TRABALHO DE CONDICIONAMENTO DE ENERGIA SETEMBRO/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ ENGENHARIA ELÉTRICA ARMAZENADORES DE ENERGIA Fabíola Canella Campos – 18919 Lívia de Magistris M. Andrade – 22331 Raphael Alves Brochado – 18965 Pâmela Santiago Leitão – 22073 Valéria Nunes Costa – 20897 Maíra Ribas Monteiro – 22576 Bruna Gonçalves Dos Santos – 21662 Matheus Lasmar Pereira – 24494 Professor: Ph.D. José Maria de C. Filho Instituto de Sistemas Elétricos e Energia (ISEE) Resumo - Este artigo apresenta conceitos sobre as várias formas de armazenar energia. É feita uma análise comparativa para definir qual armazenador se aplica melhor a determinada situação. Os armazenadores podem melhorar a qualidade de energia entregue à carga além de promover o aumento da confiabilidade do sistema elétrico. É destacada também a importância dos armazenadores em Smart Grids. Palavras-Chave: Armazenadores, qualidade de energia, confiabilidade do sistema elétrico, Smart Grids. I – INTRODUÇÃO O papel básico de armazenamento de energia é o mesmo em todas as aplicações: absorver a energia gerada e para se descarregar em um momento posterior, fornecendo energia. No entanto, a escolha do meio de armazenamento para cada aplicação é fortemente influenciada pela potência e duração necessárias [1]. A classificação do melhor armazenador de acordo com cada aplicação, leva em conta, entre outras, as seguintes características: capacidade de armazenamento, energia específica, potência específica, tempo de recarga, auto descarga, eficiência, vida útil, ciclos de carga/descarga, custo entre outras, detalhadas a seguir [2]. Capacidade de armazenamento: Representa a quantidade de energia elétrica possível de ser armazenada. Utiliza-se o watt hora (Wh) como unidade padrão. Energia específica: A energia elétrica armazenada por unidade de massa (Wh/kg). Potência específica: A potência elétrica armazenada por unidade de massa (W/kg). Eficiência: Representa a porcentagem da energia armazenada que efetivamente será transformada em trabalho. Tempo de recarga: É taxa com a qual a energia será armazenada até o sistema estar completamente carregado. Alguns sistemas levam 10 horas para se descarregar e 14 horas para se recarregar. Auto descarga: Indica o tempo necessário para o sistema de armazenamento se descarregar quando não está sendo utilizado. Esta perda de carga acontece devido às correntes de fuga e dissipação de calor. Vida útil: Expressa a durabilidade do sistema e varia de acordo com a tecnologia empregada e a intensidade do uso. Ciclos de carga e descarga: O número de vezes que o sistema de armazenamento de energia pode ser carregado e descarregado sem alterações significativas na sua capacidade de armazenamento. Custo: Representa o custo por quilowatt hora para projetar, especificar, preparar o local da instalação e instalar um sistema de armazenamento de energia. Com intuito de estruturar as informações adquiridas no levantamento bibliográfico, este artigo se divide em 5 capítulos. O presente capítulo refere-se à introdução do trabalho, abordando o papel dos armazenadores de energia e descrevendo como deve ser realizada sua classificação. O segunto capítulo apresenta os tipos de armazenadores como baterias, capacitores, supercapacitores, supercondutores, volante de inércia, outros (sistemas hidrícos e bombeamento, ar comprimido, hidrogênio). Os principais 1 conceitos sobre estes tipos serão abordados, com exceção das baterias que não faz parte do tema desse trabalho. (1) Onde: O terceiro capítulo aborda as principais aplicações dos armazenadores: controle da taxa de variação de MW/min em energias renováveis, sistema auxiliar de alimentação, regulação da frequência, gerenciamento dos picos de demanda, controle de tensão, qualidade de energia e automóveis. Também trata dos níveis de integração dos mesmos na rede elétrica. C: capacitância (F); Q: carga elétrica (C); V: tensão (V). Sua energia pode ser representada pela equação (2): ( ) No quarto capítulo é feita uma análise comparativa entre os tipos de armazenadores com intuito de ressaltar as vantagens e desvantagens dos mesmos. ( ) (2) Onde: O oitavo capítulo apresenta as principais conlusões obtidas com esse trabalho. E: