REVISTA SEMESTRAL - JUlHO 2014 - ANO 10 - nº 23 IMPRESSO FECHADO PODE SER ABERTO PELA ECT Comunidade Missionária de Villaregia Ao lado dos últimos sumário 03 04 Editorial 06 13 14 16 18 Ao vivo da missão 19 Notícias 23 Agenda Ao lado dos últimos As palavras do papa Os dois santos papas que contemplaram as chagas de Jesus! Mulheres atrás das grades Projetos de solidariedade Formação escolar e cristã em Maputo Na escuta da Palavra Foi a mim que o fizestes! Partilhar a fé “Sinto todos como meus irmãos” Vida espiritual São Francisco e o encontro com o leproso · Congresso missionário · Em Maputo, nasce a Fraternidade de Misericórdia! · O Evangelho chega à praia · Disseram sim a Deus · Chegadas e partidas Na capa: uma mulher peruana Pedido de Missas 2 Em todas as sedes da CMV, a cada dia, celebramos a Santa Missa, na qual apresentamos ao Senhor as intenções de oração que amigos e benfeitores nos confiam. Se você quiser, pode fazer um gesto de fé e nos enviar suas intenções: - como sufrágio por um ente querido; - por uma intenção pessoal ou de sua família; - para a celebração de 30 Missas gregorianas. Sua oferta será uma ajuda concreta para os missionários e para os irmãos de todas as missões da CMV. Uma forma de participar da missão da Igreja, de partilhar o que temos e somos com quem está precisando de nossa ajuda. Entre em contato conosco para mais informações, nos endereços da contra-capa. Revista informativa semestral da Comunidade Missionária de Villaregia Direção e Redação: Comunidade Missionária de Villaregia | Rua Canoas 461, bairro Betânia - CEP 30.580-040 - Belo Horizonte | MG | Brasil | Telefax: 31 3383 1545 | E-mail: [email protected] | Site: www.cmv.it | Jornalista Responsável: Ana Paula de Oliveira Soares Pansanato | MG 11.411 | Diagramação: Equipe diagramação CMV | Fotos: Arquivo Comunidade Missionária de Villaregia | Impressão: O Lutador | 31 3439 8000 | Tiragem: 20.000 exemplares | Assinatura: Gratuita Todos os direitos reservados. Os artigos desta revista podem ser reproduzidos, desde que sejam citados a fonte e o autor, e enviada cópia à Redação. Fotos: só com autorização escrita da Redação. Colaboração editorial Ao lado dos últimos Escolher se colocar ao lado dos últimos é se tornar sinal da proximidade de Cristo para com quem sofre situações de marginalização e precisa de esperança. O homem vive dividido: sabe onde está o bem e, frequentemente, escolhe o mal; fala em liberdade e acaba construindo para si mesmo prisões de rancor e solidão; deseja a justiça para si, mas discrimina os outros... Nem quem crê foge disso! Quantas vezes já ouvimos dizer que Deus ama os últimos, os mais pobres, os marginalizados, os esquecidos por todos! Mesmo assim, sempre temos que nos esforçar muito para ver no olhar apagado do pobre, que nos pede esmola, o rosto de um amigo. Que luta interior para ir além daquele semblante e reconhecê-lo como irmão, imagem do mesmo Jesus! Frequentemente, não prevalece a compaixão, mas o medo, a suspeita ou, pior, a indiferença. O Evangelho não gasta muitas palavras para nos dizer que Jesus habita ali mesmo. Atrás das chagas do doente incurável, na raiva da derrota do preso, na solidão do idoso esquecido em um asilo. Recordou-o com muita delicadeza o papa Francisco, falando aos capelães dos presídios, quando sublinhou que nenhuma cela é tão isolada para excluir o Senhor; que Deus não fica fora das cadeias e o seu amor materno e paterno chega em todo lugar, até na cela super lotada, até entre os assassinos que se encontram em regime de segurança máxima. A sua presença não exclui o nosso compromisso, pelo contrário, torna-o mais urgente ainda, lembrando-nos o dever de tornar o sistema carcerário mais eficiente, o aparato penitenciário mais humano. Porque atrás das grades não estão pessoas de série B, mas homens e mulheres animados pela mesma esperança das pessoas comuns, pelo mesmo desejo de felicidade, pelo mesmo espírito de liberdade. Por fin, como ainda lembrou o papa Bergoglio, no lugar deles podia estar qualquer um de nós, porque as fraquezas pertencem a todos e, se nós não caímos, é porque tivemos mestres sábios, famílias capazes de nos fazer crescer, mães que rezaram por nós, amigos confiáveis com os quais conversamos. Não é suficiente, então, querer a punição do culpado e seu arrependimento. É preciso acompanhá-lo no caminho de libertação, oferecer-lhe a oportunidade do retorno, braços nos quais se agarrar, ombros para chorar. É mesmo da nossa fé, que nos faz reconhecer no presidiário o rosto sofrido do Cristo, que chega o convite à proximidade, à compreensão, à oração. Mesmo a nossa identidade cristã solicita-nos a visitar aqueles lugares de sofrimento que são as prisões, para aprender a difícil arte do perdão, o amor para com quem parece não merecê-lo, a força para se doar a quem às vezes não sente nem a obrigação de agradecer. Os mesmos defeitos, as mesmas misérias, que percorrem a vida de quem está fora, frequentemente refém de uma estéril auto-suficiência, incapaz de deixar-se amar, pouco ou nada disposto a agradecer e muito mais disposto a fazer condenações sem sair do seu lugar de respeitabilidade. Na realidade, aprender a olhar com benevolência quem está na prisão, chorar, trabalhar com eles é também um modo para sair das nossas prisões pessoais, para nos libertar das grades que construímos para nós mesmos, dia após dia. Uma prisão interior que se chama egoísmo, sede de poder, é a incapacidade de sofrer com o mais pobre e fraco. A chave para sair disso encontra-se no caminho íngreme e estreito da humildade, na força da escuta, na disponibilidade de se colocar no último lugar da fila. Quem caminha assim tem mais tempo para levantar os olhos para o céu, para experimentar o amor de Deus e sua misericórdia, única força que liberta, janela que doa um ar novo, luz que fica acesa também na noite mais escura, vivida na escuridão da cela! 3 Sabrina Fusco as palavras do papa N 4 o centro deste domingo, que encerra a Oitava de Páscoa e que João Paulo II quis dedicar à Divina Misericórdia, encontramos as chagas gloriosas de Jesus ressuscitado. Já as mostrara quando apareceu pela primeira vez aos Apóstolos, ao anoitecer do dia depois do sábado, o dia da Ressurreição. Mas, naquela noite, Tomé não estava; e quando os outros lhe disseram que tinham visto o Senhor, respondeu que, se não visse e tocasse aquelas feridas, não acreditaria. Oito dias depois, Jesus apareceu de novo no meio dos discípulos, no Cenáculo, e Tomé também estava presente; dirigindo-Se a ele, convidou-o a tocar as suas chagas. E então aquele homem sincero, aquele homem habituado a verificar tudo pessoalmente, ajoelhou-se diante de Jesus e disse: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20, 28). Se as chagas de Jesus podem ser escândalo para a fé, são também a confirmação da fé. Por isso, no corpo de Cristo ressuscitado, as chagas não Os dois santos papas que contemplaram as chagas de Jesus! desaparecem, continuam, porque aquelas chagas são o sinal permanente do amor de Deus por