Correio da Fraternidade ANO 23 – nº 265 Distribuição Gratuita Julho de 2011 Grupo Espírita “Irmão Vicente” A ESCOLA “ANNE SULLIVAN” EM DESFILE TRABALHO COMUNITÁRIO Com o passar dos anos, torna-se cada vez mais claro que a Festa Junina, realizada na Escola Anne Sullivan, tem se consolidado como um momento de integração entre pais, alunos surdos e os comunitários da Casa. Não há dúvidas de que esta integração tem sido almejada desde o momento em que aqui se iniciaram as atividades educacionais, mas muitos foram os esforços para que tal objetivo fosse atingido. Nas décadas de 80 e 90, a Festa Junina era um grande evento para o encontro social de surdos e para a arrecadação de fundos, mas os comunitários encontravam-se ausentes do trabalho que se realizava na Escola durante todo o ano. Pode-se afirmar que estava tudo errado? Não, pois todos trabalhavam, dentro do que alcançavam, mas faltava um algo mais. Gradativamente, através dos estudos doutrinários, a comunidade foi conscientizando-se de que a sustentação financeira é útil e necessária, mas que para o sucesso da obra, a sustentação do sentimento cristão, por cada comunitário, é primordial. Iniciou-se então toda uma campanha para que a comunidade passasse a assumir as FESTA JUNINA Ocorreu estes dias, Na Escola Anne Sullivan, A tão esperada Festa Junina. Teve milho, doce e pipoca, Tudo muito gostoso, Para receber o pessoal Da cidade e da “roça”. O Bazar foi um sucesso! Teve gente que comprou Sapato, blusa, terno e cobertor Pro marido, pros filhos e pros netos. A Escola ganhou até presente De um avô, diligente, Sacos de esterco Para na horta adubar os canteiros. Ele o fez porque estava muito feliz, Pois descobriu que o neto aprendeu A plantar e a comer verduras, frutas e legumes, Que antes torcia o nariz! E lá veio a criançada dançá, Rosto pintado, Passo marcado, Fizeram todos se emocioná... Quem iria acreditar? Mesmo sem ouvir a música Que uma criança surda Também poderia dançar? Mas o que é de encantar É o esforço que cada aluno faz Para, dentro das suas possibilidades, Nas suas dificuldades, se superar. Assim como todos nós, Espíritos em evolução na Terra, Travamos, cotidianamente, em nossos íntimos, uma verdadeira guerra, Para implantar No solo do coração As magnânimas lições Do Evangelho Cristão. Cibele – Diretora Pedagógica suas responsabilidades como mantenedora, não só no aspecto financeiro, mas também em todo o aspecto administrativo da Escola, que vai desde a parte essencialmente pedagógica, passando pela assistência social das famílias dos alunos e completando-se na preparação íntima de todos os integrantes da Casa, para que as lições do Evangelho chegassem ao ambiente da Escola sem aulas de catequese doutrinária, mas pela vibração íntima de todos os cooperadores. Neste ponto, o verdadeiro objetivo de uma Casa Cristã, estava sendo resgatado, pois a Doutrina Espírita oferece aos seus comunitários o conhecimento da reencarnação, que possibilita realizar este trabalho de atendimento ao surdo e à sua família, vendo no surdo um espírito em provação, pois é sobejamente estudado na Doutrina que, no mundo dos espíritos, não os há surdos. A surdez é consequência de desatinos praticados pelo espírito em provação, em vidas pretéritas, e que a surdez é uma forma de vida bastante disciplinativa e rigorosa, que se constitui para o aprendiz na oportunidade da regeneração dada pela misericórdia da Vida. E como fazer isto? Esta é mais uma das lutas desta comunidade: capacitar os seus (continua) IMPERATIVO DA PAZ Ante ocorrências que te induzam a reações negativas, reflete no imperativo da paz a resguardar-te no discernimento para que a cólera não te perturbe o caminho. * Se algum ato de violência te chegou a ferir, observa a condição enfermiça do agressor e reconhecerás que ele estará descarregando sobre ti parte da carga de insatisfação e desespero que acalenta em si próprio. * Diante de companheiros que te prejudicaram, segundo o teu modo de ver, medita e perceberás que eles unicamente dilapidam a si mesmos, criando empeços para as atividades que desempenham. * À frente dos familiares queridos que se desajustam, faze quanto puderes pela restauração da harmonia entre eles, mas respeita-os nas tomadas de posição em que, porventura, permaneçam, sem menosprezar-lhes o livre-arbítrio. Pronto Socorro – Emmanuel – psicografia de Francisco Cândido Xavier – Ed. CEU frequentadores para os trabalhos de apoio, que a Escola exige para funcionar. Este apoio, está baseado no sentimento de respeito ao próximo, que cada um traz em seu íntimo, que começa a ser lapidado pela realização, com muita disciplina, de trabalhos simples, que vão desde a manutenção predial, campanhas de arrecadação de fundos, que permitem o funcionamento de toda esta estrutura material, até o trabalho direto com a dor dos alunos surdos e de suas respectivas famílias, nas mais diferentes atividades, incluindo-se ainda visitas sistemáticas aos familiares, orientações quanto a possíveis encaminhamentos médicos, quando necessários, etc., o que exige de cada um muita paciência, compreensão e renúncia. Cibele – Diretora Pedagógica EM TORNO DA CARIDADE Relembra-nos o mentor Emmanuel que a caridade não é uma voz que fala, mas um poder que irradia. Não olvides que a caridade é o coração no teu gesto. Espalharás o ouro a mancheias, entretanto, se não sabes emoldurar de carinho a tua manifestação de bondade, as moedas de tua bolsa serão, muitas vezes, escárnio e humilhação, sobre a dor dos infortunados. Ensinarás a verdade, com segurança, contudo, se a tua palavra não estiver temperada com a brandura da paciência, quase sempre, o teu verbo, apesar de nobre e culto, não passará de azorrague no semblante ferido de teus irmãos. Recorda que a Providência Infinita nos estende o socorro do Céu de mil modos, em cada instante do dia, e descerrando tua alma à Grande Compreensão, não admitas que a sombra te avilte o culto da gentileza. Muitos dão, mas raros sabem dar. O pão, misturado de reprimendas, amarga mais que o fel e a lição, que se ajusta a críticas e reproches, pode ser comparada à tela preciosa que a ironia apedreja. A beneficência não se levanta por bandeira de superfície. Vale mais a tua frase, vasada em solidariedade e entendimento, para o companheiro que jaz sob o gelo de desânimo, que todos os tesouros amoedados da Terra. Vale mais teu braço amigo ao irmão caído no precipício do sofrimento, que a mais ampla biblioteca do mundo em cintilações verbalistas na