EFEITO DE DIVERSAS ESPÉCIES DE LEGUMINOSAS NA COMPOSIÇÃO MICROBIOLÓGICA DO SOLO DE CERRADO Verônica C. Gonçalves 1, Alcione da S. Arruda 2, Adilson Pelá 3 ,Carlos H. de Oliveira 4, Lígia A. de Paiva 4 e Maico Tomazini 4. 1 Bolsista PBIC/UEG, graduandos do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG. 2 Orientador, docente do Curso de Agronomia, UnU Ipameri – UEG. 3 Docente do Curso de agronomia, UnU Ipameri – UEG. 4 Bolsista PVIC, graduandos do Curso de Agronomia, UnU Ipameri – UEG. RESUMO Este projeto teve como objetivo a avaliação da atividade microbiana no solo de cerrado, utilizando diversas espécies de forrageiras. O experimento foi realizado na área experimental da Universidade Estadual de Goiás, Unidade de Ipameri, utilizando cinco espécies forrageiras (crotalária, mucuna preta, feijão de porco, nabo forrageiro e sorgo). O delineamento adotado foi blocos casualizados com cinco tratamentos e quatro repetições. Antes do plantio, foram realizadas análises químicas do solo para observação dos elementos disponíveis e posterior análise microbiológica. A atividade microbiana foi avaliada em decorrência da quantidade de CO2 (mg C-CO2.g-1 de solo) produzida nas profundidades de: 0-10cm, 10-20cm, 20-30cm em áreas queimadas. As quantidades de CO2 liberadas pelos microrganismos, durante o segundo, quinto, nono e décimo sexto dia, nas diferentes profundidades não se diferiram estatisticamente pelo teste de tukey. Palavras-chave: microrganismos, biodegradação, composição do solo. Introdução Quando se fala em biodiversidade e extinção de espécies a mídia sempre se refere ás espécies vegetais e animais que vivem acima do solo. As comunidades de organismos micro e macroscópico que habitam o solo, por não estarem visíveis aos olhos humanos, raramente são mencionadas e por isso são geralmente negligenciadas. No entanto, essas comunidades “invisíveis”, principalmente os microrganismos realizam atividades imprescindíveis para a manutenção e sobrevivência das comunidades vegetais e animais (MOREIRA et al., 2002). Segundo os mesmos autores, no solo as atividades principais dos organismos são: decomposição de matéria orgânica, produção de humos, ciclagem de nutrientes e energia, fixação de nitrogênio atmosférico, produção de compostos complexos que causam agregação do solo, decomposição de xenobióticos e controle de pragas e doenças. 1 Os microrganismos do solo, sua concentração e atividade representada pelo teor de CO2 liberado e pela mineralização do nitrogênio orgânico, são influenciados pela matéria orgânica do solo, pela quantidade e qualidade dos resíduos orgânicos adicionados, e pelo tipo de preparo do solo. De acordo com ALEXANDER (1977) a incorporação ao solo de materiais orgânicos de constituições diferentes – como gramíneas e leguminosas – afeta a biomassa microbiana, e conseqüentemente, a disponibilidade de nitrogênio. A maximização do aproveitamento do nitrogênio presente nos materiais orgânicos, pela cultura, depende de suas respectivas velocidades de decomposição e do processo de mineralização dessa matéria orgânica. Segundo BARREIRA et al. (1998), leguminosas que fixam nitrogênio através da simbiose, são importantes dos pontos de vista econômico e ecológico, tendo em vista, sua contribuição no fornecimento de nitrogênio ao solo e na minimização os impactos ambientais decorrentes de uso de insumos industriados. Baseado nas grandes contribuições das leguminosas ao solo, este trabalho teve como objetivo avaliar a produtividade de massa fresca e seca e a atividade microbiológica no solo de cerrado, utilizando diversas espécies usadas como adubos verdes. Materiais e Métodos O experimento foi realizado na área experimental da Unidade Universitária de Ipameri da Universidade Estadual de Goiás, onde foram plantadas cinco espécies diferentes, tais como, crotalária, mucuna preta, feijão-de-porco, nabo forrageiro e sorgo. O delineamento adotado foi blocos casualizados com cinco tratamentos e quatro repetições. Antes do plantio, foram realizadas análises