutadores de calor
(intercoolers).
Efetuar a distribuição do ar comprimido evitando trajetos
complexos e curvas. A perda de pressão máxima admissível
entre o reservatório central e o ponto de utilização mais
distante é de 0,3 kg/cm2. Acima deste valor, a rede de
distribuição deve sofrer alterações para a simplificação dos
trajetos.
Retirar da rede de distribuição todos os ramais secundários
desativados ou inoperantes. Isto evita acumulação de condensação, perda de carga excessiva e fugas.
Utilizar os diversos tipos de válvulas de acordo com a sua
aplicação específica.
Efetuar a drenagem de condensados dos pontos de menor
cota em redes sem óleo e aplicar o sistema de purga em
redes com óleo. Uma inclinação de 5 a 10 mm por metro
linear de rede facilita o funcionamento do sistema de purga
de condensado.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 21
AGIR
Verifique se o sistema está corretamente dimensionado, isto
é, se a extração da bomba é adequada para as necessidades
do sistema, se o diâmetro da tubulação é apropriado e se a
potência do motor elétrico é compatível com a bomba.
Evite a entrada de ar na tubulação de sucção. Isto ocorre
pelo estado precário da tubulação ou intencionalmente, com
o ajuste da extração e, consequentemente, com a carga do
motor. O procedimento correto seria, ao invés da entrada de
ar, o redimensionamento do conjunto motobomba através
de um rotor ou de um jogo de polias.
Condicionamento de Ar
Regule o termóstato do aparelho para uma temperatura
ambiente que proporcione conforto.
Limpe e mude periodicamente os filtros.
Evite grandes alturas de sucção. A sua ocorrência, além de
diminuir o rendimento, pode provocar “cavitação”, diminuindo
a vida útil do rotor.
Verifique a altura de despejo necessária. Quando a saída da
tubagem se encontra numa altura muito superior ao ponto
de despejo, provoca um gasto desnecessário de energia por
sobredimensionamento da instalação.
Verifique se as correias dos ventiladores estão ajustadas e
perfeitas.
Deve evitar-se que as instalações sejam compostas por um
único conjunto motobomba. O correto seria dividir a carga
hidráulica por dois (ou mais) conjuntos motores.
Utilize cortinas e persianas para evitar a incidência de raios
solares nos ambientes com ar condicionado.
Balcões Frigoríficos
Mantenha fechadas as portas e as janelas nos ambientes
com ar condicionado.
Evite o excesso de gelo, através da regulação correta do
termóstato do equipamento e de sua limpeza periódica.
Mantenha desobstruídas as grelhas de circulação de ar.
Instale os balcões fora do alcance dos raios solares ou de
outras fontes de calor.
Utilize, preferencialmente, lâmpadas fluorescentes em ambientes climatizados.
Desligue o aparelho ao ausentar-se do ambiente por longo
tempo.
Bombeamento de Água
Faça a manutenção periódica do sistema, eliminando fugas
e efetuando a limpeza dos filtros.
22 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Não coloque nos balcões frigoríficos produtos ainda quentes
ou acondicionados em embalagens de transporte.
Disponha os alimentos de forma a não ultrapassarem a
cortina de ar frio formada nos balcões frigoríficos abertos.
Cubra os balcões de produtos congelados durante a noite
para maior conservação do frio.
Procure aproveitar as câmaras frigoríficas existentes, que
funcionam continuamente, para obter um pré-congelamento
dos produtos, antes de um primeiro carregamento dos balcões frigoríficos abertos.
Mantenha em perfeito estado a borracha de vedação das
portas ou das tampas.
Dê preferência a balcões frigoríficos com tampa de vidro
que permitam a visualização dos produtos expostos, com
redução da perda de frio. Aquecimento Solar
Painéis solares fotovoltaicos
Instalar o equipamento de acordo com as indicações do
fornecedor relativamente ao melhor posicionamento.
Verifique que não existem obstáculos/sombras que interfiram
na captação da luz solar.
Para regiões onde a temperatura mínima média no inverno
seja inferior a 9ºC é aconselhável a instalação de sistemas
anticongelamento.
Painéis solares térmicos
O dimensionamento do reservatório deve ser adequado ao
consumo de água quente da unidade consumidora.
A instalação do reservatório térmico deve ser, preferencialmente, acima dos coletores solares, desnível mínimo de 30
cm e distância máxima de 5 m.
Em geral, é necessária a instalação de um sistema auxiliar de
aquecimento, usualmente elétrico, que deverá ser calculado
conforme as recomendações do fabricante.
Antes de religar a rede elétrica, certifique-se de que o reservatório térmico esteja cheio de água.
Em cada seis meses, é recomendável a lavagem dos vidros
e a drenagem da água do sistema com água destilada;
procure realizar a lavagem na parte da manhã para evitar
choques térmicos e quebra dos vidros.
Para qualquer outro tipo de manutenção procure o fornecedor
do sistema de aquecimento solar.
A autarquia tem vindo a incorporar e a trabalhar o conceito
de sustentabilidade energética de uma forma prática nas
suas ferramentas e nos procedimentos municipais, o que
num futuro próximo elevará o concelho a uma esfera de
excelência, promovendo uma melhor qualidade de vida para
o munícipe.
Manutenção
Regra geral, os painéis solares possuem uma placa de
vidro na superfície coletora; no caso de quebra, deve ser
substituída.
Sempre que fizer qualquer manutenção no sistema de
aquecimento solar, desligue a rede elétrica.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 23
PROTEGER
Zonas verdes
de eleição
PARQUES DE LOURES
Os espaços verdes públicos e em especial os parques e jardins são cada vez mais assumidos como
elementos essenciais à qualidade de vida nas cidades. Têm funções ecológicas, lúdicas e recreativas,
sendo o seu principal objetivo a preservação da qualidade do ar, o recreio e o lazer. Estando consciente
deste papel, o Município de Loures tem votado os seus esforços no sentido de melhorar continuamente
a sua rede de espaços verdes públicos de modo a permitir que munícipes e população em geral possam
usufruir e beneficiar das suas valências.
Os espaços verdes municipais são espaços públicos que se
encontram sob responsabilidade da Câmara Municipal de
Loures, que tem o dever da sua preservação e conservação.
Ao dotar os parques de lazer com as infraestruturas necessárias, dando lugar a espaços modernos com diversas
valências para usufruto de cidadãos de todas as idades, a
Câmara de Loures tem vindo a proporcionar a melhoria da
qualidade de vida da população.
Inicialmente, os espaços verdes urbanos tinham como
objetivo recriar a presença rural no meio urbano. Hoje em dia
assumem uma importância capital na qualidade de vida das
24 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
populações, e surgem como uma necessidade de promover
o equilíbrio ecológico.
Um pouco por todo o concelho de Loures podem encontrar-se diversos jardins e parques públicos com características
diferentes, alguns aproveitados ou reconvertidos em locais
de uso público, constituindo um aproveitamento dos espaços
preexistentes, podendo neles ser observadas muitas espécies da flora natural da região.
Vamos então começar o périplo pelos espaços verdes que o
Município de Loures tem para lhe oferecer.
Ao dotar os parques de lazer
com as infraestruturas necessárias,
dando lugar a espaços modernos
com diversas valências para usufruto
de cidadãos de todas as idades,
a Câmara Loures tem vindo
a proporcionar a melhoria
da qualidade de vida
da população.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 25
Parque Municipal do Cabeço de Montachique
Quem passa pela freguesia de Fanhões não pode deixar de
visitar o Parque Municipal do Cabeço de Montachique. Está
situado a apenas oito quilómetros da sede de concelho e
é particularmente vocacionado para atividades desportivas,
contacto com a natureza e convívio durante todo o ano.
Ocupa cerca de 32 hectares de floresta com características
mediterrânicas, constituindo um local agradável para passear
a pé e observar a natureza.
Medronheiros, castanheiros, carvalhos, pinheiros, sobreiros,
espécies arbustivas como a aroeira, a esteva, o sargaço, a
trepadeira e a urze, e ainda cogumelos, musgos e líquenes,
fazem parte da riqueza biológica da floresta do Parque
Municipal do Cabeço de Montachique.
Sendo um local condicionado ao trafego automóvel, oferece
condições de segurança e tranquilidade para observar aves.
O parque é o habitat de diversas espécies de aves. Foram
identificadas neste lugar, por exemplo, a carriça, o gaio, a
perdiz, o tentilhão e o mocho-galego.
Parque Municipal do Cabeço
de Montachique
Cabeço de Montachique
Estradas de Ribas
2670–731 Fanhões
contactos: 211 151 531
horário: Verão – 8h30 às 20h00
Inverno – 8h30 às 17h00
26 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Está equipado com polidesportivo, quatro campos de ténis
e uma parede “bate-bolas” também para ténis. Dispõe
igualmente de sala para ténis de mesa, espaço para jogos
tradicionais, circuito de manutenção, orientação, parque de
merendas, café-restaurante e balneários.
Mais recentemente, a 1 de junho, foi inaugurado o “Natura
Parque – Parque-Aventura”, um parque de arborismo composto por um circuito de pontes de cordas construído nas
árvores. Visitantes e alunos das escolas do concelho tiveram
a oportunidade de, nos dois dias seguintes, usufruir do espaço gratuitamente.
PROTEGER
Atualmente, os preços para usufruir do Parque de Arborismo
variam entre 7,5 e 25 euros (Pack Família). Os trabalhadores
da Câmara de Loures e as associações poderão beneficiar
de descontos.
Parque da Cidade de Loures
Situado à entrada da sede do concelho, é um espaço
por onde diariamente passam centenas de pessoas, que
usufruem do local para as suas caminhadas, fazer exercício
físico ou simplesmente passear.
Para além de contar com diversos espaços verdes, esta
área, com cerca de dois hectares e meio, possui também:
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 27
Parque da Cidade de Loures
Rua da República
2670 Loures
contactos: 211
151 731
28 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Polidesportivo, dois parques infantis, parque de merendas,
parque de estacionamento para cento e cinquenta viaturas,
fonte ornamentada por 130 bicos de água, percursos, pontes
pedonais e diversas infraestruturas de restauração.
Desde a sua inauguração, passou a ser considerado o ex-líbris da capital do concelho, sendo palco dos mais diversos
espetáculos e eventos culturais e desportivos.
Neste parque também é possível visitar a Galeria Municipal
Vieira da Silva, no Pavilhão de Macau, e o Palácio dos
Marqueses da Praia e Monforte, também conhecido por ser
o local onde decorrem a Assembleia Municipal de Loures e
as reuniões de Câmara.
Em julho de 2011 foi inaugurado um parque de atividades
com bicicletas, trampolins, insufláveis e outras atividades,
que poderá utilizar gratuitamente nas manhãs dos primeiros
sábados de cada mês (próximas datas: 1 de setembro e 6
de outubro).
PArque Urbano de Santa Iria de Azóia
Este espaço verde, aberto ao público em 2000, foi a forma
escolhida para aproveitar os terrenos do antigo aterro sanitário. Entre junho de 1988 e junho de 1996, o aterro de Santa
Iria de Azóia recebeu resíduos sólidos urbanos produzidos
nos concelhos de Loures e Vila Franca de Xira. Esgotada
a capacidade do aterro e após completada a selagem, o
Município avançou para a sua reconversão para parque
urbano.