tua boca. Lembra-te de que só o amor pode curar as chagas da penúria e da ignorância e aprende a doá-lo aos que te rodeiam, nas maneiras em que te exprimes, porque a caridade não é uma voz que fala, mas um poder que irradia. Abraça a fé que te enobrece a existência e segue o valioso roteiro que as suas revelações te traçam à luta, mas não te esqueças de içar o coração, na marcha cotidiana, para que a tua vida seja, realmente, um poema de luz e fraternidade, consoante a lição do Mestre Divino que, ainda mesmo na cruz, foi o amor generoso e triunfante, atravessando o vale escuro da morte, para convertê-la em eterna ressurreição. Caridade – Espíritos Diversos - psic. Francisco C. Xavier – lição 24 (Compilado por Cibele) “SOMENTE DEUS É QUE SABE” “Quanto a esse dia, e a essa hora, ninguém o sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, mas somente o Pai”. – (MARCOS, 13:32.) A citação supra, tirada do Evangelho de Marcos, refere-se a uma pergunta que não quer calar-se no íntimo do homem contemporâneo. Com muita propriedade disse Kardec em A Gênese1, referente às predições, um tanto temerárias e ameaçadoras, que foram feitas quanto ao final dos tempos... ”É evidentemente alegórico este quadro do fim dos tempos, como a maioria dos que Jesus compunha. Pelo seu vigor, as imagens que ele encerra são de natureza a impressionar inteligências ainda rudes”1... Hoje, ao longo das reencarnações ocorridas nestes milênios que compõem a história evolutiva das civilizações terrenas, aquelas mentes rudes cederam espaço para homens inteligentes, cuja perspicácia questiona avidamente pelo real significado das metáforas que a linguagem de Jesus empregava e o real significado delas quanto a esse dia e a essa hora, que o Pai sabe. A Doutrina Espírita, na palavra de seus mentores, no papel esclarecedor das Mensagens Cristãs em sua forma primitiva, isto é, sem distorções dogmáticas, ou teológicas, em 1938, através de Emmanuel, pelo médium psicógrafo Chico Xavier2, alertava aos estudiosos que antes do término do 2º milênio, Jesus voltaria, pela terceira vez, a aproximar-se da atmosfera terrena, em reunião da comunidade composta pelas potências angélicas do Sistema Solar, do qual Ele é um dos membros divinos... Detalhe: – Mais uma vez repetiu-se algo em torno da aproximação do Mestre ao mundo terreno. Visto que a primeira havia ocorrido nos primórdios da civilização Adâmica, a segunda, 2000 anos atrás e esta, agora, que seria a terceira, porém sem mencionar data de quando ocorreria. Ou melhor, “somente o Pai o sabia.” Continuando... Emmanuel, mais o Chico, tiveram em 1969, ou seja, 31 anos mais tarde, a oportunidade, como convidados, de participar, no dia 20/07, ainda de 1969, da mencionada reunião. E qual teria sido o tema dominante da reunião? – Em resumo, com a chegada do homem à Lua3, aqueles luminares preocupavam-se com o fato de que tecnicamente falando, o avanço dos espíritos deste Planeta de expiação tinha alcançado preocupante desenvolvimento científico, o mesmo não se podendo afirmar da esperada evolução moral. Ora, sem ela, o sentimento de fraternidade entre os povos que o integram, não prosperara. 2 E, sem tal sentimento, tornava-se cada vez existencial por que passa nossa mais ameaçadora a deflagração de humanidade, na transição para o milênio conflitos nucleares entre as nações mais próximo, estejamos sempre vigilantes em poderosas do Planeta. Cujas nossa caminhada. São muitos os consequências teriam efeitos obstáculos a transpor e os observadores inimagináveis não só para o Planeta Terra, espirituais, à nossa volta, já mas para todo o sistema solar ao qual ela impossibilitados de retornar ao orbe pela pertence. reencarnação, inquietos alguns, Em decorrência deste quadro tão grave revoltados outros, vingativos outros que se apresentava, era exigido de Jesus mais, julgando-se, muitos deles, que se levasse a efeito, conforme os injustiçados pela Providência Divina, dizeres bíblicos, os cataclismas que cobram de cada um de nós o necessário deveriam atingir a Terra, no final do aprumo moral-espiritual, a fim de segundo milênio. merecermos a Terra do amanhã.”... Foi aí que o Mestre interveio no sentido Bezerra de Menezes – psicografia de de que fosse concedida uma moratória de Júlio Cezar Grandi Ribeiro – 05/08/1991 mais 50 anos, para que houvesse a Vila Velha / ES – Brasil. melhora moral almejada. Este prazo seria A Gênese - Allan Kardec – Cap. XVII, p. 54 – contado a partir de 29/07/1969, e Trad. Guillon Ribeiro – ed. 34 FEB A Caminho da Luz – Emmanuel – psic. Chico Xavier – respectivo término em julho de 2019. Cap. XXIV, p. 210 – ed. 18 FEB Os menos avisados poderão rapidamente Folha Espírita – Dra. Marlene Nobre - 05/2011 - p. 4-5 calcular qual idade física terão naquela oportunidade... Como a partir dela tudo será diferente... Isto é, os justos vão AMANHà tomar assento ao lado dos anjos. E os que não passarem na peneira, serão A advertência de Thiago, esclarecida por Emmanuel em obra deslocados para atmosferas morais publicada em 1951, faz-se urgente à nossa compreensão, diante das revelações que nos têm sido feitas acerca das inferiores. Com todo respeito à opinião dos que transformações por que passa o globo que habitamos. Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. – (TIAGO, 4:14) assim pensam, parece que seus íntimos ainda não amadureceram a extensão do Diz o preguiçoso: "amanhã farei". recado recebido. Exclama o fraco: "amanhã, terei forças". Por exemplo: – Chegar em 2019, ou seja, Assevera o delinqüente: "amanhã, regenero-me". daqui a 7 anos e meio, é problema de É imperioso reconhecer, porém, que a criatura, adiando saúde orgânica. o esforço pessoal, não alcançou, ainda, em verdade, a Porém, ganhar o direito de conhecer noção real do tempo. este Planeta em sua nova fase de Quem não aproveita a bênção do dia, vive distante da desenvolvimento terá que ser conquista glória do século. Alma sem coragem de avançar cem passos, não moral de cada um. Pois a data para iniciar a transformação caminhará vinte mil. O lavrador que perde a hora de semear, não consegue ficou adiada para 2019, porém para prever as consequências da procrastinação do serviço terminar... a que se devota, porque, entre uma hora e outra, “Somente Deus é que sabe”. podem surgir impedimentos e lutas de indefinível Ora, Jesus sabia perfeitamente que não duração. seria em 50 anos apenas que os espíritos Muita gente aguarda a morte para entrar numa boa encarnados neste Planeta