EDITORIAL
Consciência espírita - cristã
Quem foi mais cristão que o próprio Cristo? Quem o
seguiu com mais ardor que o apóstolo Paulo? Quem lhe foi mais
fiel que Allan Kardec? Quem, por via mediúnica, o explicou melhor
que Emmanuel?
Jesus não hesitou, na sua serenidade celestial, em
censurar o mercantilismo da fé e a hipocrisia religiosa de seu tempo, cunhando as expressões
“raça de víboras”, “sepulcros caiados”, “salteadores de viúva”, “cegos que conduzem cegos”...
Paulo, sempre sincero, condenava publicamente tudo que colidia com a “sã doutrina”.
Allan Kardec, nas dezenas de números da Revista Espírita, jamais deixou alguém
sem resposta, defendeu a pureza doutrinária e a tudo abordava com textos lúcidos e
contundentes, sem deixar de ser ético.
Emmanuel, pelas mãos abençoadas de Chico Xavier, clareou nossos raciocínios,
desfilando os erros de ontem para que não os repitamos hoje.
Seria uma heresia de extremo mau gosto chamá-los de maledicentes ou perturbados.
Não há como negar que eles são as âncoras mais seguras para a nau vacilante dos
interesses espirituais da humanidade. Pensar diferente é decretar a própria insensibilidade
diante dos fatos.
Por isso, não é lícito conviver com a filosofia do “lobo travestido de ovelha”, aceitando
a permissividade de conceitos e de práticas, sem dar-lhe o “bom combate”.
O que dizer do profissional da saúde que, por falsa piedade, prefere ver o doente
morrer, a ter que aplicar o amargo, mas salvador remédio?
Adotar a postura do silêncio e da omissão, como símbolos de humildade e de respeito,
é faltar com a caridade cristã do esclarecimento.
O espírita que diz “não me comprometa” ou que aceita posicionar-se neutro, quando
deveria “confessar o Senhor diante dos homens”, faz-se confuso e não merecerá a confiança
dos benfeitores divinos. Erra, ao julgar que defender os postulados doutrinários é ferir interesses
alheios e faltar com a caridade.
Estamos no mundo a soldo de que interesse? O da redenção humana, ou da
conveniência pessoal?
Com qual caridade estamos comprometidos? Com a que educa ou com a que se
omite?
Jesus afirmou que só a verdade liberta. Paulo exemplificou. Allan Kardec a transformou
em fé racional. Emmanuel fez dela incomparável semeadura.
Por que fugir dos abençoados atritos que produzem luz confortadora? Para viver nas
sombras?
Humildade e equilíbrio, indispensáveis à nossa crença, estão muito mais no trabalho
sacrificial, na consciência espírita-cristã, do que no jogo discutível das aparências.
Foi por essa razão que o Senhor foi taxativo: “o teu sim, seja sim e o teu não, seja
não”.
1
A OBRA DO SÉCULO
Ante a enxurrada de livros ditos “psicografados”, em que quase todos pecam
pela pobreza literária e baixo teor doutrinário, as consideradas clássicas e básicas,
como as de Allan Kardec e as complementares trazidas por Chico Xavier, vão paulatina
e perigosamente perdendo importância.
Por isso, foi com agradável surpresa que encontramos na “Revista Internacional de Espiritismo”, ano LXXV, n.º 1, a lúcida entrevista de Richard Simonetti que coloca a série André Luiz/Chico Xavier como a “OBRA DO SÉCULO”, vindo ao encontro
dos destaques que a nossa revista “O ESPÍRITA” vem dando em suas últimas edições
à mesma série.
Vale reler trechos da entrevista concedida:
- Vivemos o último ano do século XX. Desde o exercício passado são listados
acontecimentos e personalidades que se destacaram. Qual seria, na sua opinião, o
livro espírita mais importante dos últimos cem anos?
Eu elegeria não um livro, mas um conjunto deles, envolvendo o trabalho maravilhoso do Espírito André Luiz, na série que começa com “Nosso Lar” e completa-se
com “Evolução em Dois Mundos”. Temos nesses livros uma gloriosa visão do mundo
espiritual, como jamais foi oferecida ao homem.
- Há quem situe a obra de André Luiz como uma nova revelação, um passo
adiante na história do Espiritismo. Seria isso?
É, sem dúvida, um passo adiante, mas não uma nova revelação. André Luiz
simplesmente desdobra, desenvolve o conhecimento veiculado nas obras de Kardec.
O que na codificação está sintetizado, em André Luiz aparece ampliado.
- O que você destacaria na coleção André Luiz?
Há tantos aspectos importantes que seria complicado enumerá-los. Um destaque
fundamental: ressumbra na obra de André Luiz a presença de Deus no Universo, impondo a justiça mas sustentando o amor e a misericórdia, a nos oferecer infinitas oportunidades de reabilitação e reajuste, quando nos transviamos.
- É surpreendente observar o clima de serenidade e paz vigente em “Nosso
Lar”, sob império dos valores evangélicos que parecem orientar a cidade. Chegaremos um dia a esse estágio na Terra?
Sim, quando o egoísmo deixar de ser o móvel das ações humanas. Os cidadãos de Nosso Lar, sem exceção, trabalham em benefício da coletividade, no empenho de servir. Numa sociedade onde todos se unem em favor do bem comum, instalase o Reino de Deus.
Vejo-a nas universidades, quando os doutos e os sábios despirem a arrogância; vejo-a nos templos e nas igrejas, quando os religiosos renunciarem às fantasias.
Reconhecendo as realidades espirituais e o intercâmbio com o além, todos terão muito
a aprender com esse maravilhoso compêndio de sabedoria que Deus nos concedeu
para acelerar nossa jornada, rumo ao infinito.
2
FIDELIDADE
a Jesus e a Kardec
Elias Barbosa, em seu livro “No
Mundo de Chico Xavier”, 5.ª edição,
Instituto de Difusão Espírita, página 69,
fez a seguinte pergunta ao Chico:
- Emmanuel já fez para você
alguma referência especial sobre Allan
Kardec?
- Lembro-me de que, num dos
primeiros contatos comigo, me preveniu
que pretendia trabalhar ao meu lado, por
tempo longo, mas que eu deveria, acima
de tudo, procurar os ensinamentos de
Jesus e as lições de Allan Kardec e disse
mais que, se um dia, ele, Emmanuel,
algo me aconselhasse que não estivesse
de acordo com as palavras de Jesus e
Kardec, que eu devia permanecer com
Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo.
