As Jornadas da Infantaria 2011, que decorrem entre 29 de
Junho e 01 de Julho na Escola Prática de Infantaria, contam
com a participação de Oficiais e Sargentos das Unidades de
Infantaria, Órgãos e Estabelecimentos Militares de Ensino do
Exército Português, Exército da Alemanha e Estados Unidos
da América e Direcção de Formação da Rádio Televisão
Portuguesa.
Como é tradição, as Jornadas de Infantaria caracterizam-se
por abordar temáticas actuais que se inserem plenamente no
quadro da missão da Escola Prática de Infantaria, contribuindo
ainda para o reforço do conhecimento, da camaradagem, e
das relações de trabalho entre unidades e militares da Infantaria. Mas procuram também
promover, ao nível da arma, a reflexão sobre os temas e assuntos que directa ou
indirectamente poderão influenciar a Infantaria Portuguesa. Estas jornadas contam como
pilares de discussão a liderança, a formação e a organização das pequenas Unidades
de Infantaria, tendo como objectivo a sua preparação, treino e emprego no contexto da
complexidade crescente da conflitualidade actual.
Estas jornadas foram organizadas seguindo uma
agenda de três dias de trabalho, onde na manhã
do primeiro dia das Jornadas (29 de Junho), foi
destinada a um ciclo de seis conferências em
torno do seguinte tema:
O Combate e as Operações Futuras nos
baixos escalões tácticos de Infantaria
(Companhia, Pelotão e Secção). Fica expresso
de seguida o resumo das intervenções:
Muitos foram os aspectos inovadores abordados pelos conferencistas mas todos tiveram
um denominador comum que passa pelo impacto do novo espectro das operações
militares nas vertentes da liderança, formação e organização militar dos sistemas de
forças. O novo Ambiente Operacional, com novas ameaças e cenários transporta o decisor
militar para um campo de batalha não linear que exige uma outra dimensão em termos do
fluxo de informação e capacidade de auto-sustentação e sobredimensionado do espaço de
acção ao nível táctico, transformando o simples soldado num possível vector de acção
estratégica para o sucesso de uma batalha ou campanha militar
Assim, impõe-se uma liderança capaz de definir objectivos globais e parciais, que seja
capaz de explicar o que se pretende ver realizado e como fazê-lo, no sentido de se
alcançar um empenhamento “inteligente” na conquista das ambições delineadas. Liderar é
mais que uma autoridade conferida. É ter a vontade e as competências técnicas,
interpessoais e cognitivas de modo a antecipar as alternâncias do ambiente operacional e
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ter a capacidade de influência para que os que são liderados possam dar uma resposta
atempada, dimensionada e ajustada aos objectos traçados ou ameaças existentes.
Com criatividade e adaptabilidade Liderar comporta sempre três atributos essenciais: “ser,
saber e fazer”. Mas, um líder só será líder quando a sua organização e autodisciplina for
capaz de estabelecer as condições prévias para a acção e, no fim, não seja um homem só,
pois uma equipa é um todo que vale por si mesmo.
Ser-lhe-á sempre exigido energia realizadora pois ele é também servidor e seguidor de
vontades. Se não liderarem nem seguirem, simplesmente afastam-se tornando-se
Comandantes infusos e desfasados do sentido unificador do mando.
Relativamente à formação ficou claro que
há a necessidade de reformular alguns
processos formativos da vertente do treino
operacional adaptando-os às novas
práticas de bem-fazer decorrentes de
lições identificadas de Teatros de
Operações adversos e de alta intensidade
como são o caso do Afeganistão ou Iraque.
Uma nova abordagem deve sempre realçar
a importância da adaptabilidade dos
Exércitos a novos materiais e processos
tecnológicos que, necessariamente, condicionam o treino individual e colectivo, gerando
novas áreas de conhecimento.
Essa vertente formativa e adaptativa deverá comportar, entre outros aspectos, o tiro real
colectivo em combate em áreas edificadas, aplicação e interiorização de limitações e
restrições impostas por regras de empenhamento ou a articulação de forças de tarefa com
valências diferenciadas para o desempenho de missões limitadas no tempo e no espaço.
Também importante é a incorporação da formação física orientada para a melhoria da
capacidade motora, robustez e resistência face à dimensão e intensidade das operações, e
ao armamento e equipamento empregues.
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Quanto à organização militar para as unidades de infantaria são hoje exigidas novas
valências para condução de operações ofensivas e defensivas; conquista e manutenção
da posse do terreno; destruição, detenção e neutralização de forças inimigas;
reconhecimento e negação do terreno ao inimigo; participação em operações de
perseguição e exploração do sucesso; condução de operações aeromóveis e anfíbias;
participação em operações de combate ao terrorismo; condução de operações de
vigilância e guarda de unidades amigas; e condução de operações de resposta a crises.
Essa transformação organizacional deverá comportar uma nova dinâmica para
especialização e criação de abrangente de quadros, independentemente da categoria em
que se inserem, para uma resposta assertiva aos imperativos de modernidade e adaptação
tecnológica.
Por outro lado, essa nova dimensão da guerra, que passou de áreas com valor residual
(florestas, estepes, etc) para o combate em áreas de decisão estratégica como os grandes
centros urbanos, exige a transformação de uma infantaria mecanizada para uma infantaria
rápida, ágil e menos onerosa em termos de sustentação e projecção inter e intra-teatro.
Neste contexto não pode deixar de ser referido que o acesso à
informação em tempo real sobre os acontecimentos num Teatro
de Operações é cada vez mais decisivo no desfecho de um
conflito ou até mesmo duma campanha, tornando a presença e a
acção dos media nas operações militares um factor
preponderante para o sucesso e orientação da acção política dos
Estados.
Nesse sentido, em termos de cobertura mediática dos conflitos é
preciso fazer cada vez mais e melhor, o que na maior parte dos
casos significa correr mais riscos pelo que a formação sustentada
no binómio jornalista/militar é hoje determinante e indissociável de
uma operação, batalha ou campanha militar sendo muito mais
que um retrato ou uma simples reportagem afluente da memória.
Estas jornadas seguem o caminho delineado, com mais dois dias de trabalho em ambiente
de workshop, findo o qual haverá lugar à apresentação de conclusões sob o olhar atento
das chefias militares ligadas à Infantaria.
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Resumo JI2011