XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
LEVANTAMENTO E ANÁLISE DOS
ARTIGOS DA ÁREA DE GESTÃO DO
PRODUTO PUBLICADOS NOS ENEGEPS
DE 2008 A 2011
Marcel de Gois Pinto (UFPB)
[email protected]
Manuela Carla de Albuquerquer Carneiro (UFPB)
[email protected]
Hanelle Vanderlei Xavier Galvao de Andrade (UFPB)
[email protected]
Este artigo visa levantar a contribuição da engenharia de produção na
área de engenharia de produto nos últimos quatro anos, tendo como
base de dados os anais do Encontro Nacional de Engenharia de
Produção (ENEGEP) nos anos de 2008 a 2011. Não obstante ao fato
de tal base de dados ser insuficiente, pode-se considerar que é o início
de um trabalho a ser realizado. A realização deste trabalho partiu do
levantamento de todos os artigos publicados nos anais do evento
separados por ano e por subárea da engenharia do produto (Pesquisa
de mercado, Planejamento do produto, Metodologia de projeto de
produto, Engenharia de produto, Marketing de produto).
Posteriormente ao levantamento foi gerada uma planilha eletrônica em
MS Excel 2007 para a tabulação dos dados, onde foram identificados
de cada artigo o ano, a subárea, a instituição do primeiro autor, o tipo
de produto abordado (bem ou serviço), o setor econômico ou indústria
(ramo de atividade) e o tema principal abordado.
Palavras-chaves: Gestão do Produto, Artigos, ENEGEP
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1. Introdução
Durante muitos anos o Brasil foi caracterizado como sendo um país exportador de toneladas
de matérias-primas e importador de gramas de produtos acabados. Estes últimos vinham
sempre com grande valor agregado, principalmente na forma de tecnologias. Sendo assim,
grande parte das inovações tecnológicas aqui existentes advinha da importação ou
substituição de importações. Tal perfil confere a quem o tem o papel secundário na economia,
notadamente na acumulação de riquezas.
A saída para tal processo de dependência tecnológica implica em produzir inovação. Isto
significa investimento em pesquisa básica e aplicada, principalmente nas áreas da engenharia,
que pode ser averiguado a partir do número de patentes e publicações científicas encontradas.
Neste sentido, a engenharia de produção tem, enquanto campo de engenharia, suas
contribuições a dar. Tais subsídios se constituem no campo da organização da produção e seus
sistemas de gestão, bem como na engenharia de produto.
Digno de nota é o fato de a Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO)
considerar a engenharia do produto como uma das áreas de atuação de um engenheiro de
produção. A importância desta menção deve-se ao fato que parece ser mais fácil relacionar
outras áreas da engenharia, como a civil e a mecânica, com a engenharia do produto. O senso
comum colocaria o engenheiro de produção como um cliente que recebe o projeto do produto
e projeto, implanta e gerencia o sistema para a produção daquele bem. A referida
especificação da ABEPRO clarifica a inconsistência desta visão, chegando ainda a subdividir
a área em três itens, quais sejam: (1) Gestão do Desenvolvimento de Produto; (2) Processo de
Desenvolvimento do Produto; e (3) Planejamento e Projeto do Produto.
Assim sendo, este artigo visa levantar a contribuição da engenharia de produção na área de
engenharia de produto nos últimos quatro anos, tendo como base de dados os anais do
Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP) nos anos de 2008 a 2011. Não
obstante ao fato de tal base de dados ser insuficiente para analisar um cenário nacional em
termos de engenharia do produto e da contribuição da engenharia de produção nesta, pode-se
considerar que é o início de um trabalho de profundo levantamento a ser realizado.
A intenção é identificar no rol de artigos publicados nos últimos quatro ENEGEPs os
principais temas publicados, as abordagens mais utilizadas, as indústrias onde há maior
incidência de trabalhos de engenharia do produto, quais instituições mais publicam, entre
outros aspectos que possam ser considerados importantes.