Chico Xavier - Desenho
Chico Xavier
responde
?
Pergunta: Chico, em algumas
reuniões identificamos discussões estéreis em torno de opiniões particulares e pontos de vista exclusivistas
de determinados médiuns, que os
conduzem, muitas vezes, ao afastamento do serviço, carregando no coração mágoas e desapontamentos
com a direção das reuniões e dos
centros espíritas. Como devemos
agir diante dos que se afastam das
tarefas?
Resposta: O quadro de nossas
responsabilidades diante da mensagem cristã do “amai-vos uns aos outros” é tão vasto; os serviços ainda
incompletos e as tarefas por realizar
em nome do amor ao próximo se
desdobram com tanta intensidade
que, sinceramente, cabe-nos a solução de aproveitar o tempo disponível às nossas limitadas possibilidades,
trabalhando e servindo sem cessar
em nome do bem geral. Não podemos nos dar ao luxo de correr atrás
daqueles que abandonam o serviço
espiritual, a pretexto de lhes oferecer explicações e homenagens. Isto
porque nossas obrigações aí estão,
exigindo-nos tempo e dedicação, e
não podemos perder tempo. Se fulano ou sicrano considerou por bem
abandonar as próprias obrigações espirituais, por este ou aquele melindre,
que podemos nós fazer? Entreguemolo, pela oração, à bênção misericordiosa de Deus, o Pai amoroso de todos nós, e, por nossa vez, perseveremos no trabalho do bem até o fim.
Extraído do “O Espírita Mineiro”, pág. 8,
periódico da União Espírita Mineira.
3
Bezerra de Menezes
Pensamentos doutrinários II
A partir de 1886, Bezerra de
Menezes, ainda encarnado, publicou
artigos espíritas em O PAÍS que, à
época, era o jornal mais importante
da nação brasileira, dirigido pelo
combativo político republicano
Quintino Bocaiúva.
A compilação desses artigos
foi feita pelo ex-deputado federal e
espírita convicto Freitas Nobre.
A revista O ESPÍRITA
prossegue publicando resumos
desses textos ricos e oportunos.
Pai e Criador.
Os espíritos são criados com
iguais disposições para o alto destino,
que foi marcado a todos, mas a
liberdade de cultivar aquelas
condições, não sendo exercida com
o mesmo esforço e pelo mesmo
modo por todos, é o fator dessa
desigualdade que notamos.
Deus entregou ao homem seu
próprio destino, com os mesmos
meios de alcançá-lo, com a plena
liberdade de empregar esses meios.
Se uns usam bem a liberdade,
e outros usam mal, de quem a culpa?
A lei da preexistência tudo
Pela lei espírita da
explica
preexistência e vidas múltiplas, os
samoiedas e os hotentotes são
Se Deus cria para cada corpo, espíritos em princípio de sua
que se gera, o espírito que o tem de evolução, ou que se atrasaram por
animar, isto é, se o homem só
mau uso de sua liberdade, mas que,
tem uma vida para
sendo como todos
desenvolver sua perperfectíveis, marfectibilidade, Deus
charão progressivanão é justo, dando
mente para o destino
capacidades desiguais
humano: a perfeição
aos homens, de quem
pela ciência e pela
exige o mesmo travirtude.
balho.
E os caucasianos,
Isto é odioso e
que ostentam suas
blasfemo, mas isto é
excelentes disposições,
dedução rigorosa da
são espíritos que já se
doutrina da vida
adiantaram em passaúnica.
das existências: mas
Admite, por
que já foram tão
hipótese, a doutrina
atrasados e incapazes
da preexistência ou
como o samoieda e o
das vidas múltiplas,
hotentote.
Bezerra de Menezes
pela qual os espíritos,
Deus, pois, deu a
que constituem a humanidade
todos os seus filhos, como um pai
terrestre, já viveram provas em
terrestre, os mesmos meios de
passadas existências, e vereis como
progredirem: digamos, o mesmo
a diversidade para o bem e para o
mestre e os mesmos livros, e se uns
saber, que manifestam os homens,
se esforçam mais do que outros, não
exalta em vez de acusar a justiça do é porque tinham sua preferência, e
4
se uns desprezam aqueles meios ou
os empregam frouxamente, não é
por efeito de sua exclusão.
Os grandes sábios, como os
grandes santos, não o são por graça
especial do Criador, mas por obra de
seu próprio esforço.
Platão, Sócrates, Laplace,
Newton não receberam do Criador
inteligência mais perfeita do que os
pobres, que ainda não têm
capacidade para encarar a ciência.
Santo Agostinho, São Paulo,
Elias, Jeremias não tiveram do
Criador o dom da virtude, mas a
conquistaram, como todos podem e
hão
de
conquistar,
no
desenvolvimento da sua perfectibilidade, através dos séculos, e
mediante mais longa ou mais curta
enfiada de vidas corporais.
Com a lei da preexistência
tudo se explica, as dificuldades, que
eram impossíveis de serem
resolvidas pela doutrina da vida
única, caem por terra, e a luz se faz,
porque vê-se claramente que a justiça
de Deus é igual para todos, desde que
se compreende que em sua origem
essas grandes almas, que nos
aparecem e nos parecem tão
privilegiadas, não receberam do
Criador mais do que qualquer outra,
mas que é do uso que fizeram dos
dons, que o Criador repartiu por
todos, que resultou-lhes alcançar
graças, segundo a palavra do Senhor:
“ao que mais tiver, mais se dará, e
esse viverá na abundância”.
Mais clara prova da pluralidade
de existências nos dá a Escritura
nestas palavras do Senhor a Jeremias:
“Eu já te conhecia antes de te haver
gerado no ventre de tua mãe”.
A Escritura, pois, atesta a
verdade da Doutrina Espírita, assente
na pluralidade de existências.
