TEMADECAPA TEMADECAPA Novo método de cálculo comum para efeitos estatísticos “Foi finalmente possível chegar a um método bem aceite” Pedro Dias, secretário-geral adjunto da ESTIF (European Solar Thermal Industry Federation) C “ om a Directiva europeia relativa à promoção da energia proveniente de fontes renováveis, os EstadosMembros assumiram conjuntamente o compromisso de reduzir as emissões de CO2, reduzir o consumo energético e aumentar a contribuição das energias renováveis no seu mix energético. Intensas discussões decorrem agora nos vários países sobre a melhor forma de atingir esses objectivos. Serão os Planos Nacionais de Acção para as Energias Renováveis realísticos e suficientemente ambiciosos? Como pôr em prática as medidas propostas nos planos? No entanto, outra questão ganha força e importância: tendo em conta que os objectivos são de cumprimento obrigatório – o que implica que serão aplicadas sanções em caso de incumprimento –, como garantir que a avaliação sobre o cumprimento dos objectivos é correcta? Esta questão recai no âmbito dos mé- 16 | Julho/Agosto climatização A dificuldade na quantificação de energia anual produzida em kWh pelos colectores solares térmicos tem sido um obstáculo a um maior reconhecimento da indústria do sector, devido à impossibilidade de uma comparação rigorosa com outras energias renováveis e ocultando o verdadeiro potencial do solar térmico. Face a isso e à imperatividade de verificar o cumprimento das exigências impostas pela Directiva para as Renováveis, a ESTIF, o programa IEA-SHC e outras associações da indústria acordaram um método de cálculo comum, para efeitos estatísticos no sentido de calcular a produção de energia térmica num país, com base numa fórmula simples que utiliza informações de acesso fácil, como a radiação solar e a área instalada num país ou região. Em exclusivo para a Climatização, o secretário-geral adjunto da ESTIF, Pedro Dias, contextualiza a necessidade do método de cálculo comum e explica em linhas gerais como este deverá ser feito. todos estatísticos utilizados nos vários países. Se, em geral, a harmonização estatística é complexa, no campo da energia isto é ainda mais evidente. A maioria dos países europeus não estava suficientemente preparada (ou rotinada) no que concerne a análises estatísticas referentes ao consumo energético, em particular com fontes renováveis. Se, em relação à produção de electricidade, foram dados passos importantes, facilitados pelo facto de haver uma produção centralizada e de a Comissão Europeia ter competências na matéria, no caso do Aquecimento e Arrefecimento a questão é bastante mais complexa. Aqui, tratando-se essencialmente de produção e consumo descentralizados, a recolha de dados para efeitos estatísticos é bastante mais complexa. E o assunto revela-se mais premente, tendo em conta que o aquecimento e arrefecimento correspondem a quase 50% do consumo energético na Europa. A falta de enfoque nesta forma de energia levou a que se subvalorizasse (ou mesmo ignorasse) o potencial do sector do Aquecimento e Arrefecimento Renovável (AAR). Com o intuito de se ter uma percepção concreta da importância do AAR, é importante encontrar e acordar métodos adequados que possam fornecer uma base de confiança para comparar a energia produzida quando usamos diferentes fontes de energia. As estatísticas internacionais sobre energia estimam a contribuição para o balanço energético de um país como energia primária. Considera-se como uma fonte de energia primária toda a forma de energia disponível na natureza antes de ser convertida ou transformada. Assim, considera-se como tal a energia contida nos combustíveis e noutras formas de energia que constituem uma entrada no sistema. Como exemplos, temos o carvão, petróleo e gás natural. No caso da energia nuclear, o vapor fornecido à turbina é considerado como a energia primária (onde uma eficiência de 33% da turbina é assumida). Para fontes de energia renovável, como a solar fotovoltaica, a eólica, ou hídrica, a primeira forma útil de energia considerada é a electricidade que é produzida. Em relação à energia solar