nós, sendo indispensáveis para crer em Deus: não para crer que Deus existe, mas sim que Deus é amor, misericórdia, fidelidade. Ao citar Isaías, São Pedro escreve aos cristãos: “pelas suas chagas, fostes curados” (1 Pd 2, 24; cf. Is 53, 5). São João XXIII e São João Paulo II tiveram a coragem de contemplar as feridas de Jesus, tocar as suas mãos chagadas e o seu lado transpassado. Não tiveram vergonha da carne de Cristo, não se escandalizaram com Ele, com a sua cruz; não tiveram vergonha da carne do irmão (cf. Is 58, 7), porque em cada pessoa atribulada viam Jesus. Foram dois homens cora- Sabrina Fusco josos, cheios da parresia do Espírito Santo, e deram testemunho da bondade de Deus, da sua misericórdia, à Igreja e ao mundo. Foram sacerdotes, bispos e papas do século XX. Conheceram as suas fraquezas, mas não foram vencidos por elas. Mais forte, neles, era Deus; mais forte era a fé em Jesus Cristo, Redentor do homem e Senhor da história; mais forte, neles, era a misericórdia de Deus que se manifesta nestas cinco chagas; mais forte era a proximidade materna de Maria. Nestes dois homens contemplativos das chagas de Cristo e testemunhas da sua misericórdia, habitava “uma esperança viva”, juntamente com “uma alegria indescritível e irradiante” (1 Pd 1, 3.8). A esperança e a alegria que Cristo ressuscitado dá aos seus discípulos, e de que nada e ninguém os pode privar. A esperança e a alegria pascais, passadas pelo crisol do despojamento, do ani- quilamento, da proximidade aos pecadores levada até ao extremo, até à náusea pela amargura daquele cálice. Estas são a esperança e a alegria que os dois santos Papas receberam como dom do Senhor ressuscitado, tendo-as, por sua vez, doado em abundância ao Povo de Deus, recebendo sua eterna gratidão. Esta esperança e esta alegria respiravam-se na primeira comunidade dos crentes, em Jerusalém, como nos falam os Atos dos Apóstolos (cf. 2, 42-47). É uma comunidade onde se vive o essencial do Evangelho, isto é, o amor, a misericórdia, com simplicidade e fraternidade. E esta é a imagem de Igreja que o Concílio Vaticano II teve diante de si. João XXIII e João Paulo II colaboraram com o Espírito Santo para restabelecer e atualizar a Igreja segundo a sua fisionomia originária, a fisionomia que lhe deram os santos ao longo dos séculos. Não esqueça- A assembleia que participou da canonização dos dois papas, durante alguns momentos da celebração. mos que são precisamente os santos que levam avante e fazem crescer a Igreja. Na convocação do Concílio, João XXIII demonstrou uma delicada docilidade ao Espírito Santo, deixou-se conduzir e foi para a Igreja um pastor, um guia-guiado. Este foi o seu grande serviço à Igreja; foi o papa da docilidade ao Espírito. Neste serviço ao Povo de Deus, João Paulo II foi o papa da família. Ele mesmo disse uma vez que assim gostaria de ser lembrado: como o papa da família. Apraz-me sublinhálo no momento em que estamos a viver um caminho sinodal sobre a família e com as famílias, um caminho que ele seguramente acom- panha e sustenta do Céu. Que estes dois novos santos Pastores do Povo de Deus intercedam pela Igreja, para que, durante estes dois anos de caminho sinodal, seja dócil ao Espírito Santo no serviço pastoral à família. Que ambos nos ensinem a não nos escandalizarmos com as chagas de Cristo, a penetrarmos no mistério da misericórdia divina que sempre espera, sempre perdoa, porque sempre ama. Homilia do Santo Padre Francisco Canonização dos Santo Papa João Paulo II e Santo Papa João XXIII, 27 de abril de 2014 5 ao vivo da missão lima - peru Em Lima, no bairro Chorrillos, localiza-se o presídio feminino Anexo Chorrillos. Criado em abril de 1992, para ser prisão de segurança máxima, hoje, a estrutura acolhe também presidiárias que cometeram delitos comuns. A sua capacidade máxima é de 288 detentas, mas atualmente são 310. Além das mulheres, há também seus filhos, aos quais, por lei, é permitido ficar com a mãe até completar três anos de idade. Depois, são confiados aos familiares 6 da mulher ou a amigos e, na pior das hipóteses, aos orfanatos. Mesmo se uma parte do pessoal da guarda interna é do sexo feminino, o quadro de funcionários que trabalham dentro deste presídio é composto, sobretudo, por homens. O cárcere está dividido em três áreas, cada uma destinada a uma categoria diferente de detentas: a área A é reservada às condenadas por crimes políticos, a B às presas para crimes comuns; por fim, a área C, considerada de segurança Mulheres atrás das grades máxima, é destinada às reclusas por crimes graves. Recebemos a permissão para visitar a área B, para encontrar algumas mulheres, muitas das quais ainda jovens. Visitar esses lugares, que antes de tudo são prisões de dor humana, é uma oportunidade para escutar suas tristes histórias, cheias de lágrimas e sofrimentos inimagináveis. É a experiência de proximidade com mulheres frequentemente esquecidas pela sociedade que, mesmo dentro das celas escu- ras e super lotadas de uma prisão, em condições humanamente impossíveis, nutrem sonhos e esperanças de uma vida nova. Conhecemos pessoas que, mesmo aqui, começaram uma caminhada de fé, sustentadas pela proximidade de alguém que, com caridade, soube fazer penetrar, também entre as grades, a luz da Palavra de Deus e um pouco de conforto humano. Nas páginas que seguem, partilhamos este encontro e algumas de suas histórias. 7 E ram três da tarde quando chegamos a Chorrillos, bairro de Lima, em que se encontra o presídio feminino. Conseguimos uma permissão especial para entrar na penitenciária e encontrar algumas presas, que desejam um diálogo espiritual. Estacionamos na parte externa da grande estrutura, circundada por altos arames farpados. Quando batemos à porta de ferro, responderamnos através de uma pequena janela, pedindo que nos identificássemos. Algumas horas em Chorrillos! Um mundo escondido atrás das grades: mulheres que cumprem pena, mas sem renunciar ao sonho de uma vida nova e livre. A entrada… Além do portão, encontramo-nos dentro de uma espécie de recepção, onde fomos esperados por dois policiais para os controles preliminares. Eles nos pediram que exibíssimos nossa permissão de visita e as identidades. Depois disso, assinamos um livro de registro, em que especificamos também o nome da Associação à qual pertencemos e o horário de entrada. Ao lado dos nossos nomes, estão registrados também os das detentas que pretendemos encontrar e o tipo de relação que nos une a elas. Colocam-nos um carimbo no braço, tiram uma foto e nos pedem para depositar as chaves e o celular, que serão devolvidos na saída. Cada objeto levado para dentro é vistoriado com muito cuidado; as embalagens dos alimentos são abertas e controladas. As nossas bolsas também são passadas pelo detector de metais. São medidas de segurança máxima, obrigatórias, para permitir a visita! O grande pátio... Uma vez passados pelo portão, encontramo-nos no pátio, uma grande área interna, cercada por altos muros com arame farpado. É o espaço da prisão em que acontece a maior