O PREÇO DO MAL
O Rei Carlos IX ouvindo naquela mesma noite e por todo o dia seguinte a
narrativa das atrocidades praticadas com velhos, mulheres e crianças, chamou
de parte o mestre Ambroise Paré, seu médico assistente – a quem muito prezava,
posto professe outra religião – e disse: “Não sei o que comigo se está passando
nestes dois dias, mas a verdade é que me sinto muito abalado, de corpo e alma,
e que, dormindo ou acordado, tenho diante de mim essas criaturas mutiladas,
semblantes horrendos, mascarados de ódio e sangue!
Oh! Eu quisera que em tudo isso não entrassem os inconscientes e os
inocentes!”
Tudo faz crer ali estivessem, em torno do sanguinário rei, espíritos a clamar
vingança.
Gabriel Delanne
“A Evolução Anímica” - Edição FEB
5
Evangelho
Jorge Hessen - DF
Instrumento sublime para vencer as trevas
Em face da ausência de maior vigília
para a prática cristã que venha nortear nossas
ações e reações, permanecemos num patamar
inferior de angústias. Há um esforço cada vez
mais intenso dos obsessores, para manter a vida
na Terra em seu primarismo instintivo e as nossas tendências funcionando como antenas
receptoras mentais para as vis conexões com
as suas artimanhas. É bom que se diga que
essa conjugação também se dá ao nível de
encarnados para encarnados e destes para
desencarnados.
No que reporta aos problemas de
influenciações espirituais, Allan Kardec interroga os mentores espirituais: “Influem os espíritos nos nossos pensamentos e ações?”.
Os veneráveis benfeitores elucidam que
“(...) sua influência é maior do que pensais, pois
muitas vezes são eles que vos dirigem”1.
A propósito, lembremos que o alcoolismo, o uso de drogas, os desvios sexuais, o tabagismo, criam condicionamentos ao encarnado e atingem também o desencarnado que vêse atormentado por irresistível desejo. Na impossibilidade de satisfazerem-se no plano espiritual, os viciados do além procuram os viciados encarnados para manterem um processo
de simbiose psíquica. Por isso, não é raro o viciado sentir-se nervoso, descontrolado, por passar algum tempo sem realizar seu desejo. Normalmente, isso é sintoma da influência dos
obsessores, que lhe cobram a satisfação de
suas necessidades.
Sabemos que os algozes reagentes do
plano extrafísico (desencarnados) são os mesmos encarnados de outrora que, por má vontade, permanecem imantados aos planos da
materialidade, do sensualismo, da violência e
que se agarrando, fortemente ao campo físico
não desgrudam dos encarnados que com eles
se afinizam.
Portanto, por insinceridade, em nosso
tênue esforço para a reforma moral, obstamos
as relações equilibradas e equilibrantes conosco
e com o próximo. Toda nossa desarmonia leva
6
a desenvolver sintonias viciosas com outras
mentes doentias, sejam de desencarnados ou
encarnados, o que aguça sobremaneira nosso
próprio desarranjo interior, resultando daí as ingentes dificuldades para nos libertar das algemas em que nos aguilhoamos ante as garras
do mal.
Urge ponderar que, na medida que a
idéia negativa é facilitada, os espíritos vão dominando nossa personalidade, exercendo influência cada vez mais consistente. As motivações
deliberadas para agirmos em padrões de inferioridade moral sofrem potencialização impressionante, pois os obsessores atuam, emitindo forças mentais quais dardos venenosos que nos
destroem aos poucos. Porém, não podemos esquecer que a obsessão é um importante fator
que amplia os impulsos que nos são próprios,
onde infere-se que a obsessão é apenas uma
questão de afinidade moral.
“Cada um de nós forma sua atmosfera
moral, dentro da qual somente podem penetrar
espíritos da nossa natureza, que são os únicos
que a podem respirar.”2.
A obsessão configura-se toda vez que
alguém, encarnado ou desencarnado, exerça
sobre outrem constrição mental negativa por
qualquer motivo, através de simples sugestão,
indução ou coação, objetivando domínio. A rigor “a obsessão ocorre porque os seres humanos ainda carregam em suas almas uma
taxa mais elevada de sombras que de luz”3.
Evidentemente que a peça mais importante para a vitória sobre as trevas está reservada ao obsidiado. A terapêutica doutrinária é
a do convite para auto-análise sincera, para destruir em definitivo as tendências negativas, numa
estóica busca do Evangelho como alavanca de
legítima libertação.
1 “O Livro dos Espíritos”. Allan Kardec. Questão n.º
459 Ed. FEB.
2 “A loucura sob Novo Prisma”. Bezerra de Menezes
– pág. 158.
3 “Obsessão e Desobsessão”. Suely Caldas Shubert
– pág. 31.
“Depois de minha desencarnação, é possível
que apareça muita gente recebendo mensagens
atribuídas a mim; digo-lhes que não é minha
intenção parar de trabalhar, mas, se puder,
como o pessoal costuma dizer, gostaria de ‘dar
um tempo’ com a caneta e com o papel...”
Francisco Cândido Xavier
Do livro “O Evangelho de Chico Xavier”
7
Fátuos discípulos
Rogério Coelho - MG
“E qualquer que não levar
a sua cruz e não vier
após mim, não poderá ser
meu discípulo.”
Jesus (Lc 14:27)
Amélia Rodrigues
“Há falsos mestres e fátuos discípulos” esclarece Amélia Rodrigues
no livro “Há Flores no Caminho”, da lavra mediúnica de Divaldo Pereira
Franco.
Porém, o candidato a discípulo fiel do Mestre dos mestres não poderá
tergiversar: uma vez com a mão na charrua nunca olhará para trás.
Certa feita a mãe dos filhos de Zebedeu quis que seus dois filhos
assentassem um à direita e outro à esquerda de Jesus no “trono da glória
celestial”.
Poderiam aqueles fátuos discípulos sorver o cálice para alcançar
tais culminâncias?
Quem anseia pelo reconhecimento e facilidades nas leiras de trabalho
com o Cristo jamais poderá ser Seu discípulo. Os verdadeiros seguidores
das luminosas diretrizes, quando na vivência dos ideais de enobrecimento,
não descoroçoam ante a incompreensão nem se entristecem com a
indiferença dos da própria grei. Antes, alegram-se com tais vicissitudes
tão abundantes nos áridos caminhos da evolução, identificando nelas
apenas teste para medir-lhes a robustez da fé.
Entendemos com Amélia Rodrigues que “o melhor ensino faz-se
pelo conhecimento e mediante a vivência; a melhor aprendizagem pelo
estudo e através do exercício”.
