III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 79 Unidades de Conservação do Extremo Norte do ES Panorama atual e principais desafios Gabriel Fernando Rezende1 1 Gestor da Reserva Biológica do Córrego Grande – ICMBio-ES *Email para correspondência: [email protected] “A história florestal corretamente entendida é, em todo o planeta, uma história da exploração e destruição.” Warren Dean (1932-1994) RESUMO: O presente resumo relata diversos aspectos relacionados às unidades de conservação (UCs) do extremo norte do estado do Espírito Santo (ES), apresentados durante palestra do autor no III SIMBIOMA – III Simpósio sobre a Biodiversidade da Mata Atlântica, ocorrido no Museu de Biologia Mello Leitão em Santa Tereza-ES, no final de maio e início de junho de 2014. Foram apresentados um breve histórico da devastação florestal ocorrida no norte do ES a partir da primeira metade do século XX; O processo de criação das Unidades de Conservação (UCs) presentes na região, dados físicos, socioambientais, demandas, pressões e potencialidades das UCs, aspectos estes que abordaremos a seguir. Introdução Breve histórico da devastação florestal no estado do Espírito Santo. A Floresta Atlântica, popularmente conhecida como Mata Atlântica, originalmente recobria grande parte do território nacional ao longo de 17 Estados. Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí e ao longo dos últimos quinhentos anos foi reduzida a fragmentos da sua vasta biodiversidade, conforme ilustrado na figura 1. A povoação da região litorânea do Brasil, conforme comprovam registros fósseis, remonta há aproximadamente 11.000 anos, ao final da última glaciação. 80 REZENDE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO E XTREMO NORTE DO ES Figura 1. Mapa comparativo da extensão da cobertura florestal da Mata Atlântica Fonte: Projeto Amazônia (2014) Estes registros mostram que a região inicialmente era povoada por povos caçadorescoletores (como comprovam os registros fósseis, popularmente conhecidos como sambaquis2), porém por volta do ano 450 d.C. a mesma passa a ser povoada por indígenas nômades (do Tronco Tupi), que praticavam a “coivara”, agricultura itinerante baseada na derrubada e uso do fogo (Figura 2). Embora as estimativas populacionais apresentem grande variação, pesquisadores afirmam que quando da chegada dos europeus ao Brasil, no início do século XVI existiam no Brasil algo em torno de 2 a 5 milhões de indígenas. Naturalmente esta ocupação que se iniciou aproximadamente um milênio antes da chegada dos europeus, fez com que a Mata Atlântica sofresse perdas consideráveis em termos de biomassa e complexidade, principalmente nas faixas litorâneas, onde se concentravam os grupos indígenas. III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 81 Figura 2. Ilustração retratando cotidiano de grupo indígena do tronco Tupi Autor desconhecido Todavia, há que se considerar a grande extensão da costa atlântica brasileira o que conformou uma baixa densidade populacional, além do peculiar modo de exploração dos recursos florestais da Mata Atlântica empreendido pelos povos indígenas ao longo de séculos. O que teria permitido que grandes formações florestais pudessem coexistir com tais povos e ainda existirem quando da chegada dos povos europeus ao território brasileiro. Entretanto, por questões históricas, diferente do processo de ocupação de outras regiões sob o domínio da Mata Atlântica, a povoação da região do litoral espírito santense foi deliberadamente, não estimulada e até mesmo cerceada, constituindo o território do estado, quase inteiramente coberto por extensas florestas. Uma barreira natural ao acesso para as Minas Gerais, numa estratégia de proteção engendrada pela Coroa Portuguesa contra invasões e acesso as regiões onde então se situavam as ricas minas de ouro e diamantes do então Brasil Colônia. (Prado Jr., 2011) Desse modo, com características históricas peculiares, a devastação da Mata Atlântica no norte do ES só vai se concretizar a partir da segunda metade do século XX, pois até a primeira metade do século XIX, a região era praticamente deserta. Com alguns poucos aldeamentos de índios selvagens, sendo o rio Doce a principal via de comunicação fluvial com o litoral, além de alguns caminhos terrestres situados ao longo das margens dos rios Jequitinhonha e Mucuri (Ibidem). Reforça ainda tal afirmação, o fato de em 1891, toda a região situada ao norte do rio Doce, no estado do ES, ainda ser constituída por terras públicas pertencentes ao Estado (DEAN, 1996). 