ESCOLA PARQUE CIDADÃ DE TEMPO INTEGRAL VEDANA, Ana Maria Lunardi – Secretaria Municipal de Educação de Chapecó – SC [email protected] SUTTILI, Sueli – Secretaria Municipal de Educação de Chapecó – SC [email protected] FIGUEIREDO, Anelice Maria Banhara [email protected] LORENZET, Simone – Secretaria Municipal de Educação de Chapecó – SC [email protected] Eixo Temático: Cultura, Currículo e Saberes. Agência Financiadora: Não contou com financiamento Resumo As Escolas Parque Cidadã de Tempo Integral, implantadas pela Secretaria Municipal de Educação de Chapecó – SC, visam a ampliar oportunidades de aprendizagem, autonomia e ações sociais, respeitando condições e diversidades locais e regionais, com currículo que contempla atividades diversificadas e desenvolvidas na perspectiva da formação integral do ser, humano utilizando currículo específico e ambiente lúdico, sem descaracterizar a função de ensinar da escola. Garante-se a permanência dos alunos por até 9 horas diárias, oferecendolhes de 3 a 5 refeições. Em um período, o educando freqüenta as salas-referência, estudando as disciplinas da Base Curricular Nacional Comum e Diversificada e, em outro, realiza atividades nos Espaços de Vivência como Laboratórios de Matemática, Ciências e Informática, Atelier, Rádio Escola, Sala de música, Biblioteca e Literatório, Brinquedoteca, entre outros. O projeto visa também a utilizar a escola como espaço de socialização, com a participação da comunidade na gestão. A ação pedagógica é reflexiva, levando em conta a realidade dos educandos. Os professores recebem formação continuada, para que desempenhem conscientemente seu papel social e cultural, na construção das diretrizes curriculares. Durante o recesso escolar, as Escolas Parque Cidadã de Tempo Integral funcionam como “Escola de férias”, oferecendo atividades monitoradas e alimentação. Nessa proposta, considera-se que a criança se desenvolve e aprende construindo e reconstruindo conhecimentos, elaborando conceitos que atendam suas expectativas, partindo de experiências democráticas e princípios que a valorizam como cidadã e agente de transformação da sua realidade. Desde a implantação da primeira das EPCs de Tempo Integral, em 2007, observouse o aumento da procura pelas vagas, pois as escolas apresentam vários diferenciais atrativos, motivando as crianças a permanecerem nelas. Assim, os educandos dos bairros em que esses espaços já estão em funcionamento não ficam expostos aos diversos riscos sociais. Palavras-chave: Escola. Tempo Integral. Cidadania. Criança. Ação. 5459 1 INTRODUÇÃO A essência do Projeto de Educação de Tempo Integral do Município de Chapecó está pautada em um conceito que agrega, de modo articulado, os termos: Escola, Parque, Cidadã, visando a promover a elaboração de conceitos que atendam às expectativas, interesses e necessidades do meio social e a apropriação do conhecimento científico e dos bens culturais produzidos pela humanidade, através de currículo integrado, trabalhado de forma interdisciplinar. Promove, também, a interação entre a escola e a comunidade, o reconhecimento à cultura local e o favorecimento à participação das famílias nos espaços educativos, a fim de contribuir para a redução dos índices de violência e para a construção de uma vida com mais qualidade. Além disso, oferece ao educando condições de enfrentar as exigências da vida em sociedade e possibilita o exercício para tornar o aluno ativo e capaz de construir conhecimento, por intermédio de sua interação com o outro e com o mundo. 