TRIBUNA DO PARANÁ
[email protected] segunda-feira, 06 de outubro de 2014
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DELETRA
Borba Filho esteve tanto no Grêmio Maringá quando no Maringá Esporte Clube. E também no Atlético, Agua Verde,
Pinheiros, Café (Cianorte), Operário, Cascavel, Rio Branco, Guarapuava, Foz do Iguaçu, Iraty e Matsubara.
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Não se fala de
Borba Filho
sem lembrar
de Colorado x
Cascavel, final do
Paranaense-1980
Edilson Pereira
[email protected]
N
unca houve outro Cascavel como o de 1980. E
nunca houve decisão tão
polêmica quanto a do Paranaense daquele ano. “Eles (a Federação Paranaense de Futebol) não
contavam que o Cascavel fosse
desandar a ganhar e chegasse à
última partida com chance de ser
campeão. Para nos tomar o título
o Colorado tinha que abrir uma
goleada com diferença de cinco
gols. Pelo nosso histórico, não tinha como eles fazerem aquilo. A
não ser que aprontassem alguma
sacanagem”, conta Borba Filho
que era o técnico do Cascavel naquela decisão.
Beneficiado por resultados
expressivos, a Cobra ia jogar no
dia 30 de novembro de 1980 podendo perder com uma diferença
de até cinco gols, para ainda ser
considerado campeão do Estado.
No entanto, o time do Oeste chegou ressabiado à final, temendo
interferência da arbitragem no
resultado. “Teve um caso em
Londrina que tivemos um jogador expulso logo no começo da
partida”, conta Borba Filho, técnico do Cascavel na época, hoje
com 75 anos. “A situação chegou
a um ponto que eu passei a fazer
treinos de nove jogadores contra
onze, para acostumar o time a
enfrentar a situação”, diz ele.
O Cascavel não estava a fim
de facilitar as coisas. “Eu tinha
amigos. Me avisaram para tomar
cuidado. Então eu reuni os três
jogadores mais experientes do
time que eram Moacir, Marcos
e Maurinho, este o único reserva. Eu disse para eles que estava
sentindo algo diferente no ar, que
estava sabendo que eles iam tentar capar o nosso título. Eu avisei:
vou botar o time em campo, mas
se tiver sacanagem eu faço duas
substituições. Se for o caso, este
jogo não acaba”, conta ele. “Antes
do jogo um repórter perguntou
se eu não tinha medo que aprontasse contra a gente. Eu disse que
estava preocupado. Então fomos
para o jogo. Na primeira bola,
fizeram falta em cima do Zico,
mas o juiz não marcou a falta e
validou o gol. Marcos foi pegar a
bola, três jogadores do Colorado
foram para cima e o juiz expulsou
nosso jogador”, diz ele. O juiz era
o Tito Rodrigues. “Toda vez que
o nosso time ia para o ataque, ele
apitava impedimento. Eu pensei:
assim não tem como ganhar”, diz
Borba Filho. “Aí veio o segundo
gol. Eu fui protestar e o juiz me
expulsou. Antes de ele me expulsar, eu pedi para o Maurinho entrar. O juiz expulsou o Maurinho.
Eu rezei para o primeiro tempo
terminar em 2x0”, diz ele. Borba
Filho conta que no vestiário o jogador Dudu disse para o técnico
ficar tranquilo, “que nós vamos
virar o jogo”. Borba Filho: “Vamos virar o cacete!”.
“O médico disse que Dudu
não tinha condições”, afirma
Borba Filho. O Cascavel voltou
sem dois jogadores por recomendação médica, eles estavam sem
Arquivo/Tribuna
condições. “Então eu disse: vocês dão a saída. Zico, você pega
a bola, chuta para a geral e cai.
Aí o juiz já sabia que estava tudo
arrumado para o Colorado ganhar e acabou o jogo. O Colorado
já mandou as faixas para dentro
de campo e o título foi para o
tribunal”, diz ele. Ele contesta
a versão de que houve ‘cai-cai’.
“Quem caiu foi apenas o Zico. Foi
um só. Cai-cai é quando vários
jogadores caem. E, depois, nós
viemos para jogar. Se a gente quisesse, podia ser campeão sem vir
a Curitiba. O Colorado ia ganhar
por WO, que só pode considerar
um gol de vantagem e com este
resultado seríamos campeões.
Mas eles armaram para tirar o
título do Cascavel. O que eu fiz
naquele dia foi defender o meu
filé. Eu não deixei roubar o nosso título. Pode passar cem anos,
mas quando colocarem o dedo
no campeonato paranaense em
1980, ninguém vai tirar o nome
do Cascavel de lá”, defende Borba Filho.
Depois que Tito Rodrigues
apitou o fim da partida, por insuficiência de jogadores do Cascavel, o Colorado comemorou o título que foi seu por pouco tempo.
No dia 4 de dezembro o Tribunal
de Justiça Desportiva puniu o
Cascavel com a perda de pontos,
perda e de parte da renda, além
de aplicar multa de 200 cruzeiros. A comissão de sindicância da
FPF confirmou que as contusões
dos jogadores do Cascavel eram
reais e que o título só poderia ser
homologado por ato administrativo do presidente Luiz Gonzaga
da Motta Ribeiro. E numa decisão que não agradou ninguém,
ele declarou que os dois times
eram campeões de 1980.
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