químicas do solo para observação dos elementos disponíveis e no final do ciclo das espécies forrageiras, foram coletadas amostras, as quais foram acondicionadas em geladeira para posterior realizações da análise microbiológica do solo. O material de solo foi seco ao ar, peneirado e encaminhado para análises químicas. Os resultados da análise química são apresentados em tabela abaixo (Tabela 1). Tabela 1. Resultados da análise química do solo. Profundidade (cm) 0-10 10-20 20-30 pH* P K mg.dm 6,1 5,6 4,8 2,9 2,5 1.7 Ca 2+ Mg 2+ -3 47,0 41,0 33,0 1,5 1,6 1,5 0,7 0,6 0,6 Al 3+ Cmolc.dm -3 0,0 0,0 0,0 H+Al SB** 1,5 1,5 1,5 2,3 2,3 2,3 pH* em água; SB**= soma das bases trocáveis. 2 A atividade microbiana foi avaliada em decorrência da quantidade de CO2 produzido nas profundidades avaliadas de: 0-10cm, 10-20cm, 20-30cm. Porções de 100,0g do solo úmido foram colocados em frascos de aproximadamente um litro, contendo copo plástico descartável (40ml) com 10ml de NaOH 1mol L-1 para a absorção do CO2. Os frascos foram hermeticamente fechados e mantidos no laboratório por dezesseis dias. O CO2 liberado foi determinado ao final do segundo, quinto, nono e décimo sexto dia após a preparação das amostras. Após cada período de incubação foram retirados os copos plásticos dos frascos e nestes colocados 5ml de BaCL2.2H2O 1mol L-1 e gostas de fenolftaleína, sendo as amostras tituladas com HCL 1mol L-1. A umidade foi ajustada para 80% da capacidade de campo, após a retiradas dos copos com NaOH, feito no segundo dia de incubação. A liberação de CO2, em mg C-CO2.g-1 de solo, foi calculada pela fórmula proposta por STOTZKY (1965). mgC-CO2=(B-V).M.E Onde: B= volume de HCL necessário para titular o excedente de NaOH da prova em branco; V= Volume de HCL necessário para titular o excedente de NAOH da amostra; M=molaridade do HCL 1mol L-1; E= peso equivalente do carbono. Com o auxílio de um quadro de 1m², foram coletadas plantas de cada parcela para a realização da determinação de massa fresca e seca, onde estas foram pesadas, trituradas, pesadas 100g de cada parcela e levadas para estufa por 48h. Após este tempo, foram pesadas novamente para verificação da perda de água. Resultados e Discussão Os resultados da produção de massa fresca e massa seca são apresentados na tabela abaixo (Tabelas 2). Tabela 2. Produtividade média de massa fresca e seca (Kg/há). Massa fresca (Kg/há) Feijão de porco Crotalária Mucuna Sorgo Nabo forrageiro Coef. de Variação: 40205.9000 A 24564.2000 B 11854.6000 BC 11839.2000 BC 1042.6000 C Massa seca (Kg/há) Sorgo Crotalária Feijão de porco Mucuna Nabo forrageiro 1589.7000 A 1332.1000 AB 1079.5000 BC 947.9000 C 891.9000 C 36.10 10.23 *Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de tukey. 3 Quanto á produtividade de M.F, verificou-se que o feijão de porco se diferiu estatisticamente das demais espécies forrageiras. A crotalária, mucuna e sorgo, não se diferiram estatisticamente e o nabo forrageiro não se diferiu da mucuna e sorgo. Na determinação da produtividade de M.S, o sorgo forrageiro não se diferiu estatisticamente da crotalária. O feijão de porco não se difere da crotalária e a mucuna e o nabo forrageiro não se diferiram entre si e com o feijão de porco. Com os resultados da liberação de CO2, foram realizadas análises de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey. Os resultados estatísticos são apresentados nas tabelas abaixo (Tabelas 4, 5 e 6). Tabela 4. CO2 liberado (mg C-CO2.g-1de solo), nas profundidades de 0-10cm. CO2 liberado (mg C-CO2.g-1de solo) TRATAMENTOS Feijão de porco Mucuna Nabo forrageiro Crotalária Sorgo Coef. de Variação 2° dia 62.4000 a 59.7000 a 57.1500 a 56.5500 a 55.8000 a 8.74 5° dia 26.8500 a 22.5000 a 30.3000 a 32.5500 a 26.4000 a 9° dia 18.1500 a 10.2000 a 24.7500 a 19.5000 a 12.7500 a 16° dia 51.3000 a 23.8500 a 41.2500 a 33.9000 a 40.6500 a 20.54 51.19 42.50 Total 1.587.000** 1.162.500 1.534.500 1.425.000 1.356.000 *Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey. **Maior atividade microbiana. Tabela 5. CO2 liberado (mg C-CO2.g-1de solo), nas profundidades de 10-20cm. CO2 liberado (mg C-CO2.g-1de solo) TRATAMENTOS Mucuna Crotalária Feijão de porco Sorgo Nabo forrageiro Coef. de Variação 2° dia 15.4500 a 13.3500 a 12.4500 a 10.8000 a 9.4500 a 5° dia 10.0500 a 13.3500 a 15.9000 a 14.2500 a 15.7500 a 9° dia 7.8000 a 8.7000 a 6.4500 a 6.6000 a 9.3000 a 16° dia 7.8000 a 7.9500 a 12.1500 a 7.9500 a 10.0500 a 44.78 44.80 37.31 36.95 Total 411.000 433.500 469.500** 396.000 445.500 *Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey. **Maior atividade microbiana. 