2 O CONTEXTO A Educação de Tempo Integral tem amparo legal, em âmbito federal, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, de 20 de dezembro de 1996, quando determina, em seu artigo 34, que “[...] a jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos 4 horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola [...]” e no 2º parágrafo do mesmo artigo, quando destaca que “o ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério do sistema de ensino”. O Ministério da Educação, reconhecendo a importância da ampliação da vivência escolar e do aumento da jornada, em 2007, publicou a Portaria Interministerial nº 17, que instituiu o Programa Mais Educação, propondo a formação integral de crianças, adolescentes e jovens, por meio de apoio a atividades sócio-educativas no contraturno, alterando o ambiente escolar e ampliando a oferta de saberes, métodos, processos e conteúdos educativos. No Município de Chapecó, a Lei Complementar n° 48 de 22 de agosto de 1997, no parágrafo único do artigo 45, refere-se à implantação de escolas de tempo integral da seguinte 5460 forma: “O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, prioritariamente nas áreas em que as condições econômicas, sociais e pedagógicas o recomendarem”. Assim, em 14 de junho em de 2007, a Prefeitura e a Secretaria Municipal e Educação assinaram o Termo de Adesão que atende ao “Plano de Metas – Compromisso Todos pela Educação”, do Ministério da Educação, quando se comprometeram a ampliar as possibilidades de permanência da criança na escola para além da jornada regular. As Escolas Parque Cidadã de Tempo Integral de Chapecó estão sendo implantadas de forma gradativa, a fim de que possam atender às expectativas da comunidade e, ao mesmo tempo, estabelecer metas que ultrapassem o plano de governo, pois a qualidade da educação é responsabilidade de todos e não é conquistada a curto prazo. 3 OBJETIVOS Os objetivos das EPCs de Tempo Integral estão voltados a aumentar as oportunidades de aprendizagem, promovendo educação integral às crianças; articular ações e políticas sociais do Governo Federal e da Administração Municipal; utilizar a escola como espaço de socialização, em sintonia com as políticas educacionais mais amplas, definidas pela Secretaria Municipal de Educação e Ministério da Educação; ampliar o tempo de permanência diária da criança na escola, melhorando os índices de desempenho no processo ensino-aprendizagem, incluindo atividades diversificadas de formação humana; desenvolver currículo integrador como prática articuladora de todas as experiências coletivas vivenciadas na escola, buscando a formação integral e a autonomia dos educandos; oferecer a oportunidade para elaboração, reelaboração e apropriação do conhecimento nas diversas áreas, enfatizando a dimensão conceitual, procedimental e atitudinal; e viabilizar o exercício da cidadania como momento presente em todas as ações educativas, garantindo a criticidade e o processo de democratização. 4 PRINCÍPIOS Considera-se a infância e adolescência, valorizando a criança como sujeito de direitos, deveres, cidadã, construtora de conhecimento e agente de transformação do mundo a sua volta, sendo a infância o eixo central na proposta das EPCs de Tempo Integral, promovendo 5461 inclusão, autonomia, solidadriedade, cidadania, ludicidade e conhecimento. Para atingir esses princípios, as EPCs de Tempo Integral trabalham a partir de três diretrizes básicas: a) Currículo como Eixo Integrador; b) Ampliação e Otimização de Oportunidades de Aprendizagem; e c) Gestão Compartilhada. 5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 5.1 Concepção de educação Desde que a criança nasce, aprende através da interação com o meio físico e social. Os objetos de sua cultura (incorporados pelos adultos) passam a definir o comportamento e o desenvolvimento de seu modo de pensar e agir. Para Rego (1995, p. 59): “[...] os adultos procuram incorporar às crianças a sua cultura, atribuindo significado a condutas e aos objetos culturais que se formam ao longo da história. O comportamento da criança recebe influência dos costumes e objetos da sua cultura [...]”