lograriam vida, contudo, a lei é clara quanto à destinação de cada alcançar o que não conseguiram em um de nós. mais de 2000 anos de aprendizado Alcançaremos sempre os resultados a que nos propomos. renovador. Se todas as aves possuem asas, nem todas se ajustam E que ao esgotar-se o referido período à mesma tarefa, nem planam no mesmo nível. moratório, aqueles que teimarem em A andorinha voa na direção do clima primaveril, mas o não modificar seus sentimentos à luz corvo, de modo geral, se consagra, em qualquer tempo, dos ensinos do Mestre, deverão deixar o aos detritos do chão. ambiente psíquico deste Planeta, para Aquilo que o homem procura agora, surpreenderá recomeçar o aprendizado que se amanhã, à frente dos olhos e em torno do coração. Cuida, pois, de fazer, sem delonga, quanto deve ser renegaram conquistar, porém em outro feito a benefício de tua própria felicidade, porque o planeta. Amanhã será muito agradável e benéfico somente para Todavia isto para os espíritas não deve aquele que trabalha no bem, que cresce no ideal ser novidade! superior e que se aperfeiçoa, valorosamente, nas Afinal, desde 1991, o Dr. Bezerra de abençoadas horas de Hoje. Menezes já havia alertado as suas Vinha de Luz – Emmanuel - psic. Francisco C. Xavier - lição 170 comunidades. Ei-lo: “... Nestes momentos de crise (Compilado por Débora) 1 2 3 CORREIO DA FRATERNIDADE, JULHO, 2011 FATOS PITORESCOS DE CHICO XAVIER O MOMENTO ATUAL CHICO E A LUZ DO LAMPIÃO LUZ NO CAMINHO L embro-me bem. Estávamos em peregrinação nos arredores da “Comunhão Espírita Cristã” com Chico Xavier. Sábado à noite, antes da reunião pública. A passos vagarosos, Chico caminhava de casa em casa, seguido por uma pequena multidão. Àquela época, as ruas do Parque das Américas eram escuras, esburacadas e o matagal as invadia parcialmente, dificultando a movimentação. Lilico era o confrade que carregava o lampião, clareando o caminho. Certo sábado, Lilico adiantou-se em excesso – uns vinte metros – e ficamos para trás, mergulhados na escuridão. Havia chovido e as poças d’água eram numerosas. Ouvindo a reclamação da turma, Chico chamou Lilico, legandonos preciosa lição: - “Lilico, meu filho, espere por nós... A luz não deve ir nem muito adiante, nem muito atrás... Para que possamos enxergar, é preciso que ela caminhe ao nosso lado...” Chico Xavier 70 anos de Mediunidade – Carlos A. Baccelli (Compilado por Sheila) Na jornada da vida, o viajor necessita de luz. Luz da compreensão, luz do esclarecimento, luz da verdade... Tal qual elucidado pelo fato vivido por Chico Xavier quantas vezes não requer o homem uma quantidade de luz superior àquela que ele pode suportar? E quantas outras vezes não prefere a escuridão da ignorância para “descompromissadamente” trilhar seu caminho? No entanto, o homem tem, ao seu alcance, à medida que se esforce, a luz de que necessita, sem ofuscar-lhe a visão, nem possibilitar perder-se na escuridão. O que ocorre é que muitas vezes prefere furtar-se ao conhecimento e isentar-se da responsabilidade de conhecer, ou mesmo julgar que as Potências da Vida não lhe proporcionam as condições adequadas para voos mais altos. Assim é o homem, espírito encarnado a caminho da evolução. Quer a luz, mas esquece-se que para obtê-la é necessário a sua parte de esforço e contribuição. Quão inúmeras vezes não falou o Mestre Jesus, através de parábolas, à multidão? Quão poucos não foram aqueles que buscaram seguir-Lhe os passos para ter o alcance real de tais lições? Quantos não pararam na superfície dos ensinamentos? Quantos até hoje não se prendem à letra? Diferentemente de Lilico, o Evangelho de Jesus está sempre caminhando ao lado do homem e possibilitandolhe a compreensão dos momentos por que passa na Terra, quando se dispõe a buscar-lhe a fonte de luz. E o Espiritismo, nada mais sendo do que o Evangelho Redivivo, ajuda o homem a compreender as lições do Mestre, mostra como tais lições são sempre atuais e possibilita, conforme o homem se capacita, uma compreensão cada vez mais ampla da realidade da Vida. Desta forma, as comunidades espíritas aí estão a abrir suas portas a todos os necessitados de alento, compreensão e esclarecimento, proporcionando-lhes o atendimento das dores físicas e psíquicas ao mostrarlhes que as lições de Jesus, e suas luzes, estão ao alcance de todos que as querem acessar. Nestas comunidades as luzes do Evangelho são proporcionadas pelas orientações singelas, porém seguras, de seus mentores – prepostos da Seara de Jesus – que buscam destilar aos frequentadores destes agrupamentos os esclarecimentos das lições do Mestre para que, compreendendo o Evangelho, cada um assuma sua parcela de responsabilidade perante o próprio progresso e perante a Vida. Assim, nenhum viajor terreno pode queixar-se pedindo mais ou menos luz, pois trazido pelo Mestre Jesus, Seu Evangelho é uma tocha que segue sempre ao lado do homem; é sempre atual, proporcionando a cada um que o busca a luz do entendimento das realidades da Vida, com a intensidade luminosa que cada um quer encarar, e mostra àquele que quer caminhar na escuridão que as dores e as consequências de seus atos são de sua responsabilidade, tanto quanto daquele que acredita que os Espíritos deveriam trazer as soluções para os problemas do mundo, e não que o homem deveria lutar para conquistá-las. A luz do Evangelho está no caminho humano, cabe ao homem decidir como vai utilizá-la. Sheila A BIBLIOTECA ESPÍRITA EM DESFILE E 2012? N ão estamos entregues à fatalidade, muito menos estamos predestinados ao sofrimento. A verdade é que estamos decidindo sobre nossas vidas, de acordo com o uso do nosso livre-arbítrio, sob a tutela das Leis Magnânimas da Vida. Quer conferir isto? Leia a obra Não Será em 2012 – Chico Xavier Revela a Data-Limite do Velho Mundo. Trazendo a compilação das reportagens da Folha Espírita, de Maio último, sobre o assunto, a obra é composta de valiosas informações a respeito do futuro de nossa civilização e do planeta em que vivemos. De autoria de Marlene Nobre e Geraldo Lemos Neto, e editada este mês, a obra vai ajudar a esclarecer muitas dúvidas. Daniel Lona CONCEITOS FILOSÓFICOS LIVRE-ARBÍTRIO E RESPONSABILIDADE O s Espíritos são criados simples e ignorantes, mas com aptidão para progredir, em vista de seu livrearbítrio. (...) Em suas origens estão num estado de nulidade moral e intelectual; agem sem consciência, por isto não têm responsabilidade. Pelo progresso, adquirem novos conhecimentos, novas faculdades, novas