2. Abordagem da Engenharia do Produto
O Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) são as atividades e decisões que
envolvem o projeto de um novo produto ou serviço, ou a melhoria em um já existente. Este
processo inicia-se desde a identificação dos desejos dos clientes, passando pelas
especificações de soluções técnicas, lançamento, até a retirada do produto no mercado.
(BACK, 1983; PAHL et al., 2005; ROZENFELD et al., 2006; SALGADO et al, 2010).
Os profissionais e pesquisadores que atuam no campo da engenharia do produto têm
desenvolvido, no passar dos anos, várias metodologias e ferramentas para dar suporte ao
processo de desenvolvimento de produto. Atualmente é possível sintetizar o conhecimento
desenvolvido na área e agrupá-lo, por exemplo, em correntes de pensamento ou abordagens.
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Tais correntes vêm evoluindo desde o princípio da administração científica, onde o
desenvolvimento dos produtos era realizado de maneira sequencial. O princípio é utilizar uma
ordem lógica para o desenvolvimento dos produtos, onde determinada área funcional deveria
entregar resultados para o próximo setor iniciar suas atividades, havendo pouca interação.
Posteriormente surgiram estudos que visavam determinar a melhor metodologia de projeto. A
proposta era encontrar a sequência de etapas e atividades considerada mais racional para se
desenvolver um produto (ROZENFELD et al., 2006). Nessa abordagem cada setor da
empresa realiza apenas as atividades que são relacionadas com sua especialidade.
A partir da evolução das metodologias de projetos surgiu, entre outras, a engenharia
simultânea, que visava ampliar a integração entre as diferentes áreas funcionais, enfatizando a
importância da realização de atividades simultaneamente. Além disso, nesse viés verificou-se
a importância de introduzir os fornecedores e os clientes no processo de desenvolvimento.
Seguindo a cronologia constante na literatura, a próxima abordagem de desenvolvimento de
produtos é a do funil de desenvolvimentos. Para autores como Wheelwright e Clark (1992)
desenvolver produtos consiste em levar uma ideia do conceito à realidade, começando com
um leque de ideias e gradualmente refinando e selecionando-as. Assim, apenas uma fração
das ideias iniciais é totalmente desenvolvida em produtos.
Para Cooper e Edgett (1999) o PDP, como qualquer outro processo, precisa ser gerenciado; e
é esta ideia que origina a abordagem do stage-gate. A intenção é obter uma maior qualidade
no produto final a partir de uma análise formal que compara resultados esperados e atingidos
em cada mudança de estágio no PDP. A passagem para uma nova fase só é feita após a
validação dos resultados da fase anterior de modo a garantir a qualidade do processo.
Finalmente, chega-se à era do desenvolvimento integrado, bem como abordagens novas como
o desenvolvimento lean e o ecodesign. (ROZENFELD et al., 2006)
Devido à variedade de métodos à disposição, e buscando encontrar o melhor caminho no
projeto de produtos, um tema que vem crescendo é o desenvolvimento de modelos de
referência para as empresas. Tais modelos são guias flexíveis às necessidades de cada
organização, sendo considerados os ramos de atuação da empresa, a complexidade do produto
e o nível de inovação do produto em projeto.
Neste sentido, Rozenfeld et al. (2006) desenvolveram um modelo unificado de
desenvolvimento de produtos que se originou da união de metodologias, estudos de casos,
modelos e experiência em desenvolvimento de produtos adquiridas por equipes de
pesquisadores.
Este modelo promove uma integração entre as diversas abordagens para a gestão do PDP,
sendo assim um modelo bastante genérico, podendo ser adaptado e aplicado ao
desenvolvimento de diversos tipos de produtos. O modelo proposto por Rozenfeld et al.
(2006) está representado na Figura 1.
O modelo divide o PDP em três macrofases, pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pósdesenvolvimento, que são subdivididas em fases. Na macrofase de pré-desenvolvimento
encontram-se as fases de planejamento estratégico dos produtos e planejamento do projeto.