térmica, a Agência Internacional de Energia (AIE) e o Eurostat consideram como energia primária a primeira forma de energia útil. Em termos gerais, a energia útil é definida como a energia disponível para consumo após a última conversão. No caso do solar térmico é definida como o calor disponível ao meio de transferência de calor menos as perdas ópticas e do colector, ou seja, a energia que “entra” na casa sob a forma de calor (normalmente água quente). No entanto, este não é o caso relativamente ao aquecimento proveniente de combustíveis fósseis (e também biomassa). Nestes casos, considera-se como energia utilizada a quantidade de combustível consumido e não a energia útil fornecida “à casa”, ignorando por isso as perdas no processo de transformação. Como exemplo, no caso de um esquentador a gás, considera-se o poder energético do gás consumido em vez de considerar o calor fornecido com a água que sai do esquentador. A resolução deste problema não é simples nem imediata, mas torna claro que a comparação entre diferentes formas de energia é ainda difícil e não necessariamente justa para o AAR. Outro factor que leva a uma grande dificuldade de comparação entre diferentes formas de energia prende-se com as medidas utilizadas. Enquanto para electricidade se utiliza o kWh, para o Aquecimento e Arrefecimento normalmente utiliza-se tep (toneladas equivalentes de petróleo). Em relação à electricidade, a conversão entre ‘kWh’ e ‘tep’ é usual, usando-se para tal rácios que têm em linha de conta o mix da produção de energia eléctrica de um país ou mesmo valores convencionados a nível internacional1. No caso do Aquecimento e Arrefecimento, a conversão de ‘tep’ para ‘kWh’ 1 é bastante mais complicada. A principal razão prende-se com a dificuldade de definir um mix de produção de energia térmica num dado país - e ainda mais a nível europeu e internacional - que tenha em conta as diferentes eficiências nos processos de transformação e as diferentes fontes de energia utilizadas (para não acrescentar também a questão do ‘calor útil’ mencionada acima). Para a energia solar térmica, existia ainda um desafio adicional: a falta de um processo estatístico que permitisse calcular a energia produzida! Ainda hoje é normal referirmo-nos ao mercado solar térmico, tendo como referência o número de metros quadrados (m²) de colectores instalados. Se bem que este referencial seja bem conhecido pelos especialistas do sector, servindo por isso como base para analisar e comparar diferentes mercados ou a evolução ao longo dos anos, não permite a comparação entre a capacidade instalada e a energia produzida por este e outros sectores. Tendo isto em conta, um dos desafios que se colocou ao sector há alguns anos foi o de como calcular a capacidade instalada em operação em kilowatt térmico (kWth), usando a informação que havia disponível, ou seja, m² de colectores solares térmicos. Este desafio foi ultrapassado em 2004, quando os principais actores do sector, com base em diferentes estudos, chegaram a acordo quanto a um factor de conversão. Este factor de conversão, conhecido como factor de Gleisdorf, estipula que a um m² de colector (tendo como referência a abertura) correspondem 0,7 kWth. O desafio seguinte era o de conseguir, com base em informação disponível e facilmente acessível, definir um método de cálculo que permitisse calcular, para efeitos estatísticos, a energia produzida pelos sistemas solar térmicos num determinado país ou conjunto de países. Diversos estudos foram dedicados ao desenvolvimento de um método que permitisse calcular a produção da energia térmica solar que pudesse ser aceite pela generalidade dos stakeholders. Alguns destes estudos foram realizados no quadro de projectos tais como THER- http://www.iea.org/stats/unit.asp climatização Julho/Agosto | 17 TEMADECAPA Método simplificado, mas consistente Rafael Ribas, consultor da Apisolar e da Revista Climatização 1.