+ DOMINGO DE CARNAVAL Sinaxário Neste mesmo dia, nós fazemos lembrança da segunda e severa Parusia de nosso Senhor Jesus Cristo. Quando Tu desceres, ó Juiz universal, e julgares toda a terra, julga-me digno também de ouvir este chamado: “Vinde, os benditos de Meu Pai”. Esta memória, os santíssimos Padres a colocaram logo após a essas duas parábolas, para que depois de ter aprendido por elas sobre o amor de Deus para com os homens, ninguém que viva na imprevidência venha a dizer: “Deus é o amigo dos homens e, no momento em que vivo estou distante do pecado, e estou pronto para o encerramento final.” É então aqui que eles colocaram a memória deste dia temível, para que pela contemplação da morte e a espera dos castigos que virão, aqueles que estão dispostos à imprevidência, experimentem o temor, retornando à virtude, sem confiar unicamente no Amigo dos homens, mas considerar também que o Juiz é justo e que Ele dará a cada um segundo suas obras. Por outro lado, para as almas que avançaram espiritualmente, também é necessário que venha o Juiz (para as recompensar). De uma certa maneira, a presente Festa toma lugar agora como o final de todos, porque esta será também a última de nossas Assembleias. É preciso de fato considerar que se coloca o Domingo seguinte como o começo do mundo e a expulsão de Adão para fora do Paraíso. A presente festa marca o fim de todos os dias e o fim do mundo. Se instituiu o Domingo do Apokreo, para se conter a gulodice e a voracidade. Graças ao temor que esta festa concede, e também para nos chamar ao exercício da compaixão para com o próximo. Além disso, porque foi após ter comido que nós fomos expulsos do Edem e caímos no julgamento e maldição. Por esta razão a presente festa se encontra colocada aqui e também porque nós devemos, no domingo seguinte, que comemora Adão, sermos simbolicamente expulso do Eden, até que o Cristo, retornando, nos reconduza ao Paraíso. A segunda Parusia, isso significa que uma primeira vez Ele veio até nós, mas simplesmente e sem glória; enquanto que agora é com maravilhas sobrenaturais, em uma glória estonteante ele virá desde o céu e com Seu corpo, afim de que todos saibam bem que é o mesmo que veio a primeira vez e que salvou o gênero humano e que deverá presentemente o julgar, para se ver claramente se ficou bem guardado o que Ele nos deu. Quando chegará esta Parusia, ninguém o sabe; pois o Senhor a ocultou até mesmo dos Apóstolos. Até lá, alguns sinais deverão se manifestar, os quais alguns Santos já os expuseram largamente. Se diz que deverá transcorrer sete mil anos. Mas antes da Sua Parusia virá o Anticristo, e este nascerá (no dizer de S. Hipólito de Roma) de uma mulher corrupta, mas pretensamente virgem, pertencente ao povo hebreu, da tribo de Dan, filho de Jacob; ele virá, imitando o Cristo em sua vida: fará milagres, os mesmo que o Cristo fez, ele ressuscitará os mortos. Mas tudo isso ele fará de forma imaginária, quer se faça do nascimento, da carne e de todo o resto, como diz o Apóstolo (2Ts. 2, 9): então, diz ele, o filho da perdição se manifestará por toda espécie de obras poderosas, de sinais e prodígios enganadores”. Não é pois que o diabo ele próprio se transforme em carne, como o diz S. J. Damasceno, mas um homem, nascido da prostituição, que receberá todo o poder de Satan e surgira subitamente, a ponto de parecer à todos bom e benevolente. Haverá então uma grande fome, sobrevirá grandes necessidades às pessoas; ele continuará as santas Escrituras e praticará o jejum, adquirirá grande força devido aos homens e será proclamado rei, ele manterá excelentes relações com os hebreus, se fará estabelecer em Jerusalém e reconstruirá seu templo. Sete anos antes, como diz Daniel, virão Enoc e Elias, prevenindo o povo para não o acolher; mas ele os fará prender e torturar em seguida lhes golpeará a cabeça. Aqueles que quiserem preservar na piedade deverão fugir para longe; mas ele os encontrará nas montanhas e lhes enviará demônios para os tentar. Entretanto, os sete anos “serão abreviados, por causa dos Eleitos”, e haverá uma grande fome; o conjunto dos elementos sofrerá mudança e todos eles cairão no risco de desaparecerem. Após isto, súbito como um raio vindo do céu, será a Parusia do Senhor, precedida por Sua venerável Cruz e um rio de fogo borbulhante avançará diante d’Ele, purificando de suas impurezas toda a terra. Imediatamente o Anticristo será aprisionado, com seus subalternos, e serão lançados no fogo eterno. Enquanto os Anjos soarem as trombetas se reunirá dos confins da terra e de todos os elementos, todo o gênero humano afluirá para Jerusalém, porque é o centro do mundo, e tronos nela serão instalados para o julgamento. Todos, com corpos e almas, se transmutarão reunindo-se à incorruptibilidade, cada um tendo seu aspecto único, e todos os elementos mostrarão uma mudança para o melhor. Então, com uma única palavra, o Senhor separará os justos dos pecadores, e aqueles que fizeram o bem irão gozar da vida eterna. Por outro lado, os pecadores irão para o castigo eterno e eles não terão mais o arrependimento. É preciso saber que o Cristo não inquirirá sobre jejuns, a pobreza ou os milagres; certamente essas coisas são boas, mas há ainda melhor, à saber a Caridade e a Compaixão. Porque aos justos e pecadores Ele dirá seis coisas: “Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. (...), sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. (Mt. 25, 25-35). E isso cada um deve o fazer segundo as suas possibilidades. Então, “toda língua proclamará de Jesus Cristo que Ele é o Senhor, a glória de Deus Pai” (Ph. 2, 11). Quanto aos castigos que nos revela o santo Evangelho, ei-los: “haverá choro e ranger de dentes, os vermes que comerão a carne eternamente e o fogo que jamais se apagará” e será “lançado nas trevas exteriores”. Mas a Igreja de Deus receberá tudo de uma forma radiosa, e pelo Reino dos Céus se ouvirá delícias, a estadia dos Santos junto com Deus, iluminação e elevação perpétuas. O castigo, são as trevas ou o que se lhe assemelha: a separação de Deus, a perseguição da consciência perguntando às almas como elas puderam, por imprevidência ou por uma alegria efêmera, se privar da divina iluminação.