82 REZENDE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO E XTREMO NORTE DO ES Em termos mais específicos a região norte, que corresponde a 52,1% da área total do ES, era até 1930, quase que totalmente desconhecida e resguardada por uma então vasta e exuberante floresta, excetuando a faixa litorânea e a zona situada abaixo do rio Doce. O percentual de ocupação de suas terras, contrastando com o de outras regiões e com o total do Estado, era de apenas 5,6% (Garcia, 2000). Somente a partir dos anos 1930, com a construção da ponte sobre o rio Doce, no município de Colatina-ES, é estimulada a ”marcha do progresso” para o norte do estado, sendo que ao final daquela década, já se podia observar um expressivo avanço econômico da região. Em virtude da alta dos preços do café e o aumento da demanda interna por madeira, produtos estes que passaram a movimentar a economia regional. Na década seguinte, graças ao incremento da extração de madeira nativa e das lavouras de café, o norte espírito-santense se consolida então como fronteira agrícola, o que sem dúvida propiciou a intensificação da devastação de grandes fragmentos florestais de matas primárias ainda existentes à época. Porém nos anos 1950, com a baixa dos preços do café, em virtude de sua superprodução a nível nacional e com o início da diminuição das reservas de madeira, que foram intensamente exploradas nas décadas anteriores, a região do norte espírito-santense vai experimentar um período relativamente longo de estagnação econômica. Tal estagnação se aprofundará na década de 1960, compondo um triste quadro de esgotamento de seus recursos naturais com a consequente expansão de áreas de pastagens, outrora ocupadas por exuberantes florestas, em paralelo ao aumento do crescimento urbano industrial, em virtude do grande êxodo rural para núcleos urbanos mais adensados e industrializados como Linhares, Colatina e a região metropolitana da capital Vitória. Especificamente nos municípios de Conceição da Barra, São Mateus e Linhares, que nos anos 1940, não desenvolveram lavouras de café em virtude da baixa fertilidade dos solos dos tabuleiros. E por tal fato, nos anos 1960, ainda apresentavam remanescentes florestais significativos, prevalecerão no início dos anos 1960, mesmo que de forma tímida, nas baixadas aluviais, as lavouras de cacau, predominando nas zonas litorâneas a extração de madeira e a criação de gado, com uma incipiente agricultura de subsistência (Rezende, 2012). Porém no final da década de 1960 sob a égide do governo da Ditadura Militar e no esteio da lógica nacionalista que privilegiava o desenvolvimento econômico, gestada já nos idos dos anos 1950 com o Plano de Metas do Governo de Juscelino Kubitscheck (1955-1960) dá se na região o início ao processo de implantação e consolidação das monoculturas de eucalipto no extremo norte do ES (Figura 3). III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 83 Figura 3. Diagrama comparativo histórico da devastação da cobertura florestal da Mata Atlântica no norte do estado do ES (1500 a 2014) A partir do então Governo Geisel, com seu II Plano Nacional de Desenvolvimento - PND e posteriormente com a proposição do Plano Nacional de Papel e Celulose – PNPC, cujos objetivos são tornar o Brasil autossuficiente na produção de papel (Fanzeres, 2005) para além de garantir o suprimento do mercado interno de celulose, gerar excedentes em escala para exportação, ganha força a instalação das indústrias de papel e celulose na região do eixo norte do Espírito Santo e extremo sul da Bahia. Ao tempo que se consolida o eucalipto como principal fonte de fibras para fabricação de celulose e papel, conformando, em outras palavras, a “pá de cal” da Mata Atlântica na região. (Dean, 1996) Como principais consequências, no que tange ao aumento das áreas reflorestadas e os impactos ambientais decorrentes, serão observadas perdas irreversíveis de recursos naturais no âmbito dos territórios ocupados pelas plantações florestais, aumento dos níveis de desemprego no campo, carência de alimentos e a concentração fundiária (Ibidem). Todos estes fatores, conforme relatado anteriormente, contribuíram para o aumento do êxodo rural e, consequentemente, a favelização dos centros urbanos, fazendo com que regiões emblemáticas de tal quadro, como o eixo norte