A gestão do parque é da responsabilidade do Departamento
de Ambiente e Transportes Municipais, que procedeu a várias
intervenções de beneficiação, procurando assim proporcionar
aos visitantes a plena fruição deste espaço.
São cerca de 24 hectares de área verde repletos de equipamentos desportivos e de lazer. Os amantes do desporto
dispõem de parede para escalada, torre de saltos, pista de
atletismo, encosta de voo e parque de merendas.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 29
PROTEGER
A nível mais pedagógico, o parque possui diversos equipamentos como o Centro de Educação e Sensibilização
Ambiental, o Centro de Documentação e Informação Avelar
Brotero, um Parque Temático de Energias Renováveis e uma
Horta Solar.
Mesmo que não seja fã da prática desportiva, este parque
merece uma visita. Aqui encontra-se também o Centro Veterinário Municipal de Loures, onde se poderá adotar um novo
amigo.
Parque Urbano de Santa Iria de Azóia
Estrada Nacional 115-5
Portela da Azóia
contactos: 211 151 183 (Portaria)
211 150 731 (Reservas)
horário: 7h30
às 20h00
30 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
(...) por todo o concelho de Loures
podem encontrar-se diversos jardins
e parques públicos com características
diferentes, alguns aproveitados
ou reconvertidos em locais de uso público.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 31
AGIR
Aprender na escola
a tempo inteiro
atividades de enriquecimento curricular
Desde o ano letivo de 2005/2006, a Câmara Municipal de Loures, através de uma rede de parcerias com
agrupamentos de escolas, associações de pais, instituições particulares de solidariedade social e outras
associações, proporciona o acesso gratuito às Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) a cerca de
sete mil e duzentos alunos do primeiro ciclo do ensino básico.
Com o objetivo de enriquecer conhecimentos, saberes
e novas experiências aos alunos que frequentam esta
componente não letiva, as AEC dão corpo ao ensino do
inglês, da música, das atividades física e desportiva, das
expressões lúdico-expressivas e ainda do apoio ao estudo.
Além destas atividades, podem existir ainda outras de
acordo com o contexto de cada escola, como ciências e
novas tecnologias.
No ano letivo de 2011/2012, foram 39 os parceiros, nomeadamente 25 associações de pais e encarregados de educação, oito instituições particulares de solidariedade social,
duas juntas de freguesia e quatro estruturas representativas
do movimento associativo cultural, desportivo e juvenil.
A frequência destas atividades, que constitui um desafio
para os próprios alunos, mas que corresponde também
às necessidades das famílias face aos horários escolares,
designada Escola a Tempo Inteiro.
Reconhecendo a importância das Atividades de Enriquecimento Curricular no desenvolvimento sociopedagógico dos
alunos, a Câmara Municipal de Loures promove, há quatro
anos, o EducArte – Mostra das Atividades de Enriquecimento Curricular. Este evento é realizado nas sedes dos
agrupamentos de escolas, e nele participam todos os alunos, demonstrando aprendizagens e valências no âmbito da
música, do inglês, das atividades física e desportiva e na área
das expressões dramática, corporal e plástica.
No caso do Município de Loures, no início de cada ano
letivo são celebrados acordos de Parceria do Programa de
Enriquecimento Curricular nas Escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico com os 13 agrupamentos de escolas e as entidades
parceiras nas AEC.
32 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
EducArte
(...) acesso gratuito às Atividades
de Enriquecimento Curricular (AEC)
a cerca de sete mil e duzentos alunos
do primeiro ciclo do ensino básico.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 33
AGIR
A 31 de maio deste ano, o Pavilhão António Feliciano Bastos
recebeu mais uma sessão do EducArte, juntando mais de
três centenas de alunos do 4.º ano das escolas básicas das
freguesias de Fanhões, Loures e Lousa, que apresentaram
coreografias, cantaram e dançaram.Arevista Loures Municipal
falou com alguns dos intervenientes:
Carina, de 9 anos:
“Gosto muito da escola
e de aprender coisas novas.
Nas AEC aprendi a fazer
jogos, a falar inglês
e a tocar flauta.”
34 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Sara, de 9 anos:
“Gosto muito de inglês,
os meus pais sempre
me apoiaram para saber
falar inglês.
Quanto à música, a flauta
foi o único instrumento
que aprendi, mas gostava
de aprender a tocar viola.”
Hélio Gonçalves, professor:
“Trabalhamos a todos os níveis musicais,
criamos dinâmicas de gosto pela música,
ensinamos a ouvir e a escutar.
A partir do século xx as pessoas habituaramse a ouvir sem escutar; tomemos o
exemplo: quando ensinamos uma criança a
atravessar uma rua
dizemos-lhe que olhe para a direita,
que olhe para a esquerda,
e não lhe dizemos que também esteja
atenta a ouvir o som dos veículos.
Wagner, em Bayreuth, escondeu a orquestra
para que o público aprendesse a ouvir.
Se ensinarmos e aprendermos
a ouvir teremos uma sociedade muito
melhor. A música é muito importante
a nível da socialização.”
Elisa Santos, encarregada de educação
e membro da Associação de Pais
e Encarregados de Educação da EB1 JI
da Fonte Santa:
“É o segundo ano que a associação faz
a gestão e organiza as AEC em colaboração
com a escola. Somos um parceiro
da Câmara. Já temos uma estrutura
montada, reunimos ao longo do ano
e selecionamos o tema que queremos
trabalhar. A nossa associação proporciona
ainda atividades vocacionadas para
as crianças do jardim de infância e outras
para as do 1.º ciclo, como sejam
hip-hop, karaté, desportos de salão,
entre outras. Temos quinze professores
e sete colaboradoras para quatro centenas
de crianças deste agrupamento, que integra
as escolas da Fonte Santa, Tojalinho,
A-dos-Cãos e Murteira.”
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 35
AGIR
Hidroterapia
Escola inclusiva
Considerada uma atividade de desenvolvimento curricular, abrange 170 alunos com necessidades educativas
especiais (NEE) que frequentam o ensino básico da rede
escolar pública do concelho de Loures.
Este projeto constitui uma boa prática enquanto estratégia
para a adaptação e inclusão de crianças com NEE e
portadoras de deficiência, sendo suportada financeiramente
pela Autarquia na medida em que se assume como mais
uma atividade extra curricular para estes alunos.
Esta atividade concretiza-se pela prática de hidroterapia,
definindo como objetivos concretos a promoção da autonomia,
do desenvolvimento global e de competências destes alunos
através de técnicas de relaxamento e reabilitação em meio
aquático, proporcionando-lhes uma melhor qualidade de
vida.
(...) as AEC dão corpo
ao ensino do inglês,
da música, das atividades
física e desportiva,
das expressões
lúdico-expressivas e ainda
do apoio ao estudo.
AGIR
Loures,
cidade de
direitos humanos
Em maio de 2011, o Município de Loures aderiu à Carta
Europeia dos Direitos Humanos na Cidade, assumindo este
documento como norteador das políticas públicas em matéria
de direitos humanos e de combate à discriminação.
A Carta, já assinada por mais de 400 municípios em toda
a Europa, entre os quais Lisboa e Porto, nasceu no seio
da União Europeia no início do século xxi para reforçar
os diversos compromissos da Humanidade para com os
seus próprios Direitos, desde logo a Declaração Universal
dos Direitos Humanos (1948), revista por diversas vezes,
a Convenção Europeia dos Direitos Humanos (1950) e
inúmeros outros atos jurídicos e administrativos.
38 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Esta Carta centra-se na CIDADE, que “é hoje um espaço
de todos os encontros e, por conseguinte, de todas as
possibilidades”, um espaço que acolhe “um grande número de
cidadãos e cidadãs de passagem, mas também e sobretudo
estrangeiros à procura de liberdade, trabalho e troca de
conhecimentos…”, um “terreno de todas as contradições
e de todos os perigos: no espaço urbano, de fronteiras
incertas, aparecem todas as discriminações ancoradas no
desemprego, na pobreza, no desprezo pelas diferenças
culturais; no entanto, e ao mesmo tempo, esboçam-se e
multiplicam-se práticas cívicas e sociais de solidariedade”.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 39
AGIR
Loures, concelho da grande área metropolitana de Lisboa
que regista das mais altas taxas de população imigrante
residente, foi assim a terceira cidade portuguesa a assinar
uma Carta de princípios sobre os quais assentam as suas
políticas de desenvolvimento social, económico, ambiental,
urbanístico e cultural.
Assim, Loures também lembra a prioridade de favorecer
uma “democracia de proximidade”, onde todos os cidadãos
e cidadãs participem na vida da cidade, e compromete-se a
“promover, por todos os meios à sua disposição, o respeito
pela dignidade de todos e a qualidade de vida dos seus
habitantes”.
Para estes, os habitantes de Loures, este compromisso
garante-lhes um conjunto de referências que os ajudarão
a ser mais eficazes na reivindicação dos seus direitos e
na denúncia de eventuais violações a que possam ser
sujeitos.
No dia 25 de junho, o Município de Loures apresentou
publicamente a Comissão de Alerta encarregue de tornar
pública esta Carta Europeia dos Direitos Humanos na Cidade
e de monitorizar a aplicação dos direitos que con-sagra.
Catorze lourenses de referência nas áreas da cultura, do
desporto, da educação, da segurança, da saúde, do associativismo, do ambiente.
Este novo compromisso da cidade de Loures para com os
direitos humanos insere-se no âmbito da atividade municipal
desenvolvida pela Divisão de Igualdade e Cidadania, serviço
autárquico já distinguido com o prémio Melhores Práticas
Autárquicas no Acolhimento de Imigrantes da Fundação Calouste Gulbenkian.
Para mais informações
Câmara Municipal de Loures
Divisão de Igualdade e Cidadania
contacto: 211
150 860
40 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
ANTÓNIO COSTA PEREIRA, Presidente da Associação Dariacordar
42 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
ANTÓNIO COSTA PEREIRA, piloto de aviação, pode
sentir-se orgulhoso de, sozinho, ter conseguido
fundar um movimento de sucesso por uma causa
que requer muito trabalho e a união de muita
gente. Com outros cidadãos formou a Dariacordar,
associação para a recuperação do desperdício
e, em conjunto, criaram o Movimento Zero Desperdício.
Sob o lema “Portugal não se pode dar ao Lixo”,
está a aproveitar os bens alimentares que antes
acabavam no lixo – comida que nunca saiu da
cozinha, cujo prazo de validade se aproxima do fim,
ou que não foi exposta nem esteve em contacto
com o público –, fazendo-os chegar a pessoas que
deles necessitam.
Não
ao desperdício
alimentar
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 43
AGIR
“Desde início sentimos
que havia abertura e vontade
por parte de Loures,
que aceitou de imediato
fazer parte do Movimento
Zero Desperdício.”