Assim, o seguidor do Cristo deverá transferir o discurso teórico das
verdades celestiais para o curso da prática cotidiana, levando sua cruz,
renunciando-se a si mesmo e seguindo – impertérrito – as luminescentes
pegadas do Zagal Celeste, transformando-se em “carta-viva” de Seus
ensinamentos onde quer que vá.
8
Divaldo Franco
responde
(Extraído do número 77,
jul/set - 92, de O ESPÍRITA)
Pergunta:
A cobrança de taxas em eventos essencialmente espíritas não
estaria incorrendo nos mesmos e seculares erros de religiões,
que cobram todo serviço que prestam à comunidade? Onde
fica o “dai de graça o que de graça recebestes”? Não seria a
elitização da cultura doutrinária?
Resposta:
É lentamente que os vícios penetram nos organismos individuais e
coletivos da sociedade. A cobrança desta e daquela natureza, repetindo
velhos erros das religiões ortodoxas do passado, caracteriza ambição
injustificável, induzindo-nos a erros que se podem agravar e de futura
difícil erradicação. Temos responsabilidades com a casa espírita,
deveres para com ela, para com o próximo e entre esses deveres o da
divulgação ressalta como uma das mais belas expressões da caridade
que podemos fazer ao Espiritismo, conforme conceitua Emmanuel,
através da mediunidade abençoada de Chico Xavier. Nos eventos
esssencialmente espíritas, deveremos nós, os militantes da doutrina,
assumir as responsabilidades, evitando criar constrangimentos naqueles
que, de uma maneira ou de outra, necessitem beneficiar-se para, em
assimilando a doutrina, libertarem-se do jugo da paixões, encontrando
a verdade. O dar de graça conforme nos chega é determinação
evangélica que não pode ser esquecida e qualquer tentativa de
elitização da cultura doutrinária, em detrimento da generalização do
ensino a todas as criaturas, é um desvio intolerável em nosso
comportamento espírita.
9
ORAR POR QUEM?
Celso Martins - RJ
Vieram indagar-me se eu orava. Respondi que
outra coisa não faço desde que me entendo por gente,
principalmente depois de ter lido esta frase (que já coloquei no livrinho POR UM MUNDO MELHOR - Ed.
Edicel) de um pastor protestante norte-americano: Devemos orar como se tudo dependesse (e depende mesmo) de Deus. Mas também trabalhar como se tudo dependesse (e depende de igual modo também) de nós
próprios.
Mas quem viera com esta pergunta, saiu-se
com outra pergunta:
- Para que é que você ora?
Expliquei, já sabendo que estava naquela fase da escola quando havia
exame oral em dezembro para passar (ou não) de série. Oro, oro agradecendo a Deus por me ter criado; por me ter oferecido a presente existência; por
ter dado a mim o pai que tenho ainda, a mãezinha que já se foi de volta para
o grande além; por ter dado a mim excelentes professores, estudiosos alunos, prestimosos colegas; por ter dado a mim a irmã, a quem alfabetizei e,
além disso, o sogro que me foi mais que pai; a sogra que a mim chamava de
“o filho homem que Deus lhe deu”, pois que só tenho uma cunhada. Sim,
agradeço a Deus os leitores que me lêem, mandam-me cartas, pelos que
lêem e passam adiante lendo coisas melhores, é claro! Agradeço aos redatores dos jornais por onde escrevo. E parei por aí. Escondi o petitório enorme
que faço também ao Criador!
- Em favor de quem você ora?
Informei sem nenhuma mania de grandeza:
Oro por quem sofre e por quem faz alguém sofrer, pois este último é
mais merecedor de preces. Oro pelo que sofre no hospital onde aquele doente está sendo atendido. Oro pelos que morrem nas guerras, todas elas de
origem econômica, todas sem exceção, ainda que se digam religiosas. Mas
oro muito mais pelos que promovem as guerras para manter uma vasta indústria de armamentos, de última tecnologia às vezes, dando emprego a
muitos cientistas e a muitos rapazes e moças. Oro pelo que mata para ganhar
dinheiro ou para roubar petróleo. Oro pelo que assalta para fazer o tráfico
das drogas ou assalta por maldade mesmo no coração, podendo, se for o
caso, ao menos furtar sem ferir. Há uma diferença entre furtar (uma coisa) e
roubar (ameaçando alguém). Oro pelas mãos piedosas de um coveiro que,
um dia, irá com mais dois ou três colegas, debaixo do sol ou da chuva,
colocar os meus despojos debaixo da terra para as minhocas me roerem os
magros ossinhos.
Terminei dizendo que também oro a Deus agradecendo-lhe as maravilhas que existem desde os átomos até as luzes de milhões de galáxias.
10
Emmanuel
Presença de
TODOS NÓS
Da beneficência somos todos necessitados.
Os mais fortes requisitam apoio, a fim de que se lhes
acentue a resistência.
Os mais fracos esperam auxílio para que não desfaleçam.
Os mais cultos precisam de esclarecimento, de modo que a
vaidade não lhes ensombre a cabeça.
Os ignorantes solicitam o amparo de quem lhes ministre a
instrução.
Os doentes aguardam a enfermagem de quem os medique.
Os sãos reclamam o concurso de quem lhes recorde o
cuidado preciso para que não adoeçam.
A solidariedade é lei da vida.
Por isso mesmo, a nosso ver, a caridade não é somente uma
virtude simples, mas também uma instituição universal.
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Siameses
Conselho Editorial
A origem do nome vem do velho reino de Sião, atualmente Tailândia,
dada a imensa repercussão mundial do caso Chang e Eng, lá nascidos em
1811. O termo técnico é “xifópago”, que quer dizer “ligados pelo externo”.
Antes, eram raríssimos os casos. Agora, em cada oitenta mil partos
surge um caso de xifopagia. Comprovou-se não haver nenhuma relação
com condição sócio-econômica, climática, alimentícia e mesmo genética.
Nascem geralmente ligados pelo tórax ou pelo abdômen, mas pode
acontecer que nasçam ligados por outras partes do corpo, como o caso
raro das irmãs Rosa e Josepha Blazek
que vieram ao mundo presas pela coluna vertebral e pela pelve, em formato
extremamente constrangedor. Superaram as limitações, tornaram-se violinistas na Boêmia, atual República Tcheca.
