O Comunicamor
Informativo da Escola do Espírito Caminheiros em Busca da Paz - Ano VI - Nº 65
Junho de 2008 - w w w.caminheiros .com . br
EDITORIAL
Caminhos da convivência - “Eu sou o
caminho, a verdade e a vida”! Esta fala de Jesus foi, e
é, repetida muitas vezes ao longo da história da humanidade, por
todos os seres que se intitulam cristãos. Porém, poucos fazem
uma idéia precisa do significado dela. Não pretendemos interpretála, mas podemos juntos tecer algum raciocínio.
Vamos refletir sobre algumas questões:
Será que eu sou do tipo que indica caminhos aos outros? Será
que eu sei para onde minhas atitudes me levam? Estou habituado a
pesar os prós e os contras naquilo que ambiciono para mim? Sou
capaz de renunciar a um prazer momentâneo em prol da dúvida de
ter um resultado desfavorável a mim e ou a outrem no futuro?
Suponhamos que as respostas nos digam que estamos no
caminho certo. Então vamos por outra linha de raciocínio.
Quem já respondeu a outrem nestes termos: “se eu fosse você,
faria assim...”? Pois é! Sem perceber já indicamos caminhos,
mesmo que indiretamente.
Mais uma reflexão: será que já nos sentimos injustiçado diante
de algum fato? Se a resposta for sim, devemos repensar, pois
neste caso, significa que não avaliamos corretamente nossa
postura, porque temos a informação, segundo a Doutrina Espírita,
que a injustiça não existe, e que a Lei de “Causa e Efeito” é precisa,
ao contrário do que nos diz o sentimento de injustiça, de a Lei é de
“Causa e Defeito”, pois estamos vendo defeito por todos os lados,
em todos os momentos.
Será que já houve arrependimento de nossa parte, por haver
adquirido alguma coisa ou mesmo se relacionado com alguém?
É possível então que não tenha avaliado direito as conseqüências
de tal decisão, pois estas escaparam a nossa visão limitada, o que
não nos isenta as responsabilidades provenientes dela.
Depois de responder a estas questões convém que avaliemos
ainda:
Qual a produtividade de se caminhar e encaminhar sem
caminho?
Alguém caminha sem caminho? O que é caminhar e encaminhar
sem caminho?
Caminhar e encaminhar sem caminho é viver à margem de si
mesmo, sempre sendo impulsionado por estímulos exteriores,
sem a participação ativa de nossa inteligência e consciência,
assim, vivemos a culpar pessoas e circunstâncias, como se
fôssemos seres que não decidem por si mesmos. Essa postura
nos garante muito sofrimento, pois é impossível caminhar sem
caminho e caminho próprio.
Querer caminhar e encaminhar, sem caminhos é viver da vida
exterior.
Veja mais...
Aconteceu
Bem pelo
contrário!...
Preciso cuidar
do Espírito
Canto da Poesia
Perguntamos então: qual o caminho?
Será que agora já podemos entender a fala de
Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”?
Vamos arriscar um palpite: Será que o caminho é interior e
aponta diretamente para o Eu que Sou?
Mas como fazer para adentrar ao mais íntimo de mim? Qual
será o caminho?
Para aprender a decifrar os meus caminhos, eu preciso me
refletir no espelho que você é em minha vida. Preciso me abrir para
conviver com o outro que está bem ao meu lado. Mas normalmente
o que ocorre é que encontramos, tanto eu quanto você, nossas as
portas fechadas.
Entretanto, um dia as encontramos entreaberta...
Então surgem as perguntas: Será que eu entro? Será que bato
na porta antes de entrar? Será que tem alguém lá dentro?
Sempre procuramos argumentos que nos mantêm do lado de
fora.
A questão da porta de entrada é simples de se resolver. Quando
está fechada, pode ser que não tenha ninguém ou que tenha e não
queira ser incomodado. Como saberei se não bater na porta? Se
quero entrar, então posso pedir e se realmente puder, entro.
Se ao bater ninguém responder é sinal que não tem ninguém
ou que não quer atender, mas se ao contrário alguém responder
saberei que a casa não está vazia, e aí quando vierem me atender
eu pergunto se posso entrar. A resposta certamente virá.