4 -1 Tabela 6. CO2 liberado (mg C-CO2.g de solo), nas profundidades de 20-30cm. CO2 liberado (mg C-CO2.g-1de solo) TRATAMENTOS Mucuna Nabo forrageiro Feijão de porco Crotalária Sorgo Coef. de Variação 2° dia 7.5000 a 6.9000 a 6.6000 a 5.8500 a 4.8000 a 48.78 5° dia 10.2000 a 10.5000 a 9.0000 a 9.3000 a 6.0000 a 41.70 9° dia 8.8500 a 8.8500 a 7.5000 a 9.7500 a 5.2500 a 16° dia 8.5500 a 12.3000 a 10.2000 a 13.6500 a 11.4000 a 46.36 25.55 Total 351.000 385.500** 333.000 385.500** 274.500 *Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey. **Maior atividade microbiana. Durante as análises, foi verificado oscilações das quantidades de CO2 liberadas pelos microrganismos presentes nos solos das diferentes espécies forrageiras e supostamente isso pode ter ocorrido, devido à movimentação do solo para a instalação do experimento e ou pode ter sido estimulada por fatores ambientais, como temperatura, intensidade luminosa, etc. As quantidades de CO2 liberadas pelas espécies durante os dias citados e nas diferentes profundidades analisadas, não se diferiram estatisticamente. Conclusões A leguminosa feijão de porco e a gramínea sorgo, em comparação com as demais espécies forrageiras, foram as que obtiveram maior produtividade de massa fresca e massa seca respectivamente; tendo o feijão de porco alcançado uma produtividade média de 40205.9Kg/ha, seguido da crotalária com 24564.2Kg/ha, mucuna com 11854.6Kg/ha, sorgo com 11839.2Kg/ha e nabo forrageiro com 1042.6Kg/ha. Quanto à massa seca, o sorgo obteve maior produção, em média 1589.7 Kg/ha, média superior a produtividade obtida por FERNANDES et al.(2OO7), a qual foi 14150 Kg/ha. A produção de massa seca do feijão de porco 1079.5 Kg/ha foi inferior a produção obtida no trabalho realizado pelo mesmo autor no estado da Bahia, produtividade esta que foi de 6300 Kg/ha, e inferior também a produtividade obtida por PEDROSO et al.(2002), em um trabalho semelhante realizado no Rio Grande do Sul, sendo esta de 1911 Kg/ha. A mucuna atingiu uma produtividade de massa seca de 947.9 Kg/ha e nabo forrageiro de 891.9 Kg/ha, produtividades inferiores às obtidas pelo mesmo autor, sendo estas respectivamente 3674 e 2063 Kg/ha. Em relação à liberação de CO2 (mg C-CO2.g-1de solo), as quantidades liberadas pelos microrganismos, durante o segundo, quinto, nono e décimo sexto dia, nas diferentes 5 profundidades, não se diferiram estatisticamente pelo teste de tukey. O feijão de porco nas profundidades de 0-10cm e 10-20cm foi à espécie utilizada como adubo verde que mais contribuiu para uma maior atividade microbiana, e nas profundidades de 20-30cm a crotalária e o nabo forrageiro contribuíram igualmente para a atividade. Referências ALEXANDER, M. Introduction to soil microbiology. 2.ed. New York: John Wiley & Sons, 1977. 467p. BARREIRA, A.; et al. Nodulação em leguminosas florestais em viveiros no sul de Minas Gerais. Cerne, v. 4, n. 1, p. 145-153, 1998. FERNANDES, J. C.; et al. Identificação de espécies para cobertura do solo e rotação de culturas no vale do Iuiu, região sudoeste da Bahia. Magistra, Cruz das Almas-BA, v. 19, n. 2, p. 163-169, abr./jun., 2007. Disponível em:<http://www.magistra.ufrb.edu.br/3-07-19-2html.> Acesso em: 20 jun. 2007. MOREIRA, F. S.; SIQUEIRA, J. O. Microbiologia e Bioquímica do Solo—Lavras: Ed. UFLA, 2002. PEDROSO, R. F.; et al. Avaliação da produção de massa seca de diferentes plantas de cobertura em sistema de plantio direto – UFSM, 2002. 6