O que mais emocionou o mundo, foi a situação das gêmeas norte-americanas Abigail e Brittany Hensel, que vivem numa pacata cidade do Meio-Oeste dos Estados Unidos. Têm, hoje, aproximadamente vinte anos de idade. Possuem duas cabeças, dois pescoços, dois
corações, dois estômagos e duas colunas. Abaixo da cintura tudo é comum.
Vivem sorrindo, amam-se, estudam e praticam esporte. “Separar-nos?
Os gêmeos Chang e Eng, em foto tirada pou- Jamais. Nós gostamos de ser juntas”,
co antes da morte de ambos em 1874. Vive- dizem ambas.
ram 63 anos e eram amigos.
A revista LIFE, uma das mais lidas
do mundo, publicou ampla reportagem sobre as duas, como modelos de
resignação e amor à vida.
O programa de TV, dirigido por Oprah Winfrey, de maior audiência
nos EUA, foi retransmitido para dezenas de países, inclusive no Brasil, pela
extinta TV Manchete, mostrando a imensa felicidade das duas, que trans12
formaram seus dramas em exemplo
de vida construtiva.
Em 1993, foi
realizada a primeira intervenção cirúrgica com sucesso absoluto, separando os siameses
chilenos Marcelo
Antônio e José
Patrício.
Esses fatos ajuAbigail e Brittany, com pouco mais de 3 aninhos. Filhas de pais amoro- daram a mudar a
sos e dedicados.
fisionomia dos absurdos preconceitos em torno dos(as) irmãos(ãs) xifópagos(as) que, ao longo dos séculos, por absoluta deformação da cultura religiosa que predominou até os meados do século XX, eram execrados, olhados com admiração
negativa, como se fossem seres abomináveis.
A ignorância e o fanatismo da Idade Média produziram os mais hediondos espetáculos, em vários países da Europa, sacrificando-os ao nascer,
por serem tidos como obra do “maligno”.
Os conquistadores espanhóis encontraram, na América Central e
Caribe, indígenas que, em suas tribos, tinham rituais que levavam à fogueira esses siameses.
Gravuras encontradas na Índia do século XVI mostram que a tortura,
o sacrifício e o assassinato desses seres eram práticas comuns em quase
todo o mundo.
Coube à Doutrina Espírita a projeção da luz indispensável sobre os
fenômenos da natureza humana, até então incompreensíveis, para entendermos que a xifopagia está sob o controle das leis divinas que permitem o
reajustamento de espíritos culpados por meio de dolorosas expiações.
No capítulo V, de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, que trata
das causas atuais das aflições, Allan Kardec foi taxativo: “promanam de
duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na
vida presente; outras, fora desta vida”.
Portanto, ante a certeza da absoluta justiça de Deus, só podemos
13
admitir que há uma
causa e que foi
numa vida anterior.
A reencarnação seria então o “elo perdido” pela ignorância da humanidade
e que agora “achado” pela Doutrina
Espírita dá lógica
Gravura
hindu
aos fatos, tornando
mostrando a
coerente o fenômetortura de
no dos siameses,
adultos
que se ligam por
siameses.
amor ou por ódio,
mas sempre tendo
por base erros graves cometidos por ambos.
A xifopagia é um choque cármico para o retorno do equilíbrio espiritual.
O futuro os aguarda com acenos de liberdade, pois, como sabemos,
“Deus corrige os que ama”.
O filme “LUTERO”
Poucas vezes a cinematografia foi tão fiel aos fatos históricos como no filme
“Lutero”. Artistas excelentes, cenários perfeitos, diálogos inteligentes e construtivos refletem a grandiosa vida desse missionário, cujas idéias Emmanuel classificou como “uma nova luz, propagando-se com a rapidez de um incêndio”, em “A
Caminho da Luz”, cap. XXI.
O grande reformista Martinho Lutero (1483-1546), com sua impressionante
coragem espiritual, revoltou-se contra a Igreja Católica, à qual pertencia. Combateu a venda de indulgências, as missas, o uso do latim, os dogmas, os rituais, os
ícones (santos), o celibato e outros procedimentos que desfiguravam a beleza
originária do Evangelho do Cristo.
Tudo isso está rica e fielmente mostrado no filme que já saiu do circuito
nacional de cinemas mas está à disposição nas locadoras em todo o País.
14
Frases que merecem
MEDITAÇÃO
(Extraídas da obra “Missionários da Luz”, de autoria de
André Luiz e psicografia de Chico Xavier.)
“O Espiritismo Cristão é a
revivescência do Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo, e a
mediunidade constitui um de seus
fundamentos vivos.”
“O lar não é somente a moradia dos corpos, mas, acima de
tudo, a residência das almas.”
“A moléstia intransigente enfraquece os instintos mais baixos,
atenua as labaredas mais vivas das
paixões inferiores, desanimaliza a
alma, abrindo-lhe, em torno,
interstícios abençoados por onde
penetra a luz infinita.”
a produzir maravilhosamente no
solo da terra.”
“Ninguém trai a vontade de
Deus, nos processos evolutivos,
sem grandes tarefas de reparação.”
“Sexo, na existência humana,
pode ser um dos instrumentos do
amor, sem que o amor seja o
sexo.”
“Por vezes, para preservar
convenientemente a saúde, é preciso conhecer as enfermidades;
para cultivar o bem, é necessário
não ignorar a existência do mal.”
“No campo vibratório da
mente humana, sente-se ainda o
veneno das víboras ingratas, o
instinto dos lobos ... , as ciladas
das raposas, o impulso sanguinário dos tigres vorazes, a vaidade
e o orgulho dos leões.”
“O homem que apregoa o
bem deve praticá-lo se não deseja que as suas palavras sejam carregadas pelo vento, como simples
eco dum tambor vazio.”
“As sementes depositadas nos
sarcófagos egípcios, há alguns milhares de anos, estão começando
“Um dia compreenderá o homem a importância do pensamento.”
15
“Cada um será julgado segundo as suas obras”
(Apocalipse 20:12-13)
Na figura de Elias, mesmo
falando em nome de Deus, ele
cometeu alguns excessos e
violências em sua época. Enfrentou
a Rainha Jezebel, tendo-a vencido,
matando os sacerdotes e suprimindo
o culto ao deus Baal. Como João
Batista, ele é morto por maquinação
também de uma rainha.