Na primeira fase é realizado o alinhamento estratégico dos produtos com a estratégia da
unidade de negócios e é decidido o portfólio de produtos. Na última fase, cada ideia é
avaliada individualmente como um novo projeto, requerendo uma equipe, plano e recursos.
Na macrofase de desenvolvimento as necessidades de mercado identificadas são atendidas por
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novos bens desenvolvidos e implantados na produção. Aqui são realizadas as fases de projetos
informacional, conceitual e detalhado, além da preparação do produto para a produção e seu
lançamento no mercado.
No pós-desenvolvimento é dada ênfase, primeiramente, ao acompanhamento do produto no
mercado e no processo de produção. Posteriormente, é estudado como será descontinuada a
produção do produto, bem como sua retirada do mercado, seu destino após a utilização e a
finalização de todo tipo de assistência técnica prestada pela empresa.
Em cada fase do PDP Rozenfeld et al. (2006) sugere uma porção de atividades que devem ser
realizadas para finalizar a fase com sucesso. O autor utiliza-se ainda de diversas ferramentas
como a análise do ciclo de vida e matriz QFD – Quality Function Deployment, no projeto
informacional, análise da viabilidade econômica, no projeto conceitual, sistemas CAD/CAE,
FMEA – Failure Mode and Effect Analysis, no projeto detalhado entre outras.
Figura 1 – Modelo de desenvolvimento de produtos
Fonte: Rozenfeld et al. (2006)
3. Metodologia
A pesquisa realizada e aqui apresentada pode ser classificada como bibliográfica, pois sua
fonte de dados foi apenas os Anais Eletrônicos do Encontro Nacional de Engenharia de
Produção. Além disso, a pesquisa tem a finalidade exploratória, pois têm a finalidade de
ampliar o conhecimento a respeito de um determinado tema. (TRAVIÑOS, 1987;
VERGARA, 1997; ZANELLA, 2006)
A realização deste trabalho partiu do levantamento de todos os artigos publicados nos
ENEGEPs de 2008 a 2011 e constantes nos anais do evento. A partir daí, todos os arquivos
eletrônicos de artigos relacionados com a engenharia do produto foram renomeados com seu
título de publicação e separados em pastas por ano do evento e por subárea da engenharia do
produto, conforme classificação do ENEGEP, a saber:
- Pesquisa de mercado;
- Planejamento do produto
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- Metodologia de projeto de produto
- Engenharia de produto
- Marketing de produto
Tal subcategorização dos artigos da área de engenharia de produto no ENEGEP foi um dos
critérios utilizados para selecionar apenas os eventos dos últimos quatro anos. Isto porque nos
anos anteriores ou não havia subcategoria presente no CD-ROM dos Anais, ou as
subcategorias eram outras. Somada a esta questão, não houve tempo disponível para a
pesquisa e tabulação dos dados anteriores ao ano de 2008.
Dando prosseguimento ao método utilizado, posteriormente ao levantamento foi gerada uma
planilha eletrônica em MS Excel 2007 para a tabulação dos dados, onde foram identificados
de cada artigo o ano, a subárea de engenharia do produto, a instituição do primeiro autor, o
tipo de produto abordado (bem ou serviço), o setor econômico ou indústria (ramo de
atividade) e o tema principal abordado no artigo.
Finalmente, o resultado deste levantamento e tabulação é apresentado nos tópicos que se
seguem deste artigo.
4. Perfil dos artigos publicados na área de engenharia do produto nos últimos ENEGEPs
Os artigos publicados nos últimos quatro ENEGEPs (2008 – 2011), na área de engenharia do
produto, ou gestão do produto, totalizam 162 publicações pesquisáveis. A esse conceito
entendam-se os artigos que listados nos anais e que estão com os arquivos eletrônicos
funcionando corretamente. Este destaque se fez necessário ao verificar-se que alguns artigos
listados não estavam funcionando corretamente. Por esta razão, foram excluídos da análise.
Na Figura 2 são apresentados os totais de artigos por ano da área de objeto de análise deste
levantamento.
