ANALOGIA DA PAISAGEM ECOTONAL DO CERRADO NOS MUNICÍPIOS DE CAMPO MOURÃO E DE TUNEIRAS DO OESTE Daniela Fernanda Roseira, (IC), UNESPAR/FECILCAM, [email protected] Nair Glória Massoquim, (OR), UNESPAR/FECILCAM, [email protected] INTRODUÇÃO Em termos fitogeográficos a área de estudo foz parte de uma linha de transição de áreas ecotonais, em que são caracterizadas paisagens mistas entre Florestas e Cerrado, onde podemos destacar remanescentes da Floresta Estacional Semidecidual, Montana. Floresta Ombrófila Mista, Montana, e Vegetação de Cerrado. Neste contexto, queremos enfatizar os ecótonos do Cerrado, localizado nos Municípios de Campo Mourão e de Tuneiras do Oeste, objeto deste estudo. Mesmo próximas, essas áreas ecotonais possuem paisagem fisionômicas e espécies diferentes. Considerando que a localização entre um e outro ecótono fica em área de transição situadas na Mesorregião 1 e 2 (Figura 1). Observa-se que embora comungue do mesmo grupo climático caracterizado com Subtropical Mesotérmico (MAACK, 1981), as mesmas se caracterizam por tipos climáticas e fatores edáficos diferentes. A área ecotonal de Tuneiras do Oeste localizada na Mesorregião Noroeste Paranaense (MRS 1), possui características climáticas e edáficas similares ao do Planalto Central, com tipo climático de transição Cfb/Cfa para Cwa (ITCG, 2006) e solos arenosos, mais pobres em nutrientes e com alto teor de alumínio. As outras áreas ecotonais se localiza na Mesorregião Centro Ocidental Paranaense (MRS 2), município de Campo Mourão, caracteriza-se por tipo climático Cfb com transição para Cfa (ITCG, 2006), e solos argilosos, é considerável teor de alumínio. Figura 01: localização dos municípios de Campo Mourão e Tuneiras do Oeste - PR. Org: Massoquim. /2012 As manchas de Cerrado na área de pesquisa do município Campo Mourão são consideradas relictos do Quaternário Antigo, um ecótono se encontram distribuídas dentro do sítio urbano de Campo Mourão, o outro na periferia deste, uma área foi tombada como Unidade de Conservação Ecológica e encontra-se localizada no Jardim Nossa Senhora Aparecida, no Município de Campo Mourão, trata-se da Estação Ecológica do Cerrado de Campo Mourão - EECCM, com uma área de aproximadamente 13.318 m2 (Figura 2), o outro remanescente localiza-se ao longo da rodovia PR 317 - Campo Mourão/Maringá, com pouco mais de 24h até o momento não foi tombada como área de conservação, mas é importante salientar que nesse remanescente existem espécies, como o Pequi (Caryocar brasiliense) e o Algodão do Campo, que praticamente não se encontra na ECPCM, especialmente a partir do cerceamento da mesma em que a falta de manejo adequado, responsável pela sobrevivência de algumas espécies da vegetação de cerrado tem prejudicado a manutenção das mesmas. Também são encontradas espécies nos quintais das casas, como plantas ornamentais, ou espécies arbóreas como o Angico-do-Cerrado (classificado erroneamente como barbatimão). Lembrando que, essa vegetação outrora ocupou uma área de cerca de 102 km² (MAACK, 2002) no município de Campo Mourão e áreas circunvizinhas. Figura 2 - Estação Ecológica do Cerrado de Campo Mourão Ecotonos no Recorte da Imagem de Satelite Fonte: Folha SF-22-Y-D-IV-3 – Escala 1.50.000. A outra área ecotonal fica localizada no município de Tuneiras do Oeste a esquerda da Estrada Boiadeira BR. 487, esse remanescente encontra-se em estado de preservação, por leis ambientais como RPPM. O objetivo na pesquisa foi estudar a paisagem das áreas ecotonais do Cerrado, demonstrando a diversidade paisagística entre os ecótonos de Cerrado, bem como a influência da ação antrópica na organização da paisagem e as possíveis diferenças e semelhanças na fisionomia entre as áreas ecotonais. A escolha das áreas para pesquisa se deu em razão da importância em se estudar a paisagem em áreas ecotonais do Cerrado, destacando as espécies fitogeográficas e as analogias entre as áreas ecotonais, bem como o estudo das fragilidades naturais (geologia, geomorfologia, solo) sobre a influência climática, que caracteriza a dinâmica dessa paisagem. Percebe-se que embora as áreas ecotonais de cerrado tenham características semelhantes, algumas espécies como: o do barbatimão (verdadeiro), espécie Anadantera-falcata, são