JOÃO 3:2 a 12
“Ninguém pode ver o Reino de
Deus se não nascer de novo. Se o homem não renascer da água e do Espírito, não pode ver o Reino de Deus. O
Espírito sopra onde quer, e ouvis sua
voz, mas não sabeis de onde ele vem
e para onde ele vai.”
Se o espírito fosse criado na
hora da concepção, saberíamos de
onde ele veio. Então ele já existia antes.
O significado da palavra água no
texto: O renascimento de “água” e “do
espírito” é nada mais do que a retomada da experiência física, cuja constituição do corpo é eminentemente líquida
(aproximadamente 70%). Portanto, o
renascimento da água é reencarnar e
o renascer de espírito é evoluir, progredir moralmente.
2 REIS 1:8
Elias vestia-se com uma roupa
de pêlos e um cinto de couro.
MATEUS 3:4
Usava, João, vestes de pêlos de
camelo e um cinto de couro.
LUCAS 9:18
“...Quem dizem as multidões que
sou eu?
Responderam eles: João Batista, mas outros, Elias e ainda outros dizem que ressurgiu um dos antigos profetas.”
Como poderia um antigo profeta,
falecido há séculos, voltar à uma vida na
Terra, senão por meio da reencarnação?
PAULO I Cor. 15:16
“Insensato! O que semeias não
nasce, se primeiro não morrer.”
Não existe planta sem a morte
da semente.
Não existe embrião sem a morte
do óvulo e do esperma.
Não existe borboleta sem a morte da lagarta. Isso é óbvio.
A morte nada mais é do que o
ponto de partida para o início de algo
novo. É a fronteira entre o passado e o
futuro.
Se o espírito renasce, é porque
ainda não se libertou do pecado. Ao se
libertar do pecado, portanto, ele não volta mais a encarnar, a não ser por sua
livre vontade, com o objetivo de fazer
alguma coisa boa para a humanidade.
Wilson Reis Barbosa - DF
16
Curiosidades
doutrinárias
1) Na obra “Devassando o Invisível”, psicografada por Yvonne Amaral
Pereira, editada pela FEB em 1962, encontramos o relato de que Bezerra de
Menezes, em 1915, através do médium
Silvestre Lobato, antecipou a invenção do
rádio e da televisão. O “médico dos pobres” foi mais longe e afirmou que a TV
permitiria ao homem captar imagens do
mundo espiritual. À época, a mensagem
foi tida por mentirosa e o médium se viu
em apuros. Tudo está narrado no seu
capítulo 8, item 1.
Em 1964, dois anos depois da edição do livro, surgia no mundo a
psicotrônica, ou a comunicação por meio
da TV, rádio, gravadores e computadores, com vozes e imagens de seres
desencarnados.
2) Frederico Figner foi um dos
mais lúcidos e combativos espíritas do
Brasil, no início do século XX. Nascido
em 2 de dezembro de 1866, na antiga
Tcheco-Eslováquia, emigrou para os
EUA com apenas 16 anos. Peregrinou
pelo México, América Central e América do Sul, fixando-se no Brasil. Em 1897,
casa-se com Esther de Freitas Reys.
Trouxe as invenções de Thomas Edson
para a nossa Terra. Fundou a “Casa Edson”, no centro do Rio de Janeiro, à rua
do Ouvidor. Criou a primeira gravadora
do país e lançou os primeiros sucessos e
cantores da então capital federal, como
Noel Rosa. Desencarnou em 1946, aos
80 anos. Chegou a ser vice presidente
da FEB e notabilizou-se pelo espírito de
caridade, ajudando necessitados de todas as religiões.
Viriato Correia, um dos maiores escritores brasileiros e membro da Academia Brasileira de Letras, dele disse:
“Quem com ele tivesse meia hora de
Frederico Figner, autor da obra “Voltei”.
conversa, quem durante um dia observasse os seus atos, nunca mais o esqueceria”.
Dois anos depois, em 1948, pela
psicografia de Chico Xavier, ele nos daria um dos mais belos livros da literatura
espírita: “Voltei” que assina com o pseudônimo de Irmão Jacob.
3) A epidemia da “influenza”, chamada de gripe espanhola em apenas 4
dias matou 8.000 pessoas em São Paulo,
inclusive o presidente Rodrigues Alves.
Essa mesma gripe tirou a vida de
Eurípedes Barsanulfo, que desencarnou
em 1.º de novembro de 1918. O apóstolo de Sacramento – MG tinha apenas
38 anos e foi contagiado pelos doentes
que socorria diariamente, esquecido de
si próprio.
4) Equipe de cientistas da Universidade de Illinois concluiu que não existe
um “gene gay”. O homossexualismo não
é doença, nem transmissível. Confirmando o que diz a Doutrina Espírita que explica o fato pela inversão da polaridade
psicológica, ou seja: espírito masculino
reencarnado em corpo feminino e viceversa. A sexualidade está na mente e não
no corpo. A informação está na revista
“Época”, 7/2/2005.
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As ondas gigantes
Conselho Editorial
Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas falam-nos do “princípio das dores” e
da “grande tribulação” que tratam das advertências do Cristo para a nossa época.
A dimensão dos fatos que ocorrerão escapa à nossa capacidade de compreensão. No entanto, há uma frase do Senhor que nos deixa chocados: “Não tivessem
aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; por causa dos escolhidos, tais dias
serão abreviados”.
Cientistas de todo o mundo não escondem mais a certeza de que algo de extraordinariamente doloroso, para a sociedade humana, está para acontecer.
As tsunamis, de 26 de dezembro de 2004, atingiram 15 países da Ásia e da
África, mataram mais de 300.000 pessoas, deixando cerca de 1 milhão de desabrigados
em poucas horas. Essas ondas gigantes são bem o reflexo dos desatinos humanos.
Além das bombas das guerras mundiais, dezenas de outras, as atômicas, foram explodidas em experiências macabras. A devastação das florestas e a poluição atmosférica estão mudando rapidamente as condições climáticas. Associadas à degradação
moral coletiva, completa-se o quadro desenhado profeticamente pelo Cristo.