Mas como atravessar uma porta que está dentro de mim
mesmo?
Geralmente fechamos nossas portas e impedimos que novas
idéias entrem em nossa casa íntima.
Quando nossos irmãos, que sofrem as mesmas angústias que
nós, nos vêem com nossas portas fechadas, não fazem esforços
para entrarem e acabam por se fechar também.
Estamos na fase da porta entreaberta, pois é aí que começa a
convivência, a percepção de que além de mim existe alguém que
pensa, sente, age e reage. O que conheço de você e você de mim
é o que podemos ver pela frestinha da porta. Esta fase é delicada,
pois ao mínimo sinal de perigo, fechamo-la e para entreabri-la
novamente é uma luta.
Mas qual a importância de se abrir? Por que devemos
conviver?
É convivendo que descubro o que existe de mais belo e divino
em mim e em você. É convivendo que juntos descobrimos o amor,
que sempre esteve aqui e ali, e que nós nunca tínhamos percebido.
É na convivência que lapidamos a rocha de nossos sentimentos e
os transformamos em essência divina.
Por isso devo me esforçar para me abrir e me encontrar com
você, para convivermos, aprendermos, e sobretudo, amarmonos, uns aos outros.
Encontrando com você, posso descobrir que existe vida além
do estreito mundo do meu egoísmo, definindo meu caminho,
através da convivência.
Equipe de Amor à Luz
1
1
ACONTECEU
- Nos dia 10 e 11 de maio, a equipe de Exposições de
Caminheiros realizou um trabalho no Centro Espírita André
Luiz, da cidade de Dourados-MS. As atividades se iniciaram
no sábado a tarde, quando ocorreu um seminário com o tema
“Convivência, um Desafio para a Inteligência”, já no domingo
ocorreu a palestra “A Inteligência Educando os Sentimentos”.
O público presente foi em torno de 40 pessoas. No final houve
uma linda e emocionante apresentação em vídeo para as
mães da casa.
- No dia 17, os trabalhadores da nossa casa receberam
a visita da Sra. Flora, uma das grandes colaboradoras de
Caminheiros.
- Nos dias 14 e 15, em Fernandópolis ocorrerá Seminário
e Palestras, na Comunidade Espírita Cristã Esperança.
- Nos dias 21 e 22, em Londrina-PR, no Grupo
Esperança, acontecerá debates com os evangelizadores e
convidados sobre o tema “Educação Cristã”. No Domingo
o seminário terá o tema “A Educação no ciclo Espiritual”.
BEM PELO CONTRÁRIO!...
Todo o avô que se preze “estraga” os netos quanto pode. E
eu devo reconhecer que não escapo à regra. Os “estragos”
que opero no Marcos são inerentes ao vício da aventura que
busco incutir-lhe. Desafio-o para riscos e sortes maiores
que os possíveis nos estreitos limites de uma casa, ou
os consentidos pelos limites simbólicos de uma vida de
conveniência. Incito-o a adultar-se sem adulterar-se.
Acaso o Marcos venha a optar pela nobre missão de
ensinar e educar, incitá-lo-ei a retomar os passos dos seus
pais, que, discretamente, contrariam o pré-determinado devir
das escolas que ainda temos. Hoje, como no futuro que será
o do Marcos, as escolas carecem de românticos resilientes,
conspiradores. Porém, a reinvenção dos caminhos não é
mero capricho, nem poderá converter-se numa via-sacra.
Por mais pontiagudas que sejam as pedras que roçarem
os seus passos por inexplorados caminhos, convidá-lo-ei
a empreender a demanda de um novo Graal. Mas também
porque o amo, não lhe pedirei que beba o cálix do sacrifício.
Bem pelo contrário!...
A geração do Marcos deverá romper com o fatalismo que
sacrificou Giordano nas fogueiras da Inquisição e condenou
Sócrates à fatal ingestão da cicuta. Ajudá-lo-ei a fintar o fado
funesto que imolou Ghandi num punhal traiçoeiro e Luther
King numa bala assassina. Um século após a execução de
Ferrer, setenta anos decorridos sobre o assassínio de Janusz
Korcsak nas câmaras de gás nazis, é tempo de contrariar o
fatalismo que confirma as tentativas de mudança da Escola
como sublimes imolações. Não quero cultivar memórias
habitadas por histórias de mártires. Bem pelo contrário!...