parte da vida. Uma boa parte é ocupada por fios em que se pendura a roupa íntima. Também há grandes pias comuns, em que as presas lavam suas roupas e a louça. Espalhadas no local, 8 A vida é dura. As presas devem providenciar tudo: desde o material para a higiene pessoal, até para a limpeza, os lençóis e os cobertores. Os alimentos oferecidos pelo presídio são insuficientes e se limitam ao café da manhã e ao almoço. As moças completam com fruta e verdura, adquiridas com o dinheiro que ganham da família, quando há condições, ou prestando alguns serviços dentro do presídio − como lavar roupa, limpar as celas ou os banheiros, cozinhar − ou ainda, recebido graças à solidariedade de pessoas que conheceram sua situação e decidiram ajudar. As celas... vemos algumas mesas e cadeiras, cujo número não é suficiente para as 150 detentas dessa área B, com capacidade de apenas 100 vagas! Não existe um refeitório e até as refeições são feitas nesse pátio, pelas poucas sortudas que conseguem ocupar uma mesa ou uma cadeira. As outras devem se contentar com os corredores das celas, onde quem conseguiu comprou para si uma cadeira ou uma pequena mesa pessoal para apoiar suas coisas. Também o acesso à área das celas é antecipado por um controle imediato e somente depois o carcereiro abre o cadeado do portão para deixar-nos entrar. Encontramo-nos em um corredor comprido onde estão três telefones públicos e um banco para sentar. É aqui que as presas sentam à espera de seu turno para ligar para os familiares. As filas são sempre compridas. Em cada andar, em um dos lados, encontra-se uma fileira de celas que ficam de frente para um corredor detentas devem encontrar um jeito para providenciar o dinheiro. A frequencia nos laboratórios é importante porque permite adquirir a habilidade manual para fazer pequenos objetos de artesanato. O trabalho começa às 8h da manhã e termina às 17h. Graças à ajuda de associações humanitárias que prestam serviço dentro da prisão, estas mulheres podem receber as matérias primas e encontrar os canais para a venda das suas caixinhas, brincos, colares, cadernos, objetos diversos.Com o lucro da venda, muitas delas consegue tornar-se autônomas. estreito do qual, através de pequenas janelas, é possível ver a área interna. Nas celas, de seis metros quadrados, há um beliche, uma pequena pia e um banheiro turco. As pessoas lavam o rosto e o corpo, ou a roupa, em pé, no banheiro turco, apenas com a água fria que sai da torneira. Para tomar uma espécie de banho ou enxaguar os cabelos, enche-se um balde de água que é jogado em cima do próprio corpo. A cama é o único espaço à disposição para guardar os pertences pessoais. Não há cadeira, nem um criado mudo... Algumas montam, ao redor de sua cama, uma espécie de cortina, com lençóis ou panos, como se quisessem ganhar um pouco de privacidade. Nas paredes das celas, estão penduradas ou coladas muitas coisas que dão cor e expressam os afetos: pequenos presentes recebidos dos amigos, os cartões postais, as fotos, as estrelas coloridas. Os laboratórios... É permitido visitar também a área dos laboratórios, em que acontecem vários cursos: costura, artesanato, arte, alfabetização e ensino fundamental, pois a maior parte das presas não possui uma formação escolar. Acontece que também esses cursos são pagos e, para se inscrever, as Na página ao lado, algumas mulheres de Chorrillos enquanto trabalham em um dos laboratórios da prisão. Em cima, uma presa sorri feliz no dia do seu casamento. Em baixo, laboratório de artesanato. As visitas… O sábado é o dia dedicado às visitas masculinas. O dia em que dezenas de homens ficam na fila diante da porta para se encontrarem com estas mulheres. Alguns são pais, outros maridos, outros apenas companheiros ou namorados. Encontram-se no grande pátio e trocam notícias. Apenas algumas delas têm permissão especial para uma visita íntima. Alguns maridos são heróis por esperar que sua mulher cumpra a pena, e fielmente estão presentes a esse compromisso semanal. Outros, com o passar do tempo, se cansam e acabam com toda ligação. Mas há também quem, mesmo permanecendo na cadeia, chega a casar-se. A presa que tem família é favorecida, pois pode receber também suporte material; mas há muitas, geralmente estrangeiras, que não têm ninguém, porque a família está longe. “Eu, os meus filhos e também os sobrinhos estamos sempre próximos dela − confia-nos a mãe de uma presa. Minha filha precisa sempre de nós. Há um ano e meio está à espera de um processo por um crime que não cometeu, mas o sistema judiciário é lento, os advogados atrasam e nós não temos dinheiro para pagar”. “Ela precisa de coisas materiais, − acrescenta uma das irmãs − mas, sobretudo, precisa do nosso apoio. Às vezes, não temos nem o dinheiro do ônibus para chegar até aqui, porém, 9 de uma forma ou de outra, tentamos não faltar à visita. Fazemos isso com muito sacrifício, mas não podemos abandoná-la! E com uma lágrima que corre pelo rosto prossegue: se tivéssemos dinheiro, conseguiríamos que ela voltasse à liberdade! Fátima era a alegria da nossa família. Aqui também todas gostam dela porque é sempre disponível e pronta para ajudar quem precisa!”. … e, apesar de tudo sorriem A assistência médica é bastante escassa. Tem-se o direito a uma consulta por semana, mas há carência de materiais e remédios. A consulta ginecológica é efetuada eventualmente ou quando solicitada. Se for necessária a consulta no hospital, a espera pode se de dois a três meses, até que a ambulância esteja disponível! Nestas condições de limitações variadas é fácil se dar conta que também a convivência entre as presas não é tão simples. Mas quando se entra no presídio e se está no meio delas, a primeira impressão é de estar em um grupo de amigas. Senta-se, toma-se o chá que alguma delas preparou, conversa-se, partilha-se. Surge sua cordialidade, seu calor humano e, sobretudo, a forte necessidade de falar e de ser escutadas. Essa partilha da intimidade é um dom impagável! Os sentimentos nem sempre encontram as palavras para se expressar e, às vezes, a comunicação é feita à troca de olhares ou às mãos fechadas. Todas sabiam que somos missionárias, então, algumas pediram um diálogo pessoal. Este é o momento mais sagrado, aquele em que se entra nos seus dramas. Caem máscara e preconceitos, encontramo-nos diante de mulheres que têm o coração quebrado, geralmente vítimas de uma história familiar atroz e de situações de dificuldade econômica e relacional, que abriram o caminho para o crime. Mas, apesar de tudo, estas mulheres são extraordinárias e 10 sorriem para a vida. Em condições de reclusão, tendo limites na liberdade e nos espaços, de higiene e de saúde, conseguem transmitir uma dignidade e uma força absolutamente impensáveis. Todas guardam o sentido dos direitos, sensibilidade e doçura No Peru, há 68 presídios. As penitenciárias tên capacidade máxima de 31.020 detentos. Atualmente, o número dos detentos é de, aproximadamente, 67.299. De julho de 2011 até outubro de 2013, houve um acréscimo de 38% da