energia amazenada (J); C: capacitância (F); v(t): tensão (V). II – TIPOS DE ARMAZENADORES II.1.3 – Aplicações II.1 - Capacitores Os capacitores descarregam sua carga rapidamente podendo em um curto período de tempo estabelecer alguns milhares de volts, este funcionamento é aplicado às lâmpadas flash das câmeras [4]. II.1.1 – História O primeiro capacitor foi construído em 1746 pelo físico holandês Pieter van Musschenbroek, na Universidade de Leyden, na Holanda. Este capacitor era constituído por uma garrafa de vidro, preenchida por água ou outro líquido. Uma rolha era usada como tampa, a qual passava um condutor que entrava em contato com a água. Esta garrafa é conhecida até hoje como a Garrafa de Leyden [3]. Bancos de capacitores são usados para prover potência reativa, corrigindo o fator de potência, reduzindo perdas e sustentado a tensão do sistema. Outra função importante é o uso de capacitores shunt no sistema para diminuir a corrente, regulando, assim a tensão. II.1.2 – Princípio de Funcionamento Em sistemas de corrente contínua, os capacitores podem uniformizar a tensão absorvendo os picos das oscilações injetando sua carga armazenada para o sistema, eliminando as ondulações [6]. Os capacitores ou condensadores são dispositivos passivos utilizados em circuitos como filtros e acumuladores de energia. Consistem basicamente de dois eletrodos metálicos paralelos isolados por um material dielétrico (ou isolante) que não conduz eletricidade e impede que as placas entrem em contato uma com a outra. Nos dias atuais existem dois tipos de capacitores, o eletrostático e eletrolítico sendo o primeiro podendo ser fixo ou variável [4]. A Fig. 1 representa o modelo do capacitor. II.2 - Supercapacitores II.2.1 - História Também conhecidos como ultra-capacitores, capacitores eletroquímicos, ou de dupla camada, foram descobertos em 1789, quando o físico alemão Hermann Ludwig Ferdinand comprovou que a distância entre cargas positivas e negativas em um eletrodo também acontece em nível molecular. Em 1957, o primeiro supercapacitor baseado neste mecanismo de dupla camada foi registrado pela General Electric. Este capacitor usava um eletrodo de carbono muito poroso, cuja densidade de carga permitiu o desenvolvimento de tecnologias que possibilitaram atingir altos valores de energia específica da ordem de 40 Wh/kg. Fig.1 – Modelo de Capacitor [4] II.2.2 - Princípio de Funcionamento Capacitância é uma medida de quantidade de carga que o capacitor pode armazenar em suas placas. É a propriedade de um circuito que causa a oposição às mudanças de tensão [5]. Expressa em forma de equação, a capacitância é definida por (1): Assemelham-se a uma bateria, pois possuem eletrodos espaçados e imersos em substância eletrolítica, como mostra a Fig. 2. Armazenam energia por meio de carga estática e são recarregados aplicando uma diferença de 2 potencial em seus terminais. Seus eletrodos são feitos por poros da ordem de nanômetros [7]. supercapacitores armazenam energia vinda da frenagem e a liberam nas arrancadas, transferindo potência ao motor. II.2.4 - Limitações Como cada supercapacitor possui uma tensão média de 2,5 V, é necessária uma conexão em série quando desejase altas tensões. Além disso, a tensão varia de acordo com a energia armazenada. II.3 - Supercondutores II.3.1 - História Fig.2 – Construção básica do capacitor de dupla camada [7] A supercondutividade é a capacidade que determinados materiais, como alguns metais e cerâmicos, possuem quando são esfriados a temperaturas muito baixas (criogênicas) apresentando resistência baixíssima com pequenas perdas. Este fenômeno foi descoberto em 1911 pelo físico Heike Kamerlingh Onnes, ao observar o comportamento da resistência elétrica do mercúrio que desaparecia ao ser submetido a uma temperatura de 4 K, que equivale a -269,15 ºC, conforme ilustrado na Fig.3. Ocorre à expulsão de campos magnéticos estáticos do seu interior (diamagnetismo perfeito), fenômeno conhecido como efeito de Meissner, quando a temperatura inferior a temperatura crítica. O desempenho do supercapacitor depende da capacitância específica do eletrodo em F/g ou F/cm³ e da condutividade da substância eletrolítica. As equações utilizadas são as mesmas que em um capacitor