Em “Alvoradas do Reino do Senhor”, capítulo da obra “Há 2.000 Anos”,
Emmanuel transcreve parte do discurso feito por Jesus aos primeiros cristãos, que
desencarnaram ante a crueldade de Nero no ano 58. Assevera o Mestre: “Exausto de
receber os fluidos venenosos da ignomínia e da iniquidade de seus habitantes, o próprio planeta protestará contra a impenitência dos homens, rasgando as entranhas em
dolorosos cataclismos...”. O Cristo
prossegue falando em “tempestades
de lágrimas”.
O “bramido do mar e das ondas”, com o exótico nome de
tsunami, pode ser o início das grandes transformações que nos aguardam.
Os que perseverarem até o fim,
como Ele lembrou, viverão “um
novo ciclo evolutivo” que “as divinas
verdades do Consolador” semearão
nos corações amadurecidos,
“Haverá angústia entre as nações em naqueles que souberam abrir mão de
perplexidade por causa do bramido do suas conveniências pessoais, de seus
bens, do seu egoísmo, longe dos
mar e das ondas. Homens desmaiarão preconceitos e dos grupismos,
de terror pela expectativa das coisas cultivadores da sincera fraternidade.
que virão sobre o mundo, porque os Os demais, os rancorosos,
poderes dos céus serão abalados.” aprenderão um dia, com a própria
dor, em outros planos da vida, nas
Lucas 21:25 e 26
tarefas difíceis do recomeço.
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Espíritas bolivianos
dão exemplo de consciência doutrinária
Conselho Editorial
Cresce no movimento espírita
brasileiro o sentimento de repúdio contra a febre da cobrança de taxas em
eventos doutrinários do Espiritismo. Ótimo!
Ainda é pouco. É preciso que jornais, revistas, programas de TV e rádio,
de cunho espírita, ampliem suas campanhas contra o absurdo das cobranças.
Segundo pesquisas recentemente feitas, que circularam por todo o nosso movimento, os espíritas são religiosos com cultura e renda “per capita” superiores às dos demais.
É sempre bom lembrar, como se
constata facilmente, que a maioria de
nossos confrades reside em casas confortáveis, possui carros novos, viaja todos os anos, tem filhos em escolas pagas, veste-se primorosamente, dá festas abundantes com doces, salgados e
bebidas... mas para os gastos com atividades religiosas costuma sair de “fininho”, falta “verba”, ou dá contribuições
ínfimas, bem abaixo de suas possibilidades.
A Bolívia é um dos países mais pobres do mundo. Tem 70% de sua população abaixo da linha da pobreza, o que
se reflete no movimento de lá. Mesmo assim, deu-nos grandioso exemplo. Ao organizar o seu “4.º Encuentro Espírita Boliviano”, fez questão de colocar nos cartazes a frase “ENTRADA LIBRE”, como
se confirma acima.
Não foram poucas as despesas.
O consagrado tribuno Divaldo Franco
esteve presente com todos os custos
4.º Encontro Espírita Boliviano - Cartaz
cobertos pela direção do evento.
Existem outras formas, além da
contribuição pessoal, que seria o ideal,
de se obter recursos para tais fins.
Jantares, almoços, bazares, festivais de tortas e sorvetes etc. são promoções doutrinariamente aceitáveis.
Não há o envolvimento de princípios e
não impedem o acesso de pessoas pobres aos eventos espíritas.
Chico Xavier nas obras “Encontros no Tempo”, organizado por Jarbas
Leone Varanda, e “A Ponte” por
Fernando Worm, chama a atenção para
a elitização do movimento que vai
grassando perigosamente.
A fé verdadeira não abre mão da
razão e também do sacrifício pessoal. É
fácil custear a crença com o bolso alheio.
19
O PRAZER DE
SERVIR
Toda a natureza é um anelo de “serviço”.
Serve a nuvem, serve o vento, serve a chuva.
Onde houver uma árvore para plantar, planta-a tu;
Onde houver um erro para corrigir, corrige-o tu;
Onde houver uma tarefa que todos recusam, aceita-a tu.
Sê tu quem tira a pedra do caminho, o ódio dos corações e as dificuldades dos problemas.
Há a alegria de ser sincero e de ser justo; há, porém,
mais do que isso, a formosa, a imensa alegria de servir.
Como seria triste o mundo se tudo estivesse feito, se
não houvesse uma roseira para plantar, uma iniciativa para
tomar!
Não te seduzam as obras fáceis. É belo fazer tudo o
que os outros se recusam a executar.
Não cometas, porém, o erro de pensar que só tem
merecimento executar as grande obras. Há pequenos préstimos que são bons serviços: enfeitar uma mesa, arrumar
uns livros, pentear uma criança.
Aquele é quem critica, este é quem destrói. Sê tu quem
serve. O servir não é próprio dos seres inferiores.
Deus, que nos dá o fruto e a luz, serve.
Poderia chamar-se o SERVIDOR.
E tem seus olhos fixos em nossas mãos e nos pergunta
todos os dias: serviste hoje? A quem?
À árvore, ao teu amigo, à tua mãe?
Gabriela Mistral
20
Tribuna LIVRE
Pergunta:
O filme “Vozes do Além”,
lançado em março desse ano,
estrelado pelo conhecido Michael
Keaton, empolgou a sociedade por
trazer de volta a velha questão da
imortalidade. O que há de verdadeiro
nesse novo meio de comunicação
espiritual?
Resposta:
A transcomunicação instrumental, que quer dizer comunicação
mediúnica por instumentos eletrônicos, surgiu no início da década de
60, do século passado, com a
publicação do livro “Vozes do
Universo”, em 1964, de autoria de
Fiedrich Juergenson, sueco e produtor
de filmes, com base em vozes gravadas
pelos mais modernos gravadores da
época. Em 1971, o engenheiro
americano George Meek inicia
experiências com o chamado
“spiricom”, aparelho que permitiria
ouvir vozes espirituais. Aproveitandose da idéia, William J. O’Neil, militar
americano especializado em
equipamentos eletrônicos obtém
gravações de seres desencarnados. Em
O pesquisador Juergenson chegou a ser
condecorado pelo Papa Paulo VI, pelos
serviços prestados à humanidade com suas
experiências.
“O ESPÍRITA” responde
1986, a “Parapsychology Review”
afirma que o professor universitário
Ken Webster estava recebendo
comunicações de um espírito chamado
Thomas Harden com revelações
surpreendentes.