É conhecida a anedota que refere a possibilidade de fazer
viajar no tempo (ou de ressuscitar) um médico cirurgião e
um professor que tenham vivido nos primórdios do século
XIX. Diz-nos a anedota que, recolocados o médico e o
professor nos seus locais de trabalho, o primeiro morreria
de susto perante a sofisticação dos recursos disponíveis no
bloco operatório onde aportasse. Por seu turno, o professor
retomaria a aula interrompida há duzentos anos, mandando
abrir a cartilha na página oitenta e três...
Trata-se de uma anedota, bem sabemos. Porém, é
incontestável que os avanços da Medicina, enquanto ciência,
introduziram na prática médica profundas transformações,
tornando obsoletos conhecimentos e práticas de há dois
séculos. E o que distinguirá as escolas do século XIX das
escolas que hoje temos?
Mudaram-se os tempos, as matérias e materiais, enquanto
o modelo se manteve inalterado: classes, turmas, aulas,
lições, tempos de padrão uniforme, currículos segmentados,
estanques, inadequados… Mais computador, menos sebenta,
mais “data show” menos pau de giz, em pleno século XXI,
a Escola mantém-se tributária de necessidades sociais do
século XIX.
É por isso que falo ao Marcos de professores que, outrora,
ousaram contrariar velhos desígnios, ou não reconheceram
desígnio algum no seu vagabundear acidental pelas escolas.
Também lhe falo da perplexidade dos que tentaram reinventar a
escola que foi sua. Como aquele professor que me descrevia a
sua passagem pelos calabouços da polícia política, uma polícia
que lhe vigiava a correspondência e os passos. Contava-me
que, ao longo de todo o tempo que dedicou à nobre missão
de educar as novas gerações, assistiu à deserção de muitos
professores, à desistência dos mais sonhadores, perante
deslealdades e perfídias. E exclamava amiúde:
- Amigo Zé, tu és um crédulo, mas hás-de arrepender-te!
O maior dos erros é dar a outra face. Se até mesmo o Cristo
perdeu a paciência, até o divino ser se exaltou e desatou aos
pontapés nas bancas montadas pelos vendilhões do templo!
Para esse velho professor, muitas tinham sido as noites
passadas nos calabouços da polícia política, imenso o tempo
de pensar um qualquer sentido para o anônimo sacrifício,
enorme a tentação da desistência e da acomodação. E eu
cimentei na sua amargura a minha irreversível decisão de
recusar martírios.
Bem pelo contrário!... As crianças das escolas em que
se desenha um devir luminoso não carecem de registos de
actos sacrificiais ou da leitura de hagiografias pontuadas de
renúncias. As novas gerações hão-de colher lições de vida
em adultos seres não adulterados animados pelo dom da
esperança. O Marcos há-de dispensar os exemplos plasmados
em biografias de professores mártires.
Manda a verdade que acrescente um sinal de esperança
ao aparente pessimismo. Porque importa conhecer o que de
belo e inovador se fez pela Educação deste país, revelo ao
meu neto a vida maravilhosa da Irene Lisboa, companheira de
sonho do meu amigo de fala magoada e de outros professores
condenados a degredos. Ainda hoje, os professores nãoacomodados da geração dos pais do Marcos se defrontam
com alguns teóricos, políticos e opinion makers nossos
contemporâneos que, boçalmente, afirmam nos jornais que a
degradação do sistema se fica a dever a “novas pedagogias”.
“Novas pedagogias” que ninguém praticou, que nenhuma
escola adoptou, que nem eles sabem dizer quais são...
José Pacheco.
Extraído do Livro: “Para os Filhos dos Filhos dos Nossos Filhos”.