comum. A capacitância específica depende da polarização de material e se o eletrólito é aquoso (feito de carbono) ou orgânico. Material aquoso tem alta capacitância específica, em quanto orgânico tem alta tensão de operação, como mostra a Tabela 2. TABELA 2 – CAPACITÂNCIA ESPECÍFICA [2] Aquoso Orgânico Capacitância específica (F/g) 75-175 40-100 Tensão de operação (V) 1,0 2,5 Em sua construção são usados materiais como carbono ativo, fibras de carbono ou óxido de Rutênio ( ), que permitem altos valores de capacitância, na ordem de farads, e não micro ou nanofarads, como é comum em capacitores. Fig. 3- Experimento de Onnes [9] II.2.3 - Aplicações Mas, o Sistema de Energia Armazenada por Supercondutores (SMES) foi proposto para sistemas de potência em 1970. Tiveram um tratamento especial para aplicações com utilidades públicas, incluindo as forças armadas, devido a sua rápida resposta e eficiência elevada na carga e descarga [9]. Os supercapacitores são divididos pela ordem de sua capacitância. Na eletrônica são encontrados valores de 0,05 a 100 F, enquanto que supercacitores de 100 a 5000 F são mais usados em veículos e equipamentos de condicionamento de energia elétrica [2]. II.3.2 - Princípio de Funcionamento Eles encontram seu emprego em um número crescente de aplicações para o armazenamento de energia de curta duração, inclusive naquelas que requerem pulsos intermitentes de alta energia [8]. O SMES consiste em armazenar energia no campo magnético de uma indutância. Esse surge através da passagem da corrente contínua pela bobina de N espiras supercondutoras, a qual pode circular durante um longo tempo em circuito fechado. Sua energia pode ser representada pela equação (3): São largamente utilizados em processos industriais. Algumas aplicações típicas são flashes fotográficos e veículos de transporte público, como trens e metrôs, onde os ( ) 3 ( ) (3) Onde: E: energia amazenada (J); L: indutância (H); i(t): corrente (A). A partir do controle de tensão é possível controlar a carga e descarga, ao aplicar tensão negativa e positiva, respectivamente, sendo que as correntes devem estar no mesmo sentido de polarização. O sistema SMES incorpora uma operação na condição “espera” quando a média é zero, tendo por resultado uma corrente média constante da bobina [10]. A Fig. 4 exemplifica diagramas esquemáticos monofásico e trifásico. Fig. 4 – (a) Monofásico (b) Trifásico [2] Fig.5 – Diagrama funcional de um regulador de tensão [11] II.4 – Volantes de Inércia II.4.1 – História O princípio aplicado aos volantes de inércia é utilizado (ainda que de forma inconsciente) desde a invenção da roda, pois uma vez que se coloca uma roda em movimento, ela desloca-se aproveitando sua inércia. II.3.3 - Topologias Os SMES possuem diferentes topologias, sendo constituídos por supercondutores com baixa (LTSC) ou alta (HTSC) temperatura crítica, podendo fornecer potência da ordem de 1 até 5000 MW, atuando com tempos na faixa de alguns segundos até horas. HTSC possui necessidade de resfriamento menor que LTSC. Contudo, para construir um LTSC necessita-se de uma quantidade superior de material supercondutor para obter a mesma indutância [2]. Desta forma, a aplicação desse princípio pode ser vista em diversas áreas desde muito tempo. Os moinhos de vento, por exemplo, trabalhavam sob tal princípio. Flywheel, era o nome dado as rodas pesadas que faziam parte de algumas máquinas rotativas, que tinham a função de manter a regularidade do movimento, que foram amplamente utilizadas durante a Revolução Industrial. Na década de 70, esta tecnologia foi utilizada no processo de enriquecimento de urânio, e a partir de então o volante de inércia passou a ser visto como uma alternativa interessante para armazenamento de energia [2]. II.3.4 - Aplicações Pode-se utilizar SMES para atenuar variações de curta duração, como afundamentos de tensão, interrupções momentâneas garantindo a qualidade de energia, assim como melhoria de potência. Além de ser aplicada na transmissão de energia, há outras como, levitação magnética para os trens balas, aceleradores de partículas, controle de sistemas de potência (estabilidade de tensão, estabilidade dinâmica e transitória de sistemas, regulação de frequência). Porém, ainda