Segundo consta, conforme
noticiou a revista “Isto É”, nº 1599,
há mais de 10.000 pesquisadores na
área em todo o mundo. No Brasil já
existe uma Associação Nacional de
Transcomunicadores (ANT), com
quase 15 anos de atividades (site:
www.geocities.com/auttci). A ANT
tem no seu acervo de fenômenos o caso
da psicóloga paulista Zilda Monteiro,
que ouviu no seu celular a voz de seu
ex-marido Edson a lhe dizer,
sussurrando, “eu te amo”.
Muitas vezes, para se ouvir com
nitidez, as vozes são gravadas de trás
para a frente (vozes reversas), como
os narrados pela revista “Isto É”.
Recentemente lançado em
português, o livro “Os Mortos nos
Falam” do padre francês François
Brune, causou verdadeiro espanto pela
coragem das afirmações.
Do ponto de vista doutrinário
do Espiritismo, as comunicações
transcendentais são plenamente
possíveis e são mesmo desejáveis,
poupando aos médiuns grande esforço,
além da credibilidade que daria aos
fenômenos, por serem irrefutáveis, sem
os prejuízos do animismo.
Com o avanço da ciência e da
tecnologia, a espiritualidade está mais
próxima da sociedade encarnada.
Nas obras da série André Luiz/
Chico Xavier, verifica-se o uso de
equipagem eletrônica avançadíssima,
como é o caso do psicoscópio, que os
benfeitores informam logo estará
entre nós, em “Nos Domínios da
Mediunidade”, no seu capítulo 2.
21
Notícias comentadas
Ney Latorraca confessa
Ator desde a infância. Nascido às 17h15min., do dia 25 de julho de
1944, em Santos - SP, Ney já levava jeito para a interpretação desde criança.
Imitava os professores, simulava desmaios para chamar atenção e fingia receber entidades para ganhar notas maiores de um professor espírita.
Revista “Contigo” - 22/4/2004
Embora o humor na declaração do artista, fica-nos a pergunta: É verdadeiramente “um professor espírita”?
Um professor comprometido com a educação não daria nota imerecida. Um
professor espírita, conscientemente espírita, teria percebido as encenações, sempre
grosseiras. O espírita estudioso conhece bem os mecanismos da mediunidade e seus
desvios como a mistificação e o animismo.
Pesquisador da UnB acompanhou a saúde de 52 estudantes durante três
anos. Metade foi alvo de preces feitas a distância por rezadeiras. Conclusão: o
sistema imunológico desse grupo tornou-se mais resistente.
“Correio Braziliense” – 24/10/2004
A afirmação foi feita pelo respeitado professor da Faculdade de Medicina da
Universidade de Brasília Carlos Eduardo Tosta. Espíritas e evangélicos da Igreja Sara
Nossa Terra, que atuam em hospitais como voluntários, fizeram parte da experiência.
Segundo o jornalista Ulisses Campbell, da equipe do “Correio Braziliense”: “Ciência e
religião estão quase namorando”, avança dizendo que duas revistas científicas internacionais estariam interessadas na publicação do trabalho.
Vale lembrar o que nos diz Allan Kardec, em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, em seu 1.º capítulo (Aliança da Ciência e da Religião): “Então, não mais desmentida
pela Ciência, a Religião adquirirá inabalável poder, porque estará de acordo com a
razão, já se lhe não podendo mais opor a irresistível lógica dos fatos”.
Qualidade cada vez mais apreciada no mundo corporativo, a intuição é
tema de Blink, livro que virou coqueluche entre os executivos americanos.
Revista “Época” – 14/2/2005
As potencialidades mentais do espírito humano foram sempre desacreditadas
pela viciação imposta pelas religiões dogmáticas. Agora retornam!
BLINK em inglês quer dizer “clarão repentino”, “lampejo”, ou seja, uma versão
moderna de intuição, inspiração como tão claramente os benfeitores espirituais responderam a Kardec em “O Livro dos Espíritos” na questão 522: “É o conselho íntimo e
oculto de um espírito que vos quer bem”, e o codificador acrescenta: “Os espíritos
protetores nos ajudam com seus conselhos mediante a voz da consciência que fazem
ressoar em nosso íntimo”.
22
Carta ao atual e futuro
ASSINANTE MANTENEDOR
Querido(a) irmão(ã),
A revista O ESPÍRITA, fundada em 3 de outubro de 1978, jamais
deixou de circular em seus 27 anos de existência.
Sempre com muito sacrifício, levou para todo o Brasil a mensagem
consoladora do Espiritismo Cristão, com a pureza e a beleza propostas por
nossos benfeitores sob a égide do Cristo.
Em sua nova fase, tem como sociedade mantenedora o Centro
Espírita Fonte de Esperança, que atua há mais de 20 anos no campo da
divulgação doutrinária e da assistência social.
Cabe colocar, que grande número de casas espíritas carentes,
mormente no interior, onde há enorme falta de material de divulgação, está
recebendo gratuitamente O ESPÍRITA. Por esta razão, solicitamos à sua
nobre consciência, que contribua anualmente com um valor sugerido de R$
10,00 (dez reais), ou mediante colaboração espontânea acima deste valor,
para que possamos custear a edição da revista, a postagem dos exemplares
que serão remetidos em seu nome e a distribuição gratuita a instituições
espíritas.
Ao enviar sua parcela de contribuição, você estará viabilizando a
continuação deste trabalho e apoiando os redatores, que lutam com denodo
para manterem erguida a bandeira da Nova Fé, e que arcam com os custos
desta produção, sem nada receber pelos serviços prestados.
Aproveitamos a oportunidade para requerer ao antigo assinante que
nos envie, obrigatoriamente, para continuar recebendo a revista, seus dados,
a fim de realizar recadastramento necessário à nova fase que se inicia,
evitando desperdícios, com eventuais extravios.
Que não nos falte a sensibilidade espiritualizada, entendendo que a
luta pela vitória do bem é da responsabilidade de todos.
Temos certeza de que o Senhor Jesus o(a) recompensará em sua
misericórdia, por manter acesa a chama de nossos ideais.
Contribua com a divulgação da Doutrina Espírita.
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23
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Ano XXVII
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