Desparasitação interna e externa dos Animais de Companhia Intoxicações mais frequentes Outubro, 2014 Ana Vaz Substância que é mais tóxica para o parasita do que para o hospedeiro; O grau dessa descriminação pode ser pequeno ou até considerável, mas nunca completo; A aplicação de um AP acarreta sempre algum perigo para o hospedeiro. Os fármacos AP para animais de companhia representam o maior segmento do mercado de medicamentos veterinários. Mensalmente são disponibilizadas pela Direcção Geral de Alimentação e Veterinárias (DGAV) listas de medicamentos veterinários auturizados. Organismos que se alojam, crescem e alimentam no organismo de um hospedeiro; Sem contribuir para a sua sobrevivência. •Larvas •Formas Evoluem adultas Exemplo da dimensão do parasitismo interno: em duas semanas, 2 cachorros infestados por parasitas internos podem contaminar um quintal com 1000 metros quadrados. Pela ingestão de outros hospedeiros Fecal-oral Transplacentária Transcutânea Galactogénica Ingestão acidental de uma pulga infectada Falta de apetite Tosse e dificuldades respiratórias Vómitos e/ou diarreia Fadiga Anemia Emagrecimento nos adultos Pele seca e pêlo baço e quebradiço Atraso no crescimento nos animais jovens Ascarídeos Cor amarelada 10 a 15 cm de comprimento Visíveis no vómito e fezes Infestação comum Exemplo: Toxocara spp. Figura 1 – Ciclo de vida Ascarídeos. Ancilostomídeos 1 a 1,5 cm de comprimento Verme adulto vive ancorado no intestino: capacidade hematófaga Doenças graves e/ou morte Forma infectante: larva filariforme (presente no solo por contaminação fecal pelos ovos, entra no hospedeiro pela penetração activa na pele e/ou oralmente.) Exemplo: Ancylostoma spp. Figura 2 – Ciclo de vida Ancilostomídeos. Tricurídeos Principalmente em cães Ligam-se ao intestino grosso Alimentam-se de sangue Não existe migrações extraintestinais Ausência de trasmissão: transplacentária/transmamária Figura 3– Ciclo de vida Tricurídeos. Figura 4 e 5 - Ciclo de vida Dirofilaria immitis no cão e gato. Aedes Anophels Culex Figura 6 – Mapa de distribuição da dirofilariose. Esta doença ocorre principalmente em regiões tropicais e subtropicais Dirofilariose Doença grave Fácil prevenção Agente infeccioso: Dirofilaria immitis (fêmea) Doença assintomática (até a maturação da larva no ventrículo direito e na artéria pulmonar levando a problemas cardiovasculares – leva 6 meses) Sintomas: cansaço, tosse. Dipylidium caninum Ténia mais comum: cão e gato Porção terminal: aspecto de bago de arroz Porção terminal: expelida pelo ânus Prurido anal: arrastam a zona anal pelo chão Requerem um hospedeiro intermediário (pulgas, coelhos, roedores e ruminantes – completar o ciclo de vida) Figura 7 - Ciclo de vida do Dipylidium caninum. Taenia spp Homem – Hospedeiro definitivo Infecção humana: ingestão acidental dos ovos pela contaminação ambiental Infestação: ingestão das formas larvares nos músculos do hospedeiro Figura 8 - Ciclo de vida Taenia spp. 4 semanas 8 semanas 6 meses MEDICAMENTO Lombrigas Ténias Microfilárias Panacur pet pasta X Strongid X Drontal puppy X Drontal X X Duelminthe X X Caniquantel plus X X Zipyran Plus X X Vitaminthe X X Program plus X X Heartgard X X Interceptor X X Niclosamida: Endoparasiticida – Cestocida - Na mitocôndria inibe a síntese de ATP – morte do parasita por depleção de glucose. Oxibendazol: Endoparasiticida – Nematocida - Impedem a divisão mitótica a nível dos microtúbulos. - Inibem a fumarato-redutase contribuindo na morte do parasita por depleção energética. Apresenta atividade para Taenia spp., com fraca atuação em Dipylidium caninum e E. granulosus. Febantel: Endoparasiticida – Nematocida -Pró-farmaco – moléculas activas febendazol e oxfendazol. -Impedem a divisão mitótica a nível dos microtúbulos. -Inibem a fumarato-redutase contribuindo na morte do parasita por depleção energética. Pirantel: Endoparasiticida – Nematocida - Atuam apenas no estádio adulto de ascarídeos e ancilostomatídeos