possui como maior desafio o custo para implantação. II.4.2 - Princípio de Funcionamento Capazes de armazenar energia na forma cinética, que pode ser convertida em energia elétrica quando necessário. As baterias mecânicas, também conhecidas como flywheel ou volantes de inércia, consistem basicamente em uma massa inercial que gira em grandes velocidades, ou seja, a massa se distribui em torno de um eixo de rotação. Quanto maior mais difícil será colocá-lo em movimento, e se já estiver em movimento mais difícil pará-lo e à medida que a massa se distância do eixo de rotação, maior será o momento de inércia. As equações (4) e (5) representam o momento de inércia I (kg.m²) e a energia armazenada E (J). A Fig.5 representa uma aplicação do SMES, que consiste em uma bobina supercondutora que contém 3 MJ de energia armazenada, a fim de manter a estabilidade do sistema. ( ) 4 de vidro ou de carbono. Constituem conjuntos mais leves e compactos e são capazes de fornecer energia por horas [2]. ( ) Onde: II.4.4 - Aplicações m: massa (kg); R: distância do eixo de rotação (m); ω: velocidade angula (rad/s). Recentemente os de volantes de inércia possuem aplicações espaciais. Na estação espacial internacional, por exemplo, há um sistema de 6,5 kW, de 130 a 170 V, de corrente contínua. Também tem sido aplicado em modernos sistemas eólicos, contribuindo para estabilizar a variabilidade na geração de energia, característica destes sistemas [12]. O armazenamento de energia através dos volantes de inércia pode ser melhorado aumentando-se o momento de inércia do volante, ou a velocidade do mesmo, ou ainda, ambos. Devido ao arrasto do ar e ao atrito dos rolamentos, há perdas, que podem ser significativas, tonando-se problemas para o armazenamento de energia em longo prazo [2]. Nas centrais produtoras de energia elétrica, utiliza-se desta tecnologia para armazenar a energia excedente que está sendo gerada (fora do horário de pico), o que contribui para o aumento da eficiência da central geradora e reduz a emissão de poluentes, no caso das termoelétricas. Estes sistemas são capazes de fornecer à rede a energia armazenada em momentos de altas demandas (horários de picos). Flywheels podem contribuir, quando dispostos estrategicamente, a fim de não sobrecarregar as linhas de transmissão, inclusive, reduzindo o efeito Joule nas mesmas [10]. A fim de melhorar o desempenho dos mesmos em alguns projetos utilizam-se cilindros ocos de forma que a massa se concentra na extremidade do volante, desta forma além de se conseguir maior eficiência no armazenamento de energia, diminui-se o peso do volante, o que se faz necessário em algumas aplicações. Uma alternativa para o aumento da eficiência das baterias eletromecânicas é operá-las em alta velocidade, quando possível. Para eliminar a resistência do ar, os volantes de alta rotação são operados em encapsulamento a vácuo, mancais magnéticos também são usados para diminuir as perdas por atrito, inclusive rolamentos magnéticos do tipo supercondutores já estão sendo empregados para essa finalidade [10]. Além disso, os volantes de inércia são utilizados para promover a qualidade de energia, por controlarem a frequência, minimizando os impactos causados pelos desbalanços que podem ocorrer em virtude das variações bruscas entre oferta e demanda, contribuindo para o aumento da estabilidade do sistema [2]. II.5 - Outros Como principais vantagens deste sistema destacam-se seu menor custo de aplicação e operação, o fato de apresentarem alta vida útil e a mesma não ser afetada por condições adversas de temperaturas e a elevada capacidade de liberarem potências instantâneas e suportarem bem inúmeros ciclos de carga e descarga. Além disso, não apresentam problemas ambientais quando comparados às baterias. Um dos maiores problemas desse sistema é o fato dele armazenar energia em uma forma diferente da que será utilizada, devendo ser considerados os rendimentos dos conversores, e o fato de requerer altos investimentos iniciais. Atualmente no cenário mundial, grande parte do excesso energia é armazenado em sistemas hídricos de bombeamento, mas novas tecnologias de médio e longo prazo estão em desenvolvimento e aperfeiçoamento. II.5.1- Sistemas hídricos