encontradas em um ecótono e não em outro, mesmo estando próximos, um dos casos e o do barbatimão (verdadeiro), em que a espécie Anadantera-falcata, a Solanum lycocarpumSt. Hil. (fruto do lobo), a espécie , Caryocar brasiliense (Pequi), e o Angicodo-Cerrado espécie Anadantera-falcata, não são encontradas em todas as áreas ecotonais, algumas foram identificadas apenas em um dos remanescentes das áreas de pesquisa. Na pesquisa estão relacionadas as seguintes seções, a já arrolada na introdução, a de matérias e métodos e resultados e discussões. MATERIAIS E MÉTODO Na pesquisa adotou-se o método sistêmico com análise integrada da paisagem e como procedimentos operacionais foi necessário estudo de campo, para reconhecimento da área de pesquisa, verificação da distribuição e coleta de plantas do Cerrado para a classificação de espécies específicas de uma e outra área, e verificar as diferentes fisionomias. As plantas foram a priori classificadas por meio de chave taxonômica (família) e laboratorial (espécie). Os estudos in-loco, também foram necessários para melhor visualização, localização, ocupação e uso da terra. As cartas topográficas nos permitiram elaborar o recorte espacial do ecotono da EECCM, bem como verificar o avanço no uso da terra agrícola. Como meio de comparação dos ecotonos das áreas de pesquisa, além do trabalho empírico, as imagens fotográficas foram um importante instrumento material. RESULTADOS E DISCUSSÕES A vegetação do Cerrado está distribuída em significativa proporção do território brasileiro, sendo considerado o 2º maior BIOMA Em área concentrada no Planalto Central. Porem essa vegetação também se distribui em pequenas manchas, no Estado do Paraná, entre a Floresta Estacional Semidecidual e Ombrófila Mista (Montana), formando áreas ecotonais, conservadas em remanescentes, o que restou de uma vegetação original, após o uso intensivo da terra com culturas agrícolas comerciais nas áreas já supracitadas anteriormente. No Estado do Paraná por localizar-se na área mais meridional do planeta é considerada testemunho de clima do passado, relíctos do período Quaternário. Para Stevaux (1998), “[...] a mancha de Cerrado embutida na mata pluvial em Campo Mourão são evidências de condições ambientais diferente das atuais, relíquias de condições climática e tectônica que mudaram durante a evolução do planeta.” Segundo Troppmair (2008, p. 92), os Cerrados ocupavam uma área de 1,8 milhões km², “hoje está reduzida a menos da metade devido a ocupação agrícola com soja, cana e pastagens”. Culturas também vislumbradas na área de pesquisa, responsáveis pela redução do Cerrado nos municípios de Campo Mourão, e de Tuneiras do Oeste, que veio sofrendo profundas modificações na paisagem pelo uso antropogenico, tanto na exploração dos recursos naturais a priori, quanto com a agricultura intensiva de capital que veio ocorrendo nas ultimas décadas (1970 - 2012). As áreas de matas e floresta, especialmente no campo (rural) só estão sendo preservadas com restrição ao uso quando apoiada por Lei, no sentido de preservar alguns remanescentes. De fato toda a vegetação do Cerrado sofreu alterações pela ocupação, crescimento populacional, e uso da terra, tanto no meio rural, quanto no urbano, neste caso para dar lugar a construções, moradias, galpões, cooperativas e agricultura intensiva de capital, restando, portanto só alguns remanescentes (MASSOQUIM, 2010). Os remanescentes de Cerrado que existem nos dias de hoje desenvolveram-se sobre solos muito antigos, intemperizados, ácidos, depauperados de nutrientes, mas que possuem concentrações elevadas de alumínio (muitos arbustos e árvores nativos do Cerrado acumulam o alumínio em suas folhas – Haridasan, 1982). (KLINK & MACHADO, 2005, p. 148). Dentre os remanescentes do Cerrado a maior porção desses são pouco preservados, no município de Campo Mourão um desses encontra-se preservado na EECCM, efetivada a partir de um projeto elaborado por professores e acadêmicos do Curso de Geografia da UNESPAR/FECILCAM. Para entender melhor o que significa esses remanescentes, por vez, denominados de “Relictos do Quaternário antigo” (Maack, 2002) remetemos um pouco da história de criação da área de preservação em Campo Mourão. A Estação