. Então, pode-se dizer que o homem transforma e é transformado pela cultura. Vygotsky e seus seguidores (Leontiev, Wallon, Luria, etc) adotaram os pressupostos filosóficos implícitos nos postulados do materialismo-dialético, pois conseguiram demonstrar como a epistemologia dialético-materialista deveria orientar os estudos dos fenômenos psíquicos. Sentiram necessidade de estudar o comportamento humano como fenômeno histórico, cultural e socialmente determinado, por isso dedicaram-se a pesquisar a construção do ser humano e a contribuição da educação nesse processo, que é dialética e histórica. A perspectiva histórico-cultural empenha-se em explicar como se desenvolvem as características e o comportamento humano em cada indivíduo ao longo de sua vida. Segundo o princípio orientador dessa abordagem (a dimensão sócio-histórica do psiquismo), “tudo o que é especificamente humano distingue o homem de outras espécies origina-se de sua vida em sociedade” (FONTANA, 1997, p. 57). A opção por essa perspectiva é em razão da concepção de mundo, sociedade, educação e cultura que está subjacente em seus pressupostos e princípios, mas, em especial, por suas contribuições e estudos sobre a infância, pois essa proposta tem como objetivo principal educar para a cidadania de forma a resgatar os valores sociais, bem como transformá-los. 5.2 Concepção de infância 5462 Historicamente, as crianças sempre foram vistas como adultos em miniaturas e não realmente como seres em desenvolvimento e com capacidades próprias. Elas não tinham direitos: eram excluídas e, muitas vezes, dependendo do sexo, discriminadas e abandonadas. Hoje se sabe que a infância está em permanente construção: “[...] o sentimento e a valorização atribuídos à infância nem sempre existiram da forma que hoje são conhecidos e difundidos, tendo sido determinados a partir de modificações econômicas e políticas da estrutura social” (KRAMER, 2003, p. 16). Respeitar a cultura da infância significa ter o foco nas crianças e não na cultura do adulto (visão adultocêntrica). É preciso aprender a interpretar as crianças, pois elas se expressam pelo olhar, pelo toque, pela fala, pelo corpo ou até pela não-expressão. É preciso encontrar formas de olhar, ouvir sentir e interpretar as crianças. 5.3 A infância e a ludicidade O conhecimento é, muitas vezes, imposto aos educandos, pelos pais, pela escola e pela sociedade como um todo, criando, assim, um impacto, “obrigação precoce”, em que a criança é obrigada a deixar de lado seu verdadeiro espírito infantil para ter atitudes de adulto e, com isso, a escola é vista pela criança como algo “chato” e “sem graça”. É na infância que o exercício da construção do conhecimento se inicia, por isso é importante que o trabalho seja conduzido com alegria, despertando a curiosidade das crianças para que as experiências educativas se tornem significativas, sendo a escola um lugar de prazer, onde os educandos se sintam felizes. Assim, a prática educativa deve partir de uma proposta lúdica, respeitando as particularidades e especificidades infantis. A ludicidade deve ser compreendida como início, meio e fim, e não apenas como recurso pedagógico, apresentação de conteúdo ou auxílio para determinada ação educativa. 5.4 Concepção de educação de tempo integral A essência do projeto de educação de tempo integral do Município de Chapecó está pautada em um conceito de escola que agrega, de modo articulado, os termos: Escola, Parque, Cidadã. Esta proposta se diferencia de outras experiências, pois, além da preocupação com o processo ensino-aprendizagem, desenvolve grande diversidade de atividades, levando-se em consideração, principalmente, o espaço, o tempo e a formação 5463 continuada dos profissionais da educação. A Educação Integral não representa apenas o aumento da permanência da criança na escola, mas a ampliação de oportunidades e situações que proporcionem aprendizagens significativas, emancipadoras e cidadãs. Portanto, Não se trata apenas de um simples aumento do que já é ofertado, e sim de um aumento quantitativo e qualitativo. Quantitativo porque considera um número maior de horas, em que os espaços e as atividades propiciadas têm intencionalmente caráter educativo. E qualitativo porque essas horas, não apenas as suplementares, mas todo o período escolar, são uma oportunidade em que os conteúdos propostos, possam ser ressignificados, revestidos de caráter exploratório, vivencial e protagonizados por todos os envolvidos na relação de ensino-aprendizagem (GONÇALVES, 2006, p. 5). A partir dessas reflexões, é fundamental que a escola reconheça e assuma sua função social de educar crianças cidadãs, criativas, alegres, solidárias e críticas, capazes de construir um mundo com mais justiça social. 