percepções. (...) O livre-arbítrio só se desenvolve pouco a pouco, após numerosas evoluções na vida corpórea. Assim é que durante longos períodos a alma encarnada é submetida à influência exclusiva dos instintos de conservação. Pouco a pouco, estes se transformam em instintos inteligentes, ou melhor, em inteligência rudimentar. Mais tarde, e sempre gradativamente, a inteligência domina os 3 instintos. Só então é que começa a séria responsabilidade. A partir daí, a responsabilidade pelos seus atos está na razão direta do progresso alcançado.1-2 O progresso intelectual e o progresso moral raramente marcham juntos. Mas o que o Espírito não faz num tempo, fá-lo-á em outro; de sorte que os dois progressos acabam por atingir o mesmo nível. Eis a razão pela qual, por vezes, se veem homens inteligentes e instruídos muito pouco adiantados moralmente, e reciprocamente. Por isso, Deus, que é soberanamente justo e bom, concede ao Espírito do homem, tantas existências quantas necessárias para atingir o objetivo que é a perfeição. Em cada nova existência ele traz o que adquiriu nas precedentes, em aptidão, em conhecimentos intuitivos, em inteligência e em moralidade. Nos Espíritos o progresso é fruto do próprio trabalho. Mas, como são livres (têm o livre-arbítrio), trabalham por seu adiantamento com maior ou menor esforço, conforme sua vontade. Assim, apressam ou retardam seu progresso, e, por isto mesmo, sua felicidade. Ao passo que uns avançam rapidamente, outros se arrastam por longos séculos nas fileiras inferiores. São, pois, os próprios artífices de sua situação, feliz ou infeliz, conforme a palavra do Cristo: “A cada um segundo as suas obras”.3 (Compilado por Pedro Abreu) 1 Revista Espírita - Jun/1863: Do princípio da não retrogradação do Espírito Revista Espírita - Jan/1864: Perguntas e problemas 3 Revista Espírita - Mar/1865: Onde é o Céu? 2 CORREIO DA FRATERNIDADE, JULHO, 2011 ELUCIDAÇÕES DOUTRINÁRIAS EMBAINHA TUA ESPADA POR BAGATELAS H á pequenas situações do cotidiano diante das quais costumamos abdicar do nosso equilíbrio psíquico e bemestar, quando não, a prejudicarmos a outrem. Quem é que à espera de uma vaga no estacionamento, não se sentiu levemente irritado com a aproximação de outro veículo, imaginando que irá furtar a vaga por que se estava esperando em primeiro lugar? Na fila do supermercado, ficamos impacientes quando a pessoa à nossa frente tem dois carrinhos cheios de compras e nós, com apenas meia dúzia de itens, temos de aguardála passar pelo caixa. Na feirinha da horta do Grupo Irmão Francisco, que decepção é quando alguém escolhe, antes de nós, aquela alface repolhuda em que estávamos de olho. Todavia, não é difícil perceber que tal comportamento não só é insensato como é um mau negócio. Isso quando além de nos irritarmos, não assumimos procedimentos menos nobres como avançar sobre o outro carro a fim de fechar-lhe a passagem e não permitir que ocupe a vaga que escolhemos. Perdemos a calma e, por vezes, a compostura porque custamos a compreender que as nossas necessidades, o nosso bem-estar e satisfação maior são mais importantes que os dos outros. Ninguém tem privilégios. Fomos todos criados pelo mesmo Pai, simples, ignorantes, dotados de inteligência, com o mesmo dever de progredir, aproveitando as experiências concedidas através das sucessivas encarnações. Ninguém tem posse definitiva nem do próprio corpo, que dirá sobre a folha de alface pela qual ficamos nos disputando. Outro ponto a se considerar, é que a encarnação dispõe, dentre outras, de situações, como as acima citadas, justamente para nos oportunizar o aprendizado do fazer aos outros aquilo o que desejamos que nos seja feito, dirimindo nosso egoísmo e aprendendo a usar a nossa inteligência em nosso benefício. A alface serve para alimentar o nosso corpo, não serve para alimentar o egoísmo. O estômago de ninguém faz mau juízo de um alimento se esse não o agride e supre o organismo dos nutrientes que ele precisa. Quando fazemos a compra do mês, também há quem tenha de nos aguardar passar pelo caixa. E se acreditamos ser plausível que nos façam a gentileza de permitir passarmos na frente, quando nossa compra é menor, precisamos adquirir o costume de olhar para trás, na fila, e fazermos o mesmo. Caso o outro motorista realmente nos tome a vaga, sejamos pacientes. Não é fácil para ninguém deixar de ser egoísta. E a paciência, antes de ser ato de benemerência, é um dever, já que tanto precisamos da paciência alheia para conosco também. Diante dessas e outras corriqueiras situações torna-se injustificável, portanto, negociarmos a oportunidade de aprender, paulatinamente, o respeito pelo próximo e a disciplina de cumprir sem reclamações as regras a que todos estão sujeitos, por mesquinharias. De outra forma, estaremos com tal frequência irritados e ansiosos, que ao comermos a salada da alface repolhuda, ao invés de nos sentirmos satisfeitos, vamos ter, isso sim, uma indigestão. Como espíritos encarnados, não é prudente nos desajustarmos ou desperdiçarmos o tempo precioso de que dispomos por meras bagatelas. Se nem nessas situações pequeninas conseguimos ser menos egoístas, que dirá em situações mais graves que nos exijam verdadeiras renúncias... A guerra jamais trouxe a paz. A violência nunca trouxe compreensão. Portanto, convém não esquecer-se que para a construção da paz e da compreensão dentro de si, necessário se faz que as guerras e contendas com os outros sejam trocadas pelo combate interior contra o egoísmo, o orgulho, a vaidade. Reflitamos, pois, na elucidação de Emmanuel sobre passagem abaixo: Embainha tua espada... – JESUS. (João, 18:11) A guerra foi sempre o terror das nações. Furacão de inconsciência, abre a porta a todos os monstros da iniquidade por onde se manifesta. O que a civilização ergue, ao preço dos séculos laboriosos de suor, destrói com a fúria de poucos dias. Diante dela, surgem o morticínio e o arrasamento, que compelem o povo à crueldade e à barbaria, através das quais aparecem dias amargos de sofrimento e regeneração para as coletividades que lhe aceitaram os desvarios. Ocorre o mesmo, dentro de nós, quando abrimos luta contra os semelhantes... Sustentando a contenda com o próximo, destruidora tempestade de sentimentos nos desarvora o coração. Ideais superiores e aspirações sublimes longamente acariciados por nosso espírito, construções do presente para o futuro e plantações de luz e amor, no terreno de nossas almas, sofrem desabamento e desintegração, porque o