relevantes do cão e do gato. - São agonistas nicotínicos, ligando-se seletiva e irreversivelmente aos recetores nicotínicos neuromusculares de acetilcolina (nAchR) do parasita, paralisando-o. Praziquantel: Endoparasiticida – Cestocida - Grande actividade contra todos os estádios Taenia spp.e Dipylidium caninum. - Agonista dos canais de Ca2+ nos platelmintes suscetíveis. - Molécula mais usada em ENDO associada a nematocidas - AP de amplo espectro helminticida Contraindicado: Cães e gatos com menos de 4 semanas Apresentação: - Comprimido - Gel oral (Caniquantel Plus , Esteve) - Spot on , para gatos (Profender , Bayer) Ivermectina: Endectocida (AB macrólidos) - actua nos estádios evolutivos dos parasitas. - A nível neuromuscular, em nemátodes e artrópodes, provoca hiperpolarização por influxo de Cl-, com paralisia flácida e morte do parasita. Pirantel: Endoparasiticida – Nematocida - Atuam apenas no estádio adulto de ascarídeos e ancilostomatídeos relevantes do cão e do gato. - São agonistas nicotínicos, ligando-se seletiva e irreversivelmente aos recetores nicotínicos neuromusculares de acetilcolina (nAchR) do parasita, paralisando-o. Indicações: Prevenção da Dirofilariose canina por eliminação dos estádios larvares tecidulares da Dirofilaria immitis, até um mês (30 dias) após a infecção e concomitante tratamento e controlo de infecções por ascarídeos (Toxocara canis, Toxascaris leonina) e ancilostomas (Ancylostoma caninum, Uncinaria stenocephala). WARNING: Before you rush out and buy HeartGuard, Interceptor, Sentinel, Ivomec, or some other brand, have your pet tested for the disease. It is possible that if you give your pet these medications by yourself, prior to having your pet tested at your vet, you might kill the animal! If the pet was actually "high positive," heartworms killed by the medication may collect in one spot in a blood vessel, and may clog the flow of blood (an embolism) which may cause the animal's sudden death. Posologia : - Dosagem em função da espécie - Uma vez por mês, durante todo o ano - Forma farmacêutica: comprimidos mastigáveis Contra-indicações: - Não existem Efeitos indesejados: - Hipersensibilidade Collie Old English Sheepdog Shitland sheepdog Australianou sheepdog Advertências especiais: - Todos os cães devem ser testados para a dirofilariose - Cães com menos de 6 semanas de idade Remover as fezes dos animais e deitá-las no contentor do lixo; Evitar que as crianças ingiram terra ou levem objectos à boca, nas zonas de recreio abertas acessíveis aos cães e gatos; Desparasitar regularmente todos os animais; Evitar o acesso dos cães e gatos às zonas de recreio, criando zonas especiais para os mesmos; Lavar as mãos várias vezes por dia, principalmente antes de comer e depois de manusear os animais; Lavar as verduras cruas antes de as consumir e ingerir carnes bem passadas. Organismos que vivem ou invadem a pele e o pêlo do cão e do gato; Para além da irritação, podem provocar certo tipo de doenças. Incluem vários parasitas artrópodes (filo Arthropoda), pertencendo taxonomicamente à classe Insecta: Pulgas (ordem Siphonaptera), Piolhos (ordem Phthiraptera), Moscas (ordem Diptera) e Mosquitos (ordem Diptera); E à classe Arachnida, ordem Acarina: Carraças e Ácaros. Meio ambiente Contacto directo entre animais Esfregar partes do corpo contra objectos Diminuição índices crescimento Prurido localizado e/ou generalizado Lambedura excessiva do pêlo Feridas cutâneas Mordedura da pele e automutilação Diminuição da ingestão de alimentos Abanar persistentemente a cabeça Pulgas Insectos hematófagos Reduzida dimensão Elevada capacidade reprodutiva (difícil erradicação) Diferentes tipos (Ctenocephalides felis, Ctenocephalides canis e Pulex irritans) Pulga adulta: tempo vida útil 150 dias Postura de 40 a 50 ovos por dia (2000 ovos até ao final da vida) Detecção de movimento e dióxido de carbono Pulgas saltam para o hospedeiro e reiniciam o ciclo (resistem no ambiente entre 