BEM ESTAR DOS ANIMAIS DE PRODUÇÃO: PERCEPÇÃO DOS CRIADORES,
TRATADORES, CONSUMIDORES, DOCENTES E ACADÊMICOS DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
ANIMAL WELFARE PRODUCTION: PERCEPTION OF BREEDERS, HANDLERS,
CONSUMERS, TEACHERS AND SCHOLARS AT THE UNIVERSIDADE
ESTADUAL DO MARANHÃO
Adriana Raquel de Almeida da Anunciação1, Inaldo Carvalho de Macêdo Sobrinho3, Diego
Carvalho Viana3, Elizângela Pinheiro Pereira2, Marlise Neves Milhomem2, Dglan Firmo
Dourado2, Thiago Mendes Sousa2, Fabiana Silva de Lima2, Ronald Luiz Vaz Silva2, Alcyjara
Rêgo Costa2, Isabelle de Oliveira Lima2, Alana Lislea de Sousa4*
RESUMO
O tema Bem estar animal vem recebendo crescente atenção no meio acadêmico, técnico e
científico. Desta forma este estudo visa obter a percepção sobre os métodos de bem estar
aplicados na cadeia da produção animal pelos criadores e tratadores de animais de produção;
pelos consumidores; e ainda verificar como esta temática é tratada por professores e
acadêmicos dos cursos de ciências agrárias da Universidade Estadual do Maranhão. Percebeuse nas propriedades visitadas que os produtores de caprinos e tratadores de suínos lidam com
os animais sem gritos e agressões, mostrando ações que permitam proporcionar bem estar aos
animais. A compreensão sobre o tema BEA pelos consumidores, 70,5% disseram não
concordar com o modelo de confinamento aplicado aos animais. Para os professores da
instituição, 94,4% possuem conhecimentos sobre as diretrizes de Bem Estar Animal sendo
que 88,8% aplicam estes conceitos durante suas aulas. Em relação aos alunos, todos acreditam
que os animais são seres senscientes e que é possível conciliar a produção ao Bem Estar
animal, e ainda 95,45% demonstraram serem conhecedores da influência do abate na
qualidade da carne. Através destes dados pode-se inferir que mesmo com as ações de
divulgação do Bem Estar Animal nos meios acadêmico e científico é necessário que elas
cheguem aos diferentes segmentos da sociedade favorecendo o senso critico de forma a exigir
a criação dos animais com modelos que levem em consideração o seu Bem Estar.
Palavras-Chave: Bem Estar Animal, Produção.
ABSTRACT
The theme Animal welfare has received increasing attention in the middle academic, technical
and scientific. Thus this study aims to gain insight on the methods applied for welfare in
animal production chain by the creators and keepers of farm animals, consumers, and even
see how this issue is treated by teachers and students of courses in agricultural sciences
Universidade Estadual do Maranhão. Has been demonstrated that all goat producers and
handlers of pigs without dealing with the animals no screaming and aggression, showing
actions that allow to provide welfare to the animals. In relation to consumers, 70.5% did not
agree with the model of confinement. For teachers of the institution, 94.4% have knowledge
_______________________
1
Graduanda em Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) - Autor correspondente:
Unidade 203, Rua 20, casa 06, Bairro:Cidade Operária; Cep: 65058-000, email: [email protected];
2
Graduandos em Medicina Veterinária
3
Mestrando em Ciência Animal
4
Docente da Universidade Estadual do Maranhão/UEMA /*Orientadora
about the guidelines for Animal Welfare and 88.8% who apply these concepts during their
classes. Regarding the students, all believe that animals are sentient beings and it is possible
to reconcile the production to animal welfare. It was observed that 95.45% proved to be
knowledgeable of the influence of slaughter on meat quality. Through these data we can infer
that even with the publicity of the Animal Welfare in academic and scientific is necessary for
them to reach different segments of society favoring the critical sense to require the creation
of animal models that take into account their Welfare.
Key words: Welfare Animal, Production
O tema Bem Estar Animal vem recebendo crescente atenção no meio acadêmico,
técnico e científico (HOTZEL, 2004) a exemplo têm-se a inserção dessa disciplina no ensino
da Medicina Veterinária e da Zootecnia no âmbito mundial e nacional, além da realização de
eventos como o Congresso Brasileiro de Bioética e Bem Estar Animal promovido pelo
Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) de forma a propiciar a divulgação da
temática. Somam-se a isto, ações que proporcionem melhoria na qualidade de vida dos
animais em sua cadeia produtiva que já estão sendo implantadas e/ou serão futuramente como
a proibição da criação de aves em gaiolas convencionais a entrar em vigor nos países
europeus em 2012 (ROCHA et al., 2008) e a proibição de celas de gestação para as fêmeas
suínas a partir de 1 de janeiro de 2013 (ZANELLA, 2011) . Este estudo visa obter a percepção
sobre as diretrizes de bem estar animal aplicados na cidade de São Luís aos criadores e
tratadores de animais de produção; consumidores de produtos de origem animal em redes de
supermercados; e ainda verificar como esta temática é tratada por professores e acadêmicos
dos cursos de ciências agrárias da Universidade Estadual do Maranhão. A metodologia
adotada foi à aplicação de 150 questionários envolvendo: criadores de caprinos leiteiros da
Associação de Produtores Agrícolas da Cidade Operária – APACO; técnicos e profissionais da
AGROLUSA, empresa responsável pela criação e abate de suínos em São Luís-MA;
consumidores de 3 supermercados e professores e alunos dos cursos de Engenharia de Pesca,
Medicina Veterinária e Zootecnia da UEMA. Os dados foram tabulados e analisados quanto à
média das informações obtidas. Segundo os criadores de caprinos da APACO às instalações
dos animais tem espaço suficiente para a movimentação, e as mesmas proporcionam conforto
e proteção às adversidades ambientais. Afirmam que os animais tem comida e água
abundante, entretanto avaliaram o estado nutricional dos animais como ruim ou regular. De
acordo com Duncan & Fraser (1997), a má nutrição é uma das principais ameaças ao
equilíbrio orgânico dos animais e o funcionamento orgânico é um dos aspectos fundamentais
do bem estar animal. Os criadores disseram também que os animais se mostram bem
receptivos, mas em todas as propriedades visitadas foi observada à presença de estereotipias o
que segundo Broom & Molento (2004) é um indicativo de baixo grau de bem-estar animal.
