AVALIAÇÃO DA TURBIDEZ DA ÁGUA ORIGINADA PELO CONTATO DOS
ANIMAIS COM OS CORPOS HÍDRICOS EM ÁREAS DE FAXINAIS.
Solange Franciele Mageroski (PIBIC/CNPq), Valdemir Antoneli (Orientador), e-mail:
[email protected].
Universidade Estadual Centro Oeste do Paraná - UNICENTRO /Departamento de
Geografia – Irati (DEGEO/i)
Ciências Humanas, Geografia.
Palavras-chave: produção de sedimentos, rios, faxinal, animais, turbidez.
Resumo:
O presente trabalho está centrado na perspectiva de avaliar a turbidez da água dos rios que
atravessam o Faxinal de Barra Bonita, no município de Prudentópolis - Paraná, no intuito de
identificar possível influência dos animais na produção de sedimentos suspensos. O Sistema Faxinal é uma forma de organização camponesa caracterizada pelo uso coletivos das
terras na criação comunitária de animais. Neste sistema, existe criadouro comunitário, onde
os animais são criados de forma extensiva sem limites entre as propriedades. O fluxo contínuo e o contato direto desses animais com os corpos hídricos, pode potencializar a produção de sedimento, mesmo não havendo aumento na vazão. O período de monitoramento e
as expedições de coleta foram realizados quinzenalmente, tendo o inicio no mês de agosto
de 2013 e o término no mês de julho de 2014. As coletas foram realizadas em horários específicos durante o dia. A partir dos resultados encontrados pode se afirmar que os animais
do criadouro comunitário propiciam o aumento na turbidez da água nos corpos hídricos. Assim constatado em campo, que alguns animais utilizam o rio apenas para refrescar-se em
períodos quentes, principalmente os suínos. Foi estimada alta correlação entre a temperatura e a turbidez e baixa correlação entre a turbidez e a vazão.
Introdução
Os faxinais são comunidades tradicionais ocorrem na região Centro-Sul do
Paraná, reconhecidos por sua territorialidade específica (Decreto Federal 10.408/2006 Comissão de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais). Sua formação
se dá a partir do surgimento do campesinato livre datado no início do século XIX. O sistema
faxinal se encontra organizado a partir de delimitação de toda área do Faxinal, sendo
dividido por cercas e valos a área utilizada para plantio que é feita fora do faxinal e a área do
criadouro comunitário. Em terras de criadouro comum cada proprietário possui o direito de
criar seus animais de forma extensiva, sem qualquer tipo de delimitação de uma
propriedade a outra, mesmo aqueles que possuem apenas a sua casa no faxinal pode se
beneficiar do criadouro, pois o mesmo pode criar seus animais à “solta” no faxinal.
O sistema faxinal representa uma cultura própria na forma de uso e ocupação e um
padrão ambiental sustentável na exploração dos recursos e da terra, modelo sócio
econômico e é considerado responsável pela preservação de florestas ainda existentes.
Ainda que o Sistema de Faxinal seja considerado uma forma de preservação das
características paisagísticas, deve-se considerar que a circulação constante dos animais
nos criadouros comuns, acaba acarretando alguns problemas ambientais, principalmente
aos cursos hídricos. No entanto, sobre os possíveis impactos causados pelos animais
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domésticos (suínos, bovinos, caprinos etc), contudo, deve se ressaltar que a questão do
impacto causado pelos animais domésticos é um tema pouco explorado, (Antoneli et al
2012).
Com a quase extinção do sistema de Faxinal, algumas áreas que permaneceram sobre estas condições foram relegadas a uma redução de terras para o Criadouro Comum.
Este fato promoveu uma pressão maior sobre os recursos naturais deste sistema, sendo necessário aumentar o número dos rebanhos em uma área menor, para manter o mesmo padrão de produtividade (Antoneli 2011).
A criação de animais a solta é considerado um fator que provoca a erosão e degradação do solo, ocasionado pelo pisoteio dos animais, entre os amimais do criadouro comum
os suínos são aqueles que promovem maior alteração no leito do rio, devido ao revolvimento
do solo. As margens acabam migrando, formando bancos de sedimentos sob o leito do rio.
Andrade et al. (2012), observam que há um contato direto dos animais com os corpos hídricos, potencializam a produção de sedimentos, mesmo que não haja aumento na vazão do
curso.
Conforme Wilson Junior e Paiva, (2003), os sedimentos são colocados em movimento, ou têm seus movimentos alterados sempre que ocorrerem alterações no leito do rio ou
na bacia hidrográfica. No caso do Faxinal não é preciso ocorrer aumento na vazão para alterar os percentuais de material transportado. O contado direto dos animais com os canais fluviais promove uma liberação de sedimentos tanto das margens dos canais quanto do material de fundo.