Figura 2 – Evolução anual dos artigos na área de gestão do produto
Fonte: Elaboração própria
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Estes trabalhos foram classificados conforme as subáreas apresentadas na sessão anterior
(Método). A partir dessa categorização, escolhida pelos próprios autores no momento da
submissão dos artigos, foi possível construir um gráfico com a evolução, ano a ano, dos
trabalhos enviados em cada estrato (Figura 3).
Figura 3 – Evolução anual dos artigos por subárea de gestão do produto
Fonte: Elaboração própria
A partir da Figura 3 é possívelperceber que os artigos classificados como “Metodologia de
Projeto de Produto” tem o maior destaque, considerando o volume de trabalhos publicados,
exceto no ano de 2011, onde os artigos de “Planejamento do Produto” foram os de maior
destaque. Em uma posição intermediária encontram o trabalhos classificados como
“Engenharia do Produto”.
Tais posições podem ser explicadas pela forte relação entre os dois primeiros temas e aquilo
que se espera da Engenharia de Produção no que se refere à sua contribuição da área de
desenvolvimento de produtos: a gestão do processo de desenvolvimento. Isto inclui
metodologias de projeto e planejamento da atividade. A “Engenharia de Produto”, enquanto
subárea, pode ser entendida como uma atividade mais técnica, ligada com o projeto detalhado
dos sistemas, subsistemas e componentes do produto. Sendo assim, é natural que ocupe uma
posição intermediário. Supõe-se que seus autores estejam ligados às outras engenharias ou às
engenharias de produção com vinculação com outra engenharia clássica, tal como um curso
de engenharia de produção mecânica.
Por sua vez, os trabalhos classificados como “Pesquisa de Mercado” e “Marketing do
Produto” têm sido os de menor volume de publicações. De certa forma, este comportamento
não consiste em algo inesperado, considerando que tais temas têm, usualmente, mais ligação
com outras áreas do conhecimento, tais como a Administração de Empresas.
Os dados apresentados por meio de uma evolução anual na Figura 3 estão agregados no
gráfico apresentado na Figura 4. Nesta imagem é possível perceber de maneira mais clara a
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participação de cada subárea na totalidade dos artigos enviados entre 2008 e 2011.
Após a identificação destas características, julgou-se importante identificar quais insituições
mais publicaram artigos na área de gestão do produto nos úlitmos ENEGEPs. Para obter tal
dado, cada artigo foi aberto e apenas a instituição do primeiro autor foi contabilizada como
responsável pela publicação.
Apesar de reconher-se que tal critério possa ser considerado questionável, pareceu ser a
melhor forma de não contabilizar uma mesma instituição duas ou mais vezes casos os
diversos autores de um determinado artigo pertencessem à mesma instituição.
Figura 4 – Total dos artigos publicados por subárea de gestão do produto (2008 – 2011)
Fonte: Elaboração própria
Sendo asssim, os dados foram compilados em um gráfico de pareto a fim de identificas as
instituições que mais colaboram com o ENEGEP nesta área de interesse (Figura 5).
Figura 5 – Total dos artigos publicados por instituição do primeiro autor (2008 – 2011)
Fonte: Elaboração própria
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Analisando a Figura 5 é possível perceber que não há poucas instituições dominando a área de
gestão do produto com muitas publicações. As catorze instituições que mais publicaram no
período correspondem a apenas 56,8% do volume de trabalhos (92 artigos), enquanto as
demais cinquenta instituições correspondem a 43,2% deste contingente (70 artigos).
Há outros dados importantes a se extrair da Figura 5, a exemplo da localização geográfica e
da natureza das instituições que publicam. É possível perceber que dentre as 14 instituições
apresentadas explicitamente no gráfico, encontram-se representantes de diversas regiões do
Brasil (Sul, Sudeste e Nordeste). Além disso, é possível perceber que todas as são instituições
de ensino. Ou seja, nenhuma empresa do setor produtivo ou de pesquisa, governamental ou
não, publicaram muitos artigos nos ENEGEPs de 2008 a 2011.