desequilíbrio e a violência nos fazem tremer e cair nas vibrações do egoísmo absoluto que havíamos relegado à retaguarda da evolução. Depois disso, muitas vezes devemos atravessar aflitivas existências de expiação para corrigir as brechas que nos aviltam o barco do destino, em breves momentos de insânia... Em nosso aprendizado cristão, lembremo-nos da palavra do Senhor: - "Embainha tua espada..." Alimentando a guerra com os outros, perdemo-nos nas trevas exteriores, esquecendo o bom combate que nos cabe manter em nós mesmos. Façamos a paz com os que nos cercam, lutando contra as sombras que ainda nos perturbam a existência, para que se faça em nós o reinado da luz. De lança em riste, jamais conquistaremos o bem que desejamos. A cruz do Mestre tem a forma de uma espada com a lâmina voltada para baixo. Recordemos, assim, que, em se sacrificando sobre uma espada simbólica, devidamente ensarilhada, é que Jesus conferiu ao homem a bênção da paz, com felicidade e renovação. Débora Fonte Viva – Emmanuel - psic. Francisco C. Xavier - lição 114 (Compilado por Sheila) MENSAGENS SEMPRE PRESENTES DO EVANGELHO PERANTE JESUS E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens. – PAULO. (Colossenses, 3:23) A compreensão do serviço do Cristo, entre as criaturas humanas, alcançará mais tarde a precisa amplitude, para a glorificação d’Aquele que nos segue de perto, desde o primeiro dia, esclarecendo-nos o caminho com a divina luz. Se cada homem culto indagasse de si mesmo, quanto ao fundamento essencial de suas atividades na Terra, encontraria sempre, no santuário interior, vastos horizontes para ilações de valor infinito. Para quem trabalhou no século? A quem ofereceu o fruto dos labores de cada dia? Não desejamos menoscabar a posição respeitável das pátrias, das organizações, da família e da personalidade; todavia, não podemos desconhecer-lhes a expressão de relatividade no tempo. No transcurso dos anos, as fronteiras se modificam, as leis evolucionam, o grupo doméstico se renova e o homem se eleva para destinos sempre mais altos. Tudo o que representa esforço da criatura foi realização 4 de si mesma, no quadro de trabalhos permanentes do Cristo. O que temos efetuado nos séculos constitui benefício ou ofensa a nós mesmos, na obra que pertence ao Senhor e não a nós outros. Legisladores e governados passam no tempo, com a bagagem que lhes é própria, e Jesus permanece a fim ajuizar da vantagem ou desvantagem da colaboração da cada um no serviço divino da evolução e do aprimoramento. Administração e obediência, responsabilidades de traçar e seguir são apenas subdivisões da mordomia conferida pelo Senhor aos tutelados. O trabalho digno é a oportunidade santa. Dentro dos círculos do serviço, a atitude assumida pelo homem honrar-lhe-á ou desonrar-lhe-á a personalidade eterna, perante Jesus-Cristo. Pão Nosso – Emmanuel – psic. Francisco C. Xavier – lição 57 (Compilado por Delcio) CORREIO DA FRATERNIDADE, JULHO, 2011 ASSIM SE EXPRESSOU O LEITOR NECESSÁRIA RENOVAÇÃO N o dia a dia de nossa vida, não raro, agimos em total divergência daquilo que defendemos como adequado. Quando não, fazemos pedidos e exigimos melhoras, seja em casa, no trabalho ou na sociedade, transferindo a responsabilidade destas realizações a outrem, pois esquecendo-nos da parte que nos cabe, não nos modificamos a fim de alcançá-las. E ainda, costumamos apontar no próximo suas atitudes recrimináveis, mas as nossas, o nosso orgulho nos leva a disfarçá-las. A este respeito convidou-nos à reflexão, sob o título de Antítese, a poesia publicada neste jornal no mês passado. “Muito se clama por paz, em palavras e manifestos, poucos os que se dispõem, assaz, à brandura dos gestos” exemplifica a afirmação de que “Nossas displicentes atitudes são antítese do que dizemos, demonstrando que as desejadas virtudes não passam ao campo dos exemplos”. Tal comportamento é ocasionado “pois nos perdemos nos banquetes de ilusão, nos brindes inebriantes do egoísmo aviltante a causar-nos confusão, a obliterar-nos a visão, impossibilitandonos de perceber a própria imperfeição e a necessidade da íntima revisão”. Com isso, como alerta e solução, a referida poesia assegura que “... para que se possa demover o comemorado brinde eleito, preciso é a alma se reconhecer qual espírito imperfeito. Eis o Evangelho a se oferecer, qual leite d’entendimento que a alma pode sorver e fornecer-lhe o devido sustento”. O Livro dos Espíritos, no capítulo II, nos esclarece que como espíritos eternos, criados por Deus simples e ignorantes, com o objetivo de alcançar a perfeição, se faz necessário um bom aproveitamento das oportunidades que recebemos durante a vida corporal1. Deste modo, apenas pronunciar tais conceitos, não basta, é preciso “... tornar-se um espírito mais consciente da necessária renovação”1 e trabalhar. Natália 1 Da Encarnação dos Espíritos – questões 132-133 COLUNA DOS JOVENS AH! SANTA IGNORÂNCIA! M aravilhado! É exatamente essa a palavra que expressa o meu sentimento ao sair de uma palestra de quinta-feira ou de uma aula de sábado, onde nossos Mentores mostram como o Evangelho de Jesus faz sentido quando observado à luz do Espiritismo. É esse mesmo sentimento que me faz ler, empolgado, obras como “O Livro dos Espíritos”, que elucidam inúmeras dúvidas, que por meio de explicações lógicas e incríveis mostram como tudo na Criação é lógico, ordenado, perfeito. Aliás, quantas coisas boas o Espiritismo me traz! Graças a ele, sabendo que a vida não começa no berço e nem acaba na sepultura, consigo enxergar situações, que por muitos são tratadas com pavor e medo, de uma maneira diferente. A morte deixa de ser tão assustadora, e a perda de entes queridos não é mais o fim do mundo, deixando de ser um “adeus” melancólico e passando a ser um “até logo!”