população penal. Verifica-se uma superlotação das estruturas carcerárias igual a 117%. As mulheres– mães dentro das penitenciárias são 184 com 187 filhos, dos quais 101 são meninos e 86 meninas. (Fonte: INPE, Instituto Nacional Penitenciário peruano) verdadeiramente altos. Nenhuma está desesperada. De suas palavras transparece a esperança de poder contar com o futuro e a consciência de que é possível um relacionamento com o mundo externo, contando com as visitas que chegam de fora, mas também com sua capacidade de fazer chegar ao externo, de várias formas, sua própria voz. A partida... Quando chegou a hora de ir embora, o coração aperta ao pensar que quem está visitando sairá, ao invés, elas ficam lá. Gostaríamos de ter mais tempo para conversar mais um pouco, para compreender melhor e, sobretudo, aliviar, ao menos com a escuta e a proximidade, aquela aflição. O pátio é fechado às 18h, as celas individuais, às 21h. O cadeado é enorme e o barulho da chave que o fecha separa-nos definitivamente daquele mundo. Partimos com a clara consciência de que também quem errou tem direito a novas oportunidades para se recuperar. Precisa encontrar esperança, portas abertas, horizontes escancarados sobre o amanhã. Às 22h apaga-se a luz até às cinco ou seis da manhã seguinte, quando reabrem as celas e o dia recomeça. Cada dia que passa é, porém, um dom para quem está aqui, porque sabe que deu um passo à frente rumo à liberdade tão sonhada! Fàtima, 37 anos, presa há um ano e meio, está à espera da sentença. Fátima aguarda com ansiedade o processo, mas ainda nada. Por que ela está na cadeia? Tinha um filho de quatro anos, Marco, nascido da união com um homem que a deixou. Depois da separação, foi morar com seus pais. Três meses depois, voltou a viver com o antigo companheiro, quando aconteceu o desastre. Um dia, Marco estava passando mal e de sua pequena cama continuava a se queixar. Fátima afastou-se de casa para comprar-lhe um suco de fruta, mas quando voltou encontrou o filho sem vida. Seu companheiro tinha fugido depois de tê-lo matado a chutes, porque estava cansado de escutá-lo chorar. A polícia conseguiu achá-lo e prendê-lo, mas prendeu também Fátima com a acusação de cumplicidade! Uma mulher destruída, angustiada não somente porque está cumprindo uma pena que não é dela, mas, sobretudo, porque, depois de ter perdido seu filho, não pôde nem sepultá-lo, nem chorar sobre seu túmulo. Qual foi o seu erro? Confiar no homem que amava. História das detentas… Muitas mulheres que cumprem pena nesse presídio são pessoas induzidas ao crime por dificuldades familiares. Conscientes dos erros cometidos, algumas partilham seu drama de mulheres e de mães. Na penitenciária de Chorrillos há 17 mulheres grávidas e 59 mães. As crianças que estão no cárcere com as mães até alcançar o terceiro ano de idade são depois entregues aos familiares ou aos orfanatos. (Fonte: INPE, Instituto Nacional Penitenciário peruano) Camila, 25 anos, deve cumprir 15 por homicídio. Ja faz mais de um ano desde que chegou aqui. Seu crime é grave, mas foi o desespero a guiá-la Seu companheiro batia nela até sangrar, até que resolveu deixá-lo. Ele porém, não aceitou a decisão de Camila e continuou a atormentá-la, seguindoa e ameaçando-a. No seu limite, Camila decidiu tirar a própria vida. Fez isso tomando um veneno para ratos, que deu também às suas crianças, porque não queria ir embora deste mundo e abandonálas com aquele homem tão violento. Infelizmente, o menino de cinco anos morreu. O socorro chegou a tempo para salvar Camila e sua menina mais nova. Agora, deve cumprir 15 anos de prisão e sua filha foi entregue a um orfanato, enquanto ele está em liberdade. Camila nunca encontrou a coragem para denunciá-lo e agora é tarde demais para fazê-lo. Certamente, sua vida na cadeia é dura, mas agora não está mais desesperada. Está trabalhando para reencontrar confiança em si mesma e, sobretudo, para conseguir perdoar. Há pouco tempo, participou de um curso sobre o perdão proposto pela Comissão Episcopal de Ação Social (CEAS). Isso a ajudou a tomar consciência não apenas do mal recebido, mas também do que fez e, por conseguinte, da necessidade de cumprir um caminho de reconciliação. Cada dia, ela luta contra seu sentimento de culpa e contra a dor de não poder abraçar sua filha, certa de que desta dor pode aprender algo e recomeçar a viver! Na página ao lado, os familiares de Fátima, que moram na periferia da capital. Ao lado, as mulheres de Chorrillos durante uma dinâmica de partilha sobre suas famílias. 11 Isabel,18 anos, há seis meses presa por narcotráfico. Isabel provém de uma família pobre da selva peruana. Tinha 12 anos quando uma senhora de Lima ofereceu aos seus pais a possibilidade de assumi-la em sua casa para “fazer um pouco de tudo”, em troca de um salário que teria dado a eles periodicamente. Os pais, necessitados, aceitaram. Naquela casa, Isabel limpava, cozinhava, lavava a roupa da família sem nunca ter um dia de descanso. Rapidamente, ela perdeu contato com a família. Depois de um ano conseguiu falar pelo telefone com a mãe. Foi então que descobriu que os pais não estavam recebendo o sálario combinado pelo seu trabalho. Chorou juntamente à mãe e contou-lhe quanto sofria. Os pais decidiram buscá-la e trazê-la de volta para a casa. Mas a viagem para Lima custou aos pais toda sua poupança e foram obrigados a ficar na cidade, porque não possuíam dinheiro para regressar. Na cidade, vendendo balas nos ônibus ou engraxando os sapatos dos passantes procuravam sobreviver a cada dia. Para eles, pessoas vindas da selva, era muito difícil encontrar um trabalho digno. Depois de um tempo, foi diagnosticado um câncer em sua mãe. Aquilo que Isabel ganhava não bastava para cobrir as despesas do tratamento. Mergulhada no desespero, encontrou por um acaso uma senhora que lhe ofereceu a possibilidade de entregar pacotinhos. Isabel entendeu logo que se tratava de droga, mas a vida de sua mãe estava em jogo e não pensou duas vezes. Depois de três meses, surpreendida pela polícia, foi presa. Encontra-se em Chorrillos, há mais ou menos seis meses, à espera do julgamento do processo. Isabel não consegue ter paz, pensando que lá fora sua mãe está lutando contra um câncer, enquanto ela não pode fazer nada para ajudá-la. 12 Márcia Lopes, missionária de Piraju (SP), com algumas jovens peruanas. Milagros, 43 anos, presa política, deve cumprir 23 anos. Milagros está aqui desde 1994. Primeiramente, condenada à prisão perpétua, mas com a revisão da pena, imputaram-lhe 23 anos. Depois de ter sido presa, também sofreu torturas e violências. Terminado um primeiro período de isolamento total, sem ter a possibilidade de comunicar, nem por carta, lhe foram concedidas visitas limitadas dos familiares próximos, através da grade da sala de visitas. Desde então, seu pai a visita a cada 15 dias. Mas Milagros, nos anos de detenção, nunca se rendeu, nem se desesperou. Começou a frequentar cursos de informática, de pintura e de língua italiana dentro do presídio e frequentou, os