do espírito santo-extremo sul da 84 REZENDE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO E XTREMO NORTE DO ES Bahia, passassem então a ser exploradas de forma intensa nas últimas quatro décadas, até chegar ao seu retrato contemporâneo, uma paisagem com poucos remanescentes florestais significativos, em sua maioria protegidos como UCs e permeados por agropecuária e silvicultura extensivas. (Garcia, 2000) Os primeiros estudos fitogeográficos do Norte Capixaba. A criação e delimitação das áreas protegidas no extremo norte do ES foram precedidas inicialmente pela constatação científica “in loco” da grande biodiversidade da região ainda no século IX, seguida décadas mais tarde, pela percepção da sua iminente ameaça de extinção a partir da metade do século XX. Remontam ao século IX, especificamente às décadas de 1810 e 1820, os primeiros estudos que permitiram uma melhor elucidação a respeito da composição e fisionomia da cobertura vegetal do estado do Espírito Santo (ES), onde tem destaque o trabalho do naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), desenvolvido a partir das observações de sua viagem pela então província do Espírito Santo no ano de 1818, onde o autor fez notáveis referências a flora e fauna locais e oportunamente montou coleções de material botânico com a descrição de diversas novas espécies de plantas3, (Ferreira & Silva, 2011) Já no século XX diversos pesquisadores contribuíram de forma significativa para a elaboração do atual perfil fitogeográfico do Espírito Santo, ampliando o leque das informações sobre as formações florestais existentes, onde destacamos a caracterização florística e estrutural das florestas da Zona Tabular Costeira do Norte do Espírito Santo, em iniciativa pioneira para este tipo de formação vegetal. (Magnanini & Mattos Filho (1956) 4 apud Ferreira & Silva, 2011) Em 1950, o engenheiro agrônomo capixaba, naturalista e ecologista Augusto Ruschi (1915-1986) apresenta a primeira fitogeografia do Estado, representada por um sistema detalhado de classificação fisionômica de vegetação, onde cada tipologia era caracterizada por uma relação de espécies vegetais, além de caracteres edáficos e climatológicos. Em 1962 é proposto um sistema da classificação detalhado para os tipos de vegetação do Espirito Santo, fazendo a distribuição das comunidades observadas em mapa (Azevedo, 19625 apud Ferreira & Silva, 2011), anos mais tarde (Ruschi, 19696 apud Ferreira & Silva, 2011) apresenta um estudo florístico mais detalhado, o então mapa fitogeográfico do Espírito Santo. Não obstante as importantes contribuições fitogeográficas dos autores acima citados, todos à época da publicação de seus estudos, foram unânimes em criticar a intensa exploração de III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 85 madeira, que, segundo os mesmos, sacrificou indiscriminadamente o potencial econômico florestal do estado. Principalmente da região norte, numa destruição irracional das suas formações vegetais, o que acabou por resultar na instalação de uma agricultura extenuante para os solos arenosos naturalmente pobres dos tabuleiros, com a sua transformação posterior em pastos igualmente pobres. (Ibidem) Felizmente, neste contexto histórico, surgiram também os esforços e manifestações de diversos representantes da sociedade civil capixaba e nacional, no sentido da necessidade de se frear este movimento de destruição das florestas, o que por fim ensejou a criação das primeiras UCs em todo o estado, incluindo as UCs da região do extremo norte7, conforme relatamos a seguir. As Unidades de Conservação do extremo norte do ES. A região do extremo norte do ES possui atualmente cinco unidades de conservação (figura 4) sob regime da administração pública, as Reservas Biológicas do Córrego do Veado (RBCV) e Córrego Grande (RBCG) e a Floresta Nacional do Rio Preto (FNRP), administradas pelo ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente -MMA, e o Parque Estadual de Itaúnas (PEI) e a Área de Proteção Ambiental de Conceição da Barra (APACB), administrados pelo IEMA – Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do ES. Figura 4. UCs do extremo norte do Espírito Santo (Fonte: IEMA – 2012) O histórico de criação destas unidades remonta a década de 1940 e há de se destacar a atuação de Augusto Ruschi, que ao longo de sua vida profissional, demarcou áreas, 86 REZENDE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO E XTREMO NORTE DO ES desenvolveu pesquisas, publicou trabalhos e que em conjunto com outros representantes da sociedade civil capixaba e nacional, travou lutas no plano político-social pelo estabelecimento destas unidades de conservação. A seguir indicamos os principais pontos do histórico de criação das unidades de conservação do extremo norte do ES: Reserva Biológica Córrego do Veado – RBCV Em 1948 a área da unidade é indicada como Reserva Florestal Estadual; Pela Lei Estadual 976/55 a área é doada ao Governo Federal; Em 1970 recebe a denominação de Reserva Biológica após levantamento topográfico e memorial descritivo realizado por Augusto Ruschi; O Decreto 87.590/82 cria a Reserva Biológica do Córrego do Veado sob a administração do então IBDF – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (1967-1989) sendo atualmente administrada pelo ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade; III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 87 Reserva Biológica do Córrego Grande – RBCG Pelo Decreto Estadual 55/48 o Governo do ES recomenda a criação da Reserva Florestal Estadual do Riacho Doce num 13.800 ha que incluiam a área onde se situa a RBCG. Pela Lei Estadual 976/55 esta área é doada ao Governo Federal. Em 1984 Augusto Ruschi move uma campanha contra o desmatamento da área que incluía a RBCG, por ser o último refúgio de três espécies de beija-flores sob ameaça de extinção. Em 1985 através de acordo com o IBDF, a área da RBCG, já escriturada em nome de uma propriedade particular, é doada ao Governo Federal, que em troca autoriza a exploração e o desmatamento de aproximadamente 1200 ha de floresta nativa contigua a área. Em 1989 pelo Decreto Federal 97.657/89 é então criada a Reserva Biológica do Córrego Grande sob a administração do então IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, sendo atualmente administrada pelo ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 88 REZENDE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO E XTREMO NORTE DO ES Floresta Nacional do Rio Preto – FNRP Na década de 1960 a área era um remanescente florestal da COBRAICE S.A., empresa madeireira, que atuou no norte do Espírito Santo por mais de dez anos e que “... derrubou aproximadamente 11 mil alqueires de madeira lei, abrindo caminho para as agroindústrias como a Acesita e a Aracruz...” (SOUZA & RESENDE, 1999:29) . Após sofrer intensa exploração seletiva nos anos 60, foi vendida para a Acesita Energética responsável pelo abastecimento de carvão vegetal aos altos fornos, da siderúrgica Acesita S.A. Permaneceu como área de Reserva Legal da Acesita Energética até 1985, quando então foi então doada ao Governo Federal, como forma de quitação de dívida do Plano de Reposição Florestal, em processo impetrado pelo então IBDF, contra aquela empresa. Em 1990 pelo Decreto Federal 98.845 é criada a Floresta Nacional do Rio Preto sob a administração do IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis sendo atualmente é administrada pelo ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 89 Parque Estadual de Itaúnas – PEI Pelo Decreto Estadual 55/1948 a área é indicada como pertencendo a Reserva Florestal do Riacho Doce. Pela Lei Estadual 976/55 a área da reserva Florestal de Itaúnas é doada ao Governo Federal. Em 1986 ocorre o tombamento das “Dunas de Itaúnas” como bem natural, pelo Conselho Estadual de Cultura. No inicio dos anos 90, denúncias da abertura de uma estrada paralela à praia, na faixa de restinga, levam a SEAMA – Secretaria de Estado para Assuntos de Meio Ambiente a propor ao Governo do Estado a criação do PEI. Em 1991, pelo Decreto 4967-E ocorre a criação do Parque Estadual de Itaúnas, sob a administração conjunta da SEAMA e pelo então ITCF – Instituto de Terras, Cartografia e Florestas (1981-1996). Atualmente o PEI é administrado pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e recursos Hídricos do ES. 90 REZENDE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO E XTREMO NORTE DO ES APA de Conceição da Barra – APACB O histórico de sua criação está intimamente relacionado à necessidade de se combater o avanço da destruição dos manguezais localizados na confluência da divisa entre os municípios de Conceição da Barra e São Mateus, às margens do Rio Cricaré. Fatores como a grande dimensão da área e sua importante biodiversidade, aliados ao seu potencial de desenvolvimento socioeconômico