. Que é doloroso sim, mas que vem acompanhado de uma doce esperança no porvir. Graças a ele também entendo que a renovação dos sentimentos é uma regra básica para alcançar a tão sonhada paz interior e que esse estado de alma está mais perto do que imaginamos, pois buscando nos policiar para agir corretamente no nosso dia a dia, já caminhamos aos poucos para esse objetivo. Diante de todo esse conforto, e uma série infindável de outros benefícios proveniente do estudo e do entendimento da Doutrina Espírita, presume-se que é dever do espírita, como privilegiado conhecedor de todas estas verdades, viver de uma maneira diferenciada, se aborrecer menos, cometer menos erros, afinal ele tem acesso a informações preciosas, podendo ser considerado um sortudo, correto? Ah, antes fosse! Na realidade, bastou olhar para o meu dia a dia para perceber como esse argumento é falho e sem fundamento. Não são poucas as vezes que me deparo com determinadas situações em que o que tenho vontade de fazer é completamente o contrário do que aprendo que devo fazer. Situações, das mais diversas, que vão desde um simples troco errado na padaria, até uma ofensa gratuita daquele indivíduo que não me desce, onde a vontade é de resolver “no braço” a situação. Ah, como nessas horas eu gostaria de ser ignorante com relação à Doutrina! Por mais que eu saiba que agindo corretamente estou evitando uma série de consequências ruins, a distância entre o Quero e Devo ainda é muito grande, pois meus impulsos negativos são muito maiores, e mais antigos, do que o pontinho minúsculo de conhecimento que já adquiri. Tanto isso é verdade que por muitas vezes, mesmo sabendo que determinada atitude é errada ou mesmo que não é a melhor a se tomar, e que ela poderá até me causar problemas, acabo “pagando pra ver”. E aí o previsível acontece, pois na maioria das vezes quebro a cara e, além de sofrer as consequências, ainda tenho que aguentar a minha consciência me cobrando, como que dizendo: “Eu Avisei!”. No entanto, esse sentimento pode se inverter, pois se por um lado ainda fico bravo por não poder fazer as coisas que às vezes sinto vontade, por outro lado, quando consigo praticar, mesmo que só um pouco do que aprendo, sinto uma sensação gostosa, que, a meu ver, deve ser um esboço da paz de espírito que se consegue sentir quando realmente se vive o que se aprende: a incrível sensação da consciência limpa. E essa sensação é mais prazerosa do que qualquer satisfação de vontade, pois a vontade é passageira, momentânea, e tem seu encanto quebrado assim que é satisfeita, diferente desse sentimento de bem-estar e de paz, não com o vizinho, mas consigo mesmo, que é duradouro e verdadeiro. Diante de tudo isso fica claro que um espírita não é um privilegiado por ter ao seu alcance determinados conhecimentos, muito pelo contrário! Fica claro também que eu, como espírita, para desfrutar dos benefícios que a Doutrina me proporciona, tenho que buscar a renovação dos meus sentimentos e principalmente mudar minhas atitudes, porque muito pouco adianta conhecer, se não se pratica o que se conhece. Na realidade mais do que não adiantar, traz consigo uma enorme responsabilidade, pois se eu consigo distinguir o certo do errado, o bom do ruim, e medir as consequências de cada uma das escolhas, se decido agir de maneira UM ALERTA CONTUMAZ errada é por opção e não por ignorância. Em 1862 Allan Kardec visitou diversos Grupos Espíritas deixando aos seus comunitários E como o Mestre valiosas instruções. Apesar de passados 142 anos, suas recomendações são atualíssimas, disse há 2000 anos: dentre as quais destacamos o seguinte alerta: “Eu disse que os adversários têm uma A quem muito é dado, outra tática para alcançar seus fins: consiste em procurar semear a desunião entre os muito será exigido. adeptos, atiçando o fogo de pequenas paixões, de ciúmes e rancores, fazendo nascer os cismas, suscitando causas de antagonismo e de rivalidade entre os grupos, a fim de leválos a constituir diversos campos (...)Mantende-vos constantemente em guarda a fim de que ele não vos apanhe desprevenidos. Em caso de incerteza tendes um farol que não vos pode enganar: é a caridade, que nunca é equívoca (...)”1 1 5 Susan Mateus ESMAGAMENTO DO MAL Esta lição de profundidade ímpar nos remete à necessidade do próprio esforço para aquilo que Emmanuel chama de “esmagamento do mal” por nossos próprios pés, e não através dos velhos desculpismos em delegar ao próximo a responsabilidade de nossa própria iluminação: “E o Deus de paz esmagará em breve a Satanás debaixo dos vossos pés.” – PAULO. (Romanos, 16:20) Em toda parte do Planeta se poderá reconhecer a luta sem tréguas, entre o bem e o mal. Manifesta-se o grande conflito, sob as mais diversas formas, e, no turbilhão de seus movimentos, muitas almas sensíveis, de modo invariável, conservam-se na atitude de invocação aos gênios tutelares para que estes venham à arena combater os inimigos que as atordoam, prostrando-os de vez. Solicitar auxílio ou recorrer à lei da cooperação representam atos louváveis do Espírito que identifica a própria fraqueza, contudo, insistir para que outrem nos substitua no esforço, que somente a nós outros cabe despender, demonstra falsa posição, suscetível de acentuar-nos as necessidades. Satanás, representando o poder do mal, na vida humana, será esmagado por Deus; todavia, Paulo de Tarso define, com bastante clareza, o local da vitória divina. O triunfo supremo verificar-se-á sob os pés do homem. Quando a criatura, pela própria dedicação ao trabalho iluminativo, se entregar ao Pai, sem reservas, efetuando-lhe a vontade sacrossanta, com esquecimento do velho egoísmo animal, apreendendo a grandeza de sua posição de espírito eterno, atingirá a vitória sublime. O Senhor Todo-Paternal já se entregou aos filhos terrestres, mas raros filhos se entregaram a Ele. Indispensável, pois, não esquecer que o mal não será eliminado, a esmo, e sim debaixo dos pés de cada um de nós. Pão Nosso – Emmanuel – psic. Francisco C. Xavier – lição 27 (Compilado por Susan) Viagem Espírita de 1862 – Allan Kardec CORREIO DA FRATERNIDADE, JULHO, 2011 EFEMÉRIDES ESPÍRITAS PÃES E ROSAS A personagem que esta coluna tem o prazer de relembrar este mês, é a personificação de trabalho cristão, do amor incondicional ao próximo, em qualquer circunstância. Segundo Chico Xavier seu trabalho apostolar pode ser dividido em duas vertentes muito claras: a caridade e a paz. Seu nome é Isabel de Aragão, também conhecida pelo povo português como a Rainha Santa. Nasceu em 1270, em Saragoça1, sendo filha do rei de Aragão; e comprometida em um casamento arranjado por seus pais, casou-se aos 12 anos de idade com D. Dinis, rei de Portugal. Mas Isabel era uma rainha muito diferente do convencional. Usou todo o dote recebido no casamento para fundar e manter instituições que abrigavam órfãos e viúvas, bem como inúmeras mães solteiras, as quais eram tratadas com verdadeiro escárnio e desprezo pela sociedade da época. Educada em família católica, a Rainha Isabel teve sempre seu trabalho acompanhado por freiras, com quem dividia as atividades. De avental à cintura, a rainha preparava refeições e medicamentos para levar aos