Ecológica do Cerrado de Campo Mourão foi criada em 1993, desde a sua implantação já foram identificadas 240 espécies de plantas, dentre elas, um tipo de palmácea anã que no Paraná só existe na EECCM e também foi observada no Lote 7H. Nos remanescentes detectou-se algumas famílias de mesma espécie como o caso do barbatimão, da família “Leguminosae-Mimosoideae”, e do gênero (Stryphnodendron adstringens) é uma das plantas que se desenvolvem na EECCM, como se pode observar na Figura 03, foto “A”. A mesma espécie não foi observada no remanescente de Tuneiras do Oeste, contudo, temos a Anadantera-falcata, conhecida também pelo nome comum de angico-do-cerrado, robusta, pode atingir altura superior a 8 metros, com tronco revestido por casca grossa, planta suberosa de 30 a 50 cm de diâmetro, encontra-se distribuída nos dois ecótonos, de Campo Mourão e também no de Tuneiras do Oeste. Uma amostra dessa pode ser verificada na foto“B”. A B Figura 03 – Stryphnodendron - EECCM “A”. “B” Angico-do-Cerrado - Anadantera-falcata Foto: ROSEIRA, Daniela F./2012. Outra espécie típica do Cerrado e que é encontrada em campo Mourão, é o Pequi (Caryocar brasiliense) localizado e encontrada em maior quantidade no Lote 7H. Estamos na época de inverno, pudemos observar conforme Figura 4, foto “C” pequizeiros quase sem folhagens, já a foto “D” um pequizeiro com fruto. Contudo, o período de frutificação do pequizeiro é de setembro a fevereiro, o que caracteriza o fruto como (temporão) fora de época. D C Figura 04 – Pequizeiro sem folhas “C” Pequizeiro com fruto “D” Foto: ROSEIRA, Daniela F./2013. De acordo com Ribeiro (2011), existem três espécies de pequi, Caryocar brasiliense, Caryocar Coriaceum Wittm e Caryocar Cuneatum Wittm, sendo que Caryocar brasiliense é de maior, é uma planta semidecídua (perde parte das folhas em época desfavoráveis), heliófita (gosta de muita luz solar), seletiva xerófita (planta adaptada para resistir a seca) capaz de conservar água por mais tempo do que as demais, característica do Cerrado brasileiro. O pequi é também muito utilizado em preparações culinárias, especialmente a polpa, outro atributo do fruto do pequizeiro é o óleo que tem uso medicinal, sendo também utilizado nas indústrias de cosméticos. Observou-se ainda uma espécie conhecida como, fruto do lobo (Solanum lycocarpumSt. Hil.), essa espécie foi encontrada no remanescente de Tuneiras do Oeste, cresce e se desenvolve em condições ambientais desfavoráveis, suportando climas áridos e longos períodos de seca, seu porte arbustivo é muito ramosa, os frutos servem de alimento para o lobo guará, contudo é uma espécie que se adapta mais facilmente em áreas de solos pobre, portanto, aparece mais nos ecótonos de Tuneiras do Oeste que apresenta solos mais degradados, pelo anterior uso agrícola. Segundo Massoquim, “no ano de 2000, havia uma única planta, na área de borda do remanescente da estação ecológica, na medida em que a vegetação do cerrado foi se adensando a espécie desapareceu”. Dos atributos naturais o solo seguido do clima é um fator que influencia nas características da formação de Cerrados, nesse caso como as áreas em estudo possuem distribuição pluviométrica acima da média para as áreas típicas de Cerrado, pode-se dizer que o excesso de precipitação pode influenciar em sua fisionomia, tornando as espécies mais exuberantes do que as do Planalto Central. Mesmo que a vegetação tenha sua origem em condições climáticas e edáficas do passado (Quaternário). De acordo com Troppmair (2008), face ao aspecto fisionômico a origem dos Cerrados era atribuída à falta de água e às queimadas. Essa teoria foi refutada, quando comprovado que em razão do sistema radicular das plantas, raiz pivotante com até 18 metros de profundidade, alcança o lençol freático e as queimadas favorecem a dinâmica da paisagem, pois há sementes, revestidas de casas duras e coriacias que só eclodem para germinar depois de queimadas naturais. Segundo Bertrand (2004), considerando a paisagem como uma entidade global, admite-se implicitamente que os elementos que a constituem participam de uma dinâmica comum que não corresponde obrigatoriamente à evolução de cada um dentre eles tomados separadamente. Somos levados a procurar os mecanismos