A mobilização constante dos animais nos corpos hídricos nas áreas de faxinais
propicia o aumento na turbidez da água dos rios e o contado direto dos animais com os
canais fluviais promove a liberação de sedimentos tanto das margens dos canais quanto no
material de fundo. O aumento de sedimentos nos corpos hídricos foram identificados após
atividades de campo e coletas de agua para procedimentos laboratoriais. Neste sentido a
pesquisa teve por objetivo avaliar a influência dos animais na turbidez da água dos rios que
“cortam” o Faxinal Barra Bonita no município de Prudentópolis.
Materiais e métodos
A mobilização constante dos animais nos corpos hídricos nas áreas de faxinais
propicia o aumento na turbidez da água dos rios e o contado direto dos animais com os
canais fluviais promove a liberação de sedimentos tanto das margens dos canais quanto no
material de fundo. O aumento de sedimentos nos corpos hídricos, foram identificados após
atividades de campo e coletas de agua para procedimentos laboratoriais.
Para a coleta da água para avaliação da turbidez foi utilizado uma armadilha, com
uma garrafa, presa dentro de uma pequena caixa de madeira fixada a uma estrutura de
ferro. Esta pequena caixa possui uma tampa, que é aberta após a armadilha estar submersa
na altura desejada. Isso evita que a garrafa encha de água logo na parte superficial do fluxo.
O tempo de duração submerso desta armadilha para a coleta do material decorre apenas o
tempo necessário para a admissão das amostras. Pois, se evita assim, um acúmulo maior
de sedimentos no recipiente.
As campanhas foram realizadas quinzenalmente, sendo adotado horários específicos
ao longo do dia; as 09:00 horas da manhã, às 12:00 horas e às 15:00 horas. Este processo
permitiu avaliar a turbidez da água dos corpos hídricos em contato com os animais neste
intervalo de tempo. Foram coletas 10 subamostras em cada hora, das quais foram extraídas
3 amostras para os procedimentos laboratoriais, para poder avaliar a turbidez da água a
partir de um Turbidimetro portátil.
Foi mensurada a vazão no momento da coleta de água através de um micro
molinete, bem como a temperatura local através de um DATA LOGGER (Marca Perceptc,
modelo DHT 1020).
Resultados e Discussão
Ao término da pesquisa, conclui-se que houve variação na turbidez da água dos rios
no Faxinal Barra Bonita em diferentes períodos do ano. Foi constatado em campo que a
alteração pode ser resultado da mobilização dos animais ao longo das estações (Tabela 1).
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Figura 2. A) Suínos em contato com os corpos Hídricos; B) podemos verificar a turbidez da
agua após a saída dos animais.
Por meio das figuras, observa-se que os animais exercem influência significativa na turbidez
da água dos rios que “atravessam” os faxinais.
Conclusões
No presente estudo foi possível assumir a hipótese de que os animais influenciam de
maneira significativa no aumento da turbidez da água nos corpos hídricos. A temperatura
influenciou de forma significativa no aumento da turbidez, isso mostra que a temperatura
pode exercer influencia na migração dos animais entre as áreas de pastagens e os corpos
hídricos em áreas de faxinais.
Agradecimentos
Ao CNPq pela concessão da bolsa.
Referências
ANDRADE, A.R.; ANTONELI, V.; BEDNARZ, J. A. Comparação da dinâmica
geomorfoclimática entre áreas florestadas e de pastagens influenciadas por migração de
animais no Faxinal Marmeleiro de Cima - Rebouças-PR. Caderno Prudentino de
Geografia, Vol. 1, nº 34, 2012.
ANTONELI, V. Dinâmica do uso da terra e a produção de sedimentos em diferentes áreas
fontes na Bacia do Arroio Boa Vista – Guamiranga-PR. Tese (doutorado). UFPR-PR. 2011.
354 p.
ANTONELI, V.; BEDNARZ, J. A.; THOMAZ, E.L. Produção de sedimento em caminhos de
animais em Sistema de Faxinal na Região Centro-Sul do Estado do Paraná. Revista Brasileira de Geomorfologia, v.13, n.3, p.311-322, 2012.
WILSON JUNIOR,G. e PAIVA L. E. D. Estimativa da descarga sólida por arraste a partir do
registro das configurações de fundo: aplicação ao córrego Horácio, Noroeste do Estado do
Paraná. In XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, de 23 – 27 de novembro de
2003. Curitiba, Pr.
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