A Última Carta Sempre achamos que haverá mais tempo. E aí ele acaba. (The Walking Dead) ●●●●●● ♪ “E la foi a melhor coisa que já me aconteceu, não quero sentir falta disso. Desse momento. Dela. Ela é a única que sabe quando estou mentindo e a única que nunca quero deixar ir. Ela se cala para ouvir, cara. Ela não questiona. Ela não te pergunta por que. Ela te ouve sem dizer "eu te disse". Quando ela me abraça, não ha outro lugar no mundo onde eu queria estar. Não ha outra pessoa com quem eu queira estar. Ela é perfeita, cara. Ela chegou do nada e se tornou meu porto seguro. Sempre está ali quando preciso. Ela está comigo nos momentos de alegria e também nos momentos de tristeza profunda. Eu amo ela, cara. Agora é impossível ficar sem ela. O rosto dela fica girando na minha cabeça e eu não quero perde-la. Só de pensar em vê-la partir me bate uma nostalgia, e eu quero morrer. Ela sabe que sou bem dramático, mas ela não me amaria se eu mudasse. Ela não espera que eu seja perfeito, cara. Ela gosta de mim do jeito que sou e não me pede para mudar em nada. Ela me deixa feliz, mesmo quando estou triste. Faz-me sorrir, mesmo quando estou chorando. Por que demorei tanto tempo para achar alguém como ela? Ou melhor, por que demorei tanto tempo para achar ela? Não alguém como ela. Não existe alguém como ela, ela é única, cara. Eu não quero vê-la apenas em meus sonhos. Preciso toca-la, senti-la, beija-la. Agora é simplesmente impossível ficar sem ela. Depois que a conheci, não quero conhecer mais ninguém. Não faz sentido amar outra pessoa, se só ela faz com que eu ame. "O seu sorriso é o mais lindo do mundo", ela disse. Cara sabe o que significa isso? Que ela me ama. É claro, por que meu sorriso é o mais horrível do mundo. Só ela me completa como um quebra-cabeça, e eu não quero sentir falta disso. Quero continuar a vê-la todos os dias, por que aquele sorriso me da forças para continuar seguindo em frente. É como se todos os problemas desaparecessem quando ela está por perto. Escrevi várias cartas para ela, e quando eu chegar vou entregar todas de maneiras diferentes. Espero que ela leia todas. Irei pedi-la em casamento assim que entregar pessoalmente a última carta. Espero que ela aceite. ” Eu aceito Stephen Perter. Eu aceito. ●●●●●● ♪ — Te vejo em dois dias — ele disse ansioso. — Te vejo em dois dias — respondi ainda mais ansiosa. ●●●●●● ♪ Stephen foi para a França passar o verão com o pai e voltaria em dois dias. Comecei a preparar tudo para que ele encontrasse tudo perfeito. Troquei as cortinas da sala de verde para vermelho que é sua cor preferida. Pedi minha mãe para deixar eu ir busca-lo no aeroporto e pedi meu pai para que me levasse. Sem Stephen, esse foi o pior verão de todos. Fiz as mesmas coisas de sempre. Acordei pela manhã, arrumei a casa, fiz almoço para minha mãe e meu pai. Fui para o curso profissionalizante, olhei o por do sol todos os dias. O lado bom de tudo é que conversei com Stephen todos os dias por telefone. Espero que ele me ligue durante a viajem. Ele não me disse como foi na França, apenas me disse que seu pai mal o deixava sair. As vezes conversávamos baixinho durante a noite para que nossos pais não ouvissem, principalmente o seu que ficava fora o dia todo e chegava bêbado em casa. Stephen ficava preso o dia todo em casa, apenas com uma TV que pegava apenas três canais, um computador sem internet e seu celular que mal fazia ligações. Faltava apenas um dia para que ele chegasse. Avisei todos nossos amigos que ele chegaria em um dia e que era para todos irem para a minha casa as 15:00hs. Ele chegaria as 13:30hs, mas eu queria um tempo sozinha com ele, então prolonguei isso um pouco. Fiquei o dia todo trocando os moveis de lugar. Passei o dia todo limpando e arrumando a casa que já estava limpa e arrumada. Queria que tudo estivesse