gerais da paisagem [...] em particular as Geossistemas e geofáceis. Ainda para o autor, [...] a paisagem não é apenas uma combinação de elementos em um determinado espaço, mas sim o resultado de uma combinação dinâmica de elementos físicos, biológicos e antrópicos, que por sua vez faz da paisagem um conjunto em modificações constante. Ao analisar a paisagem do Cerrado das áreas de estudo, podemos perceber que a paisagem natural que se tinha no passado praticamente não existe mais, isso ocorre porque essa paisagem vem sofrendo mudanças antrópicas e antropogênica no meio, especialmente com o uso intensivo da terra para a agricultura, em que a paisagem se modificou, deixando de ser paisagem natural e passa a ser paisagem artificial ou antropizada. [...] a paisagem é como um organismo complexo, resultado da associação de formas que podem ser analisadas. Constitui-se de elementos materiais e de recursos naturais disponíveis em um lugar, combinados às obras humanas (MAXIMIANO, 2005, p.88). Ao analisar a paisagem que compõe as áreas ecotonais de Cerrado foi possível constatar que ambos (ecótonos), estão inter-relacionados, sofreram modificações no decorrer dos anos, isso se deu em razão da ocupação humana e também por fatores naturais. Mesmo que não haja um corredor ecológico entre as duas áreas em questão, foi possível averiguar que ambas possuem características semelhantes, a exemplo do angico do cerrado que é encontrado na maioria das áreas ecotonais do Paraná, caracterizado erroneamente como barbatimão, espécie típica do Cerrado. Outra é o Fruto do Lobo (Solanum lycocarpumSt. Hil.). A espécie, Solanum lycocarpum St. Hil. da família Solanaceae é conhecida como fruto-de-lobo, lobeira, é um arbusto grande, ou árvore pequena de 3 a 5 m de altura, com copa arredondada e aberta, com espinhos grandes nos ramos, nativa no Brasil em áreas de cerrado”. (SCARPEL et al, 2006). Esta espécie que se encontra na área de Cerrado de Tuneiras, conforme comentou-se, também foi registrada na EECCM há alguns anos (2000), tendo sido extinta anos depois, atribuímos a isso fatores climáticos. Mas, são visíveis outras famílias de plantas do Cerrado com características semelhantes (em ambas as áreas ecotonais), árvore de pequeno e médio porte com troncos retorcidos, cascas grossas e folhas coreáceas. A Figura 05 representa algumas plantas da vegetação do Cerrado da região de Tuneiras do Oeste, dentre elas foto “F”, esta a lobeira com fruto, inclusive conforme se abordou linhas atrás, essa espécie é mais rara em ambientes em que a vegetação é mais densa, pois é propicia a áreas mais degradadas. F E Figura 05 – Vegetação do Cerrado de Tuneiras do Oeste Fotos: “E” e “F” Massoquim e Liberali, 2012. Na figura 6, podemos observar uma amostra das plantas de Cerrado da EECCM, por estar em área protegida e livre de incêndio, fugiu a característica dos Cerrados típicos, as plantas são mais exuberantes, estão livres de qualquer tipo de depredação antrópica, caracterizam-se hoje por um emaranhado, inclusive comungando com espécies exóticas invasoras, entre outras a leocena. Figura 06 – Vegetação da Estação Ecológica do Cerrado de Campo Mourão Foto: ROSEIRA, Daniela F./2013 Na área em que se encontra a vegetação no município de Tuneiras do Oeste, as características edáficas são mais favoráveis ao desenvolvimento da vegetação de Cerrado típico. Contudo, o espaço é altamente ocupado para o desenvolvimento de culturas agrícolas, conforme já se comentou anteriormente, pois essa área ao contrario das áreas ecotonais de Campo Mourão, estão localizadas no campo. Não fosse a obrigatoriedade de preservação, estaria praticamente toda ocupada com culturas agrícolas. Na figura 07, apresenta-se uma mostra da ocupação da área referenciada, a vegetação do Cerrado entremeada a cultura agrícola da cana-de-açúcar. Na foto “G” pode ser observada uma área dividida entre o Cerrado e o plantio de cana-de-açúcar, a mancha de Cerrado a esquerda é uma das áreas ecotonais entre os remanescentes que restaram. Na outra foto “H”, a cana de açúcar é que caracteriza a paisagem e se estende por vasta área como cultura emergente, incentivada à energia limpa como combustível tem ocupado extensas áreas agrícola no Paraná, e especialmente no