Em 2008, sozinho, começa uma luta para diminuir o
desperdício alimentar em Portugal. Como é que surgiu
o impulso para intervir ativamente na sociedade?
Exercer uma cidadania ativa tem a ver com cada um de nós.
Só sei que, pela vida que fui levando, pela educação que fui
tendo, a questão do desperdício esteve sempre presente.
E sempre fui ensinado que não podemos desperdiçar aquilo
que temos a felicidade de ter. Todos os dias existem apelos de
instituições para ajudar das mais variadas formas: dinheiro,
roupas, alimentos… E já naquela altura se falava que
milhares de refeições em perfeitas condições de consumo
eram simplesmente deitadas para o lixo por causa de uma
lei que alegava “razões de saúde pública”. Confirmei-o
pessoalmente com empresas de catering, restaurantes,
supermercados. Perante isto havia duas coisas a fazer: ou
era cumprir a lei, resignando-nos, ou então, indignarmo-nos
e tentar mudar o rumo das coisas.
A partir daí qual foi o primeiro passo?
Inicialmente a minha intervenção centrou-se sobretudo em
alertar, em fazer chegar a mensagem a quem podia fazer
a diferença, nomeadamente, Presidência da República,
Governo, deputados, comunicação social. Como as respos-
44 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
tas não existiam ou eram apenas simpáticas sem serem
concretas, decidi passar à ação. Foi então que, em julho de
2010, lancei a petição “Desperdício Alimentar”, tendo recolhido cerca de 70 mil assinaturas. Este foi o primeiro passo
para trazer a polémica às agendas e tentar alterar ou adaptar
uma lei que estava a ser mal interpretada.
Como é que, então, se consegue contornar uma lei em
que Saúde Pública e Desperdício Alimentar são dois
conceitos que não combinam?
Em novembro de 2010 tenho a primeira reunião com a
Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE),
onde lhes faço ver que, sendo esta em Portugal quem mais
percebe de segurança alimentar, também tinha de fazer
parte da solução. Eles próprios admitiram que a lei estava
a ser mal interpretada. A partir daí abriu-se caminho para
se começar a trabalhar na recuperação de refeições, tendo
sido criadas checklists para que o projeto de recolher, acondicionar, transportar e entregar refeições pudesse ser feito de
forma simples e segura. Aliás, meses antes, o Governo tinha
colocado no seu plano de emergência social a recuperação
de refeições não comercializadas. Portanto, estava dado o
mote para esta ideia se tornar um desígnio nacional. Faltava
fazê-la chegar às pessoas. É daqui que nasce o Movimento
Zero Desperdício, na esperança de que cada pessoa possa
fazer a diferença. Ajudar tem de estar no ADN de cada um
de nós.
Seguidamente, a preocupação foi colocar o Movimento
a funcionar…
A principal preocupação da Dariacordar foi não desperdiçar
os meios que já existiam. Pensámos então que a forma mais
eficaz de levar o projeto avante era funcionar em parcerias
locais, com a ajuda das autarquias, pois cada local tem os
seus problemas e as suas soluções próprias. Cabe a estas
organizarem-se para fazerem a recolha dos alimentos junto
dos estabelecimentos aderentes e os distribuírem aos beneficiários. A partir daí começámos a contactar vários municípios
na Área Metropolitana de Lisboa. A ideia era arrancar com
o Movimento em dois concelhos. Um deles foi Loures, um
município vasto e heterogéneo. Desde início sentimos que
havia abertura e vontade por parte de Loures, que aceitou
de imediato fazer parte do Movimento Zero Desperdício.
À semelhança de Loures, também as câmaras de Lisboa,
Sintra e Cascais abraçaram este projeto.
“A nível cívico é
também um bom
exemplo de cidadania
e solidariedade social.
Sentimos que cada
um de nós pode fazer
a diferença e se nos
associarmos mais fácil
se torna”
Além dos municípios muitas outras entidades estão
envolvidas…
Sim, há muitas formas de ajudar e qualquer tipo de contribuição faz a diferença. Fazem parte deste projeto restaurantes, refeitórios, empresas de catering, hotéis, super e hipermercados, IPSS, entre outros. Temos até a colaborar connosco uma empresa de vending (máquinas de distribuição
automática de alimentos), que nos fornece diariamente
cerca de 500 unidades de produtos embalados. Em Loures,
por exemplo, a campanha teve início em janeiro deste ano e
conta com a colaboração de dez superfícies comerciais do
grupo Jerónimo Martins, e de igual número de instituições
particulares de segurança social. O importante é que tudo
isto já levou à concretização de outros movimentos, como
é exemplo o “Re-food” que recolhe, a pé ou de bicicleta,
os alimentos que sobram diariamente em estabelecimentos
de Lisboa, para os distribuir a famílias carenciadas. O Zero
Desperdício é apenas uma solução. Há muitas outras boas
soluções.
Como avalia hoje a adesão de todas estas instituições?
Tem sido muito positivo. Temos grandes grupos connosco.
Além do Jerónimo Martins, contamos com o grupo Auchan e
queremos encetar negociações com a Sonae. Infelizmente,
face à atual situação económica, cada vez mais chegam
novos pedidos de ajuda. As pessoas estão a perder a vergonha, estão com fome e estão a bater às portas. E esta é
mais uma forma de levarmos refeições até à mesa de quem
precisa.
Tendo em conta os objetivos deste Movimento, podemos
dizer que é um projeto de verdadeira responsabilidade
social…
De facto, tem várias vantagens. Além da social, que é construir
uma sociedade mais justa, também é economicamente
viável, pois ao aproveitar os desperdícios de bens, produtos
e recursos existentes, são poupadas dezenas de milhões
de euros. Em termos ambientais, com a diminuição de desperdícios que, muitas vezes, são deitados fora de forma
desadequada, contribui-se para o “carbono-zero”. A nível
cívico é também um bom exemplo de cidadania e solidariedade social. Sentimos que cada um de nós pode fazer a
diferença e se nos associarmos mais fácil se torna.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 45
AGIR
Como é que reage às críticas que têm sido feitas ao hino
do Movimento?
Fico muito triste, porque afinal de contas conseguimos juntar
51 artistas do panorama musical português que entraram
para este projeto de coração aberto. Não se pode pôr tudo
em causa apenas por umas palavras mal interpretadas.
Ninguém recebe restos. A comida que chega às famílias
mais carenciadas é intocada. Todos os que estão envolvidos
neste movimento são pessoas bem-intencionadas com uma
mente aberta. Por isso, a esse tipo de críticas respondemos
com ações e com os números das famílias que estão a ser
apoiadas.
Até onde gostaria de levar o Zero Desperdício?
Queremos chegar até onde for possível. Do Minho ao Algarve,
onde houver pessoas com necessidades e capacidade para
lhes fazer chegar refeições em condições. A partir de agora
a Dariacordar terá até a vida mais facilitada porque conta
com a cedência, por parte da Fundação EDP, de um espaço
para as suas instalações que ficarão sedeadas na Rua 4 de
Outubro, em Loures.
“Exercer uma cidadania
ativa tem a ver com cada
um de nós”
“Os portugueses
são muito solidários,
têm coração e carácter.”
46 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
O sítio do Movimento na internet é também um veículo
imprescindível em toda a vossa campanha…
Sem dúvida. É um ponto de encontro onde qualquer pessoa
se pode inscrever e fazer parte desta iniciativa da maneira
mais adequada para si. Podem ser estabelecimentos, entidades, empresas ou voluntários a nível individual.
Ali podem encontrar todas as respostas e a explicação do
nosso modelo. Para saber quem já colabora criámos um dístico de “estabelecimento aderente” – restaurante, supermercado, café – que irá estar fisicamente afixado nas suas
instalações. Assim, se quiser ir a um restaurante e der de
caras com esse dístico, saberá que é um restaurante com
responsabilidade social ativa. Essa informação também
poderá ser pesquisada no site. Temos também uma página
no facebook, onde poderão acompanhar as novidades do
Zero Desperdício.
Apesar de tudo, os portugueses ainda são solidários?
Os portugueses são muito solidários, têm coração e carácter. Estavam era muito desorganizados. Este projeto é um
excelente exemplo de civismo, até para passar para o estrangeiro, através dos turistas que visitam Portugal.
É uma boa imagem que o nosso país pode passar de si, numa
altura em que o Parlamento Europeu propôs 2014 como
o Ano Europeu Contra o Desperdício Alimentar.
A nível pessoal, o que é que sente ao intervir ativamente
na sociedade?
Sinto uma enorme felicidade e paixão pelo que faço. Cada
um de nós, com a sua felicidade individual pode contribuir
para a felicidade coletiva. É fácil de constatar a satisfação
que cada pessoa que participa no projeto vai demonstrando.
Quem quiser entrar, entra com o que pode dar. Muito já foi
feito, mas ainda há muito para fazer. Mas não tenho dúvidas
de que vamos lá chegar. O difícil é para já, o impossível demora apenas mais um pouco.
SENTIR
Loures,
um município com
muito para oferecer
Situado na zona norte da área metropolitana de Lisboa, Loures é um município que possui características
únicas que o diferenciam dos concelhos vizinhos, tornando-o num excelente território para o posicionamento
do setor turístico.
Detentor de vasto património arquitetónico histórico, cultural
e paisagístico, Loures é um ótimo polo turístico para descobrir.
Conhecedora deste potencial, a Divisão de Turismo, inserida
no Departamento de Atividades Económicas e Turismo da
Câmara Municipal de Loures, tem tentado promover Loures
enquanto rota turística de excelência, valorizando os seus
recursos endógenos, o património histórico, cultural e
paisagístico, envolvendo todos os atores regionais numa
ação estratégica concertada de oferta de produtos e infraestruturas de elevada qualidade de acordo com as necessidades de satisfação do turista.
48 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Um pouco por todo o território podemos encontrar templos de
culto religioso de construção secular, vestígios arqueológicos
que confirmam a existência de populações desde o início da
era cristã, quintas e edifícios de opulentas decorações em
estuques, azulejos e pinturas.
De destacar ainda os museus onde pode aprender mais
sobre a cultura, a história e as tradições do povo saloio, ou
os parques verdes onde se podem fazer caminhadas, ou
observar a natureza envolvente.
No que se refere ao património natural, Loures destaca-se
pelos seus múltiplos contrastes, que variam entre os verdejantes campos de cultivo agrícola, as zonas florestais, a
área vitivinícola e os aglomerados de casarios brancos, que
proporcionam passeios de rara beleza.
Loures é ainda um concelho que dá cartas na área do Enoturismo. A norte, na Região de Bucelas, demarcada por lei em
1911, situam-se quintas de produção vitivinícola onde se podem saborear espumantes e vinhos brancos de sabor frutado.
“Made in” Loures
Para fazer sobressair todas estas características têm sido
promovidos os mais diversos eventos na área da gastronomia,
do artesanato, da preservação das tradições saloias ou
simplesmente do lazer, que têm conseguido movimentar um
grande número de pessoas no concelho.