de bombeamento A grande maioria dos armazenamentos em grande escala é feita com sistemas hídricos de bombeamento. Estes sistemas aproveitam o excesso de energia no período de carga leve para bombear a água para um potencial geográfico elevado criando assim uma grande bateria. Em momentos de maior demanda a água pode ser turbinada fornecendo energia para o sistema. II.4.3 – Topologias Duas topologias que vem sendo aplicadas para solução de problemas de qualidade da energia elétrica: Low Speed Flywheels (LSF) são caracterizados basicamente pela baixa rotação de trabalho, da ordem de até 6000 rpm. E que necessitam de um maior momento de inércia, por isso possuem maior quantidade de massa. Geralmente são feitos de aço, e maiores raios, constituindo sistemas robustos, e pesados capazes de fornecer energia por um intervalo de tempo de 10 a 50 s. E os High Speed Flywheels (HSF) que são volantes de alta velocidade, (na ordem de 10000 rpm. São fabricados geralmente em fibra São sistemas que requerem alto investimento e são limitados por necessitarem de um grande reservatório, que é mostrado na Fig. 6. 5 Fig. 6 – Sistema Hídrico de Bombeamento [13] II.5.2- Armazenamento em Ar Comprimido CAES Fig. 8 – Armazenamento em hidrogênio [14] Quando a oferta de energia elétrica é maior do que a demanda, o ar é comprimido e armazenado no subsolo. Caso a demanda excede a oferta uma turbina a gás é acionada [14]. Todas as turbinas a gás trabalham com o Ciclo Brayton que é necessário ar comprimido e uma fonte de calor, podendo ser de origem solar como uma antena de concentração ou a partir da queima de biocombustíveis. Muitos projetos de CAES utilizam domos de sal, minas desativadas e cavernas. O argumento mais forte para o armazenamento de energia em hidrogênio é a sua extrema versatilidade. Ele pode ser armazenado e utilizado diretamente em carros, na produção de energia através de motores ou células combustível, como um produto químico primário de muitos produtos, etc. Além disso, representa uma importante opção livre de CO2 e oferece uma capacidade de armazenamento sazonal de longo prazo e flexibilidade para descarregar a energia armazenada, onde e quando ela é mais necessária. A eficiência destes sistemas pode ser aumentada na medida em que seja possível criar uma câmera de armazenamento adiabática capaz de armazenar o ar e o calor produzido no processo de compressão (em torno de 650°C). Na Fig. 7 é mostrado um esquemático do sistema. III – PRINCIPAIS APLICAÇÕES III.1- Controle da taxa de variação MW/min – Renováveis O aumento constante do consumo de energia e a crescente dificuldade na utilização dos combustíveis fósseis, devido às suas disponibilidades serem finitas, provocam reflexões para que o desenvolvimento tecnológico possa continuar sua evolução. Contudo, considera-se a utilização de energias renováveis, as quais necessitam de sistemas armazenadores de energia para aumentar a confiabilidade do sistema devido aos fatores climáticos. Posto que os recursos naturais tais como o sol e o vento não são contínuos, é preciso que um sistema de armazenamento de energia seja acoplado à central geradora, armazenando a energia gerada no período mais produtivo, visando o suprimento da rede quando os ventos não forem favoráveis. Fig. 7 – Sistema CAES [13] O sistema de armazenamento de energia suaviza a saída e controla a taxa de variação MW/min para eliminar oscilações rápidas de tensão e de potência na rede elétrica [1]. II.5.3.- Armazenamento em hidrogênio Outra forma de armazenar energia é utilizando o hidrogênio. O excedente de energia renovável de fontes intermitentes como o sol e o vento pode ser convertido em hidrogênio, por meio da eletrólise [14]. O eletrolisador separa água pura em hidrogênio e oxigênio, utilizando a corrente elétrica vinda da geração a partir das fontes renováveis. A Figura 8 mostra a aplicação do hidrogênio em diferentes segmentos após ser separado do oxigênio. III.2 - Sistema auxiliar de alimentação para cargas críticas Os armazenadores de energia também são utilizados como um sistema auxiliar de alimentação, quando há ausência da alimentação principal. Em aplicações críticas tais como hospitais e aeroportos, nas quais a interrupção de 6 energia