“É um método muito simplificado, mas surpreendentemente consistente com os valores dos sistemas solares. An tes de mais, inclui a radiação hori zontal anual do local, o que é essencial para uma adaptação consistente ao clima de cada local. Analisemos o coe ficiente 0,44 da fórmula dos sistemas de AQS com colectores de vidro: na realidade é o produto do a) rendimen to global anual do sistema solar pelo b) factor de conversão Cα = Rad. plano inclinado/Rad. plano horizontal. Para inclinações de 30º a 40º temos Cα= 1,12 a 1,14. Assim calcula-se que o rendimento médio anual considerado é de 0,44/1,13=0,39 o que é um valor representativo dos sistemas actuais. Fizemos cálculos com o SOLTERM e o TSOL para um sistema forçado de 300L com dois colectores planos selectivos com uma área total de 4,4m2 com azimute 0º e inclinação de 37º para o Porto, Lisboa e Faro e os resultados foram muito homogéneos: o método simplificado dá valores 5% mais ele vados que o SOLTERM e 3 a 5% infe riores ao TSOL. Em cada caso, o mé todo foi aplicado à radiação horizontal anual utilizada na base de dados de cada software para se proceder à comparação de resultados; 2.Sendo um método acordado por vá rios actores de referência no sector, induz confiança na apresentação de valores de energia solar em situações onde não se dispõe de mais dados. De facto, este método nasceu de vários projectos europeus (THERRA e K4RES-H) e com a contribuição de vários especialistas internacionais de confiança; (cont.) Desde o projecto, RA (Thermal Energy from Renewables)2 e K4RES-H (Key issues for Renewable Heat in Europe)3, co-financiados pelo programa “Energia Inteligente – Europa”, e também dentro do programa Aquecimento e Arrefecimento Solar da AIE (IEA-SHC)4. A partir destes estudos, e com a cooperação de diferentes peritos, foi finalmente possível chegar a um método bem aceite. Este método partiu da análise de informação relativa ao rendimento de várias configurações de sistemas em diferentes partes do mundo. Com base nesta análise exaustiva, foi possível identificar a correlação entre vários factores, de modo a chegar a um método de cálculo simples e prático. Assim, chegou-se ao seguinte método de cálculo: E = C * A[m2] * H0 Em que: E: Energia produzida - rendimento anual de um colector H0: Radiação horizontal global anual expressa em kWh/m² A[m2]: Área em m² com base na abertura do colector C: Coeficiente dependente do tipo de aplicação: - AQS: 0,44 - Combinado: 0,33 - Plástico: 0,29 - Média ponderada: 0,42 Este método pretende servir para referência a cálculos estatísticos a nível nacional. É extremamente simples de aplicar, tendo em conta que utiliza informação facilmente disponível: m² de colectores solar térmicos instalados; e a radiação num ponto de referência no país (por exemplo, a capital ou um ponto central). Para maior detalhe, pode-se utilizar informação com base no tipo de sistemas existentes no país (AQS, combinados ou não cobertos). Estes dados, não sendo tão comuns, começam a estar disponíveis, junto com a habitual análise em termos de m² instalados, para os principais mercados. Obviamente este método é proposto de uma forma geral para países em que não existe muita informação disponível ou quando é apresentada com pouco detalhe. No caso de mercados mais de- 2 http://circa.europa.eu/Public/irc/dsis/chpwg/library?l=/statistics_30112007/therra-calculation/_EN_1.0_&a=d 3 http://www.erec.org/index.php?id=50&type=0 4 http://www.iea-shc.org/ 18 | Julho/Agosto climatização passando pela instalação até à concretização dos nossos sonhos, a Chaffoteaux garante a máxima satisfação. SOLUÇÕES COMPLETAS A natureza, de forma constante, dá-nos exemplos de soluções completas e eficientes. Na Chaffoteaux aprendemos com ela. Por isso desenvolvemos e propomos os mais avançados sistemas de alta eficiência energética - incluindo as nossas caldeiras de condensação - que compatibilizam e integram à perfeição dentro da mesma marca e tecnologia, todos os componentes necessários para uma gestão fácil, económica e sustentável da instalação de aquecimento e água quente sanitária. Este método pretende servir para referência a cálculos estatísticos a nível nacional. É extremamente simples de aplicar, tendo em conta que utiliza informação facilmente disponível: m² de colectores solar térmicos instalados; e a radiação num ponto de referência no país (por exemplo, a capital ou um ponto central). Compatibilidade absoluta, versatilidade, facilidade de instalação e manutenção, produtividade são os factores que a Chaffoteaux assegura ao profissional. O conforto, a poupança e a plena satisfação do utilizador são o resultado do trabalho bem executado, que se traduz em mais instalações. 