Prosseguindo a análise, foram identificados os principais temas tratados nos artigos, por meio
da leitura de título, palavras-chave e resumo. Quando estes tópicos se mostraram insuficientes
para entender do que o trabalho tratava foi realizada uma análise mais profunda, sendo
estudados outros tópicos de cada artigo, tais como o método e a apresentação dos resultados.
Neste contexto, o primeiro aspecto analisado foi o tipo de produto que cada publicação trata,
ou seja, se o artigo trata de bens ou serviços. Além disso, foram criadas as categorias “Bem ou
serviço” ou “Não se aplica” quando os trabalhos não fizerem menção a quaisquer tipos de
produtos ou quando a metodologia apresentada não fizer distinção entre bem e serviço. A
síntese deste trabalho é apresentada no Quadro 1.
Tipo de Produto
Bem
Serviço
Bem ou Serviço
Não se aplica
Total geral
Quantidade de artigos
122
33
4
3
162
Quadro 1 – Tipos de produtos tratados nos artigos (2008 – 2011)
Fonte: Elaboração própria
No que se refere aos setores econômicos (ramo ou indústria), foi possível perceber que os
artigos que tratam de bens são em sua maioria não aplicados, consistindo em trabalhos
teóricos (13%). Após isso, ganham destaque os setores de alimentos, eletroeletrônicos,
automobilístico e Tecnologias Assistivas, ou seja, produtos voltados para o público portador
de deficiências. No Quadro 2 são apresentados mais detalhes desta análise.
Setor econômico
Não aplicados
Alimentos
Eletroeletrônico
Automobilístico
Tecnologia Assistiva
Percentual de Artigos
13%
8%
7%
6%
5%
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Indústria moveleira
Construção Civil
Material de construção
Máquinas de grande porte
Artesanato
Outros
4%
3%
3%
3%
2%
45%
Quadro 2 – Setor econômico dos artigos que tratam de bens (2008 – 2011)
Fonte: Elaboração própria
Quanto aos artigos que tratam de serviços, percebeu-se que a grande maioria dos artigos é
aplicada. Os setores mais relevantes em termos de volume de publicações são os de educação,
software, supermercados, telecomunicações e mídia. No Quadro 3 são apresentados mais
detalhes desta análise.
Setor econômico
Educação
Software
Supermercados
Telecomunicações
Mídia
Hotelaria
Comércio e Serviços
Serviços de saúde
Logística
Comércio
Outros
Percentual de Artigos
15%
12%
9%
9%
6%
6%
6%
6%
3%
3%
24%
Quadro 3 – Setor econômico dos artigos que tratam de serviços (2008 – 2011)
Fonte: Elaboração própria
Finalizando a análise, foram identificados os temas tratados em cada artigo, classificados
conforme a literatura de engenharia do produto e apresentados no Quadro 4 por subárea de
estratificação já apresentadas anteriormente.
Engenharia do
Produto
Abordagem de
desenvolvimento
QFD
Modelos de
referência do
PDP
Arquitetura de
Marketing do
Produto
Comportamento e
Necessidades do
Consumidor
Satisfação do
Consumidor
Publicidade e
propaganda
Marketing de
Metodologia de
Projeto
Gestão de
projetos
Abordagem de
desenvolvimento
Gestão do PDP
Design
Adaptação do
Pesquisa de
mercado
Comportamento e
Necessidades do
Consumidor
Satisfação do
Consumidor
Viabilidade
técnica e
econômica
Planejamento do
produto
Desenvolvimento
de um produto
Gestão do PDP
Ecodesign
Atividades de
prédesenvolvimento
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produtos
Relacionamento
Melhoria do
produto
Estratégias de
marketing
PDP
Embalagem
Estratégia
competitiva
Maturidade do
PDP
Quadro 4 – Temas mais abordados nos artigos por subcategoria de engenharia do produto (2008 – 2011)
Fonte: Elaboração própria
É possível perceber, pela análise do Quadro 4 que as subáreas de “Marketing do Produto” e
“Pesquisa de Mercado” estão focadas prioritariamente no mercado, ou seja, naquilo que
convencionou-se chamar de voz do cliente. Por sua vez, os temas constantes em “Engenharia
do Produto”, “Metodologia de Projeto” e “Planejamento do Produto” versam sobre áreas
técnicas e gerenciais do desenvolvimento de produtos, sem uma clara separação entre estes e
as subcategorias.