1-6 meses) Figura 9 - Ciclo de vida da Pulga. Resistem no ambiente durante 1 a 6 meses Figura 10 - Ciclo de vida da Pulga. Carraças Parasitas ávidos de sangue Na forma adulta são bem visíveis Existem cerca de 11 espécies (em toda a Europa) Diferentes tipos (Ixodes, Rhipicephalus e Dermacentor) Período de maior actividade : Maio a Setembro Dispões de órgaos sensoriais para localizar o hospedeiro Ao alimentarem-se, podem transmitir agentes patogénicos (todas as fases evolutivas – larva, ninfa ou adulto podem parasitar o hospedeiro) Figura 11 - Ciclo de vida da Carraça. Espécie mais comum Parasita do cão (tempo variável neste) Adultos sobrevivem 1 ano sem uma refeição Ciclo completo: 2-3 meses Figura 12- Ciclo de vida Rhipicephalus. Mosquitos Insectos hematófagos voadores Particularmente activos ao anoitecer Vectores de doenças sistémicas graves (em toda a Europa)) Diferentes tipos (Phlebotomus, Culex, Aedes e Anopheles) Moscas Higiene deficientes dos animais e das instalações Transmissoras de bactérias e vírus patogénicos Diferentes tipos (Musca domestica (mosca lambedora), Stomoxys calcitrans e Haematobia irritans (moscas picadoras)) Ácaros Parasitas que “habitam” na pele dos animais Dimensão reduzida e não são visíveis à vista desarmada Parasitam diferentes tipos de animais Diferentes tipos (Otodectes, Sarcoptes e Demodex.) Doença causada por ácaros: Sarna 3 tipos de sarna: sarna otodética, sarna sarcóptica e sarna demodécica Piolhos Insectos sem asas Habitam o cabelo ou pelagem do hospedeiro Alimentam-se de sangue, resíduos da epiderme ou de penas e secreções sebáceas Duas espécies: mordedores/picadores e os mastigadores) Grau de Infestação Forma de administração/aplicação Fase do ciclo do parasita e tempo de actuação Temperatura elevadas – protecção deverá se mensal Medicamento Pulgas Program comprimidos Só ovos Carraças Capstar comprimidos X Comfortis comprimidos X BolfoCasa Mosquitos/ flebótomos Moscas Piolhos Ácaros Ambiente aerossol Fullpet X X X X X X (X) X X X X X X X X (X) (X) spray, coleiras e pó Flevox pipetas Frontline X spray e pipetas Scalibor coleira Pulvex pipetas Advantix pipetas Advocate X X X X X X pipetas Stronghold pipetas Spinosad: Ectoparasiticida neurotóxico Spinosad - Neonicotinóide: actua no receptor nicotínico da aceticolina do insecto, embora não o seja estruturalmente. - Conduz à paralesia espástica ou flácida do parasita. - Molécula de grande segurança no hospedeiro. Spinosad: Ectoparasiticida neurotóxico Spinosad - Neonicotinóide: actua no receptor nicotínico da aceticolina do insecto, embora não o seja estruturalmente. - Conduz à paralesia espástica ou flácida do parasita. - Molécula de grande segurança no hospedeiro. Antiparasitário externo em comprimidos para cães e gatos. Destina-se ao tratamento e prevenção de infestações de pulgas (adulticida e reduz a produção de ovos). Tem efeito preventivo contra as reinfestações até 4 semanas após uma única administração do medicamento. Não deve ser administrado a animais com menos de 14 semanas de idade. Embalagens de 6 comprimidos. Ectoparasiticida neurotóxico Ciflutrina Ectoparasiticida – regulador do crescimento do insecto insecticida Piriproxifeno – regulador do crescimento dos insectos Interrompe o desenvolvimento dos ovos e larvas Protecção larvicida de um mínimo de 6 meses Eliminação das pulgas adultas, outros insectos rastejantes e voadores Ectoparasiticida Neurotóxico Imidaclopride – neonicotinóide - Actua no receptor nicotínico da aceticolina do insecto. - Conduz à paralesia espástica ou flácida do parasita. - Molécula de grande segurança no hospedeiro. - Eficaz contra a pulga adulta e seus estádios larvares. Permetrina - piretróide - Abertura dos canais de Na2+. - Efeito knockdown e morte do parasita: insecticida - Elevada volatilidade – efeito repelente. Contraindicado: Cães com menos de 7 semanas ou 1,5kg de peso • Classe de medicamentos mais usada Ingestão acidental • Grande disponibilidade