cursos à distância, da faculdade de comunicação. Ela escreveu em versos o drama de centenas de detentas, conseguindo desta forma dar voz a todas essas mulheres. Graças à ajuda de várias pessoas, não muito tempo atrás, viu publicada uma coletânea de suas poesias, que intitulou Feixes de luz. Um hino àquela luz que, apesar de tudo, penetra entre as grades destas celas e permite a estas mulheres seguir em frente. Quando recebeu uma cópia de seu livro, segurou-o fortemente, como se tivesse entre os braços seu filho. “Sou feliz! – exclama com os olhos que brilham– Algo de mim saiu em liberdade, com esta voz que é tão maior do que eu e de minhas companheiras, porque o que escrevo expressa simbolicamente aquilo que muitas pessoas privadas da liberdade experimentam”. Milagros está agradecida a todos os que a ajudaram de muitas formas a diminuir a dor de estar na prisão. E hoje, com o coração cheio de satisfação, pode nos doar seu sorriso, mesmo estando atrás das grades! Feixes de luz Rabiscos em um crepúsculo qualquer revelam esta história para compreender que esta vida, a nossa vida, não resulta agradável, doce, harmoniosa como as histórias inventadas porque há um sabor de extravagância e confusão, de loucura e sonho como a vida de todos aqueles homens e mulheres amantes da liberdade que continuam de pé, apesar do erro, das derrotas e da traição, a abrir um espaço a estes feixes de luz”. Poesia de Milagros, detenta de Chorrillos. maputo - moçambique projetos de solidariedade FORMAÇÃO ESCOLAR E CRISTà N o índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas de 2013, Moçambique está entre os quatro países do continente africano com maior taxa de incidência de pobreza. Os níveis de escolaridade no país são mínimos, a expectativa de vida é muito baixa e a riqueza que produz, ainda hoje, é escassa. A situação escolar da nossa missão é precária. Há salas com até 80 crianças, EM MAPUTO sentadas no chão por falta de carteiras. Outras crianças assistem às aulas debaixo das árvores. Isso significa que, quando chove, não há aula. Faltam livros, cadernos e material escolar. As crianças mais pobres, por causa dessa situação, não conseguem acompanhar o ritmo dos professores, portanto, são reprovados mais vezes, vendo negado um futuro melhor. CMV implantou um programa A de reforço escolar para 150 crianças pobres, no horário alternativo à escola, em quatro pontos da missão, com a ajuda de 11 professores. Os progressos são visíveis já depois de poucos meses: meninos que não sabiam ler e escrever, agora conseguem fazer isso. A situação de pobreza extrema atinge também a formação cristã das crianças da nossa missão. A maioria delas não tem possibilidade de comprar a Bíblia e a apostila para a catequese e precisam de nossa ajuda para tanto. Colabore com o desenvolvimento escolar, humano e cristão dessas crianças! - 1 apostila para a catequese: 5 reais - 1 Bíblia para a catequese: 15 reais - Kit de livros para o reforço escolar: 50 reais Conta bancária para o projeto “FORMAÇÃO ESCOLAR E CRISTÔ Banco do Brasil S. A. Conta: 20309-2 Agência: 4282-X 13 na escuta da Palavra Foi a mim que o fizestes! Quando o Filho do homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; era estrangeiro, e me recebestes em casa; eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar”. Então os justos lhe perguntarão: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos doente, ou preso, e fomos te visitar?”. Então o Rei lhes responderá: “Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt 25,31-40) 14 O Cristo identifica-se com cada homem e considera feito a si mesmo cada gesto realizado para com o menor dos irmãos. Como você O acolhe? E ste trecho marca a conclusão de toda a atividade pública de Jesus e prepara a passagem para a narração da paixão. Ele confirma e comporta uma mensagem clara e forte: a caridade é o centro da vida cristã. Jesus está circundado pelos discípulos, que estão com ele para escutar sua palavra e aprender seus ensinamentos. Talvez um pouco como nós, eles são motivados mais por preocupações humanas, desejosos de conquistar os primeiros lugares e descobrir como se faz para ser os melhores no seu Reino. O Mestre, sem deter essas aspirações de seus corações, procura abri-los para uma perspectiva diferente que revira todos os critérios de sua lógica humana. A idéia de um juízo de Deus no fim da história era conhecida e cultivada no ambiente judaico. Jesus a propõe de novo, modificando-a na forma e no conteúdo a tal ponto de torná-la nova e original. Quando o Filho do homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso... Uma representação grandiosa do fim dos tempos. Todos os povos estarão diante do grande soberano, divididos em dois grupos, colocados um à sua direita e outro à sua esquerda. A colocação distinta deixa intuir uma sorte diferente, sendo que, pela mentalidade hebraica, a direita é o lado da sorte e da vida, enquanto a esquerda representa o lado do azar. A separação em dois grupos logo cria suspense e desperta a pergunta: qual critério determina a distinção? ...eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber... O que faz a diferença não são, de fato, os títulos, os cargos humanos, a riqueza ou a pobreza, mas algo muito mais comprometedor: o amor concreto para com os últimos, a ajuda dada a quem se encontra na necessidade. Fome, sede, nudez tratam-se de necessidades corporais às quais é pedido ir ao encontro e que Jesus, surpreendendo um pouco a todos, assume como único critério de avaliação. A caridade, celebrada na vida através dos mil aspectos da existência comum de cada dia, feita por gestos simples e compreensíveis para qualquer pessoa, estabelece a diferença determinante no juízo. ...todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes! Jesus considera feito a si até o menor gesto. Identifica-se com todos aqueles que sofrem, unindo indissoluvelmente o amor aos homens e aquele a Deus. No juízo, portanto, resulta determinante a acolhida ou a rejeição do homem em que está presente o Cristo. Uma verdade absolutamente atual que ecoa com a mesma força para você também. Ainda hoje, no mundo, há bilhões de irmãos que têm fome, que vivem em condições de pobreza absoluta, que precisam de alimento, de casa, de roupas. Muitos mendigos vagam em nossas cidades. São irmãos, são filhos de Deus, são o mesmo Cristo que interpela você também e que espera que lhe dê a mão! Como você o acolhe? Na página ao lado: uma família peruana. Em cima, padre Duccio Zeme, italiano, enquanto celebra com os presos de Belo Horizonte, Brasil. À esquerda, mãe com seus filhos em Yopougon (Costa do Marfim). 