doentes, tratava de suas feridas e dispunha-se a lavar os lençóis e ataduras dos enfermos que precisavam de atendimento. Além disso, foi uma excelente médium de cura, materialização e audiência, em que narrava ouvir conselhos de Santo Agostinho e Santo Antão2. São inumeráveis os doentes, principalmente leprosos, que se curavam através do seu concurso mediúnico. Um dos casos mais marcantes foi a cura do pé gangrenado de uma mulher, o qual causava grande repulsa às companheiras de trabalho. Muito além do ato mediúnico em si, Isabel demonstrou toda a sua simplicidade de alma, beijando o pé purulento, o qual ficou curado. Ainda segundo o médium mineiro: Seu gênio criador edificou hospitais e sua ligação com Jesus permitiu-lhe curar os doentes do corpo e do espírito. E, confidenciando a Caio Ramacciotti o médium mineiro afirmava: Você não pode imaginar o que significava, no rude inverno, deixar o conforto do palácio real e levar lenitivo aos enfermos. No entanto, devido à escassez de documentação, muitos dos seus feitos, curas e as, sempre presentes, palavras de consolo e estímulo proferidas pela nobre Isabel se perderam ao longo dos séculos. Conta-se que seu marido, o rei de Portugal, apesar de admirar-lhe o caráter, por vezes se incomodava com o trabalho em favor ao próximo realizado pela esposa. Certa feita, chegando de uma caçada a encontrou, nos fundos do palácio, cercada por pessoas sem qualquer recurso, como era de costume. A rainha carregava pães amontoados e embrulhados em seu avental para serem dados àquela gente faminta. Percebendo que a flagraria, rapidamente indagou: - O que trazes aí, Senhora? - São rosas, Senhor! - Rosas em Janeiro? Isso é um milagre. Deixa-me ver. Isabel abriu o avental e as rosas se espalharam pelo chão... E o povo todo se ajoelhou diante da nobre senhora. Assim foi seu trabalho voltado à caridade, ao amor ao próximo, o qual continuou sem interrupções, mesmo após o desencarne de seu esposo, período em que se aproximou do Convento de Santa Clara – a Velha, na ordem das Clarissas, mas sem dispor à igreja os seus recursos financeiros, “- O que trazes aí, Senhora? - São rosas, Senhor! - Rosas em Janeiro? Isso é um milagre. Deixa-me ver. Isabel abriu o avental e as rosas se espalharam pelo chão... E o povo todo se ajoelhou diante da nobre senhora.” todo ele voltado à doação. Permaneceu trabalhando até seu desencarne, em Julho de 1336, o qual foi marcado, durante o sepultamento de seu corpo, pelo suave aroma de rosas. Sua labuta em favor da paz foi tão grandiosa quanto aquela voltada à caridade. Inviabilizou, com extrema inteligência política, inúmeros rumores de guerras na Península Ibérica3, inclusive entre o filho D. O EVANGELHO DO MESTRE EM Afonso e seu esposo D. DIFERENTES PARTES DO GLOBO Dinis. Além disso, já Apesar de não podermos avaliar o alcance das iniciativas que se espalham pelo mundo, desencarnada, também buscando divulgar o Espiritismo, ousamos dizer, que através delas se iniciam os intercedeu, sem qualquer processos que colaboram com a divulgação do Evangelho de Jesus, aclarado pela descanso, em outras Doutrina dos Espíritos, levando ao alcance das massas a compreensão do porquê da guerras em iminência na Vida, o que somos, de onde viemos, para onde vamos... Assim, ensejam aos povos região, o que lhe rendeu dispersos no globo o esclarecimento do qual o homem não prescinde, que é o o título de Embaixadora da Paz, conferido pelo conhecimento da realidade do Espírito. Destacamos algumas de tais iniciativas que foram divulgadas nos jornais do meio espírita nos últimos meses. São elas: No jornal Folha Espírita de Abril p.p. temos entrevista de um japonês que por meio de sua esposa conheceu o Espiritismo e hoje se dedica a ele não só através da participação na Casa Espírita fundada pela esposa, no Japão, como também pela tradução que realizou de O Evangelho Segundo o Espiritismo para o japonês. Já no jornal Correio Fraterno, bimensal, de Março-Abril p.p., encontramos divulgação do 7º Encontro Espírita Boliviano, comemorando os 150 anos do lançamento de O Livro dos Médiuns, com o tema Mediunidade com Jesus: Luz Inapagável; e ainda contando com a participação, como conferencistas, de Divaldo Pereira Franco e José Raul Teixeira. E no jornal Serviço de Informação Espírita (SEI) de Junho p.p. foi divulgado que a Federação Espírita Espanhola disponibiliza na internet, de forma gratuita, livros espíritas em Espanhol. Alguns dos autores cujos livros, neste idioma, se encontram disponíveis no site são Allan Kardec, Chico Xavier, Amália Domingo Soler, Herculano Pires, Ernesto Bozzano, Gabriel Delanne e Camille Flammarion. Sheila 6 próprio Mestre Jesus. Enquanto seu antigo esposo continuava voltando à Terra em encarnações sucessivas, sendo a última delas como o conhecido Batuíra, Isabel continuou na espiritualidade com um trabalho imensurável. É responsável, no plano espiritual, pela condução de obras ligadas à assistência e educação na península Ibérica. Também ligada à colônia espiritual Nosso Lar, e sob o nome de Veneranda, possui uma ficha de serviços que conta com mais de 1 milhão de horas ininterruptamente trabalhadas.4 Tamanha exuberância de alma pôde ser vista por Chico Xavier, ao narrar seu primeiro contato com a rainha, 591 anos após o desencarne da nobre, que o convidou ao trabalho de distribuição de pães entre os mais necessitados: As paredes refletiam a luz de um prateado lilás. Eu estava de joelhos, conforme os meus hábitos católicos, e descerrei os olhos, tentando ver o que se passava. Vi, então, perto de mim uma senhora de admirável presença, que irradiava a luz que se espraiava pelo quarto. Tentei levantar-me para demonstrar-lhe respeito e cortesia, mas não consegui permanecer de pé e dobrei, involuntariamente, os joelhos diante dela... Assim foi o primeiro contato, na encarnação de Chico Xavier, de uma alma que transformou pães em rosas, convidando o amigo a transformar “rosas” em pães. Débora/Susan 1 capital de Aragão, estado idependente localizado na Espanha cristão que viveu no século III no Egito 3 Portugal e Espanha 4 contabilizados até o ano de 1939 2 Leia mais em: - Chico Xavier e Isabel, A Rainha Santa de Portugal – Eduardo Carvalho Monteiro - Mensagens de Inês de Castro - Francisco C. Xavier / Caio Ramacciotti - Chico Xavier – Mandato de Amor – Carlos A. Baccelli - Conversa com Chico Xavier – Revista Comunicação (GEEM) nº 192 (Jul-Set/2011) - Caio Ramacciotti - Nosso Lar – André Luiz – psic. Francisco