resulta em danos e prejuízos para seus usuários, eles são imprescindíveis. Dependendo da aplicação, o sistema pode fornecer energia em milésimos de segundos ou minutos, mantendo a continuidade no fornecimento de energia. III.5- Controle de tensão III.3 - Regulação da frequência III.6 - Qualidade de energia O sistema de armazenamento de energia é carregado ou descarregado de acordo com o aumento ou diminuição, respectivamente, da frequência de rede, como mostra a Fig. 9. Para um baixo carregamento do sistema, a frequência tende a aumentar e nesse momento o armazenador absorve potência, se carregando. Por outro lado, para um alto carregamento do sistema, a frequência tende a diminuir e o armazenador injeta potência no sistema, se descarregando. A maioria dos distúrbios do sistema são temporários, não excedendo a 3 segundos. Desta, forma, um sistema de armazenamento de energia pode ajudar a proteger cargas contra eventos de curta duração que afetam a qualidade da energia entregue. Quando há um distúrbio na rede, os armazenadores passam a fornecer energia elétrica. Um sistema de armazenamento de energia pode ajudar a manter a tensão de rede através da injeção ou consumo de potência ativa e reativa. Por exemplo, durante um afundamento momentâneo de tensão (AMT), os armazenadores são capazes de suprirem de forma parcial ou completa a energia não fornecida pela fonte principal de alimentação. III.7 – Automóveis Em carros elétricos, metrôs e trens eles são utilizados na aceleração e frenagem regenerativa. III.8 – Níveis de integração na rede Os sistemas de armazenamento de energia (ESS) podem ser integrados em diferentes níveis do sistema de energia elétrica, como mostra a Fig. 10: Geração: controle da taxa de variação MW/s (eólicas, solares), regulação de frequência; Transmissão e Distribuição: Controle dos níveis de tensão, qualidade de energia; Clientes: gerenciamento da demanda, sistema auxiliar de alimentação. Fig.9 –Regulação de Frequência [1] III.4 Gerenciamento dos picos de demanda Outra aplicação é no gerenciamento de demanda por parte de algumas empresas nos horários de pico, de forma a evitar o pagamento de multas por ultrapassagem dos limites contratados [2]. Com isso há economia nas contas de energia. 7 Fig.10 – Aplicações típicas de armazenamento de energia [1] IV – ANÁLISE COMPARATIVA A Fig. 11 no final da página apresenta o tempo de descarga da energia amazenada das diferentes tecnologias e a potência para cada uma delas. A comparação entre as diferentes formas de armazenamento de energia é necessária para classificar qual possui melhor desempenho para uma determinada aplicação. Esta comparação é feita a partir de alguns parâmetros, que podem ser observados na Tabela 3. Observa-se que as tecnologias de baixa autonomia por outro lado podem fornecer maior potência [2]. IV.1 - Vantagens e desvantagens TABELA 3 - ANÁLISE COMPARATIVA [2] Volantes de inérica Volante de inércia Bateria Chumboacida Supercapacitor Supercondutor Auto descarga (por dia) 20 – 100% 0,1 – 0,3% 2 - 40% 10 – 15% Energia específica [Wh/Kg] 5 - 100 0,1 - 5 4 - 75 Potência específica [W/kg] <1.600 <400 50 – 10.000 1.000 – 100.000 Eficiência 80 - 90% 81 – 94% 85 – 100% 90 – 99% Tempo de recarga Segundos a minutos 10x o tempo de descarga 0,3 – 30 segundos Segundos a horas Vida útil (anos) >20 3 - 15 >10 20 Ciclos completos >105 100- 1.500 105 − 5𝑥105 100.000 Confiabilidade Alta Moderada Alta Alta Manutenção Moderada Moderada/Alta moderada Alta Faixa de temperatura de operação Extensa Estreita Extensa Restrita Impacto Ambiental Baixíssimo Nociva Nocivo Baixo Custo [€/KWh] 700 – 1000 50 – 150 50000 – 150000 800 – 1800 35 – 40 Vantagens: esta tecnologia apresenta uma alta energia específica (100 Wh/Kg para rotor de material composto) [2], o que é vantajoso para sistemas que possuem esta necessidade. Também é indicado para aplicações onde o número de ciclos é determinante. Dentre os armazenadores citados é o que possui maior vida útil, que agregada a manutenção simples pode torná-lo uma boa escolha. Além disso, possui alta confiabilidade, baixíssimo impacto ambiental e opera em extensa faixa de temperatura. Desvantagens: a taxa de auto descarga é alta, o que torna o volante de inércia inapropriado