15 partilhar a fé Como nasceu a escolha de se tornar membro da Pastoral Carcerária? Comecei em Ouro Preto (MG), minha cidade de origem, seguindo os passos da minha irmã mais velha. Quando éramos mais novos, sempre pensávamos com carinho nas pessoas que estavam nos presídios, até que um dia resolvemos fazer algo para elas começando, periodicamente, a visitá-las. Logo que mudei para Belo Horizonte parei de fazer isso, embora sentisse sempre o desejo de continuar. Dez anos atrás uma missionária da CMV convidou-me para participar da Pastoral Carcerária da Arquidiocese, respondendo ao anseio que, há muito, carregava no coração. Faz, então, 16 anos que realizo esse serviço. Atualmente, trabalho com um grupinho de seis pessoas. Somos três homens e três mulheres. Minha família me apoia muito “Sinto todos como meus irmãos” Entrevista com o senhor Antônio, voluntário da Comunidade de BH, há mais de 10 anos membro da Pastoral Carcerária. Embaixo, o Senhor Antônio e sua esposa, Lúcia, no dia do casamento da filha Vanessa 16 nesta pastoral. Minha esposa Lúcia é uma mulher de grande fé e ela também é sensível a tudo que eu vivo na prisão. Em que consistem suas visitas nos presídios? A cada 15 dias, visitamos cerca de 300 jovens, de 18 a 28 anos, no CERESP (Centro de Remanejamento do Sistema Prisional) de Contagem (MG). É um cárcere transitório, onde os jovens ficam no máximo dois meses a espera de serem encaminhados para outras estruturas de reclusão. Encontramo-los no pátio, em dois turnos de uma hora e meia, de 8 às 11h. A primeira coisa que fazemos é oferecer-lhes a nossa escuta. Conversamos bastante com eles, mas, na verdade, mais ouvimos do que falamos. Depois do diálogo, vivemos um momento de espiritualidade: lemos o Evangelho, partilhamos uma pequena explicação e concluímos com a oração do Pai Nosso, rezando de mãos dadas. O canto nunca falta e fica por conta deles, pois gostam muito de entoar cânticos de louvor. Gostaria de mostrar às pessoas que estão lá dentro o outro lado da vida e que o que fizeram pode ser recuperado. Nós não perguntamos qual crime elas cometeram; isso não é o que importa. Nós acreditamos, pela fé em Deus, que não são um caso perdido, mas têm possibilidade de se recuperar. A maioria dos jovens não tem profissão, é semi-analfabeta e está presa por droga e por furto. Entraram no mundo do crime, sobretudo, por causa da desestruturação de suas famílias. Sempre mais percebo o quanto é difícil criar um ser humano fora de uma família que tenha valores. Um levantamento da Pastoral Carcerária, em todo o Brasil, confirma que, também nas outras prisões, a maior parte dos presos tem baixa escolaridade, é negra ou parda, não possuía emprego formal e é usuária de drogas. Percebemos que as pessoas que visitamos gostam de nosso trabalho, admiram-nos e têm muita consideração e confiança em nos. Falam que aquele é o único lugar no mundo onde ninguém gostaria de estar e o fato de irmos lá para estar com eles, torna-os muito agradecidos. Costumamos também entrar em contato com suas famílias, mandando os recados que eles mesmos escrevem. Eles nos dão o telefone de suas casas e nós ligamos dando notícias para os parentes. Depois de conseguir o contato, levamos aos jovens detentos a resposta dos familiares. A maioria deles tem uma companheira e filhos. Eles são muito ligados à família. Conte-nos um pouco sobre a estrutura dos cárceres que visita. As celas são pequenas, a maior é de três metros por cinco. Embora, pela lei brasileira, cada preso tem que ter na unidade prisional, no mínimo, seis metros quadrados de espaço, em cada cela há mais ou menos 15 pessoas. Nas celas menores, de três metros por três, há menos gente: oito ou nove pessoas. As celas contêm apenas beliches, um vaso e um chuveiro de água fria. Não há porta que ofereça privacidade na hora em que se precisa usar o banheiro ou em que se quer tomar banho. A maioria dos reclusos fica deitada ou sentada na cama, porque não há espaço para andar dentro da cela, nem há cadeiras para sentar. Depois de lavar suas roupas, estendem-nas nas grades. As refeições também acontecem dentro da cela. Os alimentos são passados pelas grades. A superlotação é inconstitucional e causa torturas físicas e psicológicas. O problema é complexo, porque a população carcerária no Brasil cresceu quase 30% nos últimos cinco anos. Nos últimos dez anos, o ritmo de crescimento foi mui- Embaixo, o senhor Antônio com mais dois membros da pastoral carcerária, na frente do CERESP, Contagem (BH). to mais acelerado do que no resto do mundo: 71,2% contra 8% da média dos demais países. No presídio eles não fazem quase nada. Jogam baralho, assistem TV ou dormem. Duas horas por dia vão ao pátio para tomar sol. O resto do tempo ficam nas celas. Vinte e duas horas dentro da cela sem fazer nada. Após os primeiros 15 dias de estadia no presídio, as famílias podem fazer as visitas aos sábados e domingos e levar algumas coisas para eles. Tudo passa por uma minuciosa vistoria. Que mensagem gostaria de deixar sobre o mundo dos presídios? Duas mensagens. Para os jovens detentos, uma mensagem de fé e de esperança. Que eles possam reconhecer suas potencialidades de bem e reconstruir suas vidas com a ajuda de Deus, que nos mostra o verdadeiro caminho. Para todas as outras pessoas, ao invés, diria que não tenham medo de se aproximar dessa realidade. Nós cristãos, de fato, temos que responder ao chamado de Deus que nos diz: “Eu estava preso e vieste me visitar” (cf. Mt 25). A Pastoral Carcerária possibilita um serviço muito precioso e gratificante. Não precisa ter receio. Tenho muito prazer de visitar o presídio e há muitas pessoas que precisam de nossa ajuda. No ano passado, a população carcerária brasileira era de 548 mil presos, num universo de 190 milhões de pessoas. A tendência do ser humano é só condenar: “Errou e tem que pagar”. Mas, ajudado pela fé, eu sinto todos como meus irmãos. Sem fé também minha tendência seria só condenar e seguiria a sociedade que empurra para a pena de morte. O trabalho na pastoral carcerária ajuda a ter mais condescendência com as pessoas, a não julgar, a não ser a favor da pena de morte, a não querer fazer justiça com as próprias mãos e a tentar resgatar essas pessoas por meio de nosso convívio com elas. 17 vida espiritual São Francisco e o encontro com o leproso U m dia em que ele orava ao Senhor com todo o fervor, falou-lhe uma voz: “Francisco, tudo o que tu amaste e desejaste possuir segundo a carne, tens agora que o detestar e desprezar, se queres conhecer a minha vontade. Quando o alcançares, o que outrora te parecia encantador e delicioso, ser-te-á insuportável e amargo; e no que antes te causava horror, colherás extrema doçura e suavidade ilimitada”. Confortado por estas palavras e pela graça de Deus, Francisco passeava um dia a cavalo, não longe de Assis, quando se encontrou com um leproso. Ordinariamente, a vista da lepra causava-lhe calafrios. Nesta ocasião ele fez violência a si mesmo: desceu do cavalo, ofereceu uma esmola ao leproso e beijou-lhe a mão; recebido do leproso o beijo da paz, montou de novo e seguiu o seu caminho. Assim começou a vencer-se a si mesmo, tendo chegado, pela misericórdia de Deus, à vitória perfeita. Poucos dias depois, tomando consigo bastante dinheiro, foi ao hospital dos leprosos. Reunidos todos, deu esmola a cada um, beijando-lhe a mão; saindo dali, reconheceu a verdade da promessa divina: o que