perfeito. Comprei o CD de sua banda favorita que foi lançado uma semana depois que ele foi à França e comprei também seu livro preferido “A Culpa É Das Estrelas” traduzido em francês, já que ele queria tanto e seu pai não deixou que ele ao menos tentasse encontrar os livros nas prateleiras Francesas. Foi bem caro. Mas tenho certeza que compensará quando vê-lo sorrir. O sorriso mais belo do mundo. Fui dormir cedo. Em menos de um dia veria Stephen desde o começo do verão. O telefone tocou as 00 h. Acordei desesperada, com o coração disparado e mal conseguia respirar. — Roseie Bethen — ele disse. — Oi meu amor, tudo bem? — eu disse, ainda com o coração disparando. Apesar de nos chamar de amor, não existe nada entre a gente, eu acho. Somos melhores amigos ha mais ou menos quatro anos, e nunca aconteceu nada. Acho que nunca vai acontecer. Eu o amo muito, muito, muito mesmo. Ele é o príncipe encantado que eu esperei por muito tempo. O brilho em meus olhos, a canção em meus lábios. Mas eu sou só a amiga perfeita para ele. Tudo isso pode parecer clichê, mas eu realmente me sinto assim por ele. É como se ele fosse feito para mim. Mas eu não fosse feita para ele. — Estou tão ansioso para te ver amanhã. Aposto que seu sorriso está dez vezes mais bonito. Se isso é possível. — ele disse, me deixando ainda mais sem ar. — Estou um pouco mais feia. Mas aposto que você está ainda mais lindo desde a última vez que te vi. — respondi e meu rosto começou a ficar vermelho. — Estou sim. Obrigado. — ele disse depois deu uma gargalhada. Percebi que sua risada era bem mais bela do que me lembrava. — Engraçadinho. — respondi e ficamos sem assunto. Por um bom tempo a linha ficou muda. Aquele silêncio até que não me incomodava, era como se ele estivesse aqui e eu estivesse deitada sobre seu peito ouvindo sua respiração. Suspirei fundo e tentei dizer algo. Ele me interrompeu. — Sinto sua falta. Você sente minha falta? — ele perguntou. Sua voz quase inaudível parecia que estava chorando. — Você faz mais falta que o oxigênio, Stephen. É claro que também sinto sua falta. — respondi. — Oxigênio? Serio? Não era mais fácil dizer ar? — ele perguntou sorrindo. — Não seja estúpido. — disse e a ligação caiu. Voltei a dormir já que ele não ligou de volta. Acordei as 06:00hs e já fui preparando tudo para que esse foi o melhor dia de minha vida. Ajeitei pela milésima vez a cortina vermelha. Arrumei a mesa com as frutas preferidas de Stephen. Minha mãe havia comprado todas, menos uma. Por coincidência era a que Stephen mais gostava. Maça, Pera, Uva, todas. Acho que ele terá que me perdoar pela falta de morango no mercado. Ouvi meu telefone tocando bem baixinho lá no meu quarto e fui correndo achando que era Stephen. Chegando lá avistei meu celular sobe a cama tomando um banho de sol. Atendi e era o Marcus. — Bethen ligue a televisão agora. Rápido, rápido. — Marcus disse quase gritando. Ele disse com um tom tão desesperado que também me deixou desesperada e mal consegui responder. Fui correndo ligar a TV, e ele disse quase gritando mais uma vez: — Canal sete, Bethen. Canal sete. Coloquei no canal sete, Bethen. Canal sete. e cai logo no sofá. Desesperada, comecei a chorar. Voo 0117 caiu antes de chegar ao Brasil. Voo 0117 era o voo de Stephen. Com minhas mão tremulas mal conseguia segurar o telefone, então o mesmo caiu. O oxigênio fugiu de meus pulmões e aquele sentimento de que eu nunca veria Stephen outra vez começou a invadir a minha mente. "Eu nunca o verei outra vez. Eu nunca o verei outra vez. Eu nunca o verei outra vez…". Isso ficou ecoando em minha cabeça e senti todo o meu corpo enfraquecer. Peguei outra vez o telefone e Marcus disse: — Eu sinto muito. Disseram que não ha sobreviventes. Chorando de soluçar, mal conseguia responder. E o sentimento de que nunca veria o amor da minha vida outra vez