Na vertente gastronómica, destaca-se o Festival do Caracol
Saloio, evento gastronómico, que decorre em julho por ocasi-
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 49
SENTIR
ão das Festas do Concelho, e que ao longo dos anos tem
vindo a adquirir grande notoriedade junto da população, sendo
já considerado como um dos maiores certames do género
em todo o país. Reúne alguns dos melhores restaurantes do
Município de Loures, que durante dias dão a degustar pratos
originais confecionados com gastrópodes.
Sendo o gastrópode uma iguaria muita apreciada no Centro
e no Sul do país, nomeadamente pelo povo da região saloia,
este ano foi criada a Rota do Caracol Saloio que consiste
numa rota de restaurantes que, de maio a agosto, incluem
nos seus menus diários especialidades confecionadas com
gastrópodes.
Ainda no âmbito gastronómico, no mês de novembro irá realizar-se, pela primeira vez, o Festival do Cozido Ribeirinho, um
evento que dará a saborear um prato tradicional da gastronomia portuguesa: o cozido à portuguesa.
No que se refere à preservação das tradições saloias, salienta-se a realização do Carnaval Saloio de Loures. Organizado em parceria com a Associação de Carnaval e a Junta
de Freguesia de Loures, o Carnaval Saloio de Loures é um
dos mais antigos e afamados carnavais do País, que todos
os anos atrai milhares de visitantes que anseiam por ver
desfilar o corso constituído por 14 carros alegóricos e mais
de mil figurantes.
Com o intuito de recordar as tradições e os costumes do povo
da região saloia, foi realizada, no mês de junho, no Parque da
Cidade, a iniciativa Festejos do Verão, celebração que pretendeu assinalar a chegada do solstício de verão de acordo com
a tradição popular, com arraiais, fogueiras e jogos tradicionais
saloios.
Na área da promoção do artesanato, o trabalho espelhado é
notório. Prova desse facto são as diversas iniciativas promovidas pelo Município nesta vertente, que têm conhecido um
verdadeiro sucesso e atraído cada vez mais visitantes.
É o caso da Feira do Parque que acontece aos últimos sábados
do mês e que dá a conhecer o melhor do artesanato urbano
e tradicional, passando pela ourivesaria, as porcelanas, os
livros, as revistas e até o mobiliário.
50 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 51
SENTIR
De dois em dois meses, através da Mostr’Arte, artesãos,
produtores gourmets e biológicos (artigos não perecíveis) do
concelho são convidados a expor as suas peças nas vitrinas
das instalações da Divisão de Turismo.
Inserida nas festas do concelho, a Arte’Loures, evento que
reúne cerca de meia centena de artesãos que trazem até
Loures o melhor das artes artesanais do Município e do
País, consubstancia um dos melhores certames do género
da Área Metropolitana de Lisboa.
Em outubro, por ocasião da realização de um evento que é
no Município uma referência para o movimento associativo,
a Festa do Vinho e das Vindimas, tem lugar a Ofi’Arte, com
participação exclusiva dos artesãos do concelho.
Com o objetivo de contribuir para a sustentabilidade económica dos artesãos do concelho, é realizada ainda, na época
própria, uma Venda de Natal, que conta com a participação
dos mesmos.
De forma a estimular a captação de novos públicos no campo
do lazer, foi promovida, em maio, a Feira de Estilos de Vida
Alternativos com o objetivo de dar a conhecer algumas das
terapias alternativas existentes no mercado, proporcionando
aos visitantes uma experiência única para o seu bem-estar.
Não esquecendo o público mais jovem, foi realizado em junho,
no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Criança, o
Loures Júnior Fest. Dirigido essencialmente às famílias com
crianças entre os dois e os doze anos de idade, este evento
incluiu espetáculos de música e desfiles de moda infantil,
entre muitas outras atividades, das quais se destacaram
insufláveis, matraquilhos humanos, teatros e performers,
workshops e ateliês, piscina de bolas, parede de escalada,
slide e jogos com balões de água.
Já em setembro, haverá a Feira Setecentista, acontecimento
em que o visitante é reencaminhado ao reinado de D. João
V, mais precisamente ao momento da bênção dos sinos do
Convento de Mafra no longínquo século XVIII.
52 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Fomentar o turismo de qualidade
Mas não é só na área do turismo de eventos que a Câmara
Municipal de Loures tem incidido a sua ação de forma a
fomentar o setor.
Dando continuidade à política de desenvolvimento de um
turismo de qualidade, estão a ser articulados projetos que
visam dinamizar a atividade turística através da valorização
de alguns equipamentos municipais e da criação de uma
rede de serviços de qualidade.
Neste âmbito, salienta-se o projeto de valorização do Moinho
da Apelação, equipamento que marcava outrora a paisagem
do concelho de Loures, tendo como objetivo a criação
de uma unidade de fabrico de pão artesanal, com todo o
processo de confeção de pão em modo artesanal, desde o
ato de moer o trigo até à cozedura.
Com o desenvolvimento deste projeto será possível garantir
a certificação do Moinho da Apelação, através do Programa
de Promoção dos Ofícios e das Microempresas Artesanais
(PPART), uma iniciativa governamental da responsabilidade
do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) que
tem como finalidade valorizar, expandir e renovar as artes e
os ofícios em Portugal, por meio de uma política integrada
assente na atuação concertada dos vários departamentos
da Administração Pública e dos diferentes agentes da sociedade civil.
Porque a gastronomia e o alojamento são componentes
importantes para o bom funcionamento da atividade turística,
encontram-se em marcha dois projetos preponderantes que
visam a certificação dos estabelecimentos de restauração
do concelho e de unidades de alojamento local.
O projeto referente à certificação dos estabelecimentos
de restauração tem como principal objetivo fomentar uma
gastronomia que privilegie alimentos promotores da saúde,
além de garantir a segurança e a higiene alimentar.
(...) a Arte’Loures, evento que reúne
cerca de meia centena de artesãos
que trazem até Loures o melhor
das artes artesanais do Município
e do País, consubstancia
um dos melhores certames do género
da Área Metropolitana de Lisboa.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 53
SENTIR
Para a atribuição do selo de certificação, os estabelecimentos
de restauração terão que incluir ementas saudáveis e cria-tivas
de forma a estimular hábitos alimentares saudáveis, contribuindo assim para a melhoria da qualidade de vida e bemestar da população.
Com a certificação do alojamento local pretende incentivar-se os proprietários de moradias, apartamentos e estabelecimentos de hospedagem, que reúnam os requisitos da
Portaria n.º 517/2008, de 25 de junho, a prestarem serviços
de alojamento temporário mediante remuneração.
Este projeto arrancará numa fase inicial na freguesia de
Bucelas, onde estão já identificados alguns locais para a
constituição de unidades de alojamento. Aliada a este projeto,
pretende constituir-se uma rede de parceiros que divulguem
os atrativos locais, desde os produtos alimentares, ao artesanato, passando pelo património histórico, arquitetónico e
paisagístico.
Desta forma, visa-se assegurar uma oferta turística de qualidade que consiga atrair cada vez mais visitantes ao Município
de Loures.
Nas instalações da Divisão de Turismo pode obter informações sobre os recursos turísticos existentes no Município,
bem como sobre os diversos restaurantes e unidades de
alojamento disponíveis.
As visitas guiadas ao concelho devem ser solicitadas com o
mínimo de duas semanas de antecedência, para que possam
ser asseguradas todas condições para a sua realização.
A Divisão de Turismo encontra-se em funcionamento de
segunda a sexta-feira, das 9h00 às 17h30, encerrando das
12h30 às 14h00.
54 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 55
Conhecer a paisagem
e gerir o território
PRojeto EUROSCAPES
A gestão do território e da sua paisagem tem sido um objetivo das administrações territoriais (municípios,
CCDR – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional e dos ministérios) que não é de fácil
persecução. As assimetrias dos espaços não permitem a criação e a aplicação de um modelo de gestão
territorial único, pois cada paisagem possui características diferentes. No caso do concelho de Loures,
deparamo-nos com um território de contrastes.
A zona oriental, marcadamente urbana, estrutura-se na
margem direita do rio Tejo, a partir dos limites fronteiriços de
Lisboa, e é animada por grandes aglomerados residenciais,
onde vive uma parte significativa da população de Loures,
servida por uma articulada rede de transportes e um vasto
conjunto de equipamentos coletivos.
Por outro lado, o território norte de Loures destaca-se pela
manutenção da sua ruralidade, com pequenos aglomerados
56 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
de baixa densidade populacional e uma rede de transportes
menos complexa, o que não impede que se assuma como
área de produção agrícola, essencialmente de hortícolas,
nas terras férteis das pequenas várzeas dos rios, e de vinha,
nas encostas de Bucelas. Dadas as suas especificidades e
assimetrias, é nesta área que está centrada a investigação,
o diagnóstico e o inventário que levará à estratégia de gestão
e de paisagem.
EMPREENDER
França, Alemanha, Espanha, Letónia, Hungria, Roménia,
Grécia, Polónia, Inglaterra, Itália, Eslováquia e ainda uma
rede de cidades sedeada na Bélgica – que gerem ou estudam
paisagens urbanas e periurbanas, o EUROSCAPES servirá
de base à criação de um modelo de gestão de paisagens
naturais e culturais, um instrumento de referência para a
implementação dos objetivos da Convenção Europeia da
Paisagem.
EUROSCAPES em Loures
Loures comprometeu-se em elaborar um documento
estratégico que suporte a gestão futura do seu território rural.
A área estudada compreende a integridade das freguesias
de Lousa, Fanhões e Bucelas, os limites norte das freguesias
de Santo Antão e São Julião do Tojal e o extremo ocidental
da freguesia de Loures.
EUROSCAPES na Europa
O projeto EUROSCAPES – no qual Loures é o único município
português representado – resulta de uma candidatura ao
programa INTERREG IVC da União Europeia, que tem como
objetivo a determinação de políticas e estratégias de gestão
de áreas com interesse patrimonial e paisagístico, inseridas
num contexto metropolitano e ameaçadas pela expansão
urbana.
A inventariação e o diagnóstico dos valores paisagísticos
e patrimoniais existentes na área de estudo levaram à
deteção de dez paisagens prioritárias, com grande potencial
para uma gestão sustentável, respeitando e valorizando os
valores territoriais em presença, a atividade agrícola e o
conhecimento da sua identidade histórica, valores naturais
e biodiversidade.
Em cada uma das paisagens aferiu-se o estado das
diferentes componentes – galerias ripícolas, matos e áreas
florestais de espécies autóctones, diversidade da vegetação
Contando com 14 parceiros europeus representantes de
grandes municípios, regiões e departamentos universitários,
localizados em várias áreas metropolitanas da Europa – em
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 57
EMPREENDER
natural, tipo de sebes, valores geomorfológicos, estruturas
construídas associadas à paisagem e, o uso do solo –, tendo-se procedido à identificação das parcelas com agricultura
ativa e à aferição da dimensão do abandono agrícola.
Os valores inventariados e a informação recolhida foram
integralmente georreferenciados e tratados em Sistema de
Informação Geográfica, constituindo assim um acréscimo
importante para as bases de dados municipais.