6 FORMAS DE OPERACIONALIZAÇÃO DA PROPOSTA As EPCs de Tempo Integral funcionam no período diurno e a jornada é de 08 (oito) horas a 11 (onze) horas diárias, distribuídas conforme a Matriz Curricular. As atribuições dos profissionais respeitam as especificidades do Tempo Integral. Tendo em vista o não desperdício da verba pública, o educando, obrigatoriamente, deve freqüentar a escola em tempo integral. Somente poderá ser matriculado o educando cuja família concorde em assinar o Termo de Adesão, o qual prevê que a freqüência deve ser obrigatória para o período todo, ou seja, no mínimo 75% (setenta e cinco por cento) da carga horária total oferecida pela escola. No período destinado ao Recesso Escolar e às Férias, a escola funciona na modalidade de “Escola de Férias”, oferecendo atividades monitoradas e alimentação. Têm preferência ao atendimento as crianças que estão em situação de risco social e matriculadas nas EPCs. 7 POLÍTICA DE PARCERIAS As Escolas Parque Cidadã de Tempo Integral, através de suas Equipe Gestoras, podem firmar parcerias com clubes, universidades, escolas técnicas, fundações, ONG’s, comércio, 5464 indústria, entidades diversas, as quais venham beneficiar a Unidade Escolar, no campo social, assistencial, educacional ou financeiro, utilizando Termo de Parceria. 8 GESTÃO A gestão das EPCs de Tempo Integral mobiliza todos os envolvidos no processo, reorganizando o currículo integrado, a otimização do espaço e do tempo escolar, aproximando a escola com a comunidade. Para tanto, organiza-se, em cada escola, um conselho escolar com representantes de gestores, professores, auxiliares de serviços internos, educandos, demais servidores e parceiros, conforme estabelece a legislação municipal. 9 O PAPEL DO EDUCADOR NA ESCOLA PARQUE CIDADÃ O educador tem papel fundamental de mediar a ação educativa, demonstrando, fornecendo pistas, despertando curiosidade, instruindo e dando assistência. É através da interferência e orientação às ações das crianças que elas desenvolvem a Zona de Desenvolvimento Proximal, contribuindo para os processos de elaboração e de desenvolvimento que não ocorreriam espontaneamente. Nesse sentido, o educador deve ter competência ética, política e pedagógica e estar comprometido com o Projeto PolíticoPedagógico da instituição, bem como conhecer a realidade dos educandos. 10 FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES A Educação de tempo integral exige professores criativos, competentes e dinâmicos. Por isso, dispõe de programa de formação continuada e permanente dos profissionais da educação, o qual proporciona o conhecimento indispensável para atuar com as crianças no cotidiano do trabalho escolar. Trata-se de uma proposta voltada a subsidiar a ação educativa dos educadores, desenvolvendo com competência sua prática diária junto aos educandos. Diante disso, são organizados e garantidos pela SED e pela Gestão da escola momentos de formação continuada a todos os educadores e funcionários envolvidos no processo educativo, com, no mínimo, 40 horas aulas anuais, distribuídas de acordo com a necessidade de organização de cada unidade. 11 PERFIL DO EDUCADOR DA ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL 5465 A SED, sempre que necessário, faz processo seletivo através de Edital Específico para atuação nas EPCs. Contratam-se os profissionais que atendam aos pré-requisitos constantes no perfil dos educadores e os demais constantes no edital. O profissional deverá ter disponibilidade para trabalhar 40 (quarenta) horas semanais. O tempo de planejamento do professor deve ser destinado para leitura, pesquisa, seleção, organização e confecção de materiais didáticos, aproveitando os recursos disponíveis nos espaços de vivência. O profissional precisa estar comprometido com sua formação constante e atualização permanente nas mais diversas áreas. O planejamento coletivo se realiza semanalmente por nível ou série, em meio período. Os Profissionais das EPCs devem participar obrigatoriamente e integralmente de toda a formação oferecida e/ou sugerida pela Secretaria de Educação. 