continuava, porém mais intenso. Quando Marcus disse aquilo tudo o que vivi com Stephen passou pela minha cabeça. Todas as cenas, tudo bem intenso. Eu nunca diria para ele o que ele significava pra mim. Eu nunca veria seu rosto pessoalmente novamente. Eu nunca o abraçaria e deixaria seu cheiro em minha roupa outra vez. Ele se foi. Mas dessa vez ele não iria voltar. Ele nunca ouviria o novo CD de sua banda favorita, que esperava tão ansioso pelo lançamento, e a última coisa que eu disse para ele foi “Estúpido". É claro que ele sabia que eu estava brincando, mas eu queria tanto ter a oportunidade de me despedir, de dizer o que eu sinto por ele, o que ele significa para mim. Minha mãe abriu a porta e me viu chorando desesperada. Logo olhou para a TV e percebeu o motivo de minhas lágrimas. Sem dizer nada apenas me abraçou. Como queria que aquele abraço fosse do Stephen. Já era 13:30hs, ele não chegaria. Não importasse o quanto eu gritasse. Não importasse o quando eu chorasse. Eu nunca o veria entrar por aquela porta outra vez. Meus amigos chegaram e todos estavam aos prantos. Olhares tristes e vazios por toda a sala. Todos dizendo que tudo ficaria bem, que ele está em um lugar melhor e toda aquela porcaria. Chorar não o traria de volta, mas seria um bom começo. Mesmo sabendo que todos nós estamos condenados a morte, nunca estamos preparados para perder alguém que amamos. Parece tão injusto, é tão injusto. Todos os planos, todos os sonhos, todos os desejos. Todo o tempo perdido em vão, ele nunca faria faculdade. Ele nunca compraria a casa vermelha na esquina que ele sempre quis. Ele nunca vai sonhar outra vez. No outro dia, seria seu enterro. Eu nunca pensei que isso um dia aconteceria. Pensando bem, acho que sim. Imaginava eu e ele bem velhinhos abraçados dando o último suspiro. Nunca imaginei que enterraria o garoto dos meus sonhos antes mesmo de poder dizer isso a ele. Eu não fui ao enterro. Odeio enterros. Odeio enterrar as pessoas que eu amo para o esquecimento. Simplesmente odeio. O cachão foi enterrado vazio, já que não encontraram seu corpo. E eu estava deitada sobre a minha cama, ouvindo o CD que eu havia comprado de sua banda favorita que foi lançado uma semana depois que ele foi para a França. Ele ficaria tão feliz em saber que adiantaram o lançamento. Ele nem teve a oportunidade de ouvir uma música por que estava sem internet. Eu deveria ter mandado por correio ou sei lá, ele estava tão ansioso para isso. Mas a verdade é que eu nunca imaginei que isso aconteceria. Eu nunca pensei que meu tempo com ele um dia acabaria. Se você me perguntasse como eu veria minha vida hoje, eu diria que me via deitada sobre minha cama com Stephen ouvindo o CD novo de sua banda favorita. Ele sorrindo feito um bobo e beijando a minha testa. Tudo do jeito que deveria ser. Agora aqui estou eu, sozinha, ouvindo o CD da banda favorita de Stephen, apenas imaginando como seria bom se ele estivesse aqui. Mas ele nunca estaria outra vez. Lágrimas invadindo o meu rosto, começou a tocar a faixa seis do CD. Todas as memorias continuam em sua cabeça / Todas as memorias continua em minha cabeça / Você é a canção mais bela que já cantei / A melodia que jamais vou me cansar de dançar. Desabei quando começou o refrão: "Eu nunca pensei que teríamos um fim / Nunca pensei que terminaríamos assim / Você não se lembra de dizer: "para sempre e sempre"?". Acabei de ouvir todo o CD e a faixa número seis foi a música com que eu mais me identifiquei. Enquanto a ouvia minha mente foi invadia por memorias e uma delas do Stephen dizendo que nunca teríamos um fim. É claro que teríamos um fim. Mas eu nunca pensei que fosse assim. Tão inesperado. Tão cedo. Tão injusto. ●●●●●● ♪ Depois de uma semana recebi uma mensagem de Marcus dizendo que estava chegando à minha casa. Havia acabado de acordar, eram 9:30 