10 Paisagens em Análise
BUCELAS
Foi realizado um trabalho inovador, que envolveu os atores
locais, através de realização de entrevistas e questionários à
população em três das paisagens estudadas. Estabeleceram-se contactos com agricultores. Realizaram-se encontros com
os agrupamentos escolares, envolvendo-se professores e
alunos no projeto com iniciativas concretas, bem como com
a população das seis freguesias em estudo, que contaram
com a presença de um vasto leque de participantes, desde
profissionais da agricultura, membros de associações e
coletividades locais, professores, entre muitos outros.
A identificação dos principais problemas e potencialidades
destas dez paisagens, quer ao nível do património, quer ao
do ambiente, levaram ao elencar de uma série de propostas
de gestão a concretizar no futuro, mediante possíveis
candidaturas ou parcerias. Para já, avançamos com a
divulgação de uma série de percursos culturais para a sua
fruição, que atravessando-as, nos permitem conhecer os
seus principais valores.
Várzea e encosta poente de Vila Nova
Observa-se a várzea agricultada em regadio, que se prolonga
até à ribeira. A proteção do solo é assegurada pelo carrascal
e pelo cercal que cobre a encosta. Persistem os muros de
suporte em socalcos de pedra à saída do aglomerado para
norte e um longo muro contínuo de perfil em bisel, ao longo
do limite com a várzea. Existem vestígios de um lagar e de
antigas azenhas que constituem a memória de um tempo
em que as culturas de sequeiro ocupavam as encostas do
vale
Propostas de intervenção/gestão:
› Manutenção da agricultura ativa e sua articulação com as
atividades e os protocolos municipais no âmbito do setor
primário.
› Restabelecimento do percurso na margem direita da ribeira
no sentido norte ao aglomerado, passando pelas azenhas e
o lagar, que embora em ruínas são portadores de memória
coletiva.
› Sensibilização dos proprietários no sentido de não alterarem
58 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
o uso do solo natural da encosta (cercal e carrascal) com
vista à proteção do solo e da água e à garantia da biodiversidade.
› Sensibilização dos proprietários para a manutenção dos
muros de suporte em pedra aparelhada, da escala e da
volumetria do edificado junto à várzea.
› Criação de um circuito assinalando os valores naturais e
construídos de maior relevo, restabelecendo os troços que
hoje se encontram intransitáveis.
› Aplicação de medidas biológicas de controlo da vegetação
infestante nas linhas de água e nos valados, nomeadamente
os caniçais, que desvirtuam a paisagem e destroem as motas
de proteção aos campos.
› Elaboração de projeto de valorização do largo junto à
várzea.
› Relocalização ou integração paisagística dos estaleiros.
Vale do pequeno Trancão e envolvente do Freixial
Paisagem notável e única no concelho que se destaca pela
harmonia patente entre elementos naturais e introduzidos
pelo Homem. O rio Trancão emerge na paisagem delimitado
pela vegetação das margens. Aqui predomina o freixo, o
choupo, o carvalho-cerquinho e o sobreiro. O núcleo urbano
mantém ainda alguma coerência entre o tecido e a escala
do edificado, estabelecendo uma relação harmoniosa com
a paisagem envolvente. Com valor patrimonial, identifica-se
uma igreja e duas capelas. A encosta sul tem valor cenográfico
com o alto do Picoto a dominar visualmente a paisagem.
Nas proximidades, encontra-se a Casa Medieval da Torre de
Cima, imóvel muito raro, do século xiv, classificado como de
interesse público.
Propostas de intervenção/gestão:
› Grande potencial desta paisagem para o desenvolvimento
de um turismo de qualidade, nomeadamente para o Enoturismo.
› Recuperação das galerias ripícolas nos troços em que
estas se encontram degradadas ou infestadas por canas e
caniços, mediante aplicação de medidas biológicas e plantação de árvores adequadas.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 59
EMPREENDER
› Estudo de valorização urbanística do aglomerado do
Freixial, equacionando soluções para as franjas adjacentes
à paisagem circundante (largo do coreto e limite norte, junto
ao Trancão).
› Estabelecimento de um percurso de fruição da Natureza, por
caminhos públicos existentes a norte do aglomerado entre
este e o Casal do Burro, associando também o conhecimento
do património construído (igreja e capelas).
› Encontrar, entre os serviços da câmara, o proprietário e a
administração central, uma solução conducente à reabilitação
60 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
da Casa Medieval da Torre de Cima, mediante candidatura a
financiamento ou ao mecenato.
› Produção de eventos culturais sobre a obra de Alves Redol
e do pintor Silva Porto (exposições, colóquios), aproveitando
a divulgação das respetivas obras, também para a promoção
do Freixial.
› Equacionar futuras parcerias com o ANIM, nomeadamente
para um ciclo anual de projeção de filmes ao ar livre, no
Largo do Freixial.
O vinho desta região demarcada é um produto
de qualidade reconhecida que, aliado
à diversidade da paisagem e à oferta cultural
e gastronómica, constitui uma alavanca
para o enoturismo e o turismo de Natureza.
Vinhas
Paisagem intrínseca da identidade de Bucelas. O vinho desta
região demarcada é um produto de qualidade reconhecida
que, aliado à diversidade da paisagem e à oferta cultural e
gastronómica, constitui uma alavanca para o enoturismo e o
turismo de Natureza.
Propostas de intervenção/gestão:
› Desenvolver o grande potencial desta paisagem para o
Enoturismo, estabelecendo medidas que promovam esta
região demarcada nos circuitos do turismo internacional
e nos grandes centros urbanos nacionais. Parceria com o
Turismo de Portugal.
› Potencial para a criação de roteiros culturais e turísticos,
associando a degustação de vinho ao conhecimento do
património construído.
› Criação de percursos complementares, através de velhos
trilhos (nomeadamente a estrada de possível fundação
romana) para a fruição da natureza e conhecimento da
biodiversidade.
› Estabelecimento de acordo de cooperação entre Câmara,
Administração central e proprietário, com vista à recuperação
do templete/mausoléu romano da Quinta da Romeira de
Baixo.
› Adotar medidas de recuperação ambiental das galerias
ripícolas de ribeiras e linhas de água nos troços em que se
encontram povoadas por vegetação infestante.
› Obrigar à minimização dos impactes gerados pela atividade
de gestão de resíduos, localizada junto à ribeira do Boição.
› Proceder à limpeza da linha de água e suas margens,
a jusante desta atividade, onde se concentram diversos
despejos de resíduos.
› Aplicar técnicas culturais tendentes à conservação do solo
e da água, nomeadamente a técnica de “mobilização mínima
do solo” na manutenção da vinha.
› Manter as encostas com a vegetação natural da região, o
que apresenta vantagens na proteção do solo, na água e
nas pragas que atacam a vinha.
› A multifuncionalidade no uso do solo nas quintas produtoras
de vinho promove uma paisagem de qualidade, potenciando
a exploração turística.
› O potencial de abertura das quintas ao turismo pode integrar,
além do produto enoturismo, a compreensão da paisagem
natural e cultural, contextualizando a região, o concelho, a
freguesia e a produção do vinho.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 61
EMPREENDER
62 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
PROTEGER
FANHÕES
Paisagem compartimentada de Casainhos
Situada entre encostas que bordejam o vale da ribeira dos
Barros, esta paisagem é única no concelho. As encostas,
integralmente compartimentadas com muros de pedra seca,
formam socalcos e testemunham um tempo em que esta
era terra de cereal. Junto à ribeira dos Barros, os poços de
pedra, abundantes e de grandes dimensões, serviam para
a irrigação das hortas que, ainda hoje, subsistem ao longo
deste vale. Encontram-se dispersas abegoarias em pedra, de
uma só água, e restam algumas noras e picotas primitivas.
A regeneração da vegetação natural cobre as encostas de
tojo, carrascal e prados de orquídeas.
Propostas de intervenção/gestão:
› Articular a intenção de manutenção e incremento da agricultura existente com outras iniciativas municipais em curso
nesta área, a saber:
– protocolo com a Agrobio;
– apoio à comercialização de produtos agrícolas.
› Articular a intenção de divulgação e manutenção de valores
construídos com outras iniciativas municipais na área do
património, nomeadamente, na gestão dos percursos das
linhas de torres (Casainhos e a sua paisagem possuem o
Forte das Ribas, que é parte deste complexo).
› Estudar a remoção das construções degradadas e inacabadas no extremo noroeste da paisagem compartimentada.
› Apoiar ações de valorização da biodiversidade de Casainhos.
› Garantir autorização dos proprietários locais para a utilização de troços de percursos particulares.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 63
EMPREENDER
› Consciencialização da importância histórica da azenha de
Casainhos.
› À semelhança do que se propõe para o Forte de Ribas,
implementar uma estratégia de divulgação da importância
histórica da Anta de Casainhos (Monumento Nacional),
nomeadamente dando a conhecer o rico espólio aí encontrado.
› Eventual rota do património, que se possa cruzar, estabelecendo sinergias, com o estudo da biodiversidade.
› Estudar proposta de articulação das margens da ribeira
e da paisagem compartimentada com o tecido urbano do
aglomerado.
LOURES
Ribeira de Casainhos
A construção de azenhas de pedra, das quais nos resta um
excelente exemplar, está relacionada com a cultura de cereal
que existiu outrora nas encostas da ribeira. A vegetação
frondosa de choupos, freixos e salgueiros enquadra a ribeira,
a azenha e as hortas. Na orla sul do aglomerado, situa-se
a Anta de Casainhos, monumento funerário megalítico, que
constitui um testemunho da grande antiguidade deste lugar.
Propostas de intervenção/gestão:
› Estudar a vegetação das margens da ribeira com vista a
intervenção de restabelecimento de galeria ripícola e estabilização das margens, mediante protocolo a estabelecer.
› Apoiar a manutenção e o incremento das hortas existentes
em articulação com os protocolos estabelecidos.
64 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Bolores – Migarrinhos
Marcada por uma agricultura muito produtiva em Bolores,
Migarrinhos, e na envolvente à Quinta do Carrascal, nesta
paisagem localizam-se antigos sistemas de rega, com noras,
levadas, aqueduto e tanques. Encontram-se áreas de pastagem para caprinos e ovinos. O património geomorfológico
é notável, pelo relevo calcário visível na vertente norte do
penedo do Gato. Quintas senhoriais sete-centistas impõem-se na paisagem, a do Carrascal, a sul, e a de Santa Luzia,
no seu limite nascente.
O património geomorfológico
é notável, pelo relevo calcário
visível na vertente norte
do penedo do Gato.
Vale Nogueira
A encosta norte da serra da Sardinha é formada pelos campos
compartimentados por sebes vivas. Por entre carvalhos-cerquinhos e sobreiros, encontra-se, junto à ribeira de
Pinheiro de Loures, um sistema de casais agrícolas antigos e
as ruínas da sumptuosa quinta quinhentista da Premialha.
A Quinta da Granja, na orla sul de A-dos-Cãos, e a Quinta
de Valadares, em A-dos-Calvos, impõem-se visualmente
na paisagem. O vale Nogueira, entre maciços de calcário,
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 65
EMPREENDER
sobressai pelo esplendor da sua vegetação ribeirinha de
freixos, choupos e nogueiras.