Todos os criadores afirmam ter conhecimento que a ausência de bem estar animal aumenta a
susceptibilidade a doença. Quanto aos tratadores da AGROLUSA, estes destacam que nas
instalações utilizadas às gaiolas não possuem espaço adequado aos suínos, retrataram também
a ausência de objetos para quebrar a monotonia do ambiente e a falta de cama de palha ou
outro substrato similar nas baias dos suínos. Estes resultados confrontam com Hotzel (2005),
onde aborda a importância do “enriquecimento ambiental” no modelo de confinamento com o
objetivo de tornar o ambiente mais adequado ás necessidades comportamentais dos animais, a
exemplo destas medidas tem-se o uso de brinquedos, gaiolas parideiras com espaço suficiente
para a matriz virar-se, e sobre o piso a palha para evitar o contato direto dos animais evitando
atrito. Segundo os entrevistados é mantida uma rotina dos funcionários que lidam no manejo
com os animais e que este é realizado sem gritos e agressões e todos afirmam já ter
participado de treinamentos sobre manejo levando em consideração o bem estar animal. O
manuseio diário dos animais, ou a maneira como o tratador se relaciona com o animal pode
influenciar o comportamento e a produtividade do animal, os animais gostam de rotina e
2
reconhecem as pessoas pela imagem, odor, voz, caminhar por tanto os tratadores devem ser
sempre os mesmos, utilizar uniformes e a mesma rotina, gritos, agressões e violência devem
ser sempre evitados (HEMSWORTH & COLEMAN, 1998; SEABROOK & BARTLE, 1992).
Em relação aos consumidores, 63,9 % ao adquirir um produto de origem animal tem interesse
em saber como o animal foi abatido e pagariam mais caro por um produto com garantia de
respeito às práticas de BEA. Sobre os modelos de criação utilizados, 70,5% não concordam
com o confinamento. Todos os entrevistados acreditam que os animais sentem dor ou
desconforto. Estes resultados demonstram que a maioria dos consumidores em questão se
mostra favorável a adoção de boas práticas de manejo nas criações e estariam dispostos a
contribuir de forma efetiva com este processo. Quanto aos professores, 94,4% têm
conhecimento sobre as diretrizes de BEA e 88,8% retratam este tema em sala de aula.
Destacaram ainda que estas ações foram aprimoradas após eventos realizados na própria
instituição, como o Curso de Formação de Docentes ao ensino de BEA promovido pela
WSPA. Vale ressaltar que apesar da grande importância do tema ainda existem profissionais
que se mostram alheios a este tipo de informação que deve se encontrar associada às práticas
de ensino e extensão dos cursos agrários. Em relação aos alunos, todos acreditam que os
animais são seres sencientes e que é possível conciliar a produção com bem estar animal.
95,45% são conhecedores da influência do manejo e abate na qualidade da carne. Apenas
21,43% dos alunos já participaram de palestras sobre BEA fora da instituição de ensino,
possibilitando inferir que os conhecimentos adquiridos são em sua maioria resultantes do
trabalho realizado em sala de aula pelos professores da universidade. Devido às novas
exigências que se projetam no mercado se faz importante que seja despertado nos estudantes
enquanto futuros profissionais o interesse pela busca externa de mais informações que os
proporcione uma melhor capacitação através de encontros e eventos científicos como
congressos, simpósios e fóruns tornando-os melhor capacitados para exercerem a função.
Através destes dados pode-se concluir que mesmo com as ações de divulgação do BEA nos
meios acadêmico e científico é necessário que elas cheguem aos diferentes segmentos da
sociedade favorecendo o senso crítico de forma a exigir a criação dos animais com modelos
que levem em consideração o seu bem estar.
REFERÊNCIAS
DUNCAN, I. J. H; FRASER, D. Understanding animal welfare. Animal welfare, London,
1997.
HEMSWORTH, P. H.; COLEMAN, G. J. Human-livestock interactions : the stockperson and
the productivity and welfare of intensively farmed animals. Wallingford : CAB International,
p. 152, 1998.
HOTZEL, M. J; FILHO, L. C. P. Bem-Estar Animal na Agricultura do Século XXI. Revista
de Etologia 2004, v.6, n°1, p. 03-15.
ROCHA, J. S. R; LARA, L. C; BAIÃO. Aspectos Éticos e Técnicos da Produção Intensiva de
Aves. In: CONGRESSO BRASIELEIRO DE BIOÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL. I
SEMINÁRIO NACIONAL DE BIOSEGURANÇA E BIOTECNOLOGIA ANIMAL, RecifePE, 16 a 18 de abril 2008.v.1, p.54-58.
SEABROOK, M. F.; BARTLE, N. C. Human factors. Farm animals and the environment.
Wallingford: CAB International, p.111-125, 1992.
ZANELLA, A. J. A contribuição da Ciência do bem estar animal para a melhoria dos
sistemas de produção de suínos. Revista A Hora Veterinária. Porto Alegre - n°182, p.26-30,
julho/agosto/2011.
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