12 O PLANEJAMENTO DA AÇÃO EDUCATIVA As Escolas Parque Cidadã de Tempo Integral trabalham com crianças da Educação Infantil até a quinta série. Os educadores planejam suas atividades atendendo às necessidades e expectativas específicas da infância, contemplando a interdisciplinaridade e o currículo integrado, definindo metas claras que busquem a totalidade e não a fragmentação dos conhecimentos. A ação educativa deve ser reflexiva. Por isso, o educador tem o compromisso de avaliar suas ações, assumindo responsabilidades e riscos, sendo flexível na construção do processo de mediação do ato pedagógico. Na concretização dessa proposta, utiliza-se a metodologia de projetos, levando em consideração o modo como as crianças pensam e aprendem, partindo do que já sabem sobre o tema a ser trabalhado e pesquisando a respeito dos acontecimentos em geral. Trabalha-se para garantir o acesso e permanência de todos os educandos na instituição, respeitando-se a especificidade de cada criança, tornado-a sujeito do seu processo de aprendizagem, participante da produção de novos conhecimentos e saberes e contribuinte na organização de uma sociedade mais justa, igualitária e solidária. As Escolas Parque Cidadã de Tempo Integral incentivam a criança a viver sua infância de maneira alegre e prazerosa, respeitando seus direitos e deveres. Trabalham o desenvolvimento dos diferentes tipos de linguagens, bem como as relações sociais, interativas, afetivas e interpessoais: amizade, solidariedade, companheirismo, entre outras. 5466 No espaço educativo das EPCs de Tempo Integral, as crianças devem aprender a “[...] conviver, a ser e a estar com os outros e consigo mesmas em uma atitude básica de aceitação, de respeito e de confiança. Este âmbito abarca um eixo de trabalho denominado identidade e autonomia” (RCN’s, 1998, p. 46). O desenvolvimento da identidade e da autonomia está intimamente relacionado com os processos de socialização. A construção da identidade da criança é relativa ao conhecimento dela em relação a ela mesma e ao mundo. As práticas pedagógicas realizadas na Escola Parque Cidadã de Tempo Integral podem criar condições para as crianças conhecerem, descobrirem e ressignificarem sentimentos, valores, idéias, costumes e papéis sociais. Os educandos têm direito ao acesso a todos os instrumentos que lhes permitam ler, interpretar, analisar e, sobretudo, transformar a realidade em que estão inseridos. Essa interação humana e comunicativa, que é a linguagem, é uma exigência da sociedade moderna, pela produção de sentido entre os interlocutores e o mundo, ajudando na transformação social e cultural dos alunos, ampliando seu contexto sócio-histórico e a produção de novos conhecimentos nas diferentes linguagens: Oral e Escrita, Arte, Movimento, Natureza, Sociedade e Matemática. 13 ESPAÇOS DE VIVÊNCIA As atividades da base curricular nacional são desenvolvidas nas salas referência e nos espaços de vivência, organizados de acordo com os eixos integradores da matriz curricular, cujos objetivos são estimular a curiosidade, a pesquisa e a descoberta, oferecer atividades que enriqueçam a formação humana e garantir aos educadores tempo para a formação continuada. Dessa forma, os educandos e o professor referência trabalham durante o período escolar em diferentes ambientes. As EPCs de Tempo Integral oferecem espaços de vivência como Laboratório de Matemática, Planetário (História e Geografia, Laboratório de Ciências, Brinquedoteca, Atelier de Arte, Laboratório de Informática, Rádio Escola, Sala de Dança, Sala de Teatro, Biblioteca e Literatório, Sala de música/ canto e Sala de violão. Os espaços de vivência são utilizados de acordo com o Projeto de Trabalho do Professor Referência da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Atuam nesses espaços professores habilitados conforme a necessidade de cada espaço de vivência. Esses 5467 professores, juntamente com o Professor Referência, desenvolvem a ação educativa. As linguagens artísticas e de movimento, no Ensino Fundamental, são desenvolvidas por professores das áreas de Educação Física e Arte, conforme legislação vigente. O processo de avaliação leva em conta os objetivos, princípios e metas estabelecidas neste projeto. Não se limita a dados quantitativos, pois os indicadores qualitativos são mais significativos para análise, quando se trata de avaliar a qualidade do processo educativo. 