C. Xavier O QUE ESPERAR DO FUTURO, NA ÓTICA DO MUNDO CIENTÍFICO? Foi essa uma das perguntas realizadas, em entrevista do jornal Correio Fraterno de Maio/Junho de 2011, ao médico-cirurgião Décio Iandoli, em relação ao progresso da medicina junto ao tema da espiritualidade. Sua resposta foi: Estamos terminando um grande e importante capítulo do nosso desenvolvimento, o materialismo. Através deste paradigma descortinamos grande parte dos mistérios que nos rodeavam e, muitas vezes, nos assustavam, porém este se esgota. Não se mostra capaz de responder questões fundamentais como, por exemplo, o que é a vida, o que é a mente, como se explicam curas “milagrosas” ou como surgem certas doenças provocadas pelos nossos sentimentos em desalinho. Nosso próprio desenvolvimento nos trouxe a este lugar em que nos encontramos hoje. Estamos precisando de novas abordagens, de um novo olhar, um novo paradigma que nos permita seguir em frente. É a era do espírito que se inicia. Sheila CORREIO DA FRATERNIDADE, JULHO, 2011 LIVRO ESPÍRITA – AMIGO SUBLIME POESIA LEITURA PARA ADULTOS O livro que indicamos para leitura comemora, este mês, 70 anos desde sua primeira edição. Conta o autor espiritual responsável por ele, Emmanuel, que, quando ainda do planejamento da obra, foi procurado por uma incontável quantidade de espíritos que gostariam de dar contribuições acerca das experiências que tiveram com aquele a quem a obra principalmente retrata. A quem estes espíritos se referem? Paulo de Tarso, o apóstolo dos gentios. Emmanuel acrescenta que os pedidos eram tantos que não conseguiu atender a todos. Junto a Chico Xavier, o trabalho de psicografia do livro foi bastante longo e minucioso, feito com muita disciplina no porão da casa do Sr. Rômulo Joviano (chefe de Chico na Fazenda Modelo), onde o médium pôde contar com um ambiente tranquilo, tendo como única companhia encarnada um insistente sapo, que acompanhou todo o processo de psicografia. O resultado de tamanho trabalho e esforço, inclusive o de publicar a referida obra em um único volume, é uma verdadeira exemplificação do Cristianismo em sua expressão mais cristalina, através das narrativas da vida tanto de Paulo de Tarso quanto de Estêvão. Deste modo, aqueles que se dispuserem ao estudo e reflexão desta obra completa em todos os sentidos, peça pelo título “Paulo e Estêvão” em nossa Biblioteca Espírita Irmão Clarêncio. Susan LIVRO INFANTIL Você por acaso já ouviu falar de caravana??? É um grupo de pessoas que viajam juntas pelos desertos, vendendo e comprando mercadorias. Kirina, uma menina que viveu na época de Jesus, fazia parte de uma família de caravaneiros que viajava por toda região da antiga Palestina. Em cada vilarejo que sua família parava, Kirina pedia notícias de um senhor chamado Jesus. Quer saber o que Kirina aprendeu sobre Ele? Vá a biblioteca e leia a obra Kirina e Jesus, de Cléo de Albuquerque Mello. E, se por acaso, não tem a mínima ideia do que seja esse lugar chamado Palestina, no livro há um mapa que mostra para você. Boa leitura! Débora PALAVRAS FINAIS COM SIMPLICIDADE As belas poesias d’outrora Possibilitaram à humanidade sorver Os auspícios de nova aurora, Em seus anseios da alma compreender. Os grandes filósofos, pensadores, Como mentes absolutamente brilhantes Sempre foram grandes indagadores Dos assuntos mais intrigantes. São homens das belas letras, São inteligências argutas a refletir, Que, com suas solícitas penas, Livros d’entendimento puderam produzir. Suas obras são muito analisadas Nos bancos do academicismo Necessitando anos de empreitada No estudo com afinco, Onde escolas filosóficas e d’estética Foram, consequentemente, criadas Para discutir-lhes a dialética Nos embates das ideias geradas. Nenhuma delas, em contrapartida, Alcançou com tamanha profundidade A Verdade, por Jesus proferida Com absoluta simplicidade. Sem a complexidade e as preocupações Da beleza em forma escrita, Anunciou a Lei em ações, De forma jamais vista: SINAL VERDE N os dias tumultuosos pelos quais passamos, onde os valores morais estão sendo malbaratados pelo egoísmo, acende, para os viajantes atentos da estrada da Vida, o sinal de alerta. Mas, ante as brumas na estrada que dificultam a visão de horizontes mais claros, podemos acender no imo de nossas almas as luzes do Evangelho de Jesus, que nos abrem o sinal verde da esperança, para avançarmos com segurança. Por isso, leitor amigo, entregamos-lhe nosso Correio da Fraternidade. Vem ele como um humilde archote da divulgação Espírita Cristã que, ante as questões aqui abordadas, se esforça para fazer luz aos nossos entendimentos, para melhor compreendermos a Vida. A Equipe de Redação Acima de tudo, amar a Deus, Aquele que nos deu a vida, O Grande Provedor Do Universo, sob Sua guarida; E, em ao Pai amando, Respeitar a Sua Criação, No ideal soberano, De amar, pois, ao seu irmão. VOCÊ SABIA? ESTUDO ESTATÍSTICO DE CARTAS PSICOGRAFADAS POR CHICO XAVIER Já se é sabido que muitas eram as pessoas que procuravam o médium Chico Xavier em busca de cartas de seus parentes desencarnados. O que poucos sabem é que um grupo de espíritas, dentre eles a Dra. Marlene Nobre, realizaram uma pesquisa estatística bastante curiosa acerca de 40 cartas psicografadas por Chico Xavier. Tal estudo mostrou dados relativos às pessoas que procuravam o médium mineiro como: religião, grau de parentesco com a entidade comunicante, quantas vezes foi ao encontro do médium em busca da carta, entre outros. Além disso, também traçou um perfil das entidades comunicantes e em que período, a partir de seu desencarne, é que entraram em contato. No entanto, o mais interessante da pesquisa foram os fatos colhidos que atestam a veracidade das mensagens analisadas: 100% delas foram atestadas como verdadeiras sendo que 88% foram comprovadas por algum tipo de documento ou carta, 53% delas tinham assinaturas idênticas, 90% citavam nomes de familiares já desencarnados e 92% contavam relatos íntimos entre o desencarnado e o encarnado. Para aqueles que se sentiram espicaçados por esta interessante pesquisa poderão encontrá-la na íntegra no livro Chico Xavier: Mediunidade e Luz, de Carlos A. Baccelli. Susan 7 E ainda, enunciando a exemplificação da Lei, “Amar como eu vos amei” O Mestre resumiu qualquer filosofia Ou beleza d’uma perfeita poesia, Sumarizando palavras e ações Que resolvem todas as morais questões, Fazendo-as orbitar sobre o comum denominador: A Lei Universal do Amor. Susan CORREIO DA FRATERNIDADE, JULHO, 2011