noroeste paranaense. Acredita-se que nessa área, o Cerrado era muita extenso, mas em decorrência da ocupação agrícola, pastagens, plantio da cana-de-açúcar e da ocupação humana na região, acarretou a redução da vegetação, que por um tempo praticamente extinguiu-se, reaparecendo anos mais tarde com a obrigatoriedade de preservação, hoje esses remanescentes são considerados, na área de estudo, como relictos. G H Figura 07 – “G” Divisão entre o Cerrado e o plantio de cana-de-açúcar, “H” cana-de-açúcar. Foto: ROSEIRA, Daniela F./2012. O exposto anteriormente faz-nos pensar que em decorrência do plantio de cana-de-açúcar, esse ecotono pode não ser preservado por muito tempo, pois a área onde essa vegetação se encontra, há intensiva ação antropogênica acarretada pela cultura intensiva de capital. Futuramente esses remanescentes podem não ser respeitados em razão da projeção que as culturas agrícolas tomam na área em estudo, especialmente com o cultivo da cana-de-açúcar no município de Tuneiras do Oeste. Quanto à área relictual do município de Campo Mourão, como a parte em estudo se trata de área de preservação da EECCM, o problema maior são com espécies invasoras, como a área é cercada e não passa pelo processo natural (queima) conforme a vegetação de cerrado típico, há invasão de espécies que não são típicas dessa vegetação em questão. CONSIDERAÇÕES FINAIS Resultados indicam que a espécie de barbatimão, da família “Leguminosae-Mimosoideae”, e do gênero (Stryphnodendron adstringens) é uma espécie mais rara, anteriormente confundida com o angico-do-cerrado, abundante em Campo Mourão. Inclusive que encontra-se em algumas ruas e em quintais. Mas, a verdadeira espécie só foi encontrada na EECCM. Já, o angico-do-cerrado (Anadantera-falcata) conforme já comentou-se, encontra-se em ambas as áreas de estudo, no Cerrado em Campo Mourão e no de Tuneiras. A outra espécie discutida, fruto do lobo (Solanum lycocarpumSt. Hil.) foi encontrada no Cerrado de Tuneiras do Oeste, pois EEC de Campo Mourão, no momento não apresenta condições adequadas para o desenvolvimento dessa planta, esta é mais propicia a desenvolver-se em solos degradados e mais pobres em nutrientes, não sendo propicia a regiões com abundancia de plantas é ambientes fechados. O Pequi (Caryocar brasiliense) foi observado no Lote 7H, em grande proporção, alguns pequizeiros não tinham folhagem, mas outros apresentavam frutos, que em razão das características originais do Pequi não está em época de frutificação, como já mencionado anteriormente, o pequizeiro frutifica entre os meses de setembro e fevereiro. Apesar do fruto do pequi ser utilizado largamente na culinária, especialmente nordestina pelo seu sabor peculiar na região não se tem o hábito do cultivo, preparo e consumo desse fruto. Quanto a ação antrópica, nas áreas de remanescentes é menos perceptível, fora desta a demanda da área para ocupação agrícola e o intensivo uso da terra (mecanização, defensivos agrícolas, dentre outros), inviabiliza a preservação e as condições de regeneração da paisagem. Num futuro próximo a vegetação de Cerrado em áreas ecotonais ainda não preservadas por Lei, pode chegar a extinção, especialmente em locais atípicos ao seu ambiente edáfico e climático. No caso do Município de Campo Mourão, possui mais um agravante, a de que os remanescentes vegetacionais estão situados no sitio urbano e só um deles esta em área de Preservação. Neste sentido não se tem nenhuma garantia de que essas áreas ecotonais livres sejam preservadas, especialmente as que estão fora de parques estaduais ou estações ecológicas poderão desaparecer. REFERÊNCIAS AB’SABER, A. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial. 2003, 160p. BIGARELLA, J.J; ANDRADE-LIMA, D. de; RIEHS, P.J. Considerações a Respeito das Mudanças Paleoambientais na Istribuição de Algumas Espécies Vegetais e Animais no Brasil in: Simpósio Internacional sobre o Quaternário. Anais da Academia Brasileira de Ciências vol. 47 (suplemento), Rio de Janeiro, 1975. BERTRAND, Georges. Paisagem e Geografia Física Global. Esboço Metodológico. Curitiba. Editora UFPR, 2004. CORRÊA, Roberto Lobato e Rosendahl Zeny (Org.). Paisagem, Tempo e Cultura. 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