14 CONSIDERAÇÕES FINAIS São várias as hipóteses para serem discutidas, avaliadas ou propostas como padrões de qualidade na educação. Entretanto, sabe-se que o que se tem a fazer para que a escola pública ofereça melhores condições de atendimento é o investimento na formação de profissionais, na infra-estrutura e na qualidade das aulas. Há escolas e profissionais muito empenhados, criando alternativas interessantes de trabalho, a despeito da falta de investimento estatal e de toda sorte de dificuldades. Todavia, ainda que o compromisso profissional de cada educador seja de fundamental importância, é preciso insistir que ganhos qualitativos devem ocorrer de maneira generalizada e, para tanto, as ações ou as políticas públicas devem ter caráter mais efetivo. Vale dizer, também, que a participação de toda a comunidade escolar é de suma importância para a concretização desse ideal. Também não há dúvida de que as mazelas da sociedade passam pela falta de vontade política. No entanto, há de se considerar que muito se tem feito no município de Chapecó – SC, a fim de minimizar esse problema. Inclui-se, aqui, necessariamente, o investimento na educação municipal de qualidade. Cumpriu-se a urgência de atendimento que respeite a criança, garantindo-lhe as melhores condições e que esse atendimento diferenciado efetivamente exista para os alunos dos bairros contemplados com as EPCs de Tempo Integral. Para tanto, não se ateve ao debate centrado na questão da qualidade como algo isolado, a fim de não se correr o risco de se reafirmarem as políticas vigentes e o seu caráter marcado pela exclusão, pois se acredita que, em vez de centros de excelência para poucos, é preciso boas escolas para todos. Desde a implantação da primeira das EPCs de Tempo Integral, em 2007, observou-se que aumentou a procura pelas vagas, pois as escolas apresentam vários diferenciais atrativos, motivando as crianças a permanecerem nelas. Assim, os educandos dos bairros em que esses espaços já estão em funcionamento não ficam expostos aos diversos riscos sociais. 5468 O contato dos alunos, desde a Educação Infantil até a quinta série com os diversos espaços de vivência implantados nas EPCs de Tempo Integral e o ensino das Línguas estrangeiras Inglês e Espanhol são grandes motivadores para toda a comunidade escolar. Além disso, os professores perceberam avanços absolutamente positivos nas relações de convivência dos alunos, entre eles e com os educadores e funcionários, demonstrando-se, desse modo, que a afetividade também tem sido desenvolvida nesse ambiente, de forma satisfatória. Sem dúvida, uma forma interessante para pensar a qualidade no atendimento à criança relaciona-se à idéia de garantia e efetivação de seus direitos como cidadã, já consagrados universalmente e bem definidos do ponto de vista legal, como se verifica em documentos que vão desde a Declaração Universal dos Direitos da Criança, passando pela Constituição Federal Brasileira de 1988, Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (lei n. 8.069 de 1990), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (n. 9.394/96) e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, de 1998, entre outros. Desse modo, para além do dever de cuidar das crianças do país, é preciso que a escola pública não apenas cumpra seu dever de oferecer o atendimento a todos, mas que o faça baseado no respeito aos direitos das crianças, garantindo-se um elemento essencial, ou seja, a qualidade. 15 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Paulo N. Educação lúdica: prazer de estudar técnicas e jogos pedagógicos. 9. ed. 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