Propostas de intervenção/gestão:
› Manutenção da agricultura ativa e sua articulação com as
atividades e os protocolos municipais no âmbito do sector
primário.
› Sensibilização dos proprietários no sentido de manter o uso
do solo natural nas encostas (sobreiral, cercal e carrascal),
as sebes de compartimentação e a vegetação ribeirinha,
com vista à proteção do solo e da água e à garantia da
biodiversidade e de todas as funções ambientais que
desempenham.
› Recuperação de diversidade nos povoamentos florestais
de eucalipto e cupressáceas, através de intervenções
acompanhadas por peritos e apoiadas financeiramente por
programas específicos (a pesquisar).
› Aplicação de medidas biológicas de controlo da vegetação
infestante em linhas de água e valados, nomeadamente os
caniçais, que desvirtuam a paisagem e destroem as motas
de proteção aos campos.
› Inventariação e sensibilização dos proprietários para a
manutenção do património rural, associado à produção
agrícola, casais, noras, aquedutos muros de suporte em
pedra aparelhada, da escala e da volumetria do edificado
junto à várzea.
O vale Nogueira, entre maciços
de calcário, sobressai pelo esplendor
da sua vegetação ribeirinha
de freixos, choupos e nogueiras.
66 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
› Aprofundar o estudo do património monumental construído,
com vista à sua inventariação e divulgação.
› Criação de circuitos assinalando os valores naturais e
construídos de maior relevo, incluindo o penedo do Gato, que
apresenta grande singularidade no contexto do Município, e
os vales de Migarrinhos a Tojalinho, e de A-dos-Calvos a
Vale Nogueira.
› Relocalização ou integração paisagística dos estaleiros.
LOUSA
Vale e encosta nascente
Trata-se de uma paisagem que se desenvolve na encosta
nascente do vale encaixado da ribeira de Lousa, com
vegetação natural de grande valor para a conservação. O
património geomorfológico destaca-se pela presença de um
imponente afloramento calcário que acompanha a encosta e
o alto da Toupeira. Este relevo é acompanhado por vegetação
natural, predominando o carrascal e o cercal. O património
arqueológico inclui a diáclase das Salemas, gruta essencial
para o conhecimento da pré-história de Loures.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 67
EMPREENDER
Propostas de intervenção/gestão:
› Estabelecimento de percursos culturais, a partir dos que
já existem, melhorando-os. Incluir nos seus itinerários, os
valores geomorfológicos, arqueológicos e paisagísticos.
› Colocação de sinalização interpretativa dos valores
observados
› Valorização do património arqueológico, nomeadamente,
através da divulgação do espólio proveniente da gruta das
Salemas e dos povoados de Salemas e do alto da Toupeira,
aprofundando-se o conhecimento geral da pré-história de
Loures e sua importância para o estudo da evolução do
homem e da sociedade.
› Valorização e divulgação dos elementos naturais da paisagem, designadamente o estudo da flora e da fauna.
› Proteção contra ruído proveniente do tráfego, mediante
plantação de cortina arbórea na faixa lateral da autoestrada
A8.
› As áreas a florestar devem contemplar espécies pertencentes à associação do carvalho português. Os pinheiros e
os ciprestes devem restringir-se à cortina arbórea da A8.
› Limpeza de linhas de água e de degradações de diversa
ordem que se encontram nos locais acessíveis da encosta,
nomeadamente junto da gruta de Salemas.
› Recuperação ambiental e valorização paisagística da antiga pedreira de Salemas.
› Apoiar a agricultura ativa nas hortas da Ponte de Lousa.
› Articular com as iniciativas municipais em curso relativas
ao setor primário.
› Sensibilização para a importância dos socalcos e dos taludes em pedra aparelhada.
› Estudar a articulação dos aglomerados de Lousa e Ponte
de Lousa com os percursos da encosta.
SANTO ANTÃO DO TOJAL
Serra de Água
Fazendo jus ao topónimo, a paisagem é marcada pela
omnipresença da água e assume uma forma sui generis
devido ao relevo em forma de concha e ao uso do solo.
O domínio da água é visível nas estruturas construídas:
poços de pedra, tanques de rega, muros e valados armados
em pedra, além de um notável muro alto para retenção e
condução da água. Ao longo dos percursos, marca presença
a vegetação natural com, por exemplo, a murta, a gilbardeira,
a aroeira, a madressilva, o aderno e o pilriteiro.
68 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Propostas de intervenção/gestão:
› Manutenção da agricultura ativa e sua articulação com as atividades e protocolos municipais no âmbito do setor primário.
› Estudo da eventual possibilidade de incremento da produção
do mel e apoio à sua comercialização.
› Sensibilização para o valor do património construído
associado à produção agrícola e à captação, armazenamento
e distribuição de água.
› Sensibilização dos proprietários no sentido de não
degradarem as estruturas de pedra com aparelho de tijolo
furado ou cimento.
› Minimização do impacte negativo das estruturas de tijolo
furado e cimento mediante o seu reboco e pintura (branco,
bege ou ocre).
› Criação de um circuito assinalando os valores naturais e
construídos de maior relevo, restabelecendo os troços que
hoje se encontram intransitáveis.
› Aplicação de medidas biológicas de controlo da vegetação
infestante nas linhas de água e valados, nomeadamente os
caniçais, que desvirtuam a paisagem e destroem as valas
de pedra e as motas de proteção aos campos.
› Estudo, a longo prazo, da adaptação de um dos casais
agrícolas, hoje abandonado, como centro de interpretação
da flora da serra de Água.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 69
Existe agricultura ativa e atividade
pecuária, respetivamente a norte do vale
na Quinta do Furadouro, e a sul,
na Quinta do Outeiro, ambas com valor
patrimonial pela qualidade
dos seus elementos construídos:
casas, tanques, levadas e uma ponte.
70 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
SÃO JULIÃO DO TOJAL
Vale encaixado do Trancão
Paisagem com inegável valor cénico devido à geomorfologia,
patente nas formações de rocha calcária que sobressaem
na encosta, e à presença do rio Trancão. A vegetação
natural é muito diversificada devido às condições do solo
e ao microclima, salientando-se um sobreiral notável, em
excelente estado, na encosta poente. Existe agricultura ativa
e atividade pecuária, respetivamente a norte do vale, na
Quinta do Furadouro, e a sul, na Quinta do Outeiro, ambas
com valor patrimonial pela qualidade dos seus elementos
construídos: casas, tanques, levadas e uma ponte.
Propostas de intervenção/gestão:
› Estabelecimento de um percurso na encosta poente para
observação da natureza e diversidade da flora.
› Estabelecimento de um trilho junto ao rio: fruição de vistas,
flora e fauna.
› Manutenção de agricultura ativa na zona da Quinta do Furadouro.
› Promover a classificação de sete sobreiros notáveis.
› Proceder ao controlo de espécies infestantes, nomeadamente acácias, na encosta poente sobre o sobreiral.
› Limpeza de lixos nas encostas e margens do rio e de
degradações de diversa ordem que se encontram nos locais
acessíveis.
› Estabelecimento de contacto entre os produtores agrícolas
da zona do Furadouro e Quinta do Outeiro e as iniciativas
municipais em curso no âmbito do setor primário.
› Inventariação da Quinta do Furadouro e da ponte de pedra
sobre o Trancão.
› Inventariação do Moinho dos Bichos. Utilização para fins
pedagógicos.
› Inventariação e estudo dos valores da Quinta do Outeiro,
nomeadamente, a casa da quinta, o aqueduto e o depósito
de água em alvenaria.
› Inventariação dos elementos de património industrial com
interesse, presentes na Fábrica do Papel da Abelheira.
› Proceder ao inventário atualizado e exaustivo do património construído e paisagístico da Quinta da Abelheira,
nomeadamente muros, socalcos, poços, tanques, levadas,
regadeiras e espécies arbóreas.
› Ponderar a adaptação da pequena fábrica devoluta junto
ao Trancão, a montante da ponte do Zambujal, a pousada
ou albergue da juventude.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 71
EMPREENDER
Em dezembro de 2012, o projeto será concluído e deixará
em legado um documento estratégico, que constituirá uma
ferramenta municipal imprescindível à elaboração de planos
de gestão de paisagem, com orientações operacionais para
estas dez paisagens. Trata-se de um documento técnico,
onde serão enumeradas as ações cuja implementação deve
ser considerada, bem como os principais atores e os recursos
a envolver. Será constituída uma plataforma municipal para
a participação coletiva, de modo a que os diversos serviços
municipais competentes possam agir em uníssono e com a
população na operacionalização das ações necessárias.
A elaboração de candidaturas a eventuais programas europeus nas áreas do ambiente, do património ou do desenvolvimento local e regional no âmbito do próximo Quadro Comunitário de Apoio, constituirá uma oportunidade para operacionalizar algumas das propostas mais ambiciosas.
O projeto EUROSCAPES – no qual
Loures é o único município português
representado – tem como objetivo
a determinação de políticas
e estratégias de gestão de áreas
com interesse patrimonial
e paisagístico, inseridas
num contexto metropolitano
e ameaçadas pela expansão urbana.
72 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 73
PROTEGER
Do passado
ao futuro
arquivo municipal de loures
Inaugurado em 2009, o Arquivo Municipal de Loures é, além de um depósito de documentos de valor
histórico e cultural, a memória do concelho de Loures que reflete não só a atividade administrativa do
Município, mas também a vida da população e o relacionamento com as instituições municipais. Ao
Arquivo incumbe recolher, inventariar, conservar e divulgar o património documental do Município de
Loures.
Situado junto à Biblioteca Municipal José Saramago, este
equipamento tem cinco pisos e capacidade para cerca de 15,8
quilómetros de documentos, distribuídos por oito depósitos
independentes, além de espaços para atendimento ao
público, salas de leitura e de exposições, gabinetes técnicos,
centro de digitalização e estacionamento subterrâneo.
A obra representou um investimento municipal de cerca de
seis milhões de euros e foi comparticipada ao abrigo do Programa de Apoio à Rede de Arquivos Municipais (PARAM).
É maioritariamente constituído por documentação resultante
da atividade administrativa dos municípios de Loures e de
Santa Maria dos Olivais, a cujo território Loures pertenceu
até 1886. O fundo documental reúne ainda documentos com
74 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
interesse para a história do concelho, nomeadamente de
associações e famílias, sendo que o documento mais antigo
data do século xvi, uma carta de compra e venda de umas
hortas que Fernão de Mesquita fez a António Gomes em
Elvas (1557).
O Arquivo Municipal enquanto divisão da Câmara de Loures
foi criado em 1999. Em janeiro de 2011 passa a denominar-se Divisão de Gestão do Arquivo Municipal (DGAM), ficando
afeta ao Departamento de Gestão Administrativa e Informação Municipal (DGAIM), gerido pela vereadora Emília de
Figueiredo.