para armazenamentos a longo prazo [13]. Apresenta custo relativamente alto, entretanto avanço nas tecnologias tem melhorado sua viabilidade econômica. Baterias Vantagens: as baterias possuem menor auto descarga causadas por correntes de fuga, o que as tornam apropriada para armazenamento a longo prazo [13]. São indicadas, por exemplo, para falhas de longa duração [15]. Além disso, possuem o menor custo entre os armazenadores citados. Desvantagens: a potência específica é baixa, assim como a vida útil, sendo a última afetada pelo ciclo de carregamento e descarregamento. Logo, as baterias não são apropriadas para aplicações com alto número de ciclos. Devido a liberação de gases durante a recarga, se faz necessário ventilação adequada, além de haver risco de explosão [2]. Sua baixa impedância é causa de alta corrente de curto circuito. Além disso, são nocivas ao meio ambiente, operam em uma estreita faixa de temperatura e possui alto tempo de recarga. Supercondutor Vantagens: os supercondutores possuem a maior potência específica entre os armazenadores citados e uma alta energia específica [15]. Possuem alta eficiência, alta confiabilidade, vida útil relativamente alta e causam baixo impacto ambiental. Desvantagens: esta tecnologia opera em faixa restrita de temperatura (temperaturas criogênicas), por isso, há a necessidade de um sistema de refrigeração [2]. Necessita ainda de considerável espaço de instalação e alta manu- Fig. 11 - Autonomia e faixa de potência [2] 8 VI – REFERÊNCIAS tenção. Seu custo ainda é elevado e vale ressaltar que a longa exposição ao campo magnético pode ser nociva à saúde. [1] ABB. Energy Storage Keeping smart grids in balance, 2012. [2] OLIVEIRA, R.R. Uma contribuição á análise de soluções para mitigação de afundamentos momentâneos de tensão. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), Itajubá, 2013. [3] Uol Educação. Física, Capacitores Armazenam Energia. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/ disciplinas/fisica/capacitores-capacitores-armazenam-ene rgiaeletrica.htm> [4] BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuito, 10.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004. 271, 821 p. Acesso em: 25 ago. 2014. [5] CUTLER, P. Análise de Circuitos CA, 1.ed. Rio de Janeiro: Editora McGraw-Hill do Brasil Ltda., 1979. 351 p. [6] DUGAN, R. C.; MCGRANAGHAN, F. M.; SANTOSO, S.; Beaty, H. W. Electrical Power System Quality, 2.ed. New York: McGraw-Hill Professional, 2012. 580 p. [7] Al Fin. Supercapacitors vs. batteries: an electrifying race. Disponível em: <http://alfin2100.blogspot.com.br /2006/01/supercapacitors-vs-batteries.html>. Acesso em: 01 set. 2014. [8] Saber Eletrônica. Substituição de baterias por (supercapacitores + carregador) em aplicações eletrônicas. Disponível em: <http://www.sabereletronica .com.br/artigos/2371-substituio-de-baterias-por-supercap acitores-carregador-em-aplicaes-eletrnicas>. Acesso em: 01 set. 2014. [9] RAGEL, Everton. A supercondutividade. Disponível em: <http://profevertonrangel.blogspot.com.br/2012/03/ supercondutividade.html>. Acesso em: 25 ago. 2014. [10] FILHO, S.A. Análise de controladores eletrônicos em sistemas de distribuição. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista (UNESP). 2005. [11] ClimateTechWiki – A Clean Technology Platform. Energy Storage: Superconducting magnetic energy storage (SMES). Disponível em: <http://www.climatetech wiki.org/technology/jiqweb-ee>. Acesso em: 07 set. 2014. [12] SILVA, F.L. Análise do desempenho de uma microrrede com múltiplas unidades de geração distribuída. Dissertação de Pós-Graduação. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Vitória. 2011. [13] EUROPEAN COMMISSION. The future role and challenges of Energy Storage. DGENER Working Paper, 2013. [14] EASE; EERA. Joint EASE/EERA recommendations for a European Energy Storage Technology Development Roadmap towards 2030. 