da manhã e nada fazia sentido. O céu continuava azul, o bar da esquina continuava aberto, os vizinhos da casa de frente continuavam brigando. Tudo continuava ali, menos Stephen. Marcus chegou e fui logo convidando-o para entrar. Com uma causa jeans azul escura, cabelo liso caindo sobre o rosto, braços fortes, perfume encantador, e tudo fazia lembrar-me de Stephen. A verdade é que tudo fazia com que eu me lembrasse do Stephen. Os pássaros cantando, a música que ele odiava tocando na rádio, o vento soprando. Qualquer coisa conspirava para que eu me lembrasse dele, como se eu por um momento sequer estivesse esquecido. Stephen era o garoto mais bem vestido que eu conhecia. Sempre usava uma camiseta de suas bandas preferidas. Sempre usava calça jeans preta escura, e seus perfumes eram os mais atraentes. Cabelo enrolado e castanho claro, lábios vermelhos, pele branca e com pequenas sardas sobre o nariz. Acho que o que mais me atraia nele era o jeito com que ele fazia tudo parecer possível. Sem ele tudo perdeu o sentido. Com certeza Marcus percebeu que eu estava péssima e tendo um péssimo ano. Mas não disse nada sobre isso. — Acho que você deveria ler. — ele disse estendo a mão e me entregando uma carta. — O que é isso? — perguntei confusa. — Stephen me mandou isso na terceira semana dele na França — ele disse e parou. Todas suas tentativas de continuar dizendo falharam e ele começou a chorar. — Sinto muito — ele disse com a voz quase totalmente inaudível. Mal conseguia abrir a carta. Parecia que estávamos no espaço e que eu acabara de respirar a última porção de oxigênio. Respirei fundo e comecei a ler a carta com as mãos tremulas. "Ela foi a melhor coisa que já me aconteceu, não quero sentir falta disso. Desse momento. Dela. Ela é a única que sabe quando estou mentindo e a única que nunca quero deixar ir. Ela se cala para ouvir, cara. Ela não questiona. Ela não te pergunta por que. Ela te ouve sem dizer "eu te disse". Quando ela me abraça, não ha outro lugar no mundo onde eu queria estar. Não ha outra pessoa com quem eu queira estar. Ela é perfeita, cara. Ela chegou do nada e se tornou meu porto seguro. Sempre está ali quando preciso. Ela está comigo nos momentos de alegria e também nos momentos de tristeza profunda. Eu amo ela, cara. Agora é impossível ficar sem ela. O rosto dela fica girando na minha cabeça e eu não quero perde-la. Só de pensar em vê-la partir me bate uma nostalgia, e eu quero morrer. Ela sabe que sou bem dramático, mas ela não me amaria se eu mudasse. Ela não espera que eu seja perfeito, cara. Ela gosta de mim do jeito que sou e não me pede para mudar em nada. Ela me deixa feliz, mesmo quando estou triste. Faz-me sorrir, mesmo quando estou chorando. Por que demorei tanto tempo para achar alguém como ela? Ou melhor, por que demorei tanto tempo para achar ela? Não alguém como ela. Não existe alguém como ela, ela é única, cara. Eu não quero vê-la apenas em meus sonhos. Preciso toca-la, senti-la, beija-la. Agora é simplesmente impossível ficar sem ela. Depois que a conheci, não quero conhecer mais ninguém. Não faz sentido amar outra pessoa, se só ela faz com que eu ame. "O seu sorriso é o mais lindo do mundo", ela disse. Cara sabe o que significa isso? Que ela me ama. É claro, por que meu sorriso é o mais horrível do mundo. Só ela me completa como um quebra-cabeça, e eu não quero sentir falta disso. Quero continuar a vê-la todos os dias, por que aquele sorriso me da forças para continuar seguindo em frente. É Como se todos os problemas desaparecessem quando ela está por perto. Escrevi várias cartas para ela, e quando eu chegar, irei entregar todas de maneiras diferentes. Eu espero que ela leia todas. Irei pedi-la em casamento assim que entregar pessoalmente a última carta. Espero que ela aceite. ” Eu aceito Stephen Perter. Eu aceito. ●●●●●● ♪