2
PRECISO CUIDAR DO ESPÍRITO
No primeiro final de semana de abril/08 participei de um
encontro espírita onde tive a felicidade de ouvir, por um bom
tempo, mensagens altamente educativas de uma entidade
espiritual. A médium, com uma capacidade incomum e
admirável, emprestava todo seu corpo e cérebro àquele
benfeitor. Eu disse “todo o seu corpo e cérebro”, porque a
mediunidade era do tipo inconsciente. As palavras brotavam
límpidas e puras. Eram ensinamentos de um espírito de alto
gabarito, um educador, que me emocionou e muito cooperou
com o surgimento de profundas reflexões em todos nós ali
presentes.
Como ocorre com boa parte dos espíritos evoluídos,
aquele também gostava de – em certos instantes - brincar
com as palavras. Em dado momento ele disse que os espíritas
gostam de dizer: “Preciso cuidar melhor de minha parte
espiritual. Tenho que ir mais ao Centro Espírita tomar passe,
beber água fluida e fazer caridade”. Em poucas palavras, esse
espírito amigo induziu-nos a refletir que certamente este não
é o melhor caminho para evoluirmos. Primeiro porque não dá
para “cuidar da parte espiritual” como se esta atitude fosse
fruto de atividades dentro de uma casa espírita, ou tomando
passe, ou bebendo água fluida ou exercendo a caridade. A
parte espiritual nós cuidamos – ou não cuidamos – em todos
os instantes de nossa vida! Pois em todos os momentos
“somos” espíritos.
Reforçando: os momentos de “cuidarmos da parte
espiritual” são todos os momentos, isto é, quando estamos no
trabalho, quando estamos juntos à família, quando estamos
no lazer, quando estamos dormindo, quando estamos dentro
da casa espírita, etc., etc.
Se imaginarmos que é a freqüência assídua ao Centro
Espírita que nos salva ou nos eleva, estaremos vivendo uma
grande ilusão.
Mas, não podemos tomar passe? Não podemos beber água
fluida? Sim, podemos. Mas simplesmente como refazimento
de energia, que também é necessário.
E praticar a caridade, não é importante? Kardec não nos
disse que “fora da caridade não há salvação?”. Sim, ele nos
disse, mas ao mesmo tempo nos esclareceu pela questão 886
de O Livro dos Espíritos que a verdadeira caridade pode ser
definida como “benevolência para com todos, indulgência para
com as falhas alheias, perdão das ofensas”. Esta é a caridade
que realmente “nos salva”, e não a sopa que distribuímos aos
mais necessitados “para ajudá-los”, esquecendo-nos que
muitas vezes os mais necessitados somos nós próprios.
Lembremo-nos sempre: a nossa evolução não é
conseqüência apenas de nossas sentidas orações, mas
é, prioritariamente, fruto do nosso exercício diário de autoenfrentamento em todas as circunstâncias e situações de
nossas vidas. Como disse o espírito Euríclides Formiga (*),
orar sim, mas arar também:
“Se todo o trabalho é prece,
Atente ao que eu vou falar,
Que em verdade, sobre a Terra,
Orar é também arar...
Pois a oração sem suor,
Não passa, às vezes, de um grito,
Que, ecoando pelo vale,
Não se escuta no Infinito.”
(*) Livro Para Sempre, Carlos Bacceli, Editora IDE
Alkíndar de Oliveira
CANTO DA POESIA
Caminho
De olhos fechados
Eu caminhei
Passei pelas Eras
Até que acordei
Procurei na razão
Um motivo pra viver
Mas o meu coração
Não pude perceber
Entre a dor e o sofrimento
Nova oportunidade pedi
Percebi que de olhos fechados
Continuava a seguir
Hoje no Brasil me encontro
Sinto em mim algo brotar
É o amor a despertar
Juntos vamos seguir
E o amor descobrir
Pois esta Era é de Luz
Luz do amor do Cristo Jesus.
Cantinho da Reflexão:
Que caminho você está percorrendo?
O que ele tem te mostrado?
O que tem aprendido?
Que sementes têm semeado?
Onde queres chegar?
Paz e Luz
Equipe de Amor à Luz
Escola do Espírito
em busca da Paz
3
Download

Junho 2008 - Sistema Tempo de Ser