outrora lhe era amargo, ou seja, a vista e o contato dos leprosos, converteu-se em doçura. De fato, a vista dos leprosos era-lhe antes tão irritante, que não só não os queria ver como não consentia em se aproximar do lugar em que habitavam. E se alguma vez sucedia passar perto dos seus casebres ou vê-los, embora a piedade o levasse a dar-lhes esmola por outra pessoa, desviava sempre a vista e chegava mesmo a tampar o nariz. Mas a graça de Deus tornou-o familiar e amigo dos leprosos, a ponto de, segundo o testemunha o seu Testamento, ficar de bom gosto em sua companhia e de servilos com humildade. Da Lenda dos Três Companheiros (3Comp 11: FF1407-1408) 18 igreja missionária E ntre os dias 26 de novembro e 1º de dezembro de 2013, em Maracaibo, na Venezuela, aconteceu o 4° Congresso Americano Missionário (CAM 4) e o 9º Congresso Missionário Latino-Americano (Comla 9). Os 3.500 participantes, vindos de 24 países, uniram os corações ao redor do tema: “Discípulos missionários de Jesus Cristo, da América em um mundo secularizado e pluricultural”. O lema que acompanhou os dias de reflexão foi: “América Missionária, partilha tua fé”. O Brasil participou com uma delegação de 140 pessoas representantes dos Conselhos Missionários Regionais (COMIRE). Vários países no continente, realizaram congressos nacionais. Nessa perspectiva e em preparação para o Congresso de Maracaibo, o Brasil realizou o seu 3º Congresso Missionário Nacional em julho de 2012, em Palmas (TO). A mensagem final do CAM 4, lida em quatro línguas diferentes, apresentou cinco orientações pastorais que o Congresso assumiu sobre: Discipulado missionário: “empenhamo-nos a agradecer e a expressar o melhor que nos pode acontecer na vida – ter encontrado Jesus Cristo, fazendo-nos discípu- Congresso missionário los missionários e renovando o compromisso e a alegria de tornálo conhecido”; Conversão: conversão eclesial em todos os níveis, a partir da escuta da Palavra que nos leve a uma comunhão eclesial que promova uma pastoral profética que denuncie a injustiça; Secularização: desenvolver uma mudança de atitude e de mentalidade em todas as estruturas humanas; um novo olhar nas relações: evangelizar com rosto humano, incluindo diálogo e respeito com os governantes e as sociedades para Participantes do Congresso Missionário Latino Americano durante um momento de encontro. promover e incidir no desenvolvimento humano, no campo e na cidade em todo o âmbito da vida política, econômica, social, cultural e ecológica. Priorizar a formação em todas as estruturas eclesiais e sociais para adotar esse espírito novo de missionário; Pluriculturalidade: promover a interculturalidade por meio de uma aproximação respeitosa da diversidade que, iluminada pelo Evangelho, leve-nos a promover ações pastorais libertadoras, descolonizadoras, com enfoque no direito e na pertença cultural, revitalizando o anúncio do Evangelho nas comunidades excluídas, empobrecidas e marginalizadas por meio da liturgia inculturada, a formação de agentes pastorais e o compromisso apostólico com a realidade social, política, econômica e cultural. Para que nossos povos indígenas, afros e culturalmente emergentes tenham vida e a tenham em abundância; Missão ad gentes: as Conferências Episcopais, nos próximos cinco anos, assumam um lugar de missão e enviem religiosas, religiosos, sacerdotes e leigos. Para isso devem promover a formação sobre a missão universal para todos os agentes de pastoral por meio de programas de formação. Isso também vai exigir a criação de estruturas econômicas que permitam enviar e receber missionários. A expectativa é de que o CAM 4 - Comla 9 ajude no caminho da conversão pastoral e renovação missionária. A cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, foi escolhida como sede do próximo Congresso, em 2018. 19 notícias a Comunidade de Maputo N (Moçambique), desde o começo do ano, começou a tomar corpo a Fraternidade de Misericórdia. É uma experiência presente, há tempo, no coração da Comunidade Missionária de Villaregia e que agora pode se manifestar visivelmente. De fato, trata-se da escolha de dois missionários e de uma missionária de dedicar, de forma constante e continuada, o próprio tempo e apostolado para as categorias mais pobres da missão. Seu compromisso principal é aquele de viver e expressar uma maior proximidade de misericórdia para com os “pequenos”, os marginalizados e os presos, estando entre eles. Padre Antônio Perretta, italiano, nestes meses começou a pastoral carcerária em alguns presídios da capital, com os presos que vivem em condições quase insuportáveis. Tendo já amadurecido uma experiência anterior nas prisões de Yopougon (Costa do Marfim), padre Antônio é um apoio espiritual entre os presos, mas também uma pre- Em Maputo, nasce a Fraternidade de experiência recémMisericórdia! Uma nascida, sença que, concretamente, tenta assumir suas necessidades mais evidentes. Ao lado dele, também padre Fiorenzo Biasibetti e Emanuela Colussi, ambos italianos, trabalham em contato direto com as famílias mais pobres de uma região periférica da missão, privilegiando as visitas nas barracas, os encontros pela rua, o apoio e a orientação das pessoas na busca de soluções para problemas particulares. Padre Fiorenzo mora habitualmente em uma pequena habitação que se encontra na igreja de São Teodósio, de onde é mais simples alcançar as pessoas que vivem nas áreas mais pobres. Emanuela reside na Comunidade e o alcança toda manhã para desenvolver o mesmo ministério de amor aos últimos. Os três missionários se ajudam a enfrentar problemas e dificuldades e colaboram reciprocamente no ministério específico de cada um. Também agem em colaboração a Fraternidade de Misericórdia inicia na periferia da capital do Moçambique, no meio dos pobres. com o resto da Comunidade, que, de toda forma, está inserida e realiza um ministério de evangelização nas áreas mais pobres da periferia da capital moçambicana Um dia por semana, os três missionários reunem-se na sede da Comunidade para alguns momentos de encontro, de oração, de partilha das diferentes experiências. Para toda a Comunidade este pequeno começo é motivo de um novo elã missionário, na consciência de que não faltarão desafios e problemas, mas também, na certeza de que Deus não deixará faltar a sua presença de Pai providente que guia e orienta cada escolha. Também este broto de vida é dom para a missão e estímulo para todos saírem de si mesmos, para se comprometerem em primeira pessoa com os mais pobres. 