Tem como missão definir uma política de gestão arquivística
da documentação produzida e recebida, a qual conserva tendo
(...) a memória do concelho
de Loures (...) reflete não só
a atividade administrativa
do Município, mas também a vida
da população e o relacionamento
com as instituições municipais.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 75
PROTEGER
em vista objetivos de gestão administrativa, de prova ou de
informação, promovendo o seu acesso às unidades orgânicas
da Autarquia, investigadores e cidadãos em geral.
Enquanto unidade administrativa incumbe-lhe:
› Recolher, assegurando a transferência dos documentos
produzidos pelos diversos serviços do Município, arquivos e
conjuntos documentais pertencentes a pessoas coletivas ou
individuais, com interesse histórico, patrimonial, arquivístico
e informativo.
› Inventariar, procedendo ao tratamento arquivístico dos
documentos de forma a torná-los acessíveis aos utilizadores,
através da elaboração de instrumentos de descrição documental.
› Conservar, zelando pela salvaguarda das espécies em
depósito, através da criação de boas condições ambientais,
de instalação, acondicionamento e de segurança.
› Divulgar, difundindo ao público o património documental do
Município de Loures, através da realização de atividades de
âmbito cultural e educativo.
76 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Entre os vários serviços, o Arquivo Municipal de Loures
disponibiliza ao cidadão comum o acesso à internet e aos
fundos documentais, sendo possível pedir a leitura presencial
ou a reprodução dos documentos. A investigação por solicitação dos serviços da Autarquia, de outras instituições ou
para apoio à elaboração de trabalhos científicos é também
possível neste equipamento.
A animação cultural é outra das vertentes, promovendo
exposições, conferências, encontros e comemorações de
efemérides. No âmbito educativo estão incluídas visitas de
estudo e diversas outras iniciativas dirigidas à comunidade
escolar, que têm como finalidade fomentar a curiosidade
pelo espólio existente no Arquivo.
Outra das valências de grande importância para o Arquivo
é o Centro de Digitalização. Criado a partir de candidatura
ao Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), no
âmbito do Projeto Urbdigital, visa melhorar a qualidade dos
serviços prestados pelo Município na área do urbanismo,
facilitando o acesso dos cidadãos e das empresas a
documentação relacionada com os processos de obras
particulares.
(...) em 2009,
o projeto do edifício
foi um dos nomeados
para o mais prestigiado
prémio de arquitetura
europeu, o prémio
Mies Van der Rohe.
Além de obras, o centro tem à sua responsabilidade a digitalização de outras séries, entre elas, processos de licenças
de condução e de matrículas, livros e documentos de escrituras, atas de reuniões de câmara, folhas de contacto e processos de alvarás sanitários. São digitalizados os documentos
mais representativos, sendo depois disponibilizados na intranet da Câmara e, futuramente, na internet, de modo a tornar
o acesso à informação mais eficiente e eficaz.
Edifício de linhas contemporâneas
Projetado por Fernando Martins e João Santa-Rita, o edifício,
a praça pública e o estacionamento foram concebidos com o
objetivo de articulação arquitetónica com a Biblioteca Municipal José Saramago.
Construído de raiz para albergar o Arquivo, trata-se de um
edifício de linhas modernas, com os tetos em betão à vista,
acabados a verniz mate transparente. A fachada é composta
por panos de vidro duplo, colocados interiormente às lâminas
estruturais, afastadas dez centímetros das lajes formadas
por vidros laminados translúcidos.
Já em 2009, o projeto do edifício foi um dos nomeados para
o mais prestigiado prémio de arquitetura europeu, o prémio
Mies Van der Rohe.
Horário
De segunda a sexta-feira
das 9h00 às 12h00 e das 14h00 às 17h00
Feriado Municipal – 26 de julho
Localização e Contactos
Rua Cesário Verde
2670-527 Loures
Telefone: 211 150 760
Fax: 211 150 757
E-mail: [email protected]
Site: http://www.cm-loures.pt/aa_Arquivo.asp
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 77
SENTIR
A natureza
e o património
DESPORTO AVENTURA E CULTURA
O Desporto Aventura e Cultura é um projeto da Câmara Municipal de Loures que visa incentivar a prática de
atividade física regular e, simultaneamente, dar a conhecer o riquíssimo património natural e construído
do concelho.
Desde 2003, ano em que o projeto foi iniciado, com outra
designação, a Câmara tem apostado em atividades outdoor,
de acesso livre e gratuito, privilegiando o contacto com a
natureza e o consequente bem-estar físico e psicológico dos
participantes.
Ao longo dos anos tem-se verificado um aumento significativo
do número de caminheiros, que se vão fidelizando nesta
atividade, principalmente pela variedade da oferta disponibilizada através de quatro programas distintos:
› Caminhando com a História
› Volta Pedestre ao Concelho de Loures
› Family Bike
› Percursos Noturnos
78 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
O facto de o Município de Loures ser muito rico em património
cultural, faz com que a grande maioria dos trajetos esteja
englobada no programa Caminhando com a História, no
qual os participantes são convidados a desfrutar de belas
paisagens pontuadas por monumentos e sítios plenos de
histórias para contar.
Deixamos-lhe aqui algumas propostas para aproveitar o
tempo livre e usufruir do melhor que temos neste concelho:
a natureza e o património.
Ao longo
dos anos tem-se
verificado
um aumento
significativo
do número
de caminheiros,
que se vão
fidelizando
nesta atividade
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 79
SENTIR
Por Trilhos de Ponte
de Lousa
O percurso tem início na Ponte de Lousa, seguindo um trilho
de pé posto que acompanha o vale da ribeira de Lousa.
Depois, sobe-se até ao moinho do Chacoso, passando-se
junto à Quinta de Santa Luzia. O itinerário prossegue até
ao vale, passando pelo Casal do Pisão e atravessando a
N8, para atingir, na encosta oposta, o ponto alto da Portela.
O trajeto de cumeada segue até ao sítio arqueológico do
Penedo do Gato, onde é feita uma paragem para visitar a
gruta. Continua com uma descida até ao Bocal, atravessando
o rio de Loures, para voltar a subir até à pequena povoação
de Fontelas. Já perto do final, depois de apreciar a gruta do
Tufo desce-se em direção à Ponte de Lousa, terminando
assim a caminhada.
80 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Trilhos das Antas
e dos Fortins
A partida é junto à entrada do Parque Municipal do Cabeço
de Montachique, em Fanhões, com subida rumo ao Reduto
do Mosqueiro, fortificação militar integrada no Sistema
Defensivo de Lisboa, edificado no início do século xix aquando da terceira Invasão Francesa.
Aqui, retoma-se a caminhada em direção a Casainhos,
usando a antiga rede viária militar, onde se pode observar
uma paisagem rural única, caracterizada por um mosaico
de parcelas agrícolas delimitadas por muros de pedra seca,
com noras, picotas e engenhos para elevar a água.
Após paragem na Anta de Casainhos, monumento associado
a ritos funerários construído pelas comunidades da pré-história recente, percorre-se a ribeira, até se atingir outro
local de referência arqueológica, a Diáclase e a Anta de
Salemas.
A partir deste ponto inicia-se a descida para a povoação
de Ponte de Lousa, para subir até à Anta de Carcavelos,
monumento megalítico que se encontra em excelente estado
de conservação.
Após breve pausa, o itinerário segue em direção ao antigo
sanatório de Lousa, atravessando depois a povoação de
Montachique, no regresso ao Parque Municipal do Cabeço
de Montachique.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 81
SENTIR
Em linha com o Aqueduto
Hoje, na malha urbana de Loures não conseguimos ver o
aqueduto na sua forma original, apenas se vislumbram alguns
traços da estrutura inicial, e mesmo assim algo disfarçados
na paisagem urbana.
Trata-se de um trajeto pontuado pelas estruturas que
interrompem a monotonia da galeria agarrada ao chão, no
qual o aqueduto corre rápido, à superfície, em direção ao
grande chafariz do Largo 4 de Outubro.
Esta obra arquitetónica tinha como principal objetivo alimentar
o grande chafariz, e um outro construído nas Alvogas em
1794, que por sua vez faziam chegar a água à população
do lugar de Loures, bem como enchiam o bebedouro para
os animais. Era a forma mais simples de matar a sede às
gentes do lugar, aos seus animais e aos viajantes de e para
Lisboa, Malveira ou Mafra. Participe neste percurso e fique
a conhecer melhor toda esta história.
Marcha da Fome
As greves de 8 e 9 de maio de 1944 foram o corolário de
várias lutas contra os racionamentos e o envio de géneros
alimentícios para a Alemanha de Hitler. Grande parte deste
movimento desenvolveu-se em redor de importantes centros
industriais da região de Lisboa, como é o caso de Sacavém,
Póvoa e Alhandra. E foi precisamente de Sacavém que
saiu uma manifestação, encabeçada por mulheres, que se
dirigiu à sede do concelho, em Loures, para exigir menos
fome e mais pão ao então presidente Dário Canas. Trata-se da Marcha da Fome, como ficou conhecida, que aqui
pretendemos reproduzir. 82 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Por Terras e Quintas
do Arinto
A região de Bucelas é caracterizada por extensas encostas
cobertas de vinhedos, pontilhadas por quintas vitivinícolas,
de onde provém o magnífico vinho branco Arinto.
Este percurso, essencialmente rural, tem início junto ao
Centro de Interpretação da Rota Histórica das Linhas de
Torres (RHLT), em Bucelas, seguindo em direção ao Forte
do Arpim, imóvel militar incluído no sistema defensivo das
Linhas de Torres, atravessando a Quinta do Boição e alguns
dos mais bonitos vales da região.
Após a visita a esta estrutura, recentemente recuperada pela
Câmara lourense, segue-se rumo à povoação de Vila de Rei,
onde se podem observar duas estelas, uma delas relativa
ao antigo termo da cidade de Lisboa, passando depois pela
quinta de um dos produtores de arinto, a Chão do Prado.
Na parte final da caminhada, com vista privilegiada para
as serras e os vales verdejantes do norte do concelho,
retorna-se a Bucelas, onde poderá apreciar a igreja matriz,
que alberga um núcleo de arte sacra, o cipo e as inscrições
romanas no seu adro, bem como o largo do coreto. Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 83
Percurso GR30
Integrado na Rota Histórica da Linhas de Torres (RHLT),é
um itinerário que perpassa uma vasta região com várias
obras militares da 1.ª e da 2.ª Linhas Defensivas de Lisboa. O Parque Municipal do Cabeço de Montachique é o ponto
de encontro e de partida desta caminhada, que começa por
rumar ao Reduto do Mosqueiro, a partir do qual segue pela
estrada militar, paralela ao escarpamento, até ao Reduto de
Ribas. Descendo o vale, prossegue pela serra dos Picotinhos,
encaminhando-se depois para o vale do Trancão, passando
84 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
ao lado do Reduto do Quadradinho, da Bateria dos Galvões
e do escarpamento dos Picotinhos.