e a dispensa de indenizações, foram decisivos na escolha da categoria da unidade. A APACB foi criada em 13 de novembro de 1998, por meio do decreto estadual nº. 7.305-E, revogado pelo decreto nº 1876-R, em 04 de julho de 2007. Atualmente é administrada pelo IEMA – Instituto Estadual de Meio Ambiente e recursos Hídricos do ES. As tabelas a seguir, apresentam dados relativos às UCs distribuídos em 08 (oito) temáticas: Dados gerais; b) Pesquisa; c) Recursos Humanos; d) Estrutura Física; Instrumentos Legais; f) Relações com o entorno; g) Incêndios florestais; h) Fiscalização ambiental. III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 Tabela 1 - Dados Gerais: Tabela 2 – Dados relacionados à realização de pesquisas: 91 92 REZENDE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO E XTREMO NORTE DO ES Tabela 3 – Dados do quadro de Recursos Humanos: Tabela 4 – Dados relacionados à infra-estrutura física: III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 Tabela 5 - Instrumentos Legais existentes: Tabela 6 – Dados relacionados a interações com comunidades do entorno: 93 94 REZENDE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO E XTREMO NORTE DO ES Tabela 7 – Dados relacionados a Incêndios florestais: Tabela 8 – Dados relacionados às atividades de fiscalização ambiental: III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 95 Em seguida apresentamos as principais demandas das UCs em análise: Tabela 9 – Quadro de demandas das UCs Notadamente a demanda mais preemente nas UCs do extremo norte do ES é a necessidade do aporte de recursos humanos, já que existem no total apenas 25 (vinte e cinco) funcionários, distribuídos de forma não equânime, para as 05 (cinco) unidades de conservação, incluindo se nesse montante corpo técnico, apoio administrativo, vigilância patrimonial e auxiliares de campo e de limpeza. Infelizmente, este quadro reflete uma realidade crônica da imensa maioria das UCs do Brasil, já que pouquíssimas unidades de conservação, possuem um quadro mínimo de recursos humanos que possibilite às UCs cumprir efetivamente seu papel principal de proteção e conservação dos ecossistemas naturais. Neste quesito, o Brasil ainda tem “muito a caminhar”, conforme mostra o gráfico 1. 96 REZENDE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO E XTREMO NORTE DO ES Gráfico 1. Número de hectares protegidos por funcionário no Brasil e em outros países Fonte: Medeiros et. al. (2011) No mais das vezes, é a partir da constatação da realidade e do enfretamento de suas crises, é que surgem as oportunidades. Nesse contexto, acreditamos que ganha força, resguardados determinados limites, a busca de parcerias, para enfrentar os problemas vivenciados pelas UCs como demonstra o quadro de potencialidades abaixo: Tabela 10. Quadro de potencialidades: Finalmente, acreditamos que muito ainda, há a ser feito no sentido de se buscar a efetividade das UCs do Norte do estado do ES e não faltam desafios para tal, pois os III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 97 mesmos são diversos e naturalmente se modificam ao longo do tempo e de acordo com a realidade local de cada UC. Assim sendo, consideramos que os principais desafios para a efetiva conservação de seus recursos naturais e mesmo da existência destes espaços protegidos no futuro são: Ampliar efetivamente o quadro de recursos humanos das unidades de conservação; Promover a recuperação das nascentes e o uso racional da água no entorno direto; Promover estudos que permitam uma melhor estruturação das atividades de turismo nas UCs; Estabelecer medidas mitigadoras dos impactos decorrentes das atividades econômicas em seu entorno direto; Estabelecer corredores ecológicos visando aumentar o fluxo gênico das espécies; Estabelecer uma aproximação mais firme e solidária com as comunidades tradicionais presentes na região; Ampliar o escopo das pesquisas científicas, buscando temáticas de interesse comum; Ampliar as parcerias com Instituições Públicas (Ministério Publico, Prefeituras, Universidades) e Privadas (Empresas e ONG’s); Desenvolver projetos de sensibilização ambiental a fim de minimizar as ocorrências de ilícitos ambientais; Fortalecer os elos de solidarização e integração com as demais UCs regionais. Agradecimentos Aos demais colegas gestores das unidades de conservação citadas, que contribuíram com o fornecimento de imagens e demais informações apontadas no presente resumo: Tarciley Gonçalves de São José e Gilcimar Santana Pereira da Área de Proteção Ambiental de Conceição da Barra – APACB; Alberto Felipe Klotz da Floresta Nacional do Rio Preto – FNRP; Gustavo A. Braga da Rosa do Parque Estadual de Itaúnas – PEI e Osvaldo Luiz Ceotto da Reserva Biológica do Córrego do Veado – RBCV Literatura Citada Dean, W. - A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica Brasileira Tradução: Cid Knipel Moreira - revisão técnica: José Augusto Drummond Editora Schwarcz Ltda (Companhia das Letras) - São Paulo - 1996 - 484 p. Fanzeres, A. (coord.) - Temas Conflituosos Relacionados à Expansão da Base Florestal Plantada e Definição de Estratégias para Minimização dos Conflitos Identificados – Projeto MMA/FAO/TCP/BRA/2902 - Programa Nacional de Florestas – Secretaria de Biodiversidade e Florestas – Ministério do Meio Ambiente – Brasília – 2005 – 261 p. 98 REZENDE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO E XTREMO NORTE DO ES Ferreira P. F., Silva A. G. A História da degradação da cobertura vegetal da região costeira do estado do Espírito Santo, sudeste do Brasil. (2011) Natureza on line 9 (1): 1018. Disponível em: http://www.naturezaonline.com.br Acesso em 26/maio/2014 Garcia, M. A. (consultora-chefe) – Plano de Manejo da Reserva Biológica do Córrego Grande – IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Brasília – 2000 Medeiros, R. - Young; C. E. F.; Pavese, H. B. & Araújo, F. F. S. – Contribuição das unidades de conservação brasileiras para a economia nacional: Sumário Executivo - UNEP-WCMC – Brasília/DF - 2011 – 44 p. Rezende, G. F. - Processos de Cooperação entre Unidades de Conservação e Empresas (?) - O Caso da Reserva Biológica do Córrego Grande - Conceição Da Barra - Norte do ES – Dissertação de mestrado – Pós-graduação em Ciência Ambiental Universidade Federal Fluminense – Niterói/RJ - 2012 - 245 p. Saint-Hilaire, A. - Segunda viagem ao interior do Brasil, Espírito Santo . Tradução: Carlos M. Madeira. São Paulo : Companhia Editora Nacional, 1936. Souza, A. L. & Resende, J. L. P. – Plano de Manejo da Floresta Nacional do Rio Preto – ES – OIMT – Convênio SIF-UFV/IBAMA – Viçosa – Minas Gerais – 126 p. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-demanejo/flona_rio_preto_pm.pdf Acesso em 26/maio/2014 Pacievitch, T. – Sambaqui – revista eletrônica Infoescola – 2014 Disponível em: http://www.infoescola.com/arqueologia/sambaqui/ Acesso em 18/setembro/2014 Prado Jr. C.- Formação do Brasil Contemporâneo - colônia - Entrevista: Fernando Novais Posfácio: Bernardo Ricúpero - Editora Schwarcz Ltda (Companhia das Letras) São Paulo - 2011 - 446 p. Projeto Amazônia – Metas de Ano novo para a Mata Atlântica - 2014 – Disponível em: http://www.projetoamazonia.com.br/wp-content/uploads/2014/01/mataatlantica-1.jpg Acesso em 21/maio/2014 Notas: 2 A palavra “sambaquis” tem origem Tupi, e é a mistura das palavras tamba (conchas) e ki (amontoado). Constituem locais muito antigos, onde os homens comiam moluscos (de origem marinha, terrestre ou de água salobra) em grandes grupos. Compostos por restos de moluscos, esqueletos de seres pré-históricos, ossos humanos, conchas e utensílios feitos de pedra ou ossos, são resultado de ações humanas, ou seja, são montes artificiais, com dimensões e formas variadas. (PACIEVITCH, 2014). 3 Em 1833, Saint Hilaire publicou na França o 2º volume da sua coleção Viagens ao Interior do Brasil intitulado “Segunda viagem ao interior do Brasil: Espírito Santo”; As novas espécies descritas pelo naturalista passaram a incorporar a sua publicação “Flora Brasilis Meridionalis” . 4 Magnanini A., Mattos Filho A. (1956) Composição das florestas costeiras ao norte do Rio São Matheus (Espírito Santo, Brasil). Arquivos do Serviço Florestal do Ministério da Agricultura 10: 163-190.anini A, Mattos Filho A (1956) Composição das florestas costeiras ao norte do Rio São Matheus (Espírito Santo, Brasil). Arquivos do Serviço Florestal do Ministério da Agricultura 10: 163-190. 5 Azevedo, L. G. Tipos de vegetação do Estado do Espírito Santo. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 111-115, 1962. 6 Ruschi A (1969). O mapa fitogeográfico atual do estado do Espírito Santo. Boletim do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão 30: 1-49, 1969. 7 A região que denominamos de extremo norte do ES, compreende os municípios de São Mateus, Pinheiros, Pedro Canário e Conceição da Barra.