homem. Ela não despreza nenhuma das experiências anteriores. Apresenta com todas pontos de contacto mas sem seguir nenhuma deliberadamente, porque é produto de novas condições e novas concepções. Retine o poder de integração nas circunstâncias para os personagens dos românticos como Balzac e Sthendal, as qualidades de análise dos grandes subjectivistas como Dostoievsky e o interesse pelo melhoramento do homem e explicação da sua natureza que encontramos em Zola. Mas parte das condições do mundo de hoje, da consciencialização do escritor perante o sentido da evolução humana e da análise objectiva da realidade. E' realista mas já não dum realismo estático como o que classicamente se entendia: o seu realismo é dinâmico, dá-nos representações do homem em perpétuo devir e enquanto êle se modifica no decurso da história. E é simultaneamente apaixonada e desapaixonada, porque aquelas conclusões a que o escritor chega, depois duma análise consciente e concretamente racionalista sobre o que é matéria de toda a obra literária — o humano—, o obrigam, como homem, a tomar posição interessada nos conflitos da realidade de que extrai o conteúdo das próprias obras que cria. sileiros Jorge Amado, Erico Veríssimo, Lins do Rêgo, etc. Não se julgue que esta segunda corrente literária da nossa época substitui à sensibilidade, ao talento criador do literato e do artista em geral a fria análise, o estudo, as intenções, porque talento e sensibilidade são condições essenciais que indiscutivelmente estão na base de qualquer realização artística de valor. São, por assim dizer, pressuposições, tais como a inteligência é condição indispensável de qualquer estudo eficaz e a força do triunfo. E não se diga que está afastada a espontaneidade da arte que assim se transformará num produto demasiadamente cerebral, porque a nova literatura se retempera incessantemente na lição da realidade (alheia portanto a academismos) e surge como termo da cisão entre a sensibilidade e o entendimento, entre o real e o ideal, no ponto em que a existência reúne já condições para um posterior equilíbrio, de que ela é mesmo uma antecipação artística. Brota como expressão das angústias duma vida perdida em contradições que dividem os homens mas orientada no sentido da sua superação. E não é nada estranho que, numa época em que duas concepções opostas do mundo se chocam — na filosofia, na economia, no direito, etc. —, assistamos também, no campo da literatura, a uma manifestação do fenómeno essencial. Foi assim que surgiram, na literatura contemporânea, um Gorki, um Barbusse, um Romain Rolland, um Malraux, um Gladkov, Upton Sinclair, Silone, Ostrowsky, Weiskopf, os braR A U L S E Q U E I R A