e utilização no controlo da dor • Responsáveis por intoxicações Ibuprofeno Ácido acetilsalicílico • Sobretudo animais de pequeno porte Naproxeno • AINE de uso veterinário • Tratamento e controlo da inflamação e Carpofeno dor, associada a osteoartrites Mecanismo e Dose Tóxica Sinais e Sintomas de Intoxicação • Inibidores específicos da enzima ciclooxigenase Gatos mais (COX). • Dose, duração do tratamento e do fármaco administrado; • Descontaminação precoce; • Vómitos, dores abdominais, náuseas e anorexia (doses baixas); • Protecção do tracto gastrointestinal e renal; • Lesão e falência renal (doses intermédias) • Cuidados de suporte. sensíveis que • Diminuição da síntese os cães 600mg/Kg nos cães de (deficiência Prostanglandinas. 300mg/Kg nos gatos na enzima • Principal mecanismo de glucoronil dos metabolização transferase)! AINEs – associação com Doses potencialmente letais de ibuprofeno o ácido glucorónico. • Depressão do SNC, ataxia, convulsões e coma (dose mais altas); • Uso prolongado – úlceras e hemorragias gastrointestinais. Tratamento •Analgésico muito utilizado Ingestão •Não pode em situação alguma ser administrado a um gato acidental •Um único comprimido (250mg) causa sinais de envenenamento Altamente sensíveis à ingestão de Paracetamol •Dois podem ser potencialmente letais Mecanismo e Dose Tóxica • Metabolização hepática mediada por 2 enzimas: glucuronil transferase e glutationa. • Nos gatos estas duas Gatos: enzimas apresentam toxicidade a uma actividade muito partir de reduzida. 10mg/Kg • Acumulação do metabolito tóxico – Nacetil-p-benzoquinona (NAPQI). • Necrose hepática e formação de metahemoglobina. Sinais e Sintomas de Intoxicação • Hipóxia • Cianose • Hepatoxicidade • Anemia • Depressão • Hipersalivação • Vómito • Taquicardia • Taquipneia • Hematúria • Necrose hepática aguda • Falha renal aguda • Hipotermia Tratamento • Indução do vómito (mais rápido possível); • Administrar uma substância catártica; • Iniciar a terapêutica com fluídos de suporte. •Várias formulações de uso veterinário Onde? •Indicadas para a irradicação de parasitas como pulgas e piolhos •Convulsões Uso inapropriado •Morte vs contacto directo Mecanismo e Dose Tóxica •Substância neurotóxica. • Actua nos canais de Na2+ aumentando o tempo que permanecem abertos, o que resulta numa activação repetida do nervo. Dose Tóxica: 100mg/Kg (exposição dérmica) •Défice da enzima glucuronil transferase, o que resulta na acumulação da toxina. Sinais e Sintomas de Intoxicação Tratamento •Primeiros sintomas – após 1 -3 horas após exposição. •Sem antídoto específico; •Menos frequente: dispneia, cianose, retenção urinária, taquipneia,e alucinações. •Diazepam (0,5 – 1mg/Kg IV) – aumento da actividade muscular •Mais frequente: tremores, espasmos e convulsões. •Barbitúricos: pentobarbital (3-15mg/Kg IV) fenobarbital em bólus (25mg/Kg) •Tratamento essencialmente de suporte •Ausência de convulsões: lavar o gato com água morna e sabão, removendo a permetrina •Monitorizar temperatura corporal e administrar fluídos por via IV. - Conhecer bem os produtos com que trabalha; - Praticar uma boa escuta ativa - ouvir e observar reflexivamente; - Usar a informação no momento certo; - Ajudar o cliente a resolver o seu problema (desbloqueia os processos defensivos) e só depois sugerir outros produtos; - Ser honesto e respeitar a decisão do cliente. http://www.simposiumvet.pt/ http://www.apifarma.pt/simposiumvet/Paginas/default.aspx http://heartgard.us.merial.com/home/ http://www.merckvetmanual.com/mvm/index.jsp http://www.pawsplace.org/Heartworm.html https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/6099/1/H%C3%A1b itos%20de%20desparasita%C3%A7%C3%A3o%20em%20animais%20de%20 companhia.pdf The Meck Veterinary Manual; Ninth Edition; Merial. VIEIRA, F. C.; PINHEIRO, V. A.; “Formulário Veterinário Farmacêutico”; 1ª edição; 2004; Pharmabooks. ADAMS, H.; “Farmacologia e Terapêutica em Veterinária”; 8ª edição; 2003; Guanabara Koogan.