20 Como falar de Deus? ui a uma das prisões estaduais F da cidade de Maputo para começar o serviço de assistência espiritual e humanitária aos presos. A prisão é da época colonial e foi pensada para 30 presos. Há mais de 60 deles, em três celas e em um corredor comprido com um metro de largura. prisão que tinha um ar irrespirável por causa do clima abafado... Apesar de tudo, o Espírito Santo atua no coração do homem. Os presos seguiram-me com muita atenção enquanto explicava alguns elementos da missa e durante a celebração. No final da missa, ensinei-lhes a fazer o sinal da cruz. Foram muitos os olhares satisfeitos e os olhos cheios de luz pelo encontro com o Deus de amor, em uma situação difícil e no limite do suportável. Também distribuímos um pedaço de sabão para cada preso: sinal tangível daquele Deus amor. Depois de alguns dias, enquanto caminhava pela prisão, cumprimentando os presos, um jovem aproximou-se de mim e me pediu para conversar. Estava ocupado nas visitas aos doentes e lhe pedi que esperasse um pouco... mas acabei por atendê-lo uma hora depois, porque, entre uma coisa e a outra, o tempo fugiu. Pensei que não o encontraria mais, mas ele fielmente esperou-me embaixo de uma árvore. Achava que quisesse falar-me pessoalmente para me pedir uma ajuda material, como frequentemente acontece em uma situação de pobreza como aquela que se encontra nos presídios. Ao invés, não! O jovem é um católico que desejava pedir perdão a Deus pelo erro que o levou para dentro da cadeia. Que confissão linda: direta, clara, simples, com poucas palavras sem se defender, mas apenas se reconhecendo pecador diante da misericórdia de Deus. Quando estendi a mão sobre a sua cabeça para abençoá-lo percebi que, naquele humilde canto do mundo, estava descendo o céu sobre a terra: o perdão do Pai misericordioso que “faz novas todas as coisas”. Pe. Antonio Perretta À esquerda, Sandra Chaves, missionária de Belo Horizonte (MG), com um grupo de crianças moçambicanas. Na página ao lado: padre Antonio Perretta, padre Fiorenzo Biasibetti, Emanuela Colussi, italianos. Embaixo, padre Antonio entre os presos de uma das cadeias de Maputo (Moçambique). Dormem dois por cama, divididos nas três celas, o que significa cerca de 20 em cada uma. Quem não cabe nas camas, fica no chão. A cela é de 3 metros de largura por 4 de comprimento. Quando cheguei, acolheram-me com a curiosidade típica de quem quer entender quem é o outro e o que deseja fazer. Os católicos são três, mas quase todos os presos decidiram participar da celebração da missa que vivemos depois de um momento de conhecimento recíproco e de diálogo. Como falar de Deus a quem vive na miséria? Como falar de um Deus amor a quem luta para sobreviver? Como celebrar a alegria da fé entre quatro paredes sujas de uma prisão da periferia do mundo? Com essas perguntas na cabeça e no coração, fiquei umas três horas naquela 21 O Evangelho chega à praia Os jovens da comunidade de São Paulo, durante a atividade de evangelização. o primeiro final de semana do N ano, a praia da cidade de São Vicente, na baixada Santista, foi to- mada pelas ondas da alegria de cerca de 60 jovens, protagonistas de uma experiência de evangelização junto com alguns missionários e missionárias da CMV de São Paulo. Cantos, danças, teatro e jogos encantaram tantas famílias, surpreendidas na praia pelo anúncio de fé, e revelaram-se instrumentos simples e eficazes para anunciar o amor de um Deus que está perto e cuida de cada filho. A acolhida fraterna de Padre Valdeci João dos Santos, pároco da paróquia São Vicente Mártir, e a intercessão contínua de um grupo de leigos, reunidos em oração numa tenda montada na praia, deu aos jovens a possibilidade e a coragem de partilhar aquela fé que mudou suas vidas. Significativo foi também o encontro com os moradores de rua, com os quais os jovens missionários partilharam seu testemunho e uma refeição. A partilha do alimento, fruto de renuncias pessoais, permitiu a Deus multiplicar mais uma vez os “cinco pães e dois peixes”, deixando todos alegres pela possibilidade de amar e ser amados. Primeiros votos José Luiz Pereira e Giani Aparecida de Oliveira Pereira celebraram o primeiros votos, na comunidade de San Paolo, o dia 26 de outubro 22 Almir Zanforlin Minozi e Maria do Carmo Gatti Minozi celebraram o primeiros votos, na comunidade de San Paolo, o dia 26 de outubro Chegadas e partidas Paolo Porcu, no mês de março, uniu-se à Comunidade de Belo Horizonte. Patrícia Machado Cunha, no mês de fevereiro, uniu-se à Comunidade de Belo Horizonte. Alex Sandro da Silva Bernardo, no dia 22 de julho, deixará a comunidade de Belo Horizonte para alcançar a de São Paulo. Andreia Luciene Silva despediu-se da comunidade de Quartu, Itália, para alcançar os irmãos de Yopougon (Costa do Marfim). Fabiana da Silva Barbosa, da Itália foi para Maputo, Moçambique. #UPWAY AGENDA Três dias Três dias de espiritualidade, formação e amizade, para jovens. BH: de 17 a 19 de outubro Jeshuá Final de semana de evangelização, para jovens. BH: 28 a 30 de novembro SP: 29 a 31 de agosto Bodas de Caná Final de semana de evangelização para casais. BH: 26 e 27 de julho 1 e 2 de novembro SP: 8 a 9 de novembro Emaús Final de semana de evangelização para adultos BH: 20 e 21 de setembro SP: 15 a 16 de novembro Formação à afetividade e à sexualidade Final de semana de encontro, para jovens. BH: 16 e 17 de agosto Dabar Final de semana sobre a Palavra de Deus, para jovens. SP: 6 e 7 de setembro Pizza Solidaria BH: 8 de agosto 23 AJUDE-NOS... A AJUDAR! UMA ALTERNATIVA AOS PRESENTES TRADICIONAIS Nas festas de família, você pode suscitar ao seu redor gestos de partilha. No lugar de ser presenteado com algo tradicional, você pode sugerir a seus amigos que colaborem com nossos projetos de solidariedade, como o que se encontra na página 17 desta revista. UMA PARTILHA QUE NÃO TEM FRONTEIRAS Se você quiser sustentar as obras de evangelização e de promoção humana da Comunidade Missionária de Villaregia, no Brasil e no mundo, contribua com uma oferta livre, utilizando o boleto bancário em anexo ou fazendo um depósito nas contas abaixo. Belo Horizonte - MG Rua Canoas, 461 Betânia - 30580-040 Telefax: (31) 3383 1545 [email protected] Ônibus: 5250, 7110, 7120, 22 Para doações: Banco Bradesco - 237 Agência 2900-9 Conta corrente 3527-0 Embu Guaçu - SP Rod. José Simões Louro Jr. 3100 Km 34,5 - Itararé - 06900-000 Telefax: (11) 4661 2539 4661 2267 [email protected] Ônibus: intermunicipal Embu Guaçu - Vila Louro Para doações: Banco Bradesco, Agência 1988-7 Conta corrente 13753-7 Outras informações www.cmv.it PARA USO DO CORREIO MUDOU-SE ENDEREÇO INSUFICIENTE NÃO EXISTE O Nº INDICADO FALECIDO DESCONHECIDO RECUSADO AUSENTE NÃO PROCURADO OUTROS:_______________________ _____________________________ INFORMAÇÃO PRESTADA PELO PORTEIRO OU SÍNDICO REINTEGRADO AO SERVIÇO POSTAL EM ___/___/___. DATA: RUBRICA: REVISTA SEMESTRAL - JUlHO 2014 - ANO 10 - nº 23 O SEU IMPOSTO DE RENDA GERA SOLIDARIEDADE Faça uma doação para o Centro de Acolhida Betânia, em Belo Horizonte, e deduza o valor no seu imposto de renda. Diariamente, o Centro acolhe 220 crianças e adolescentes, promovendo a melhoria de suas condições sociais, humanas e econômicas, assim como de suas famílias. Pessoas físicas poderão doar e abater até 6% do imposto de renda, enquanto pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real poderão doar e abater até 1% do imposto de renda devido. Para colaborar e saber como proceder, ligue ou escreva para o endereço de Belo Horizonte abaixo.