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A primeira vez...
Alexandre Hamam
A primeira vez...
1a. Edição
São José dos Campos – SP
2012
Alexandre Hamam
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A primeira vez...
A Primeira vez
Ela não conseguia disfarçar seu medo. Sentia uma agonia
crescendo em seu interior e queria fugir daquela situação
constrangedora.
Havia estado muito mal nos últimos dias. Sabia que, mais cedo ou
mais tarde, teria que passar por isso, por mais doloroso que fosse.
Queria adiar um pouco mais. Não se sentia preparada ainda, aos
seus 15 anos de idade, para enfrentar aquela situação. Havia
pensado muitas vezes como seria quando estivesse sozinha com
ele, mas naquele dia, naquela hora, naquele lugar, não havia como
alguém ajudá-la. Era a sua vez. Muitas amigas já haviam passado
por isto e contavam as coisas mais absurdas. Umas disseram que
doía muito, que sangrava e que até ficava arroxeado depois.
Outras disseram que nada sentiram, mostrando-se fortes e
destemidas. Ela não era das mais fortes.
Ele abriu a porta e ela já estava lá. Era bem mais velho e não se
mostrou muito simpático. Parecia que não tinha nenhum prazer no
ato. Ele ainda guardava lembranças de ter feito isto com várias
adolescentes e que já tivera problemas com algumas delas
anteriormente. Algumas imploravam sua clemência, mas ele
sempre fora irredutível. O local era um pouco apertado e com
pouca ventilação, o que aumentava a sensação de sufocamento.
Ele pediu que ela virasse de costas. Ela fechou os olhos e algumas
lágrimas começaram a brotar. Ele se preparou como sempre fazia.
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A primeira vez...
Ela não estava preparada. Ele pediu para que ela abrisse o cinto da
calça jeans e ela se paralisou. O medo tomava conta de seus
músculos. Ele aguardou um pouco, pois já havia presenciado este
drama anteriormente. Ela implorou mais uma vez com sua voz
rouca para que ele não a maltratasse. Ele respondeu com voz
grave: "Afinal, você está aqui para isto, não?"
Ela começou a abrir o cinto lentamente enquanto escutava ele
fazer movimentos com as mãos, periódicos, de vai-e-vem, para
cima e para baixo. Uma vez mais, se paralisou de medo, mas
respirou fundo e prosseguiu. Sabia que um dia isto tinha que
acontecer. Ele colocou aquele acessório de látex até ficar bem
justo. Retirou um pouco de ar que ficara preso em uma
extremidade, esfregou as mãos e examinou bem o local onde seria
a penetração.
Ele apertou as nádegas dela com força. Ela se contraía cada vez
mais. Ele pedia para ela relaxar, mas ela não conseguia. Ele
avisou que assim iria doer mais. Outra lágrima rolou. Ele pediu
para ela respirar fundo, pois ele queria acabar logo com isto. Ela
se sentiu pior, pois não queria estar ali. Achava-se tão
amadurecida em algumas circunstâncias e tão criança em outras.
Esta situação lembrava uma parte ruim da sua infância.
Ele era frio. Não demonstrava nenhum tipo de compaixão, afinal
ela era apenas mais uma. Ele já tinha visto tantas e tantas iguais a
ela que já não tinha o mesmo prazer de antes. Ela, enfim, relaxou.
Sentiu que era inevitável e que precisava passar por isto. Chegara
sua hora.
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A primeira vez...
Ela respirou fundo e disse para ele prosseguir. Ele olhou mais
uma vez para o que tinha na mão, do qual escorria agora uma gota
pela extremidade. Agitou-o mais uma vez.
Apertou a nádega dela mais uma vez e penetrou-a profundamente.
Ela ameaçou gritar, mas se conteve. Prendeu a respiração e
fechou a laringe. Após um breve instante, ele deixou escorrer em
suas entranhas o líquido branco. Ela, enfim, respirou. Ele se
sentiu aliviado pelo fato dela não ter feito escândalo. Ao terminar
o ato, percebeu que algumas gotas de sangue brotavam do local.
Curiosamente, ele sentiu pena dela. Enxugou as gotas e olhou-a
com um olhar mais suave. Ela se vestiu e não disse nenhuma
palavra. Sua voz estava presa. Estava também aliviada, apesar da
dor. Ele saiu e a deixou só para que se vestisse. Ela terminou de
se arrumar e saiu da pequena sala.
Foi até o caixa da farmácia e pagou pela injeção de Diprospan. Na
saída ainda sorriu e agradeceu ao farmacêutico.
Prometera para si mesmo tomar mais cuidado ao ir a shows e não
ficar gritando como uma louca desesperada.
Era apenas uma laringite.
Alexandre Hamam
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