5. Considerações Finais
Desenvolver tecnologias e produtos diferenciados deve ser uma meta importante para
qualquer empresa ou país que vise alcançar mais retorno em seus negócios, gerando e
distribuindo mais riqueza.
Indubitavelmente, as metodologias de projeto de produto fazem parte deste escopo. Sendo
assim, esse artigo visou identificar qual o perfil dos artigos publicados nos últimos quatro
ENEGEPs na área de gestão do produto, visando iniciar uma investigação acerca das
potencialidades da contribuição da engenharia de produção neste tema.
Como achados foi possível verificar que a maioria dos artigos é de natureza aplicada e tratam
do desenvolvimento ou análise mercadológica de bens. Além disso, pode-se perceber que as
áreas mais claramente identificadas com a engenharia de produção, tais como “Engenharia do
Produto”, “Metodologia de Projeto” e “Planejamento do produto” também contribuem com
mais artigos que as áreas de “Marketing do Produto” e “Pesquisa de mercado”, usualmente
ligadas com a Administração de Empresas.
Por fim, é importante destacar que foram identificados os setores econômicos e os temas
abordados nos artigos. Relativamente ao ramo de atuação, foram identificados desde setores
inovadores, como automóveis, softwares e eletroeletrônicos, como setores mais tradicionais,
como artesanato e supermercados. Com relação aos temas, é possível encontrar tanto artigos
de natureza quantitativa, quanto qualitativa. Além disso, verifica-se que a grande maioria tem
conteúdo mais gerencial que técnico dos produtos.
Por fim, deve-se destacar que a pesquisa realizada encontra algumas limitações, tais como a
profundidade de análise dos artigos e o uso apenas dos Anais dos ENEGEPs como fonte de
consulta, o que impede generalizações sobre a área de Gestão do Produto no Brasil. Para tal, é
necessário pesquisar artigos publicados em Periódicos e em outros eventos. Sugere-se, assim,
a continuidade deste trabalho de levantamento e investigação a fim de identificar pontos
positivos e de oportunidades de novas pesquisas nesta área no país.
Referências
ABEPRO. Anais do XXVIII ENEGEP - Encontro Nacional de Engenharia de Produção,
2008, Rio de Janiero, RJ. Anais do XXVIII ENEGEP, 2008.
ABEPRO. Anais do XXIX ENEGEP - Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2009,
Salvador, BA. Anais do XXVIII ENEGEP, 2009.
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ABEPRO. Anais do XXX ENEGEP - Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2010,
São Carlos, SP. Anais do XXX ENEGEP, 2010.
ABEPRO. Anais do XXXI ENEGEP - Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2011,
Belo Horizonte, MG. Anais do XXX ENEGEP, 2011.
BACK, N. Metodologia de projeto de produtos industriais. Rio de Janeiro: Guanabara Dois:
1983.
COOPER, R. G.; EDGETT, S. J. Product development for de service sector: lessons from
market leaders. New York: Basic Books, 1999.
ROZENFELD, H. et al. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: Uma referência para a
melhoria do processo. São Paulo: Saraiva, 2006.
SALGADO, E. G. et al. Modelos de referência para desenvolvimento de produtos:
classificação, análise e sugestões para pesquisas futuras. Revista Produção Online v.10, n.4,
2010.
TRAVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em
educação. São Paulo: Atlas, 1987.
VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas,
1997.
WHEELWRIGHT, S. C.; CLARK, K. B. Revolutionizing product development. 10. ed.
New York: The Free Press, 1992.
ZANELLA, L. C. H. Metodologia da pesquisa. Florianópolis. SEaD/UFSC: Ressuscitar,
2006.
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