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Agora com este método va lidado pela, o programa Aquecimento e Arrefecimento Solar da Agência In ternacional de Energia (IEA-SHC) e ou tras associações da indústria solar tér mica já não dá margem para dúvidas dando a confiança necessária na com paração de dados com outros países e perante as outras fontes de ener gia; 4.O texto do método esclarece os concei tos do solar térmico contabilizado como energia primária e como energia final consumida, o que é muito impor tante e fundamental em toda a conta bilização energética solar a contar para os objectivos da Directiva dos 20-20-20”. senvolvidos em que informação credível e detalhada está disponível, outros métodos adaptados à especificidade do país poderão e deverão ser utilizados pelas entidades competentes. Assim, espera- mos que se torne mais evidente que a energia solar térmica é hoje uma das principais fontes de energia renovável, ficando apenas atrás da hidroeléctrica e eólica e bastante à frente da energia solar fotovoltaica, como se pode ver no gráfico publicado na última edição do “Solar Heat Worldwide”, publicado pelo programa IEA-SHC. Como resultado do desenvolvimento deste novo método, está aberta a porta para que a energia solar térmica seja analisada tendo em conta a sua importância actual e futura no panorama das energias renováveis. Será mais um passo para que os decisores políticos se apercebam que têm na energia solar térmica uma excelente forma de atingir os objectivos para 2020 quanto a energias renováveis. Ainda para mais, quando o podem fazer ao mesmo tempo que promovem o desenvolvimento económico nos seus países, transferindo uma parte importante das quantias exorbitantes gastas na importação de combustíveis fósseis para uma actividade que vai gerar emprego a nível local, seja na produção, comercialização, instalação ou manutenção de sistemas solares térmicos. Estas seriam só por si razões suficientes, mas devemos considerar outros benefícios inerentes importantes, como uma maior independência e segurança energética, um maior equilíbrio na balança de pagamentos e a redução de emissões de gases do efeito estufa”. O novo simbolo da qualidade Systemair Fundada em 1974 na Suécia, a SYSTEMAIR deixou de ser apenas uma empresa presente no mercado Escandinavo, passando a actuar hoje em cerca de 40 Países espalhados pelos 5 continentes, quer através de empresas comerciais quer através de unidades de desenvolvimento e produção de equipamento de ventilação e tratamento de ar. Com uma forte politica de expansão global, a SYSTEMAIR mantém ainda bem presente o seu objectivo de criar produtos inovadores, eficientes, fiáveis e de fácil utilização, tornando-nos numa empresa coerente e merecedora de confiança por parte dos nossos clientes. Gráfico Capacidade total em operação em todo o mundo [GWel], [GWth] 2010 e geração anual de energia [TWhel], [TWhth] - Weiss, Mauthner, Solar Heat Worldwide – IEA-SHC, Maio 2011 20 | Julho/Agosto climatização Como resultado do desenvolvimento deste novo método, está aberta a porta para que a energia solar térmica seja analisada tendo em conta a sua importância actual e futura no panorama das energias renováveis. Para acompanhar este crescimento, decidimos também inovar na nossa imagem, criando um novo logótipo mais contemporâneo, composto por elementos individuais, que formam uma unidade singular, forte e coesa. Assim é a nossa gama de produtos e soluções. Continuaremos a inovar soluções para garantir a sua segurança e a qualidade do ar em sua casa, no seu local de trabalho ou em qualquer outro local, desde centros comerciais a túneis rodoviários. A partir de agora, os produtos de ventilação de alta qualidade serão reconhecidos por este símbolo.