2013. [15] RIBEIRO, M.R. Sistema armazenador de energia cinética – SAEC estratégia de controle e simulações. Supercapacitor Vantagens: os supercapacitores possuem uma alta potência específica, sendo apropriado para sistemas que precisem de alta potencia em curto espaço de tempo. Possuem uma boa eficiência, vida útil relativamente alta e podem ser descarregados e carregados inúmeras vezes sem afetar sua vida útil, o que o tornam apropriados para aplicações com grande número de ciclos.Têm alta confiabilidade, podem operar em extensa faixa de temperatura. A recarga é simples, pois não há necessidade de circuito que detecte carga máxima. Além disso, possuem baixo peso comparado ao capacitor convecional, implicando maior portabilidade [16]. Desvantagens: entre as tecnologias citadas, o supercapacitor possui baixa energia específica e pode ter uma perda por auto descarga relativamente alta. Há variação de tensão de acordo com a energia armazenada e para alta tensão se faz necessário ligar varias unidades em série [16]. Para o meio ambiente, é nocivo em caso de incineração. Seu custo, apesar de ter caído nas últimas décadas, ainda é elevado [2]. Capacitor Vantagens: os capacitores possuem caracteristicas físicas semelhantes ao do supercapacitor. Possuem uma alta potência específica, que é de 100.000 a W/Kg, maior que a do supercapacitor, o que também os tornam vantajosos para aplicações que exigem alta potencia em curto espaço de tempo. Além disso, tem uma eficiência maior que 95% e recarrega rapidamente [17]. Desvantagens: os capacitores possuem a menor energia específica entre os armazenadores citados, que é de 0,1 Wh/Kg [17]. V – CONCLUSÕES Desenvolver novas técnicas de armazenamento de energia é um grande desafio, pois é necessário desenvolver métodos cada vez mais eficientes, rentáveis e sem prejuízos ao meio ambiente. É essencial a procura por novas alternativas com maior flexibilidade e adaptação a vários sistemas. As fontes renováveis de energia poderiam ser as principais fontes de energia do mundo se fosse possível armazenar grandes quantidades de energia em elevada escala e com baixo custo. Níveis mais altos de armazenamento de energia são necessários para a flexibilidade, estabilidade e confiabilidade da rede. 9 Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Rio de Janeiro. 2008 [16] RODRIGUES, J. B. Utilização de capacitores de grande porte para substituição de baterias convencionais em sistemas de iluinação. Monografia de especialização. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC). Florianípolis. 2012. [17] CAMPOS, D.; PETRY, C. A. Proposta de utilização de células indoor para alimentação de cargas eletrônicas remotas. Trabalho de conclusão de curso. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC). Florianópolis. em São José da Barra em 2010. Ingressou na UNIFEI em 2011. Desenvolveu iniciação científica na área de Sistemas Elétricos de Potência em 2012/2014. BIOGRAFIA: Bruna Gonçalves dos Santos Nasceu em Itajubá (MG) em 1992. Recebeu o título de Técnico em Meio Ambiente e Agroenergia pela Escola Técnica LIMASSIS em Delfim Moreira em 2009. Ingressou na UNIFEI em 2011. Desenvolveu iniciação científica na área de Eficiência Energética de 03/2011 a 08/2014 com bolsa financiada pela Eletrobrás. Fabíola Canella Campos Nasceu em São Paulo (SP), em 1991. Estudou eletroeletrônica no Colégio Técnico Industrial de Guaratinguetá, de 2006 a 2008. Ingressou na UNIFEI em 2010. Lívia de Magistris Martins Andrade Nasceu em Guarulhos (SP), em 1991. Ingressou na UNIFEI em 2011. Capitã do subsistema da eletrônica do projeto especial Baja (2013-2014). Atualmente desenvolve pesquisa na área de máquinas elétricas. Maíra Ribas Monteiro Nasceu em Barra Mansa (RJ), em 1993. Recebeu título de Técnico em Eletrônica na Escola Técnica Pandiá Calógeras, de Volta Redonda em 2010. Ingressou na UNIFEI em 2011. Foi bolsista de iniciação científica pela FAPEMIG em 2013/2014 e atualmente possui vigência de 2014/2015. Matheus Lasmar Pereira Nasceu em Arcos (MG), em 1992. Ingressou na UNIFEI em 2012. Desenvolveu pesquisa d no PRH-16 com bolsa da Agência Nacional de Petróleo em 2012 e 2013. É bolsista de iniciação científica pela FAPEMIG no Grupo de Qualidade de Energia Elétrica. Pâmela Santiago Leitão Nasceu em Porto Velho (RO), em 1991. Ingressou na UNIFEI em 2011. Raphael Alves Brochado Nasceu em Poços de Caldas (MG), em 1990. Ingressou na UNIFEI em 2010. Valéria Nunes Costa Nasceu em Capitólio (MG), em 1993. Recebeu o título de Técnico em Eletrotécnica na Escola Técnica de Furnas 10