Posteriormente, o percurso atravessa o vale do Trancão, em
Bucelas, continuando pela antiga estrada militar, ao longo
da cumeada da serra de Serves. Na descida, passa pelas
três posições militares da Aguieira e pelo Forte do Arpim,
em direção ao Mato da Cruz, chegando por fim ao Centro de
Interpretação da RHLT em Bucelas. Ruas com História
O Largo 4 de Outubro, em Loures, marca o início e o fim deste
percurso noturno, onde se invoca a memória da implantação
da República em 1910, que neste concelho se antecipou à
data oficial.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 85
Marcha dos Fortes
Organizada pelo Clube de Atividades de Ar Livre (CAAL) em
colaboração com os municípios de Torres Vedras, Mafra,
Arruda dos Vinhos, Sobral de Monte Agraço e Loures, esta
marcha percorre algumas das mais importantes fortificações
militares edificadas para defender Lisboa da terceira Invasão
Francesa.
A caminhada tem início no Forte de São Vicente, em Torres
Vedras, terminando a manhã no Forte do Alqueidão, no Sobral
de Monte Agraço, depois de ter passado pelas fortificações
de Enxara, em Mafra. A tarde prossegue com a visita às
estruturas militares de Arruda dos Vinhos, seguindo-se uma
passagem pelo Reduto da Ajuda Grande, já no concelho de
Loures, para terminar na vila de Bucelas.
86 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Trilhos dos Arrábidos
O Convento de Nossa Senhora da Conceição, em Santa
Iria de Azóia, fundado em 1584, é um dos dois conventos
franciscanos arrábidos existentes no Município de Loures,
e o local onde se inicia este percurso. Atravessa o Bairro
da Portela da Azóia e, chegado à linha de cumeada da
serra de Santa Iria, inicia a descida em direção à Quinta
do Monteiro-Mor. Segue pela várzea, passando pelo Palácio
dos Arcebispos, em Santo Antão do Tojal, até ao esteiro da
Princesa. Na reta final, já em meio urbano, o trajeto faz-se
pela EN8 até ao antigo Convento do Espírito Santo, fundado
em 1574, que alberga o atual Museu Municipal de Loures,
na Quinta do Conventinho.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 87
Por Trilhos do Tejo
e do Trancão
Esta caminhada percorre a zona ribeirinha do Tejo e a foz
do Trancão, seguindo o traçado do canal do Alviela, dando a
conhecer um pouco melhor o património histórico e natural
desta zona ribeirinha do Município de Loures.
O canal do Alviela é um sistema de abastecimento de água à
cidade de Lisboa e concelhos limítrofes, que foi inaugurado
por D. Luís em 1880.
Um dos troços mais emblemáticos deste aqueduto, que
totaliza 114 km de extensão, é o Sifão de Sacavém, uma
notável obra de engenharia. Contudo, nos anos 30 do século
passado, este sistema foi considerado insuficiente, tendo
88 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
sido então ampliado com a construção do Aqueduto do Tejo,
ainda em funcionamento.
A caminhada tem início na EN115-5, junto ao limite original
da Quinta de Valflores, em Santa Iria de Azóia, seguindo
em direção à igreja matriz, com destino ao Vale das Duas
Portas, atravessando o Canal do Tejo.
Ruma-se depois a São João da Talha e daí à Quinta dos
Remédios, na Bobadela, retomando-se então o traçado do
Canal do Alviela, através da Quinta da Parreirinha. Daqui
desce-se para Sacavém, atravessa-se a ponte sobre o rio
Trancão (paralela ao Sifão) chegando-se ao final do percurso.
Pelas Ruas de Sacavém
Caminhadas lúdico-culturais pela malha urbana da região,
que vão ao encontro da história e das memórias da cidade,
dando a conhecer os locais relacionados com a antiga
Fabrica de Loiça e com o património religioso de Sacavém.
Aqui, os caminheiros têm a possibilidade de optar por dois
percursos distintos: “A Cidade e a Fábrica” ou “Os Caminhos
do Sagrado”.
Pelas Ruas de Moscavide
Por entre ruas e pracetas, prédios e urbanizações, as freguesias da Portela e Moscavide escondem alguns recantos
com valor histórico, artístico e arquitetónico que testemu-nham
hábitos e vivências de um passado mais nobre desta zona
do Município de Loures. Um conceito diferente para quem
gosta de caminhar em meio urbano.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 89
A Volta Pedestre ao Concelho de Loures é outro dos
programas integrados neste projeto, que pretende percorrer
o Município em três etapas de aproximadamente 26 km
cada, num total de cerca de 78 km.
A primeira etapa liga o Parque da Cidade de Loures a Bucelas;
a segunda tem início junto à EBI de Bucelas e termina em
Montachique; a terceira e última parte de Montachique e
ruma a Loures, ficando assim completa esta volta que lhe
permite conhecer de forma saudável e peculiar o território
municipal.
Os passeios de BTT são mais uma das atividades de ar
livre que têm vindo a crescer em número de participantes.
O Family Bike destina-se, essencialmente, a iniciados na
modalidade e a famílias que pretendam desfrutar de passeios
de bicicleta em ambiente calmo e descontraído, com a lezíria
e a várzea de Loures como pano de fundo.
Os Percursos Noturnos, uma excelente alternativa para os
meses de verão, quando os dias são demasiado quentes
e desconfortáveis para caminhar, correndo-se o risco de
insolação ou desidratação. Estas caminhadas noturnas
permitem, assim, exercitar com temperaturas mais amenas
e usufruir de toda a envolvência da noite que, nalguns pontos
do concelho, permite desfrutar de fantásticas vistas sobre o
Tejo.
Agora que já conhece as nossas propostas para a prática de
atividades de ar livre, fique atento à calendarização disponível
em www.cm-loutes.pt, e agende a sua caminhada.
SE ESTÁ A PLANEAR
LANÇAR-SE NUMA DESTAS
AVENTURAS, PREPARE-SE E...
Conheça extensão do percurso,
o tempo médio de realização,
o tipo de terreno e as condições climatéricas;
Verifique a dificuldade do percurso e escolha
o que mais se adequa à sua condição física;
Inicie a caminhada com um ritmo suave, evitando
demasiadas paragens, pois quebram o ritmo.
Mas antes de sair de casa não
se esqueça de levar…
Água suficiente para o percurso;
Mochila com reforço alimentar (barras energéticas e
frutos secos são uma boa opção);
Calçado confortável, roupa prática e chapéu;
Telemóvel para alguma emergência.
Para mais informações e inscrições contacte
a Divisão de Desporto e Juventude,
através dos telefones 211 151 157 / 211 151 176 ou
pelo endereço de correio eletrónico [email protected]
90 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 91
POST-IT
Avós e Netos
vão ao Cinema
“Pais Informa” ajuda
a Gerir e Poupar
Dia dos Moinhos
Violência Doméstica
Eu Denuncio!
Centenas de crianças e suas
famílias foram ao Centro
Cultural de Moscavide, entre
os dias 12 e 16 de junho,
assistir ao filme Dia de Surf.
Com as iniciativas
“A Escola Vai ao Cinema” e
“Cinema para Avós e Netos”,
a Câmara de Loures
pretendeu proporcionar uma
ida ao cinema gratuita
às crianças do concelho
de Loures finalistas do
1.º Ciclo do Ensino Básico e,
simultaneamente,
sublinhar a importância de
valores como a amizade,
a conservação
da natureza e os oceanos.
Gerir e Poupar foi o tema de
mais uma sessão do
“Pais Informa”, realizada no
dia 23 de maio, que levou
até pais, professores e
encarregados de educação,
conselhos sobre educação
financeira.
A ação, em Santa Iria de
Azóia, teve como oradora
convidada Susana Albuquerque
da Associação de Instituições
de Crédito Especializado.
A sessão teve como
objetivo dar aos pais as
ferramentas e os conselhos
necessários para, em casa,
ajudarem os mais pequenos
a conhecer o valor
do dinheiro, saber geri-lo de
forma a satisfazer as suas
necessidades, administrá-lo
com inteligência para
concretizar os seus sonhos e
A Câmara de Loures
comemorou, a 18 de abril, o
Dia Nacional dos
Moinhos com um vasto leque
de atividades no Parque
Urbano de Santa Iria de
Azóia.
Mais de uma centena de
crianças das escolas do
concelho de Loures
tiveram a oportunidade de
fazer uma visita guiada ao
moinho, participar em
ateliês de pintura,
aprender a fazer pão e
brincar nos insufláveis.
No final levaram
um certificado de
participação entregue por
Ricardo Lima, vereador do
Departamento de Ambiente
e Transportes Municipais.
Carlos do Carmo,
Yolanda Soares,
Laurent Filipe, Gil do Carmo,
Nelo Ribeiro, Cláudia
Vieira, Ana Cláudia Santos,
Custódia Gallego, João
Ricardo, Pedro Diogo, Rosa
Villa, Fernando Ferrão e
Júlia Belard são alguns dos
mais de 20 artistas que,
no dia 29 de junho, vieram
a Loures denunciar o crime
de violência doméstica num
espetáculo de solidariedade
que a Câmara Municipal
promoveu a favor da
Associação de Mulheres
Contra a Violência.
reconhecer a importância
de poupar para o futuro.
92 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
Bastonários
das ordens
dos arquitetos de
Cabo Verde e Angola
em Loures
Brincar à Ciência
nas Férias da Páscoa
Controlo da
Qualidade da Água
Mercado Agrobio
Realizou-se, no dia 27 de
abril, no Parque da Cidade,
em Loures, um jantar que
visou reunir nomes do setor
da construção sustentável da
CPLP, após a realização
da conferência sobre
Construção e Reabilitação
Sustentável de Edifícios no
Espaço Lusófono.
Estiveram presentes, entre
outros convidados, os
bastonários das ordens dos
arquitetos de Cabo Verde e
Angola, César Freitas
e António Gameiro e o
coordenador do Programa
“Casa para Todos” em Cabo
Verde, Hélder Almeida.
O Centro de Documentação
e Informação Avelar Brotero
recebeu, de 26 de março
a 1 de abril, as escolas do
concelho de Loures para
“Brincar à Ciência nas Férias
da Páscoa”.
Os alunos visitaram
exposições, visionaram
filmes, assistiram
a demonstrações e a
experiências científicas, entre
outras atividades.
Para além de incentivar à
reflexão sobre a importância
da aplicação da ciência
à inovação, a iniciativa
possibilitou bons momentos
de aprendizagem e
brincadeira.
O Laboratório de Águas
realiza
diariamente análise de
controlo da qualidade da
água nos municípios de
Loures e Odivelas
(em torneiras de consumo e
nos vários órgão da rede
de distribuição).
Com este apertado controlo,
os SMAS de Loures
garantem a qualidade
da água.
Em 2011, foram realizadas
36 079 análises/
/determinações, das quais
99,88% cumprem com todos
os requisitos de qualidade de
água para consumo humano.
O Mercado Agrobio de
Loures festejou o primeiro
aniversário, em 14 de julho.
As iniciativas deste primeiro
ano de atividade, feitas em
parceria com os produtores e
o movimento associativo do
concelho, foram assinaladas
com degustações de
diversas variedades de
produtos biológicos, frescos
e transformados.
Realiza-se na Praça da
Liberdade, aos sábados,
das 9h às 14h.
Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012 :: 93
POST-IT
94 :: Revista :: Loures Municipal :: Agosto 2012
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Não ao desperdício alimentar